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Renan Macedo Fichamento 2

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RENAN MACEDO SANTANA RA 224002
HZ160A
DISCENTE: ARTIONKA CAPIBERIBE
MAUSS, Marcel. “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção do eu”
(pp. 369-397) e “As técnicas corporais” (pp.401-422). In: Sociologia e Antropologia. São
Paulo: Cosac & Naïfy, 2003.
Um pouco de contexto sobre Mauss antes de iniciar o conteúdo do fichamento,
primeiro ponto é que Mauss é sobrinho de Durkheim, tendo até mesmo feito escritas
conjuntas com o mesmo, além de contribuir muito para a revista sociológica de Durkheim,
também quando for feita a análise sobre “As técnicas corporais” vale ressaltar a importante
importância do período em que Mauss estava no exército devido a guerra .Este fichamento
busca retratar um trecho da obra de Marcel Mauss onde o mesmo se foca no estudo de uma
das chamadas categorias universais do pensamento humano, estas são ideias tidas como
fundamentais ditas por Mauss como a ossatura da inteligência. Essas ideias são
exemplificadas como o tempo, espaço e etc… e são utilizadas por nós para uma espécie de
auto afirmação como pessoa no mundo. São também ideias que ultrapassam o próprio
indivíduo, por exemplo podemos pensar na categoria de banho que é uma prática para
algumas sociedades definida como universal quando na verdade é uma categoria própria
daquela sociedade o hábito por exemplo de banhos diários.
Uma coisa pode vos indicar a tendência de minha demonstração; é que vos
mostrarei o quanto é recente a palavra filosófica "Eu", como são recentes a
"categoria do Eu", o "culto do Eu" (sua aberração) e o respeito ao Eu - em particular,
ao dos outros (sua norma). (MAUSS, 2003, Pág. 371)
Como se nota o estudo desse capítulo da obra de Mauss se focou no desenvolvimento da
“categoria do Eu” e na análise de seu histórico ao longo do período histórico, como foi
assumindo seus significados através das diferentes sociedades. Saindo do século XIX onde o
pensamento antropológico era o Evolucionismo Social, onde os antropólogos costumam fazer
muitos trabalhos de gabinete onde o mesmo não vai até a sociedade estudada. temos então a
entrada na Escola Sociológica Francesa, onde o grande objetivo da mesma era conseguir
definir as categorias de entendimento tanto da sociedade quanto dos povos em geral, pois
assim conseguiram atingir uma noção de entender o pensamento como uma totalidade.
Também cabe aqui ressaltar a importância da influência da obra “Sociologia e Antropologia"
devido a noção de pessoa que Mauss consegue retratar como uma noção não natural. Mauss
se opõe totalmente a ideia do sujeito eu, a pessoa, ser inata, usando como base a história
social da construção dessa ideia. Para começo desse capítulo do livro, Mauss usa como
ferramenta de estudo duas diferentes tribos, os Pueblos, os Kwakiutl e demais tribos
australianas. Para essas sociedades a noção de indivíduo se confunde com a noção de clã,
devido ao fato de que os indivíduos possuem espécies de ”papéis” a serem cumpridos,
encarnando assim em personagens pré-estabelecidos que juntos formam a totalidade do clã, e
o momento onde esses indivíduos recebem destaque individual é durantes as cerimônias,
através do uso de títulos, máscaras e etc… tudo isso associado fortemente a conceitos
religiosos, mitológicos e cósmicos. Como podemos observar na seguinte passagem de Mauss,.
“[...] Observa-se evidentemente que um imenso conjunto de sociedades chegou a
noção de personagem, de papel cumprido pelo indivíduo em dramas sagrados, assim
como ele desempenha um papel na vida familiar. A função criou a fórmula, e isso
desde sociedades muito primitivas até as nossas [...]” (MAUSS, 2003, Pág, 371)
Cabe também colocar aqui a referência aos dramas gregos que encaixam perfeitamente nesse
contexto de indivíduos cumprindo papéis de personagens em dramas sagrados, e como
também se faz presente ali esse desenvolvimento histórico do conceito de “eu” que Mauss
busca demonstrar. Logo após essa contextualização, Mauss vira o foco para a persona latina,
onde se encontra as origens primitivas do significado atual de eu que as sociedades ocidentais
ostentam derivando do período Romano. Antes disso porém Mauss busca demonstrar
brevemente um pouco do contexto histórico da definição do eu usando como base a Índia,
onde o eu se mostra como algo “ilusório” em primeiro momento e também descreve
brevemente o termo no contexto Chinês devido a colaboração do trabalho de seu amigo
Marcel Granet. No próximo tópico do texto Mauss busca então demonstrar as origens do
pensamento de sobre pessoa dentro da sociedade romana, através de sua origem latina
persona, onde foi estabelecido pela primeira vez uma espécie de “direito” a definição de
pessoa, onde por exemplo escravos ficavam excluídos do processo de serem pessoas, de terem
a definição do eu, já que os mesmos não eram detentores de títulos, históricos e prestígios
sociais que os verdadeiramente considerados cidadãos romanos gozavam da posse. Logo, não
poderiam ter acesso ao direito a persona, ou seja, é apenas uma etapa até a definição atual que
encontramos, porém é de devida importância devido ao seu pioneirismo em realmente definir
inicialmente uma certa definição para pessoa. Também colocando a importância de que a
origem do termo é Etrusca, logo apesar da não criação do termo pelos latinos, foram eles que
deram uma relevância maior para significar o termo. No próximo tópico Mauss passa para a A
pessoa: fato moral, a partir daqui começa a se distanciar um pouco a noção de pessoa com a
questão das máscaras, aqui passa-se a ter a ideia de que os seres possuem consciência própria,
não somente como sua existência para a constituição do clã, mas sim para sua existência
como indivíduo consciente, independente, autônomo e responsável, onde todas essas
características fazem parte agora da moral da pessoa. Ainda seguindo esse caminho histórico
o próximo encontro é com o catolicismo, que foi fundamental para fornecer as bases
metafísicas que a definição moral dos romanos não era capaz de suprir, tornando o ser mais
indivisível sendo possuidor de consciência, corpo, ato e alma, através da associação com a
criação divina e a noção de uno. Ao entrar no próximo tópico onde Mauss chega na pessoa
como ser psicológico, o eu passa então a tomar um caminho diferente do religioso onde a seu
significado assume algo como Razão Pura, ou seja uma condição para a consciência e para a
ciência, aqui seguindo também o contexto histórico já que era vivenciado o período do
renascimento onde a o cientificismo veio com fortes influências nas linhas de pensamento.
Conclui-se então com o desenvolvimento desse capítulo da obra de Mauss, ele segue uma
linha comparativa temporal bem nos moldes da Escola Sociológica Francesa, também
expressando a influência da obra de seu tio Durkheim. Essa obra é uma espécie de caminho
até conseguirmos entender o significado de pessoa como eu que é estabelecida no atual
ocidente, e como essa definição não é perpétua podendo assim como foi no decorrer de sua
história, sofrer alterações em seu significado, seja através das transformações relatadas, no
sentido de eu como personagem dentro dos clãs, no cair das "máscaras" na sociedade romana
e todo o processo relatado ao longo dos diferentes significados históricos de pessoa.
Importante também levantar que Mauss utiliza de várias experiências e dados empíricos para
fundamentar a sua tese, mesmo que o mesmo não tenha feito uma pesquisa profunda sobre o
assunto, como no caso da China. E que a concepção desse eu como indivisível é justamente a
separação do sujeito que antes não poderia ser destacado do coletivo, que agora fora da sua
totalidade coletiva se mostra como algo único.
Agora partindo para a segunda parte do fichamento retratando a parte do livro referente "Às
técnicas corporais”, aqui a base se encontra na necessidade da criação de uma espécie de
definição para fenômenos que eram chamados de diversos. Aqui é onde ressaltamos a
importância da participação de Mauss no exércitopara obra, o mesmo baseia essa parte do
livro em diversas análises cotidianas que fez de diversos comportamentos, como o nado, a
marcha, o cavar, andar e etc… e através das mesmas Mauss consegue reparar marcadamente
as diferenças culturais existentes nesses diferentes comportamentos. Essas técnicas são
adquiridas e não naturais como tenta demonstrar Mauss, sendo essas técnicas justamente
variadas dependendo da cultura inserida, isso é expressado pela parte em que ele fala sobre o
“Habitus” o termo em latim para hábito. Passando para uma das partes mais importantes do
trecho, entre o conceito de Homem total que é utilizado para entendermos as técnicas
corporais, o mesmo se divide nos pontos de vista da mecânica e da física, psicológica e
sociológica, englobando assim todos tanto biológicos quanto não biológicos. Esses conceitos
devem ser usados de forma misturada e nunca separados. Aqui percebe-se a inovação devido
aos fatores sociais e individuais não terem sido considerados anteriormente numa mesma
análise. Os indivíduos aprendem essas técnicas através da educação e da imitação, sendo a
primeira superior devido ao fato da não necessidade de depender das habilidades individuais
do indivíduo, já que são submetidas a uma mesma educação. Sendo assim uma espécie de
imitação prestigiosa para aqueles indivíduos que tiverem mais aptidões físicas, psicológicas e
sociais. Mauss vai chamar a técnica como um ato tradicional devido a sua continuidade
cultural e eficaz pois se busca um certo resultado já que é transmitido de geração em geração,
também dá ao corpo o papel de mais natural e mais técnico instrumento do homem, já as
técnicas do corpo são as maneiras culturais de usar o próprio corpo. Mauss coloca também o
posicionamento dos gestos em sua dimensão simbólica, ou seja, técnicas corporais
semelhantes podem assumir diferentes significados culturais dependendo da sociedade em
que são inseridos. É chegado um determinado momento onde o autor propõe os princípios de
classificação para as técnicas do corpo, como por exemplo entre os sexos ou entre as idades,
onde o mesmo demonstra as diferentes técnicas que vão sendo apresentadas de formas
diferentes conforme a idade e o sexo do indivíduo, sendo que também esse ponto é um fator
cultural, sendo diferentemente representado dependendo da sociedade. Além destas, também
há uma diferença em relação ao rendimento como o exemplo do adestramento, onde quanto
mais adestrado maior o rendimento da técnica, semelhante ao que é feito com os animais.
Também é importante ressaltar as tradições impostas por determinada sociedade e como é
feita a transmissão dessas técnicas. O terceiro ponto que Mauss busca retratar é a enumeração
biográfica das técnicas do corpo, demonstrando assim as técnicas do corpo ao longo da vida
do indivíduo, como por exemplo o adestramento que entra nas técnicas da infância, as
técnicas na adolescência onde definitivamente é o momento de aprender as técnicas do corpo,
até a idade adulta que é onde as técnicas para independência e sobrevivência são
desenvolvidas, técnicas essas que não inatas ou universais, sendo totalmente variadas entre as
diferentes sociedades. Aqui também começa uma parte acerca de diferentes técnicas que
Mauss busca demonstrar, como as técnicas do sono, repouso, atividade do movimento,
cuidados com o corpo, dança e etc… onde o autor faz uma espécie de numeração das
diferentes técnicas, por fim passando para as considerações gerais, Mauss reforça as
características das montagens das técnicas através da tríplice fisio-psico-sociológicas, ressalta
a importância da ordem como fator sociológico (influência do exército), colocando também o
fator psicológico como não causal para as técnicas corporais. Essa obra é extremamente
importante e intrigante já que Mauss busca constantemente demonstrar que muitas das
categorias que achamos ser inatas de nossa existência, na verdade são extremamente
voláteis e podem assumir diferentes significações ao longo da nossa evolução histórica e
que isso ainda se aplica aos comportamentos culturais atuais.

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