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< DESCRIÇÃO Introdução ao estudo do comportamento e da atuação profissional, suas relações e responsabilidades jurídicas. PROPÓSITO Compreender as diferentes áreas de atuação do médico veterinário, seu perfil e competências profissionais, além dos limites jurídicos e éticos que envolvem a prática médico-veterinária. OBJETIVOS MÓDULO 1 Conhecer o campo de atuação do médico veterinário MÓDULO 2 Reconhecer o comportamento profissional adequado MÓDULO 3 Identificar as responsabilidades profissionais e suas relações jurídicas INTRODUÇÃO O código de ética profissional é um acordo estabelecido que apresenta os deveres e direitos dos profissionais pertencentes a uma classe. No caso da Medicina Veterinária, essa conduta é norteada por um código estabelecido de acordo com a resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) nº 1138, publicada em dezembro de 2016. O código de ética do médico veterinário define os princípios fundamentais da profissão, estabelecendo os direitos e deveres profissionais. Também define o comportamento e a responsabilidade profissional diante de diversas situações. Além disso, estabelece diretrizes de relacionamento com colegas de profissão, pacientes, meio ambiente, clientes, sociedade e até mesmo com o meio econômico e jurídico. Entre as sanções possíveis, o código de ética veterinária prevê a possibilidade de cassação do registro profissional. O código também estipula as normas sobre o sigilo profissional e a cobrança de honorários relativos aos serviços prestados, além de definir os deveres profissionais na responsabilidade técnica de estabelecimentos ligados à Medicina Veterinária, assim como sua relação com a publicidade e a participação em trabalhos científicos. Ainda no sentido de regular o exercício profissional, o código de ética do médico veterinário estabelece infrações e penalidades, que variam de advertência à cassação do registro profissional, para situações de descumprimento de suas normas. Portanto, conhecendo e seguindo a conduta profissional disposta no código de ética e agindo com bom senso, o médico veterinário tende a ter mais tranquilidade e sucesso no exercício de sua profissão, evitando diversas situações constrangedoras e desagradáveis que podem trazer consequências negativas no campo financeiro, jurídico e ético. Ser um bom profissional implica em apresentar postura adequada, caráter, dignidade e honestidade, além de aperfeiçoamento técnico. É baseado nesse comportamento que se conquista a confiança de clientes, da equipe de trabalho e da sociedade como um todo. PUBLICIDADE Meios de divulgação de prestação dos serviços médicos veterinários. javascript:void(0) MÓDULO 1 Conhecer o campo de atuação do médico veterinário ÁREAS DE ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO A maioria das pessoas desconhece as vertentes da Medicina Veterinária. O profissional da área possui um vasto campo de atuação. No entanto, muitas pessoas pensam que os cuidados com os animais de companhia limitam a profissão, mas isso não é verdade. O médico veterinário atua na área de clínica médica, cirúrgica e diagnóstica de animais, nas políticas públicas em relação à saúde coletiva, à saúde e ao bem-estar animal, à Medicina Veterinária preventiva, ao saneamento básico, à vigilância em saúde, à economia e administração do agronegócio, à inspeção e tecnologia de produtos de origem animal, à pesquisa científica, à produção e reprodução animal, à perícia forense, à ecologia e à proteção ao meio ambiente. AGRONEGÓCIO Compreende todas as atividades econômicas relacionadas aos produtos e subprodutos da agricultura e pecuária. Vamos agora conhecer cada uma dessas áreas: javascript:void(0) CLÍNICA MÉDICA, CIRÚRGICA E DIAGNÓSTICA Nessa área de atuação, o médico veterinário desenvolve, orienta, executa e interpreta exames clínicos e laboratoriais, bem como identifica e interpreta sinais clínicos e alterações morfofuncionais em animais de companhia e de produção, incluindo os silvestres. Além disso, o profissional institui diagnóstico, prognóstico, tratamento e medidas profiláticas de enfermidades animais. A área apresenta diversas especialidades como anestesiologia, dermatologia, cardiologia, oncologia, radiografia, ultrassonografia, acupuntura e fisioterapia. As especializações ocorrem por meio de pós-graduação na modalidade de residência médica ou especialização lato sensu. Diagnóstico e medidas profiláticas. PRODUÇÃO ANIMAL Cuidado com o bem-estar animal na produção. É uma área que está diretamente ligada ao agronegócio, ou seja, em que a visão é voltada para a produção de alimentos de origem animal. O médico veterinário desenvolve, programa, orienta e aplica técnicas eficientes e eficazes de criação, manejo, nutrição e alimentação animal, que se diversifica quanto ao tipo de produção animal: carne, leite, ovos, mel e outros produtos. O bem-estar dos animais de produção é um ponto de atenção que deve ser avaliado e continuamente melhorado pelo médico veterinário atuante dessa área. REPRODUÇÃO ANIMAL E MELHORAMENTO GENÉTICO Essa área envolve animais de companhia e de produção. O médico veterinário desenvolve, programa, orienta e aplica técnicas de melhoramento genético e reprodução animal, além de elaborar, executar, gerenciar e participar de projetos na área de biotecnologia da reprodução, como a inseminação artificial, a fertilização in vitro e a transferência de embriões. O melhoramento genético é uma área bastante desenvolvida na pecuária e visa selecionar as melhores características dos animais, aumentando a qualidade produtiva e reprodutiva dos rebanhos. Processo de reprodução animal na pecuária. TECNOLOGIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL A tecnologia de produtos de origem animal é uma área de atuação que preconiza aumentar o tempo de prateleira desses alimentos, mantendo a segurança alimentar e a qualidade dos produtos para os consumidores. Nela, o médico veterinário pode trabalhar com a tecnologia de carne, de leite, ovos, pescado e mel. TEMPO DE PRATELEIRA Também chamado shelf life, é o tempo de vida útil de um produto perecível. FISCALIZAÇÃO E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL O profissional desta área planeja, orienta, executa, participa, gerencia e avalia a inspeção sanitária de produtos de origem animal, garantindo a inocuidade dos alimentos de origem animal que consumimos diariamente. A presença de médicos veterinários em abatedouros e frigoríficos é essencial e obrigatória para que todo produto de origem animal possa ser inspecionado e liberado para o consumo humano. Esse controle é necessário para evitar a transmissão de inúmeras enfermidades ao homem, como a tuberculose bovina, brucelose, teníase, cisticercose humana, entre outras. Tais doenças são chamadas zoonoses. Dessa forma, fica evidente a importância do trabalho do médico veterinário para a saúde coletiva. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A inspeção de frigoríficos e abatedouros é importante na prevenção de zoonoses. INOCUIDADE Refere-se à segurança e qualidade dos alimentos em termos microbiológicos, físicos, químicos e sensoriais. ZOONOSES Doenças que podem ser transmitidas naturalmente entre os animais e os seres humanos. DEFESA SANITÁRIA O profissional da defesa sanitária assegura a saúde dos animais dos rebanhos brasileiros. Nesse contexto, são elaborados programas sanitários que visam o controle ou a erradicação de diversas doenças que ameaçam a saúde dos animais, como febre aftosa, brucelose, tuberculose e raiva. Esse setor é muito importante por estar ligado à economia do país, já que qualquer problema sanitário nos rebanhos pode prejudicar o agronegócio brasileiro. MEDICINA PREVENTIVA E SAÚDE COLETIVA O médico veterinário dessa área identifica e classifica os fatores etiológicos, compreende e elucida a patogenia, bem como previne, controla e erradica as doenças de interesse na saúde animal, coletiva e ambiental. Desde 2011 a Medicina Veterinária,incluída na área agrária, passou também a pertencer à área da saúde, sendo inserida na rede de atenção básica à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), compondo a equipe do Núcleo de Apoio a Saúde da Família e as equipes de Vigilância em Saúde. FATORES ETIOLÓGICOS Fatores que agem na origem das doenças. A Medicina Veterinária abrange os três aspectos da chamada saúde única Nele, o profissional realiza visitas em domicílio para diagnosticar quaisquer riscos à saúde única. Também promove ações de educação popular em saúde para estimular a castração dos javascript:void(0) javascript:void(0) animais, diminuir e evitar a ocorrência de enfermidades animais, do abandono e, consequentemente, da transmissão de zoonoses. Na vigilância em saúde, o médico veterinário exerce sua função na vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental, participando de pesquisas científicas, prevenindo e controlando enfermidades transmitidas aos seres humanos por meio de alimentos, animais, vetores e por meio de alterações ambientais. SAÚDE ÚNICA Integração indissociável entre a saúde humana, a saúde animal e o ambiente. VETORES Seres vivos invertebrados capazes de transmitir doenças, como mosquitos e moscas. javascript:void(0) O MÉDICO VETERINÁRIO COMO PROFISSIONAL DO SUS Assista ao vídeo, que ilustra as possibilidades de atuação do médico veterinário no SUS. MEIO AMBIENTE O profissional dessa área tem como função a proteção ao meio ambiente por ações já listadas anteriormente como no controle das zoonoses e na inspeção e fiscalização sanitária e higiênica de produtos de origem animal na esfera industrial e comercial. Mas, além disso, o médico veterinário tem a função de proteger a fauna e controlar a exploração de animais silvestres e de seus subprodutos. A preservação das espécies é uma das preocupações do profissional relacionado às questões ambientais. Em suas diversas ações, o médico veterinário necessita estar atento aos possíveis danos ambientais, como a destruição da flora e fauna, aos riscos de extinção de espécies animais, às contaminações de solo por produtos utilizados na agropecuária, à destinação adequada dos dejetos animais, resíduos de medicamentos e hormônios utilizados na alimentação e tratamento do animal, assim como à poluição de recursos hídricos e ao controle da população de vetores. PESQUISA E DOCÊNCIA Nessa área, o médico veterinário atua como professor universitário ou como pesquisador. Os professores são responsáveis por formar os futuros profissionais. Os pesquisadores atuam explorando técnicas de investigação científica para o desenvolvimento técnico e tecnológico em saúde única. RESPONSABILIDADE TÉCNICA O médico veterinário dessa área planeja, elabora, executa, avalia e gerencia projetos e programas de unidades de criação de animais para experimentação (bioterismo), de produção de medicamentos, imunobiológicos, produtos biológicos e rações para animais, e de outros serviços médico-veterinários e agroindustriais, como clínicas, hospitais e laboratórios médico- veterinários, casas de produtos agropecuários, drogarias veterinárias e cursos de graduação em Medicina Veterinária, por exemplo. Nesse sentido, o profissional responde juridicamente pela qualidade dos produtos e serviços prestados por esses estabelecimentos, incluindo a higiene do local, o bem-estar dos animais presentes, a validade dos medicamentos etc. PERITO VETERINÁRIO Nessa área, o médico veterinário realiza perícias, assistência técnica e auditorias, bem como elabora e interpreta laudos periciais e técnicos em todos os campos de conhecimento da Medicina Veterinária. Se a perícia for criminal, o profissional auxilia na elucidação de crimes que envolvam animais ou os seus produtos derivados. Caso a perícia seja judicial, o profissional emite laudos relacionados a processos na área civil que envolva os animais. Em concursos e exposições, a presença do perito médico veterinário também é obrigatória para que seja assegurada a segurança e o bem-estar dos animais. ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO Nessa área, o profissional assume o papel de gestor de empresas rurais e urbanas relacionadas às demais áreas de atuação do médico veterinário. Nas empresas rurais, planeja, elabora, executa, gerencia e participa de projetos e programas agropecuários e do agronegócio, participando de todas as etapas administrativas, incluindo a gestão de recursos humanos, tecnológicos e financeiros. Nos centros urbanos, planeja e executa a gestão administrativa e financeira de clínicas, hospitais ou outros estabelecimentos relacionados à Medicina Veterinária. Uma possibilidade profissional é a de gestão de projetos de agronegócios ou clínicas. Como vimos, a atuação do médico veterinário é muito diversificada e abre um leque de opções para escolha de acordo com a identificação pessoal e maior habilidade em determinada área. RECOMENDAÇÃO É importante que o aluno de Medicina Veterinária entre em contato com cada área de atuação profissional para escolher com mais certeza o seu futuro profissional. Isso pode ser feito por meio de leitura, vídeos ou conversas com profissionais das diferentes áreas. No entanto, a melhor forma de conhecer uma área de atuação é por meio dos estágios, que permitem a vivência prática da atuação. ATUAÇÃO NOS SETORES PÚBLICO E PRIVADOS A profissão de médico veterinário permite sermos empregados, empregadores ou sermos funcionários liberais, isto é, autônomos. Muitos profissionais possuem vínculo empregatício com empresas, porém outros apenas prestam serviços para seus clientes em estabelecimentos ou em domicílio. Vejamos dois exemplos: Na área da clínica médica, cirúrgica e diagnóstica, um exemplo é o profissional que se especializa em exames de imagem, como a ultrassonografia. Nesse caso, o médico veterinário pode trabalhar nas clínicas e laboratórios de imagem ou prestar o serviço apenas quando for necessário, quando o atendimento é agendado com dia e hora. Muitos profissionais de outras especialidades também trabalham assim: cardiologistas, anestesiologistas e dermatologistas. Outra opção do clínico é fazer o atendimento domiciliar quando os procedimentos realizados forem simples, como consultas, vacinações, coleta de material para exame, tratamentos não invasivos (acupuntura e fisioterapia, exames sem utilização de sedação, eutanásia). Dessa forma, não se infringe as resoluções do CFMV. EUTANÁSIA Abreviar o sofrimento de um indivíduo por meio de morte indolor, evitando o sofrimento desnecessário nos casos de doença incurável e dolorosa. O médico veterinário pode atuar no serviço público e no setor privado? Como já falado anteriormente, o médico veterinário tem a opção de trabalhar em diversas áreas. Isso também quer dizer que o exercício profissional pode ocorrer na área privada e na área pública. A maioria dos consultórios, clínicas, hospitais e laboratórios veterinários pertence à rede privada, mas há órgãos de cunho público que também empregam tais profissionais. Essa entrada se dá por meio de concurso público ou de seleção curricular, como os hospitais e clínicas veterinárias municipais. Nas funções relacionadas à saúde coletiva, como vigilância sanitária, o acesso também se dá por meio de concurso público, geralmente está relacionado às secretarias de saúde dos javascript:void(0) estados e municípios, mas também pode ser na esfera federal, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por exemplo. No campo da tecnologia de alimentos, inúmeras empresas privadas que atuam no ramo de carne, leite e seus derivados empregam médicos veterinários. Na área de inspeção de produtos de origem animal, o setor fica com a rede privada e com a rede pública. Na área pública, contamos com as esferas municipais e estaduais na inspeção de produtos de origem animal, que possui um consumo destinado ao público interno do nosso país e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que fiscaliza a liberaçãode produtos para a exportação. O acesso às funções na esfera pública se dá por meio de concursos públicos, assim como os peritos criminais que atuam nas polícias civil e federal e os médicos veterinários que atuam nas forças armadas, por exemplo. Na área da docência, as universidades públicas estaduais e federais selecionam seus professores e pesquisadores também por meio de concurso público. Na rede privada, ocorrem processos seletivos baseados na análise de currículo e em provas escritas e didáticas. No âmbito privado e no público, vimos o papel essencial do médico veterinário com atuações bem diversificadas, o que demonstra também a importância desse profissional para a sociedade. O MÉDICO VETERINÁRIO E O VOLUNTARIADO O médico veterinário pode trabalhar sem receber remuneração? Muitos médicos veterinários se sentem consternados e compelidos a prestar atendimento gratuito ou a cobrar um valor irrisório para ajudar os animais debilitados cujos tutores não podem pagar pelo tratamento, por exemplo. Entretanto, nosso código de ética não proíbe o atendimento gratuito ou a cobrança de honorários mais baixos no atendimento à população carente, mas estipula normas para que esse atendimento diferenciado possa ser realizado. O exercício em organizações não governamentais de proteção e cuidados a animais abandonados ou vítimas de maus tratos e os atendimentos a animais cujos tutores possuem baixa renda, como os mutirões de castrações, passam a ser permitidos de forma gratuita ou por cobrança de valores menores, desde que esteja se respeitando o código de ética. ATENÇÃO É ilegal exercer essa atividade se o médico veterinário realizar a prática buscando ganhar promoção pessoal, eleitoral ou na tentativa de angariar novos clientes. Por outro aspecto, o código de ética determina que o serviço do médico veterinário não sofra desvalorização através de atos de solidariedade. Dessa forma, mesmo que o médico veterinário esteja praticando ações de voluntariado, a veiculação de propaganda sobre a gratuidade do serviço prestado ou a cobrança mais barata é proibida pelo código de ética, pois, no artigo 15°, é vedado ao médico veterinário permitir que seus serviços sejam divulgados como gratuitos. Isso tem por finalidade evitar que alguns profissionais utilizem tais serviços como uma autopromoção, podendo ganhar financeiramente em outras situações por serem reconhecidos como um profissional caridoso. Também não é adequado desviar para o atendimento privado os animais que foram atendidos de forma gratuita. Além disso, é proibida a oferta de qualquer serviço médico- veterinário, como premiação de concursos, mesmo que de forma gratuita. Independentemente da área de atuação, os valores cobrados em seus trabalhos são conhecidos como honorários profissionais, que também são regulados pelo código de ética. Tais honorários devem considerar e estar de acordo com o trabalho e o tempo requerido para a execução do procedimento, com a complexidade requerida pelo profissional e pelo local em que o serviço será prestado, pois existem locais de difícil acesso ou muito distantes. A qualificação que o profissional almejou durante a sua carreira e, consequentemente, o seu renome também deve ser levado em conta. Entretanto, a condição socioeconômica do cliente não deve ser menosprezada na hora de oferta dos honorários. No que diz respeito à contração de um médico veterinário por outro, o código de ética deixa clara a necessidade de atentar aos valores de honorários tidos como referência. Isso quer dizer que, mesmo ambos sendo médicos veterinários, deve sempre prevalecer o respeito ao valor profissional do outro. Também é vedado que o médico veterinário no cargo de chefia reduza, retenha ou realize descontos sobre a remuneração de um colega. RECOMENDAÇÃO No atendimento direto ao cliente, é importante que todos os valores cobrados sejam combinados antes de se iniciar quaisquer procedimentos, preferencialmente por escrito, de modo que não fique nenhum tipo de dúvida e se evite situações constrangedoras no recebimento dos honorários. Como vimos, existem situações que permitem o trabalho voluntário desde que seja respeitada a conduta ética. Seguindo o código de ética profissional, é possível cobrar honorários se protegendo de situações constrangedoras e mantendo uma boa relação com os clientes e colegas. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Reconhecer o comportamento profissional adequado O exercício profissional da Medicina Veterinária prevê a necessidade do trabalho em equipe e de uma conduta adequada em relação aos colegas de profissão e aos clientes, pacientes e à sociedade de uma forma geral. Assim, é necessário assumir uma conduta ética e respeitosa para que os resultados do exercício profissional sejam valorizados. LIDERANÇA Trabalhar em equipe exige habilidades pessoais, como inteligência emocional, além de competências técnicas, como organização e gerenciamento, já que ideias, pensamentos, temperamentos e comportamentos divergentes podem gerar desentendimentos e situações constrangedoras. Assim, independentemente da área de atuação, o médico veterinário precisa desenvolver essas habilidades para alcançar resultados desejados em sua carreira. Quando assume um papel de liderança, essa habilidade se torna fundamental, uma vez que um líder de equipe necessita saber gerenciar a comunicação e interrelação pessoal e profissional dos profissionais sob sua gestão, evitando situações desagradáveis e alcançando as metas organizacionais. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capacidade de reconhecer nossos próprios sentimentos, de nos motivarmos e manejar adequadamente as emoções. Liderança eficaz A tarefa primordial de um líder de equipe é conseguir alcançar os objetivos produtivos, mantendo a equipe unida e motivada. Para isso acontecer, é necessário conhecimento, destreza, empatia e perspicácia. Liderança ineficaz Um dos erros mais comuns que um líder pode cometer é querer tratar sua equipe com ar de superioridade, demandando ordens e cobranças sem haver o diálogo, a observação de habilidade pessoais, sem ouvir as dificuldades individuais e do grupo, não agindo com a intenção de buscar soluções. Esse molde de liderança é considerado ultrapassado, pois é comprovado que equipes de trabalho comandadas por um líder que não busca o engajamento do grupo, que apenas javascript:void(0) explora as habilidades de cada um, não trazem bons resultados a uma empresa, seja de qual área for. É sabido que todo profissional possui peculiaridades traduzidas em competências e habilidades. Então, por que não explorar essas características do ponto de vista positivo? Para isso, é necessário um olhar aproximado de cada membro da equipe, conhecer aquele profissional e exaltar suas melhores características para que possam trazer os resultados esperados. Para cada equipe, há uma forma diferente de envolvimento profissional, pois cada membro irá contribuir com suas melhores habilidades, tornando essa equipe mais enriquecida de conhecimento. Se o líder for capaz de somar o respeito mútuo, a consideração pelo trabalho do outro, a cooperação e a participação ao conhecimento técnico, certamente, essa equipe de trabalho estará motivada e engajada a conseguir ótimos resultados, sendo, com toda a certeza, um verdadeiro sucesso. Quais são os pontos principais aos quais um bom líder deve se atentar? RELAÇÕES INTERPESSOAIS O ambiente de trabalho é um dos pontos-chave para o sucesso de um trabalho em equipe. O líder tem um papel crucial para tornar esse ambiente um local agradável. A aproximação com cada membro da equipe é muito importante, pois o conhecimento sobre o outro facilita o entendimento dos problemas presentes e a busca por soluções. O líder precisa ouvir cada membro de sua equipe, suas aspirações, visão de futuro, opiniões, sugestões e críticas. Essa conversa deve ser informal e agradável, como um bate-papo entre amigos. Dessa forma, o profissional se senteacolhido, trazendo uma sensação de bem-estar e relaxamento. Um profissional integrante de uma equipe que se sinta bem e que tenha boa relação com o seu líder se sente incentivado a também ter boas relações com seus colegas de trabalho, buscando o diálogo, tornando o ambiente de trabalho harmonioso e produtivo. MOTIVAÇÃO PROFISSIONAL E PESSOAL Todo profissional busca estar feliz em seu local de trabalho para que possa produzir mais. Isso se chama: motivação. E como ela pode ser alcançada? Quando um líder se aproxima, participa, auxilia, reconhece e elogia um membro de sua equipe, este profissional automaticamente se sente motivado em mostrar suas qualificações, se esforça em busca de resultados que sejam rápidos e eficientes, trazendo benefícios a ele e a toda a equipe. A motivação está diretamente relacionada a um sentimento de bem-estar. Ou seja, trabalhar para ter seu rendimento no final do mês é importante, mas ter seu trabalho e resultado reconhecidos traz o sentimento de pertencer a algo maior, sua função passa a ser importante e imprescindível para todos. RECONHECIMENTO DE HABILIDADES Como já foi dito, o conhecimento de cada membro da equipe é fundamental, mas o reconhecimento de suas habilidades também. Cada membro da equipe que tem sua competência observada e elogiada sente que sua função é importante e valorizada. Ele também tende a reconhecer a habilidade e a competência dos colegas, já que não se sente ameaçado em reconhecer as qualidades do outro, pois sabe que tem seu valor reconhecido e reconhece a importância de seu trabalho para a equipe. Tal sentimento traz excelentes resultados de forma segura e rápida, além de um ambiente acolhedor e promissor. COMPETITIVIDADE Uma das posturas mais devastadoras para uma equipe é a competição entre os colegas e entre a equipe e o líder. Faz parte do papel do líder demonstrar que não está ali para ser o algoz de seus colegas, mas para coordenar uma equipe de forma amigável e participativa. Diminuir a rivalidade entre os membros também é uma ação importantíssima e deve ser feita a partir do reconhecimento das habilidades já citadas anteriormente para que todos os membros entendam que têm seu papel, sua importância e estão ali para somar, não para dividir. Reduzir a competitividade entre membros da equipe é papel do líder. Demonstrar que o líder está presente para ajudar traz confiança, amizade e respeito e, por consequência, bons resultados à equipe. Uma das melhores formas de fazer isso é, sempre que possível, realizar o feedback das atividades de cada membro da equipe, relatando os pontos fortes e as oportunidades de melhoria de cada profissional. Deixar que os membros da equipe também possam avaliar o líder é extremamente importante, pois reforça os laços entre todos. DICA Ser um líder também é ser um exemplo para os membros da equipe em postura, comportamento e ética. Não dá para cobrar do outro se o líder não age corretamente. É necessário também respeitar as diferenças de cada pessoa e as peculiaridades das diferentes formas de trabalho. Dessa forma, o líder ganha respeito, confiança, parceria, harmonia, o que se reflete na produção. De acordo com o código de ética, o médico veterinário deve apresentar as seguintes condutas quando trabalha em equipe: Ter a preocupação com os seus auxiliares, informando sobre qualquer condição de trabalho que possa colocar em risco sua saúde ou sua integridade física, e sempre esclarecer os procedimentos adequados para evitar riscos à integridade de todos. Não praticar atos que sejam ilícitos, como crimes e contravenção em nome da profissão. Não divulgar informações sobre assuntos profissionais de forma sensacionalista, promocional, de conteúdo inverídico, ou sem comprovação científica. Não permitir que seu nome permaneça no quadro de pessoal de hospital, clínica, unidade sanitária, ambulatório, escola, curso, empresa ou estabelecimento congênere se a profissão não é mais exercida. RELAÇÃO COM PARES, TUTORES E PRODUTORES É muito importante adotar uma postura ética, empática e confiável profissionalmente frente aos nossos colegas e clientes. Os tutores de animais e produtores agropecuários são pessoas muito próximas no nosso exercício profissional. Quando falamos de tutores, devemos lembrar que, muitas vezes, a relação estará envolvida por emoção e preocupação com seus animais. Então, além de tudo, é necessário ter empatia, mas sem deixar de prestar a atenção devida à ética e à competência profissional que nos cabe. A empatia é importante na relação com tutores de animais. A seguir, veremos algumas normas presentes no capítulo IV do nosso código de ética profissional: É proibido que o médico veterinário receite qualquer medicamento sem ter o registro em órgão competente, a não ser que o medicamento seja de manipulação. Não é permitido que um médico veterinário abandone um procedimento em um animal sem deixar outro médico veterinário responsável em situações que possam causar danos à saúde dos animais ou aos seres humanos. É vedado ao médico veterinário usar título que não possua ou que lhe seja conferido por instituição não reconhecida oficialmente ou anunciar especialidade para a qual não esteja habilitado. Também é vedado atender, clínica e/ou cirurgicamente, ou receitar, em estabelecimento comercial. Não é conduta ética prescrever ou executar qualquer ato que tenha a finalidade de favorecer transações desonestas ou fraudulentas. Não é de boa conduta criticar trabalhos profissionais ou serviços de colegas. É falta de ética permitir a interferência de pessoas leigas em seus trabalhos e julgamentos profissionais. É dever do profissional produzir e assinar receitas, laudos, atestados, guias de trânsito animal (GTA) e certificados sempre de forma legível. Essa conduta tem a finalidade de se evitar leitura e interpretação equivocada desses documentos. O profissional também nunca deve entregar nenhum desses documentos assinados previamente sem o preenchimento adequado dos dados, de modo a se evitar qualquer possibilidade de fraude. Todas essas documentações além de legíveis devem ser explicadas de forma que haja compreensão sobre todas as informações presentes. É obrigação do médico veterinário emitir laudos e relatórios para os tutores e produtores relacionados aos seus animais com todas as informações detalhadas dos procedimentos realizados e medicações utilizadas, sempre que for solicitado. Todo e qualquer procedimento realizado nos animais só pode ocorrer quando houver consentimento dos tutores e produtores a fim de que não haja constrangimentos posteriores. Também não é conduta ética emitir receita sem exame clínico do animal, pois, dessa forma, pode haver erro de diagnóstico e de prescrição. javascript:void(0) É vedado ao profissional que ele transfira aos tutores e produtores informações ou meios, instrumentos ou técnicas de procedimentos que apenas o médico veterinário possa realizar. Dessa forma o profissional não transfere a responsabilidade para alguém que não tem o conhecimento adequado para exercê-la. Quando essa conduta não é respeitada, pode haver consequências graves para os animais e para o ser humano. Também não é conduta ética emitir receita sem exame clínico do animal. É muito comum que pessoas venham pedir “uma ajuda” por telefone ou Internet. Por isso, saiba que essa conduta não é adequada. GUIAS DE TRÂNSITO ANIMAL Documento que contém informações sobre o destino e as condições sanitárias dos animais transportados, bem como a finalidade do transporte. Ex: Se é para uma exposição ou abate. Também faz parte da ética profissional o bom relacionamento com os colegas médicos veterinários. Para que isso ocorra, são necessários comportamentos e posturas adequados entre todos. Conheça agora os principais pontos abordados pelo código de ética sobre a relação entre os profissionais. Não é permitido deixar de avisar aos seus colegas sobre possíveis riscos presentes em qualquertipo de trabalho e quais são as formas de proteção contra acidentes. Não é adequado um médico veterinário alterar a receita ou tratamento prescrito por outro colega de profissão, a não ser que seja indispensável que isso ocorra. Além disso, faz parte da ética que o médico veterinário do paciente seja comunicado. Também é de bom tom que, após atender um paciente de outro colega por motivo de especialidade, o animal seja encaminhado de volta ao colega, e que toda a informação pertinente ao atendimento especializado seja esclarecida ao médico do paciente. Sempre que houver pacientes graves, é importante que o médico veterinário que irá substituir um colega seja informado sobre o caso detalhadamente. Não é permitido que um médico veterinário assuma o cargo de outro colega que tenha sido exonerado por defender a ética profissional, assim como ser conivente com a falta de ética por amizade ou apreço. Da mesma forma, não é permitido se utilizar de posição hierárquica para estimular algum colega a infringir a ética. Participar de banca julgadora quando se está impedido pela ética é falta grave. Quando um colega solicita um auxílio profissional é recomendado o atendimento, a não ser que haja um motivo importante, o qual deve ser esclarecido. Um profissional também nunca deve atrair um cliente de outro colega e nem deve criticá- lo para outro colega no aspecto profissional ou pessoal. A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Além da preocupação com a relação com clientes, a postura que o médico veterinário assume perante a sociedade é fundamental para que seja alcançado o respeito profissional merecido. Nos tempos atuais, as redes sociais estão presentes na vida de todos. Elas podem ser utilizadas como ótimas ferramentas de divulgação e promoção de atividades. Diversos profissionais utilizam esse meio para fazer propaganda de seus estabelecimentos e serviços. As redes sociais podem esconder riscos aos profissionais. Por isso é necessário manter a ética profissional também nesse meio. De acordo com o código de ética profissional, por exemplo, é vedado que o profissional faça propaganda nas redes sociais de seus serviços e procedimentos divulgando preços e formas de pagamento. Isso é importante porque se faz necessário que a profissão não siga um caminho de mercantilização por disputa por preços e clientes. Manter a ética no uso de redes sociais reduz os riscos associados ao seu uso. Outra situação infelizmente muito comum nos dias de hoje são os ataques pessoais que profissionais sofrem por tutores que não concordam com algum ponto do atendimento prestado pelo médico veterinário, muitas vezes sem o direito de fazê-lo, cometendo o crime de injúria e difamação. Este tipo de atitude pode ter desencadeamentos graves para um médico veterinário do ponto de vista moral, profissional e psicológico. Veja a seguir um exemplo do risco das redes sociais para o exercício profissional: CASE REDES SOCIAIS Recentemente, uma médica veterinária do Espírito Santo sofreu ataques da tutora de um animal que se negou a internar seu animal mesmo tendo sido recomendado e requerido pela profissional. Alguns dias depois, seu animal veio a óbito e os ataques infundados à médica veterinária foram iniciados nas redes sociais, chegando ao ponto da profissional ter que acionar a justiça criminal, obtendo a sentença ao seu favor, pois foi provado de que a tutora se negou a prestar o atendimento necessário ao animal. O problema maior dessas situações é que as críticas realizadas nas redes sociais têm maior publicidade que as retratações, o que pode prejudicar a carreira de muitos profissionais de diferentes áreas de atuação na Medicina Veterinária. RECOMENDAÇÃO A exposição de momentos pessoais em redes sociais confunde os clientes, ofertando um certo tipo de intimidade que pode ocasionar situações constrangedoras no dia a dia profissional. Dessa forma, muitos profissionais lançam mão de contas distintas em redes sociais, uma profissional e outra pessoal. Mantendo a conta pessoal privada, evitamos que clientes ultrapassem os limites do atendimento profissional prestado. Isso nos mostra os dois lados da moeda das redes sociais. Infelizmente, na atualidade, não temos como evitar esse tipo de acontecimento. No entanto, em muitos outros casos, podemos evitar uma exposição desnecessária ao adotarmos fielmente o disposto no código de ética profissional. O linguajar que adotamos com nossos colegas de trabalho e clientes e as vestimentas que usamos no ambiente de trabalho também são um ponto de atenção, pois precisamos manter uma conduta que reflita respeito ético e moral não somente por nosso trabalho, mas também à sociedade. EM TEMPOS DE REDES SOCIAIS O vídeo mostra a relação do médico veterinário com as redes sociais: os prós e contras no uso da tecnologia. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Identificar as responsabilidades profissionais e suas relações jurídicas INTRODUÇÃO A atuação profissional nas diferentes áreas da Medicina Veterinária é restrita ao profissional portador de diploma de graduação, devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária local (CRMV). Contudo, nossa profissão, infelizmente, é alvo de pessoas que insistem em realizar atividades restritas ao médico veterinário sem o preparo requerido, sem sequer reconhecer que praticam crime. Por outro lado, muitos profissionais formados ou ainda alunos de graduação, em algumas situações, também podem cometer tal crime. Assim como o exercício ilegal da profissão, o charlatanismo é outra prática muito nociva aos animais e à saúde coletiva que deve ser denunciada e combatida. EXERCÍCIO LÍCITO E ILÍCITO DA MEDICINA VETERINÁRIA O exercício ilegal da Medicina Veterinária é considerado uma contravenção penal à organização do trabalho segundo as leis de contravenções penais. De acordo com as leis federais 5.517/1968 e 5.550/1968, para o exercício legal da profissão, é necessário que um médico veterinário: Porte diploma de graduação reconhecido e emitido por escola oficiais ou reconhecidas e registradas pelo Ministério da Educação (MEC). Possua carteira profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária da região e esteja em dia com suas obrigações. Conheça as situações mais comuns de exercício ilegal da Medicina Veterinária: Profissional formado e portador de diploma por instituição reconhecida, porém sem registro no CRMV da região, ou com registro cancelado ou por falta de documentação, suspensão ou cassação. Estudantes de graduação de Medicina Veterinária também se enquadram no exercício ilegal quando realizam procedimentos, prescrevem medicamentos ou se apresentam como profissionais já habilitados, sendo passíveis de sofrerem as mesmas sanções da lei. Também é errado um recém-formado, ainda sem o registro profissional, atuar utilizando o registro profissional de outro colega. Isso tipifica falta de ética do profissional que empresta o seu registro, já que este é pessoal e intransferível. Auxiliares de médicos veterinários, que hoje possuem os cursos regulamentados, devem estar cientes de seus limites e não exceder na sua atuação, mesmo após anos de prática, para não configurar o exercício ilegal. É muito comum balconistas e vendedores de lojas agropecuárias e tratadores de animais se considerarem aptos e se sentirem à vontade para consultarem animais, prescreverem medicamentos e realizarem procedimentos. Este exercício ilegal traz grandes riscos à saúde do animal e à saúde coletiva, principalmente quando se constitui de uma zoonose tratada de forma errada e ineficaz. Além de lesar financeiramente os seus “clientes”, possuem um potencial de trazer risco à sociedade por diversos aspectos, inclusive desvalorizando a função do médico veterinário. ATENÇÃO Qualquer exercício ilegal deve ser denunciado e combatido. O que fazer ao identificar alguém exercendo ilegalmente a profissão? É importante que, ao reconhecer oexercício ilegal da profissão, o infrator seja denunciado, o que pode ser feito por qualquer pessoa por meio de registro de ocorrência na polícia civil. Esse registro depois deve ser encaminhado ao Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) da região onde aconteceu o fato. Os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária não possuem o poder de aplicação de sanções administrativas em quem exerce a profissão de forma ilegal, porém podem realizar denúncias ao Ministério Público e à Polícia Civil. Eles possuem mecanismos jurídicos de representar denúncia ao Ministério Público. Nos casos de flagrantes, é de praxe ter de acompanhar o policial para que seja dado o auto de flagrante, mas é comum a testemunha ficar receosa de se expor. Nesse caso, é melhor fazer a denúncia ao CRMV a fim de preservar a imagem do denunciante. O exercício ilegal pode levar o infrator à prisão. Se o ato ilícito foi presenciado por terceiros, é importante que testemunhas visuais auxiliem com o testemunho oral perante a justiça, mas, infelizmente, a maioria das pessoas se recusa a fazê-lo. Uma declaração contendo informações com os dados do informante, do estabelecimento e uma narrativa do que ocorreu e o documento assinado e datado, já pode servir de provas para dar início aos procedimentos de denuncia no CRMV ou CFMV. Os animais são os grandes prejudicados pelo exercício ilegal da profissão. Há também as situações nas quais o próprio médico veterinário atende animais que passaram por procedimentos e ou tratamentos por pessoas não legalizadas. É importante que o tutor produza uma declaração após o médico veterinário explicar a situação de risco pelo qual o animal e o próprio tutor passaram. É importante também, e ajudará como prova, anexar documentos como receitas, prontuários, fotografias, carteirinhas de vacinação ou atestados, filmagens, fotografias, entre outros documentos, encaminhando tudo ao CRMV ou CFMV. É sempre importante esclarecer o malefício do exercício ilegal do médico veterinário para a sociedade. RECOMENDAÇÃO Para o bem-estar da sociedade, em qualquer das situações é indicado que se faça a denúncia, a fim de que os animais possam ser atendidos de forma correta, digna e segura. Além disso, a denúncia colabora com a proteção da sociedade contra as doenças transmitidas de forma zoonótica. Uma das formas de evitar o atendimento por alguém de forma ilícita é solicitar seu registro profissional e conferir sua idoneidade junto ao CRMV da região. Sendo constatada qualquer irregularidade, o caso deve ser registrado na polícia. CHARLATANISMO O charlatanismo, também conhecido como curandeirismo, constitui um tipo de exercício ilícito da profissão. Na Medicina Veterinária, as pessoas que agem dessa forma são conhecidas particularmente como práticos e tentam ludibriar a sociedade explorando a credibilidade das pessoas. Seus procedimentos não possuem embasamento científico, o que traz grandes riscos para os pacientes e para os seres humanos também. Esses indivíduos produzem propagandas de cura através de métodos infalíveis e secretos. Os práticos visam exclusivamente angariar vantagens financeiras para si, sem nenhuma preocupação com o bem-estar de pacientes e tutores. O Art. 283 do Código Penal tipifica essa ação como um crime contra a saúde pública na esfera da saúde humana, entretanto na Medicina Veterinária, o ato ainda é considerado apenas como contravenção penal. Cabe ressaltar que o charlatanismo também pode ser praticado apenas por pessoas não formadas em Medicina Veterinária. Qualquer profissional formado que prometa tratamento ou cura por meio de substâncias ou procedimentos não comprovados cientificamente pode ser enquadrado como charlatão, diferentemente do que ocorre na utilização da medicina alternativa, na qual o procedimento ou substância tem respaldo científico e sua liberação é confirmada pelos órgãos competentes. Estes trâmites são necessários porque, além de confirmar o benefício da nova terapêutica, é preciso ter a certeza de não colocar a saúde dos animais e da população em risco. EXEMPLO Um indivíduo foi denunciado ao Ministério Público pelo CRMV do Rio de janeiro por realizar propaganda nas redes sociais de um curso que ensinava curar os animais através da energia das ervas. Muitas dessas ações são originadas e estimuladas por pessoas que procuram esses práticos ou por desespero na busca por uma cura já desacreditada por profissionais da área ou pela oferta de preços mais acessíveis de tratamento. Em 2017, o CRMV do Rio Grande do Sul lançou uma petição pública para prosseguir com o projeto de lei 7323, na tentativa de tipificar o exercício ilegal da Medicina Veterinária, incluindo o charlatanismo como crime, não mais como contravenção penal. Além de colocar vidas em risco, essa prática distorce o valor do médico veterinário com cobranças de honorários muito aquém do conhecimento e técnicas necessárias ao seu desempenho. ATENÇÃO O médico veterinário que saiba da existência da prática do charlatanismo e não o denuncie pode ser enquadrado como conivente na ação e sofrer as punições cabíveis da legislação vigente. Portanto, qualquer pessoa pode e deve denunciar tal prática tão lesiva à sociedade e à imagem profissional dos médicos veterinários. COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DO MÉDICO VETERINÁRIO Existem áreas de atuação que são privativas de nossa profissão. Isso quer dizer que apenas os graduados em Medicina Veterinária e registrados pelo conselho de Medicina Veterinária possuem o direito de exercê-las. Quando qualquer outro profissional exerce uma função que é designada somente ao médico veterinário, ele está atuando na profissão de forma ilícita, o que é considerado uma contravenção penal. AS FUNÇÕES PRIVATIVAS DO MÉDICO VETERINÁRIO SÃO DETERMINADAS PELO DECRETO DE LEI N°5.517, DE 23 DE OUTUBRO DE 1968. VAMOS CONHECÊ-LAS! A prática de clínica em todas as modalidades, como a clínica de animais de companhia, de animais de produção e de animais silvestres. A direção de hospitais veterinários no qual o profissional precisa administrar todas as funções do estabelecimento. Prestar a assistência técnica e sanitária aos animais. Planejar e executar todas as ações relacionadas à defesa sanitária, como vacinações e vigilância epidemiológica. Direcionar tecnicamente estabelecimentos industriais e comerciais que utilizem animais ou seus subprodutos. Inspecionar todos os produtos de origem animal nos locais de produção, manipulação, armazenagem e comercialização. Ser perito em situações que envolvam animais para a emissão de laudos judiciais nos quais necessite ser realizado os seguintes passos: identificação, defeitos, vícios, doenças, acidentes e exames técnicos. Ser perito em competições desportivas ou exposições pecuárias no que confere a exames e pesquisas reveladoras de fraudes ou operações dolosas aos animais. Na tarefa do ensino, da direção, do controle e da orientação dos serviços de inseminações artificiais. Na docência, no qual apenas médicos veterinários podem ministrar disciplinas que sejam de assunto restrito à área, assim como a direção de seções e laboratórios respectivos. A direção e fiscalização dos cursos de Medicina Veterinária e de ensino agrícola de ensino médio em estabelecimentos que a finalidade seja a indústria animal. Organizações de eventos que reúnam médicos veterinários para a prática do estudo como seminários, congressos e comissões ou qualquer outro tipo de reunião. Também deve ser denunciado aos CRMV e CFMV qualquer prática privativa de nossa função sendo exercida por profissional de qualquer outra área. Dessa forma, protegemos nossa área de atuação por meio de ferramentas legais. A VALORIZAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO Este vídeo mostra a importância do reconhecimento da função do profissional para a sociedade. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS O médico veterinário é um profissional que apresenta uma vasta rede de áreas de atuação,com a definição de competências privativas do profissional e tendo suas condutas regidas por um Código de Ética específico. Esse código esclarece os direitos e deveres do médico veterinário e estabelece suas relações e postura diante de colegas, clientes e da sociedade em geral, incutindo punições quando não respeitadas suas determinações. Dessa forma, o exercício ilícito da Medicina Veterinária e o charlatanismo são previstos como contravenções penais cabíveis de punições e sansões jurídicas. O código de ética do médico veterinário é abrangente e visa normatizar nosso comportamento como forma de proteger todos os profissionais da Medicina Veterinária e a sociedade. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 64.704, de 17 de junho de 1969. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. BRAUN, Marcus Campos. Nota de desagravo público em favor da Dra. Leticia Gomes de Souza. In: CRMV-ES. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. CRMV-RJ. Conselhos regionais de Medicina Veterinária esclarecem sobre o atendimento médico-veterinário gratuito aos animais de população carente. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. CFMV. Resolução nº 1138: aprovar o Código de Ética do Médico Veterinário, de 16 de dezembro de 2016. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. CRMV-RJ. Exercício ilegal. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. CRMV-RJ. Denúncia de suposto caso de curandeirismo e ou charlatanismo e encaminhado ao MP. Consultado em meio eletrônico em: 27 nov. 2020. EXPLORE+ Acesso o site do Conselho Federal de Medicina Veterinária e consulte a página Saúde Única. Pesquise, no canal do YouTube do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), o vídeo “Saiba+CRMV mostra função do médico veterinário na Saúde Pública”. Pesquise, no canal do YouTube do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás, o vídeo “Áreas de atuação do Médico Veterinário”. Pesquise pelo texto “A relação do médico veterinário com os proprietários de animais de estimação”, de Juliana Abreu, Livia Aoqui, Maria Castiglioni e Tatiane Zorzeto. Pesquise pelo texto A atuação do médico veterinário em Saúde Pública: histórico, embasamento e atualidade, de Leandro Carvalho, Hellbia Rodrigues, Osvaldo José da Silveira Neto, Marilia Cristina Sola. CONTEUDISTA Cristina Fernandes do Amarante CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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