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Contabilidade Agropecuária Professor Ivã da Cruz de Araújo Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; ARAÚJO, Ivã da Cruz de. Contabilidade Agropecuária. Ivã. da Cruz de Araújo. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 70 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professor Ivã da Cruz de Araújo ● Especialista em Gestão de Pessoas (Faculdade de Tecnologia de Curitiba – FATEC). ● Bacharel em Ciências Contábeis (UNESPAR). ● Bacharel em Administração (UNIBF). ● Professor Conteudista EAD (Faculdade de Tecnologia e Ciência do Norte do Paraná - Unifatecie). ● Professor de Graduação nos cursos de Ciências Contábeis e Administração (Unifatecie). ● Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Ciências Contábeis (Unifatecie). ● Atuou como Professor na Faculdade UNIBF nos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Marketing. ● Atuou Professor conteudista no EAD da Uningá; ● Atuou como Elaborador de questões para o Grupo Kroton. ● Sócio na empresa Instituto de Qualificação Profissional (IQP). ● Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contá- beis, atuando principalmente nos seguintes temas: custos, métodos de custeio por comportamento, encargos, produção e rotatividade. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5935171746600396 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é com grande prazer que convido você a descobrir nesta disciplina uma Contabilidade Linda, como gosto de chamá-la e sou apaixonado. Como você já deve saber, a Ciência Contábil é uma ciência vasta, podendo ser aplicada em todos os tipos de entidades. A partir de agora vamos caminhar juntos pela disciplina de Contabilidade Agropecuária e descobrir um mundo contábil voltado para o agronegócio. Na Unidade I você aprenderá o conceito de agronegócio e as características das propriedades e empresas rurais, ampliando seu conhecimento para que, na Unidade II, possa entender como funcionam as culturas temporárias e culturas permanentes. Em se- guida, ainda na Unidade II, trataremos dos redutores do ativo não circulante: depreciação, exaustão e amortização. Na Unidade III você verá que a pecuária possui características peculiares e conhe- cerá os sistemas de produção e reprodução, tipos de pastoreio, atividade de cria, recria e engorda do gado, a divisão dos rebanhos em categorias, forma de contabilização dos custos e apuração do resultado. Para finalizar, na Unidade IV você verá um modelo básico de plano de contas apli- cado às empresas rurais e aprenderá sobre o Imposto Territorial Urbano (ITR). Fica aqui o meu convite para que você amplie seus conhecimentos contábeis e cresça pessoal e profissionalmente utilizando esta ciência fantástica. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Conceitos Básicos do Agronegócio UNIDADE II ................................................................................................... 22 Contabilidade Agrícola UNIDADE III .................................................................................................. 44 Contabilidade Pecuária UNIDADE IV .................................................................................................. 69 Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 6 Plano de Estudo: • Conceitos e Definições de Agronegócio. • Caracterização de propriedades e empresas rurais. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar o agronegócio no Brasil. • Compreender os tipos de propriedades e empresas rurais. • Estabelecer a importância do agronegócio e sua relação com a Ciência Contábil. UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio Professor Ivã da Cruz de Araújo 7UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio INTRODUÇÃO Olá! Essa unidade foi planejada e preparada cuidadosamente para que você conhe- ça os principais conceitos e definições da Ciência Contábil no campo da Contabilidade Agrícola. Você verá também as principais características das propriedades e empresas rurais, assunto de grande relevância para a compreensão desta área fantástica da Ciência Contábil. Ressalto que conhecer tais conceitos e definições preparará você para que os conteúdos seguintes, abordados nas demais unidades desta obra, fiquem mais claros e sejam melhores compreendidos. Não deixe ler com atenção e se aprofundar no assunto. Boa leitura e bons estudos! 8UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO O agronegócio é a expressão criada para representar a fusão da agricultura e/ou agropecuária e o negócio. Figura 1 - O Agronegócio Fonte: o autor. O Brasil é um dos maiores produtores de alimento do mundo e tem no agronegócio um importante setor da economia com grande participação no Produto Interno Bruto (PIB) O clima no país favorece a produção de alimentos e, aliado a isso, o investimento em novas tecnologias faz do setor um grande mercado lucrativo. Conhecer esse mercado e como a contabilidade é aplicada ao setor é de suma importância para você, futuro contador. 1.1 A Contabilidade de Agronegócio A Ciência Contábil, como você já deve saber, é composta por diversos campos de estudo, como: ● Contabilidade comercial; ● Contabilidade de Custos; 9UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio ● Contabilidade tributária; ● Auditoria; ● Perícia Contábil; ● Contabilidade Gerencial; ● Contabilidade de Agronegócio. Como você pode notar a Contabilidade estudada de forma genérica possui diversas nomenclaturas, dentre elas a contabilidade de Agronegócio, se o campo de estudo forem as empresas rurais. Pode-se ainda encontrar denominações ainda mais específicas como: ● Contabilidade Agrícola; ● Contabilidade da Pecuária; ● Contabilidade da Zootécnica; ● Contabilidade Agroindustrial. Talvez você viva em uma região cuja atividade rural não seja tão explorada como em algumas regiões do Brasil, porém conhecer estas atividades, bem como as empresas que as praticam funcionam, permitirá a você, além entender a contabilização no agronegó- cio, compreender a ligação da área rural com a economia do País. Convido você a ler com atenção os tópicos a seguir e conhecer os principais con- ceitos ligados à Contabilidade de Agronegócio. 10UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 2 CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES E EMPRESAS RURAIS As empresas rurais são aquelas que exploram o cultivo da terra, criação de animais e/ou a transformação de produtos agrícolas. Nesse momento você já deve ter entendido que uma empresa rural explora a capacidade produtiva do solo a fim de satisfazer neces- sidade humanas. Conforme Crepaldi (2012, p. 1), “a agricultura representa toda a atividade de explo- ração da terra, seja ela o cultivo de lavouras e florestas ou com a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer as necessidades humanas”. As empresas rurais dividem-se em trêsgrandes campos de atividade: ● Atividade Agrícola; ● Atividade Zootécnica; ● Atividade Agroindustrial. 2.1 Atividade Agrícola Trata-se da exploração do solo com a finalidade de plantio e produção vegetal. Segundo Crepaldi (2012), a atividade agrícola está relacionada à produção vegetal, sendo dividida em dois grandes grupos: cultura hortícola e forrageira e a arboricultura. 11UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio A cultura hortícola e forrageira relaciona-se: ● aos cereais, como feijão, soja, arroz e milho; ● às hortaliças, como verduras, pimentão, tomate; ● aos tubérculos, como batata, cenoura e mandioca; ● às fibras, como o algodão, forragens e flores. Já ao campo da arboricultura relaciona-se: ● o florestamento; ● os pomares; ● os vinhedos; 2.2 Atividade Zootécnica Trata-se da criação de animais para serviços de lavoura, consumo doméstico ou para fins industriais e/ou comerciais. Alguns exemplos: ● Avicultura (criação de aves); ● Cunicultura (criação de coelhos); ● Pecuária (criação de gado); ● Piscicultura (criação de peixes); ● Apicultura (criação de abelhas); ● Entre outros pequenos animais. Aqui, vale ressaltar que o Brasil possui grande participação na pecuária mundial, sendo que o país possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo. Crepaldi (2017, p.3) diz que “Pecuária é a arte de criar e tratar o gado”. 2.3 Atividade Agroindustrial Já parou para pensar que muitos dos alimentos que você consome precisam de vários processos e procedimentos até chegarem à sua casa, para, então, irem para sua mesa? Veja o exemplo do café, antes de chegar a sua mesa, passa por vários processos, dentre eles a colheita, secagem, torra, moagem e preparo. Esse processo de beneficiamen- to ou transformação denomina-se atividade agroindustrial. 12UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio A atividade agroindustrial, portanto, tem como sua principal função o beneficiamen- to ou a transformação de produtos agrícolas (arroz, soja, café) e transformação zootécnica (mel e laticínios), como, por exemplo: ● Transformação do produto agrícola a conserva de frutas, a moagem de trigo e de milho, a debulha de milho, a moagem de cana-de-açúcar para produção de açúcar mascavo, melado e rapadura, a moagem de grão, transformando-o em farinha ou farelo. ● Transformação de produtos zootécnicos como laticínios (queijo, manteiga e re- queijão), casulos de seda, mel acondicionado em embalagem de apresentação, produção de adubos orgânicos, sucos de frutas acondicionados em embalagens. ● No caso de produtos florestais: produção de carvão vegetal, produção de lenha etc. 2.4 Atividades não Consideradas como Rural A Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 14 de março de 2017, em seu artigo 150 especifica as atividades não consideradas rurais: I - a industrialização de produtos, tais como bebidas alcoólicas em geral, óleos essenciais, arroz beneficiado em máquinas industriais e fabricação de vinho com uvas ou frutas; II - a comercialização de produtos rurais de terceiros e a compra e venda de rebanho com permanência em poder da pessoa jurídica rural em prazo infe- rior a 52 (cinquenta e dois) dias, quando em regime de confinamento, ou 138 (cento e trinta e oito) dias, nos demais casos; III - o beneficiamento ou a industrialização de pescado in natura; IV - o ganho auferido pela pessoa jurídica rural proprietária de rebanho, entre- gue, mediante contrato por escrito, à outra parte contratante (simples possui- dora do rebanho) para o fim específico de procriação, ainda que o rendimento seja predeterminado em número de animais; V - as receitas provenientes do aluguel ou arrendamento de máquinas, equi- pamentos agrícolas e pastagens, e da prestação de serviços em geral, inclu- sive a de transporte de produtos de terceiros; VI - as receitas decorrentes da venda de recursos minerais extraídos de pro- priedade rural, tais como metal nobre, pedras preciosas, areia, aterro e pe- dreiras; VII - as receitas financeiras de aplicações de recursos no período compreen- dido entre 2 (dois) ciclos de produção; VIII - os valores dos prêmios ganhos a qualquer título pelos animais que par- ticiparem em concursos, competições, feiras e exposições; IX - os prêmios recebidos de entidades promotoras de competições hípicas pelos proprietários, criadores e profissionais do turfe; X - as receitas oriundas da exploração do turismo rural e de hotel fazenda. 13UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 2.5 Ciclo Operacional O ciclo operacional compreende o período da compra do estoque até a venda das mercadorias e produtos. Segundo Oliveira e Oliveira (2017, p. 45), no agronegócio “a maioria das atividades tem duração menor que um ano. Contudo é comum na atividade rural ciclos operacionais maiores que esse espaço de tempo como na pecuária de corte, produção de búfalos, plantação de eucalipto e florestamentos em geral”. Oliveira, G., e Oliveira, G., (2017, p. 46) afirmam que: O conceito de ciclo operacional pressupõe a quantidade de tempo decorrido e não datas iniciais e finais. Portanto, contas do ativo que se transformam em caixa dentro de n meses/anos do ciclo operacional são classificadas como circulante. Quando se afirma que as contas do ativo circulante são aquelas que se transformam em caixa dentro do exercício social subsequente, tem-se como premissa que o balanço é encerrado no “último dia do ciclo operacio- nal” e que exercício subsequente terá exatamente a quantidade de tempo deste ciclo. (OLIVEIRA, D; OLIVEIRA G, 2017, p. 46). 2.6 Ano Agrícola x Exercício Social O exercício social é o período em que as empresas encerram suas demonstrações contábeis. A maioria das empresas comerciais, industriais ou de serviços encerra seu exer- cício social anualmente em 31 de dezembro. Aí surge a dúvida: quando é o término do exer- cício social das empresas rurais? Coincide com o ano civil, como nas demais empresas? De forma geral, as empresas optam pelo mês de dezembro considerando redução ou interrupção das atividades, o que também facilita o inventário de mercadorias. No caso das empresas rurais, o Ano Agrícola é influenciado por variáveis peculiares ao tipo de ati- vidade explorada, fugindo à regra geral há pouco mencionada, seguida pelas empresas comerciais, industriais e de serviços. Nas empresas com atividades agrícolas, o exercício social segue o Ano Agrícola, ou seja, o período em que se planta, colhe e comercializa a safra. Nas empresas com atividade de pecuária, o nascimento do bezerro encerra o Exercício Social. Crepaldi (2017) sugere que, neste caso, o bezerro é como se fosse o fruto na atividade agrícola. Há empresas, por exemplo, que planejam o nascimento dos bezerros para um determinado mês, quando, portanto, encerram seu Exercício Social. 14UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio Numa empresa rural com mais de uma atividade, a dificuldade aumenta e geral- mente considera-se a atividade com maior representatividade na receita. Veja um exemplo: Quadro 1 - Exemplo de determinação do exercício social na atividade Rural Fonte: o autor. Considerando o produto de maior receita, a empresa encerrará suas demonstra- ções contábeis em outubro (31/10), data em que a Laranja, sua atividade com maior receita, encerra seu ciclo operacional (compra até a venda). Porém nem tudo são flores e a empresa rural tem um outro problema para resolver. Ela precisa cumprir obrigações fiscais, o que a obriga a elaborar demonstrações contábeis coincidentes com o ano civil (01/01 a 31/12). Dessa forma, a empresa rural precisa cumprir a legislação fiscal e, para fins gerenciais, elaborar um balanço com base no ano agrícola. 2.7 Forma Jurídica: PF x PJ Assim como em outras atividades na área rural, é possível exercer as atividades como pessoa física ou como pessoa jurídica. A pessoa física é a pessoa natural, ou seja, ser humano cuja vida termina com o falecimento. As pessoas jurídicas são pessoas cons- tituídaspor lei para uma finalidade específica e com personalidade distinta daquela que a constituiu. Elas geralmente denominam-se empresas e podem ter fins lucrativos ou não. Empresas com fins lucrativos: ● Empresas comerciais; ● Indústrias; ● Prestadoras de serviços. Empresas sem fins lucrativos: ● Cooperativas; ● Empresas com cunho religioso; ● Associação filantrópica; 15UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio ● Associação de pais e mestres; ● Associação de produtores; ● Associação de Moradores; ● Demais associações Marion (2017 p. 7) afirma que: No Brasil prevalece a exploração na forma de pessoa física, por ser menos onerosa que a de pessoa jurídica, além de proporcionar mais vantagens de ordem fiscal principalmente em relação a pequenas atividades. As pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtores rurais não precisam para fins de imposto de renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar apenas um livro caixa e efetuar a escrituração simplificada. Todavia, as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparadas às pessoas jurídicas para fins contábeis devendo fazer a escrituração regular por intermédio de profissional contábil qualificado, utilizando como base o método das partidas dobradas (lançamento a débito e a crédito simultanea- mente). (MARION, 2017, p. 7). Veja que, por uma questão lógica e prática, muitos produtores optam pela atividade como pessoa física. Vale lembrar que esta opção é para os empresários rurais de pequeno e médio porte. Tal conceito é determinado com base na receita do produtor, cujo montante é fixado pela legislação do imposto de renda. O Código Civil define como empresário aquele que exerce profissionalmente ativi- dade econômica organizada, o produtor rural, desta forma, também pode ser chamado de empresário conforme as seguintes formas jurídicas: ● Autônomo: será assim chamado o produtor sem registro na Junta Comercial. ● Empresário Individual: se inscrito na Junta Comercial, o que não é obrigatório. ● Sociedade Empresária: Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações, inscrita na Junta Comercial. 2.8 Tipos de Investimento e Associações De acordo com Marion (2017), na agropecuária é possível identificar dois tipos de investimentos: Capital Fundiário e Capital de Exercício. Capital Fundiário é aquele que cuja possibilidade de retirar da terra não existe, como, por exemplo: terra, edificações cultura permanente, pastos etc. Capital de Exercício é o instrumento essencial para que o negócio funcione. Podem não se destinar à venda (permanentes) ou serem recursos financeiros que serão transformados em dinheiro ou 16UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio consumidos a curto prazo. Exemplos: tratores, equipamentos, animais de trabalho, gado para reprodução etc. Desses dois tipos de investimentos surgem formas de associações, como: ● Arrendamento: quando o proprietário aluga seu terreno (capital fundiário) para uma outra pessoa exercer atividade de exploração agrícola, pecuária ou agroin- dustrial. ● Comodato: quando o proprietário cede suas terras para outra pessoa exercer atividades rurais sem receber nada em troca por isso. ● Condomínio: copropriedade cujos proprietários compartilham dos resultados das atividades lá exercidas. Entende-se como resultado lucros e prejuízos. 2.9 Ativo Biológico Sabe-se que o ativo representa o conjunto de bens e direitos de uma entidade. Ele se divide em Ativo Circulante e Não Circulante, sendo este último dividido em quatro subgrupos: ● Realizável a longo prazo; ● Imobilizado; ● Investimentos; ● Intangível. Quero apresentar a você, no último tópico deste conteúdo, o conceito de Ativo Biológico, que você provavelmente não viu em outras disciplinas. O comitê de pronuncia- mento contábil, em seu pronunciamento de nº 29, definiu o Ativo Biológico como animal e/ ou planta vivos. O quadro a seguir apresenta exemplos destes ativos, os produtos agrícolas oriun- dos destes ativos biológicos, bem como os produtos resultantes do processamento após a colheita. 17UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio Quadro 2 - Ativos Biológicos Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009). SAIBA MAIS O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, em seu pronunciamento CPC29, traz alguns conceitos interessantes e que precisam de atenção. Produção agrícola é o produto colhido de ativo biológico da entidade. Ativo biológico é um animal e/ou uma planta vivos. Transformação biológica compreende o processo de crescimento, degeneração, produção e procriação que causa mudança qualitativa e quantitativa no ativo biológico. Despesas de venda são despesas incrementais direta- mente atribuíveis à venda de ativo, exceto despesas financeiras e tributos sobre o lucro. Grupo de ativos biológicos é um conjunto de animais ou plantas vivos semelhantes. Colheita é a extração do produto de ativo biológico ou a cessação da vida desse ativo biológico. Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009). REFLITA A contabilidade no Brasil é reconhecida como ferramenta gerencial ou simplesmente uma mera formalidade exigida pelo fisco? Fonte: o autor. 18UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio CONSIDERAÇÕES FINAIS No final desta unidade quero relembrá-lo(a) que você viu que a Contabilidade de Agronegócio possui critérios e procedimentos muito peculiares às atividades rurais. O exercício social, que dita o tempo em que as demonstrações contábeis são elaboradas, precisa de atenção especial quando se trata de uma empresa rural, devido às dificuldades em combinar exercício social com ano agrícola, principalmente nas empresas com mais de um tipo de atividade econômica. Agora que você já conhece os tipos de atividades, as formas como o empresário pode exercer sua atividade rural, bem como as parcerias que ele pode firmar ao utilizar o capital de exercício e/ou seu capital fundiário, está preparado(a) para novos conteúdos que aprofundarão seus conhecimentos contábeis em Contabilidade de Agronegócio. Vale lembrar sobre a amplitude de informações que a Ciência Contábil acumula e deixar claro que as normas devem ser consultadas sempre que necessário. Até a próxima unidade! 19UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio LEITURA COMPLEMENTAR No Brasil a agricultura familiar tem grande participação na produção de alimentos. O artigo a seguir apresenta informações sobre esta prática. Não deixe ler! Agricultura Familiar Agricultura Familiar é a principal responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população brasileira. É constituída de pequenos produtores rurais, povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, sil- vicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores. O setor se destaca pela produção de milho, raiz de mandioca, pecuária leiteira, gado de corte, ovinos, caprinos, olerícolas, feijão, cana, arroz, suínos, aves, café, trigo, mamona, fruticulturas e hortaliças. Na agricultura familiar a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Além disso, o agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia. A diversidade produtiva também é uma característica marcante desse setor, pois muitas vezes alia a produção de subsistência a uma produção destinada ao mercado. A Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, define as diretrizes para formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e os critérios para identificação desse público. Conforme a legislação, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família. O Censo Agropecuáriode 2017, levantamento feito em mais de 5 milhões de pro- priedades rurais de todo o Brasil, aponta que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como da agricultura familiar. Em extensão de área, a agricultura familiar ocupava no período da pesquisa 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. De acordo com o levantamento, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões de pessoas em setembro de 2017, o que representa 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária. A agricultura familiar também foi responsável por 23% do valor total da produção dos estabelecimentos agropecuários. Conforme o censo, os agricultores familiares têm participação significativa na produção dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. Nas culturas permanentes, o segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas tem- porárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão. Fonte: Brasil (2019). 20UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Contabilidade Rural. Uma abordagem Decisorial Autor: Sergio Aparecido Crepaldi Editora: Atlas Sinopse: Essa obra é destinada ao ensino da Contabilidade Rural. Para atender a esse propósito, reúne pelo menos as características básicas: é didática, no sentido de tornar facilmente assimiláveis os fundamentos teóricos e as bases operacionais dos processos descritos, dentro de uma abordagem atual, prática e objetiva. Inicialmente, mostra que a Contabilidade Rural tem a responsa- bilidade de fornecer informações que possibilitam o planejamento e controle de futuras operações. Evidencia que para cada tipo de exploração de atividade rural é preciso um sistema adequado de custos, que, após coletados todos os dados necessários para cada tipo de custo, são levados para os controles de produção. Traz os cuidados que devem ser tomados nos registros de custos para não distorcer os dados que irão servir de subsídios à tomada de decisões e análise da eficiência das atividades. Em resumo, o conteúdo desta obra é o seguinte: Agricultura - ne- gócio, contratos rurais; Administração Rural Moderna - conceito, estrutura da organização; Controle Gerencial; Importância da Contabilidade Rural - finalidades; Operacionalização contábil na empresa rural - custos, despesas, fases das culturas; Gastos Pré-operacionais e Tratamento Contábil na Exploração Agrope- cuária - aspectos fiscais; Depreciação, Exaustão e Amortização na Agropecuária; Cálculo do custo de Produção na Empresa Rural; Planejamento Contábil na Empresa Rural; Contabilidade da Pe- cuária - método de custo, custo histórico; Custos e Resultados na Avicultura; Fluxo de Caixa e Análise Econômico-financeira na Ativi- dade Rural; Análise das Demonstrações Financeiras; A Informática na Agropecuária. Livro-texto para a disciplina CONTABILIDADE RURAL/CONTA- BILIDADE AGROPECUÁRIA/CONTABILIDADE AGRÍCOLA do curso de graduação em Ciências Contábeis e Engenharia Agro- nômica. Por seu cunho atual, prático e objetivo, é recomendado como manual de consulta para administradores e engenheiros agrônomos bem como para empresários rurais, e principalmente para os contadores envolvidos no processo de contabilização das atividades agrícolas e pecuárias. 21UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio FILME/VÍDEO Título: Interestelar Ano: 2014 Sinopse: Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibili- tando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta. 22 Plano de Estudo: ● Culturas Temporárias e Culturas Permanentes. ● Depreciação: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. ● Amortização: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. ● Exaustão: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. ● Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar os tipos de culturas. ● Compreender os conceitos, métodos, cálculo e contabilização de depreciação, amortização e exaustão. ● Apresentar a forma de contabilização e apuração do resultado das culturas temporárias e permanentes. UNIDADE II Contabilidade Agrícola Professor Ivã da Cruz de Araújo 23UNIDADE II Contabilidade Agrícola INTRODUÇÃO Olá! Essa unidade foi elaborada para você compreender os tipos de culturas existentes. Após entender as particularidades contábeis que cada cultura exige você verá os conceitos, métodos e a contabilização de depreciação, amortização e exaustão, itens importantíssi- mos e que exigem atenção especial. Por fim, será apresentada a forma de contabilização e apuração do resultado com base no pronunciamento do Comitê De Pronunciamentos Contábeis (CPC 29). Vale lembrar que na unidade anterior você aprendeu conceitos importantes do agronegócio, principalmente a definição de Ano Agrícola e Exercício Social e já está prepa- rado(a) para seguir se aprofundando em contabilidade de agronegócio. Boa leitura e bons estudos. 24UNIDADE II Contabilidade Agrícola 1 CULTURAS TEMPORÁRIAS E CULTURAS PERMANENTES O tipo de cultura existente na propriedade dita os procedimentos contábeis a serem seguidos. Com relação à Contabilidade Agrícola temos dois tipos de cultura: ● Cultura Temporária; ● Cultura Permanente. 1.1 Cultura Temporária A cultura temporária é basicamente aquela em que, após a colheita, o replantio é necessário. Nesse tipo de cultura o período entre o plantio e a colheita é curto ou médio, geralmente inferior a um ano. Marion (2017, p. 17) diz que culturas temporárias são “aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto. Após a colheita, são arrancadas do solo para que seja realizado novo plantio”. Exemplos: ● Soja; ● Arroz; ● Feijão; ● Milho; ● Abacaxi; ● Cana-de-açúcar; ● Mandioca; ● Legumes. 25UNIDADE II Contabilidade Agrícola Quanto a contabilização, Crepaldi (2012, p. 109) apresenta características deste tipo de cultura: Os custos na cultura temporária serão contabilizados em uma conta do Ativo Circulante com o título de Culturas Temporárias. Esses custos podem ser: sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra etc. acumulados até o tér- mino da colheita. Após o término da colheita, o saldo da conta de Culturas Temporárias será transferido para a conta de Produtos Agrícolas, na qual serão somados posteriormente à colheita os custos para deixar o produto à disposição para venda. Ao ser vendido o produto, transfere-se o valor corres- pondente ao volume vendido de Produtos Agrícolas para a conta de Custos de Produtos Vendidos, sendo assim, possível calcular o resultado apurando- -se o lucro bruto. (CREPALDI, 2012, p. 109). Note que a separação de custos e despesas se faz necessária e segue o mesmo esquema utilizado nas indústrias quanto ao custo ligado ao processo produtivo, e os gastos sendo classificados como despesas assim que o produto estiver pronto para venda. No caso da cultura temporária, os gastos serão classificados como Custos da Cultura até a colheita. Assim que o produto estiver disponível para venda, os gastos serão classificados como despesas. Marion (2017, p. 17) sugere a utilização da conta Cultura em Formação para apro- priar os custos da cultura: Esses produtos são contabilizados no Ativo Circulante, como se fossem um “Estoque em andamento” numa indústria. Dessa forma, todos os custos serão acumulados numa subconta com o títuloespecífico da Cultura em Formação (arroz, ou trigo, ou, alho ou cebola, ou...) da conta “Culturas Temporárias”. Os custos que compõem essa rubrica são: sementes, fertilizantes, mudas, de- marcações, mão de obra, encargos, energia elétrica, encargos sociais, com- bustível, seguro, serviços profissionais, inseticidas, depreciação de tratores e outros imobilizados da cultura em apreço. (MARION, 2017, p. 17). 1.2 Cultura Permanente A Cultura Permanente, segundo Crepaldi (2012), é aquela que não é sujeita ao replantio após a colheita, já que permite mais de uma colheita ou produção e possui vida útil acima de ano. Geralmente é atribuído o período mínimo de quatro anos para a cultura permanente. Exemplos: ● Café; ● Laranja; ● Seringueira; ● Limão; ● Cana-de-açúcar; ● Silvicultura (essências florestais, plantações arbóreas); ● Frutas arbóreas (maçã, pera, jaca, uva, jabuticaba, goiaba). 26UNIDADE II Contabilidade Agrícola Com relação aos custos, Marion (2017, p. 20) apresenta as particularidades de tipo de cultura: No caso da cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura serão considerados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Os princi- pais custos são: adubação, formicidas, forragem fungicidas, herbicidas, mão- -de-obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro de cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utiliza- dos na cultura etc. (MARION, 2017, p. 20). Como já mencionado, a Cultura Permanente deve figurar o Ativo Não Circulante – Imobilizado, visto que sofrerá depreciação ou exaustão para apropriação destes custos para a colheita do ano. Dessa forma, todos os gastos utilizados para formação da Cultura Permanente devem ser lançados na Cultura Permanente em Formação (Imobilizado), e dentro dessa conta utilizar subcontas para especificar o tipo de cultura: guaraná, café etc. Perceba que aqui a formação é da Cultura Permanente e não da colheita. A partir do momento em que a Cultura estiver formada, transfere-se o saldo da conta Cultura Permanente em Formação para a conta Cultura Permanente Formada. Doravante, os gastos serão acumulados para apuração do resultado da primeira produção/colheita e não serão mais registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Sendo assim, os gastos, tais como mão de obra, encargos sociais, produtos quí- micos, custos com irrigação, entre outros utilizados na Formação da colheita serão acu- mulados na conta Colheita em Andamento do Ativo Circulante. Vale reforçar que aqui se acrescenta o custo com depreciação ou exaustão da Cultura Permanente Formada. Fique tranquilo(a) que nos próximos tópicos a depreciação a exaustão serão melhor explicadas. Após a colheita cria-se a conta Produtos Agrícolas, também do Ativo Circulante, que receberá o saldo da Conta Colheita em Andamento, bem como os gastos necessários para deixar o produto pronto para venda, como, por exemplo, o acondicionamento dos produtos em embalagens. Conforme o produto for sendo vendido, transfere-se o valor da Conta Produtos Agrícolas para a conta Custo dos Produtos Vendidos, que será utilizada para a apuração do resultado da colheita. 27UNIDADE II Contabilidade Agrícola 2 DEPRECIAÇÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO 2.1 Conceito de Depreciação Os bens utilizados nas atividades e na manutenção da empresa rural, que servirão por vários ciclos operacionais, devem ser depreciados para que a redução do valor corres- pondente seja incorporada aos custos dos produtos. Esses bens estarão registrados no Ativo Não Circulante Imobilizado ou Intangível. A lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – em seu art. 183, conforme redação dada pela lei 11.941/2009, obriga que a diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizados e intangível seja registrada na conta “depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência”. O quadro a seguir apresenta alguns detalhes sobre depreciação, amortização e exaustão, estes serão abordados nos tópicos seguintes. Quadro 1 - Terminologias e Aplicação de Redução do Imobilizado e Intangível TERMINOLOGIA APLICAÇÃO EXEMPLOS Depreciação Bens Corpóreos Equipamentos, Máquinas, veículos, Cultura Permanente Exaustão Recursos Naturais Exauríveis Reservas Florestais, Petrolíferas Amortização Bens Intangíveis Marcas e Patentes, Contratos Fonte: o autor. 28UNIDADE II Contabilidade Agrícola 2.2 Métodos, Cálculos e Contabilização Há várias maneiras de calcular a depreciação, porém algumas são pouco utilizadas. 2.2.1 Método linear ou método de linha reta Nesse método utilizam-se taxas anuais com base na vida útil do bem, considerando que ele fornecerá benefícios iguais em cada período. Por exemplo: Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 4 anos por 400.000,00 e não possui valor residual. Taxa: 100% = 25% ao ano. 4 anos Depreciação 400.000,00 x 25% = 100.000,00 ao ano Ou então: Cota de Depreciação: 400.000,00 = 100.000,00 ao ano. 4 anos O valor residual é o valor que o bem está valendo ao final dos 4 anos de utilização. Caso o bem tenha o valor residual, basta reduzir do total e aplicar a taxa de depreciação apenas na diferença. O Comitê de Pronunciamento Contábeis, em seu pronunciamento CPC 27, define valor residual de um ativo como “o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e condição esperadas para o fim de sua vida útil”. Exemplo: Custo do Bem – Valor Residual = valor depreciável 2.2.2 Método da soma dos dígitos dos anos Conforme Crepaldi (2012, p. 133), Este é um método de depreciação acelerada que leva em consideração não apenas a obsolescência, mas também o incremento de utilização de um ativo no início. No início da vida de um ativo, o consumo é provavelmente maior do que o consumo em outra época. Isso é atribuível a menor quantidade de avarias e menos necessidade de manutenção. Quando o ativo ficar mais ve- lho, a probabilidade de menor utilização é maior e os custos de manutenção maiores, o que resulta em o ativo tornar-se menos produtivo com o passar 29UNIDADE II Contabilidade Agrícola do tempo. Assim, esses fatores fornecem a base para maiores débitos de depreciação quando o ativo é novo e menor nos últimos anos. (CREPALDI, 2012, p. 133). Exemplo: Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 5 anos por R$ 90.000,00 e não possui valor residual. Como são 5 anos: 1+2+3+4+5 = 15 Quadro 2 - Cálculo Depreciação Ano Fator Valor do Bem Quota 1º 5/15 x R$ 90.000 = R$ 30.000,00 2º 4/15 x R$ 90.000 = R$ 24.000,00 3º 3/15 x R$ 90.000 =R$ 18.000,00 4º 2/15 x R$ 90.000 = R$ 12.000,00 5º 1/15 x R$ 90.000 = R$ 6.000,00 Fonte: o autor. 2.2.3 Unidades produzidas e método das horas trabalhadas Nesse método considera-se a vida útil do bem em horas ou em capacidade produtiva. Considere uma máquina adquirida por R$ 200.000,00, possuindo vida útil com uma capacidade produtiva estimada em 1.000.000 de unidades. Sabendo-se que produzirá 200.000 unidades por ano, calcule a depreciação de cada ano. A máquina tem estimativa de operar 20.000 horas, utilizada na razão de 4.000 horas por ano. Não considere valor residual. Em função da capacidade produtiva: Valor do bem: R$ 200.000,00 Produção total estimada: 1.000.000 unidades Depreciação por unidade produzida: R$ 200.000/1.000.000 = R$ 0,20 por unidade Quota anual: 200.000 unidades x R$ 0,20 = R$ 40.000,00 Em função das horas estimadas: Valor do Bem: R$ 200.000,00 Horas estimadas: 20.000 Depreciação por hora = R$ 200.000 / 20.000 = R$ 10,00 Depreciação anual = R$ 10,00 x 4.000 = R$ 40.000,00 30UNIDADE II ContabilidadeAgrícola 2.2.4 Contabilização da depreciação Para registrar os valores de depreciação apurados, utilizam-se as contas Deprecia- ção (Custo ou Despesa) e Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante – Conta Redutora): D – Depreciação (Conta de Resultado) C – Depreciação Acumulada (Redutora do Ativo) Balanço Patrimonial Ativo Não Circulante Bens Depreciáveis R$ 400.000,00 (-) Depreciação Acumulada (R$ 100.000,00) 31UNIDADE II Contabilidade Agrícola 3 AMORTIZAÇÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO 3.1 Conceitos, Métodos e Cálculo A amortização deve ser aplicada na recuperação de capital aplicado na aquisição de contratos. Dessa forma, como afirma Marion (2017), a amortização ocorre para os casos de aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros. O autor cita como exemplo os casos de aquisição de direitos de extração de madeira de floresta pertencente a terceiros ou de exploração de pomar alheio por prazo determina- do, por preço pré-fixado. A exceção, prevista na legislação brasileira, é que se a floresta pertencer a terceiros, mas for explorada em função de contrato por prazo indeterminado, caracterizam-se as quotas de exaustão e não de amortização. A principal diferença entre depreciação e amortização é que essa é aplicada sobre bens físicos e de propriedade da empresa rural, enquanto esta é aplicada sobre direitos com prazo limitados. Exemplo: Considere uma empresa que adquire o direito de explorar um pomar de goiabas por 4 anos pelo valor de R$ 40.000,00. 40.000,00 = 10.000 4 anos 32UNIDADE II Contabilidade Agrícola Exemplo de Bens Amortizáveis: Benfeitorias em bens de terceiros com cláusula de ressarcimento que devem ser registradas no Ativo Imobilizado. Direitos classificados no Ativo Intangível: ● Concessões públicas: estradas, ferrovias, telefonias; ● Direitos autorais; ● Direitos de uso de marca; ● Contratos de exploração de florestas de terceiros. 3.2 Contabilização da amortização Para registrar a amortização: D – Amortização (Conta de Resultado) C – Amortização Acumulada (Redutora do Ativo) 33UNIDADE II Contabilidade Agrícola 4 EXAUSTÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO 4.1 Conceito, Métodos e Cálculos Exaurir quer dizer esgotar, portanto a exaustão está relacionada com a perda de va- lor dos bens e direitos do Ativo pela exploração, sendo ela a extração ou o aproveitamento. Crepaldi (2012) afirma que na exaustão a empresa registra, anualmente, a diminui- ção gradativa do valor de aquisição do bem (jazida, lavra ou reserva florestal), em função da quantidade extraída, avaliados pelo custo de aquisição corrigido na conta Exaustão Acumulada. É válido lembrar que Recursos Florestais próprios de frutos sofrem depreciação, já as florestas de terceiros para corte ou de fruto sofrem amortização, porque, neste caso, o que se amortiza é o contrato (direito de uso), e florestas próprias de corte sofrem exaustão, uma vez que serão esgotadas. Bens exauríveis são Recursos Minerais e Recursos Florestais. A quota anual de exaustão é definida com base no tipo de recurso. 34UNIDADE II Contabilidade Agrícola 4.1.1. Recursos minerais Considera-se o prazo de exploração previsto ou através da divisão da extração anual pela capacidade. Exemplo: Calcule o prazo de exploração de uma jazida (local com itens de exploração mine- ral) adquirida por R$ 1.200.000, com mais R$ 800.000,00 gastos para viabilizar o início da exploração, que será de 40 anos. 100% = 2,5% ao ano 40anos 2.000.000 x 2,5% = 50.000 ou Total a exaurir: 1.200.000 + 800.000 = 2.000.000 2.000.000 = 50.000,00 40 anos 4.1.2. Recursos florestais De acordo com o art. 328 do RIR/99, poderá ser computada, como custo ou en- cargo, em cada período, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos florestais resultante de sua exploração. O cálculo para floresta plantada será, portanto, através da capacidade total, ou seja, número de árvores extraídas dividido pelo número de árvores existentes no início do período de apuração. Número de árvores extraídas no período = taxa de exaustão Número de árvores existentes no período Para florestas naturais, o cálculo será pelo percentual entre os recursos florestais extraídos no período e o volume dos recursos florestais existentes no início do mesmo período. 35UNIDADE II Contabilidade Agrícola Área explorada no período = taxa de exaustão Área total dos recursos do período 4.2 Contabilização da Exaustão Para contabilizar a exaustão, utiliza-se uma conta de resultado e uma conta redu- tora do ativo: D – Exaustão (CR) C – Exaustão Acumulada (redutora do Ativo) 36UNIDADE II Contabilidade Agrícola 5 CONTABILIZAÇÃO E APURAÇÃO DO RESULTADO: CPC 29 5.1 Esquema de Contabilização da Cultura Temporária Figura 1 - Esquema de Contabilização - Cultura Temporária Fonte: o autor. Note que a conta Cultura Temporária absorve todos os gastos até o final: a colheita. Quando, então, o saldo desta conta será transferido para a conta Produtos Agrícolas que receberá os custos que ocorrerem após a colheita, mas que são necessários para que o 37UNIDADE II Contabilidade Agrícola produto fique pronto para venda, como, por exemplo, gastos com o acondicionamento dos produtos colhidos. Após o produto estar pronto para venda, os gastos passam a ser classificados como despesas. Estas, por sua vez, irão para contas específicas que posteriormente serão encerradas para apuração do resultado exercício. 5.1.1 Lançamentos contábeis na cultura temporária Pela formação da colheita D – Cultura Temporária (arroz, soja etc.) - Ativo Circulante C – Caixa, Fornecedores, depreciação acumulada Pela colheita (Produtos Colhidos) D – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante) C – Cultura Temporária (Ativo Circulante) Pela Venda D – Caixa, Bancos, Clientes (Ativo Circulante) C – Venda de Produtos Agrícolas (Conta de Resultado) Pela Apuração do Resultado D – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) C – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante) 5.1.2 Lançamentos contábeis na cultura permanente Os lançamentos contábeis na cultura permanente são: 1º - Formação da Cultura: registram-se os gastos com a formação da Cultura Per- manente na Conta Cultura Permanente em Formação (Ativo Não Circulante - ANC) D – Cultura Permanente em Formação (ANC) C – Caixa, Fornecedores etc. (Ativo Circulante - AC) 2º - Término da Formação: transferem-se os gastos da conta Cultura Permanente em Formação para Conta Cultura Permanente Formada, também do Ativo Não Circulante. 38UNIDADE II Contabilidade Agrícola D – Cultura Permanente Formada (ANC) C – Cultura Permanente em Formação (ANC) 3º - Período de Formação do Produto: cria-se a Conta Colheita em Formação (Ativo Circulante). D – Colheita em Formação (Ativo Circulante - AC) C – Caixa, Fornecedores, Depreciação Acumulado 4º - Término da Colheita: após o término da colheita transfere-se o saldo da Conta Colheita em Formação para a Conta Produtos Agrícolas (Ativo Circulante). D – Produtos Agrícolas (AC) C – Colheita em Formação 5º - Venda dos Produtos. D – Caixa, Clientes etc. C – Venda de Produtos Agrícolas – café, laranja 6º - Apuração do Resultado D – Custo dos Produtos vendidos (Conta de Resultado) C – Produtos Agrícolas (AC) Vale reforçar que gastos que acrescentam vida útil à cultura ou que beneficiam mais de uma safra devem ser imobilizados para serem depreciados. No caso de empresas com mais de uma atividade os custos indiretos devem ser rateados. 39UNIDADE II Contabilidade Agrícola SAIBA MAIS No caso da Cultura Permanente há produtos que não passam pelo estágio de cultura em formação para cultura formada, uma vez que, no momento de considerar a cultura como formada ela é ceifada como ocorre geralmente com as culturas de cana-de-açú- car, palmito, eucalipto, pinho entre outras que são cortadas parabrotarem novamente. Fonte: Marion (2017, p. 20). REFLITA Você acha que a cultura permanente dá mais trabalho para sua contabilização ao ponto de justificar o desinteresse por parte do empresário rural nesta área da Ciência Contá- bil? Fonte: o autor. 40UNIDADE II Contabilidade Agrícola CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos os tipos de Cultura, conhecendo as característica da Cultura Temporária e da Cultura Permanente. Você pôde ver que ambas possuem procedimentos contábeis diferentes e que exigem cuidados específicos para que a contabilidade rural exerça sua função gerencial e fiscal. Com relação aos bens e direitos registrados no Ativo Não Circulante, Imobilizado e Intangível aprendeu que as reduções podem ocorrer através de depreciação, amortização e exaustão, bem como os conceitos, métodos e forma de contabilização de cada um destes itens. A partir de agora você está preparado(a) para seguir se aprofundando na contabi- lidade rural. Convido você a seguir em frente e conhecer, na Unidade III deste material, a Contabilidade da Pecuária. 41UNIDADE II Contabilidade Agrícola LEITURA COMPLEMENTAR Veja a seguir a estimativa de vida útil de alguns equipamentos, implementos e construções rurais: ● Paredes de tijolos, coberta de telha: duração de 25 anos e taxa de depreciação de 4% ao ano. ● Parede de madeira, cobertura de telha: duração de 15 anos e taxa de depreciação de 6,7%. ● Cercas de arames: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano. ● Cerca elétrica: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano. ● Tratores de roda: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano. ● Adubadeira: duração de 8 anos e taxa de depreciação 12,5% ao ano. ● Café: duração de 20 anos e taxa de depreciação 5% ao ano. ● Banana: duração de 08 anos e taxa de depreciação 12,5% ao ano. ● Laranja: duração de 15 anos e taxa de depreciação 6,67% ao ano. Fonte: Marion e Segatti (2012). 42UNIDADE II Contabilidade Agrícola MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Contabilidade Rural Autor: José Carlos Marion Editora: Atlas Sinopse: Este texto, utilizando-se de uma abordagem atual, práti- ca e objetiva, vem preencher uma lacuna na bibliografia de Conta- bilidade Rural no Brasil, e atender a necessidade de um texto com conteúdo programático adequado ao ensino e à prática profissio- nal. Em primeiro lugar, trata da Contabilidade Agrícola, em que são destacadas as diferenças básicas na contabilização das culturas temporárias e permanentes, bem como é analisado o tratamento contábil que deve ser dado ao desmatamento e preparo do solo para o cultivo. Um dos pontos altos aqui abordados é o tratamento da depreciação na agropecuária. Além disso, o autor introduz um plano de contas para empresas agrícolas e faz comentários sobre o funcionamento das principais contas. Em segundo lugar, discorre sobre a Contabilidade de Pecuária e trata pormenorizadamente do método de custo, do custo na pecuária, bem como do método do valor de mercado. Em terceiro lugar, trata do Imposto de Renda aplicado à atividade rural. Em resumo, o conteúdo deste livro é o seguinte: conceitos bási- cos da atividade rural: agrícola, zootécnica e agroindustrial; ano agrícola X exercício social; forma jurídica de exploração na agro- pecuária; fluxo contábil na atividade agrícola: culturas temporárias, permanentes, correção monetária; novos projetos agropecuários e gastos com melhorias; depreciação na agropecuária; casos de exaustão e amortização; planificação contábil e operacionalização do plano de contas; inventário periódico e permanente; sistema auxiliar de contas; contabilidade da pecuária; classificação do gado no balanço patrimonial; métodos do custo X método a valor de mercado; Imposto de Renda - pessoa jurídica. Livro-texto para a disciplina CONTABILIDADE RURAL/CON- TABILIDADE AGROPECUÁRIA/CONTABILIDADE AGRÍCOLA do curso de graduação em Ciências Contábeis. Pela atualidade dos assuntos tratados, é recomendado como manual de consulta para contadores, envolvidos na contabilização e preparação da documentação para o Imposto de Renda, e outros profissionais que exercem atividades agropecuárias. 43UNIDADE II Contabilidade Agrícola FILME/VÍDEO Título: Cavalo de Guerra Ano: 2012 Sinopse: Ted Narracot (Peter Mullan) é um camponês destemido e ex-herói de guerra. Com problemas de saúde e bebedeiras, batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert (Jeremy Irvine) para sobreviver numa fazenda alugada, proprieda- de de um milionário sem escrúpulos (David Tewlis). Cansado da arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo inadequado para os serviços de aragem nas suas terras. O que ele não sabia era que seu filho estabeleceria com o animal uma conexão jamais imaginada. Batizado de Joey pelo jovem, os dois começam seus treinamentos e desenvolvem aptidões. Mas a 1ª Guerra Mundial chegou e a cavalaria britânica o leva embora, sem que Albert possa se alistar por não ter idade suficiente. Já nos campos de batalha e durante anos, Joey mostra toda a sua força e determinação, passando por diversas situações de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para ele um final surpreendente. 44 Plano de Estudo: ● Sistemas de Produção; ● Pastagem; ● Tipos de Pastoreio; ● Alimentação Suplementar; ● Reprodução; ● Especialização das Propriedades Pecuárias; ● Divisão do Rebanho em Categorias; ● Cálculo do Custo do Bezerro; ● Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar Pecuária; ● Compreender a pastagem, tipos de pastoreio, alimentação suplementar; ● Conhecer processos como reprodução, Divisão dos Rebanhos; ● Aprender a calcular o custo do bezerro; ● Entender a contabilização e apuração do resultado. UNIDADE III Contabilidade Pecuária Professor Ivã da Cruz de Araújo 45UNIDADE III Contabilidade Pecuária INTRODUÇÃO Olá! Na unidade anterior você conheceu a Contabilidade Rural voltada para agricultura, agora é hora conhecer como utilizar esta área da ciência contábil ligada à pecuária. Essa unidade foi elaborada para que você entenda a pecuária e seus processos, tais como a produção, a reprodução, os custos do bezerro e a apuração do resultado. Conhecer estes processos, bem como entender como a contabilidade trabalha com a pecuária, ampliará seus conhecimentos contábeis enriquecendo ainda mais sua formação acadêmica e pro- fissional. Boa leitura e bons estudos. 46UNIDADE III Contabilidade Pecuária 1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO Ao ouvir a palavra gado você, se não trabalha nesta área, provavelmente deve associar a boi ou vacas. Porém gado são animais criados em campo para serviços de lavoura, consumo e para fins industriais e/ou comerciais, tais como: ● Bovinos: bois, vacas; ● Caprinos: bodes, cabras; ● Equinos: cavalos, asnos, zebras, pôneis; ● Ovinos: carneiros, ovelhas; ● Muares: burros, mula; ● Bubalinos: búfalos. Marion e Segatti (2012) referem-se à pecuária como a arte de criar gado. Explicam que os bovinos, também chamados Gado Vacum, servem às seguintes finalidades: traba- lho, reprodução, corte e leite. Utilizaremos neste material os bovinos como exemplo. Os sistemas de reprodução do bovino são divididos em: ● Extensivo; ● Semi-intensivo; ● Intensivo. 47UNIDADE III Contabilidade Pecuária 1.1 Sistemas de Reprodução Extensivo O sistema de reprodução extensivo caracteriza-se por processos mais simplifica- dos, em que a Unidade Animal (UA) por hectare (ha) é menor. Para Marion e Segatti (2012 p. 6), nesse sistema de reprodução Geralmente os animais são mantidos em pastos nativos ou cultivados na de- pendência exclusiva dos recursos naturais. Este sistema caracteriza-se por baixa lotação variando de 0,4 a 0,8 UA/ha/Ano, em áreas contíguas sem planejamento adequado de lotação e disponibilidade de forragens. O ma- nejo sanitário baseia-se simplesmente em calendáriosoficiais e vacinação da região em está inserida a propriedade. O manejo zootécnico é ausente ou pouco presente, não se preocupando com o suprimento de forragem no período adverso do ano(seca). É um sistema utilizado ainda em áreas re- cém-desbravadas, onde a produção de forrageira exerce forte pressão sobre recursos naturais. (MARION; SEGATTI, 2012, p. 6). 1.2 Sistema de Reprodução Semi-Intensivo Com relação ao Sistema de Reprodução Semi-intensivo, Marion e Segatti (2012) explicam que a falta de inviabilidade técnica e econômica do sistema extensivo, devido a degradação das forrageiras ou pastagens, obriga o pecuarista que pretende manter-se na atividade a implantar forrageiras que sofrem pastoreio racional através de subdivisões das pastagens, levando a uma maior capacidade de suporte por unidade área, chegando até a 4,0 UA/ha/ano. Nesse sistema as pastagens/forrageiras recebem normalmente corretivos de solo (calcário), adubação química. Além de um manejo mais adequado do rebanho, exige vaci- nas obrigatórias entre outros processos, como vermifugação, mineralização e acompanha- mento zootécnico do rebanho. 1.3 Sistema de Reprodução Intensivo Esse sistema, devido ao aumento da população e redução da área útil, com o intuito de obter maior produtividade e rentabilidade aliadas à tecnologia, exige maiores cuidados. Marion e Segatti (2012, p. 7) explicam que este sistema consiste Na formação de pastagens artificiais adequadamente adubadas e até irriga- das, com forrageiras adequadas à região, propiciando a divisão dos pastos para o estabelecimento do rodízio (permite repouso e recuperação das pas- tagens). Na melhoria tanto das condições de alimentação (arraçoamento, sal, minerais etc.), associando pasto + suplementação, ou pasto +confinamento, como da ordem higiênico-sanitária, o que foi possível pela redução da dis- tância entre o curral e o rebanho. Na introdução de novas raças produtivas, adequadas à região, em substituição aos gados nativos. (MARION; SEGAT- TI, p. 7). 48UNIDADE III Contabilidade Pecuária 2 PASTAGEM A pastagem é o local onde o animal pasta e come ervas não ceifadas. Divide-se em: ● Pastagem natural; ● Pastagem artificial. 2.1 Pastagem Natural Também denominado pasto nativo, a pastagem natural é aquela cuja área não foi cultivada, mas é possível o aproveitando do potencial da natureza e geralmente não apresenta problemas com erosão. São exemplos de pastagens naturais: ● Campos; ● Capins Naturais. 2.2 Pastagem Artificial São áreas cultivadas que exigem preparo do solo para que sirvam para criação de animais. As principais forrageiras utilizadas nos pastos artificiais são as gramíneas, leguminosas e cactáceas. 49UNIDADE III Contabilidade Pecuária 3 TIPOS DE PASTOREIO O pastoreio é a forma como o pecuarista controla a utilização do pasto, inclusive planejando número de cabeças por hectare. Basicamente há dois tipos de pastoreio: o rotativo, que funciona como sistemas de rodízio, e o pastoreio contínuo. ● Pastoreio Rotativo: nesse tipo de pastoreio é feito um rodízio para manter o pasto em repouso para que ele se recupere e seja, posteriormente, aproveitado com qualidade nutricional. Divide-se a área em partes menores para que o rodízio destas áreas seja implantando. ● Pastoreio Contínuo: esse tipo de pastoreio consiste em deixar o gado no mes- mo pasto permanentemente. Em ambos os tipos de pastoreios, geralmente, há um controle para separar os ani- mais em lotes de acordo com suas categorias, como, por exemplo, vacas de cria, animais para engorda etc. 50UNIDADE III Contabilidade Pecuária 4 ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR Basicamente, o objetivo da alimentação suplementar é fornecer para o gado nu- trientes necessários para seu crescimento saudável. Esses nutrientes, tais como proteínas, minerais, vitaminas e carboidratos, melhoram a produtividade dos bovinos durante o perío- do de seca. No período de seca as pastagens crescem com baixos índices nutricionais, o que requer suplementação para não prejudicar a qualidade do gado. Conhecer as melhores estratégias para manter, com menor custo possível, uma boa alimentação para gados de corte e de leite é extremamente necessário para o empre- sário rural. Este, por sua vez, deve procurar informação especializada e tomar medidas que melhor se enquadrem em sua propriedade e produção, principalmente por haver diversas variáveis que influenciam em cada caso, como, por exemplo, a diferença de climas nas regiões do país. 51UNIDADE III Contabilidade Pecuária 5 REPRODUÇÃO Parte fundamental também na pecuária, a reprodução consiste em multiplicar a es- pécie através de manipulação planejada. Buscar conhecimento para aprimorar técnicas de reprodução deve ser uma constante do empresário rural, que deve sempre buscar melhorar a qualidade e rendimento das próximas gerações. 5.1 Métodos de Reprodução De acordo com Marion e Segatti (2012), os métodos de reprodução mais encontra- dos são: ● Seleção: trata-se do acasalamento de bovinos escolhidos dentro do plantel, considerando suas características raciais, produtividade etc., visando a melho- ria da qualidade nas gerações vindouras. ● Consanguinidade: tendo como objetivo o aprimoramento de uma raça, faz-se o acasalamento de animais com alto grau de parentesco, como pai-netas, filho- -mãe etc. ● Cruzamento: reprodução entre animais da mesma espécie, porém de raças diferentes. 5.2 Formas de Reprodução Há três formas utilizadas para reprodução, sendo a monta natural livre a mais utili- zada. Crepaldi (2012, p. 231) afirma que há três formas: 52UNIDADE III Contabilidade Pecuária A Monta Natural Livre é mais a usada; nela, o reprodutor permanece o tempo todo com as vacas. Neste caso, a perda de cio é menor pelo fato de o próprio macho identificar as fêmeas (vacas e novilhas) nesta fase. A relação de touro/ vaca é menor (um touro para 20 a 25 vacas) pelo possível desgaste ocasio- nado por sucessivas montas numa vaca em cio; por este motivo são pouco utilizados animais de alto valor genético nesse tipo de manejo. [...] Monta Natural controlada ou inseminação artificial é o sistema em que a vaca observada em cio é levada ao reprodutor ou inseminada. As vantagens deste tipo de manejo são de poder-se anotar corretamente as datas da cobertura ou inseminação artificial, possibilitar maior controle de infecções relacionadas à reprodução, de melhor aproveitamento de um bom reprodutor, graças ao aumento da relação touro/vaca. Como desvantagens, verifica-se a neces- sidade de mais e melhor mão de obra e perda de cios por deficiência na observação deste cio. [...] A monta natural parcialmente controlada é o sistema em que o reprodutor permanece junto com as vacas certo período do dia. É também um sistema de manejo que se aplica a gado de leite, uma vez que por ocasião das or- denhas, pela manhã e à tarde, o reprodutor é então colocado junto com as vacas. Facilita a identificação de cios feita pelo próprio reprodutor e não per- mite seu desgaste, uma vez que, após uma ou duas montas, a vaca em cio é separada do reprodutor. (CREPALDI, 2012, p. 231). 53UNIDADE III Contabilidade Pecuária 6 ESPECIALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES PECUÁRIAS A especialização das atividades pecuárias possui três fases principais que são executadas individualmente ou em combinações. ● Cria; ● Recria; ● Engorda. A cria é a produção principal, o bezerro é vendido após o desmame. Geralmente a matriz produz um bezerro por ano e o desmame ocorre num período igual ou inferior a 12 meses. A recria consiste em, após desmamar o bezerro (entre 13 a 23 meses), produzir e vender o novilho magro para engorda. A engorda é a atividade que, a partir do novilho magro, produz o novilho gordo para venda. 54UNIDADE III Contabilidade Pecuária 7 DIVISÃO DO REBANHO EM CATEGORIAS A divisão do rebanho segue critérios como idade, peso e sexo e facilita a forma como o rebanho deve sermanejado, bem como interfere no controle da pastagem. 7.1 Classificação por Idade O rebanho é dividido em: ● Bezerro; ● Novilha: antes da primeira parição; ● Vaca – Matriz: após a primeira parição; ● Novilho: estágio do desmame; ● Boi: bovino adulto castrado; ● Garrote: macho inteiro não castrado; ● Touro: reprodutor. 7.2 Classificação Contábil do Gado O Parecer Normativo nº 57/76 do Fisco indica a classificação a ser utilizada para o Ativo Imobilizado: Podemos considerar como integrante do ativo imobilizado as contas a seguir indicadas, tendo em vista o disposto no art. 241 - RIR/75, Decreto 76.186/75, verbis: “Integram o ativo imobilizado, para os efeitos de correção monetária, os bens que se destinem à exploração do objeto social ou à manutenção das atividades da pessoa jurídica.” 55UNIDADE III Contabilidade Pecuária 2.1.1. Gado Reprodutor, indicativa de touros puros de origem, touros puros de cruza, vacas puras de cruza, vacas puras de origem e plantel destinados à inseminação artificial; 2.1.2. Gado de Renda, representando bovinos, suínos, ovinos e equinos que a empresa explora para a produção de bens que constituem objeto de suas atividades; 2.1.3. Animais de Trabalho, compreendendo equinos, bovinos, muares, asini- nos destinados a trabalhos agrícolas, sela e transporte. Quanto ao Ativo Circulante, o parecer diz que devem ser classificados neste grupo animais pequenos destinados à revenda ou para consumo e gados. Exemplos: ● Aves; ● Gado bovino; ● Suínos; ● Ovinos; ● Caprinos; ● Coelhos; ● Peixes. Vale reforçar que na pecuária o período de curto e longo prazo é definido com base no ciclo operacional da atividade. Desta forma, e seguindo a Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), o curto prazo leva em média três a quatro anos. Para evitar o trânsito entre Ativo Circulante e Ativo Não Circulante desnecessariamente deve-se confirmar a real capacidade de reprodução do animal para, só então, reclassificá-lo como imobilizado. Até esta confirmação este permanece no Estoque - Ativo Circulante. 56UNIDADE III Contabilidade Pecuária 8 CÁLCULO DO CUSTO DO BEZERRO Como você já sabe controlar os custos de qualquer empresa, qualquer processo ou atividade é de suma importância. Na pecuária esse controle também se faz necessário, o que exige planejamento e muito controle. O método de custo é definido por Crepaldi (2012) como o método que considera, para efeito de registro, os valores de aquisição ou de produção. Já o método de valor de mercado considera o preço de mercado do plantel, reconhecendo-o sempre que houver ganho econômico, uma vez por ano, considerando que o rebanho cresce naturalmente. Para fins didáticos, no próximo tópico você verá como contabilizar pelo método de custo, porém não deixe de ler nos livros sugeridos o método de contabilização pelo método de mercado. Os principais Custos do Rebanho em Formação são: ● Salários e encargos sociais; ● Manutenção e conservação; ● Combustíveis; ● Energia Elétrica; ● Seguros; ● Depreciação de Instalações; ● Depreciação e exaustão de pastos bem como de outros ativos; ● Serviços profissionais; 57UNIDADE III Contabilidade Pecuária ● Fretes; ● Peças de Reposição; ● Manutenção de cercas; ● Depreciação de matrizes; ● Depreciação de reprodutores; ● Materiais de inseminação; ● 13º Salário; ● Férias. Cabe à Contabilidade avaliar os gastos e classificá-los como custos ou despesas. Um bom plano de contas é de suma importância para auxiliar na contabilização desses gastos. Os gastos com administração da empresa (fazenda) podem ser, por exemplo, lan- çados como despesas, já os custos podem ser diretos, quando de fácil identificação com o produto, ou indiretos, quando houver a necessidade de rateio (divisão dos custos indiretos entre os produtos). A empresa pode ainda adotar a departamentalização e dividir as contas em depar- tamentos de serviços que acumularia os gastos com Assistência Técnica e Almoxarifado e Departamento Produtivo para, por exemplo, os processos de cria, recria e engorda. Marion (2017) afirma que o método de custo assemelha-se ao mesmo aplicado à empresa industrial, sendo que todo o custo da formação do rebanho é acumulado ao plantel e registrado no Estoque - Ativo Circulante (Ativo Biológico). Quando o estoque for vendido ocorrerá a baixa, debitando-se o Custo do Gado Vendido. Crepaldi (2017) menciona o Sistema de Custeio por Absorção como método de apropriação dos custos, que segue quatro passos: a) Separação dos gastos do período e classificação em custos e despesas. b) Classificação dos Custos em diretos e indiretos. c) Apropriação dos custos diretos aos produtos. d) Ratear e apropriar os custos indiretos à produção. A importância de separar custos e despesas é que as despesas irão diretamente para o resultado (Demonstração do Resultado do Exercício), enquanto os custos serão apropriados aos estoques. No próximo tópico você verá a contabilização deste processo e ficará ainda mais claro porque classificar os gastos em custos e despesas é tão importante. 58UNIDADE III Contabilidade Pecuária 9 CONTABILIZAÇÃO E APURAÇÃO DO RESULTADO: CPC 29 Prezado(a) aluno(a), como você sabe a Ciência Contábil tem como principal obje- tivo fornecer informações para tomada de decisão, estudando e controlando o patrimônio das entidades. Na empresa rural, os processos, embora um pouco diferentes, utilizam os mesmos princípios contábeis aplicados nas empresas comerciais e industriais. 9.1 Contabilização pelo Método de Custo Como você viu no tópico anterior, esse método consiste em acumular os custos de formação do rebanho na conta Estoque – Ativo Biológico – Ativo Circulante, que, por oca- sião das vendas, é baixado e levado ao resultado como Custo do Gado Vendido, apurando o lucro no momento da venda. Considere uma empresa que no ano X1 apurou os seguintes fatos: a) Nascimento de 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas; b) A empresa possui reprodutores no valor de R$ 4.800,00 e matrizes de R$ 4.000,00. c) Custo com rebanho no período no valor de R$ 12.000,00, sendo: ● Salário dos Vaqueiros de R$ 5.000,00; ● Rações de R$ 3.000,00; ● Manutenções de R$ 2.000,00; 59UNIDADE III Contabilidade Pecuária ● Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00. ● Exaustão de pastagens no valor de R$ 1.000,00. Considere que esses custos já estão registrados em contas específicas e que falta apenas serem transferidos para a formação do rebanho. Teríamos então: Pela Formação do Rebanho: D – Custo do Rebanho em Formação (AC) R$ 12.000,00 C – Salário dos Vaqueiros R$ 5.000,00 C – Rações R$ 3.000,00 C – Manutenções R$ 2.000,00 C – Depreciação de Matrizes e Reprodutores R$ 1.000,00 C – Combustíveis R$ 1.000,00 D – Bezerros de 0 a 8 meses (AC) C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC) D – Bezerras de 0 a 8 meses (AC) C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC) Note que o custo unitário do bezerro seria de R$ 12.000,00 / 12 = R$ 1.000,00. 60UNIDADE III Contabilidade Pecuária No Balanço Patrimonial teríamos: Quadro 1 - Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo 31/12/x0 31/12/x1 Ativo Circulante Ativo Biológico Bezerro de 0 a 8 meses 0 6.000,00 Bezerra de 0 a 8 meses 0 6.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado (Ativos Biológicos) Reprodutores 4.800,00 4.800,00 (-) Depreciação Acumulada (600,00) Matrizes 4.000,00 4.000,00 (-) Depreciação Acumulada (400,00) Total de Ativos Biológicos 8800 19.800,00 Fonte: o autor. Essa mesma empresa no ano X2 apresentou os seguintes fatos: a) Nascimento de mais 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas; b) Custo com rebanho no período no valor de R$ 24.600,00, sendo: ● Salário dos Vaqueirosde R$ 8.600,00; ● Rações de R$ 8.000,00; ● Manutenções de R$ 4.000,00; ● Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00. ● Combustíveis no valor de R$ 3.000,00. A contabilização dos custos seria igual, porém teríamos um custo unitário calculado considerando novos bezerros: R$ 24.600,00 / 24 bezerros = R$ 1.025,00 Agora temos dois processos que precisam de atenção: A conta Custos do Rebanho em Formação estará com Saldo de R$ 24.600,00. O Saldo das Contas de Bezerros de 0 a 8 meses e Bezerras de 0 a 8 meses será transferido para contas Novilhos de 9 a 18 meses e Novilhas de 9 a 18 meses 61UNIDADE III Contabilidade Pecuária C – Bezerras de 0 a 8 meses D – Novilhos de 9 a 18 meses ........... R$ 12.000,00 C – Bezerras de 0 a 8 meses D – Novilhos de 9 a 18 meses ....... R$ 12.000,00 Temos, então, o Custo do ano X2 e o nascimento de mais 12 bezerros que precisam ser contabilizados. É preciso, portanto, apropriar o custo unitário de 1.025 por cabeça para os bezerros que já são novilhos e também apropriar os custos para os bezerros nascidos em X2. Referente X1: 12 cabeças de R$ 1.000,00 cada + (12 x 1.025) = 24.300,00 Referente X2: 12 cabeças x R$ 1.025,00 = 12.300,00 Total do Rebanho: 36.600,00 Quadro 2 - Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo 31/12/x0 31/12/x1 31/12/x2 Ativo Circulante Ativo Biológico Bezerro de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00 Bezerras de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00 Novilhos de 9 a 18 meses 0 R$ 6.150,00 Novilhos de 9 a 18 meses 0 R$ 6.150,00 Ativo Não Circulante Imobilizado (Ativos Biológicos) Reprodutores R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 (-) Depreciação Acumulada - R$ 600,00 (R$ 1.200,00) Matrizes R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 (-) Depreciação Acumulada - R$ 400,00 (R$ 800,00) Total de Ativos Biológicos 8800 R$ 19.800,00 R$ 43.400,00 Fonte: o autor. E assim sucessivamente. 62UNIDADE III Contabilidade Pecuária 9.2 Contabilização da Morte de Bezerros Considere ainda o exemplo citado no tópico 9.1, porém no ano X3. ● nasceram 20 bezerros, sendo metade machos e metade fêmeas. ● morreram 10 bezerros, no início de X3, referente ao lote de bezerros de 0 a 8 meses. ● o custo do rebanho em X3 ficou em R$ 40.000,00. Para fins de avaliação, o custo unitário dos bezerros de 0 a 8 meses no início de X3 é R$ 1.025,00. O custo dos bezerros mortos totaliza R$ 10.250,00 e será tratado como perda do período (irá direto para o Resultado). Veja como o custo deve ser calculado: Ref x1: 12 cabeças Ref x2: 12 cabeças Ref x2: (10 mortes) Ref x3: 20 cabeças Total: 34 cabeças que receberão custos. R$ 40.000,00/34 cabeças = R$ 1.176,47 (custo unitário a ser apropriado ao rebanho vivo). Referente X1: 12 cabeças de R$2.025,00 cada + (12 x 1.176,47) = R$ 38.417,64 Referente X2: 2 cabeças x R$ 1.025,00 + (2x 1.176,48) = R$ 4.402,96 Referente X3: 20 cabeças x R$ 1.176,47 = R$ 23.529,40 Total do Rebanho: R$ 66.350,00 9.3 Resultado Considere um rebanho com custo unitário de R$ 14.000,00 e com preço de venda da cabeça por R$ 20.000,00. A empresa vendeu um boi. D – Caixa C – Venda de gado ..... R$ 20.000.00 D – Custo do Gado Vendido C – Bovinos para Corte (Estoque – Ativo Circulante) .... R$ 14.000,00 63UNIDADE III Contabilidade Pecuária Quadro 3 - DRE Demonstração do Resultado do Exercício Receita Bruta R$ 20.000,00 (-) Custo do Gado Vendido (R$ 14.000,00) Lucro Bruto R$ 6.000,00 Fonte: o autor. 9.4 Rebanho Transferido para o Imobilizado Quando o touro e/ou a vaca forem transferidos como reprodutores, devem sair do Ativo Circulante e serem registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Nesse caso começarão a sofrer depreciação. Os reprodutores são depreciados em oito anos e as ma- trizes, em dez. SAIBA MAIS Veja a seguir as principais forrageiras utilizada nos pastos artificiais: ● Gramineas: capim, clonião, mombaça, tanzânia, brachiaria, capim, pangola, tifton, coast cross entre outros. ● Leguminosas: alfafa, soja perene, siratro, guandu, leucena, aracleis, amendoim for- rageiro. ● Cactáceas: palma, mandacaru, xiquexique. ● Outras: mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, silagem de milho etc. Fonte: Marion e Segati (2012). REFLITA Você acha que o consumo de carne bovina causa problemas ao meio ambiente? Fonte: o autor. 64UNIDADE III Contabilidade Pecuária CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade capítulo desta fasci- nante busca por conhecimento em contabilidade rural. Nesta unidade você pôde conhecer como funciona a pecuária e seus processos, entender as formas de reprodução dos ani- mais na pecuária, bem como entender como a contabilidade registra estas informações. A partir de agora, depois de conhecer a forma como os custos são calculados, bem como o resultado é apurado, você está pronto(a) para seguir adiante e se aprofundar ainda mais neste ramo da contabilidade. 65UNIDADE III Contabilidade Pecuária LEITURA COMPLEMENTAR A empresa rural pode expandir seus negócios incluindo atividade complementa- res que podem acrescentar resultado interessantes em seus negócios. O artigo a seguir apresenta informações sobre o manejo de desejos animais e sua utilização para melhoria econômica da empresa. Tecnologias a serviço da sustentabilidade e rentabilidade da produção pecuária. Manejo de dejetos animais ajuda na mitigação dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e melhora a economia da propriedade rural Sustentabilidade e produtividade são os principais objetivos da atividade pecuária moderna. Pesquisas científicas e o compartilhamento de experiências tem levado produto- res do País a adotar métodos e técnicas que aumentam a produção, diminuem a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) e ainda geram economia para as propriedades, principal- mente pelo recolhimento de dejetos para a geração de energia elétrica. O estudo promovido pelo Projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração de valor na produção intensiva de carne e leite”, como parte do Plano de Agricultura de Bai- xa Emissão de Carbono (Plano ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), sublinhou pelo menos três métodos para que se aproveite os dejetos em função da sustentabilidade da propriedade. A primeira sugestão do estudo são os biodigestores, que a partir dos dejetos pro- duzem o biogás, rico em CH4 e com alto potencial de combustão. O biocombustível, como também é chamado, pode abastecer redes elétricas e a sua produção reduz a emissão do poluente CH 4 na atmosfera. Os biodigestores são equipamentos que permitem a degradação da biomassa residual sem que ocorra qualquer tipo de contato com o ar. A digestão anaeróbica propor- ciona condições para que sejam multiplicadas alguns tipos de bactérias que aceleram a degradação dos dejetos. “Esse método representa uma das formas mais eficazes para o tratamento dos efluentes da produção bovina confinada. E tem ainda como vantagem o fato de reduzir odo- 66UNIDADE III Contabilidade Pecuária res e agentes patogênicos que poderiam ser transmitidos pelo dejeto”, explica o consultor do Projeto e médico-veterinário, Fabiano Coser. Ainda segundo o consultor, o biogás produzido nos biodigestores pode seguir di- ferentes rotas de aproveitamento. O uso direto do biogás na geração de energia térmica pode representar uma alternativa econômica para, por exemplo, a secagem de grãos, o aquecimento de ambientes (principalmente na avicultura e suinocultura), o aquecimento da água para o banho ou para lavagem das instalações, e também
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