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A química da vida

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FUNDAMENTOS 
DE BIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Apontar as propriedades emergentes da água, importantes para a adequação 
da vida na Terra.
 > Comparar uma molécula hidrofóbica a uma hidrofílica.
 > Identificar as macromoléculas comuns às células.
Introdução
Compreender a base molecular da vida no planeta e os processos bioquímicos 
desde a era primordial é fundamental para entender as relações atuais entre os 
organismos e o meio ambiente. Como foram formadas as moléculas nos organismos 
vivos, que similaridades guardam entre si, como são armazenadas e transferidas 
as informações hereditárias entre os seres? De que forma é obtida a energia 
necessária para as células funcionarem e como os alimentos são digeridos?
Pesquisas científicas cada vez mais avançadas nos trazem pistas para esclarecer 
essas dúvidas e temos progredido muito no conhecimento sobre elas. Estudar a 
bioquímica das moléculas e entender suas origens pode colaborar para prevenção 
e cura de doenças, entre outros benefícios.
Neste capítulo, você vai conhecer as propriedades emergentes da água e sua 
importância para a manutenção da vida na terra. Além disso, você vai compreender 
as características de moléculas hidrofóbicas e hidrofílicas, como elas interferem 
no metabolismo dos seres vivos e suas reações. Você também estudará sobre as 
macromoléculas comuns às células, suas funções e os efeitos do desequilíbrio 
desses componentes nos organismos.
A química da vida
Claudia Elisa Alves Ferreira
A vida no planeta
A Terra se formou há cerca de 4,6 bilhões de anos, sendo que a primeira evidência 
fóssil conhecida tem aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Na era primitiva, 
a atmosfera do planeta era composta de elementos químicos simples como 
H2O, N2, CO2, além de outros compostos como CH4, NH3 (SADAVA et al., 2020).
Experimentos de laboratório desde a década de 1920 sugeriram que a 
radiação ultravioleta do sol e descargas elétricas de relâmpagos provocaram 
na atmosfera primitiva reações químicas, formando os compostos orgânicos 
(SADAVA et al., 2020). Os cientistas Stanley Miller e Harold Urey realizaram 
pesquisas e experimentos com tubos e balões para simular a Terra primitiva 
(Figura 1). Nesses estudos, publicados em 1953, misturaram H2O, CH4, NH3 e 
H2 e os submeteram ao aquecimento e a descargas elétricas por alguns dias. 
O sistema era ligado a um condensador que resfriava a mistura, simulando 
o resfriamento da Terra, e liberava gotículas de água. Após uma semana, 
foram observados compostos orgânicos e diversos aminoácidos presentes 
na água acumulada no reservatório, substâncias simples e que podem ter 
dado origem às primeiras formas de vida na Terra.
Figura 1. Experimento de Miller e Urey para simular a Terra primitiva.
Fonte: Sadava et al. (2020, p. 72).
O experimento de Miller e Urey foi contestado pela comunidade científica, 
que propunha a presença de outros elementos químicos adicionais na 
atmosfera da época, além de sugerirem que as primeiras moléculas biológicas 
podem ter sido geradas no escuro e no meio submarino. De acordo com Voet, 
Voet e Pratt (2014, p. 3):
A química da vida2
Fontes hidrotermais no fundo do oceano, que emitem soluções de sulfetos metálicos 
a temperaturas tão altas quanto 400 °C, podem ter fornecido condições adequadas 
para a formação de aminoácidos e outras pequenas moléculas orgânicas a partir 
de compostos simples presentes na água do mar.
Segundo Reece et al. (2015), evidências sugerem que a atmosfera 
primitiva era formada basicamente de nitrogênio e dióxido de carbono e 
não tinha pH ácido e básico. Por outro lado, outras porções da atmosfera 
primitiva, mais próximas a vulcões, eram redutoras. De qualquer forma, 
esses mesmos autores citam que experiências em ambos os tipos de 
ambientes, ditos “neutros” ou mesmo redutores, detectaram a formação 
de moléculas orgânicas. Existem ainda outras hipóteses, como a de que as 
primeiras moléculas orgânicas tiveram formação em fendas hidrotérmicas 
nas profundezas do oceano, onde passam água quente e minerais das 
profundezas da Terra, e a de que as primeiras moléculas orgânicas teriam 
origem a partir de meteoritos. Reece et al. (2015) apontam ainda que estudos 
com o meteorito “murchison” continha moléculas como lipídios, açúcares 
simples e bases nitrogenadas.
Entretanto, as moléculas orgânicas simples não seriam suficientes 
para o surgimento da vida e das células. Essas estruturas são complexas 
e formadas por uma gama de macromoléculas capazes de produzir energia 
e se autorreplicar. Reece et al. (2015), por outro lado, citam que na sopa de 
compostos orgânicos no mar primitivo podem ter originado os chamados 
protobiontes, percursores das células por nós conhecidas. Além disso, 
os autores sugerem que esses protobiontes poderiam ter sido formados 
dentro de vesículas. Estudos mostram que essas vesículas podem se 
formar espontaneamente quando lipídios ou outras moléculas orgânicas 
são adicionadas à água, mantendo o ambiente químico interno diferente do 
externo. Ademais, Reece et al. (2015) citam que a argila comum no ambiente 
primitivo da Terra poderia favorecer a formação de vesículas. 
Assim, vida não seria possível sem a presença da água. Diversas reações 
químicas só ocorrem no meio aquoso, e na água estão contidos nutrientes 
orgânicos e inorgânicos. A água é utilizada em todas as reações metabólicas 
dos organismos e compõe cerca de 60% do corpo humano. Além disso, o 
equilíbrio da biosfera depende da água, e os ciclos de ventos e chuvas da 
atmosfera atual mantêm a existência de vida no planeta. A maior parte da 
superfície da Terra é composta por oceanos, lagos e rios. Por volta de 70% 
da extensão do planeta é coberta pela água, sendo que a maior parte dela 
é encontrada no estado líquido (REECE et al., 2015).
A química da vida 3
Propriedades da água importantes para a vida 
Como vimos, a água é fundamental para a vida e suas propriedades físicas 
e químicas possibilitam que sejam executadas as funções biológicas nos 
seres vivos e que as reações químicas funcionem na natureza. Uma das 
características mais importantes da água líquida é a capacidade que ela 
tem de dissolver substâncias. Ou seja, ocorrem interações entre moléculas 
do solvente (água) e as do soluto (substância polar ou iônica que vai ser 
dissolvida) (REECE et al., 2015).
A água é uma substância polar, cujas moléculas são unidas por pontes de 
hidrogênio. A molécula de água tem a forma de “V” e é um dipolo elétrico, em 
que os hidrogênios são os polos positivos e o oxigênio é o polo negativo. Essa 
estrutura se reflete no seu comportamento em relação a outras moléculas 
de água ou a substâncias que sejam misturadas a ela (REECE et al., 2015). 
Assim, quanto mais fortes forem as atrações entre as moléculas do soluto 
e do solvente, maior será a solubilidade. Dessa forma, as moléculas de 
solutos polares tendem a se dissolver mais facilmente em solvente polares. A 
possibilidade de ligações de hidrogênio entre o soluto e o solvente também 
afeta a solubilidade das soluções. Todavia, a água é capaz de diluir moléculas 
gasosas apolares, como o oxigênio e o gás carbônico, dependendo de sua 
concentração no ambiente, mas não consegue dissolver outras substâncias 
apolares líquidas ou sólidas, como parafina, querosene ou gasolina, por 
exemplo.
A capacidade de dissolução da água é fundamental para manter as funções 
metabólicas dos seres vivos. Nas plantas, os sais minerais dissolvidos na 
água são levados das raízes às folhas e o açúcar é transportado e dissolvido 
em água para todas as partes desse organismo. Além disso, dissolver grande 
quantidade de substâncias é muito importante porque os sais minerais, 
vitaminas, açúcares e outros nutrientes são transportados pelo sangue, 
diluídos na água ingerida, absorvidos e aproveitados pelo organismo dos 
animais (REECE et al., 2015).
Outra propriedade significativa da água é a tensão superficial. Essa função 
ocorre nos líquidos devido à força de atração que as moléculasinternas do 
líquido exercem junto à superfície. Ou seja, a interação que ocorre entre 
as moléculas de água na superfície é diferente daquela que acontece no 
interior do líquido. Nesse processo, as moléculas internas do líquido são 
atraídas pelas moléculas próximas em todas as direções, anulando as forças 
que atuam sobre cada uma delas separadamente. Assim, aquelas moléculas 
A química da vida4
da superfície do líquido vão sofrer apenas atração lateral e inferior. A força 
exercida para os lados e para baixo vai fazer com que as moléculas fiquem 
mais coesas e criem uma tensão da superfície, como se fosse uma película 
elástica (Figura 2) (REECE et al., 2015).
Figura 2. (a) Forças de coesão sobre as moléculas de água no interior e na superfície da solu-
ção, criando a tensão superficial; (b) inseto sobre a película formada na superfície da água.
Fonte: (a) magnetix/Shuttterstock.com ; (b) makamuki0/Pixabay.com.
Muitos organismos marinhos e outros pequenos seres sobrevivem graças 
à formação dessa película superficial na água, que lhes serve de substrato, 
tornando-se o seu hábitat. Entre eles, podemos citar algumas espécies de 
peixes, besouros, aranhas, protozoários, bactérias, entre outros. 
Ainda com relação à tensão superficial, de acordo com um documento 
elaborado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa):
A coesão molecular na superfície é afetada por alguns fatores físicos e químicos, 
como, por exemplo, a temperatura e a presença de substâncias orgânicas 
dissolvidas. Quanto maior a temperatura, menor é a tensão superficial. Quando 
há o lançamento de esgotos industriais em rios e lagos, ocorre um aumento na 
concentração de substâncias orgânicas dissolvidas, o que também leva a uma 
diminuição da tensão superficial (BRASIL, 2014, documento on-line). 
Por esse motivo, a poluição excessiva e a contaminação das águas afetam a 
tensão superficial e acarretam grandes prejuízos ao ecossistema e ao hábitat 
dos seres que vivem nesse local, interferindo no seu desempenho na cadeia 
alimentar do corpo d’água. Algumas peculiaridades da água em relação ao 
ambiente atmosférico incluem maior densidade e resistência à passagem 
A química da vida 5
de luz, alto calor específico e grande capacidade de dissolução de diversas 
substâncias. A estrutura molecular da água, ligada por pontes de hidrogênio, 
confere a ela elevada coesão. A transparência da água também influencia 
nos processos naturais, essa característica permite que seja realizada a 
fotossíntese nos ambientes aquáticos.
A temperatura da água exerce uma grande influência sobre a atividade 
biológica e o crescimento dos animais e plantas aquáticos, pois as 
espécies de peixes, zooplâncton, macroalgas e outros seres aquáticos possuem 
uma gama de temperatura preferida. Então, se a temperatura de um rio, lago 
ou oceano aumentar ou diminuir muito, o número de indivíduos dessa espécie 
pode decrescer ou até mesmo causar sua extinção. 
Essa alteração de temperatura pode ocorrer por fonte natural (sol) ou 
por despejos industriais e/ou outro tipo de contaminação das águas e assim 
influenciar reações químicas e metabólicas dos organismos, bem como afetar 
a solubilidade de substâncias. A temperatura também é importante devido à 
sua influência na química da água (BRASIL, 2006).
Moléculas hidrofóbica e hidrofílica
Conforme vimos, a água é primordial para a manutenção da vida, a conformação 
de sua estrutura molecular, suas propriedades e capacidade de dissolução 
são fundamentais para manter as reações químicas e metabólicas nos seres 
vivos e na natureza.
A polaridade da água possibilita a dissolução das substâncias no meio. 
Como a maioria dos elementos das células vivas também é polar, elas têm 
afinidade química com a molécula de água, ou seja, são hidrofílicas (do grego 
hydro, água, e phylos, amigo). Desse modo, os compostos hidrofílicos, ou 
polares, têm afinidade com a água e formam pontes de hidrogênio com ela. 
Alguns exemplos desses compostos são sal de cozinha (NaCl), ácido acético 
(vinagre) e álcool, que se dissolvem na água na medida em que suas moléculas 
apresentam polaridade.
A capacidade de as moléculas hidrofílicas se diluírem na água é importante 
porque, dessa forma, são dissolvidos os sais minerais, os aminoácidos, os 
açúcares, as vitaminas e outros compostos essenciais para o metabolismo 
dos seres vivos, tornando-os disponíveis para as células. Especialmente nos 
vegetais, a presença de moléculas hidrofílicas desempenha um relevante 
A química da vida6
papel, pois os nutrientes absorvidos pela raiz são conduzidos de forma 
diluída na água para todas as partes da planta, por capilaridade, pelos vasos 
condutores. Da mesma forma, o açúcar, produzido pelos vegetais por meio 
do processo de fotossíntese, é transportado pelo corpo da planta.
Os compostos hidrofóbicos, apolares, que não têm afinidade com a água, 
tendem a repelir a água e fazer interações com compostos apolares. As 
moléculas hidrofóbicas não têm carga, formam poucas ou nenhuma ligação 
de hidrogênio e não se dissolvem na água. Os hidrocarbonetos são exemplos 
de substâncias apolares e hidrofóbicas.
A existência de hidrofobicidade também tem implicações no equilíbrio 
do meio ambiente e, indiretamente, no metabolismo dos seres vivos. 
Esse fenômeno se dá quando o solo é recoberto por compostos orgânicos 
hidrofóbicos, como, por exemplo, grandes quantidades de carbono orgânico, 
provocando a repelência à água no solo. Assim, a penetração da água nesse 
local é dificultada.
Apesar de contribuírem com a decomposição do solo e participarem de 
ciclos biogeoquímicos, alguns microrganismos, como bactérias, podem liberar 
compostos hidrofóbicos no solo. Fungos presentes nesse microambiente têm 
hifas e micélios que recobrem a superfície com substâncias hidrofóbicas.
O desmatamento e as alterações climáticas também impactam na distribuição 
e no equilíbrio dos elementos químicos no meio ambiente. Queimadas e incêndios 
causam o aquecimento do solo, produzindo uma camada superficial repelente 
à água e alterando a sua composição orgânica e o pH do local.
Portanto, observa-se que a presença de compostos hidrofóbicos no solo 
tem efeito na dinâmica da água no ambiente e interfere no crescimento e de-
senvolvimento das árvores de florestas. Isso altera a disponibilidade da água, 
intensifica a erosão, entre outras consequências, afetando desde a microescala 
até a escala de bacias hidrográficas (VOGELMANN; PREVEDELLO; REICHERT, 2015).
Também existem moléculas que são compostas de uma parte polar e 
outra não polar, chamadas anfipáticas ou anfifílicas, com uma região hidro-
fílica e outra hidrofóbica (Figura 3). Os lipídeos de membranas celulares têm 
essa conformação. Em solução aquosa, eles tendem a se reunir e a formar 
bicamadas que se fecham em vesículas, chamadas lipossomos. Pesquisas 
sugerem que foi dessa forma que se formou a primeira célula na era primitiva, 
ou seja, um pequeno volume de solução aquosa contendo íons e moléculas 
foi englobado na forma de vesícula e separado do resto do meio (CARMONA 
et al., 2016, documento on-line).
A química da vida 7
Figura 3. Fosfolipídeo com uma região hidrófila e outra hidrófoba e a representação da 
bicamada da vesícula que forma o lipossomo.
Fonte: Reece et al. (2015, p. 125).
Um bom exemplo é quando se recomenda lavar as mãos com água e sa-
bão a fim de inativar e matar um vírus, como o da covid-19, por exemplo. Ao 
fazer isso, estamos atuando na parte lipídica do microrganismo, na medida 
em que o sabão, por ser uma substância que quebra a gordura, consegue 
destruir o envelope viral (parte externa do vírus, composta justamente por 
gordura), matando esses organismos (HOSPITAL PRONCOR, 2020). Isso porque 
sua estrutura externa é composta por proteínas e fosfolipídeos, que são 
elementos gordurosos e têm natureza primordialmente hidrofóbica, por isso 
não são solúveis em água.
A água tem a tendência de se ionizar, o que é importante para a estrutura 
e a função da maioria das biomoléculas.A quantidade de íons presentes no 
meio tem influência nas interações, no funcionamento e nas propriedades 
dos componentes das células, como enzimas, ácidos nucleicos, lipídeos, etc. 
Soluções aquosas como sais, ácidos e bases fracas funcionam como tam-
pões que permitem a resistência a alterações do pH do meio e são essenciais 
para os sistemas biológicos. De acordo com Carmona et al. (2016, documento 
on-line), “[...] muitas propriedades físicas e químicas das biomoléculas pre-
sentes nas células, especialmente proteínas e ácidos nucleicos, derivam de 
suas interações com moléculas de água do meio ou com seus íons”.
A química da vida8
Macromoléculas comuns às células
Estudos sugerem que os organismos primitivos se adaptaram ao ambiente 
e “[...] desenvolveram estratégias metabólicas para sintetizar moléculas 
biológicas, conservar e utilizar energia de maneira controlada e replicar- se 
no interior de um compartimento protetor” (VOET; VOET; PRATT, 2014, p. 7). 
Assim, tornaram-se capazes de disseminar em uma variedade de hábitats 
cada vez maiores.
Desse modo, a diversidade de espécies foi possível devido à adaptação 
das células à diversidade de condições externas, à especialização das células 
nos organismos multicelulares, entre outros fatores. As células atuais contêm 
enorme quantidade e diferentes tipos de moléculas, grandes e complexas, 
ou macromoléculas biológicas, que são polímeros formados pela repetição 
de moléculas mais simples e menores. Essas unidades fundamentais que se 
repetem são ligadas entre si de forma sequencial e com ligações covalentes, 
característica importante para a função biológica das macromoléculas 
(Figura 4).
Figura 4. Moléculas ligam-se covalentemente formando macromoléculas que, por sua vez, 
formam grandes complexos por meio de ligações covalentes. 
Fonte: Alberts et al. (2017, p. 50).
Nas macromoléculas, as ligações covalentes são formadas pela reação 
de condensação, que remove uma molécula de água (desidratação). Dessa 
forma, segundo Marques (2014, documento on-line):
O processo inverso, ou seja, a quebra da ligação covalente entre as unidades 
fundamentais de um polímero, pode ocorrer, sendo a reação, nesse caso, 
denominada hidrólise. Essa reação também é importante para os organismos 
vivos, pois é a base do processo da digestão.
A química da vida 9
Para compreender os princípios que compõem a arquitetura das 
biomoléculas e sua influência nas propriedades e funções biológicas, é preciso 
conhecer os tipos de macromoléculas existentes nas células. O carbono é 
uma das principais substâncias químicas que formam os organismos vivos. 
As macromoléculas principais formadas por carbono são: proteínas, ácidos 
nucleicos, carboidratos e lipídeos.
Proteínas são macromoléculas orgânicas que apresentam diversas funções 
biológicas e são responsáveis por inúmeros fenômenos observados nos seres 
vivos. Algumas funções das proteínas são: transporte, catálise de reações 
químicas, regulação do ciclo celular, função estrutural, regulação e composição 
de hormônios, geração de energia, entre outras (DALPAI; BARSCHAK, 2018, p. 22).
Certas proteínas têm caráter hidrofílico, são mais compactas e globulares, 
como, por exemplo, a hemoglobina (que transporta gases) ou as imunoglo-
bulinas (os anticorpos). Outras são hidrofóbicas e apresentam estrutura 
fibrilar na forma de cordão, tendo função estrutural, como o colágeno, que 
é uma proteína que forma os ossos e tendões de animais vertebrados, etc.
As proteínas são formadas por um conjunto de 20 α-L-aminoácidos (ou 
aminoácidos-primários). A estrutura do aminoácido é composta por um grupo 
amina e um grupo carboxila, ligados a um carbono. Cada aminoácido tem uma 
identidade estrutural específica, com a presença de um grupo denominado 
grupo R ou cadeia lateral (que confere a ele propriedades distintas). A ligação 
entre os aminoácidos é chamada ligação peptídica e serve de base para a 
formação de peptídeos e proteínas.
Os ácidos nucleicos são macromoléculas compostas por nucleotídeos, 
que têm em sua estrutura uma base nitrogenada, uma pentose e um grupo 
fosfato. São ácidos devido à sua carga negativa em pH 7,0 e à formação de sais 
de sódio, recebendo esse nome por serem encontrados no núcleo das células.
Há dois tipos de ácidos nucleicos: o desoxirribonucleico (DNA) e o ribonu-
cleico (RNA), que são responsáveis por codificar e transmitir as informações 
genéticas nos seres vivos. Os cientistas Watson e Crick realizaram importantes 
estudos com o DNA, em 1953, decifrando a estrutura na forma de dupla-hélice 
e a função da molécula e descobrindo evidências de sua capacidade de conter 
informações genéticas e conseguir duplicar fielmente essas informações aos 
descendentes.
A ligação entre a dupla-hélice de DNA é feita por pontes de hidrogê-
nio entre os pares de bases adenina-timina (AT) e citosina-guanina (C-G). A 
suscetibilidade a processos como a desnaturação da molécula depende da 
quantidade de pontes de hidrogênio presentes.
A química da vida10
Uma das formas mais comuns de separar as fitas de DNA é aumentando-se a 
temperatura. Isso induz o aumento da energia cinética na molécula, causando o 
rompimento das pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas, além de romper 
as interações hidrofóbicas – processo denominado desnaturação. A desnaturação 
também ocorre a partir da alteração de alguns parâmetros físicos, como o pH do 
meio, entre outros (ALVES; SOUZA, 2013, p. 141).
O RNA, por sua vez, realiza a tradução das informações genéticas que são 
fornecidas pelo DNA e faz a síntese das proteínas. Ele é semelhante ao DNA, 
mas não tem formação em fita-dupla. As bases nitrogenadas do RNA são 
adenina-uracila (A-U) e citosina-guanina (C-G), e o açúcar da sua estrutura é 
a ribose. O RNA tem as funções de ser mensageiro das informações genéticas, 
transportador de aminoácidos para a síntese da proteína ribossomal, que 
forma o ribossomo, onde ocorre a síntese proteica.
Os carboidratos são macromoléculas importantes, pois fornecem energia 
imediata para as células. Eles são resultantes da fotossíntese e têm função 
na estrutura das células, além de participar da conformação dos ácidos nu-
cleicos (ribose no RNA, e desoxirribose no DNA). Além disso, os carboidratos 
podem estar ligados a lipídeos ou a proteínas e participar da interação e do 
reconhecimento entre células.
Os carbonos presentes nas moléculas dos carboidratos são ligados a hidro-
xila e hidrogênio, por esse motivo, eles têm a tendência a serem hidrofílicos. 
Em solução aquosa, os carboidratos podem formar uma estrutura cíclica de 
cinco ou seis elementos. Alguns tipos de carboidratos são: amido, reserva 
em plantas; glicogênio, reserva em mamíferos, fungos, ostras e moluscos; 
celulose, componente estrutural de plantas; quitina, constitui o exoesqueleto 
de artrópodes e a parede celular de fungos (MARQUES, 2014).
As moléculas de glicoproteína, que têm carboidratos ligados a proteínas 
por ligações covalentes, têm importantes funções no organismo, como o 
reconhecimento entre as células, a proteção imunológica e a interação entre 
o hospedeiro e os patógenos.
As glicoproteínas são encontradas na superfície das células, em sua mem-
brana plasmática ou no líquido extracelular. As de membranas celulares 
têm papel fundamental nas interações entre as células e nos processos de 
infecções por vírus e bactérias. Essas biomoléculas podem também participar 
da composição química das células ou então atuar com funções enzimáticas, 
lubrificantes, estruturais ou transportadoras. Além disso, as glicoproteínas 
formam vários hormônios, tais como: o FSH (hormônio folículo estimulante); 
o LH (hormônio luteinizante) e a gonadotrofina coriônica.
A química da vida 11
Lipídeos são macromoléculas que têm baixa solubilidade em água, são 
apolares, hidrofóbicos, mas que são solúveis em outros líquidos como 
solventes orgânicos (p. ex., hexano, metanol e benzeno). A maioria dos 
lipídeos tem um ou mais ácidos graxos em sua composição. Oslipídeos são 
componentes das membranas celulares, têm função de reserva e exercem o 
papel de hormônios. Podem estar associados com carboidratos (glicolipídeos), 
proteínas (lipoproteínas), entre outros. Os compostos denominados 
fosfolipídeos são um tipo de lipídeo que faz parte da membrana celular, 
formando uma bicamada lipídica.
Outra categoria de lipídeo é o colesterol, que é o mais abundante dos 
esteroides, está presente nas membranas das células animais e também é um 
precursor de substâncias como a vitamina D, os sais biliares e outras moléculas 
orgânicas. Além de solúveis em água, os sais biliares são detergentes, ou seja, 
são capazes de solubilizar moléculas insolúveis em água, como o colesterol, 
lecitina e bilirrubina não conjugada COELHO et al., 2009, documento on-line). 
Assim, os ácidos biliares são secretados no intestino delgado, agem como 
emulsificantes e ajudam a absorver as gorduras.
Os lipídeos têm papel importante também no desenvolvimento da retina 
e do cérebro (formando a mielina e contribuindo com o crescimento dos 
neurônios). Além disso, participam da formação dos adrenocorticoides que 
estimulam a secreção de hormônios do córtex suprarrenal, principalmente 
glicocorticoides como o cortisol.
Neste capítulo, vimos que a vida surgiu no planeta há 4,6 bilhões de anos. 
No início, as propriedades da atmosfera propiciaram a formação de molé-
culas complexas, por meio de ligações entre agentes químicos presentes no 
ambiente. A evolução da vida na terra deu origem a células com capacidade 
de reprodução e de sintetizar diversas macromoléculas complexas. Desta-
camos a importância da água nesse processo e vimos que ela é o solvente 
da vida, estudamos a sua estrutura e as propriedades químicas, bem como 
as características de moléculas hidrofóbicas e hidrofílicas. Dessa forma, a 
água é o componente de todos os organismos vivos e a maioria das reações 
químicas e metabólicas ocorre no ambiente aquoso.
Também vimos que as ligações químicas são importantes para manter as 
estruturas biológicas e a forma da molécula de água, além de sua capacidade 
de formar pontes de hidrogênio proporcionar as condições essenciais para a 
vida. Ademais, aprendemos que o carbono é uma das principais substâncias 
químicas que compõem os organismos vivos e as principais macromoléculas 
A química da vida12
formadas por ele são as proteínas, os ácidos nucleicos, os carboidratos e os 
lipídeos. Por fim, estudamos as especificidades e as múltiplas funções das 
macromoléculas e a sua arquitetura e influência nas propriedades e funções 
biológicas dos seres vivos.
Referências
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
ALVES, E. A.; SOUZA, D. S. Biologia molecular. In: MOLINARO, E.; CAPUTO, L.; AMENDOEIRA, 
R. (org.). Conceitos e métodos para formação de profissionais em laboratórios de saúde. 
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A química da vida 13
Leituras recomendadas
MENDONÇA, V. L. Biologia: ecologia; origem da vida e biologia celular; embriologia e 
histologia. 3. ed. São Paulo: Editora AJS, 2016. v. 1.
OLIVEIRA, O. M. M. F.; SCHLÜNZEN JUNIOR, K.; SCHLÜNZEN, E. T. M. (coord.). Química. São 
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A química da vida14

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