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X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 CÁLCULO DO VOLUME DO RESERVATÓRIO DE SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA: Comparação entre métodos para aplicação em residência unifamiliar Cistern volume calculation for rainwater harvesting systems: comparison between methods seeking household application Gabriela dos S. Carvalho (1) , Samuel C. de Oliveira (2) e Rodrigo B. Moruzzi (3) (1) IGCE – UNESP –curso de Engenharia Ambiental; C. P. 178; CEP:13.506-900; Rio Claro-SP (2) IGCE –UNESP –Depto. de Petrologia e Metalogenia; C.P.178; CEP:13.506-900; Rio Claro-SP (3) IGCE – UNESP –Depto. de Planejamento Territorial e Geoprocessamento; C. P. 178; CEP:13.500-230; Rio Claro-SP. rmoruzzi@rc.unesp.br RESUMO O aproveitamento de água de chuva em áreas urbanas é assunto de recentes discussões e permeia o tema: Os sistemas prediais e as edificações sustentáveis. O reservatório de armazenamento é um item imprescindível do sistema de aproveitamento de água de chuva. Seu dimensionamento depende das características da captação, dos índices pluviométricos locais e das demandas exercidas. Entretanto, ao considerar que o reservatório deve permanecer cheio a maior parte do tempo, para atender as demandas no período de estiagem, as dimensões do tanque tornam- se demasiadamente exageradas e o investimento proibitivo à maioria da população. O conceito do Método do Máximo Aproveitamento (MMA) no período chuvoso desenvolvido por Mierzwa (2006) [1], baseia-se na premissa de que o volume potencialmente aproveitável ocorre nos dias em que o volume armazenado é maior ou igual à demanda. Este trabalho versa aplicar e discutir o novo conceito no cálculo do volume de reservação necessário para atender a demanda exercida em vaso sanitário de uma residência unifamiliar. Para tal, o Método da Análise da Simulação (MAS) também foi aplicado à demanda e comparado ao MMA. Verificou-se que ambos os métodos estudados (MMA e MAS) podem ser aplicados para dimensionamento de reservatório de água de chuva. Entretanto, verificou-se que a combinação dos dois métodos permite a obtenção de um dimensionamento mais preciso visto que os volumes de reservação, determinados a partir do MMA podem ser investigados, quanto ao seu comportamento, através do MAS, permitindo uma maior precisão na definição do volume do reservatório em função da eficiência alcançada. Por fim, entende-se que a difusão e a aplicação de métodos apropriados de dimensionamento de reservatório podem viabilizar a implantação de sistemas de aproveitamento de água de chuva em áreas urbanas com menores custos e maior potencial de aproveitamento, contribuindo para o projeto e implantação de edificações sustentáveis. Palavras-chave: aproveitamento de água de chuva, volume do reservatório, residência unifamiliar. ABSTRACT The urban rainwater harvesting is an up to date issue that through out the theme: The build systems and the sustainable constructions. The cistern is a very important item in rainwater harvesting system. The cistern design depends on catchments characteristics, local rainfall data and demands. However, the cistern dimensions became very large and high cost when considering that mailto:rmoruzzi@rc.unesp.br X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 the cistern must remain full most of the time in order to supply the demands during the dry season. The maximum harvesting concept in the rainfall season presented by Mierzwa (2006) is based on the hypothesis that the suitable rainwater volume occur when the storage volume is equal or greater than the demand. This paper applied and discussed this new concept to calculate the cistern volume to supply the flush demand in a household. For this purpose the simulation analysis method was also applied and comparison was made. Both methods can be applied to calculate the cistern volume. But, it was verified that the conjoint analysis permitted a more accurate design due to the different results obtained from each method. The cistern volume obtained through the maximum harvesting concept can be investigated, referring to its behavior, by the simulation analyses method thus permitting a more precise volume value for the reached efficiency. Finally, the spread and application of appropriated methods for cistern volume calculation can make easer and cheaper the application of rainwater harvesting systems thus contributing to the sustainable constructions design and implantation. Key-words: rainwater harvesting, cistern volume, household 1 INTRODUÇÃO O aproveitamento de água de chuva tem se configurado como uma alternativa promissora para a solução de diversos problemas tais como escassez de água e freqüentes inundações principalmente em regiões metropolitanas. A captação e o armazenamento do volume de água oriundo das chuvas pode minimizar o impacto de tais problemas, podendo proporcionar entre outros benefícios, uma economia de gastos associados ao consumo de água proveniente de fontes tradicionais de abastecimento bem como uma redução dos transtornos causados pelas enchentes. Nesse contexto, um adequado dimensionamento do reservatório de armazenamento é de suma importância para a viabilidade técnico-econômica de implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuva. No dimensionamento dos reservatórios busca-se determinar a capacidade volumétrica que atenda ao máximo possível a demanda exercida com um menor custo de construção. Dependendo do método de dimensionamento utilizado, pode-se chegar a valores proibitivos da capacidade do reservatório quer seja por razões físicas ou econômicas (o tanque é muito grande ou muito caro). Atualmente, a grande maioria dos projetos de reservatórios para armazenamento de água de chuva tem sido conduzida na base de critérios puramente empíricos. A predominância de tais critérios sobre critérios racionais é decorrência da variedade e complexidade dos métodos de dimensionamento encontrados na literatura, o que muitas vezes dificulta suas utilizações. Este trabalho teve como objetivo principal utilizar e comparar dois métodos de dimensionamento de reservatórios de água de chuva baseados em critérios racionais. 1.1 Objetivos Aplicar, comparar e discutir o Método do Máximo Aproveitamento (MMA) e o Método da Análise da Simulação (MAS) no cálculo do volume de reservação de água de chuva para atender a demanda exercida em vaso sanitário de uma residência unifamiliar. X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 1.1.1 Apresentação do problema Existem diversos métodos de dimensionamento de reservatório que resultam em distintos volumes. A escolha adequada do método a ser utilizado é fundamental para a implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuva, uma vez que o reservatório é considerado por alguns autores (ANNECCHINI, 2005 [2] e MAY, 2004 [3]) a parte mais onerosa do sistema. É necessário considerar diversos fatores na determinação do método mais adequado como a demanda a ser atendida, área de captação, entre outros. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Para o dimensionamento do reservatório, foram utilizados os dados pluviométricos da cidade de Rio Claro (SP) coletados na estação meteorológica da UNESP, Campus Bela Vista (CEAPLA) no ano de 2003, os quais foram obtidos através do Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH) do Estado de São Paulo [4]. Índices Pluviométricos de Rio Claro 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses Pr ec ip ita çã o (m m ) Figura 1 – Índices pluviométricos diários do município de Rio Claro coletados na estação meteorológica da UNESP, Campus BelaVista (CEAPLA) no ano de 2003 Em um sistema de captação e aproveitamento de água de chuva pode-se utilizar como superfície de captação telhados ou pavimentos, sendo que a água captada através de telhados apresenta qualidade superior. Áreas de captação superiores a 350m2 normalmente apresentam-se mais favoráveis ao investimento de um sistema de aproveitamento de água de chuva quando comparadas a menores áreas, mesmo utilizando os métodos tradicionais de dimensionamento. Assim, neste estudo optou-se pela investigação de telhados cobertos com telhas cerâmicas com áreas de projeção horizontal de 80, 120 e 200m2. O coeficiente de escoamento adotado nas investigações foi de 0,8, valor que corresponde ao coeficiente apresentado por Tucci et al. (1995) [5] e Tomaz (2005) [6] para telhas cerâmicas. A partir desses dados, obteve-se o volume de precipitação (vazão de entrada) com a seguinte equação (TOMAZ, 2005) [6]: Vp = (C.A.P)/1000 (eq. 1) onde: Vp = Volume de precipitação (m3); C = Coeficiente de escoamento superficial (adimensional) cujo valor adotado neste estudo foi de 0,8; P = Precipitação (mm); A = Área de captação (m2). Para ambos os métodos estudados, utilizaram-se volumes de precipitação diários. X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 Com relação ao volume de descarte da primeira chuva, foram investigados quatro valores correspondentes a precipitação de descarte de 0, 1, 2 e 4mm. Para calcular esse volume correspondente ao descarte, utilizou-se a seguinte equação: Vdesc = (Pdesc.A)/1000 (eq. 2) onde: Vdesc = Volume de descarte da primeira chuva (m3); Pdesc = Precipitação de descarte da primeira chuva (mm); A = Área de captação (m2). O volume passível de aproveitamento corresponde ao volume total precipitado menos o volume de descarte correspondente. As demandas a serem atendidas referem-se à quantidade de água consumida nos vasos sanitários com caixa acoplada de residências unifamiliares com 3, 4 e 5 habitantes. Foram consideradas 5 descargas por habitante por dia e um volume de descarga de 6L, conforme proposto por Annecchini (2005) [2], obtendo-se a demanda para cada condição. A Tabela 1 sintetiza todas as condições investigadas para cada método analisado (MMA e MAS). Tabela 1 – Condições investigadas para cada método analisado (MMA e MAS) Área de captação Descarte da primeira (m2) chuva (mm) 80, 120 e 200 0, 1, 2 e 4 3 - 0,09 - 2,7 80, 120 e 200 0, 1, 2 e 4 4 - 0,12 - 3,6 80, 120 e 200 0, 1, 2 e 4 5 - 0,15 - 4,5 Número de habitantes - Demanda diária - Demanda mensal (m3)* * Considerando: 5descargas/hab.dia e 6L/descarga. 1.2 Método do Máximo Aproveitamento (MMA) O Método do Máximo Aproveitamento pressupõe o aproveitamento da água de chuva para os dias em que o volume armazenado é maior ou igual à demanda exercida, conforme a Equação 3. dV/dt = Vp.C - demanda, para dV/dt (diário) ≥ 0 (eq. 3) onde: dV/dt = Variação do volume no reservatório; Vp = volume de precipitação considerando o descarte da primeira chuva; C = Coeficiente de escoamento (0,8); Demanda = demanda de água exercida. Os cálculos foram realizados através de uma rotina elaborada em linguagem de programação FORTRAN. Os dados de entrada do programa foram: • precipitação diária (mm); • coeficiente de escoamento (0,8); • volume correspondente ao descarte da primeira chuva (0, 1, 2 e 4mm); • área de captação (80, 120 e 200m2); • demanda diária (0,09; 0,12; e 0,15m3); • volume adotado para o reservatório (0,5; 1; 1,5; 2; 2,5; 3; 3,5; 4; 4,5; 5; 10; 12,5; e 15m3). Para cada uma das três demandas investigadas foram variados: i) quatro valores de descarte; ii) três valores para área de captação, e; iii) treze volumes de reservatório. Os dados de saída do programa foram os seguintes: X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 • Volume precipitado acumulado (Vp(ac)) = Somatória do volume precipitado acumulado para cada área de captação, já considerando o descarte da primeira chuva; • Volume aproveitável acumulado (Vap(ac)) = Somatória do volume aproveitado durante o ano correspondente ao valor da demanda para os dias onde dV/dt (diário) ≥ 0; • Volume coletado acumulado (Vcol(ac)) = Somatória do volume coletado considerando a demanda diária e a capacidade do reservatório; • Dias de déficit = Número de dias em que a demanda exercida não foi atendida, ou seja, quando o volume armazenado é menor que a demanda. Os resultados da simulação obtidos com o programa FORTRAN foram organizados em planilhas eletrônicas (Excel), elaborando-se nove gráficos cujas linhas de tendência foram descritas por funções logarítmicas. Adicionalmente, foram calculados os potenciais de economia proporcionados pelo sistema de aproveitamento de água de chuva, ou seja, a relação entre o volume total aproveitável (Vap) no ano e a demanda anual a ser atendida para cada condição investigada. 1.3 Método de Análise de Simulação (MAS) Para calcular o volume através do MAS arbitra-se um volume e verifica-se o que ocorre com a água no reservatório: se vai sobrar (overflow) ou se vai faltar, exigindo o suprimento através de outras fontes (TOMAZ, 2005) [6]. Essa verificação pode ser realizada através de uma análise gráfica, permitindo uma melhor visualização do comportamento do volume de água no reservatório ao longo do ano. Para o cálculo do volume do reservatório através desse método, foram fixados cinco valores de volume de reservatório: 2, 5, 10, 15 e 20m3, sendo que o último foi utilizado para analisar o comportamento em condições extremas. Para cada um desses valores adotados foi analisado o volume de água no reservatório durante o ano de 2003. Para as análises, foram adotados 2mm para descarte da primeira chuva e 80m2 para área de captação, valores também investigados pelo MMA. A equação utilizada para verificar o nível de água no reservatório durante todos os dias do ano, desconsiderando as possíveis perdas por evaporação e outras, tais como vazamentos, foi a seguinte (adaptado de TOMAZ, 2005) [6]: R(t) = Vp(t) + R(t-1) – D(t), para 0 ≤ R(t) ≤ V (eq. 4) onde: R(t) = Volume de água no reservatório no tempo t (m3); Vp(t) = Volume precipitado no tempo t (m3); R(t-1) = Volume de água no reservatório no tempo t-1(m3); D(t) = demanda no tempo t (m3); V = Volume do reservatório fixado. Foram calculados também os dias de déficit do sistema, ou seja, os dias em que o reservatório ficou vazio. Adicionalmente, calculou-se a eficiência do sistema definida com sendo a relação entre o número de dias em que o reservatório não ficou vazio e o número total de dias em um ano (365 dias). Para análise da simulação, os dados foram tratados em planilhas eletrônicas (Excel) e a partir delas foram elaborados quatro gráficos, um para cada volume de reservatório arbitrado. A Tabela 2 ilustra, para o mês de fevereiro, como os dados foram organizados para obter os resultados de volume diário. X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 Tabela 2 – Variação do volume de água no reservatório no mês de fevereiro com capacidade de 2, 5, 10, 15 e 20m3 para demanda de 0,12m3/dia, área de captação de 80m2 e descarte da primeira chuva de 2mm Precipitação Volume de Chuva Diária (mm) Diária* (m3) capac. 2 m3 capac. 5 m3 capac. 10 m3 capac. 15 m3 capac. 20 m3 0** 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 1 0,4 0,00 1,88 4,88 9,88 14,88 19,88 2 0 0,00 1,76 4,76 9,76 14,76 19,76 3 0 0,00 1,64 4,64 9,64 14,64 19,64 4 0 0,00 1,52 4,52 9,52 14,52 19,52 5 0,4 0,00 1,40 4,40 9,40 14,40 19,40 6 0,2 0,00 1,28 4,28 9,28 14,28 19,28 7 0 0,00 1,16 4,16 9,16 14,16 19,16 8 0 0,00 1,04 4,04 9,04 14,04 19,04 9 0 0,00 0,92 3,92 8,92 13,92 18,92 10 0 0,00 0,80 3,80 8,80 13,80 18,80 110 0,00 0,68 3,68 8,68 13,68 18,68 12 0 0,00 0,56 3,56 8,56 13,56 18,56 13 4,6 0,13 0,57 3,57 8,57 13,57 18,57 14 33 1,95 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 15 12,1 0,61 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 16 6,8 0,28 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 17 3,5 0,06 1,94 4,94 9,94 14,94 19,94 18 6,1 0,23 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 19 34,4 2,04 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 20 0 0,00 1,88 4,88 9,88 14,88 19,88 21 9,3 0,44 2,00 5,00 10,00 15,00 20,00 22 2,5 0,00 1,88 4,88 9,88 14,88 19,88 23 0 0,00 1,76 4,76 9,76 14,76 19,76 24 0 0,00 1,64 4,64 9,64 14,64 19,64 25 0 0,00 1,52 4,52 9,52 14,52 19,52 26 0 0,00 1,40 4,40 9,40 14,40 19,40 27 0 0,00 1,28 4,28 9,28 14,28 19,28 28 0 0,00 1,16 4,16 9,16 14,16 19,16 Volume de Água Armazenada no Reservatório (m3)Dia * Considerando o descarte de 2mm, ou seja, 0,16m3 ** Corresponde ao último dia do mês de janeiro (31/01/2003) 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram obtidos nove gráficos dos resultados do Método do Máximo Aproveitamento apresentados na Figura 1 (a), (b) e (c). (a) (b) X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 (c) Figura 1 – Volume aproveitável no ano em função do volume do reservatório, do descarte da primeira chuva e da área de captação, para demanda de 0,09m3/dia (a); 0,12m3/dia (b) e; 0,15m3/dia (c) Com relação ao MMA, verificou-se que, independente da demanda e da área de captação, quanto maior o volume de descarte da primeira chuva, menor o volume aproveitável no ano, pois a oferta diminui. Para todas as demandas investigadas e todos os valores de descarte da primeira chuva, conforme aumenta a área de captação, aumenta também o volume aproveitável no ano. Além disso, foi verificado que, o incremento da demanda, implica em um aumento do volume aproveitável no ano, pois se a demanda é maior, mais volume de chuva pode-se aproveitar para supri-la. Observou- se que, independentemente da área de captação e do descarte da primeira chuva, para demanda de 0,09m3/dia, o máximo volume aproveitável fica entre 30 e 35m3; para demanda de 0,12m3/dia, esse volume pode ficar entre 35 a 45m3; e quando a demanda é de 0,15m3/dia, esse valor varia de 45 a 55m3. Em todos os gráficos foi verificado que o aumento dos volumes propostos para os reservatórios resulta em um acréscimo no volume aproveitável no ano, sendo que, a partir de um determinado volume de reservatório, o volume aproveitável tende a alcançar um valor máximo, pois não há aumento da demanda a ser atendida. No caso da utilização do MAS, os resultados obtidos permitem a visualização do comportamento do nível do reservatório ao longo do ano (Figura 2 (a), (b), (c), (d) e (e)). Para todos os volumes investigados considerou-se que o reservatório estava inicialmente vazio em 01/01/2003. Verificou-se que o aumento da capacidade do reservatório implica em uma diminuição dos dias em que o reservatório permanece sem água, pois a quantidade de água armazenada nos períodos chuvosos aumenta. 0,00 1,00 2,00 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses do Ano V ol um e do Re se rv at ór io (m 3 ) Figura 2 (a) – Análise diária do ano de 2003 da variação do volume da água no reservatório com capacidade de 2m3, considerando 80m2 de área de captação e 2mm de descarte da primeira chuva X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 O reservatório com capacidade de 2m3 permaneceu vazio de junho a setembro, além de alguns dias em abril e outubro. No entanto, há períodos em que há extravasamento de água como, por exemplo, no início e no fim do ano. 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses do Ano Vo lu m e do Re se rv at ór io (m 3 ) Figura 2 (b) – Análise diária do ano de 2003 da variação do volume da água no reservatório com capacidade de 5m3, considerando 80m2 de área de captação e 2mm de descarte da primeira chuva O período no qual o reservatório se encontra sem água passa de 4 para 3 meses com o aumento da capacidade do reservatório de 2 para 5m3. Além disso, os dias de déficit que ocorrem do mês de abril para o reservatório de 2m3 não ocorrem mais no reservatório de 5m3. O extravasamento também ocorre para o reservatório de 5m3. 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses do Ano Vo lu m e do R es er va tó rio (m 3 ) Figura 2 (c) – Análise diária do ano de 2003 da variação do volume da água no reservatório com capacidade de 10m3, considerando 80m2 de área de captação e 2mm de descarte da primeira chuva Para o reservatório de 10m3 os dias de déficit ocorrem em apenas dois meses, agosto e setembro e alguns dias de outubro. Verificou-se que a partir de maio, para todos os volumes de reservatório investigados, o nível de água começa a baixar, pois a ocorrência de chuva diminui. O nível de água armazenada no reservatório volta a subir quando os eventos de chuva voltam a ocorrer. O reservatório com capacidade de 15m3 apresenta dias de déficit apenas no começo de outubro. Já no reservatório de 20m3, não ocorre dias de déficit ao longo do ano, pois a quantidade de água armazenado no ano foi suficiente para atender toda a demanda mesmo no período de seca. X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses do Ano Vo lu m e do R es er va tó rio (m 3 ) Figura 2 (d) – Análise diária do ano de 2003 da variação do volume da água no reservatório com capacidade de 15m3, considerando 80m2 de área de captação e 2mm de descarte da primeira chuva 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 18,00 19,00 20,00 jan fe v ma r ab r ma i jun ju l ag o se t ou t no v de z Meses do Ano Vo lu m e do R es er va tó rio (m 3 ) Figura 2 (e) – Análise diária do ano de 2003 da variação do volume da água no reservatório com capacidade de 20m3, considerando 80m2 de área de captação e 2mm de descarte da primeira chuva Comparando-se os dois métodos, verifica-se que no MMA a escolha do volume de reservatório mais adequado pode ser realizada diretamente através da análise gráfica do comportamento do volume aproveitável no ano em função dos diferentes volumes de reservatório investigados. Existe um determinado volume de reservatório a partir do qual o volume aproveitável não sofre aumento considerável, ou seja, ele tende a alcançar um valor máximo. O valor de volume de reservatório correspondente a essa situação deve ser tomado como o volume do reservatório. No MAS o aproveitamento da água de chuva pode ocorrer até mesmo quando o volume armazenado é menor que a demanda exercida, ao contrário do MMA, onde esse aproveitamento só ocorre quando o volume armazenado for igual ou maior que a demanda. A determinação da capacidade do reservatório através do MAS deve ser feita fazendo-se um balanço entre o tamanho do reservatório e a eficiência, conforme dados apresentados na Tabela 3 para o MAS. A Tabela 3 apresenta os dias de déficit decorrentes de cada método estudado. Verificou-se que os valores obtidos foram muito próximos, mostrando que os dois métodos não possuem X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais Sistemas Prediais: Desenvolvimento e inovação São Carlos – 30 e 31 de agosto de 2007 preferência de escolha, segundo o parâmetro dias de déficit, para determinação do volume do reservatório. Tabela 3 – Comparação entre os dias de déficit e eficiência dos dois métodos (MMA e MAS). Considerando área de captaçãode 80m2, descarte da primeira chuva de 2mm e demanda de 0,12m3/dia Volume do reservatório (m3) Dias de déficit Potencial de economia Dias de déficit Eficiência 2 129 65% 133 64% 5 97 73% 99 73% 10 55 85% 57 84% 15 14 96% 13 96% MMA MAS 4 CONCLUSÕES Ambos os métodos estudados (MMA e MAS) podem ser aplicados para dimensionamento de reservatório de água de chuva. No MMA a escolha do volume do reservatório pode ser feita diretamente através da análise gráfica do comportamento do volume aproveitável no ano em função dos diferentes volumes de reservatório adotados. No MAS a partir da realização de simulações determina-se a eficiência para cada volume de reservatório adotado, sendo a capacidade do reservatório definida através de um balanço entre o tamanho do reservatório e a eficiência. Entretanto, uma escolha mais adequada poderia envolver a junção dos dois métodos de dimensionamento visto que os volumes de reservação determinados a partir do MMA poderiam ser investigados, quanto ao seu comportamento, através do MAS, permitindo um maior embasamento para a definição do volume do reservatório em função da eficiência alcançada. 5 AGRADECIMENTO Os autores agradecem ao Prof. Dr. Sebastião Gomes de Carvalho, diretor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da UNESP - Campus Rio Claro, pelo apoio concedido. 6 BIBLIOGRAFIA [1]Mierzwa et al. [2006?] Águas Pluviais: Método de Cálculo do Reservatório e Conceitos para um Aproveitamento Adequado. Disponível em: <www.usp.br/cirra> Acesso em 31 jan 2007. [2]ANNECCHINI, K. P. V. (2005). Aproveitamento da Água de Chuva Para Fins Não Potáveis na Região Metropolitana de Vitória (ES). 124f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Centro Tecnológico, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2005. [3]MAY, S. (2004). Estudo da Viabilidade do Aproveitamento de Água de Chuva Para Consumo Não Potável em Edificações. 159f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil) – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. [4]Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (SIGRH). Disponível em: <www.sigrh.sp.gov.br> [5]TOMAZ, P. (2005) Aproveitamento de Água de Chuva: Para áreas urbanas e fins não potáveis. São Paulo: Navegar Editora, 2005. 180p. [6]TUCCI, C. E. M. et al. (1995). Drenagem urbana. Porto Alegre: ABRH/Editora da Universidade/UFRGS. 428p. INTRODUÇÃO Objetivos Apresentação do problema MATERIAIS E MÉTODOS Método do Máximo Aproveitamento (MMA) Método de Análise de Simulação (MAS) RESULTADOS E DISCUSSÕES CONCLUSÕES AGRADECIMENTO BIBLIOGRAFIA
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