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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período MORFOLOGIA E ESTRUTURA CELULAR DAS MICRO- BACTÉRIAS • As microbactérias pertecem a ordem Actinomycetales e a família Mycobacteriaceae, que possui um único gênero - Mycobacterium (fungos bacterium). • São bacilos (bastonetes) álcool-acidorresistentes (capacidade de um organismo reter colorações mesmo com tratamento com uma mistura de ácido e álcool). • Bastonetes delgados, aeróbicos, que crescem em cadeias retas ou ramificadas. • Não são gram-positivos ou gram-negativos, eles são pouco corados pelos corantes da coloração de Gram • Possuem parede celular única, cerácea, composta por glicolipideos e lipídeos incomuns (incluindo ácido micólico, que os torna, acidorresistentes). • Contém proteínas que, quando combinadas com as ceras, promovem hipersensibilidade tardia. Principais patógenos: • Mycobacterium tuberculosis: causador da tuberculose. • Mycobacterium leprae: agente da hanseníase. - cresce lentamente, tempo de desdobramento de 18h - microorganismo aeróbio obrigatório, por isso sua preferência em causar doença em tecidos altamente oxigenados (como o lobo superior do pulmão e os rins - fator corda: relacionado a virulência do microrganismo • Micobactérias atípicas: podem causar doença similar à tuberculose, porém são patógenos menos frequentes. ETIOLOGIA, FISIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA TUBERCULOSE • Doença conhecida antigamente como tísica e como peste branca (século 19). A partir da metade do século 20 houve acentuada diminuição da incidência e mortalidade. • Década de 80 houve reconhecimento global sobre tuberculose, reconhecimento dado principalmente pela emergência da infecção pela HIV nos países de alta renda e nos países de baixa renda, devido o processo de urbanização e ampliação da miséria. • É uma doença que pode ser previnida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e contribui para a perpetuação da desigualdade social. ETIOLOGIA • Agente etiológico é qualquer uma das 7 espécies que integram o complexo mycobacterium tuberculosis - bacilos de Koch (BK); • O complexo Mycobacterium tuberculosis é um grupo de bactérias do gênero Mycobacterium capazes de causar tuberculose em seres humanos ou outros organismos. - Mycobacterium tuberculosis - Mycobacterium africanum - Mycobacterium bovis e o Bacilo de Calmette–Guérin * - Mycobacterium microti - Mycobacterium canetti - Mycobacterium caprae - Mycobacterium pinnipedii - Mycobacterium suricattae * - Mycobacterium mungi * Obs: Na saúde pública, a espécie mais importante é BK, que é ligeiramente curva, fina, mede de 05 a 3 micra, é bacilo álcool ácido resistente aeróbio, com parede celular de lipídeos que confere baixa permeabilidade que aumenta sua sobrevida nos macrófagos e também faz com que a efetividade da maior parte dos antimicrobianos seja reduzida. • Mycobacterium bovis pode ter especial relevância como agente etiológico da tuberculose em locais que há consumo de leite e derivados não pasteurizados ou não devidos de rebanho bovino infectado. Geralmente acometendo pessoas que residem em áreas rurais e profissionais do campo. - Ele se apresenta de forma idêntico ao BK, com mais frequência da forma gangl ionar e outras extraoulmonares. Transmissão da tuberculose: • Transmissão ocorre por vias aéreas de uma pessoa com tuberculose pulmonar ou laríngea que elimina bacilos no ambiente (caso fonte), para outra pessoa, por exalação de aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro. Obs: “Bacilífero”: Pessoas que tem baciloscopia positiva no escarro, são os que possuem maior capacidade de transmissão. O risco da transmissão perdura até o paciente eliminar bacilos no escarro (tuberculose acomete prioritariamente o pulmão). TRAJETO DOS BACILOS E RESPOSTA IMUNE Obs: o bacilo em si não possui toxina de alto poder lesivo, o que gera dano ao tecido é uma resposta imune exagerada, atacando a si mesmo. I. As gotículas isoladas rapidamente se tornam secas e se transformam em partículas menores. II. Essas partículas menores, chamadas de núcleos de Wells, contendo um a dois bacilos, podem se manter em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de alcançar os alvéolos quando na inspiração. III. Nos alvéolos podem se multiplicar e provocar a chamada primo-infecção. IV. Os bacilos são FAGOCITADOS P E L O S M A C R Ó F A G O S A LV E O L A R E S q u e s e r ã o incapazes de destruí-los. E essa internalização dos bacilos nos m a c r ó f a g o s c a u s a m u m a resposta inflamatória que traz outras outras células de defesa para a área. Os macrófagos facitam grandes quantidades de bacilos até que, em um momento se rompem. V. M a i s m a c r ó f a g o s s ã o internalizados pelos bacilos, onde se desenvolve um primeiro foco pneumônico (NÓDULO DE GHON) , gera lmente é pequeno e se localiza na parte medial do pulmão. Esse nódulo se calcifica. VI. Nesse momento a imunidade específica a inda não está a t i v a d a , o s m a c r o g a f o s continuam fagocitando e sendo drenados para corrente linfática. VII. Os bacilos continuam se proliferar dentro dos macrófagos até alcançarem os linfonodos (nos linfonodos os focos infecciosos podem crescer e causar APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período adenopatia hilar ou mediastinal ipsilateral) e depois caírem na corrente sanguínea e serem encaminhados a diversos sistemas, onde continuarão a proliferação. (a tuberculose então pode ser pulmonar e extra-pulmonar) VIII.Depois de 2 a 10 semanas a imunidade celular específica foi desenvolvida e os linfócitos TcD4 específicos contra os b a c i l o s a t i v a m m a i s macrófagos por meio da liberação de interleocínas (os macrófagos ficam mais fortes, com o citoplasma aumentado e são transformados em células epitelióides, ou seja, semelhantes a células epiteliais. IX. Essas células epitelióides se acumulam em torno dos focos i n fecc iosos , fo rmando o GRANULOMA. Nesse passo, 95% dos focos serão contidos e o p a c i e n t e fi c a r á assintomático. (O granuloma possui o PH muito ácido e uma tensão de oxigênio muito baixa, o que dificulta a proliferação do bacilo) X. No entanto, no meio desse granuloma, que é como um muro formado por células epitelióides, surgem área de NECROSE SÓLIDA do tipo CASEÓSA. (A liquefação da necrose caseosa ocorre pela exagerada l ibe ração das enzimas destrutivas liberadas pelos macrófagos. E o produto dessa degradação faz com que aumente a osmo la r idade interna do granuloma, ou seja, faz puxar água do meio externo para o meio interno. A água por ser rica em nutrientes, permite a proliferação dos bacilos novamente e, por consequência, aumento da lesão.) XI. Essa lesão pode aumentar tanto a ponto de alcançar as paredes dos brônquios, permitindo contato com meio externo rico em oxigênio, a proliferação aumentará ainda mais, formando a CAVERNA TUBERCULOSA ( quando a formação dela, a proliferação está tão aumentada que pode haver 1 milhão de bacilos por ml) XII. O material liquefeito da necrose pode expandir e sair para a árvore brônquica, levando a disseminação endobronquica da tuberculose. XIII.Apesar de todo esforço do sistema imune, alguns bacilos permanecem na sua forma latente, ou seja, ficam inativos porém ficam viáveis no interior dos granulomas, podendo a qualquer momento voltar a ativa e tornar a tona uma nova proliferação. Acontecendo uma infecção chamada PÓS-PRIMARIA ou SECUNDÁRIA. Obs: Outras vias de infecção, como pele e placenta, são raras e desprovidas de importância epidemiológica. Os bacilos que também se dispersam em roupas, lençóis, copos e outros objetos,dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, também não têm papel na transmissão da doença. Obs: Os bacilos são sensíveis à luz solar e a circulação de ar, logo, ambientes arejados é bem iluminados diminui o risco de transmissão MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As principais formas de apresentação são: primária, pós primária ou secundária e miliar • Sintomas clássicos: tosse persistente seca e produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento - podem ocorrer em qualquer das três apresentações Primária: normalmente ocorre após o primeiro contato do indivíduo com o bacilo, mais comum em crianças de 2 a 12 anos de idade (por terem uma resposta imune dos linfonodos hilares mediastinais aumentada). A resposta imune exagerada acarreta um aumento dos linfonodos, que irão comprimir os brônquios e causaram a atelectasia, ou seja, um colapso (nesse colapso o paciente evolui para a pneumonia tuberculosa). • As manifestações clínicas podem ser insidiosas, o paciente irritadiço, febre baixa, sudorese noturna, inapetência, tosse (nem sempre presente). • Exame físico pode ser normal. Primária progressiva: Ocorre quando o paciente se infecta com grande carga de bacilo ou quando possui alguma doença imunossupressora, nesses casos o foco primário evolui rapidamente para grandes focos de inflamação granulomatose exsudativa e também evolui para pneumonia tuberculosa, podendo então evoluir para cavernas tuberculosas, infectando os outros lóbulos pulmonares. • É também mais comum em crianças e pode haver ou não adenomegalia hilar ou mediastinal. Pós primária ou secundária: pode ocorrer em qualquer idade, porém é mais comum no adolescente e em adulto jovem. Também em pacientes que foram infectados há mais de 3 anos, onde acontecerá a reinfecção desse paciente com uma queda, mesmo que sútil, na imunidade. • característica principalmente de tosse seca ou produtiva. • expectoração pode ser com ou sem sangue (purulenta ou mucoide) • A febre vespertina sem calafrios não costuma passar de 38 graus • A sudorese noturna e anorexia são comuns • A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro eufórico ou ser normal Miliar: mais comum em crianças menores de 2 anos de idade que não forma vacinados com a BCG e pacientes imunodeprimidos ou adultos jovens. • Nesse tipo de tuberculose, os focos que se formam após a primo-infecção não são contidos e evoluem rapidamente para grande proliferação da lesão. APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período • A proliferação pode continuar vindo do foco inicial ou de um foco metastásico na parede de uma veia pulmonar, chamado focos de WEINGARD. • Na tuberculose miliar, o interstício e as meninges são as partes mais afetadas, mas pode também estar presente no sistema reticuloendotelial que são: fígado, baço, linfonodos e medula óssea. • Se não tratada precocemente pode levar rapidamente a óbito. • Se refere ao aspecto radiológico pulmonar específico, pode ocorrer tanto na forma primária quanto na secundária • Forma grave da doença, mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectados com HIV ou em fases avançadas de imunossupressão • A apresentação clínica pode ser aguda ou subaguda, mais frequente em crianças e adultos jovens • Apresenta-se como doença crônica ou febre de origem indeterminada (menos comum) • Sintomas de febre, astenia (diminuição da força muscular),emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos e o exame físico pode mostrar hepatomegalia (35%), alteração do sistema nervoso central (30%), alterações cutâneas Tuberculose Extra-pulmonar • Sinais e sintomas são dependentes dos órgãos ou sistema acometido, a ocorrência aumenta em pacientes imunocomprometidos, principalmente portadores de HIV. • Principais formas de tuberculose diagnosticadas são: tuberculose pleural e ganglionar Pleural: mais comum em pessoas não infectadas pelo HIV, em jovens e cursa com dor pleurítica. - A tríade: astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes. - níveis elevados de adenosina adeaminase no líquido pleural tem sido aceito como diagnóstico de tuberculose a depender da referência (maior que 30 ou 40) Ganglionar periférica: é a forma mais frequente de tuberculose extra pulmonar em pessoas infectadas por HIV e crianças (mais comum abaixo de 40 anos) - Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico em cadeias ganglionares, cervicais anteriores e posterior e de supraclavicular. - Em portadores de HIV, o acometimento ganglionar cos tuma se r b i l a t e ra l assoc i ado a ma io r comprometimento do estado geral. - Exame físico: os gânglios podem estar endurecidos, ou amolecidos aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para flutuação e ou fistulização espontânea, com inflamação da pele adjacente. - Diagnóstico: por meio do aspirado por agulha ou punção ganglionar para exame bacteriológico e histopatologico. E a biópsia do gânglio pode cursar com fístula no pós operatório. A tuberculose extra-pulmonar pode afetar qualquer órgão ou sistema do corpo, mas os mais acometidos são: - pleura - linfonodos - osssos - articulações - meninges - cérebro - genitália interna - peritônio - rins - intestino Sintomas: tosse persistente com mais de 3 semanas, febre vespertina sem calafrios menor de 38,5C, sudorese noturna, inchaço nos gânglios, inapetência. Fatores de risco: menores de 2 anos e maiores de 60 anos de idade, doenças ou medicamentos imunossupressores, grupos sociais desfavorecidos (como moradores de rua e carcerários). Diagnóstico: História clínica, exame físico e busca pelo patógeno, com meios auxiliares ao diagnóstico que são: - teste de tuberculina PPD - exame microscópico direto - baciloscopia direta - teste do escarro com duas amostras que farão pesquisa de BAAR (bacilos-álcool-ácidos) pelo método de Ziehl- Nilsen - teste medular rápido para tuberculose, que detecta o DNA do bacilo, fazendo a triagem de cepas existentes e detecta os bacilos mortos. - cultura para mycobacterium tuberculosis que tem especificidade e sensibilidade elevada que tem o resultado entre 14 e 30 dias, sendo indicado em locais onde não há teste rápido ou que o teste rápido saia como negativo e quadro clínico sugestivo. - Raio x de tórax, para analisar acometimento pulmão, encontrando cavidades no ápice do pulmão direito principalmente e outros achados como nódulos e massas, consolidações, alargamento do mediastino, processo intersticial como derrame pleural, cicatrizes, retração e calcificação. Além de ser útil para acompanhamento do tratamento. Sinal de alarme mais importante: Hemoptise, tosse produtividade com SANGUE. Tratamento: Precisa de um tratamento assistido, com tomada de medicamento assistida. • Feito em duas fases: fase de ataque (intensa) e fase de manutenção. Primeira fase: Chamada de RIPE, porque terá como medicamentos a Rifanpicina, Isoniazida, Pirazinamida e o Etambutol. - Tem período de tempo de 2 meses. - Combo que vem em um único comprimido combinado. - A dose depende do peso do paciente. Obs: se depois de 2 meses dessa primeira fase, a baciloscopia estiver positiva, deve fazer teste de resistência a refanpicina ou teste molecular rápido e prolongar a orimeira fase por mais 30 dias. Segunda fase: Uso de apenas 2 medicamentos, a rifampicina e a isoniazida, que também é comprimido que vem combinado. - Tem período de 4 meses de tratamento. - Sendo de 2, 3 ou 4 cp por dia de acordo com peso do paciente. INTERPRETAÇÃO: • Organismos ácido-álcool resistentes: corados de vermelho. APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período • Não ácido-álcool resistentes: corados de azul/ verde. O princípio desse método aproveita-se do fato de as micobactérias possuírem paredes celulares com alto teor de lipídeos (cercade 60%, principalmente de ácido micólico). Tuberculose no imunodeprimido portador de HIV: • Depende do grau de imunodeficiência do paciente. • Se os linfócitos TcD4 estiverem altos, evolui para um padrão cavitário da tuberculose, se os TcD4 estiverem baixo, evolui para um padrão exsudativo. • O paciente que apresenta imunodeficiência extrema, causa reação inflamatória inespecífico, chamada de REAÇÃO NÃO REATIVA. • O pulmão desse paciente pode apresentar lesões exudativas em meio a lesões não reativas. Mesmo sendo não reativas, caso não seja tratado o paciente pode evoluir rapidamente a óbito. FATORES DE RISCO Populações vulneráveis - O risco de adoecimento em pessoas em situação de rua é 56x maior do que comparado a pessoas que não vivem em situações de rua. - Paciente com HIV possui risco de 28x maior que pacientes não infectados - Carcerários possuem risco de 28x maior - População indígena 3x pmaior DIAGNÓSTICO - pode acometer uma série de órgãos, porém a mais frequente é a pulmonar - A forma bacilifera (pulmonar) é responsável pela cadeia de transmissão - Paciente sintomático é aquele que durante a busca ativa apresenta tosse por 3 ou mais semanas Tratamento Com o início do tratamento, a transmissão tende diminuir gradativamente (em 15 dias já está muito reduzida) Medidas de controle devem ser mantidas até a confirmação negativa REFERÊNCIAS: • Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada para a clínica. 8 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011. • TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. • GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.
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