Prévia do material em texto
O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho Apresentação O Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho e surge da necessidade do Estado em responder as demandas advindas do capital, tendo se iniciado nos anos 1940, período de industrialização no Brasil. A profissão é reconhecida como especialização do trabalho coletivo, que foi se desenvolvendo no decorrer do processo de amadurecimento do serviço social. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como reconhecer a divisão sociotécnica do trabalho e seus pressupostos filosóficos. Também irá ver as bases que fundamentaram a sua inserção. Por fim, você estudará sobre o Serviço Social como uma especialização do trabalho coletivo, que tem como pano de fundo o processo de amadurecimento da profissão e a construção de seu conhecimento específico. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a divisão sociotécnica do trabalho.• Descrever o Serviço Social inserido na divisão sociotécnica do trabalho. • Analisar o Serviço Social como uma especialização do trabalho coletivo. • Desafio O assistente social, como profissional, tem o arcabouço teórico e os instrumentos necessários para atuar junto à classe trabalhadora na luta por seus direitos e pela superação das necessidades sociais. O Serviço Social, considerado como profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho e especialização do trabalho coletivo, tem os mecanismos para criar estratégias de ação que conduzam seus usuários a sua emancipação. Com base nisso, imagine a seguinte situação: Diante da demanda apresentada, como você pode demonstrar para a gestão do município a importância do assistente social na educação básica? Infográfico Deve-se considerar que a divisão do trabalho é um meio pelo qual se dá a relação de exploração e em que há antagonismos e contradições, de modo que as relações sociais estão pautadas em interesses diversos. A divisão do trabalho engloba as atribuições individuais ou coletivas produtivas nas estruturas econômicas. A divisão social do trabalho permite ampliar a capacidade de produtividade por meio da especialização, aumentando a eficiência produtiva e permitindo a comercialização de produtos. Confira, no Infográfico, o processo de desenvolvimento da divisão sociotécnica do trabalho. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/358b9487-3678-496b-a8e8-8c0bdcc606dc/2970febe-80b3-4752-ac2b-75c4fc8a1bd8.jpg Conteúdo do livro A inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho é um produto histórico, resultado dos embates das classes subalternas no enfrentamento da questão social e do caráter das políticas do Estado, que vão atribuindo especificidades à configuração do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho. No capítulo O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho, da obra Análise institucional e Serviço Social, você saberá sobre os fundamentos da divisão sociotécnica do trabalho, bem como sobre o processo de inserção do Serviço Social a partir de sua legitimação pelo Estado e pela sociedade. Por fim, verá o Serviço Social como especialização do trabalho coletivo durante o processo de amadurecimento do Serviço Social, inclusive na contemporaneidade. Boa leitura. ANÁLISE INSTITUCIONAL E SERVIÇO SOCIAL Laís Vila Verde Teixeira O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a divisão sociotécnica do trabalho. Descrever o Serviço Social inserido na divisão sociotécnica do trabalho. Analisar o Serviço Social como uma especialização do trabalho coletivo. Introdução Neste capítulo, você vai refletir sobre a inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho. Como você sabe, a profissão surgiu do embate entre capital e trabalho, como uma forma de amenizar as expres- sões da Questão Social no período de industrialização no Brasil. Naquele momento histórico, o assistente social direcionava a sua intervenção para o ajustamento do indivíduo à ordem societária. Foi esse trabalho que legitimou a profissão na divisão sociotécnica no Brasil. Primeiramente, você vai conhecer a definição da divisão sociotécnica do trabalho a partir de conceitos filosóficos e ontológicos. Depois, vai veri- ficar como o Serviço Social se insere na divisão sociotécnica do trabalho e conhecer o processo pelo qual a profissão se legitimou perante o Estado e a sociedade. Por fim, vai estudar o Serviço Social como especialização do trabalho coletivo. A divisão sociotécnica do trabalho O trabalho é uma categoria central e fundante na vida do ser social. É por meio dele que o homem transforma a natureza e a si mesmo. Para compreender o trabalho e a sua confi guração atual na sociedade capitalista, é necessário retomar o conceito ontológico de trabalho a fi m de perceber as suas transformações, decorrentes de determinantes históricos, econômicos, fi losófi cos e políticos. Veja: O único pressuposto de Marx é que os homens devem constantemente transfor- mar a natureza para produzir os bens indispensáveis à sua reprodução. Neste sentido preciso, a natureza é a base ineliminável do mundo dos homens. E, também nesse preciso sentido, o trabalho é o intercâmbio orgânico do homem com a natureza (LESSA, 2012, p. 31). O trabalho, como uma categoria eminentemente humana, que diferencia o homem dos animais, acontece por meio de um processo reflexivo que se chama teleologia ou prévia ideação. Tal processo consiste em antecipar na mente a ação que se deseja realizar. A escolha das alternativas é denominada objetivação, isto é, a realização da escolha. Esse movimento de transformar a natureza a partir de uma prévia ideação é denominado por Lukács, depois de Marx, de trabalho (LESSA, 2006). Por meio do trabalho, o homem altera a natureza e também se trans- forma. O resultado do trabalho é sempre alguma modificação da realidade: a natureza não é mais a mesma por ter sido exercida uma ação sobre ela, e o homem não é mais o mesmo por ter aprendido algo com a sua ação. Ou seja, há uma aquisição de experiências e habilidades de forma dinâmica por meio do trabalho. Para compreender melhor, considere que dado objeto é construído pelo homem por meio do trabalho. Tal objeto apenas existe como resultado do trabalho; portanto, não há o desaparecimento da natureza, mas a sua transformação. A prévia ideação se constitui como uma resposta, entre outras possibilidades, a uma necessidade concreta determinada pela histó- ria humana. Como a realidade está sempre se transformando, a história e a necessidade nunca serão as mesmas. Assim, o homem, transformando a natureza, também se transforma. Na transformação da natureza pelo trabalho, há o desenvolvimento das capacidades que levam à produção dos bens necessários à humanidade. Dessa forma, os conhecimentos e habilidades (científicos, artísticos, filosóficos) vão sendo construídos historicamente, tornando-se cada vez mais complexos e sofisticados. Ao longo do história, com o desenvolvimento das técnicas de trabalho, as relações sociais também se complexificaram. Logo, foi necessário criar novos elementos para compor a sociabilidade emergente: a capitalista. O ideal capitalista foi o precursor do surgimento do trabalho explorado, do exército industrial de reserva, da propriedade privada, do Estado (para gerenciar essa sociedade dividida em classes — a burguesa e a proletária) e de uma ideologia que orienta as regras para a exploração do trabalho. Com relação ao surgimento do Estado como instituição gerenciadora, Marx e Engels (2007, p. 75) consideram o seguinte: O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho2 Por meio da emancipação da propriedade privada em relação à comunidade, o Estadose tornou uma existência particular ao lado de fora da sociedade civil; mas esse Estado não é nada mais do que a forma de organização que os burgueses se dão necessariamente, tanto no exterior como no interior, para a garantia recíproca de sua propriedade e de seus interesses. Assim, é por meio do trabalho que há o estabelecimento da reprodução material e da reprodução das relações de poder entre os homens. As diversas partes que compõem a sociedade se mantêm em funcionamento de forma orgânica, como o Estado, o Direito, a política, entre outros elementos que se relacionam com a totalidade da reprodução social. Veja o que afirma Grane- mann (2009, p. 15): É ao trabalho produtor de mercadoria que se imputa a reprodução do capital como força capaz de continuamente submeter a força de trabalho para que ela reproduza a totalidade da forma social de produção de mercadorias. Essa é a sociabilidade possível no modo capitalista. Nesse sentido, surgem novas relações sociais para atender às novas neces- sidades postas pelo trabalho. Tais necessidades se organizam em partes, como complexos sociais (o Direito, a fala, o Estado, a ideologia — que condensa arte, política, religião, filosofia), para o desenvolvimento da humanidade. As diversas partes que compõem a sociedade exercem uma função social na esfera do processo produtivo, e “O conjunto total das relações e complexos sociais que compõem as sociedades em cada momento histórico é denominado de totalidade social” (LESSA, 2006, p. 8). Nas sociedades em que o trabalho se baseia nas relações de exploração e dominação, ele passa a atender não apenas às necessidades humanas, mas às necessidades da ideologia, no caso, a capitalista. O trabalho passa a ser subalterno ao capital, ou seja, às necessidades de acumulação de riquezas pela classe dominante. Como dizem Marx e Engels (2007, p. 47), “As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a classe é a força material dominante da sociedade e, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante”. Aqui, trata-se do trabalho assalariado e alienado. A força de trabalho é submetida à reprodução do capital para a manutenção da ordem vigente e para a obtenção do lucro por meio da mais-valia, do excedente de trabalho. A sociedade capitalista é permeada pela contradição entre as classes fun- damentais (burguesia e proletariado), de modo que o trabalhador se torna mero instrumento nas mãos de seu patrão, convertendo-se em “coisa”. A 3O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho “coisificação” do trabalhador se dá pelo fato de que ele não mais se reconhece no produto do seu trabalho, já que não participa do processo completo da produção, mas apenas da parte a que foi designado. O processo de trabalho produz riqueza para a classe dominante e miséria para a classe dos trabalhadores. Isso se deve ao fato de que o capital não pode deixar de se expandir, pois ele é uma forma de propriedade privada, ou seja, se alimenta de sua própria acumulação. Assim, ele existe para manter a lucratividade e a rentabilidade dos negócios, a fim de garantir a sua expansão. Considere o seguinte: Por meio da divisão do trabalho, já está dada desde o princípio a divisão das condições de trabalho, das ferramentas e dos materiais, o que gera a fragmenta- ção do capital acumulado em diversos proprietários e, com isso, a fragmentação entre capital e trabalho, assim como as diferentes formas de propriedade. Quanto mais se desenvolve a divisão do trabalho e a acumulação aumenta, tanto mais aguda se torna essa fragmentação. O próprio trabalho só pode subsistir sob o pressuposto dessa fragmentação (MARX; ENGELS, 2007, p. 72). No capitalismo, a produção de mercadorias pressupõe uma divisão social do trabalho. Nesse sentido, os diversos trabalhos concretos são realizados por seus diversos produtores individuais, sendo essa a condição que impulsiona as trocas entre os produtos. No modo de produção capitalista, a relação de troca entre mercadorias intensifica a divisão social do trabalho que já se desenvolvia nas antigas corporações de ofício. A troca entre mercadorias provoca o desenvolvimento necessário da divisão social do trabalho diante da diversidade do trabalho humano. Na totalidade dos vários tipos de valores de uso ou corpos de mercadorias aparece uma totalidade igualmente diversificada, de acordo com gênero, espécie, família, subespécie, variedade, de diferentes trabalhos úteis — uma divisão social do trabalho. Ela [a divisão social do trabalho] é condição de existência para a produção de mercadorias, embora, inversamente, a produção de mercadorias não seja a condição de existência para a divisão social do trabalho (MARX, 1983, p. 50 apud BARRADAS, 2012, documento on-line). Dessa forma, “[...] o trabalho continua a ser o eixo fundamental da so- ciabilidade humana” (GRANEMANN, 2009, p. 3). Além de ser o sustento das relações sociais, é nele que se assenta a reprodução social. A divisão social do trabalho é o pressuposto histórico da produção de mercadorias, e não o contrário. Tal produção engloba as atribuições individuais ou coletivas produtivas nas estruturas econômicas. Cada sujeito possui uma função na O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho4 estrutura social, fundamento do seu status frente à sociedade. A divisão social do trabalho permite ampliar a capacidade de produtividade por meio da especialização, aumentando a eficiência produtiva e permitindo a comer- cialização de produtos. Permite distinguir o trabalho intelectual do trabalho físico, gerando o surgimento de uma elite social, que utiliza a ideologia e a competência técnico-científica para legitimar a sua posição. Veja como Marx (apud BOTTOMORE, 2012, p. 185) define a divisão social do trabalho: Primeiro, há a divisão social do trabalho, entendida como o sistema complexo de todas as formas úteis diferentes de trabalho que são levadas a cabo inde- pendentemente umas das outras por produtores privados, ou seja, no caso do capitalismo, uma divisão do trabalho que se dá na troca entre capitalistas indi- viduais e independentes que competem uns com os outros. Em segundo lugar, existe a divisão de trabalho entre trabalhadores, cada um dos quais executa uma operação parcial de um conjunto de operações que são, todas, executadas simultaneamente e cujo resultado é o produto social do trabalhador coletivo. Essa é uma divisão de trabalho que se dá na produção, entre o capital e o trabalho em seu confronto dentro do processo de produção. Embora essa divisão do trabalho na produção e a divisão de trabalho na troca estejam mutuamente relacionadas, suas origens e seu desenvolvimento são de todo diferentes. Na visão materialista histórico-dialética, a divisão do trabalho em espe- cialidades produtivas gera uma hierarquia social. Nessa hierarquia, a classe dominante (burguesia) subjuga as classes dominadas ao estabelecer as instituições legitimadoras e deter os meios de produção. Essa dominação é tensa e gera um conflito chamado de luta de classes. Ademais, a especialização das atividades produtivas nas sociedades complexas gerou uma divisão do trabalho social como forma vital de sobrevivência. Assim, ao superar as suas necessidades básicas, a humanidade cria outras. Deve-se considerar que a divisão do trabalho é um meio pelo qual se dá a relação de exploração, os antagonismos e as contradições. Nesse contexto, as relações sociais estão pautadas em interesses diversos. A divisão do trabalho eleva o nível de aperfeiçoamento da sociedade, visto que o trabalho proporciona progressivo bem-estar social. Certamente, o trabalho, bem como o seu progresso pelo avanço da ciência, beneficia a sociedade, permitindo que ela alcance altos níveis de desenvolvimento. Porém, no capitalismo, a classe trabalhadora, embora produtora de bens e riquezas sociais, não usufrui de suas conquistas. Isso ocorre pois “[...] a divisão do trabalho [...] introduz, não só a concorrênciade outros homens, mas também das máquinas. Visto que o trabalhador foi reduzido à máquina, a máquina pode com ele competir” (MARX, 1964, p. 106 apud LUZ, 2008, documento on-line). 5O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho O aprofundamento da divisão do trabalho, provocado pela mecanização, indica que, para o modo capitalista de produção, o trabalhador é apenas um meio. O trabalhador acaba se adaptando aos complexos mecanismos do sistema produ- tor de mercadorias, que visam ao aumento constante da produção de riquezas. Portanto, “[...] a mecanização dos processos de trabalho, que deveria auxiliar o trabalhador nas suas tarefas e contribuir para o seu enriquecimento, se converte num instrumento de opressão do ser humano” (LUZ, 2008, documento on-line). A divisão do trabalho, sob o capitalismo, isola o homem nos limites de uma atividade limitada, imprimindo ao desenvolvimento da personalidade uma direção unilateral, que toma às vezes a forma de uma monstruosa especializa- ção. Longe de se desenvolver universalmente, o homem apega-se à sua esfera de ação e, preso à sua particularidade, limita e mutila o seu ser (VÁZQUEZ, 1968, p. 320 apud LUZ, 2008, documento on-line). Na divisão social do trabalho, a maquinaria se associa ao trabalhador. Este deixa de ter o domínio sobre os meios de produção, o produto de seu trabalho e o processo de produção. O seu trabalho deixa de ser criativo e não apresenta desafios que possibilitariam um desenvolvimento das suas capaci- dades. Esse sistema acaba condenando o trabalhador à execução de uma tarefa repetitiva, que também seria executada por uma máquina. Então, a divisão do trabalho apenas serve aos interesses do capital, e não aos do trabalhador. É, portanto, apenas instrumento de desumanização do trabalhador. A seguir, veja alguns conceitos essenciais para a construção do seu conhecimento acerca do trabalho na sociedade capitalista. Teleologia: diz respeito aos propósitos e finalidades das ações e comportamentos. Segundo Santos (2011, p. 56): “Para a teleologia transformar a realidade objetiva (uma causalidade) em uma causalidade posta, ou seja, em um produto, ela precisa pôr o fim e buscar os meios que possibilitem esse processo”. Mais-valia: segundo Marx e Engels (1988), a mais-valia é o valor excedente não pago ao trabalhador e que se origina na esfera da produção. Esse valor é apro- priado pelo capitalista. Produção e reprodução social: integram o âmbito de relações que articulam a elaboração e a criação de produtos no modo de produção capitalista. Concomi- tantemente, também compreendem não apenas os atos relativos à vida material e biológica do homem, mas aqueles que dão continuidade ao conjunto da vida social, a dado estágio de sociabilidade. O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho6 O Serviço Social e a divisão sociotécnica do trabalho De forma geral, a institucionalização do Serviço Social nos países industria- lizados está associada à progressiva intervenção do Estado nos processos de regulação social. É importante você lembrar-se de que a racionalização da profi ssão se iniciou na década de 1940, período em que o Estado começou a estabelecer vínculos com algumas instituições sociais, principalmente aquelas voltadas à qualifi cação profi ssional e as que trabalhavam com a assistência social. Posteriormente, o período do desenvolvimentismo no Brasil (1950–1960) marcou o Serviço Social, efetivando o seu reconhecimento enquanto profi ssão assalariada e inserida na divisão sociotécnica do trabalho. O Serviço Social nasce como profissão da necessidade gerada pela própria ordem burguesa, que se viu ameaçada por fortes pressões populares da classe trabalhadora. Ou seja, foi o próprio capitalismo que demandou uma profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho que atuasse na esfera da reprodução social e, claro, também na esfera de “controle” dos trabalhadores. As particularidades desse processo no Brasil evidenciam que o Serviço Social se institucionaliza e legitima profissionalmente como um dos recursos mo- bilizados pelo Estado e pelo empresariado, com o suporte da Igreja Católica, na perspectiva do enfrentamento e regulação da Questão Social, a partir dos anos 30, quando a intensidade e extensão das suas manifestações no cotidiano da vida social adquirem expressão política. A Questão Social em suas variadas expressões, em especial quando se manifesta nas condições objetivas de vida dos segmentos mais empobrecidos da população, é, portanto, a “matéria-prima” e a justificativa da constituição do espaço do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho e na construção/atribuição da identidade da profissão (YAZBEK, 2009, p. 148). A inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho viabilizou o movimento de reconceituação, que aconteceu nos anos 1960. O motor das transformações ocorridas no bojo da profissão foi o cenário da instauração da Ditadura Militar no Brasil. Nesse momento, o Serviço Social buscava uma teoria e uma metodologia que fossem adequadas à realidade brasileira, a fim de romper com os modelos importados dos Estados Unidos e da Europa. O movimento de reconceituação possibilitou o questionamento do tradi- cionalismo da profissão. O resultado foram alguns documentos que traçaram mudanças com relação à teoria e à metodologia. A esse processo, José Paulo Netto chama de “perspectiva modernizadora”, que representa a erosão do 7O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho Serviço Social tradicional. Os documentos que fundamentaram esse período foram os de Araxá (1968), Teresópolis (1970) e Sumaré (1978). Nesse contexto, o Serviço Social se aproxima da teoria positivista, que se apoia na análise fragmentada da realidade social, não atentando à historicidade dos fatos, além de ainda carregar os ranços da perspectiva neotomista. Esses documentos são fruto da construção coletiva da categoria, que se reuniu em seminários promovidos pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS). Os documentos de Araxá (teorização do Serviço Social), Teresópolis (metodologia do Serviço Social) e Sumaré (cientificidade do Serviço Social) constituem parte histórica do Serviço Social e foram a base para a discussão da teoria e da metodologia de atuação profissional. O objetivo era reformu- lar a intervenção profissional e repensar a formação de assistentes sociais. Como você sabe, a atuação profissional pode ser condicionada tanto para a materialização de práticas conservadoras, a favor da ideologia dominante, quanto para intervenções com vistas à emancipação dos indivíduos, na busca da materialização do projeto ético-político do Serviço Social. O Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho. Ele atravessou um período de amadurecimento teórico-metodológico que possibilitou a construção de um arcabouço teórico que reflete a realidade brasileira a partir da aproximação com a teoria social crítica. A instauração do Código de Ética, em 1993, fundamentado na teoria social crítica, permitiu que o Serviço Social pensasse um projeto profissional e societário diferente daquele em curso, com base em valores ético-políticos vinculados a uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse novo projeso, as expressões da Questão Social são o objeto de trabalho. Nessa óptica, o assistente social é um profissional habilitado a atuar a fim de ampliar e consolidar os direitos sociais, com vistas a reafirmar o seu com- promisso com a classe trabalhadora no contexto das políticas sociais. Assim, o Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho que conquistou espaço e legitimidade para se profissionalizar e institucionalizar. É uma profissão que atua diretamente com as expressões da Questão Social e possui um aporte teórico-metodológico e técnico-operativo capaz de contribuir com o enfrentamento das mazelas cotidianas vivenciadas pelos sujeitos.A inserção na divisão sociotécnica do trabalho foi legitimada tanto pelo Estado quanto pela sociedade civil, que viu no trabalho do assistente social uma forma de enfrentar as expressões da Questão Social, resultado dos avanços do capitalismo. O assistente social, em seu processo de formação, desen- volve competências e habilidades para atuar com tais expressões. Diante das O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho8 transformações societárias, elas têm ganhado nova roupagem e exigido que o profissional reflita e intervenha na realidade de forma crítica, contribuindo para mudanças na vida dos sujeitos. Veja: As novas exigências do mercado de trabalho impõem ações e papéis profissio- nais cada vez mais multifacetados, voltados à eficiência técnica e à resolução imediata das problemáticas sociais. De fato, sendo o Serviço Social uma profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho, a construção de seu fazer ocorre a partir das demandas de diferentes segmentos de classe, surgidas na heterogeneidade da vida cotidiana. Tais demandas, constituindo-se como objetos da ação profissional, indicam, no âmbito da aparência, necessidades práticas essenciais à produção e à reprodução da vida material dos sujeitos sociais (SIMIONATTO, 2009, p. 117). O exercício da profissão envolve muito mais do que cumprir a rotina buro- crática da instituição. Ele implica propor ações, apresentar e negociar projetos com a instituição e defender o campo de trabalho e o Código de Ética do Serviço Social. Além disso, o assistente social deve ter qualificação e conhecer as suas funções profissionais. É tarefa primordial do assistente social realizar a leitura crítica da realidade para retirar dela as possibilidades e transformá-las em alter- nativas profissionais, projetos e frentes de trabalho. É importante compreender que a conjuntura impõe limites e possibilidades, porém existe um espaço para a atuação profissional que possibilita a proposição de alternativas criadoras. Compreender essas relações impede atitudes fatalistas ou messiânicas diante do processo histórico que se desenvolve. “Tal visão determinista e a-histórica da realidade conduz à acomodação, à otimização do trabalho, ao burocratismo e à mediocridade profissional” (IAMAMOTO, 2000, p. 21). O assistente social deve sempre observar os limites e possibilidades que permeiam o cotidiano da instituição e, assim, elaborar estratégias de ação em consonância com o Código de Ética de 1993. Para assumir um posicionamento ético-político, o profissional deve romper com o teoricismo sem fundamento, bem como com o pragmatismo, que o aprisiona na necessidade de fornecer respostas a demandas imediatas. O assistente social necessita materializar a sua competência, mas não aquela competência da organização. Ou seja, ele deve se imbuir de uma competência crítica para fazer a leitura da gênese dos processos sociais e das desigualdades, refletindo sobre estratégias de ação. Todo projeto e, logo, toda prática, numa sociedade classista, têm uma di- mensão política [...]. Ou seja, se desenvolvem em meio às contradições econômicas e políticas engendradas na dinâmica das classes sociais anta- 9O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho gônicas. Na sociedade em que vivemos (a do modo de produção capitalista), elas são a burguesia e o proletariado. Logo, o projeto profissional (e a prática profissional) é, também, projeto político: ou projeto político-profissional. Detém, como dissera Iamamoto (1992) ao tratar da prática profissional, uma dimensão política, definida pela inserção sociotécnica do Serviço Social entre os distintos e contraditórios interesses de classes (TEIXEIRA; BRAZ, 2009, p. 221). Portanto, analisando o contexto histórico em que foi gestada a profissão, entende-se o Serviço Social como uma especialização do trabalho coletivo, inserida na divisão sociotécnica do trabalho e imersa no desenvolvimento das relações capitalistas. A profissão surge associada às particularidades da Ques- tão Social em um momento histórico determinado, diante da internalização da política econômica como alvo das políticas sociais. Esse marco histórico potencializou as contradições inerentes ao capitalismo, de forma a alterar a dinâmica da sociedade. Além disso, ele redimensionou e refuncionalizou o Estado, constituindo um cenário favorável para a legitimação do Serviço Social frente às demandas que necessitavam de resposta. É claro que o Serviço Social carrega as marcas de uma profissão que surge e se legitima para atuar junto ao capital, resolvendo as demandas muitas vezes de forma paliativa, para garantir o desenvolvimento econômico. Contudo, o processo de amadurecimento da profissão indica que o surgimento de ideais e valores que compõem o novo ethos profissional, para além de solucionar as demandas do capital, tem o objetivo político de fortalecer as classes subalternas como via de concretizar a transformação da sociedade. Essa tarefa pressupõe inúmeros desafios, e o profissional, a partir do arcabouço teórico-metodológico crítico, deve articular propostas para a superação das demandas cotidianas dos seus usuários, trabalhando a conscientização das classes. Acesse o vídeo disponível no link a seguir para saber mais sobre o desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, em especial sobre o movimento de reconceituação da profissão. https://qrgo.page.link/e3PBf O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho10 O Serviço Social como especialização do trabalho coletivo A inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho é um produto histórico. Ela resultou dos embates das classes subalternas no enfrentamento da Questão Social e de políticas do Estado que atribuem especifi cidades à confi guração do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho. O assistente social é requisitado a atuar junto às demandas sociais emergentes que são produto do crescimento acelerado do capitalismo, podendo estar inserido em diversos espaços socio-ocupacionais e atuando em várias políticas sociais. Veja: A profissão é aqui compreendida como um produto histórico e, como tal, adquire sentido e inteligibilidade na história da sociedade da qual é parte e expressão. O Serviço Social afirma-se como uma especialização do trabalho coletivo, inscrito na divisão sociotécnica de trabalho, ao se constituir em expressão de necessidades históricas, derivadas da prática das classes sociais no ato de produzir seus meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada. Assim, seu significado social depende da dinâmica das relações entre as classes e dessas com o Estado nas sociedades nacionais em quadros conjunturais específicos, no enfrentamento da “questão social” (IAMAMO- TO, 2000, p. 203). O processo de amadurecimento teórico-metodológico do Serviço Social no decorrer da história fez com que a categoria profissional se posicionasse politicamente frente às demandas sociais. Há duas legislações principais que embasam e protegem a atuação profissional: a Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993, que dispõe sobre a profissão de assistente social e dá outras providências; e o Código de Ética do Serviço Social, criado em 1993. O Código de Ética define como opção política da categoria um projeto profissional que se vincula à construção de uma nova ordem societária, sem dominação e exploração. Mesmo inserido numa sociedade contraditória, ao assumir uma posição política, o assistente social pode estar a serviço de uma das classes. Ou seja, pode fortalecer a classe trabalhadora por meio de uma intervenção que vise à transformação cotidiana dos sujeitos. Durante o processo de desenvolvimento econômico do Brasil, o Serviço Social mostrou o seu significado. Mesmo com uma atuação de controle social submissa aos interesses da classe dominante e respaldada pelo poder do Estado, a profissão vivenciou um amadurecimento que levou à sua legitimação na 11O Serviço Social na divisão sociotécnica dotrabalho sociedade capitalista e garantiu o seu reconhecimento legal perante o Estado, bem como a confiança da classe trabalhadora. É, portanto, uma especialização do trabalho coletivo, e o assistente social se insere na cena contemporânea da reprodução da vida social cotidiana. Considere o seguinte: É na implementação de políticas sociais, e, em menor medida, na sua for- mulação e planejamento, que ingressa o Serviço Social. Destarte, diante de alterações sociais substantivas — tais como as que atravessaram o Estado e a sociedade civil no país nas duas últimas décadas — a profissão viu-se obrigada a se redefinir, pois, como a sociedade burguesa, também ela não se conforma como um “cristal sólido, mas como um organismo capaz de mudar e que está em constante mudança”, nos termos de Marx (IAMA- MOTO, 2000, p. 203). Se você analisar a categoria “trabalho” em seu conceito ontológico, vai notar que o assistente social, em sua atuação profissional, coloca em prática as suas capacidades teleológicas ao criar estratégias de ação para o enfren- tamento das demandas da Questão Social. Tais estratégias são construídas a partir do arcabouço teórico-metodológico do Serviço Social, ou seja, a partir do conhecimento adquirido e fundamentado na teoria social crítica. Portanto, o trabalho do assistente social se torna especializado justamente por se realizar a partir de um conhecimento específico e que se materializa de forma concreta na realidade, por meio da transformação social do coti- diano dos indivíduos. Esse processo de compra e venda da força de trabalho especializada em troca de um salário faz com que o Serviço Social ingresse no universo da mercantilização, no universo do valor. A profissão passa a constituir-se como parte do trabalho social produzido pelo conjunto da sociedade, par- ticipando da criação e prestação de serviços que atendem às necessidades sociais. Ora o Serviço Social reproduz-se como um trabalho especializado na sociedade por ser socialmente necessário: produz serviços que atendem às necessidades sociais, isto é, têm um valor de uso, uma utilidade social. Por outro lado, os assistentes sociais também participam, como traba- lhadores assalariados, do processo de produção e/ou de redistribuição da riqueza social. Seu trabalho não resulta apenas em serviços úteis, mas ele tem um efeito na produção ou na redistribuição do valor e da mais-valia (IAMAMOTO, 2000, p. 24). Diante desse contexto, é importante considerar as transformações ocorridas no mundo do trabalho com relação à globalização. Afinal, a profissão vem sendo afetada por alterações no modo de produção que ocorrem nos espaços O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho12 em que está inserida. Segundo Iamamoto (2000, p. 262), novas estratégias para o enfrentamento das expressões da Questão Social por parte da sociedade civil organizada e do Estado se relacionam com “[...] a reestruturação produtiva, a reforma do Estado segundo os parâmetros neoliberais, o agravamento da questão social manifesta nas multifacetadas formas de expressão das desi- gualdades sociais”. Embora regulamentado como uma profissão liberal na sociedade, o Serviço Social não se realiza como tal. Isso significa que o assistente social não detém todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho: finan- ceiros, técnicos e humanos necessários ao exercício profissional autônomo. Depende de recursos previstos nos programas e projetos da instituição que o requisita e o contrata, por meio dos quais é exercido o trabalho especiali- zado. Em outros termos, parte dos meios ou recursos materiais, financeiros e organizacionais necessários ao exercício desse trabalho é fornecido pelas entidades empregadoras. Portanto, a condição de trabalhador assalariado não só enquadra o Assistente Social na relação de compra e venda da força de trabalho, mas molda a sua inserção socioinstitucional na sociedade brasileira (IAMAMOTO, 2000, p. 63). No contexto institucional em que o assistente social se insere, ele deve definir com clareza as dimensões contempladas em seu trabalho, ou seja, o que é e o que faz o Serviço Social. Essa definição possibilita ao profissional apresentar propostas de trabalho para além daquilo que lhe é requisitado. Dessa forma, ele amplia o seu campo de atuação em consonância com as suas competências e atribuições, definidas tanto no Código de Ética de 1993 quanto na lei de regulamentação da profissão, dando legitimidade ao seu espaço na divisão sociotécnica do trabalho. Segundo Silva e Souza (2017, documento on-line), a relativa autonomia é parte constitutiva da profissão, “[...] apresentando-se como uma ferramenta que possibilita ao/a assistente social construir sua intervenção profissional, tendo como referência a compreensão de seu papel profissional na reprodução contraditória das relações sociais”. Nesta direção, cabe problematizarmos que o projeto de profissão assumido pelos profissionais constitui uma mediação para o exercício da relativa au- tonomia. Não esqueçamos que, embora prevaleça uma direção social para a profissão, o corpo profissional não é homogêneo, o que implica dizer que as respostas profissionais podem vincular-se ou não ao projeto profissional hegemônico. Portanto, devemos dar a devida importância a cada mediação que se coloca à relativa autonomia, analisando com cautela os condicionantes e determinantes éticos, culturais e objetivos que dinamizam o seu exercício (SILVA; SOUZA, 2017, documento on-line). 13O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho Compreender o que é e o que faz o Serviço Social é o que fundamenta o entendimento acerca da relativa autonomia do assistente social. A partir daí, é possível ampliar o campo de autonomia, o que pode ser encarado como uma forma de manobra e de liberdade na condução de respostas profissionais orientadas pelos estatutos éticos e legais. Como você viu, diante da especiali- zação do trabalho coletivo do assistente social, a profissão ganhou uma nova roupagem em seu amadurecimento, chegando a adotar um Código de Ética. Esse documento defende a classe trabalhadora e se aproxima de valores como a equidade e a justiça social, visto que a profissão assume um posicionamento político frente aos desmandos do capital. BARRADAS, L. F. D. Marx e a divisão do trabalho no capitalismo. 2012. 148f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Uni- versidade Federal de Alagoas, Maceió, 2012. Disponível em: http://www.repositorio.ufal. br/bitstream/riufal/2279/1/Marx%20e%20a%20divis%C3%A3o%20do%20trabalho%20 no%20capitalismo.pdf. Acesso em: 20 out. 2019. BOTTOMORE, T. (ed.). Dicionário do pensamento marxista. Rio de janeiro: Zahar, 2012. GRANEMANN, S. O processo de produção e reprodução social: trabalho e sociabili- dade. In: CFESS. (org.). Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. São Paulo: Cortez, 2009. IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis- sional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. LESSA, S. Mundo dos homens: trabalho e ser social. 3. ed. Instituto São Paulo: Lukács, 2012. LESSA, S. O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade. In: CAPACITAÇÃO em serviço social e política social: reprodução social, trabalho e serviço social. mod. 2. Brasília, DF: UnB, 2006. LUZ, R. S. Trabalho alienado em Marx: a base do capitalismo. 2008. 101f. Dissertação (Mes- trado em Filosofia) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: http:// repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/3502/1/000408014-Texto%2BCompleto-0. pdf. Acesso em: 20 out. 2019. MARX, K.; ENGELS. F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. MARX, K.; ENGELS. F. O capital: o processo de produção do capital. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988. v. 1-2. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/ marx/1867/ocapital-v1/vol1cap07.htm.Acesso em: 20 out. 2019. O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho14 SANTOS, C. M. Na prática a teoria é outra?: mitos e dilemas na relação entre teoria, prática, instrumentos e técnicas no serviço social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. SILVA, J. A.; SOUZA, M. A. S. P. A relativa autonomia na literatura do Serviço Social: elemen- tos constitutivos do debate. Textos & Contextos, v. 16, n. 2, ago./dez. 2017. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/fass/ojs/index.php/fass/article/view/26658/16420. Acesso em: 20 out. 2019. SIMIONATO, I. As expressões ideo-culturais da crise capitalista na atualidade e sua influência teórico-prática. In: CFESS. (org.). Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009. TEIXEIRA, J. B.; BRAZ, M. O projeto ético-político do Serviço Social. In: CFESS. (org.). Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009. YAZBEK, M. C. O significado sócio-histórico da profissão. In: CFESS. (org.). Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009. Leitura recomendada MOVIMENTO de reconceituação / renovação do serviço social. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo. Publicado pelo canal Serviço Social para Concursos. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=cOE4Ikkpfxo. Acesso em: 20 out. 2019. 15O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho Dica do professor Analisar o processo de amadurecimento do Serviço Social é imprescindível para compreender o posicionamento político da profissão na contemporaneidade. O trabalho do assistente social é legitimado pela sociedade devido ao reconhecimento de que o profissional tem estratégias para construir, com os seus usuários, os meios para a superação das dificuldades cotidianas. Na Dica do Professor, veja mais sobre o Serviço Social inserido na divisão sociotécnica do trabalho e também sobre a especialização do trabalho do assistente social. O trabalho do assistente social incide sobre as condições materiais e sociais daqueles que são objeto de sua ação, cuja sobrevivência depende do trabalho. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/71d3843dabd49fb641bc4352468adb0e Exercícios 1) O trabalho é uma atividade inerente ao ser social. É por meio dele que são construídas as relações sociais. Por se tratar de uma atividade humana, quais são os efeitos resultantes do trabalho? A) Transformação do homem e da natureza. B) Alienação frente ao processo de produção. C) Reificação do processo de trabalho. D) Pensar na mente a ação, mas não a concretizar. E) Transformação nos meios de produção. 2) A partir dos anos 1940, período de industrialização do capitalismo no Brasil, o Serviço Social passou a ser uma profissão requisitada para atuar com as expressões da questão social. Isso legitimou sua inserção na divisão sociotécnica do trabalho. Isso favoreceu qual evento importante para a profissão no período? A) A elaboração do Código de Ética de 1993. B) A aproximação com a teoria social crítica. C) A construção do Movimento de Reconceituação. D) O posicionamento político a favor da classe trabalhadora. E) A mobilização e a organização da classe trabalhadora. 3) Diante da legitimidade da inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho, o assistente social se insere em diversos espaços ocupacionais para atuar com as demandas advindas das expressões da questão. Considerando a conjuntura da sociedade capitalista, qual(is) aspecto(s) é(são) importante(s) para viabilizar a atuação profissional? A) As contradições dos espaços sócio-ocupacionais. B) Se está atuando de forma conservadora. C) Se está atendendo aos interesses da instituição. D) Os limites e as possibilidades. E) A disponibilidade de recursos. 4) Sendo o Serviço Social um produto histórico da sociedade capitalista e que adquire sentido nessa sociedade, o que determina o enfrentamento e as estratégias de embate da questão social? A) São determinados pelas relações de manutenção do status quo da classe dominante. B) São determinados pela forma de produção e reprodução dos meios de vida e de trabalho das classes sociais. C) São determinados pela manutenção dos interesses de classe e pelo controle social exercido pelo Estado. D) São determinados pelo conjunto de políticas sociais que têm por objetivo elevar as classes à emancipação social. E) São determinados pelo viés conservador das classes dominantes e pela manutenção das classes subalternas oprimidas. 5) O trabalho especializado do assistente social tem uma utilidade na sociedade ao produzir serviços voltados para satisfazer as necessidades sociais. A inserção na divisão sociotécnica do trabalho e na especialização do trabalho coletivo tornou o trabalho profissional participante de qual processo? A) Processo de controle social e manutenção da hegemonia da classe dominante. B) Processo de fortalecimento e manutenção do poder do Estado. C) Processo de elaboração e gestão das políticas sociais. D) Processo de exploração e alienação do trabalho. E) Processo de produção e/ou de redistribuição da riqueza social. Na prática O assistente social é um profissional requisitado para atuar junto às demandas sociais emergentes, que são produto do crescimento acelerado do capitalismo, podendo estar inserido em diversos espaços sócio-ocupacionais e atuar em várias políticas sociais. Conforme o desenvolvimento do capital, surgiu a necessidade histórica de uma profissão que atendesse às demandas emergentes das expressões da questão social, sendo, portanto, o Serviço Social uma especialização do trabalho coletivo para atuar com tais demandas, resultantes da produção e da reprodução social. Veja, em Na Prática, como o assistente social pode atuar com as demandas sociais com base em seus pressupostos teórico-metodológicos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ba69ddaf-20b3-4342-9b66-a26619701a83/a114f85c-6903-4cf7-8a68-5a88e599448d.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Definição de trabalho e mais-valia para Karl Marx Neste vídeo, é apresentada a categoria "trabalho" de forma bem didática, enfatizando que não apenas o trabalho foi se transformando com o tempo, mas também as relações de trabalho. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/Bm82LQxQXXc