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Osasco - SP Terapia Medicamentosa em Cuidados Paliativos na Criança Carolina Piovesan Ruiz Eliana Bispo Michael Conartioli Thaisa Sousa Moreira SENAC 2022 Anatomia e Fisiologia da criança A fisiologia infantil sofre diversas modificações ao longo do desenvolvimento. Por isso, é importante tomar cuidado com as prescrições médicas, elas devem ser precisas, seguras e eficazes. O que acontece com o processo fisiológico da criança que toma remédios via oral? Qual a dose ideal? Dependendo da idade, a forma de absorção também muda e pode ser mais rápida ou mais lenta. Entenda a importância de levar em conta as condições fisiológicas da criança ao fazer uma prescrição médica. Conhecer a anatomia da criança também ajuda a responder questões que não sejam diretamente de anatomia, mas de trauma, violência, amamentação, triagem neonatal, crescimento e desenvolvimento, dentre tantos outros. Faremos as observações de modo cefalopodal, pois isso facilita o entendimento. Primeiro ponto: a cabeça da criança, é importante saber sobre as fontanelas, as populares “moleiras”. O recém-nascido deve apresentar 2 fontanelas principais, anterior e posterior, ou bregmática e lambdoide, Em média, a fontanela lambdoide se fecha, formando a sutura chamada lambda, por volta de 1 ano e 6 meses de idade, enquanto na bregmática isso ocorre até os dois anos de idade, podendo se estender até os 4 anos!!! Ressalte-se que a presença das fontanelas é essencial para a passagem do feto pelo canal de parto natural. No tórax, encontramos um coração proporcionalmente grande e globoso (diferente do adulto, que tem um coração pontudo), com peso aproximado de 25 g ao nascer e em posição mais alta: entre o 2º e o 3º espaço intercostais. Já no abdome, existe um fígado também proporcionalmente grande, ocupando 40% da cavidade abdominal e com uma borda facilmente palpável. A cavidade pélvica da criança é curta e rasa, com a bexiga então mais vulnerável a traumas. Somente na puberdade que a bexiga alcança um local de proteção dentro da pelve. Fisiologia e sintomas Paliativos de oncológicas, neurológicas e cardiológicas Introdução A expansão tecnológica das últimas décadas modificou o perfil dos pacientes na pediatria, tornando cada vez mais frequente a assistência a crianças com doenças crônicas e ameaçadoras à vida. Cuidados paliativos envolvem a assistência ativa e total prestada a essas crianças, nas dimensões de seu corpo, mente e espírito, bem como o suporte oferecido a sua família Com a progressão da doença e a consequente redução das possibilidades curativas, os cuidados paliativos assumem uma curva ascendente, tornando-se necessidade absoluta. Logo, assumir que não há lugar para cuidados paliativos até que as medidas curativas sejam exauridas pode interferir na abordagem precoce de questões delicadas, como limitação de terapêutica invasiva no fim da vida. Oncológicas O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o câncer infantojuvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Por serem predominantemente de natureza embrionária, tumores na criança e no adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais. As neoplasias mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático). Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, (frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles). Sintomatologias O câncer na infância não tem relação com fatores ambientais e de estilo de vida. Por esse motivo, é muito importante o diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento. Fique atento a alguns sinais e sintomas, como: • Perda de peso contínua e inexplicável • Dores de cabeça com vômito de manhã • Aumento do inchaço ou dor persistente nos ossos ou articulações • Protuberância ou massa no abdômen, pescoço ou qualquer outro local • Desenvolvimento de uma aparência esbranquiçada na pupila do olho ou mudanças repentinas na visão • Febres recorrentes não causadas por infecções • Hematomas excessivos ou sangramento, geralmente repentinos • Palidez perceptível ou cansaço prolongado Neurológicas As doenças neurológicas atingem, além do cérebro, a medula espinhal e o sistema nervoso. A identificação pode ser mais complicada, pois elas geralmente apresentam variações. Por isso, é difícil identificar sinais precisos. Mas, as crianças que possuem alguma dessas doenças, provavelmente já nasceram com ela, pois os motivos para o desenvolvimento têm a ver com origem genética ou problemas na gestação, como o parto prematuro, por exemplo. Apesar disso, há sinais que, muitas vezes, são deixados de lado por uma minimização da dor e que merecem ter uma atenção maior. É o caso da dor de cabeça ou nas costas, que pode ser sintoma de uma doença neurológica. Além disso, é importante estar atento ao desenvolvimento da criança e às dificuldades para a realização de algumas tarefas como ler e escrever, pois podem ser sinais. Uma das doenças que é bem mais comum em adultos, mas não exclui a possibilidade de atingir as crianças, é a esclerose múltipla. O diagnóstico é mais complicado, pois os sintomas nos pequenos têm características parecidas com outras doenças, sendo necessário exames para excluir outras primeiras possibilidades. Além disso, o curso da doença varia de pessoa para pessoa. Já o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é uma das doenças neurológicas que mais atingem as crianças. O TEA compromete habilidades como a linguagem, por exemplo, dificultando a interação social e o desenvolvimento cognitivo da criança. É preciso estar atento também a alguns sintomas que geralmente são confundidos com desobediência, falta de educação e preguiça. Porém, podem ser sinais do surgimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Este pode trazer, principalmente, dificuldades no desempenho escolar, gerando falta de atenção e agitação. Com essas e demais, contamos também com outras patologias neurológicas desencadeadas no processo embrionário, como as dismorfias que é o atraso do desenvolvimento, conjunto com a desaceleração, involução e o transtorno do desenvolvimento fetal, que alteram ou modificam todo um processo estrutural ocasionando a encefalopatia crônica não progressiva (paralisia cerebral). Estas involuções interferem a nível estrutural e metabólico. As infecções congênitas entram nesta lista sendo categorizadas através de agentes externos que são adquiridos na gestação e o fator sócio ambiental e cultural inferem diretamente nesses diagnósticos de (toxoplasmose, rubéola, herpes, sífilis, zika) Sintomatologias É natural pensar em dores na cabeça, onde fica o cérebro, mas eles podem ser percebidos por todo o organismo. Afinal, as terminações nervosas estão espalhadas pelo corpo, alcançando até as extremidades. São elas as responsáveis pela percepção de dor, frio, calor e outras sensações. Assim como por parte da função correspondente aos demais sentidos – paladar, olfato, audição e visão. Veja, abaixo, umalista com sintomas que podem remeter ao transtorno neurológico: • Dor de cabeça ou no pescoço • Dor nas costas • Tontura • Convulsão • Sensação de desmaio ou desmaio • Paralisia facial • Enrijecimento de parte do corpo • Espasmos • Descontrole dos movimentos, por exemplo, tiques • Zumbido • Visão embaçada ou turva • Alucinações • Tremores • Sensação de formigamento • Problemas para se equilibrar, por exemplo, para se manter em pé • Problemas de marcha (para caminhar) • Insônia ou sonolência exagerada • Dificuldades para se concentrar • Perda frequente de memória • Confusão mental • Dores nas articulações https://telemedicinamorsch.com.br/blog/dor-cabeca https://telemedicinamorsch.com.br/blog/dor-cabeca https://telemedicinamorsch.com.br/blog/tipos-de-convulsao • Perda súbita da força muscular. Cardiológicas Na gestação, durante o pré-natal, é possível detectar possíveis malformações no coração do bebê, que podem causar diversas condições ao longo da vida. Além disso, na primeira infância, também é possível que a criança desenvolva alguma doença cardíaca, seja por hereditariedade ou outro fator de risco. Quadros cardiológicos seguidos de malformações congênitas serão provenientes de genética embrionária seja ela por hereditariedade, ou fatores externos que podem contribuir com as cardiopatias em crianças. A cardiopatia congênita é um grupo de anormalidades na estrutura do aparelho cardiocirculatório. secundária a uma alteração no desenvolvimento embrionário, que pode surgir n as primeiras oito semanas da gestação, quando se forma o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória, o que pode comprometera qualidade de vida do pacie nte. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 80% das crianças podem ter algum tipo de patologia no coração ao longo da infância, como o Prolapso da válvula mitral (sopro no coração) por exemplo, o que pode desencadear diversas outras condições. -Arritmia cardíaca infantil Diferentemente do que muitos acreditam, a arritmia cardíaca também pode afetar as crianças, inclusive na primeira infância. Trata-se de alterações nos batimentos cardíacos, popularmente conhecidas como “palpitações”, e os sintomas incluem: • Coração acelerado ou lento; • Fadiga e cansaço; • Dor no peito; • Desmaio. O diagnóstico precoce é de suma importância para a eficácia do tratamento. -Miocardite infantil A doença, normalmente associada a infecção viral, consiste em uma inflamação das paredes musculares do coração, resultando em mau funcionamento do órgão. Os sintomas da miocardite podem ser sutis e facilmente confundidos https://www.portal.cardiol.br/ com outros problemas, o que pode dificultar o diagnóstico. Por isso, atente-se a sinais como: • Cansaço excessivo; • Febre e mal-estar; • Dor no peito; • Vertigem e tontura. Neste caso, o indicado é buscar ajuda médica imediatamente para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento adequado, aliviando o desconforto na criança. -Sopro cardíaco infantil Trata-se de um ruído produzido pela passagem do sangue entre as estruturas do coração, que pode, ou não, ser decorrente de malformações no órgão. Por isso, especialmente em crianças, o indicado é o acompanhamento médico para diagnosticar se as causas são patológicas ou fisiológicas. A doença apresenta sinais como: • Inchaço no corpo; • Boca, mãos e pés arroxeados; • Palpitações; • Fraqueza; • Tosse. O tratamento pode ser feito com medicamentos ou cirurgia, a depender da gravidade da doença. https://www.instagram.com/p/CRrJT_OsdXy/ Tratamento de Sintomas em crianças paliativas Cuidados paliativos pediátricos foram definidos em 1998 como a assistência prestada ao paciente com doença crônica e/ou ameaçadora da vida. Devem ser iniciados no diagnóstico, independentemente do tratamento da doença de base. Os cuidados paliativos pediátricos envolvem a equipe multiprofissional e dão suporte físico (controle de sintomas) emocional, espiritual e social à criança, atendendo também às necessidades da família. Os cuidados paliativos em oncologia pediátrica são parte integrante do cuidado, e aprimorá-los é de fundamental importância, pois são utilizados para melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes em qualquer fase de seu tratamento. A maioria das crianças em cuidados paliativos têm mais de uma patologia e consequentemente vários sintomas a necessitarem de tratamento. É importante realçar que o controle total de todos os sintomas nem sempre é possível e que deve ser discutido sempre com a criança / adolescente. Descrevem-se algumas das queixas mais frequentes e propõem-se medidas para as aliviar. Alterações psicológicas - ansiedade, agitação, depressão A criança em cuidados paliativos apresenta frequentemente grandes níveis de ansiedade resultantes da própria doença, imprevisibilidade do futuro, dificuldade em lidar com uma situação de dependência e / ou alteração da imagem física ou medo da morte. O que fazer para ajudar · Conversar com a criança e ajudá-la a relaxar; · Evitar bebidas estimulantes (cafeína ou chá); · Criar rotinas para adormecer e se possível, evitar passar o dia na cama e/ou quarto; · Em algumas situações pode ser necessário dar ao seu filho medicação para diminuir estes sintomas; · Solicitar apoio do psicólogo. Se possível interagir com atividades lúdicas como: 1 - O pote da calma Chamamos “pote da calma” um frasco em que colocamos água morna, cola com glitter, óleo de corporal de sua preferência para dar densidade ao conteúdo e, por exemplo, purpurina, lantejoulas, miçangas. Podemos fabricá- lo com as crianças como um trabalho manual, e é ideal para que elas o contemplem tanto em momentos de tensão, como em momentos que podemos chamar de “zen “. O simples ato de observar a purpurina se movendo lentamente lhes ajudará a se concentrar e a relaxar sua mente após momentos de grande ativação. 2 - Amassar papéis, apertar bolas, rabiscar Rabiscar, amassar papéis ou apertar bolas macias como bolas antiestresse é outro jogo maravilhoso para ajudar as crianças a canalizar suas emoções negativas. Além disso, ao mesmo tempo favorecemos o desenvolvimento das habilidades motoras finas, já que lhes ajudamos a fortalecer os músculos das mãos. Insônia Dificuldade em manter ou iniciar o sono. O sono é um elemento essencial para o bem-estar físico e emocional da criança. O surgimento de distúrbios do sono, principalmente insônia, pode alterar substancialmente a qualidade de vida da criança. O que fazer para ajudar · Manter rotinas do sono (por exemplo ter uma hora de deitar e acordar); · Ter no quarto elementos familiares à criança como pelúcias; · Reforçar os elementos que fazem a distinção dia / noite, por exemplo; manter um ambiente escuro e com menos ruído à noite e durante o dia haver luminosidade, de preferência natural e presença de algum ruído; · Quando possível alternar o posicionamento durante o dia versus o período da noite, mesmo alterações mínimas do posicionamento podem fazer a diferença; · Manter o quarto a uma temperatura confortável evitando o sobreaquecimento; · Controlar os outros sintomas que alteram o ciclo sono - vigília como ansiedade, depressão ou dor; 1 - O jogo da semente Com música relaxante de fundo e luz fraca, simbolizaremos o crescimento de uma árvore. Começaremos por colocar os joelhos no chão, inclinar a cabeça e estender os braços para a frente, como se fôssemos gatos se espreguiçando. Somos uma semente que, ao som da música, vai crescendo e se transformando em uma árvore grande com belos galhos, que serão nossos braços estendidos para cima quando estivermos de pé. Este exercício é ideal parafazer com eles à noite, antes de irem para a cama. 2 - O conto da tartaruga O conto da tartaruga, desenvolvido por Schneider, é magnífico para fomentar habilidades de autocontrole. Trata-se da história de uma pequena tartaruga que se irritava por tudo e que perdia o controle com grande facilidade. Um dia, depois de se sentir sozinha e isolada, ela se encontra com uma sábia tartaruga que lhe dá uma dica para se controlar quando estiver com raiva: entrar em sua carapaça, contar até se acalmar, frear seus pensamentos e relaxar. Este conto é ideal para ser narrado a crianças entre os 3 e os 7 anos de idade. Para facilitar a implementação desta habilidade, podemos lhes dar uma etiqueta ou um pedaço de papel com uma tartaruga sempre que elas realizarem o exercício em uma situação de tensão. O conto foi impresso no papel sulfite, com imagens e dobrado como um mini livro e colocado no envelope para criança acompanhar a história. Por fora foi adaptada uma mini tartaruga que representa um amuleto para os momentos de atividade. Atividades de acompanhamento Sugira ter um lugar especial que será a nossa “concha”, um lugar aconchegante onde podemos nos acalmar. Pratique as etapas com frequência. Passo 1: Identifique/perceba que você se sente irritado. Passo 2: Pense em “Pare” para si mesmo. Passo 3: Entre no seu “casco” e faça três respirações profundas. Pense em situações, como: “posso me acalmar”, “estou bem”, “posso pensar em soluções para o meu problema”, “sou bom em resolver problemas”. As crianças também podem pensar em relaxar seu corpo ou uma parte do corpo de cada vez. Passo 4: Saia do seu casco quando estiver calmo e pronto para pensar em soluções para o problema. Lembre-se de reconhecer e comentar quando a criança conseguir ficar calma. Envolver as famílias: ensine a “técnica da tartaruga” para os familiares da criança. Delírio Consiste na alteração flutuante do estado de consciência, cognição e percepção. Algumas crianças em cuidados paliativos desenvolvem delírio em algum período, sobretudo em fim de vida. Na maioria dos casos é caracterizado por períodos de agitação psicomotora podendo ou não ser acompanhado de alucinações visuais e auditivas. É fundamental a exclusão de causas reversíveis, como desidratação, ou que potenciem o delírio como a obstipação grave ou retenção urinária. O que fazer para ajudar · Tentar cumprir as horas de sono habituais e nos períodos habituais; · Recurso a elementos (relógios, calendários) que o relembrem dos marcos temporais básicos (horas, mês); · Evitar contradizer as frases incoerentes; · Promover atividades que lhe relembrem rotinas, como ver um filme ou desenho animado; Calendário lúdico e interativo Feito com E.V.A., papel cartão, copinho descartável, papelão, papel pardo e sulfite. Ajuda a reconhecer e relacionar períodos do dia, dias da semana e meses do ano, ajuda trabalhar a ansiedade, pois neste calendário dentro do copo tem uma mensagem ou atividade. Procure envolver a família e se possível toda equipe multiprofissional. Febre Consiste no aumento da temperatura corporal. A febre pode ser causada por uma infecção, pela própria doença ou tratamento. O principal objetivo no tratamento da febre é restabelecer conforto à criança. O que fazer para ajudar · Administre os medicamentos para a febre quando notar elevação da temperatura corporal e o paciente estiver desconfortável; · Procure que a criança tenha pouca roupa vestida; · Aplique panos de água morna na testa, nas axilas ou abdômen se o paciente assim se sentir confortável; · Incentive o paciente a beber líquidos. Astenia – cansaço / fadiga É bastante comum que as crianças em cuidados paliativos se sintam mais cansadas. Podem passar mais tempo a dormir ou preferirem atividades mais calmas. Para muitas crianças, o cansaço não é angustiante. O que fazer para ajudar · Deve manter a rotina do dia e da noite, por exemplo dormir na cama à noite, mas fazendo pequenos sonos no sofá durante o dia; · Se o seu filho não dorme bem à noite, deve conversar com o seu médico. Anorexia – falta de apetite Este é um sintoma que causa grande ansiedade nos pais. A falta de apetite pode ter vários motivos, nomeadamente os efeitos da própria doença ou tratamento, a depressão ou a ansiedade. O que fazer para ajudar · Explicar à criança que o importante é ir comendo, mesmo que seja em pequena quantidade; · Confeccionar refeições mais apetecíveis deixando a criança escolher os alimentos. Não seja rígido nos horários das refeições; · Ofereça pratos mais pequenos e com apresentação agradável; · Promova um ambiente calmo e faça coincidir a hora da refeição com os momentos do dia em que a criança se sente melhor; · Tente fazer as refeições em família, mesmo que a criança esteja acamado; · Se existirem lesões / aftas na boca dê preferência a alimentos moles ou líquidos e frios; · Ofereça suplementos alimentares prescritos pelo seu médico; · Quando a criança poder usar a via oral, existem outros métodos (alimentação entérica através de uma sonda nasogástrica / gastrostomia) que devem ser discutidos o seu médico. Dor A dor é uma experiência sensorial e emocional e por isso são necessárias várias estratégias para a controlar corretamente. Os medicamentos mais utilizados no tratamento da dor são os analgésicos não opioides (fármacos do grupo dos anti-inflamatórios não esteroides e o paracetamol), úteis no tratamento da dor ligeira a moderada. Quando a dor persistir ou for muito intensa, existem outros tipos de medicamentos, utilizados nas situações em que os anteriores falharam, mas que deverão ser sempre prescritos pelo seu médico. O que fazer para ajudar · Administrar os medicamentos à hora marcada, mesmo que o paciente não sinta dores e se ainda assim o paciente mantiver as queixas deve administrar os medicamentos prescritos em SOS; · O medo agrava a dor, sendo por isso útil manter-se calmo e confiante para poder ajudar o paciente; · Deve programar as atividades e cuidados para quando a medicação estiver a fazer efeito. Hemorragia – perda de sangue A ocorrência de uma hemorragia é muitas vezes motivo de grande ansiedade para os pais e filhos. O paciente pode tossir ou vomitar sangue, sangrar pelo nariz ou ter fezes com sangue. O que fazer para ajudar · Atuar com a maior tranquilidade possível. É importante para tranquilizar o paciente; · Usar toalhas vermelhas (ou de cores escuras) para reduzir o impacto visual do sangue; · Se as gengivas sangrarem peça ao seu filho que bocheche com água ou suco frio; · Se sangrar do nariz aperte-o com força durante 10 minutos, com a cabeça inclinada para a frente; · Em algumas situações pode ser necessário dar ao paciente medicação para dormir, para diminuir o desconforto e a ansiedade. Diarreia A criança tem diarreia quando evacua fezes muito moles ou líquidas várias vezes por dia. O que fazer para ajudar · Altere a dieta: ofereça refeições pequenas e frequentes; evite alimentos fritos e molhos, líquidos açucarados, sumos gaseificados, legumes verdes e cereais integrais; · Aumente a ingestão de líquidos; · Lave a região entre o ânus e os genitais com água, seque bem e aplique cremes protetores da pele; · Utilize resguardos absorventes impermeáveis na cama para diminuir o desconforto da criança; · Promova o arejamento do local; Náuseas / vómitos As náuseas e os vómitos são sintomas frequentes. Estes podem ser provocados pela doença ou por efeitos secundários do seu tratamento. O que fazer para ajudar · A mudança de posição pode ajudar. Assim, se possível, após as refeições evite que o paciente se deite. Deixe-o recostado ou sentado. Se vomitar e estiver deitado coloque-o de lado; · Respirar ar fresco muitas vezes ajuda. Abra as janelas ou use uma ventoinha · Acalmar o paciente; a ansiedade pode sercausa ou perpetuar os vômitos. Tente distrai-lo com atividades que ele goste; · Ofereça refeições pequenas, frequentes e atrativas, sem odores fortes e não muito quentes; · Não use perfumes ou desodorizantes com odores / cheiros fortes; · Administre a medicação segundo a prescrição do seu médico. Pintar mandalas Pintar mandalas favorece não só o relaxamento e a reflexão, mas também a capacidade de concentração e a habilidade criativa. Obstipação – prisão de ventre Este é um problema frequente em cuidados paliativos e deve ser prevenido. Manifesta-se por alteração dos hábitos intestinais, com a diminuição do número de dejecções e aumento da sua consistência. O que fazer para ajudar · Altere a dieta do paciente, aumentando a ingestão de líquidos, especialmente água ou sucos de fruta e ingira alimentos ricos em fibras; · Aumente a atividade física, se possível; · Se está tomando morfina é importante que comece logo a tomar laxantes; · Se o paciente estiver muito incomodado, pode recorrer aos clisteres; · Se tiver feridas na zona anal aplique cremes analgésicos para diminuir a dor quando evacua. Prurido – comichão O prurido pode ser causado por alguns medicamentos, pele seca ou resultante da própria doença. Estes sintomas provocam grande desconforto, agitação e ansiedade. O que fazer para ajudar · No banho use água morna; · Aplique cremes hidratantes duas ou três vezes ao dia; · Mantenha as unhas limpas e curtas; · Vista roupas leves e de tecido macio; · Evite usar produtos com perfume ou álcool na pele; · Distraia a criança com atividades que goste; Convulsões Muitas crianças em cuidados paliativos têm convulsões desde há bastante tempo, sendo constantemente medicadas com medicamentos antiepilépticos. São feitas frequentemente mudanças dos fármacos nesta altura de forma a obter com o mesmo medicamento vários efeitos como é o caso do fenobarbital (antiepiléptico, analgésico e ansiolítico). Cada caso deve ser avaliado individualmente e deverá ser discutida com a equipe o prejuízo / benefício do controlo das convulsões. Uma convulsão prolongada deverá ser sempre motivo para contatar o médico. É importante relembrar que a criança não tem dor durante a convulsão. O que fazer para ajudar · Durante a convulsão deve: mantê-lo (a) em segurança evitando que bata com a cabeça, não tente contrariar os movimentos, não coloque nada na boca e se possível coloque-o (a) sobre o lado esquerdo para que não se engasgue com a saliva; · Administre a medicação que esteja prescrita pela equipe médica; · Fora dos períodos de convulsão mantenha a criança numa posição confortável e evite a manipulação desnecessária / excessiva; · Evite estímulos que despoletem convulsões como atividades com grande estimulação sensorial (visual, auditiva); · Tente terapias não farmacológicas como musicoterapia e massagens. Distonia – contrações mantidas dos músculos com posições anómalas A distonia pode ser causada pela progressão da própria doença ou ser um efeito secundário da medicação. As posições distonias além de desconfortáveis tornam-se frequentemente dolorosas pelo que devem ser controladas. É por vezes difícil de distinguir se se trata de distonia ou de uma convulsão, como tal filmar estes episódios e mostrar à equipe de cuidados paliativos pode ajudar a distinguir estes eventos. O que fazer para ajudar · Evitar todos os fatores que agravem a distonia físicos ou psicológicos; · Utilizar órteses e outros materiais de apoio prescritos pela Medicina Física e da Reabilitação; Dispneia – falta de ar A dispneia é um dos sintomas que mais preocupação traz aos profissionais. Pode ou não estar associado a um aumento de secreções, aumento da frequência respiratória ou outros sinais de dificuldade respiratória como poeira. Existem muitas causas de dispneia: doenças do sistema respiratório, ou de outros sistemas como é o caso do sistema nervoso ou a presença de anemia. O que fazer para ajudar · Não deixe a criança sozinha, transmita-lhe calma; · Coloque a criança numa posição confortável; · Eleve a cabeceira da cama; · Diminua a ansiedade, se possível treine exercícios de controlo da respiração; · Alguns fármacos podem ajudar (segundo a prescrição do seu médico); · Não é linear que o oxigénio suplementar (óculos nasais, máscara) diminua a sensação de dispneia; o seu uso deverá ser ponderado caso a caso; · Permita uma ventilação adequada do quarto, se possível com janela aberta para o exterior ou ventoinha; · Evitar ter muitas visitas no quarto ao mesmo tempo; · Não utilize roupa apertada. Soprar a vela Este jogo consiste em aprender a respirar de maneira profunda, ou seja, tomando ar pelo nariz, inflando a barriga, e expulsando aos poucos o ar enquanto sopramos a vela com intenção de apagá-la. Assim que a criança compreende as instruções, pedimos para ela se sentar em uma cadeira a dois metros da vela, que estará acesa em cima de uma mesa. Ela não pode se levantar nem se inclinar, por isso esperamos que ela não consiga apagar a vela. Assim, aproximamos cerca de meio metro a cadeira da mesa. Iremos aproximar a cadeira de forma progressiva até que a criança consiga apagar a vela. Assim, teremos um jogo de uns 5 minutos em que a criança irá adquirir a habilidade de respirar fundo. Retenção urinária – dificuldade em urinar A retenção urinária é a acumulação anormal de urina na bexiga. Geralmente por uma causa obstrutiva (um tumor, por exemplo) ou por ineficácia / incapacidade dos músculos que controlam a micção. O que fazer para ajudar · Banhos de água morna; · Massagens suaves na região acima do abdomem; · Alimentação com fibras. A administração de medicamentos pode ser efetuada de várias formas (vias). A farmacocinética descreve como o corpo lida com um medicamento e responde aos processos de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação. Cada via de administração tem vantagens, desvantagens e objetivos específicos. HIPODERMÓCLISE E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELA VIA SUBCUTÂNEA BREVE HISTÓRICO DA VIA SUBCUTÂNEA Como se faz a Hipodermóclise? Hipodermóclise consiste em infundir medicamentos e soroterapia na hipoderme, tecido rico em capilares sanguíneos e linfáticos, com vascularização semelhante ao tecido muscular o que permite boa absorção e difusão. Objetivos: Difundir o conhecimento sobre o uso da via subcutânea na administração de medicamentos e soroterapia quando outras vias estão contra - indicadas ou indisponíveis. Vantagens Tão efetiva quanto a via endovenosa Técnica simples, rápida e que demanda a menor tempo na execução Menos invasiva, de fácil, inserção e manutenção do cateter Permite maior conforto e mobilidade do que a via endovenosa Não utiliza nenhum vaso do sistema venoso ou arterial ** não há risco de trombose ou embolia e dispensa heparinização. Complicações e efeitos adversos são raros (rubor, edema, extravasamento) Maior segurança- uso de agulha apenas no ato da punção. Melhor alternativa em pacientes paliativos Pode ser utilizada na atenção domiciliar. Desvantagens Volume e velocidade de infusão limitado Absorção variável (influenciada por perfusão e vascularização) Limitação de medicamentos e eletrólitos que podem ser infundidos. Contraindicações Recusa do paciente Anasarca Trombocitopenia e coagulopatia graves Infecção cutâneo generalizada Desidratação grave, choque que necessite de ressuscitação volêmica rápida Sítios que devem ser evitados Espessura do subcutâneo inferior a 1-2,5cm Membros superiores em caso de síndrome de veia cava superior Abdome em caso de ascite Áreas com circulação linfática comprometida (após cirurgia e radioterapia)Áreas de infecção, inflamação ou ulceração cutânea Proximidades de articulação Proeminências ósseas Alguns serviços não recomendam punção subclavicular não puncionar área de fraldas • Preferencialmente: 1º abdome, 2º deltoide, 3ª coxa The Royal Children`S Hospital Melbourne MEDICAMENTOS NÃO RECOMENDADOS PARA VIA SUBCUTÂNEA Eletrólitos não diluídos, Amiodarona, Clorpromazina, Diazepam, Dopamina, Fenitoina, Flumazenil, Verapamil Medicamentos oficialmente registrados para a via subcutânea Tratamento Orientado por Intensidade Caso o paciente esteja sentindo dor, ele deve ser medicado conforme prescrição médica que segue a escada da OMS abaixo. FARMACOS PARA CONTROLE DA DOR. ♥ Morfina ♥ Codeína ♥ Codeína + Paracetamol ♥ Codeína + Diclofenaco ♥ Tramadol + Paracetamol ♥ Tramadol ♥ Oxicodona ♥ Metadona Medicamentos utilizados nos cuidados paliativos. Insônia Amitriptilina – Delírio Levomepromazina - Febre Paracetamol – Anorexia Acetato de Magestrol- Dor Tramadol - Diarreia SAIS DE REIDRATAÇÃO ORAL - Náuseas / vômitos Metoclopramida - Obstipação Bisacodil- Prurido MANEJO NÃO-FARMACOLÓGICO 1. Mantenha as unhas cortadas e limpas, evite coçar, 2. Utilize roupas frouxas e confortáveis (de preferência de algodão) 3. Evite tomar banho com água morna ou quente. ... 4. Enxugue a pele sem esfregá-la, substitua sabonete por emoliente e utilize-o também como hidratante após os banhos. MANEJO FARMACOLÓGICO Caso os cuidados tópicos estejam promovendo resultado positivo, o tratamento sistêmico é, em grande parte dos casos, desnecessário. TÓPICO: Emolientes (p. ex. creme à base de água com mentol), lidocaína 5% (gel ou patch), corticóides 1x/dia por 2 a 3 dias se a área estiver inflamada, mas não infectada. CONVULÇÕES Carbamazepina - Dispneia Dexametasona – Alívio da dispneia "O profissional de enfermagem tem um papel relevante na equipe de cuidados paliativos, considerando sua posição privilegiada de permanecer a maior parte do tempo junto à pessoa enferma e poder prestar a maior parcela de cuidados, além de poder posicionar-se como intermediador entre a pessoa família e os demais membros da equipe". Coren
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