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As Obras Intelectuais

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 Carta ao Aluno 
 
Caro(a) aluno(a), 
 
Seja bem-vindo a Disciplina Obras Intelectuais! 
Essa disciplina busca fornecer aos alunos da Pós-Graduação em PROPRIEDADE 
INTELECTUAL DIREITO E ÉTICA uma linguagem acessível e clara da importância 
dos conceitos essenciais conferidos ao Direito Autoral, bem como a aplicação das 
normas e legislações pertinentes, abordando os seus aspectos históricos, o objeto 
de proteção dos direitos dos criadores e titulares dos direitos conexos. 
A disciplina surgiu com o intuito de proteger os titulares dos direitos de autor e os 
que lhes são conexos, pois desempenham um importante papel nas indústrias 
criativas, o que gera um grande aumento no setor econômico. Nesse sentido, a 
autora apresenta resultados de estudos a fim de auxiliar no processo de ensino a 
aprendizagem dos alunos. 
 
 
 
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 Introdução 
 
As Obras Intelectuais disciplinam direitos que incidem sobre as criações advindas do 
espírito humano, direcionando o criador e os titulares de direitos do autor a 
adquirirem vantagens econômicas (denominados “ direitos patrimonais), além de 
assegurarem o reconhecimento do esforço e da originalidade do autor (chamados de 
“direitos morais”) advindos da utilização econômica da obra literátia, artísitca ou 
científica. 
Com isso, preservam os interesses do autor em todas as relações jurídicas que 
envolvam sua obra, o que tornou necessária a regulação da circulação jurídica da 
obra no âmbito da sociedade. 
Destaca-se a Convenção de Berna e o Acordo sobre os Direitos de Propriedade 
Intelectual Relacionados ao Comércio (Acordo TRIPs), que trata da proteção 
intelectual relacionada ao comércio, ratificado no Brasil por meio do Decreto n. 
1.355/94. Esses acordos internacionais foram importantes para o surgimento da 
proteção dos direitos de autor. 
No Brasil, os direitos do autor são regulados pela Constituição Federal de 1988, pela 
Convenção de Berna, que foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 75.699, de 06 de 
Maio de 1975, estabelecendo o reconhecimento de direitos do autor quanto à 
proteção das obras literárias e artísticas, pela Lei 9.610/98, de 19 de fevereiro de 
1998 e pela Lei 9.609 de 1998 (programas de computador) que revogaram a antiga 
Lei 5.988/73. 
Por fim, em 2013, a Lei 12.853 trouxe inovações sobre o direito autoral, alterando e 
acrescentando dispositivos à Lei 9.610/98. 
 
 
 
 
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Objetivos 
 
 
O objetivo principal desta apostila é levar o aluno a conhecer os direitos que 
são protegidos pelo homem como criador da obra intelectual, estabelecendo 
um vínculo de cunho moral e patrimonial do criador com sua obra, porém 
houve a necessidade de manter o equilíbrio dos interesses do autor e da 
sociedade, por meio das limitações impostas pela Legislação, a fim de 
possibilitar a todos, o acesso à cultura e a informação. 
Assim, a apostila traz informações relacionadas aos aspectos históricos, aos 
conceitos e características do direito do autor e dos direitos conexos, de modo: 
 
 
 
 
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 Sumário 
 
Carta ao Aluno ............................................................................................... 02 
Introdução ...................................................................................................... 03 
Objetivos .........................................................................................................04 
 
Disciplina: Obras Intelectuais 
 
Unidade 1: Do Direito Autoral..................................................................pág. 6 
Unidade 2: Do Surgimento do Direito Autoral ao Longo da História 
.....................................................................................................................pág. 9 
Unidade 3: Das Obras Intelectuais Protegidas.....................................pág. 14 
 3.1 Tipos de Obras Protegidas.....................................................pág. 16 
 3.2 Tipos de Obras Derivadas......................................................pág. 18 
Unidade 4: Do Registro das Obras Intelectuais...................................pág. 18 
Unidade 5: Das Prerrogativas dos Direitos de Autor...........................pág. 20 
 5.1 Direito Moral do Autor.............................................................pág. 19 
 5.2 Direito Patrimonal do Autor................................................... pág. 21 
Unidade 6: Da Transferência dos Direitos de Autor............................pág. 27 
Unidade 7: Do prazo de duração dos Direitos de Autor......................pág. 30 
Unidade 8: Das Limitações aos Direitos de Autor.............................. pág. 32 
Unidade 9: Dos Direitos Conexos......................................................... pág. 37 
Unidade 10: Da Defesa dos Direitos Autorais..................................... pág. 41 
Atividade ................................................................................................ pág. 46 
Resumo ...................................................................................................pág. 82 
Leitura Complementar ...........................................................................pág. 82 
Referência Bibliográfica ........................................................................pág. 83
 
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UNIDADE I - Do Direito Autoral 
Primeiramente, antes de conceituar o que são Obras Intelectuais, é importante 
entender a definição de Propriedade Intelectual, uma vez que o Direito Autoral 
é espécie do gênero Propriedade Intelectual. 
A convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) define 
como propriedade intelectual como “a soma dos direitos relativos às obras 
literárias, artísticas e cientificas, às interpretações dos artistas intérpretes e às 
execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de 
radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às 
descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas 
industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e 
denominações comercias, à proteção contra a concorrência desleal e todos os 
outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, 
científico, literário e artístico”. 
Assim, a Propriedade Intelectual está relacionada ao conhecimento que o 
criador possui de como produzir sua criação. A Propriedade Intelectual é 
definida, por meio de um conjunto de regramentos jurídicos, como a soma dos 
direitos industriais, autorais e das chamadas proteções sui generis, que 
asseguram aos seus titulares direitos exclusivos sobre a exploração da 
utilização comercial de suas obras literárias, artística ou científica. 
 PROPRIEDADE INTELECUTAL 
 
 
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O que são Obras Intelectuais? 
Obras Intelectuais são qualificadas, na doutrina do direito autoral, como 
criações advindas do espírito humano, tendo como características principais, a 
originalidade e a individualidade, essenciais para o reconhecimento do esforço, 
fruto da inteligência humana, fundamento, criatividade e personalidade da 
produção intelectual, o que gera consequentemente a sua proteção. 
O objeto do direito autoral é o esforço, a criatividade e originalidade para a 
realização da obra literária, artística ou científica que o criador deve 
empreender para merecer um direito exclusivo. A obra intelectual é um bem 
incorpóreo. 
Nesse sentido, o Direito Autoral tutela a forma de expressão da ideia. Em 
outras palavras, é a forma como a ideia se apresenta. 
No que se refere ao regramento constitucional, A Constituição da República 
Federativa do Brasil traz no seu Título II os Direitose Garantias fundamentais 
da pessoa humana, pautados num amplo rol de proteção patrimonial e moral 
referentes ao direito do autor. O artigo 5º da Lei Magna prevê: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 (...) 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar; 
XXVIII - são assegurados nos termos da lei: a) a proteção às participações 
individuais em obras coletivas e à reprodução de imagens e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do 
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos 
criadores, aos intérpretes, e às respectivas representações sindicais e 
associativas.” 
Os direitos individuais invioláveis preceituados no artigo 5º da CRFB/88 traz em 
seu texto “à propriedade” como sendo uma dessas garantias de inviolabilidade, 
 
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assim, o conceito de propriedade previsto no texto constitucional é estendido à 
Propriedade Intelectual, domínio de criação humana, sendo espécie o Direito 
Autoral. 
Para Eduardo Altomare Ariente (2015:86) os direitos autorias têm as seguintes 
feições: a) objetiva proteção dos interesses morais e patrimoniais de autores de 
livros, peças teatrais, compositores, programas de computador, projetos de 
arquitetura, bem como os direitos a eles conexos, como é o caso dos 
tradutores, cantores (intérpretes), adaptadores dos texto, entre outros; b) o 
tempo de proteção legal antes de ser considerado domínio público é de 70 
anos contados de primeiro de Janeiro do ano seguinte ao do falecimento do 
autor; para softwares, 50 anos a partir da criação; c) a formalização perante a 
Biblioteca Nacional(obras literárias, musicais) ou o INPI (programas de 
computador) é facultativa, pois o critério fundamental é o da anteriormente da 
criação; d) Protege-se a forma externa apenas e não a ideia nele expressa. 
e)No caso de programas de computador, a lei não proíbe a engenharia reversa 
(desengenharia) para se descobrir seu procedimento de operação; f)Normas de 
internas de regência: Constituição Federal e Leis 9.609/98 (programas de 
computador e 9.610/98 (direitos autorais). 
A Lei 9.610/98 refere-se aos direitos de autor como sendo os contribuem para 
a concretização da obra (diretor, dramaturgo, compositor, escultor etc.), bem 
como os trabalhos profissionais (criação publicitária, projeto de arquiteto etc.) e 
os programas de computador. A Lei também menciona os direitos conexos 
(artistas, intérpretes ou executantes, produtores fonográficos e empresas de 
radiodifusão), conforme preceituado no artigo 1º. 
“Artigo 1º - Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta 
denominação os direitos do autor e os que lhes são conexos.” 
Na prática, a Lei protege a obra intelectual, por exemplo, a forma de expressão 
das ideias, e não o criador, porém, é desta forma, que os autores se tornam 
beneficiários dessa proteção. 
Tal criação, para ser protegida, precisa ter um suporte material, pois, caso 
sejam apenas ideias propriamente ditas não há como serem protegidas. 
As ideias dos criadores precisam tomar um corpo físico, tangível ou intangível, 
que seja expressa por meio de filme, artigo, projeto arquitetônico, composição 
 
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musical, livro, desenho, arte etc, mas não precisam ser ideias novas para 
serem protegidas pela Lei, apenas, a forma de expressá-las é que devem ser 
originais. 
Entretanto, muito cuidado!! Uma obra só se torna apta para ser publicada e 
reproduzida quando tiver características próprias, interpretações pessoais, e 
originalidade. 
Veja que não há plágio quando se copia a ideia, o que não pode ocorrer é a 
obra ser proveniente de CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS de outra obra do 
mesmo gênero. 
A Lei 9.610/98 assegura prerrogativas, morais e patrimoniais, ao criador da 
obra intelectual, ou seja, o criador da obra poderá gozar de benefícios morais e 
financeiros resultantes da reprodução, execução ou de representação de sua 
obra. 
Os direitos morais asseguram a paternidade da criação ao autor da obra 
intelectual, ou seja, é a ligação subjetiva que o criador tem com a obra que 
criou. Já os direitos patrimoniais são proveitos materiais advindos da utilização 
econômica da criação intelectual, o que garante ao autor o direito exclusivo 
para explorá-la, dentro dos limites impostos pela lei. 
UNIDADE II - Do Surgimento do Direito Autoral ao Longo da História 
Os sistemas do copyright e do droit d’auteur de proteção de direitos autorias, 
tiveram origens distintas, mas essas diferenças histórias não impediram que as 
normais internacionais surgidas desses conceitos não tornassem os direitos 
internos mais homogêneos, principalmente, em relação a legislação brasileira 
atual que adota o droit d’auteur. 
Além disso, nas últimas décadas do século XX, as concepções adotadas por 
esses sistemas vêm se aproximado devido à globalização e ao surgimento da 
Internet. 
O primeiro sistema foi erigido pelo Reino Unido e depois seguido pelos Estados 
Unidos, Países Nórdicos e Países Baixos que adotam a tradição jurídica do 
common law. O copyright está mais ligado à exploração econômica e 
comercialização das obras intelectuais. 
 
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Por outro lado, o sistema do droit d’auteur surgiu na Europa Continental, 
especialmente na França e Itália, tende a proteger mais os direitos morais. 
A primeira Lei dos direitos autorais no mundo surgiu em 1710 com o Estatuto 
da Rainha Ana que visava proteger os interesses dos livreiros e seu direito de 
reprodução, reconhecendo seu direito de propriedade sobre a obra, no direito 
anglo-saxão, conhecido como copyright. 
No século XIX, com a o processo de industrialização acelerado nos países 
continentais da Europa ocidental, a obtenção de cópias se tornou muito fácil, 
por isso foi necessária a criação de uma legislação única para garantir medidas 
protetivas ao criador da obra intelectual, tanto para as obras originárias quanto 
para as obras derivadas. 
A interiorização dos acordos e tratados internacionais devido à 
internacionalização da matéria contribui para garantir proteções mínimas aos 
detentores de direitos autorais, a fim de proporcionar mais liberdade de acesso 
e conhecimento, estabelecendo uma padronização mundial das legislações. 
Assim, no século XIX, vários Estados assinaram o primeiro acordo multilateral 
denominado Convenção Internacional de Berna (1889) que teve como 
princípios básicos a proteção legal automática (não precisando de registro em 
órgãos oficiais; o tratamento nacional (normas internacionais devem ser 
protegidas do mesmo modo das normas nacionais); e a proteção internacional 
da obra (há proteção do direito do autor internacionalmente, independente 
daquela concedida ao país de origem). 
A Convenção de Berna contribuiu para que os países participantes se 
comprometessem a regular suas legislações nacionais protetivas de direito 
autoral, aos regulamentos estabelecidos nas suas normas autorias. 
O Reino Unido assinou a Convenção em 1988, os Estados Unidos em 1989 e a 
França em 1971, a participação desses países foi importante para que os 
sistemas (copyright e droit d’auteur) começassem a caminhar juntos, com o 
propósito de obter uma padronização mundial das legislações. 
Desse modo, o copyright deixa de ser focado exclusivamente nos proveitos 
econômicos provenientes da exploração da obra no mercado e passa a se 
aproximar do droit d’auteur, preocupando-se a preservar os interesses do autor 
 
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da obra intelectual, reconhecendo-o como proprietário de sua obra contra 
plágios e contrafações. 
O sistema droit d’auteurtambém deixou de ser apenas focado na proteção 
subjetiva, o qual reconhece no autor o titular dos direitos de exclusividade 
sobre a criação intelectual, passando, assim, a admitir que o autor também 
deve adquirir proveitos econômicos provenientes da utilização de sua obra. 
A Convenção de Berna foi a primeira ferramenta jurídica que tutelou os direitos 
autorais mundialmente. Antes da adoção, as obras intelectuais protegidas em 
seus países de origem podiam ser reproduzidas em outros países, sem 
quaisquer proteção aos seus criadores, mas com o advento do regramento 
normativo introduzido pela Convenção de Berna, os criadores dos países 
participantes passaram a ter proteção internacional. 
Em outras palavras, os criadores não tinham reconhecimento internacional 
perante sua criação, apenas havia proteção em seu território. As nações 
soberanas não protegiam obras intelectuais de criadores de outras nações. 
 No Brasil, o direito moral foi reconhecido no Código Criminal de 16/12/1831, 
que estabeleceu o delito da contrafação, cuja pena era a perda de exemplares, 
caso alguém imprimisse, gravasse, litografasse qualquer tipo de escritos que 
tivessem sido feito por cidadãos brasileiros. Esta punição protegia e 
assegurava os direitos do criador, inclusive, de seus herdeiros por 10 anos 
depois de sua morte. 
A Lei brasileira nº 496 de 1898 (Medeiros e Albuquerque) foi a primeira 
legislação que regulamentou o direito de autor devido à influência da 
Convenção de Berna (1886), o que foi crucial para que o Brasil aderisse o 
acordo multilateral em 1922. 
Entretanto, a Convenção de Berna só foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 
75.699, de 06 de Maio de 1975, que estabeleceu o reconhecimento de direitos 
do autor quanto à proteção das obras literárias e artísticas, previsto no seu 
artigo 2, in verbis: 
“Artigo 2 - 1) Os temas "obras literárias e artísticas", abrangem todas as 
produções do domínio literário, cientifico e artístico, qualquer que seja o modo 
ou a forma de expressão, tais como os livros, brochuras e outros escritos; as 
 
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conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; as obras 
dramáticas ou dramático-musicais; as obras coreográficas e as pantomimas; as 
composições musicais, com ou sem palavras; as obras cinematográficas e as 
expressas por processo análogo ao da cinematografia; as obras de desenho, 
de pintura, de arquitetura, de escultura, de gravura e de litografia; as obras 
fotográficas e as expressas por processo análogo ao da fotografia; as obras de 
arte aplicada; as ilustrações e os mapas geográficos; os projetos, esboços e 
obras plásticas relativos à geografia, à topografia, á arquitetura ou às ciências. 
2) Os Países da União reservam-se, entretanto, a faculdade de determinar, nas 
suas legislações respectivas, que as obras literárias e artísticas, ou ainda uma 
ou várias categorias delas, não são protegidos enquanto não tiverem sido 
fixadas num suporte material. 
3) são protegidas como obras originais, sem prejuízo dos direitos do autor da 
obra original, as traduções, adaptações, arranjos musicais e outras 
transformações de uma obra literária ou artística. 
4) Os Países da União reservam-se a faculdade de determinar, nas legislações 
nacionais, a proteção a conceder aos textos oficiais de caráter legislativo, 
administrativo ou judiciário, assim como as traduções oficiais desses textos. 
5) As complicações de obras literárias ou artísticas, tais como enciclopédias e 
antologias, que, pela escolha ou disposição das matérias, constituem criações 
intelectuais, são como tais protegidas, sem prejuízo dos direitos dos autores 
sobre cada uma das obras que fazem parte dessas compilações. 
6) As obras acima designadas gozam de proteção em todos os países 
unionistas. A proteção exerce-se em benefício dos autores e de seus legítimos 
representantes. 
7) Os países da União, reservam-se a faculdade de determinar, nas legislações 
nacionais, o âmbito de aplicação das leis referentes às obras de arte aplicada e 
aos desenhos e modelos industriais, assim como as condições de proteção de 
tais obras, desenhos e modelos, levando em conta as disposições do artigo 
7.4) da presente Convenção. Para as obras protegidas exclusivamente como 
desenhos e modelos no país de origem não pode ser reclamada, nos outros 
países unionistas, senão a proteção especial concedida aos desenhos e 
 
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modelos nesses países; entretanto, se tal proteção especial não é concedida 
nesse país, estas obras serão protegidas como obras artísticas. 
8) A proteção da presente Convenção não se aplica às notícias do dia ou à 
ocorrências diversas que têm o caráter de simples informações de imprensa. 
A necessidade de uma Lei específica fez-se necessária devido à falta de 
dispositivos do Código Civil que possuíssem disposições específicas sobre os 
Direitos do Autor, então surgiu a Lei nº 5.988/73. 
No que se refere ao regramento constitucional, a proteção aos direitos do autor 
foi garantida pela Constituição de 1891 devido às influências da Convenção 
Pan Americana de Direitos Autorais e da Constituição Americana que já 
dispunha sobre a matéria. O artigo 72, §26 da Constituição de 1891 previa o 
seguinte: 
“Artigo 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança 
individual e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
§ 26 - Aos autores de obras literárias e artísticas é garantido o direito exclusivo 
de reproduzi-Ias, pela imprensa ou por qualquer outro processo mecânico. Os 
herdeiros dos autores gozarão desse direito pelo tempo que a lei determinar.” 
Essa proteção se manteve em todas as constituições seguintes, exceto a 1937, 
as mudanças mais substanciais e com inserção de outros direitos de autor foi 
na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que incluiu no artigo 
5, XXVII e XXVIII, no seu Título II os Direitos e Garantias fundamentais da 
pessoa humana, a proteção patrimonial e moral referente ao direito do autor. 
A Lei 5.988/73 foi revogada pela Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (direitos 
autorais) e pela Lei 9.609 de 1998 (programas de computador), as quais 
contêm as principais normas de direitos autorais atualmente vigentes, cuja 
finalidade foi atender as modernidades tecnológicas. 
Em 2013, a Lei 12.853 trouxe inovações sobre o direito autoral, alterando e 
acrescentando dispositivos à Lei 9.610/98, o objetivo foi criar maior 
transparência ao repasse de direitos autorais, gerir os valores resultantes da 
 
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execução pública de obras musicais, por exemplo, bem como aumentar 
progressivamente o que chega às mãos dos titulares desses direitos. 
Uma das mudanças previstas pela Lei 12.853/2013 foi a possibilidade do 
ECAD sofrer intervenção do Ministério da Cultura, caso ele atue irregularmente, 
uma vez que o ECAD passou a ser fiscalizado pelo Ministério da Cultura. Essa 
Lei tem sido alvo de controvérsias, mas ainda não foram pacificadas. 
Assim, o objetivo básico para o surgimento de uma regulamentação específica 
dos direitos de autor, foi garantir a proteção a paternidade e a integridade da 
obra intelectual, além de obter benefícios financeiros decorrente de sua 
utilização dentro dos limites impostos pela lei. 
UNIDADE III – Das Obras Intelectuais Protegidas 
No Brasil, a obra literária, científica, artística só é protegida se for proveniente 
de um ato de uma criação intelectual humana e nova. Em outras palavras, para 
que haja proteção, a criação intelectual precisa ter sido feita por homem ou 
mulher e a forma de expressão criada dessa ideia precisa ser nova. 
A obra sempre dispõe de um suporte físico, mas a proteção independe dele, ou 
seja, o texto é a obra intelectual e o livro, o suporte físico, podendo ser 
eletrônico. A lei protege a reprodução ilícita de obra original mesmoestando 
em suportes distintos. 
Importante entender que o direito do autor é protegido desde o momento da 
criação da obra intelectual, e não no momento de sua divulgação. 
Por isso, as obras intelectuais protegidas são as criações do espírito humano, 
expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou 
intangível, conhecido ou que se invente no futuro. 
O artigo 7 da Lei brasileira enumera, de forma exemplificativa, as obras 
intelectuais protegidas, conforme a seguir: 
“Artigo 7 - São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas 
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, 
conhecido ou que se invente no futuro, tais como: 
I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; 
II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; 
 
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III - as obras dramáticas e dramático-musicais; 
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por 
escrito ou por outra qualquer forma; 
V - as composições musicais, tenham ou não letra; 
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; 
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao 
da fotografia; 
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; 
IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; 
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, 
engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; 
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, 
apresentadas como criação intelectual nova; 
XII - os programas de computador; 
XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, 
bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou 
disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.” 
Por outro lado, o artigo 8 da Lei 9.610/98 preceitua a excepcionalidade do rol 
protetivo tutelado no artigo 7 exposto acima, da seguinte forma: 
“Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei: 
I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou 
conceitos matemáticos como tais; 
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou 
negócios; 
III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de 
informação, científica ou não, e suas instruções; 
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, 
decisões judiciais e demais atos oficiais; 
 
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V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros 
ou legendas; 
VI - os nomes e títulos isolados; 
VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras.” 
Assim, as obras são classificadas em: 
3.1 – Tipos de Obras Protegidas 
3.1.1 Obras Originárias e Obras Derivadas 
Obra originária é a obra pioneira, é a forma de expressão proveniente da 
criatividade, originalidade do criador sobre a obra, no campo literário, artístico 
ou científico, ou seja, ela não decorre de nenhuma outra obra preexistente. 
No que se refere às obras derivadas, surgem através de transformações 
criativas das obras primígenas ou primitivas. O criador, perante a proteção 
imposta pela Lei, é detentor do direito exclusivo de autorizar, prévia e 
expressamente, as adaptações, arranjos, transformações, traduções, 
gravações e reproduções. 
Em resumo, a transformação, adaptação, arranjo, tradução, gravação e as 
reprodução feitas em uma obra originária é considerada obra derivada. 
Assim, os autores das obras derivadas também serão protegidos pelos direitos 
morais e patrimoniais das obras originárias, sem prejuízo, contudo, dos direitos 
pertencentes ao autor da primeira obra. 
3.1.2 - Obras Anônimas ou Pseudônimas 
As Obras Anônimas são aquelas em que o autor é desconhecido (só quem 
sabe é o editor) ou quando o próprio autor não tem interesse que seu nome 
seja posto como criador da obra, é o caso do anonimato. 
Perceba que, no caso do anonimato, a pessoa que publicou obra de outrem, 
terá o direito de receber proveitos financeiros mediante à utilização econômica 
da obra intelectual, mas os direitos morais, por serem intransmissíveis e 
irrenunciáveis, somente serão do autor, caso abandone o anonimato. 
Nesse sentindo, o artigo 40 foi preceituado pela Lei da seguinte forma: 
“Artigo 40 – Tratando-se de obra anônima ou pseudônima, caberá a quem 
publicá-la o exercício dos direitos patrimoniais do autor. 
 
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Parágrafo único. O autor que se der a conhecer assumirá o exercício dos 
direitos patrimoniais, ressalvados os direitos adquiridos por terceiros.” 
A obra pseudônima é aquela publicada com o nome distinto do verdadeiro 
autor, mas com sua autorização. São maneiras que a próprio autor utiliza para 
ser reconhecido. A própria Lei reconhece no seu artigo 12 que o autor pode 
utilizar seu nome abreviado, por pseudônimo ou abreviado, seu texto 
estabelece o seguinte: 
“Artigo 12 – Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, 
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por 
suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.” 
Tanto o caso das obras anônimas como as pseudônimas, a pessoa que publica 
a obra possui a titularidade derivada, pois o titular do direito é uma pessoa 
diferente do autor da obra. 
3.1.3 - Obras Comuns 
As obras Comuns, também chamada de obras em colaboração, são aquelas 
que diversos autores trabalham em conjunto no processo de elaboração ou 
execução da obra em parceria, o que resulta em uma obra comum indivisível 
(uma unidade), desta forma, os coautores gozam, em igualdade de condições, 
dos mesmos direitos autorais sobre a criação intelectual. 
Nesse sentido, quando obra em coautoria for indivisível, caberá à maioria dos 
coautores a decisão em autorizar e/ou publicar a referida obra. 
Por outro lado, quando se pode identificar a participação de cada coautor, por 
exemplo, na redação de um livro, será uma obra em comum divisível. 
3.1.4 - Obras Compostas 
As obras compostas são várias obras reunidas de mesma natureza, e de 
autores distintos. Não há cooperação entre os autores, tampouco comunhão, 
sendo, portanto, obras totalmente independentes entre si. 
3.1.5 - Obras Coletivas 
Nas obras coletivas há a necessidade da figura do organizador, pessoa física 
ou jurídica, que conduz e publica a obra, sendo proibido a publicação ou 
autorização da publicação pelos autores individualmente, precisa-se do 
consentimento dos demais. 
 
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Assim, cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o 
conjunto da obra, especificando a contribuição do participante, o prazo para 
entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução 
mediante contrato, conforme artigo 17, §2º e §3º da Lei 9.610/98, 
respectivamente. 
3.2 - Tipos de obras derivadas 
As obras derivadas são as elaboradas a partir de fontes preexistentes e com as 
quais mantêm forte vínculo. A Lei assegura proteção desde que haja a devida 
autorização do autor da obra originária. 
3.2.1 - Traduções 
A tradução facilita a compreensão através da conversão ao idioma de cada 
povo, a fim de transmitir com maior efetividade o sentido da obra preexistente. 
O artigo 7, XI, preceituada pela Lei 9.610/98 confere proteção às tradições, 
sendo que os tradutores possuem os mesmos direitos morais e patrimoniais do 
autor. 
3.2.2 - Arranjos musicais 
É a preparação de uma composição musical, é acrescentar, reescrever ou 
complementar com instrumentações ou vozes uma melodia. 
3.2.3 - Adaptações 
É contar a mesma história, mas se preocupar em seguir fielmente o texto 
original, há adaptações com o propósito de atingir um público-alvo, época (do 
livro ou filme). 
3.2.4- Compilações 
A Convenção de Berna, no seu artigo 2, item 5 prevê que as compilações de 
obras literárias ou artísticas, tais como enciclopédias e antologias, que, pela 
escolha ou disposição das matérias, constituem criações intelectuais, são como 
tais protegidas, sem prejuízo dos direitos dos autores sobre cada uma das 
obras que fazem parte dessas compilações. 
UNIDADE IV - Do Registro das Obras Intelectuais 
O direito do autor nasce do ato de criação da obra, não precisando registrá-la, 
nem mesmo, torná-la pública para obter o reconhecimento da titularidade e dos 
direitos inerentes a sua criação, segundo o artigo 18 da Lei 9.610/98. 
 
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“Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.” 
As obras intelectuais não precisam ser registras em órgãos públicos, não há a 
obrigatoriedade de nenhuma cumprimento formal, apenas que a forma de 
expressão seja original. 
É recomendável o registro para comprovar a data e a autoria da criação, em 
caso de litígio. A atual Lei 9.610/98 não determina o meio de registro, apenas, 
faculta ao autor, deixando a seu critério, o registro da obra nos moldes do 
artigo 17, §1 e §2 da Lei Antiga 5.988/73. 
“Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá 
registrá-Ia, conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de 
Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, 
Arquitetura e Agronomia. 
§ 1º Se a obra for de natureza que comporte registro em mais de um desses 
órgãos, deverá ser registrada naquele com que tiver maior afinidade. 
§ 2º O Poder Executivo, mediante Decreto, poderá, a qualquer tempo, 
reorganizar os serviços de registro, conferindo a outros Órgãos as atribuições a 
que se refere este artigo” 
Os órgão de registro variam de acordo com a espécie, vejamos alguns 
exemplos: 1) O registro das obras musicas é feito na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, mas o depósito legal é de responsabilidade da Biblioteca 
Nacional, onde há um setor que funciona como Escritório de Direitos Autorais – 
EDA, que intermedeia o registro dessas obras; 2) O registo de poesia, teatro e 
outros é feito no EDA; 3) O registro de obras plásticas (pintura, escultura, etc.) 
é feito na Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro; 4) O 
registro de projetos de arquitetura e engenharia é feito pelo Conselho Regional 
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA). 
Nesse sentido, as obras musicais, assim entendidas as partituras, os 
fonogramas e os videogramas, por meio do Depósito Legal (Lei nº 10.994, de 
14/12/2004 e da Lei nº 12.192, de 14/01/2010), são de responsabilidade da 
Biblioteca Nacional, e tem por finalidade assegurar o registro, a guarda e a 
 
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divulgação da produção musical brasileira, bem como a preservação da 
memória fonográfica nacional. 
Contudo, o registro é uma mera faculdade, não amplia nem restringe os direitos 
autorais, por tal motivo, é recomendado registrar, vez que, constitui presunção 
relativa de autoria, e delimita o marco temporal do ato de criação da obra. 
UNIDADE V - Das Prerrogativas dos Direitos Autorais 
As duas prerrogativas existentes na legislação são distintas, porém ao se 
completarem, compõem o conteúdo, uno e indivisível, dos direitos autorais. 
5.1 - Direito Moral do Autor 
O direito moral visa garantir ao Autor o reconhecimento do esforço, da 
originalidade, da criatividade e do caráter único da criação de sua obra, 
gerando, consequentemente, um vínculo pessoal entre o Autor e sua criação. 
Segundo o artigo 24 da Lei 9.610/98, são direitos do autor: 
“Art. 24. São direitos morais do autor: 
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; 
II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou 
anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; 
III - o de conservar a obra inédita; 
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações 
ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, 
como autor, em sua reputação ou honra; 
V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; 
VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de 
utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à 
sua reputação e imagem; 
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre 
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo 
fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma 
que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, 
será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.” 
 
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As características fundamentais dos direitos morais são: a pessoalidade, a 
inalienabilidade, impenhorabilidade, irrenunciabilidade, sendo também 
absolutos, perpétuos, perenes, vitalícios e essenciais. 
Os direitos morais são inéditos, haja vista sua natureza pessoal, o autor pode, 
opcionalmente, tornar a obra pública ou não, bem como modificá-la antes e 
depois de utilizada (direito de modificação), podendo também retirá-la de 
circulação (direito de arrependimento), além do dever de indenizar terceiros 
,caso os prejudique. 
Por fim, o direito à integridade consiste na possibilidade de reivindicação de 
qualquer modificação da obra, devendo respeitar a essência, sem alterar a 
inteireza da obra publicada. 
Os direitos morais só surgiram na Convenção de Berna em 1928, quando foi 
revista em Roma, onde introduziu o artigo 6bis que preceitua o seguinte: 
 “ARTIGO 6 bis 
1) Independentemente dos direitos patrimoniais de autor, e mesmo depois 
da cessão dos citados direitos, o autor conserva o direito de reivindicar a 
paternidade da obra e de se opor a toda deformação, mutilação ou a qualquer 
dano à mesma obra, prejudiciais à sua honra ou à sua reputação.” 
Os direitos morais protegidos são: 1) o direito de paternidade - o criador pode 
reivindicar a autoria da obra em relação a terceiros(artigo 24,I); 2) direito à 
identificação - o nome do autor deve ser mencionado a cada obra 
reproduzida(ARTIGO 24,II); 3) direito de não publicar, prevalece a vontade do 
autor de não publicar, caso entenda que sua obra não atingiu a finalidade 
desejada( ARTIGO 24, III); 4) direito à integridade – ninguém pode modificar a 
obra sem o consentimento do criador(artigo 24, IV); 5) direito de modificar – 
somente o autor pode modificar a obra antes ou depois de sua utilização, mas 
deve indenizar prejuízos de terceiros(artigo 24, V e §3º); 6) direito de recolher – 
ocorre quando a utilização da obra afronte a reputação ou moral do autor 
(artigo 24, VI); 7) acesso a exemplar único e raro – quando só há um único e 
raro exemplar, pode ser preservado por meio de fotográfico ou assemelhado, 
ou audiovisual (artigo 25, VII); 8) oposição à apresentação da obra 
precariamente ensaiada – o coreógrafo tem direito de se opor à apresentação 
 
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do balé caso o corpo de bailarinas não tenha ensaiado bem, por exemplo 
(artigo 70). 
Os direitos morais visam evitar que haja prejuízos ao autor, principalmente, no 
que se refere a autoria, a nominação, o ineditismo e a integralidade da obra. 
Um exemplo de fácil de compreensão são os casos corriqueiros em que há 
modificações, alterações, inclusões não autorizadas de obras, especialmente 
digitalizadas, é na Internet, onde perde-se facilmente o controle de como era o 
conteúdo original da obra devido a tantas modificações feitas por terceiros. 
Por fim, quanto à transmissibilidade aos sucessores, o autor tem direito moral 
por toda sua vida, mas se vier a falecer, os sucessores serão titulares de 
alguns desses direitos, a saber: direito à autoria, direito à identificação, direito à 
integridade e o direito de conservar a obra inédita,conforme os incisos I a IV do 
artigo 24. 
5.2 - Os direitos Patrimoniais do autor 
O autor e as pessoas autorizadas por lei têm direitos pecuniários decorrentes 
da utilização econômica da obra, mas também de sua materialização e 
circulação no âmbito público. 
No âmbito patrimonial, compete ao autor o direito exclusivo de usar, autorizar, 
fruir, dispor e utilizar a obra, além de pode ser negociado e transferido integral 
ou parcialmente a terceiros, por ato entre vivos ou sucessão. 
A obra quando publicada pode causar um vasto efeito cultural, por essa razão, 
é de interesse da sociedade que o autor receba participação pecuniária com a 
sua criação, a fim de estimular a produção intelectual. 
As caraterísticas fundamentais do direito patrimonial são: 1) a alienabilidade 
(pode ser transmitido por via contratual ou sucessória); 2) temporariedade 
(perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao 
de seu falecimento); 3) penhorabilidade (pode ser objeto em constrição 
judicial); 4)prescritibilidade (aplica-se o artigo 205 e 206 do Código Civil); 5) 
transmissibilidade (os cessionários ou os sucessores podem ser os titulares da 
obra); 6) renunciabilidade; 7) incomunicabilidade (exemplo, os direitos 
patrimoniais não fazem parte dos bens a partilhar, caso haja divórcio de 
casamento com regime de comunhão total ou parcial de bens) 
 
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além de serem independentes entre si, podendo ser divisíveis, cada 
modalidade negociada pode ter titulares derivados diversos. 
Ademais, os direitos patrimoniais têm caráter de bem móvel conforme se extrai 
do artigo 3 da Lei Brasileira. 
“Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.” 
Nesse seguimento, as três formas principais de exploração dos direitos 
patrimoniais são os seguintes: 
1)direitos de comunicação pública: os direitos do autor se concretizam 
mediante comunicação pública tanto a direta (ao vivo) quanto a indireta (filmes, 
CD’s, DVD’s etc), por meios exposição de obras artísticas ou de reproduções, 
de representação ou execuções públicas, museus, peça de teatro, projeção ou 
exibição pública de obras audiovisuais, radiodifusão, comunicação pública por 
satélite e distribuição por cabo. 
A comunicação ao público é direito exclusivo do autor, mas para que haja a 
cessão, total ou parcial, precisa de sua autorização expressa. 
O artigo 29 da Lei brasileira resguarda, de forma exemplificativa, os interesses 
econômicos dos titulares de direitos autorais contra apropriação direta e 
indireta de suas obras, ou seja, a Lei menciona um conjunto de atos 
decorrentes da exploração econômica pela utilização da obra, possibilitando 
aos autores extrair benefícios financeiros por seus esforços e divulgação de 
seus trabalhos ao público. 
“Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da 
obra, por quaisquer modalidades, tais como: 
I - a reprodução parcial ou integral; 
II - a edição; 
III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; 
IV - a tradução para qualquer idioma; 
V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; 
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com 
terceiros para uso ou exploração da obra; 
 
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VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra 
ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar 
a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar 
previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que 
o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em 
pagamento pelo usuário; 
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, 
mediante: 
a) representação, recitação ou declamação; 
b) execução musical; 
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; 
d) radiodifusão sonora ou televisiva; 
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva; 
f) sonorização ambiental; 
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; 
h) emprego de satélites artificiais; 
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e 
meios de comunicação similares que venham a ser adotados; 
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; 
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a 
microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; 
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser 
inventadas.” 
2)direitos de reprodução: é um direito que o titular de uma obra tem de 
autorizar a reprodução ou cópia de sua obra, por meio de gravação sonora ou 
visual, impressão, fotografia, litografia, etc., incluindo qualquer armazenamento 
permanente ou temporário nos meios eletrônicos como, por exemplo, conter no 
disco rígido de um computador alheio alguma obra protegida, desde que haja a 
permissão do criador, conforme artigo 5 da Lei 9.610/98. 
 
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 “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
 (...) 
VIII - obra: 
a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores; 
b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por 
ser desconhecido; 
c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto; 
d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação; 
e) póstuma - a que se publique após a morte do autor; 
f) originária - a criação primígena; 
g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da 
transformação de obra originária; 
h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma 
pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é 
constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se 
fundem numa criação autônoma; 
i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que 
tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de 
movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte 
usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados 
para sua veiculação;” 
Por outro lado, o artigo 30, §1 da Lei Brasileira introduziu exceções no que 
tange a necessidade de autorização para se reproduzir uma obra, veja: 
“Art. 30. No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais 
poderá colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo 
que desejar, a título oneroso ou gratuito. 
§ 1º O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for 
temporária e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou 
interpretação perceptível em meio eletrônico ou quando for de natureza 
 
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transitória e incidental, desde que ocorra no curso do uso devidamente 
autorizado da obra, pelo titular. 
§ 2º Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será 
informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade 
de manter os registros que permitam, ao autor, a fiscalização do 
aproveitamento econômico da exploração.” 
3)direitos de transformação: o autor autoriza que haja criações de obras 
derivadas decorrentes de sua obra original através traduções, adaptações, 
revisões, compilações etc. 
Importante ressaltar a necessidade da obra preexistente se encontrar no 
domínio privado para que haja a devida autorização do surgimento de obras 
derivadas. 
As obras derivadas possuem as mesmas características essenciais de 
proteção das obras primitivas, ou seja, as obras derivadas estão protegidas 
sem que haja prejuízo aos direitos do autor sobre a obra original. 
O Brasil adota o droit de suíte, direito de sequência, consiste no direito 
irrenunciável e inalienável do autor em participar de 5% sobre o aumento de 
preço, em cada alienação, diante do valor da venda anterior, tendoem vista a 
valorização da obra de arte plástica e manuscritos originais no mercado, 
conforme preceituado no artigo 38 da Lei Brasileira. 
 “Artigo 38 - o autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no 
mínimo, cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável 
em cada revenda de obra de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver 
alienado. 
Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de sequência no ato 
da revenda, o vendedor é considerado depositário da quantia a ele devida, 
salvo se a operação for realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.” 
Caso o vendedor não faça o repasse imediato do valor ao artista será 
considerado depositário do referido valor, por exemplo, o leiloeiro de obras de 
arte. 
Os sucessores têm direito ao percentual dos 5%, mas não poderá cedê-los ou 
renunciá-los. 
 
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Por fim, o direito de distribuição é o direito que faculta ao autor, por meio de 
autorização, permitir qual o território e quantos exemplares serão 
disponibilizados ao público da obra intelectual científica, artística e literária, 
quando posta em circulação no mercado. 
De acordo com o princípio da exaustão o direito exclusivo de venda da obra e 
de suas cópias pelo titular em determinado território, exaure-se no momento 
que a venda é feita pela primeira vez, não podendo mais se opor à circulação 
ou revenda da mesma. 
Além disso, é importante esclarecer que o objetivo é atingir diferentes públicos 
a cada utilização da obra, então o autor terá direitos patrimoniais decorrentes 
da exploração econômica dessa utilização, por exemplo, um texto quando é 
preparado para novela ou resumido em folheto e editado, e em seguida, 
transformado em um livro, acarreta ao criador o direito de receber a cada etapa 
de produção, benefícios financeiros, uma vez que se tratam de direitos 
sucessivos. 
Em outras palavras, tanto a novela, quanto o folheto e/ou o livro decorrentes do 
texto criado podem, resultar a cada fase, diversas fontes de receitas individuais 
aos seus titulares ou terceiros, tendo em vista a capacidade que cada fonte 
pode atingir diversos públicos-alvo. 
Frise que .toda utilização pública da obra posta em circulação no mercado que 
objetive lucro estará sujeita à incidência do direito patrimonial. 
Sendo assim, a utilização de obras intelectuais possui natureza autônoma, 
exigindo nova autorização do titular da obra, a qualquer nova forma de seu uso 
e, consequentemente, novo pagamento de direitos autorais. 
UNIDADE VI - Da Transferência dos Direitos de Autor 
A Lei dos Direitos Autorias exige que toda contratação deva ser feita por 
escrito, disposto em seu Título III, Capítulo V, artigos 49 a 52, conforme abaixo: 
“Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a 
terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, 
pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio 
de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admitidos em Direito, 
obedecidas as seguintes limitações: 
 
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I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de 
natureza moral e os expressamente excluídos por lei; 
II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante 
estipulação contratual escrita; 
III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo 
será de cinco anos; 
IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, 
salvo estipulação em contrário; 
V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data 
do contrato; 
VI - não havendo especificações quanto à modalidade de utilização, o contrato 
será interpretado restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma 
que seja aquela indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato. 
Art. 50. A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por 
escrito, presume-se onerosa. 
§ 1º Poderá a cessão ser averbada à margem do registro a que se refere o art. 
19 desta Lei, ou, não estando a obra registrada, poderá o instrumento ser 
registrado em Cartório de Títulos e Documentos. 
§ 2º Constarão do instrumento de cessão como elementos essenciais seu 
objeto e as condições de exercício do direito quanto a tempo, lugar e preço. 
Art. 51. A cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no 
máximo, o período de cinco anos. 
Parágrafo único. O prazo será reduzido a cinco anos sempre que 
indeterminado ou superior, diminuindo-se, na devida proporção, o preço 
estipulado. 
Art. 52. A omissão do nome do autor, ou de coautor, na divulgação da obra não 
presume o anonimato ou a cessão de seus direitos.” 
Como disciplina o dispositivo legal, a cessão pode ser total ou parcial, mediante 
contrato escrito, onde constarão cláusulas expressas quanto ao prazo, lugar e 
preço, bem como os direitos objeto da cessão e as condições de seu exercício, 
ou seja, os elementos delineadores da vontade expressa de contratar. 
 
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Além disso, a cessão presume-se onerosa, a não ser que o autor determine 
expressamente a sua gratuidade, podendo ser registrada conforme sua 
natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas 
Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do 
Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, mas 
caso a obra não esteja registrada, poderá ser feita em Cartório de Títulos e 
Documentos. 
No contrato de cessão, o autor aliena para outrem completa e definitivamente 
todos os direitos patrimoniais, os quais jamais voltaram para seu domínio, ou 
seja, o autor não pode mais interferir ou optar como sua obra será publicada, 
exposta ou comercializada, nem receber benefícios financeiros por quaisquer 
atos posteriores a cessão. 
Outro exemplo de transferência de cessão é a obra sob encomenda ou 
assalariado que a pessoa jurídica contrata alguém para criar algo de seu 
interesse, não sendo jamais autora da obra intelectual. Para que a pessoa 
jurídica seja titular dos direitos autorais patrimoniais, a pessoa jurídica deve 
inserir no contrato de trabalho ou de prestação de serviços celebrado com a 
pessoa física idealizadora da obra a transferência por meio de cessão a 
titularidade desses direitos sobre a obra encomendada. 
Veja que o autor é a pessoa física criadora, e o mero fato de encontrar-se 
numa situação de relação de contrato de trabalho ou prestação de serviço não 
altera sua natureza jurídica. 
O licenciamento é concedido a terceiros por tempo limitado e temporário, 
apenas se transfere parte dos direitos patrimoniais. As cláusulas do contrato 
deverão estar especificadas quanto ao prazo, uso e valor, uma vez que o 
contrato de licença deverá estar bem fundamentado para que não haja dúvidas 
sobre a forma como a obra será comercializada, bem como o objetivo e o local 
geográfico que haverá utilização da mesma. 
Nesse sentido, temos como exemplos de licenciamento, a transmissão de 
música ambiente em feiras em locais ou eventos públicos e a publicação de 
artigos em jornais ou periódicos. Pode ser precário ou não, tendo que estar 
expresso no contrato. 
 
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A concessão é a transferência dos direitos patrimoniais de caráter temporário, 
não exclusivo e não precário. O concedente não pode resilir unilateralmente o 
contrato, além de ser necessário constar na cláusula contratual a exclusividade 
em favor do concessionário. 
Caso o contrato de licenciamento ou de concessão não estipularem prazo de 
duração, será de 5 anos, conforme estabelece o artigo 49, III da Lei 9.610/98. 
Merece, todavia, destaque o chamado contrato de edição, é aquele por via do 
qual o autor transfere ao editor o exercício temporário e limitado de parte de 
seu direito autoral, fixando o tempo de sua vigência por certo número de 
ediçõescontratadas. O editor, por sua vez, se obriga a reproduzir a obra num 
número pré-determinado de exemplares e a divulga-la ao público, fruindo os 
resultados econômicos da exploração e pagando ao autor a remuneração 
estipulada. 
Nesse sentido, o contrato de edição trata-se de uma licença de uso de obra 
mediante fixação prévia, podendo ser verbal. 
UNIDADE VII - Do prazo de duração dos Direitos de Autor 
A proteção, em relação ao seu aspecto patrimonial, oferecida pelo Direito do 
Autor às obras intelectuais e aos seus titulares tem uma limitação no tempo, a 
fim de que a sociedade em geral tenha acesso à cultura. 
A Convenção de Berna e alguns Tratados Internacionais estabelecem que o 
prazo de proteção extensivo é de 50 anos após a morte do autor. 
Já a Lei Brasileira preceitua que os direitos patrimoniais do autor perduram 
toda a sua vida e mais 70 anos após sua morte, contados a partir de 1º de 
Janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem 
sucessória da lei civil, conforme preceituado no artigo 41 da Lei 9.610/98. 
“Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados 
de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a 
ordem sucessória da lei civil. 
Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude 
o caput deste artigo.” 
 
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Uma vez vencido o prazo de proteção, a obra cai em domínio público, 
passando a ser de uso de todos, ou seja, os direitos patrimoniais explorados 
exclusivamente pelo autor e pelos titulares de direito são extintos, desta forma, 
a obra pode ser explorada livremente pela sociedade em geral, sem 
necessidade de autorização do criador ou titular, mas seu nome não é 
desvinculado da obra, preserva-se a identidade do autor na obra. 
No caso dos autores falecidos que não tenham deixado sucessores e as de 
autor desconhecido, a obra passa ao domínio público de imediato logo depois 
de seu falecimento, podendo ser utilizadas livremente, ressalvada a proteção 
legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais, conforme preceituado no artigo 
45 da Lei 9.610/98. 
“Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos 
direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público: 
I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores; 
II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos 
étnicos e tradicionais.” 
No entanto, quando a obra literária, artística e científica for indivisível e tiver 
sido feita em coautoria, criadas em comum por dois ou mais autores, o período 
previsto para o domínio público é de 70 anos a partir da morte do último dos 
coautores sobreviventes. 
Por outro lado, quando um dos autores de uma obra indivisível vier a falecer 
sem deixar herdeiros ou sucessores, sua parte será acrescida à dos demais, 
assim, os coautores sobreviventes, ou seus herdeiros e sucessores, receberão 
a integralidade dos direitos produzidos pela obra. 
Ressalta-se que, a exceção a essa regra é em relação a obra anônima ou 
pseudônima, pois segundo o artigo 43 que dispõe sobre o tema, prevê que o 
prazo de 70 anos será contado de 1º de Janeiro do ano imediatamente 
posterior a primeira publicação, porém, caso o autor se tornar conhecido antes 
de transcorrido esse prazo, passarão a vigorar as regras válidas para as obras 
de autores conhecidos, respeitados os direitos adquiridos por terceiros. 
Em outras palavras, enquanto a obra não se tornar conhecida, não correrá o 
prazo para extinção do Direito do Autor. 
 
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O prazo de 70 anos referentes as obras audiovisuais e fotográficas é contado a 
partir de 1º de Janeiro do ano subsequente ao de sua divulgação. 
No que se refere a edição de obra literária, científica, técnica ou artística, os 
prazos para publicação e as condições de exploração serão estabelecido no 
contrato entre o titular da obra e o editor, mas, caso não seja estipulado o 
prazo contratualmente, ou por lei, será de dois anos após a assinatura do 
contrato. Se não cumprir o prazo de dois anos, o editor responderá por perdas 
e danos. 
No mais, para ficar bem claro e não gerar dúvidas, os direitos morais não estão 
sujeitos a esse prazo de proteção, sendo eternos, uma vez que cabe aos 
herdeiros ou sucessores do criador, além do Estado, a responsabilidade de 
defender a integralidade e autoria da obra, respeitando a honra e reputação do 
autor. 
UNIDADE VIII – Das Limitações aos Direitos do Autor 
A limitação aos direitos autorais visa estabelecer um equilíbrio, de um lado, os 
interesses do autor da criação protegida, dando garantias ao autor quanto ao 
seu direito de propriedade e, de outro, os interesses da coletividade que 
possibilitem através da livre circulação, aumentar o acesso ao conhecimento e 
à cultura. 
O surgimento dessa limitação tem por finalidade possibilitar que quaisquer obra 
intelectual, literária e científica protegidas possam ser utilizadas para fins 
educacionais, culturais e para difusão de conhecimentos. 
Em outras palavras, os limites do direito autoral podem ser encarados como 
permissões impostas pela Lei que possibilita o uso das obras por terceiros, 
sem a autorização dos titulares da obra utilizada. No caso da legislação 
brasileira, as limitações estão previstas nos artigos 46 a 48. 
Por outro lado, a possibilidade da criação da obra, as vezes, advém do convívio 
em sociedade, onde há a efetiva circulação da cultura, o que torna o convívio 
determinante para que o autor possa criar a obra. 
Desta forma, as limitações aos direitos autorais nasceram com o intuito de 
impedir que o direito do autor se tornasse absoluto. 
 
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Para o ilustre Carlos Aberto Bittar (1992:121), as limitações aos direitos 
autorais "são verdadeiros tributos a que se sujeita o autor em favor da 
coletividade, de cujo acervo geral retira elementos para as criações de seu 
intelecto." 
O artigo 5, XXIII da Constituição Federal e pelo artigo 9(2) da Convenção de 
Berna preceituam o entendimento que toda propriedade deve ter sua função 
social garantida. 
“ARTIGO 9 
1) Os autores de obras literárias e artísticas protegidas pela presente 
Convenção gozam do direito exclusivo de autorizar a reprodução destas obras, 
de qualquer modo ou sob qualquer forma que seja. 
2) Às legislações dos países da União reserva-se a faculdade de permitir a 
reprodução das referidas obras em certos casos especiais, contanto que tal 
reprodução não afete a exploração normal da obra nem cause prejuízo 
injustificado aos interesses legítimos do autor. 
3) Qualquer gravação sonora ou visual é considerada uma reprodução no 
sentido da presente Convenção.” 
Veja que os limites impostos aos Direitos do Autor, não podem trazer prejuízos 
ao autor, não podendo jamais onerá-lo em prol dos interesses da coletividade, 
deve sempre respeitar o limite razoável e proporcional do equilíbrio de 
interesses entre o autor e a sociedade. 
A Lei 9.610/98 estabelece uma extensa gama de limitações, em seu Título III, 
Capítulo IV, dispõe o seguinte: 
“Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: 
I - a reprodução: 
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, 
publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se 
assinados, e da publicação de onde foram transcritos; 
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas 
de qualquer natureza; 
 
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c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob 
encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não 
havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros; 
d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes 
visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o 
sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses 
destinatários;II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado 
do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro; 
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de 
comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou 
polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do 
autor e a origem da obra; 
IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem 
elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização 
prévia e expressa de quem as ministrou; 
V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e 
transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, 
exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses 
estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a 
sua utilização; 
VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no 
recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos 
de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; 
VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova 
judiciária ou administrativa; 
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras 
preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes 
plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra 
nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem 
cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.” 
 
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De todos os incisos exemplificativos elencados no artigo 46 da Lei 9.610/98, 
destaca-se o de maior polêmica e debate: o inciso II que menciona a 
possibilidade de haver cópias apenas de pequenos trechos, para uso privado 
do copista, ou seja, impede que se faça cópia integral de obra protegida. 
No entanto, antes de adentrarmos à discussão acerca do inciso II, faz-se 
necessário o entendimento trazido pela Lei. O legislador visou estabelecer que 
a reprodução de pequenos trechos de uma obra, faz que os leitores se 
interessem pela obra originária, desde que não tragam prejuízos aos titulares e 
não prejudique a exploração normal da obra reproduzida. 
No que tange a polêmica, a discussão começou a ser travada devido ao 
questionamento do que seriam “pequenos trechos”. 
Ocorre que, a fiscalização referente ao cumprimento desses pequenos trechos 
é frágil, tendo em vista que a Lei não especifica o aspecto quantitativo, ou seja, 
o limite do trecho que se deve copiar. A finalidade da introdução desse inciso II, 
apenas, deu-se com o intuito de evitar que se fizessem cópias integrais de 
qualquer tipo de obra. 
O que se deve observar no caso concreto é se a intenção do copista ao obter 
as cópias da obra é de auferir lucro ou não, se há intuito comercial na prática, e 
se de fato é ofensiva aos direitos do autor. A Lei tenta evitar que a obra tenha 
sua exploração comercial ofendida. 
Importante repetir que o tema das limitações aos direitos autorais representam 
um constante desafio na busca do equilíbrio entre a proteção aos interesses 
dos criadores das obras intelectuais e o direito da coletividade na busca ao 
acesso a informação, cultura e educação. 
Destaca-se a regra dos três passos, three-step test, que regula e norteia as 
limitações aos direitos exclusivos dos autores, foi introduzida na 
Convenção de Berna, em 1967, durante a revisão de Estocolmo, estando 
atualmente prevista no art. 9.2 da Convenção de Berna (revisão de Paris) e no 
art. 13 do Acordo TRIPS da OMC, conforme se lê: 
“Art. 9.2 da Convenção de Berna 
2) Às legislações dos países da União reserva-se a faculdade de permitir a 
reprodução das referidas obras em certos casos especiais, contanto que tal 
 
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reprodução não afete a exploração normal da obra nem cause prejuízo 
injustificado aos interesses legítimos do autor.” 
“Art. 13 do Acordo TRIPS da OMC 
Os Membros restringirão as limitações ou exceções aos direitos exclusivos a 
determinados casos especiais, que não conflitem com a exploração normal da 
obra e não prejudiquem injustificavelmente os interesses legítimos do titular do 
direito” 
Deve-se respeitar os seguintes requisitos: 
1) em certos casos especiais; O uso deve ser fundamentado em prévia 
previsão legal, não permitindo qualquer exceção a limitação autoral fora dos 
artigo 46 a 48 da Lei 9.610/98. 
2) que não afetem com a exploração comercial normal da obra; O uso da obra 
não pode interferir na exploração da obra, por exemplo, uso de trechos de 
livros que retirem o interesse do consumidor pela obra original. 
3) que não prejudique injustificadamente os legítimos interesses do Autor. 
Protegem os direitos patrimoniais e morais da obra utilizada, não importando se 
haverá ou não interesse comercial envolvido. 
Deve-se respeitar esses três requisitos, sem violar nenhum dos steps para 
permitir os chamados os usos justos, fair use, mas se ferir algum ou alguns 
serão chamados em unfair use, uso injusto. Não é interpretado como critério 
absoluto devendo, na prática, ser analisado de acordo com cada caso. 
Assim, caso um dos steps da regra dos três passos for infringido, não utilizando 
a obra intelectual para fins de interesse público, haverá a violação dos direitos 
autorais, tendo em vista a lesão aos benefícios patrimoniais e morais que os 
autores auferem a partir de suas criações. 
Frise que a Lei Brasileira permite a utilização livre, sem a devida autorização do 
titular da obra, desde que sejam citadas as devidas fontes, por exemplo, artigo 
informativo, reprodução de notícia etc., levando em consideração fatores como: 
a natureza e o fim da utilização. 
Os artigos 46 a 48 previstos na lei brasileira podem ter diversas interpretações, 
mas o segredo é ultrapassar a dualidade entre o interesse público e o privado, 
 
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a fim de eliminar qualquer obscuridade que cause prejuízos à obra e ao autor, 
o que afeta a integridade de ambos. 
Merece, todavia, destaque as licenças legais, pois visam permitir que qualquer 
pessoa possa utilizar a obra intelectual, sem o prévio consentimento do autor, e 
inclusive, sem a necessidade de efetuar qualquer pagamento de remuneração, 
não devendo causar nenhuma ofensa ou dano ao autor, tudo com intuito de 
prestigiar os interesses públicos. 
Em outras palavras, caso os interesses do autor sejam incompatíveis com os 
interesses públicos, a lei suspende a tutela protetiva, ou seja, a pessoa utilizará 
a obra sem a autorização do autor e não terá que pagar por isso. 
As principais hipóteses de licença legal previstas na Lei são: 1) reprodução em 
braile (artigo 46, I); 2) cópia parcial (artigo 46, II); 3) citação (artigo 46, III); 4) 
apanhado de lições (artigo 46, IV); 5) promoção de venda da obra (artigo 46, 
V); 6) ambiente doméstico ou escolas (artigo46, VI); 7) paráfrases e paródias 
(artigo 47); 8) obras em logradouros públicos (artigo 48); 
Por outro lado, a licença obrigatória é quando há utilização da obra, sem a 
autorização do autor, mas há a obrigatoriedade de remunerar o titular do 
direito, ou seja, quem utiliza a obra, deve pagar ao criador por isso. No Brasil 
não se adota esse tipo de licença. 
UNIDADE IX - Dos Direitos Conexos 
Primeiramente, importante destacar que a proteção dos direitos conexos foi 
assegurada com o surgimento da Convenção de Roma (1961). 
Frise que a Convenção de Roma não foi criada para prejudicar os direitos do 
Autor, pelo contrário, a intenção foi apenas de ampliar o rol dos protegidos, 
conforme artigos 1º e 2º previsto abaixo: 
“Artigo 1 - A proteção prevista pela presente Convenção deixa intacta e não 
afeta de qualquer modo, a proteção ao direito do autor sôbre as obras literárias 
e artísticas. Dêste modo, nenhuma disposição da presente Convenção poderá 
ser interpretada em prejuízo dessaproteção. 
Artigo 2 - 1. Para os fins da presente Convenção, entende-se por tratamento 
nacional e tratamento concedido pela legislação nacional do Estado 
contratante, onde a proteção é pedida: 
 
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a) aos artistas intérpretes ou executantes seus nacionais, para as execuções 
realizadas, fixadas pela primeira vez ou radiodifundidas no seu território; 
b) aos produtores de fonogramas seus nacionais, para os fonogramas 
publicados ou fixados pela primeira vez no seu território; 
c) aos organismos de radiodifusão cuja sede social esteja situada no seu 
território para as emissões radiodifundidas pelos emissores situados nesse 
mesmo território. 
2. O tratamento nacional será concedido nos termos da proteção 
expressamente garantida e das limitações expressamente previstas na 
presente Convenção.” 
Em nosso ordenamento jurídico, foi recepcionada pelo Decreto Legislativo n.º 
26/1964 e promulgada pelo Decreto n.º 57.125, de 19 de outubro de 1965, da 
Presidência da República. 
Os Direitos Conexos são direitos ligados aos Direitos do Autor, mas que não 
são direitos do autor., conforme o artigo 1 da Lei 9.610/98. 
 “Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta 
denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.” 
Perceba que, os direitos conexos não são direitos coadjuvantes aos direitos do 
autor, mas sim, são direitos que possuem as mesmas garantias que as do 
autor, conforme se pode depreender no artigo 96º da Lei 9.610/98 disciplina o 
mesmo prazo de duração, dispõe: 
“Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados 
a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à fixação, para os fonogramas; à 
transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e 
representação pública, para os demais casos.” 
No que se refere a Convenção de Roma, a duração da proteção dos direitos 
conexos, é de 20 anos a contar do final do ano em que: 
a) a interpretação ou execução foi realizada, para as interpretações ou 
execuções não fixadas em fonogramas; 
b) a fixação (gravação) foi realizada, para os fonogramas e interpretações 
ou execuções fixados em fonogramas; 
 
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c) a emissão de radiodifusão foi realizada. 
A telenovela, por exemplo, jamais existiria se não houvesse atores que 
pudessem interpretar de forma única a obra do escritor. Veja que, muitas 
vezes, a obra só atinge um grande sucesso devido ao talento, à persuasão, e 
às habilidades artísticas dos atores intérpretes. 
Nos termos do acordo TRIPS, que trata da proteção intelectual relacionada ao 
comércio, ratificado no Brasil por meio do Decreto n. 1.355/94, os direitos de 
artistas intérpretes ou executantes e produtores de fonogramas devem ser 
protegidos durante 50 anos a contar do final do ano da data da fixação ou da 
interpretação ou execução; e os direitos de empresas de radiodifusão, durante 
20 anos a contar do final do ano da data da emissão. 
Desta forma, os direitos conexos aos do autor são, para todos os efeitos legais, 
bens móveis, conforme artigo 3 da Lei Brasileira. 
“Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.” 
A Lei 9.610/98 disciplina que os titulares desses direitos são os artistas 
intérpretes ou executantes, os produtores de fonográficos e as empresas de 
radiodifusão, segundo o artigo 89, a seguir: 
“Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, 
aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores 
fonográficos e das empresas de radiodifusão. 
Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa 
intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, 
artísticas ou científicas.” 
Para entendermos melhor a conexidade entre o autor e os titulares de direito, 
citarei o artista intérprete ou executante como exemplo. Sua profissão se 
baseia em interpretar por meio de sua voz e/ou seu corpo a obra criada pelo 
autor, dando forma, vida à história e aos personagens. 
A Lei assegura a interpretação ou execução, a reprodução, a execução pública, 
a título oneroso ou gratuito, bem como garante aos intérpretes direitos morais 
de integridade e paternidade de suas interpretações, mesmo que haja a cessão 
de direitos patrimoniais (sem prejuízo da redução, compactação, edição ou 
dublagem da obra de que tenha participado, sob a responsabilidade do 
 
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produtor), não podendo desfigurar a participação do artista, sem o seu prévio 
consentimento, segundo dispõe o artigo 90. 
“Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título 
oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir: 
I - a fixação de suas interpretações ou execuções; 
II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou 
execuções fixadas; 
III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não; 
IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, 
de maneira que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar 
que individualmente escolherem; 
V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou 
execuções. 
§ 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus 
direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto. 
§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à 
reprodução da voz e imagem, quando associadas às suas atuações.” 
Agora, em se tratando dos direitos dos produtores de fonogramas, o artigo 93 
disciplina o seguinte: 
“Art. 93. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso 
ou gratuito, autorizar-lhes ou proibir-lhes: 
I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial; 
II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução; 
III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela 
radiodifusão; 
IV - (VETADO) 
V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a 
ser inventadas.” 
 
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No tocante aos direitos de empresa de radiodifusão, o artigo 95 dispõe o 
seguinte: 
“Art. 95. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou 
proibir a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a 
comunicação ao público, pela televisão, em locais de frequência coletiva, sem 
prejuízo dos direitos dos titulares de bens intelectuais incluídos na 
programação.” 
Conforme o artigo citado, as empresas de radiodifusão têm o direito de 
autorizar ou impedir a retransmissão, a fixação e a reprodução de suas 
emissões. 
É interessante que os titulares de direitos conexos se organizem em forma de 
associações, a fim de gerir e administrar melhor os direitos patrimoniais 
recebidos. 
Assim, a Lei 12.853/2013 alterou o artigo 99 da Lei 9.610/98, no que se refere 
a formação de associações relativa à execução pública de obras musicais e 
fonogramas. 
Art. 99. A arrecadação e distribuição dos direitos relativos à execução pública 
de obras musicais e literomusicais e de fonogramas será feita por meio das 
associações de gestão coletiva criadas para este fim por seus titulares, as 
quais deverão unificar a cobrança em um único escritório central para 
arrecadação e distribuição, que funcionará como ente arrecadador com 
personalidade jurídica própria e observará os §§ 1º a 12 do art. 98 e os arts. 
98-A, 98-B, 98-C, 99-B, 100, 100-A e 100-B. 
Por fim, as medidas de proteção aplicáveis ao direito conexo, em caso de 
infração ou violação, são similares as previstas aos titulares de direitos do 
autor, que podem ser: conservativas ou provisionais, medidas civis, sanções 
penais, medidas adotadas nas Fronteiras e medidas contra o uso abusivo de 
meios técnicos. 
UNIDADE X – Da Defesa Dos Direitos de Autor 
A violação de direitos autorais ocorre quando uma pessoa, física ou jurídica, 
utiliza a obra sem a

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