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1 1. Absorção 2. Distribuição 3. Metabolismo (biotransformação) 4. Eliminação (excreção) PROCESSOS FARMACOCINÉTICOS (E SUAS INTER RELAÇÕES Desde quando o fármaco é administrado, dependendo da sua apresentação farmacêutica existe uma liberação, ou seja, uma quebra dessa apresentação farmacêutica, se iniciando desta forma a absorção e essa absorção faz com que uma porcentagem deste fármaco caia nos compartimentos centrais (na imagem é a corrente sanguínea). Fazendo com que desta forma, a partir da corrente sanguínea, ele seja distribuído para o local onde vai ter essa ação. Mas também, ele pode ir para alguns reservatórios que não estavam previstos ou também pode ter uma ação em locais inesperados e daí então terá alguns efeitos adversos que podem ser importantes. Ao mesmo tempo, esse fármaco passa pelo o fígado para que seja muitas vezes inativado, para que seja de lipossolúvel transformado em hidrossolúvel, principalmente se ele for excretado via renal e para que seus metabólitos sejam inativos (precisa estar inativo porque no momento em que ele estiver sendo liberado, não tenha ação). ABSORÇÃO A primeira fase de deslocamento dos medicamentos é a absorção. A absorção compreende justamente este transporte do fármaco. Do local da sua administração até ele chegar na corrente circulatória, onde ele vai ser distribuído para o organismo todo. Portanto, desde o momento em que ele é administrado, este fármaco precisa ultrapassar as barreiras biológicas importantes até conseguir chegar dentro do vaso sanguíneo. Este movimento é o chamado de absorção Existem fatores importantes relacionados do quanto será absorvido, por exemplo: • Via de administração/forma farmacêutica • pH do meio • pKa (seria o pH do fármaco) • Membranas celulares • Biodisponibilidade – que seria a concentração que chegou até a região da corrente sanguínea FORMA FARMACÊUTICA SÓLIDAS: comprimidos, cápsulas, drágeas, pós, granulados, premix, tabletes SEMI-SÓLIDA: pomadas, cremes, géis, pastas, loções LÍQUIDAS: suspensões, gotas, xarope, colírios, injetáveis *dentro de cada grupo de medicamento em relação ao local de ação desse medicamento, se o animal possa receber na via oral ou injetável, saber qual o estado de 2 saúde daquele animal, se ele pode receber injetável ou por outro via. É desta forma que vamos eleger essa forma farmacêutica. EFEITO SISTÊMICO x LOCAL Enteral – significa que utilizou alguma via do trato digestório para administrar a medicação. Está se falando principalmente da via oral/bocal ou via retal, ou seja, pela boca ou pelo o reto. Portanto, são vias que utilizam o trato digestório como via de administração Parenteral – são as vias que não são enterais *todos os medicamentos pela a via oral chegando na região do estômago. No estômago, dependendo do pH o medicamento já sofre uma pequena taxa de absorção, portanto, já começa a ter o efeito sistêmico porque uma quantidade cairá na corrente sanguínea e uma outra parte irá para a região do intestino, só que antes de ganhar a circulação sanguínea para ser distribuído para os outros órgãos, esses medicamentos passam por uma primeira fase de biotransformação no fígado. Então, do intestino eles ganharam a via porta hepática, cai no fígado, sofre uma primeira biotransformação e logo depois são distribuídos para o organismo. *NÃO ESQUECER: todos os medicamentos orais acabam passando por essa via de primeira fase sofrendo transformações para depois serem distribuídos pelo organismo. A via retal é uma via muito interessante, principalmente quando há a impossibilidade de administração pela via oral. Por exemplo em animais bravos ou ainda nas situações em emergência onde você não consegue o acesso venoso tão fácil, como em um animal que está convulsionando que é difícil acessar um vaso sanguíneo. *contudo nem sempre a via retal resulta em uma concentração plasmática homogênea por conta da característica de circulação que há nesta região. Então muitas vezes pode-se ter uma concentração plasmática abaixo do esperado desde aquele tempo ou as vezes tem uma absorção tão grande que este animal possui o efeito clínico pretendido, mas pode ter efeito adverso bastante importante. Ou seja, essa absorção retal é muito interessante, porém por sua absorção pode ser muito irregular fazendo com que o resultado clínico não seja o esperado. As vias que não são entéricas, ou seja, que não passam pelo o trato digestório são as vias parenterais. Onde terá as vias injetáveis, como intravenosa (IV), intramuscular (IM) e subcutânea (SC). Via Intravenosa – por esta via é possível fazer grandes volumes, porém os medicamentos precisam ser hidrossolúveis o suficiente para que não cause irritações de vasos sanguíneos Via Intramuscular – muito utilizada. Não se pode fazer grandes volumes, não se faz a fluidoterapia pela via intramuscular porque pode distender a musculatura e isso pode causar lesões, é bastante dolorido. Essa via é reservada para medicações mais oleosas. No cão e no gato se faz na musculatura pélvica. É preciso tomar cuidado na inclinação de agulha/entrada porque dependendo da profundidade as vezes pode ser que acesse o nervo ciático/isquiático fazendo com que o paciente possa ter depois dores importantes. 3 Ainda na via parenteral, há a via inalatória. A via inalatória é feita em algumas emergências como oferecer oxigênio, as vezes se dá medicações anti- inflamatórias, bronquiodilatores (asma ou bronquite). É usada também em alguns tipos de anestesia, como anestesia geral na modalidade inalatória e isso porque os pulmões são muito vascularizados, portanto, medicamentos que caem nos pulmões são rapidamente distribuídos e no caso dos anestésicos locais rapidamente eles ganham a circulação sanguínea e são transportados para a região de sistema nervoso central e tendo a ação pretendida. VIA DE ADMINISTRAÇÃO VO – PECULIARIDADES • Cães e gatos possuem rápido esvaziamento gástrico. Por exemplo: Uma medicação X que em uma outra espécie, o medicamento ficaria 3 horas no estômago para depois ser eliminado, porém no cão e no gato há um esvaziamento muito mais rápido, então, fica muito menos tempo neste estômago. Este muitas vezes é o grande problema de transpor uma medicação de uma espécie para outra espécie em que é preciso pensar nessas alterações fisiológicas. O movimento do intestino gira em torno de 9-12h fazendo com que as vezes medicações de liberação programada que fazem com que esta liberação seja muito mais longa. Nas medicações por exemplo, existe comprimidos que são projetados para que cada parte deste comprimido seja absorvido diante de um X tempo, então a parte mais exterior deste comprimido é absorvido mais rápido e as partes internas levam horas fazendo com que pequenas concentrações desse fármaco seja liberado continuamente, porém dependendo se o intestino se movimenta muito rápido, o medicamento ficará muito menos tempo no intestino, portanto, será absorvido muito menos fármaco. • As aves possuem o papo (dilatação do esôfago). A absorção no esôfago é quase nula e quanto mais o conteúdo nesta região for seco, muito menos ele progride para as regiões onde vai haver absorção adequada fazendo com que desta forma o tempo de absorção daquele medicamento seja muito grande de 3-20h, se diminui a absorção, diminui muito concentração plasmática e vai demorar para ser distribuído para chegar até os receptores e pode-se ter o comprometimento do efeito clínico pretendido. Então, nas aves se as medicações forem dadas orais, o ideal é tenha o veículo mais líquido para que seja facilmente absorvido e encaminhado para todo o trato digestório para que isso ocorra no tempo adequado. • Nos bovinos e nos pequenos ruminantes há um problema em que o volume da região gástrica desses animais é um volume muito grande, portanto, é preciso utilizar medicações parabovinos mesmo. O volume no rúmen dos bovinos é de 100 litros, nos ovinos e caprinos 10 litros. E esse volume grande pode fazer com que dependendo do medicamento, ele fique diluído neste volume. O pH da região de rúmen, retículo gira em torno de 5,5-6,5, ou seja, ainda é um pH ácido (em pH ácido, medicações de ácido fraco são melhores absorvidas). Então, medicamentos básicos para um pH ácido não serão muito bem absorvidas, demora muito. Nos bovinos, as medicações VO pode ser feita e é feita por meio de bolus, onde ela projetada para que haja uma liberação programada e geralmente ao longe de um grande período. Pode-se também fazer administração direta no rúmen (injetável). É importante lembrar também que o uso de medicamentos antibacterianos podem ‘’matar’’ as bactérias que estão no rúmen e causar algumas alterações digestivas. 4 TRANSMUCOSA ORAL x SUBLINGUAL Algumas medicações que são administradas na cavidade oral já possuem um mecanismo de serem rapidamente absorvidas em região oral mesmo fazendo com que nenhuma parte ou uma insignificante parte deste medicamento consiga progredir do estômago, intestino e terem as perdas de primeira fase para depois serem distribuídos. São medicações próprias para que sua absorção ocorra na mucosa gengival que é muito vascularizada ou ainda algumas medicações podem ser absorvidas de baixo da língua que são as sublinguais. Esses fármacos após sua absorção já caem na jugular, vão para a veia cava cranial, átrio direito e são rapidamente distribuídos pelo organismo. TÓPICA x EFEITO SISTÊMICO APLICAÇÃO TIPO POUR-ON OU SPOT-ON Spot-on – cuja aplicação é muito localizada em uma parte do corpo, geralmente em uma região onde o animal não terá acesso. Onde terá uma ação principalmente de ectoparasitas ou endoparasitas. Para ectoparasitas não terá uma absorção sistêmica, porém, se for para endoparasitas é preciso ter uma absorção sistêmica para ter a ação. Por exemplo: parasitas que estejam no intestino Pour-on – grandes animais onde o medicamento será administrado em uma região muito maior de superfície do animal, geralmente na região do dorso e a medicação será absorvida ao longo do tempo. Podendo ter uma ação tópica ou sistêmica. MEMBRANA CELULAR Durante a absorção para chegar no vaso sanguíneo, o fármaco precisa ultrapassar as membranas biológicas. Importante não esquecer que as membranas biológicas possuem uma bicamada de lipídeos. Portanto, o medicamento que tiver uma maior facilidade em ultrapassar essa bicamada lipídica, muito mais facilmente vai cair na corrente sanguínea. O fármaco precisa possuir alguma característica para conseguir ultrapassar adequadamente, porém o fármaco não pode ser lipossolúvel demais, é preciso que tenha uma parte hidrossolúvel pois o mesmo irá permear algumas regiões de água até chegar nas membranas celulares, mas ele também não pode ser hidrofílico demais porque se não, ele não consegue permear adequadamente essa camada bilipídica que há na membrana celular. COMO O FÁRMACO CONSEGUE ULTRAPASSAR A MEMBRANA LIPÍDICA: • A) O fármaco pode fazer isso por difusão passiva, ou seja, sem gasto de energia, sem utilização de transportadores especiais • B) Pode fazer pode meio da difusão facilitada onde haverá um transportador, mas sem gasto de energia • C) Em transporte ativo, onde há o transportador, mas ele cobra para que este fármaco ultrapasse essa membrana celular. Passarão do meio menos concentrado para o meio mais concentrado • D) Há também alguns fármacos que acabam sendo incorporados à essa membrana por meio de invaginações, portanto, por meio de endocitose a membrana acaba englobando esses fármacos que geralmente são moléculas grandes. Na difusão passiva pode-se ter medicamentos que são hidrossolúveis e lipossolúveis. Os fármacos hidrossolúveis ultrapassam por meio de poros que existem entre as células que compõem essa membrana celular 5 *os fármacos precisam ser projetados a passarem de forma mais facilmente nas membranas e quanto mais lipossolúvel o fármaco for, mas facilmente ele vai ultrapassar esta membrana sem gasto de energia. BARREIRAS BIOLÓGICAS Dependendo da estrutura celular de algumas regiões do organismo, essas passagens não serão tão facilitadas assim, como por exemplo a região de sistema nervoso central que possui a barreira hematocefálica que é justamente uma barreira onde os vasos sanguíneos não possuem células que permitem a entrada de medicamentos hidrossolúveis, ou seja, essas células não possuem um ‘’vãozinho’’ entre uma e outra, elas são justapostas (não deixam lacunas) fazendo com que para ultrapassar essa barreira biológica, o medicamento precisa possuir um caráter lipossolúvel. Portanto, o medicamento para ter ação em sistema nervoso central, ele precisa ter um caráter suficiente de lipossolubilidade para ultrapassar a membrana. Com exceção de algumas situações de doença onde há alteração de permeabilidade celular como uma meningite (processo inflamatório) e neste momento alguns grupos de fármaco consegue permear essa barreira mesmo não sendo lipossolúveis. Outra membrana importante é a placenta. A placenta possui um objetivo de proteção pro feto, contudo, alguns medicamentos podem ganhar este tipo de barreira biológica, ter contato com o feto e as vezes o fármaco é excretado sem causar alterações neste feto. Porém, há algumas medicações que podem interagir com o feto promovendo alterações morfológicas importantes, abortos e até alterações incompatíveis com a vida. pH pKa Todas as vezes que for dar um fármaco (qualquer via) é preciso pensar qual que é o pH da região onde esse medicamento vai ser absorvido, se esse meio é um meio ácido ou se esse meio é um meio básico. Deve-se pensar também qual que é a facilidade de ionização desse medicamento, então, se facilmente ele vai se ionizar ou se ele não vai se ionizar para que seja mais absorvido adequadamente neste pH. Normalmente as medicações são ácido fraco ou uma base fraca, nunca são um ácido forte e nem uma base forte porque não possuem facilidade de dissociar (dissociar é as moléculas se separarem e tornarem uma porção dessa molécula ionizada, ou seja, um eletro) 6 *eu dei uma medicação via oral para o meu paciente ácido ou base fraca e ele vai chegar no estômago e ao chegar no estômago, haverá as células do estômago que são polarizadas, portanto, apresentam potencial elétrico (potencial de membrana – em uma situação normal fora da célula há um potencial positivo e no interior dessa membrana há um potencial negativo). O fármaco precisa ter uma capacidade de passar a membrana e passar por esses potenciais elétricos para finalmente chegar no vaso sanguíneo e serem distribuídos. *para entender de pH e pKa – quanto menos o medicamento ‘’brigar’’ com esses potenciais elétricos da membrana, mais ele irá conseguir ultrapassar facilmente a membrana e chegar na corrente sanguínea. Então, se o fármaco tiver um pKa cuja estrutura dele não fique ionizada, ou seja, que ele fique na forma molecular, ele será muito mais facilmente absorvido. Já, se ele ficar em uma forma ionizada, se ele possuir um potencial elétrico, ele não vai conseguir permear tão facilmente assim essa membrana que está também com um potencial elétrico natural dela e isso fará com que fiquem brigando fazendo com que o fármaco fique no estado ionizado e no ionizado esta absorção pode ser mais dificultada tanto para o medicamento ácido fraco como para base fraca. *é preciso adequar o pH do medicamento ao pH da região onde ele vai sofrer absorção para que ele seja mais ou menos absorvido. Queremos que ele seja absorvido, então ele precisa estar na forma não ionizada que é a forma molecular, quando ele está na forma ionizada a absorção dele de tal região é muito menor. Todas as vezes que o ácido não se dissocia, ou seja, elenão se separa, ele está na forma molecular e a forma molecular é muito mais lipossolúvel (não ionizada) E essa forma que é ionizada é mais hidrossolúvel, mais dificilmente absorvida porque vai ter que achar lacunas entre as células para conseguir passar por essa região. *medicamento ácido fraco no meio ácido – facilmente absorvido quando está na forma molecular *LEMBRETE: grande parte das medicações orais, existe o objetivo de que haja uma porcentagem de absorção no estômago porque já vai cair na corrente circulatória e depois essa medicação vai passar por uma grande concentração pro intestino e o intestino tem o pH mais básico. Um anti-inflamatório, antibacterianos são ácidos fraco porque vão começar a ser absorvidos no estômago. 7 Não-ionizado = forma molecular = +lipossolúvel Ionizado = forma dissociada = +hidrossolúvel *imaginar que uma dessas medicações é um ácido fraco que tem um pKa, a constante de ionização dela é 4,4 (é uma constante baixa) ela vai tender a ficar ácida e quando ela está no meio ácido (região de estômago). Esse medicamento que é o ácido fraco quer doar o H+, porém, ele está no meio ácido e esse meio ácido também quer doar o H+, portanto, os dois querem e isso quer dizer que essa equação vai ir para o lado onde esse ácido não vai conseguir se ionizar (todo mundo quer se livrar desse H+, o ácido quer se livrar do H+ e a base quer ganhar esse H+). A equação vai pra direção desse ácido na forma molecular que é uma forma que facilmente consegue ultrapassar a barreira lipídica porque possui uma característica de ser lipossolúvel. O ácido fraco ultrapassa a barreira lipídica e ganha a região da corrente circulatória, chegando na corrente sanguínea o pH é básico girando em torno de 7,4 (deu-se uma medicação ácido fraco, conseguiu passar a barreira lipídica e o medicamento caiu em um pH básico e o pH básico gosta do H+. Portanto, esse ácido fraco quer doar o H+ e esse meio básico quer ganhar o H+ e esse fármaco que inicialmente é ácido fraco, ele acaba se ionizando e neste momento se tornando hidrossolúvel ficando aprisionado nesse meio porque ele não consegue mais voltar pra região das células estomacais porque a membrana possui uma característica de ser lipossolúvel e agora, o medicamento está no plasma, mas não está mais na forma molecular e sim ionizada que é mais hidrossolúvel. *LEMBRETE: as medicações ácido fraco possuem essa primeira absorção em estômago, mas depois tem o esvaziamento gástrico e essas medicações que não tiveram sua absorção total no estômago, elas terminam sua absorção na região do intestino (no intestino o pH tende a ser mais básico). O intestino é um órgão com uma extensão muito grande que possui vilosidades e fazendo com que a área de contato desse fármaco seja muito mais intensa, então em algum momento esse fármaco será absorvido. BIODISPONIBILIDADE *biodisponibilidade é a passagem do medicamento da região de administração e quanto ele chega na corrente sanguínea Na via intravenosa, rapidamente terá concentrações plasmáticas máximas desse fármaco Na via oral, a concentração inicial administrada quando começa a ser distribuída, essa concentração já abaixou muito. Por isso que quando comparado com a via intravenosa, as medicações orais possuem uma biodisponibilidade muito baixa 8 FATORES QUE INTERFEREM NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS *inflamação – o estado de inflamação pode alterar permeabilidade do fármaco na molécula. Então, se houver um quadro de inflamação pode ser que os fármacos consigam ultrapassar mais facilmente, então terá uma absorção maior. *inchaço – que é o edema. Quando tiver pús por exemplo, terá muito mais líquido para esse fármaco conseguir ultrapassar barreiras. FATORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE DE ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS DISTRIBUIÇÃO Transporte do fármaco do vaso sanguíneo para os tecidos para que finalmente o fármaco chegue ao local onde terá ação que são nos receptores. Depende de alguns fatores como: • Fármaco livre x Fármaco ligado às proteínas • Vasos sanguíneos – quantidade de vasos sanguíneos naquela região • Volume aparente de distribuição • Possibilidade de acúmulo de medicamento em alguns compartimentos – onde não há receptores então tem um deposito de fármacos em alguns tecidos no qual não terá efeito • Meia vida de eliminação *Perfusão sanguínea – órgãos perfundidos irão receber mais rapidamente e em uma maior concentração desses fármacos. *quando o fármaco passa por todo o processo de absorção e chega ao vaso sanguíneo, uma parte desse medicamento fica na sua forma que é chamada de livre e é essa parte do fármaco que consegue passar as células do vaso sanguíneo porque uma parte desse medicamento acaba se ligando em algumas proteínas que estão no sangue, como a globulina, glicoproteína, albumina. Fazendo com que desta forma só o fármaco que está livre é que consegue ultrapassar a barreira 9 celular do vaso sanguíneo, chega ao interstício e consegue chegar ao receptor, finalmente se ligando a ele. O fármaco que está ligada na proteína, não consegue ultrapassar porque as proteínas são moléculas grandes. Então, para esse fármaco chegar ao seu local de ação, ele precisa se desligar da proteína, ou seja, se torna uma fração livre e daí então ganhar os tecidos e chegar aos receptores. • Albumina – geralmente se liga a ácidos fracos • Glicoproteína – geralmente se liga as bases fracas • Afinidade = período de ação – a facilidade do fármaco de identificar a proteína e se liga é o que chamamos de afinidade. E a facilidade de se desligar da proteína está relacionado ao período de ação daquele medicamento porque o fármaco que demora para se desligar da proteína, demora também para ele sair do vaso sanguíneo e chegar ao seu receptor, haverá então um maior período de ação desse medicamento. • Competição (alta x baixa ligação) = efeitos adversos – as vezes é preciso dar ao paciente duas medicações. Por exemplo: medicação A e medicação B. a medicação A e B possuem afinidade por se ligar a uma mesma proteína, como a albumina, porém o fármaco A possui uma afinidade muito grande e nessa competição de quem vai se ligar mais ou menos, o fármaco B perde e haverá uma fração livre do fármaco B muito maior do que do fármaco A que teve uma afinidade muito grande por essa albumina e isso faz com que a passagem desses fármacos do vaso sanguíneo para o interstício seja muito maior e a ação desse fármaco B também será mais rápida, mas os efeitos adversos podem ser maiores • Albumina: > mamíferos x < aves. A albumina é uma proteína muito importante que se liga aos fármacos VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO (Vd) REAL OU APARENTE (Vda) (lipossolubilidade) Volume de distribuição está relacionado a distribuição desses medicamentos nos vários compartimentos hídricos do organismo • Volume real: volume no qual o fármaco se distribui (cálculo dose) – calcular a dose é necessário para que essas quantidades sejam distribuídas de forma similar entre os vários compartimentos hídricos • Volume aparente: plasma = tecidos – a concentração do fármaco no plasma tem que ser igual ao dos tecidos 1 ou ml/kg FÁRMACO: Quanto mais lipossolúvel for esse medicamento, muito maior o volume de distribuição, ou seja, será distribuído de uma forma mais facilitada Quanto maior a fração livre, maior vai ser o volume de distribuição – terá muito mais moléculas desse fármaco ultrapassando o vaso sanguíneo e caindo nos tecidos. PACIENTE: • Idade, peso • Hemodinâmica • Pt • Doenças Importante para que se consiga adequar uma medicação aos volumes de distribuição desse paciente. Por exemplo: no paciente pediátrico, sabe-se que a quantidade de água quando se compara com o idoso é diferente. O paciente pediátrico tem muito mais água do que o paciente idoso que tem muito mais gordura.Então, nesse paciente pediátrico, medicações hidrossolúveis consigam ser distribuídas facilmente e no paciente idoso, os medicamentos lipossolúveis. Sempre deve-se pesar para imaginar como essa dose vai ser distribuída com relação aos volumes de água desse corpo todo. Em relação a hemodinâmica - se o animal está hidratado adequadamente porque se não estiver hidratado adequadamente, essa extensão de distribuição pode ser prejudicada porque não há uma quantidade de água 10 normal neste corpo. Em uma disfunção cardíaca importante, onde terá alteração de pressão, alteração de bombeamento do coração pode interferir com distribuição do fármaco. Nas doenças como hipoalbunemia também pode interferir no volume de distribuição porque se o paciente tiver uma baixa concentração de albumina, maior será a fração livre e maior será o volume de distribuição que pode ser bom, mas pode ocorrer efeitos adversos importantes. ACÚMULO DE MEDICAMENTO EM COMPARTIMENTOS Distribuição x Redistribuição Durante o período de distribuição, o fármaco pode ir para o tecido onde vai se ligar ao receptor, mas ele também pode ir para outros compartimentos orgânicos, onde não é do interesse que ele fosse Tiopental – anestésico geral *é administrado pela via intravascular, rapidamente ele atinge uma concentração plasmática máxima e também rapidamente ele acaba diminuindo essa concentração porque ele começa a ser distribuído para os compartimentos e chega a outros tecidos. Um dos efeitos negativos com relação ao tiopental é a curva do tecido adiposo porque tem uma parte desse medicamento que também acaba indo para este compartimento que não interessava, mas por sua característica lipossolúvel esse fármaco começa a lentamente se acumular no tecido adiposo. 256 minutos após a administração em IV há uma elevação importante com relação a essa concentração do tiopental. O tecido adiposo é pobremente vascularizado, mas possui vasos bem finos e assim como demora para chegar, também demora para sair. O paciente anestesiado com tiopental demora para acordar porque há uma concentração de tiopental que se acumulou no tecido adiposo e quando ele vai saindo desse tecido adiposo, ele ganha a circulação novamente, é distribuído para o cérebro e para os tecidos periféricos e isso faz com que o paciente demore para se recuperar. BIOTRANSFORMAÇÃO transformação química de substâncias, endógenas ativos e exógenas, visando favorecer sua eliminação. Temos o fígado como o órgão principal de biotransformação, mas o pulmão também pode ser um órgão de biotransformação. O processo de biotransformação visa inativar as substâncias para que elas sejam facilmente excretadas e durante o processo de excreção, ela não tenha atividade biológica no paciente. Também visa que uma medicação que é lipossolúvel e a excreção for renal, precise sofrer uma biotransformação de lipossolúvel para hidrossolúvel, esse processo de biotransformação ocorre principalmente no fígado. A biotransformação conta com reações químicas de primeira fase e reações de segunda fase. Essas reações possuem por objetivo de: • Diminuir/eliminar a ação de compostos • Facilitar a excreção (lipossolúveis em hidrossolúveis) • Ativar fármacos (pro droga, metabólito ativo – essas fases podem ativar fármacos que são dados em uma forma inativa que é o que chamamos de pro-droga. Por exemplo: o meticorten (corticoide que é Prednisona – Prednisona é a forma inativa do fármaco e ao chegar no fígado, reações de primeira fase, o medicamento é ativado e na sua forma de prednisolona que é a porção ativa desse medicamento. • A segunda fase possui função de inativar os metabolitos que são parte do fármaco que já teve ação no receptor e que precisam ser excretados. 11 Alguns fármacos hidrossolúveis já podem ir direto para a fase dois (fase de inativação de metabólitos para que ele seja eliminado). Mas, se o medicamento é lipossolúvel, necessariamente, ele precisa passar na primeira fase (que é a fase que também inativa, mas que justamente auxilia na transformação do lipossolúvel para o hidrossolúvel para facilitar sua eliminação) e por meio de reação de oxidação, redução ou hidrólise e em seguida irá passar para a fase dois, onde ele vai ser inativado para melhor ser excretado. Na primeira fase temos reações que ocorrem em microssomos – reações microssomais no retículo endoplasmático liso por exemplo. Algumas das reações estão relacionadas ao grande grupo de enzimas que são enzimas do tipo Citocromo P450. Essas enzimas participam das reações químicas de oxidação, redução e hidrólise para justamente favorecer com que os medicamentos se tornem hidrossolúveis para serem excretados pela via renal. Para que os medicamentos sejam excretados na sua forma inativada. O metabólito inativado é considerado o mais adequado depois da ação do fármaco, que ele seja eliminado em sua forma inativa, com exceção de algumas situações como por exemplo se ele for inativado pela a via urinária, existe alguns antibacterianos que são utilizados para infecção de rim e de bexiga, esse metabólito neste momento precisa ser ativo porque justamente, é no momento da excreção que o metabólito terá contato com o órgão e conseguir matar/diminuir a atividade das bactérias. No momento de facilitar a eliminação, o fármaco precisa ser inativado e é inativado por meio de reações químicas com substratos orgânicos – temos o ácido glicurônico, ácido acético, ácido sulfúrico e aminoácido que irão pegar o metabólito e inativá-lo, desta forma durante a excreção o fármaco acaba não tendo ação. O ácido acetilsalico que era um fármaco ativo sofreu hidroxilação e houve a substituição do radical carboxila por uma hidroxila transformando em metabólito que também é ativo que é o ácido salicílico. Em uma segunda fase para que esse metabólito fosse inativado foi adicionado um carboidrato denominado ácido glucuranico ou glicuronico onde o ponto de ligação foi o adicionamento da hidroxilação por meio do processo de hidrólise e adição da hidroxila. Facilitando assim a eliminação do ácido salicílico. Na segunda fase haverá algumas peculiaridades com relação as espécies. Algumas espécies possuem uma deficiência com relação a enzimas fazendo com que a conjugação seja mais lenta, portanto, o paciente fica muito mais tempo com medicações e as vezes com os efeitos adversos também *felinos – não podem receber um monte de medicação. Na segunda fase muito dos medicamentos necessitam de um grupo de enzimas que estão deficientes (glicuronil transferase) 12 *com relação a primeira e segunda fase existe alguns medicamentos que podem alterar a funcionalidade das enzimas de primeira fase e segunda fase. Portanto, há algumas enzimas que alteram uma atividade de determinada enzima desse grande grupo do P450. *EXEMPLO: O fenobarbital (utilizado no tratamento do cão e gato com convulsões), faz com que uma via enzimática seja muito maior do que ela deveria ser fazendo com que dessa forma se der uma outra medicação para o paciente que também utiliza essa via de biotransformação, então se essa via estiver aumentada irá promover uma biotransformação muito mais rápida do outro fármaco que foi dado e isso interfira na ação do medicamento B porque vai aumentar a velocidade de biotransformação e velocidade de excreção. Assim como há medicamentos que pode inibir uma via enzimática *EXEMPLO DOIS: o fluconazol é um antifúngico – diminui a atividade de primeira fase de enzimas denominada CYP2C9 e se o paciente estiver tomando warfarina (anticoagulante), o fluconazol diminui a velocidade de metabolismo da warfarina e se diminui a atividade de metabolismo, também irá diminuir a atividade de excreção e haverá maiores concentrações de warfarina no sangue. MEIA VIDA DE ELIMINAÇÃO Orientando sobre: • Duração de açãoapós uma única dose • Tempo de eliminação de um medicamento (washout) • Frequência de dose *tempo necessário para que a concentração plasmática de um determinado agente terapêutico se reduza à metade. EXCREÇÃO (ELIMINAÇÃO) Última fase onde há a eliminação de fármacos pelo organismo. • Excreção renal • Excreção biliar – as vias biliares irão desembocar no intestino • Ar expirado, suor, lágrimas • Excreção pelo leite • Excreção pelo ovo *excreção pelo leite e pelo ovo são vias de excreção importantes por serem consumidos. *o medicamento lipossolúvel possui a possibilidade de ser transformado em hidrossolúvel e ser eliminado pelos rins, porém, existe medicações lipossolúveis que serão pouco transformadas na forma hidrossolúvel, então vão ser eliminadas pelas vias biliares. Contudo, mesmo que esse medicamento lipossolúvel vai ser eliminado via biliar, uma parte desse metabólito pode cair de novo na circulação da veia porta, ir para o fígado novamente e ter sua redistribuição. 13 *eliminação de metabólitos que não esteja ligado a proteína. Portanto, o fármaco que estiver ligado a proteína e que não sofreu totalmente a sua distribuição, não consegue ser eliminado. Quem consegue ser eliminado é aquele metabólito que está livre. FATORES QUE INTERFERIREM NA EXCREÇÃO RENAL Depuração Renal ou Cleareance Renal É calculado como será a retirada do metabólito via urina • Volume de plasma que contém a quantidade de substância que é removida pelo rim por unidade de tempo (litros/h ou ml/min). Então, na verdade a depuração é o líquido que vai passando e a capacidade desse rim de remover essa substância, mas isto está relacionado ao volume que passa no rim. Portanto, se houver algumas alterações de volume, como por exemplo, se o paciente estiver desidratado, o tempo para retirar essa substância do sangue vai se alterar. Isso dependerá da: • Filtração glomerular; • Secreção ativa nos túbulos proximais; • Reabsorção passiva da urina para o sangue ao longo de todo o túbulo renal *para que tenha a quantidade de substância removida pelo rim por uma unidade de tempo é preciso que essas estruturas renais estejam funcionando adequadamente, caso não estejam funcionando, o rim não será capaz de excretar as substâncias. *quando o pH e o pKa são iguais tem-se a formação molecular da substância, ela é mais lipossolúvel, consegue ultrapassar facilmente a barreira celular. No caso quando a substância deve ser excretada, ela não pode ficar na forma molecular porque na forma molecular, será absorvida pelas células. Nesse momento, se alterar o pH da urina, conseguirá com que esse ácido fraco da medicação consiga se dissociar e se torna ionizada e na forma ionizada, a substância irá brigar com a polaridade, ou seja, com o potencial elétrico da célula, não conseguindo ser absorvida. Em uma intoxicação com fenobarbital no paciente, esse fármaco é um ácido fraco e para favorecer a excreção da substância, pode-se alcalinizar a urina porque desta maneira haverá uma fração do metabólito que estará em sua forma ionizada, ou seja, hidrossolúvel e daí então o metabólito vai ser excretado rapidamente. CICLO ENTERO-HEPÁTICO Os metabólitos que são eliminados pelos canalículos biliares vão para o intestino, porém há uma circulação promovendo uma absorção de alguma porcentagem dos metabólitos que irão cair novamente na corrente circulatória. 14 APLICAÇÃO PRÁTICA DA FARMACOCINÉTICA • Latência • Pico de ação • Duração de ação O PERÍODO DE LATÊNCIA Tempo entre a administração até o aparecimento do primeiro efeito clínico. Depende: - Velocidade de absorção - Velocidade de distribuição - Localização do sítio alvo (receptor) PICO DE AÇÃO Concentração máxima atingida Resultado entre da absorção/distribuição e metabolismo/excreção *no gráfico é possível ver que o medicamento em mais ou menos10 minutos atingiu sua concentração máxima possível DURAÇÃO DE AÇÃO Intervalo de tempo entre latência e término de ação desejada Depende: velocidade de distribuição e excreção total
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