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Uma filosofia da linguagem divina: os atos de fala de Deus, o mundo e 
 a história humana na narrativa bíblica 
 A philosophy of divine language: God's speech acts, the world and human history in the 
 biblical narrative 
 Lucas Furlaneto Ávila 1
 Resumo: Este ensaio é um estudo sobre uma filosofia da linguagem a partir das 
 Escrituras judaico-cristãs. Considerando que a filosofia da linguagem, como disciplina e 
 campo de pesquisa, costuma se ocupar principalmente com questões de valor de 
 verdade, semântica, pureza lógica etc., este trabalho também tem por objetivo uma 
 abordagem alternativa à linguagem, a partir de uma fonte pouco usual na filosofia: a 
 Bíblia. Além disso, este artigo pretende defender, a partir da teoria dos Atos de fala, de 
 John L. Austin, com auxílio das Confissões de Santo Agostinho e de teólogos 
 contemporâneos como Kevin Vanhoozer, que as palavras proferidas pelo Deus da Bíblia 
 devem ser entendidas como atos de fala que determinam o enredo da história humana, 
 especialmente na história contida na narrativa bíblica. 
 Palavras-chave: Linguagem. Atos de fala. Narrativa bíblica. Logos. 
 Abstract: This essay is a study about a philosophy of language from the 
 Judeo-Christian Scriptures. Considering that the philosophy of language, as a discipline 
 and a research field, is usually concerned with questions of truth value, semantics, 
 logical purity, etc., this essay also aims at an alternative approach to the language, from 
 an unusual source in philosophy: The Bible. Furthermore, this essay intends to defend, 
 from John L. Austin's theory of Speech Acts, with the help of the Confessions of St. 
 Augustine and contemporary theologians such as Kevin Vanhoozer, that the words 
 spoken by the God of the Bible must be understood as speech acts that determine the 
 plot of human history, especially in the story contained in the biblical narrative. 
 Keywords : Language. Speech acts. Biblical narrative. Logos. 
 *** 
 Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, 
 e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca. 
 Ele ajunta as águas do mar num só lugar; 
 das profundezas faz reservatórios. 
 Toda a terra tema o Senhor; 
 tremam diante dele todos os habitantes do mundo. 
 Pois ele falou, e tudo se fez; 
 ele ordenou, e tudo surgiu 
 (Salmo 33:6-9) 
 1 Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: lucasfavila@live.com . 
mailto:lucasfavila@live.com
 Uma filosofia da linguagem divina 
 Introdução 
 Buscando, de certo modo, uma alternativa aos modos tradicionais de conceber a 
 linguagem, e pensando na relevância e na antiguidade das Escrituras judaico-cristãs, 
 nosso propósito com este ensaio é de procurar estabelecer qual seria a visão acerca da 
 linguagem que este livro sagrado apresenta. Além disso, acreditamos que, exatamente 
 pela importância cultural e religiosa deste livro, investigações acerca das contribuições 
 linguísticas que ele possa trazer, são sempre bem-vindas. Também pensamos que, uma 
 abordagem alternativa a partir de uma fonte que é igualmente alternativa (pelo menos 
 no meio filosófico), pode ser útil, já que a linguagem tem sido quase sempre analisada 
 em termos apenas propositivos e declarativos. De fato, a filosofia da linguagem se 
 ocupa quase que exclusivamente com questões de valor de verdade, semântica, pureza 
 lógica etc. 
 Para realizar esta investigação de uma “teoria” bíblica da linguagem, 
 procuramos, acima de tudo, nos voltar ao próprio texto sagrado. Para nos auxiliar, 
 recorremos também a escritos de teólogos e comentadores do texto bíblico, além de 
 apelar para as ideias de John Austin que, segundo nos parece, podem auxiliar na 
 compreensão dos modos como a linguagem é tratada na Bíblia. 
 A dificuldade (ou a beleza) desta análise linguística das Escrituras se encontra no 
 fato dela ser uma narrativa e não um livro filosófico. Essa constatação nos leva não a 
 uma simples tarefa sistemática ou estritamente teológico-filosófica, mas a uma viagem 
 por um desvendamento progressivo não só de como a linguagem se comporta na Bíblia, 
 mas também de como o próprio Deus se mostra nela (através da linguagem). Por fim, 
 nosso objetivo não é tratar da visão bíblica da linguagem de forma exaustiva. Pelo 
 contrário, nossa proposta aqui é de, através de uma “filosofia imaginativa teológica”, 
 explorar apenas uma parcela dessa vasta história humana e divina. 
 1. Disse Deus: haja! E houve 
 “Haja luz!” . Esse é o modo como o livro de Gênesis narra a origem do universo. 2
 Isso significa, segundo o relato bíblico, que tudo veio a existir por meio da linguagem, 
 2 Gênesis 1.3. In: Bíblia Sagrada: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2000. 
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 que o universo é “o resultado da palavra dinâmica de Deus.” (KAISER JR, 1980, p. 74). 
 “Falaste e o mundo foi feito. Tua palavra o criou.”, escreveu Agostinho, em suas 
 Confissões. (2017, p. 332). Se o mundo é uma obra de arte, “Gênesis 1 é uma 
 apresentação do Artista” na qual aprendemos que Deus é a “Fonte misteriosa e pessoal” 
 do universo e que “esse Deus, sem início e sem fim, meramente profere uma palavra de 
 ordem a fim de trazer à existência todo o restante que existe.” (BARTHOLOMEW e 
 GOHEEN, 2017, p. 40). O primeiro evento da narrativa bíblica é, por si só, uma 
 amostra bastante significativa a respeito da visão sobre a linguagem que ela possui, isto 
 é, a de que dizer é o mesmo que fazer. Na Bíblia, palavras são criadoras de realidade, 
 motores da história e reveladoras do caráter divino: “Deus simplesmente fala, e sua 
 poderosa palavra cria." (CARSON, 2007, p. 115). 
 Essa “filosofia da linguagem divina” nos remete às ideias de John Austin a 
 respeito do assunto. Segundo Austin, “dizer algo é fazer algo” (1990, p. 29). Sua teoria 
 parte da limitação que uma visão exclusivamente semântica da linguagem possui, já que 
 as condições de verdade não se aplicam a sentenças que ele chama de “performativas”. 
 As sentenças performativas são aquelas que não descrevem nem declaram os atos que se 
 praticam: proferir uma sentença performativa é, pelo contrário, o mesmo que realizar o 
 ato nela contido. Entre os exemplos apresentados por Austin, estão sentenças de 
 contextos como o do casamento, no qual dizer “aceito” não descreve o ato de aceitar, 
 mas, na verdade, realiza a ação de aceitar; e do batismo, em que dizer “eu batizo este 
 barco com tal nome” não é descrever o ato de batizar, mas é a própria ação de atribuir 
 um nome ao objeto (1990, p. 24). Como dito acima, os valores de verdade não são 
 aplicáveis a esse tipo de sentença. 
 O ato de falar como sendo uma forma de ação é, segundo o teólogo americano 
 Kevin Vanhoozer, um “tema conhecido na Bíblia”: 
 A palavra de Deus é algo que Deus diz, algo que Deus faz e (com referência à 
 encarnação) algo que Deus é. Quanto às Escrituras, elas não são apenas a 
 divulgação de informações a respeito de Deus (revelação), mas uma coleção 
 de diversos tiposde atos comunicadores divinos. (2016, p. 63). 
 A Bíblia conta uma história. Mas não apenas uma história descritiva (ou 
 constatativa). É claro que, entre os muitos estilos literários dos livros da Bíblia, há 
 declarações descritivas. Contudo, em sua essência, a narrativa bíblica é uma história das 
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 palavras-feitos de Deus: “dizer que Deus falou e dizer que ele fez costumam ser a 
 mesma coisa.” (WARD, 2017, p. 23-24). No início do universo, o silêncio existencial é 
 rompido pela voz divina, que preenche cada espaço ainda “sem forma e vazio” (Gênesis 
 1.2). Se o ato criacional de Deus é realizado única e exclusivamente por intermédio da 
 palavra, então podemos dizer que “enquanto Deus não falou, não existia nada.” 
 (KIDNER, 1979, p. 41). Timothy Ward (2017, p. 24) observa que, quando as Escrituras 
 descrevem Deus dizendo “haja” e determinada coisa vem a existência imediatamente, 
 temos que o desejo expresso de Deus de que algo exista e a criação desse algo “são duas 
 maneiras de descrever o mesmo acontecimento”. Para Vanhoozer, uma teologia 
 evangélica, isto é, cristã, “não precisa escolher entre o Deus que fala e o Deus que age” 
 (2016, p. 79). 
 Teríamos aqui, então, uma relação pensamento-linguagem-mundo, na qual o que 
 Deus deseja, fala e cria acontecem imediata e simultaneamente. Nas Escrituras, essa 
 relação poderia ser chamada de desejo-palavra-criação (principalmente ao analisar o 
 relato da criação de Gênesis 1), mas seria possível propor ainda outras denominações, 
 como desejo-palavra-ato, plano-promessa-cumprimento, desígnio-palavra-realização 
 etc. 
 1.1. As palavras-feitos de Deus 
 Hans Urs von Balthasar, teólogo do século XX, elaborou a ideia de 
 “palavra-feito” ( Tatwort ) ao se deparar com a tradução que Goethe fez do primeiro 
 versículo do Evangelho de João: “no princípio era o feito ” (VANHOOZER, 2016, p. 
 63). A passagem do evangelho de João se refere a Jesus como sendo o Logos, que 
 geralmente é traduzido por Verbo ou Palavra (“no princípio era o Verbo”). É 
 significativo que nas Escrituras cristãs ambos os testamentos comecem com afirmações 
 a respeito da linguagem: no Antigo Testamento o universo é criado pela palavra 
 criadora de Deus; no Novo Testamento descobrimos que essa palavra criadora é o 
 próprio Filho de Deus (“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada 
 do que existe teria sido feito.” - João 1.3) . 3
 3 F.F. Bruce, ao comentar o primeiro verso do Evangelho de João (“No princípio era o Verbo...”), afirma 
 que “não é por acaso que o evangelho inicia com a mesma frase de Gênesis. Em Gênesis 1.1, ‘no 
 princípio’ inicia a história da primeira criação; aqui a expressão inicia a história da nova criação. Nas 
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 A Bíblia, portanto, é Palavra de Deus em dois sentidos. Primeiro, porque fala 
 sobre Deus; segundo, porque o próprio Deus faz coisas e revela a si mesmo por meio de 
 palavras. Vanhoozer vai dizer que a linguagem, na visão bíblica, não é apenas um 
 instrumento de “processamento de informações”, mas sim “um rico meio de ação 
 comunicadora e de interação pessoal” (2016, p. 64). Ou seja, Deus não só informa e 
 ensina seus mandamentos pela linguagem, como também, por meio da palavra, age e se 
 relaciona com os seres humanos criados. 
 Essa relação reveladora de si mesmo de Deus para com os seres humanos se dá 
 por meio de proferimentos de promessas, não só para indivíduos, como também para a 
 comunidade de Israel e a respeito da comunidade de todos os seres humanos. É esse o 
 modus operandi divino que encontramos na chamada de Deus a Abraão: 
 Então o Senhor [Deus] disse a Abrão: ‘Saia da sua terra, do meio dos seus 
 parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de 
 você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você 
 será uma bênção’. (Gênesis 12.1-2). 
 Aqui, seria possível imaginar que Deus, como soberano e poderoso, poderia ter 
 movido Abraão de seu lugar geográfico simplesmente por meio de sua providência. 
 Mas, em vez disso, “Deus age falando”: 
 Ele chama Abraão e lhe faz uma promessa de aliança, convidando-o a 
 aceitá-la como base sólida para confiar que ele cumprirá o que prometeu (Gn 
 12.1-3). Ao dirigir a Abraão as palavras de uma promessa [...], Deus se 
 compromete com um curso de ação fiel [...]. Com essas palavras, Deus define 
 e explica o objetivo de sua atividade redentora futura, comprometendo-se 
 com um curso específico de ação na história. (WARD, 2017, p. 26). 
 Deus começa a história da redenção (em Abraão) assim como começou a história 
 da criação: falando (KIDNER, 1979, p. 105). A ideia de que “Deus costuma agir 
 simplesmente falando” não é, como observa Ward, apenas sobre alguns pontos 
 importantes da história bíblica. Na verdade, por todo Antigo Testamento encontramos 
 esse padrão plano-promessa-cumprimento, no qual “Deus vincula suas ações futuras às 
 palavras de sua promessa.” (2017, p. 26-27). Os atos de fala de Deus, principalmente as 
 duas obras de criação o agente é a Palavra de Deus” ( João: introdução e comentário. São Paulo: Vida 
 Nova; Mundo Cristão, 1987, p. 33). 
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 Uma filosofia da linguagem divina 
 promessas que ele faz, são o que “põem a história de Israel em movimento, estruturam a 
 vida da nação e moldam seu futuro.” (VANHOOZER, 2016, p. 80). 
 Como vimos, John Austin fala a respeito das sentenças performativas, isto é, 
 sentenças que, ao serem proferidas, realizam os atos que estão contidos nelas mesmas. 
 Podemos dizer, voltando ao ato criador de Deus por meio da fala, que a palavra-feito 
 “haja luz” é um exemplo apropriado desse tipo de sentença, já que não seria possível 
 aplicar a ela as condições semânticas de verdade, uma vez que não se trata de uma 
 “declaração ou proferimento constatativo - que, ao contrário do performativo, é 
 verdadeiro ou falso” (AUSTIN, 1990, p. 52). 
 Entretanto, se as condições de verdade não se aplicam às sentenças 
 performativas e, por consequência, também não servem para analisar as palavras-feitos 
 de Deus, que condições temos para analisar esse tipo de sentença? 
 2. Uma linguagem viva e eficaz 
 “A palavra de Deus é viva e eficaz ”, afirma o autor da carta aos cristãos hebreus 
 do primeiro século. Além disso, a palavra divina é “mais afiada que qualquer espada de 
 dois gumes: penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os 
 pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4.12). Se a linguagem divina é “viva e 
 eficaz”, penetrante e julgadora dos corações humanos, então ela possui um propósito, 
 um objetivo de ação, uma dimensão performativa. O próprio Deus, por meio do profeta 
 Isaías, diz: “assim também ocorrecom a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará 
 para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei.” 
 (Isaías 55:11). A palavra divina, portanto, é teleológica. Aquilo que é dito nas 4
 Escrituras sempre traz em si o plano (vontade, desejo, propósito) de Deus. O que Deus 
 diz é julgado pelo acontecimento (cumprimento) ou não do que foi dito. Assim sendo, 
 para analisar as sentenças performativas de Deus (suas palavras-feitos), podemos 
 recorrer uma vez mais a John Austin. 
 Austin valora as sentenças performativas por meio do que podemos chamar de 
 condições de felicidade, isto é, aplica a esse tipo de enunciado um status de “feliz ou 
 sem tropeços” (1990, p. 30) ou “malogrado” (p. 31). Basicamente, um enunciado 
 performativo será bem-sucedido (“feliz”) caso atinja seu objetivo, que varia de acordo 
 4 Grifo nosso. 
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 com o contexto, e será malsucedido (“malogrado”) caso contrário . Entretanto, para que 
 seja considerado bem-sucedido ou “feliz”, um proferimento performativo deve 
 satisfazer as condições de felicidade descritas por Austin (1990, p. 31), que, segundo 
 pensamos, podem ser resumidas da seguinte maneira: deve existir um procedimento 
 convencionalmente aceito, as pessoas envolvidas no procedimento devem ser adequadas 
 e o procedimento deve ser realizado de maneira correta e completa. Além disso, os que 
 participam do procedimento devem ser sinceros (devem ter a intenção de agir de acordo 
 com o que dizem) e, por fim, os participantes devem continuar agindo de acordo com o 
 que foi dito. 
 Não é tão fácil adequar a visão geral da bíblia acerca da linguagem às condições 
 de felicidade propostas por Austin. Contudo, em alguns casos é possível identificar 
 como as palavras-feitos de Deus são, nos termos de Austin, bem-sucedidas. No exemplo 
 apresentado anteriormente, em que Deus se dirige a Abraão proferindo uma promessa, 
 constatamos que todas as condições de felicidade são, de certa forma, satisfeitas. No 
 entanto, nos contextos bíblicos de proferimentos performativos, nem sempre há a 
 necessidade de que ambas as partes envolvidas no procedimento sejam adequadas ou 
 permaneçam agindo de acordo com o que foi proferido. No caso de Abraão, por 
 exemplo, que recebeu a promessa de uma grande descendência a partir de um filho que 
 ele teria na velhice (Gênesis 12.2; 15.4), constatamos, no decorrer da narrativa, que 
 apenas Deus se manteve fiel a sua promessa, enquanto que o velho Abraão tomou uma 
 espécie de atalho ao recorrer à sua serva para gerar um herdeiro (16.1-15). 
 2.1. Condições de fidelidade 
 Nas Escrituras, portanto, a maioria dos proferimentos performativos de Deus são 
 alicerçados apenas na própria fidelidade divina, sem a necessidade de os demais 
 envolvidos manterem-se fiéis. A aliança de Deus com Noé, de nunca mais destruir a 
 terra por meio de um dilúvio (Gênesis 9.11); a promessa feita a Abraão de uma 
 descendência que seria benção para todos os povos da terra (12.1-3); ou a profecia de 
 que o rei Davi teria um descendente que reinaria para sempre (I Crônicas 17.7-14) são 5
 exemplos desta realidade bíblica: “se somos infiéis, ele [Deus] permanece fiel, pois não 
 5 Os cristãos acreditam que essa promessa foi cumprida em Jesus Cristo que, em sua humanidade é 
 descendente de Davi e, em sua divindade, “reina à direita de Deus” (1 Pedro 3.22). 
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 pode negar-se a si mesmo.” (II Timóteo 2.13). As condições de felicidade na teoria 6
 bíblica da linguagem não são, deste modo, as mesmas que aquelas propostas por John 
 Austin, apesar de em alguns casos ser possível aplicá-las. Na verdade, para os atos de 
 fala de Deus, podemos dizer que a condição mais importante ou a condição definidora 
 para que o processo seja adequado é a fidelidade de Deus: 
 Embora os montes sejam sacudidos e as colinas sejam removidas, ainda 
 assim a minha fidelidade para com você não será abalada, nem a minha 
 aliança de paz será removida", diz o Senhor, que tem compaixão de você. 
 (Isaías 54:10). 
 3. Austin e Deus: atos de fala divinos 
 Por fim, para ajudar a distinguir entre sentenças performativas e constatativas, é 
 necessário “considerar desde a base em quantos sentidos se pode entender que dizer 
 algo é fazer algo, ou que ao dizer algo estamos fazendo algo, ou mesmo os casos em 
 que por dizer algo fazemos algo.” (AUSTIN, 1990, p. 85). Para isso, Austin (1990, p. 
 85-94) elabora uma distinção entre três camadas do ato de fala: (1) ato locucionário , 
 que corresponde ao “ato de ‘dizer algo’ nesta acepção normal e completa”; (2) ato 
 ilocucionário, que se trata da “realização de um ato ao dizer algo” ou da força 
 performativa (“realizar um ato locucionário é, em geral, [...] realizar um ato 
 ilocucionário.”); e (3) ato perlocucionário, que inclui “o que, de certo modo, são 
 consequências” do ato ilocucionário. 
 Contudo, segundo Austin, há uma distinção entre o ato ilocucionário e o ato 
 perlocucionário, pois deve-se distinguir “a ação que fazemos (no caso uma ilocução) de 
 sua consequência.” (1990, p. 97). Nesse ponto, o filósofo aborda a questão da 
 intencionalidade, já que consequências podem surgir de maneira involuntária a partir do 
 ato ilocucionário, e, portanto, torna-se imprescindível “distinguir uma tentativa de um 
 ato consumado, um ato intencional de um não-intencional.” (AUSTIN, 1990, p. 95). 
 A narrativa bíblica é uma viagem em um trem de atos ilocucionários (OHMANN 
 apud VANHOOZER, 2016, p. 80). Deus participa e movimenta a história humana pela 
 linguagem. A história da Bíblia, como vimos, é realizada pelas palavras-feitos de Deus, 
 6 Em outros casos, contudo, promessas e profecias são proferidas por Deus com a condição de que os 
 demais envolvidos também cumpram sua parte (p. ex. II Crônicas 7.14). 
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 que se compromete com um determinado curso de ação. As promessas divinas aos 
 personagens bíblicos são formas de Deus fazer algo: realizar seus planos e, em especial, 
 o plano da redenção. Deus, na visão bíblica, age por meio da fala e é “membro da 
 comunidade linguística”: 
 Por que haveríamos de ficar surpresos diante da afirmação de que Deus fala? 
 Afinal, as Escrituras o retratam sistematicamente como agente do discurso, o 
 Deus que fala para indivíduos e nações de diversas maneiras – por intermédio 
 de sonhos, profetas, leis, alianças – embora, nesses últimos dias, ele nos tenha 
 falado por meio de seu Filho (Hb 1.2). (VANHOOZER, 2016, p. 194). 
 Nos atos de fala divinos, sempre estão presentes simultaneamente a ilocução e a 
 perlocução. Isto é, há sempre o aspecto da intencionalidade, mencionado por Austin. 
 Quando Deus fala, sua intenção é realizaralgo, é cumprir o que diz: “Deus não é 
 homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e 
 deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Números 23:19). As 
 palavras-feitos de Deus, isto é, seus atos de fala, são, portanto, carregadas de 
 intencionalidade. 
 4. Cristo: a palavra pronunciada eternamente 
 “Mas, como falaste?”, questiona Santo Agostinho, em sua oração, 
 imediatamente após declarar, em conjunto com as Escrituras, que o mundo foi criado 
 pela Palavra de Deus: “Tua palavra o criou.” (2017, p. 332). Como é possível que Deus 
 tenha falado se não havia nenhum corpo físico criado para emitir ondas sonoras? Pois, 
 se foi 
 com palavras sonoras que disseste ‘Que se façam o céu e a terra!’ [...], é que 
 já havia, antes do céu e da terra, uma criatura corporal, cujos movimentos 
 temporais haviam feito vibrar essa voz no tempo. Mas não havia corpo algum 
 antes do céu e da terra, ou se algum existia, tu certamente já o tinhas criado 
 sem o intermédio de uma voz de palavras sucessivas [...] (AGOSTINHO, 
 2017, p. 332). 
 De acordo com o relato de Gênesis, não havia nada por meio do qual Deus 
 pudesse falar. Segundo a tradição cristã, tudo foi criado por Deus ex nihilo , ou seja, a 
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 partir do nada. Então, se não foi por palavras proferidas por um corpo físico 7
 anteriormente criado, “de que palavra te serviste?” (AGOSTINHO, 2017, p. 333). 
 Afinal, como Deus falou e criou? Agostinho de Hipona se volta para o início do 
 Evangelho de João para responder essa dúvida: 
 No princípio era o Verbo 
 e o Verbo estava com Deus 
 e o Verbo era Deus. 
 No princípio, ele estava com Deus. 
 Tudo foi feito por meio dele 
 e sem ele nada foi feito 
 (João 1.1-3). 8
 No Livro XI das Confissões, Santo Agostinho chega à conclusão de que é por 
 meio do Verbo que Deus diz eternamente tudo o que diz e que “existe tudo o que 
 mandas que exista”. Esse Verbo, intermediário do ato criacional de Deus, é a “palavra 
 pronunciada eternamente e na qual tudo é pronunciado eternamente”, que não pode ser 
 “uma sequência de palavras, ou uma palavra que termina e é seguida por outra”, mas 
 uma Palavra em que “tudo é dito ao mesmo tempo e eternamente” (2017, p. 333). O 
 Verbo, isto é, o Logos ( λογος ), é a “voz” pela qual o mundo foi criado. E este Verbo, que 
 “tornou-se carne e viveu entre nós”, é o próprio Jesus Cristo, o “Unigênito vindo do Pai, 
 cheio de graça e de verdade” (João 1.14), o Filho “por meio de quem [Deus] fez o 
 universo” (Hebreus 1.2). Deus, portanto, segundo Agostinho, não cria nada a não ser 
 dizendo o Verbo, ou seja, pronunciando “a palavra pronunciada eternamente” (2017, p. 
 333). 
 Percebemos no Verbo de Deus, o Cristo, além de seu poder criacional, duas 
 outras características linguísticas: a comunicação não verbal do Deus-Filho que revela o 
 Deus-Pai e o poder transformador das palavras-feitos de Jesus. 
 4.1. “Quem me vê, vê o Pai” 
 8 Tradução da Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. A citação em forma de poesia vem da 
 sugestão de alguns estudiosos de que há a possibilidade do trecho de João 1.1-18 ter sido um hino cristão 
 do primeiro século e de que o trecho em questão tenha sido escrito em “prosa rítmica” (ÁVILA, Lucas. 
 Gosp”EU”: o individualismo na música gospel brasileira contemporânea, São Paulo: Ase Editorial, 
 2017, p. 24). 
 7 Santo Agostinho, no livro XII das Confissões, afirma: “Mas fora de ti nada existia com que pudesses 
 fazer o céu e a terra, ó Trindade una, Unidade trina. Por isso criaste do nada o céu e a terra, essa 
 imensidão e essa pequenez.” (2017, p. 365). 
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 Após algum tempo de ministério, prestes a ser entregue para a crucificação, 
 Jesus afirma para os seus discípulos que ele mesmo é “o caminho, a verdade e a vida” e 
 que “ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.”. Além disso, Jesus continua sua fala 
 afirmando que quem conhece ele de fato também conhece o Pai: “Já agora vocês o 
 conhecem e o têm visto.” (João 14.6-7). Então, um dos doze apóstolos, Filipe, faz um 
 pedido: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.” (14.8). Jesus, então, um pouco 
 incomodado com aquele pedido, diz a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai. Como você pode 
 dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” (14.9). 
 Jesus afirmou, com todas as letras, que toda a sua vida e todas as suas obras e 
 milagres estavam o tempo todo comunicando, de forma não-verbal, quem era o 
 Deus-Pai. Após a morte, ressurreição e ascensão aos céus de Jesus, os cristãos de fato 
 creram nisso. O apóstolo Paulo, em sua carta aos cristãos da cidade de Colossas, por 
 exemplo, afirmou que Jesus Cristo “é a imagem do Deus invisível” (Colossenses 1.15). 
 Além disso, o autor da epístola aos hebreus diz que “o Filho [o Cristo] é o resplendor da 
 glória de Deus e a expressão exata do seu ser.” (Hebreus 1.3). 
 Na visão bíblica, portanto, há uma linguagem sem palavras por meio da qual o 
 próprio Messias se utilizou para comunicar algo sobre Deus. Na verdade, o que Jesus 
 Cristo expressou com todo o seu ministério (por meio de palavras ou não) foi o próprio 
 caráter do Deus-Pai: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus [o Filho] Unigênito, que 
 está junto do Pai, o tornou conhecido.” (João 1.18). 
 4.2. “...uma palavra...” 
 Jesus, como Filho de Deus e Verbo criador, também realizava coisas através de 
 seus atos de fala. Nas Escrituras, podemos perceber que apenas uma palavra ou uma 
 ordem do Cristo era suficiente para algo acontecer. Para o Messias “dizer algo é fazer 
 algo”, assim como para Austin (1990, p. 29) . Um episódio específico ilustra bem isso: 9
 Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou 
 amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois não mereço 
 receber-te debaixo do meu teto. Por isso, nem me considerei digno de ir ao 
 teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu servo será curado . Pois eu 
 também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu 
 comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem. Digo a 
 meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz". Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, 
 9 Talvez, o mais correto, por uma questão de lógica temporal, seria dizer: “Para Austin ‘dizer algo é fazer 
 algo, assim como para o Messias.”. 
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 voltando-se para a multidão que o seguia, disse: "Eu lhes digo que nem em 
 Israel encontrei tamanha fé". (Lucas 7:6-9). 10
 O poder transformador da realidade inerente às palavras de Jesus, isto é, às suas 
 palavras-feitos (ou, por que não, “palavras-milagres”?) pode ser visto por toda a 
 narrativa dos quatro evangelhos: ao perdoar pecados (p. ex. Mateus 9.2); expulsar 
 demônios(p. ex. Lucas 11.14); curar leprosos, paralíticos, cegos etc. (p. ex. Lucas 
 17.12-19, João 5.8-9 e João 9.1-7); ao ressuscitar mortos (p. ex. Lucas 8.54-55) e, 
 principalmente, ao declarar realizada a obra de remissão dos pecados da humanidade: 
 “está consumado!” (João 19.30). 
 5. Nós falamos porque Ele falou primeiro 
 Na antropologia bíblica, os seres humanos são distintos do restante da criação, 
 pois foram criados à imagem e semelhança do próprio Deus (Gênesis 1.26-27). Um dos 
 significados mais prováveis da imago dei é de que o ser humano “é semelhante a Deus e 
 o representa” (GRUDEM, 1999, p. 364). Nesse sentido, poderíamos dizer que, assim 
 como Deus profere palavras-feitos, também nós, seres humanos, realizamos algo 
 semelhante. 
 Algumas passagens bíblicas sugerem exatamente essa característica humana de 
 poder realizar coisas por meio de atos de fala. A maioria delas parece sugerir que nós 
 possuímos certa responsabilidade no uso das palavras e suas consequências, o que nos 
 remete às distinções austinianas entre locução, ilocução e perlocução. Os conselhos do 
 livro de Provérbios são bons exemplos disso: “há palavras que ferem como espada, mas 
 a língua dos sábios traz a cura.”; “o falar amável é árvore de vida, mas o falar enganoso 
 esmaga o espírito.”; “as palavras do tolo provocam briga, e a sua conversa atrai 
 açoites.”; “a língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la 
 comerão do seu fruto.”; entre outros (Provérbios 12.18; 15.4; 18.6,21). 
 Porém, a passagem mais forte talvez seja a que encontramos no Sermão do 
 Monte, proferido por Jesus, em que ele afirma que um simples xingamento de desprezo 
 direcionado a um semelhante é comparado ao pecado de assassinato: 
 Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem 
 matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar 
 10 Grifo nosso. 
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 contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a 
 seu irmão: ‘Racá’ , será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco! 11
 ’, corre o risco de ir para o fogo do inferno . (Mateus 5.21-22). 12
 Os atos de fala dos quais fala John Austin, utilizando os exemplos do casamento 
 e do batismo, são, nas Escrituras, uma ação humana que só é possível por causa do 
 modo como os seres humanos foram criados, isto é, à imagem e semelhança do próprio 
 Deus. Na verdade, assim como as Escrituras afirmam que “nós amamos porque ele nos 
 amou primeiro.” (1 João 4:19), poderíamos também dizer que nós só falamos, porque o 
 próprio Deus, por meio do Verbo coeterno, falou primeiro. Ou melhor: nós falamos 
 porque Deus falou eternamente. 
 Conclusão 
 Quando se trata do livro sagrado judaico-cristão, parece-nos que quase tudo é 
 feito pela linguagem. Aliás, como afirmou o teólogo inglês J.I. Packer, o deus revelado 
 nas Escrituras Sagradas é um “Deus que fala” (PACKER apud WON, 2020, p. 25). 
 Deste modo, seria possível afirmar que encontramos na Bíblia uma “teoria” da 
 linguagem suficientemente bem definida. Uma concepção linguística que, diga-se de 
 passagem, é bastante similar àquela que foi proposta por Austin muitos séculos depois 
 dos tempos bíblicos. Poderíamos dizer, inclusive, que, ao nos depararmos com as 
 Escrituras, estamos diante de uma compreensão da linguagem que se apresenta como 
 uma precursora daquilo que hoje chamamos de atos de fala. 
 Consideramos que o propósito deste ensaio, isto é, de estabelecer uma visão 
 bíblica acerca da linguagem, foi alcançado de maneira parcial. Muitos outros exemplos 
 e passagens bíblicas ficaram de foram de nossa análise, tais como as que descrevem os 
 atos proféticos (encenações que transmitiam mensagens) dos profetas do Antigo 
 Testamento ou até mesmo algo ainda mais grandioso, como a Cruz de Cristo, que traz 
 em si muitos significados teológicos e culturais. Outra análise ainda poderia ser feita 
 acerca das pregações dos apóstolos que são encontradas, por exemplo, no livro de Atos. 
 A pregação é, inclusive, o modo como Deus, segundo as Escrituras do Novo 
 12 Jesus não afirma que palavra literalmente mata, mas que o xingamento é equivalente ao pecado de 
 assassinato. 
 11 “Racá” é um termo de desprezo em aramaico. 
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 Testamento, decidiu espalhar a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo a todo mundo 
 (Marcos 16.16-16 e 1 Coríntios 1.21). 
 Entretanto, apesar de conseguirmos extrair algumas definições a respeito da 
 visão bíblica da linguagem, as Escrituras não fazem uma apresentação sistemática 
 (propositiva) acerca desse assunto. O que temos, na verdade, é que as palavras-feitos de 
 Deus e o modo como elas funcionam vão sendo desvendados pouco a pouco no decorrer 
 de uma história que é contada do início (Gênesis) ao fim (Apocalipse). A visão bíblica 13
 da linguagem, portanto, não é descrita de forma propositiva, mas revelada 
 progressivamente por meio de uma narrativa histórica, que acaba por revelar o próprio 
 Deus. 
 Referências 
 AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Ed. 
 Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. 
 AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 
 BARTHOLOMEW, Graig C; GOHEEN, Michael W. O Drama das Escrituras: 
 encontrando o nosso lugar na história bíblica. Tradução: Daniel Kroker. São Paulo: Vida 
 Nova, 2017. 
 BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada: Nova Versão Internacional . São Paulo: Editora 
 Vida, 2000. 
 CARSON, D.A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. 
 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. 
 KAISER JR, Walter C. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1980. 
 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. Tradução: Odayr Olivetti. São 
 Paulo: Vida Nova, 1979. 
 VANHOOZER, Kevin J. O drama da doutrina: uma abordagem canônico-linguística da 
 teologia cristã. Tradução: Daniel de Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 2016. 
 13 A essa história diversos teólogos têm dado nomes como Drama da Redenção, Drama Bíblico ou ainda 
 Drama das Escrituras (ver, por exemplo, BARTHOLOMEW, Graig C e GOHEEN, Michael W. O Drama 
 das Escrituras: encontrando o nosso lugar na história bíblica . São Paulo: Vida Nova, 2017.). 
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 Uma filosofia da linguagem divina 
 WARD, Timothy. Teologia da Revelação: as Escrituras como palavras de vida. 
 Tradução: A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2017. 
 WON, Paulo. E Deus falou na língua dos homens: uma introdução à Bíblia. 1.ed. Rio 
 de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 
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