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INTERVENÇÃO SUBAQUÁTICA MEDIÇÃO DE ESPESSURA DE PAREDE (ULTRASSOM) André Luiz Nicolau 2018 Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 2 SUMÁRIO 1. Princípios básicos 03 2. Finalidade do ensaio 03 3. Campo de aplicação 03 4. O ultrassom e outros métodos 03 5. Aplicação específica do ultrassom 03 6. Vantagens do uso do ultrassom 04 7. Ondas 04 7.1 Conceito de ondas 04 7.2 Natureza das ondas 06 7.3 Tipos de ondas 07 7.4 Elementos de uma onda 08 7.5 Ondas sonoras 09 8. Propagação das ondas elásticas 10 8.1 Modo e formas de ondas 11 8.2 Interfaces e ondas planas 12 8.3 Incidência perpendicular em interfaces planas 12 8.4 Incidência oblíqua em interfaces planas 13 9. Atenuação sônica 15 9.1 Espalhamento 15 9.2 Absorção 15 10. Geração das ondas ultrassônicas 15 11. Construção do transdutor 17 11.1 Tipos de transdutores 17 Transdutor de cristal único 18 Transdutor de duplo cristal 19 Transdutor angular 20 12. Geometria do campo sônico 21 13. Métodos de exame por ultrassom 24 Técnica de Impulso-Eco ou Pulso-Eco 24 Técnica da Transparência 24 Técnica de Imersão 25 Método de tempo de trânsito 25 14. Funcionamento do medidor de espessura digital 26 15. Procedimento para medição de espessura (Cygnus) 27 Objetivo 27 Definição 27 Material, faixa de espessura, diâmetro e raio de curvatura 27 Aparelho 28 Características do cabeçote 28 Método de calibração 29 Teste do aparelho 31 Preparação da superfície 32 Acoplante 33 Descrição da execução do exame 33 Sistemática de registro dos resultados 35 Registro dos resultados 35 14. Referências bibliográficas 35 15. Anexo 37 Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 3 MEDIÇÃO DE ESPESSURA DE PAREDE 1. Princípios básicos O ensaio por ultrassom se baseia na propriedade de reflexão das ondas sonoras, ao incidirem na superfície de separação de dois meios que possuem propriedades acústicas diferentes (impedância acústica, densidade, granulometria, velocidade de som , etc.). 2. Finalidade do ensaio Utilização de ondas mecânicas com o objetivo de dimensionar os efeitos da corrosão e/ou erosão sobre uma superfície metálica, verificando também as condições da estrutura em relação ao projeto. 3. Campo de aplicação Este exame é utilizado toda vez que for preenchida pelo menos uma das seguintes condições: - Na primeira inspeção programada para se obter as espessuras de referência e para se verificar as condições de construção e montagem, quando não disponíveis antes da instalação; - Para avaliação e acompanhamento da corrosão alveolar como definida na Norma ABNT NBR 16244 Inspeção Subaquática; - Em locais em que, através da inspeção visual, for detectada abrasão com perda de material; - Em locais sujeitos a erosão interna. 4. O ultrassom e outros métodos de ensaios O ultrassom é uma técnica de ensaio não destrutivo que vem sendo muito utilizado, principalmente em instalações marítimas. Na maioria dos casos, os ensaios são aplicados em aços-carbonos, em menor porcentagem em aços inoxidáveis. Na inspeção submarina é muito utilizado para dimensionar a perda de espessura de parede de uma superfície metálica, quando desgastada por um processo corrosivo ou abrasão, complementando assim o relatório de inspeção visual. 5. Aplicação específica do ultrassom Por ser a técnica ultrassônica um fenômeno basicamente mecânico, é particularmente adaptável para determinação da integridade estrutural de materiais e equipamentos do campo industrial e de engenharia. Suas principais aplicações são: - Detecção de defeitos no material e em soldas de equipamentos e estruturas industriais; - Medições de espessura; - Determinação de dureza e módulo de elasticidade; - Estudo de estruturas metalográficas. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 4 6. Vantagens e desvantagens do uso do ultrassom - Alta sensibilidade, permitindo detecção de pequenos defeitos; - Grande poder de penetração, permitindo o exame de paredes de grande espessura; - Possibilidade de determinação da posição e do tamanho dos defeitos com pequena margem de erro; - Rápida resposta, permitindo automatização do processo; - Não necessita acesso a ambos os lados da superfície a ser inspecionada; - Na inspeção de peças, o inspetor tem que ter bom conhecimento teórico e experiência; - Dificuldade na obtenção de registro permanente do ensaio; - Componentes com pequena espessura dificultam a realização do teste, e - A peça a ser ensaiada necessita de uma preparação prévia de sua superfície. 7. Ondas 7.1 – Conceito de onda Onda é uma perturbação que se propaga em um meio. Considere duas pessoas segurando as extremidades opostas de uma corda flexível. Uma pessoa sacode bruscamente a corda para cima e, em seguida, para baixo, provocando neste ponto uma perturbação. Este movimento brusco origina uma sinuosidade que se movimenta ao longo da corda, no sentido da outra pessoa. A corda é um meio elástico que, sofrendo uma modificação, tende a retornar à sua posição inicial. Assim, a pessoa, ao sacudir a corda, provoca uma modificação nesta extremidade. Mas como esta tende a retornar à sua posição inicial, a perturbação se afasta do ponto onde foi originada. Neste exemplo, a perturbação denomina-se pulso e o movimento do pulso constitui uma onda. A mão da pessoa, ao movimentar a extremidade, constitui a fonte e a corda é o meio elástico onde a onda se propaga. Um pedaço de cortiça flutuando na superfície da água não será transportado durante a passagem da onda. Verifica-se que o pedaço de cortiça se movimenta para cima e para baixo. O fato da cortiça se movimentar indica que a onda lhe cedeu energia. Esta é uma característica fundamental de todas as ondas que ocorrem na natureza. Uma onda transfere energia de um ponto a outro, sem o transporte de matéria entre os pontos. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 5 Em relação à direção de propagação da energia nos meios materiais elásticos, as ondas são classificadas em: - Unidimensionais: quando se propagam numa só direção, como ondas em cordas; Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 6 - Bidimensionais: quando se propagam ao longo de um plano, como ondas na superfície da água; - Tridimensionais: quando se propagam em todas as direções, como as ondas sonoras no ar atmosférico. 7.2 – Natureza das ondas Quanto à sua natureza, as ondas se classificam em mecânicas e eletromagnéticas. Ondas mecânicas são aquelas originadas pela deformação de uma região de um meio elástico e que, para se propagarem, necessitam de um meio material. Daí tiramos a seguinte conclusão: As ondas mecânicas não se propagam no vácuo. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 7 As ondas em cordas e na superfície da água são exemplos de ondas mecânicas. Outro exemplo muito importante é a onda sonora que se propaga nos gases, líquidos e sólidos. Ondas eletromagnéticas são aquelas originadas por cargas elétricas oscilantes, como, por exemplo, elétrons oscilando na antena transmissora de uma estação de rádio ou TV. Elas não necessitam obrigatoriamente de um meio material para se propagarem. A luz visível emitida por uma lanterna é um exemplo de onda eletromagnética. Outros exemplos são as ondas de rádio, as microondas, os raios x e os raios . 7.3 – Tipos de ondas Denominam-se ondas transversais aquelas em que a direção de vibração da onda é perpendicular à direção de propagação. Ondas que sepropagam em uma corda e ondas eletromagnéticas são exemplos de ondas transversais. Onda transversal Denominam-se ondas longitudinais aquelas em que a direção de vibração da onda coincide com a direção de propagação. O som se propaga nos gases e nos líquidos através de ondas longitudinais. Onda longitudinal As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo e nos meios materiais. PROPAGAÇÃO VIBRAÇÃO ÁREAS DE COMPRESSÃO PROPAGAÇÃO/DIREÇÃO Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 8 7.4 – Elementos de uma onda Em ondas que se propagam na superfície de um lago, os pontos mais altos das mesmas são denominados cristas e os pontos mais baixos vales. A distância entre duas cristas adjacentes ou entre dois vales adjacentes permanece constante ao longo da corda, constituindo o comprimento de onda, sendo representada pela letra grega ( lambda ). Cristas: são os pontos mais altos das ondas (A e C). Vales: são os pontos mais baixos (B e D). Comprimento de uma Onda (): é igual à distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos (AC ou BD). Amplitude de uma onda ( a ) – expressa a quantidade de energia transportada pela onda, medida em decibéis ( dB ). Ciclo - movimento completo de um ponto qualquer da onda, saindo de sua posição original e voltando a ela. Frequência - é o número de vezes que determinado fenômeno se repete na unidade de tempo. Usualmente é expressa em Hertz e um hertz é igual a 1 ciclo/s (1 ciclo/s =1 Hertz, 1.000 ciclos/s = 1 KiloHertz, 1.000.000 ciclos/s = 1 MegaHertz) f = 1/T f – frequência. T – período: menor intervalo de tempo da repetição de um fenômeno. V = . f V – Velocidade do som no meio. - Comprimento da onda. f – frequência. A frequência de uma onda é sempre igual à frequência da fonte que a emitiu. A frequência é inversamente proporcional ao comprimento da onda. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 9 7.5 – Ondas sonoras O som é um tipo de energia mecânica que coloca as partículas do meio em movimento. A propagação do som se dá através de movimentos periódicos das partículas componentes da matéria. Podemos criar uma onda na coluna de ar situada dentro de um tubo, pelo movimento periódico, para frente e para trás, de um êmbolo. As moléculas de ar no tubo são alternadamente comprimidas e expandidas. O resultado é uma onda longitudinal se propagando no ar do tubo. As ondas longitudinais de pressão, que se propagam no ar ou em outros meios, são denominadas ondas sonoras. 7.5.1- Faixas de frequência acústica Um ouvido normal é excitado por ondas sonoras de frequências entre, aproximadamente, 20Hz e 20.000Hz. Quando a frequência é menor que 20 Hz, as ondas denominam-se infrassônicas e quando maior que 20.000 Hz, ultrassônicas. O ultrassom é utilizado tanto no Ensaio por Ultrassom como na Medição de Espessura de Parede porque o som em alta frequência tem um poder de penetração maior. A velocidade de uma onda em um determinado material é constante e independe da frequência; depende apenas do material e do tipo de onda. Êmbolo Moléculas de ar comprimidas As ondas sonoras têm origem mecânica, pois são produzidas por deformações em um meio elástico. Portanto, as ondas sonoras não se propagam no vácuo. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 10 Obs.: A frequência normalmente usada para testar peças de aço está entre 1 e 25 MHz. 7.5.2- Velocidade do som Durante uma tempestade, o trovão é ouvido apenas vários segundos após se ver o relâmpago. Quando ouvimos um avião a jato passar sobre nós e tentamos localizá-lo olhando para direção do som, percebemos que a linha de visão cai a uma distância considerável atrás do avião. Estes fatos nos mostram que o som se propaga através do ar com uma velocidade extremamente pequena, comparada com a velocidade da luz. A velocidade do som no ar a 15 graus centígrados é de 340 m/s. Esta velocidade no ar e em outros gases é relativamente pequena pelo fato das moléculas que se movimentam terem de chocar-se umas com as outras a fim de propagar a onda longitudinal de pressão. Nos líquidos e nos sólidos, onde as moléculas estão mais próximas uma das outras e interagem mais intensamente, a velocidade do som é bem maior do que em um gás. A 0 grau centígrado a velocidade do som na água do mar é 1450 m/s, enquanto que no aço varia de 3245 a 5960 m/s (dependendo do tipo de onda). 8. Propagação de ondas sonoras A propagação das ondas sonoras num determinado meio ocorre por intermédio das oscilações das partículas que compõe esse material. Em um corpo elástico, essas partículas individuais são mantidas na sua posição por intermédio das chamadas forças elásticas. Quando uma pertubação atua sobre uma dessas partículas, ela se desloca da sua posição de equilíbrio e oscila. Como ela está ligada às partículas vizinhas por intermédio das forças elásticas, essa excitação é transmitida para as outras partículas. É assim que o movimento se propaga através do sólido, constituindo uma onda elástica. É importante resaltar que uma onda transfere energia de um ponto a outro, sem o transporte de matéria entre os pontos, ou seja, cessado o movimento de oscilação, cada partícula volta à sua posição de equilíbrio. Assim, o que se propaga através do corpo elástico é apenas o estado de movimento. Outro fator importante, é que a velocidade com que as ondas elásticas se propagam em um dado material é constante e independe da frequência. A velocidade de uma onda é uma constante que depende apenas do material e do tipo de onda. Partículas de um sólido mantidas unidas pelas forças elásticas Infrassônicas Ouvido Humano Ultrassônicas Não se Propaga no Ar 20Hz 20kHz 0,5MHz Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 11 8.1 Modo e formas de ondas Como visto anteriormente, dependendo do tipo de excitação e do material, diversos modos de ondas sônicas podem ocorrer: Ondas longitudinais: o movimento oscilatório das partículas se dá no mesmo sentido que a propagação da onda. Também é chamada de onda de compressão. Ondas transversais: o movimento das partículas se dá na direção perpendicular à direção de propagação da onda. A onda transversal é também denominada de onda de cizalhamento, devido ao movimento relativo entre dois planos de partículas do material, durante sua propagação. As ondas transversais praticamente não conseguem se propagar em líquidos e gases, pois estes materiais opõem uma resistência muito pequena ao cizalhamento. Material Ondas Longitudinais velocidade (m/s) Ondas Transversais velocidade (m/s) Ar 330 - Alumínio 6300 3100 Cobre 4700 2300 Ouro 3200 1200 Aço 5900 3200 Aço inoxidável 5800 3100 Aço fundido 4800 2400 Água 1480 - Prata 3600 1600 Exemplos de velocidades de propagação das ondas longitudinais e transversais (Fonte: Ultrasonic Testing, Krautkramer) Nos ensaios por ultrassom as ondas longitudinais e transversais são as mais utilizadas, mas outros tipos de ondas elásticas também são utilizadas: - Ondas superficiais ou ondas de rayleigh: são ondas que se propagam na superfície dos sólidos. Tem pouca penetração (não maior que seu comprimento de onda). São utilizadas na inspeção de camadas finas que recobrem outros materiais. Possuem velocidade de propagação em torno de 90% da velocidade de uma onda transversal. As ondas superficiais que se propagam em movimento paralelo à superfíciee transversal em relação à direção de propagação são denominadas ondas de Love. - Ondas de lamb: são utilizadas para ensaiar chapas planas na localização de laminações. O comprimento de onda é próximo da espessura da chapa ensaiada. São utilizadas na inspeção de chapas finas. A velocidade da onda longitudinal é sempre superior à velocidade da onda transversal, em qualquer material. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 12 8.2 Interfaces e ondas planas As ondas longitudinais e transversais são ditas ondas planas, porque todas as partículas situadas em um plano paralelo à superfície geradora encontram-se no mesmo estado de movimento. No estudo da propagação do som nos materiais devemos levar em consideração vários fenômenos como reflexão, refração, conversão de modo e interferência, que tornam esse contexto bastante complexo. Para facilitar o aprendizado, serão apresentados modelos simples desses fenômenos que permitam uma fácil visualização dos mesmos. Chamamos de interface o plano ou superfície que separa dois meios de propriedades diferentes. 8.3 Incidência perpendicular em interface plana Para iniciarmos esse estudo é importante definirmos uma propriedade que os materiais possuem que é a chamada impedância acústica. A impedância acústica exprime a quantidade de energia sônica que se reflete e se transmite para o meio. = . v Onde: - é a impedância acústica - é a massa específica do meio. v – a velocidade do som no meio. A quantidade de energia sônica que é transmitida e refletida pela interface entre dois materiais diferentes é determinada pela impedância acústica dos dois materiais. Caso as impedâncias acústicas sejam similares, não haverá reflexão. Quanto maior a diferença entre elas, maior será a reflexão. Pode ser calculada utilizando as seguintes fórmulas: R = (Z2 – Z1) 2 / (Z2 + Z1) 2 - Energia Refletida T = 1- R - Energia Transmitida Vamos ver agora como se comporta uma onda sônica incidindo perpendicularmente em uma interface plana. Onda sônica incidindo perpendicularmente em uma interface plana Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 13 8.4 Incidência oblíqua em interface plana Quando uma onda sônica incide em uma interface formando um ângulo oblíquo com a normal, podemos ter duas situações: ou a onda é transmitida (refratada) ou é refletida. Reflexão e refração de uma onda sônica com incidência oblíqua A direção que essas ondas tomam, quer sejam refletidas ou refratadas, pode ser calculada por uma lei chamada de Lei de Snell. SEN1 = V1 SEN2 V2 Vamos imaginar a seguinte situação: uma onda sônica se propaga de um meio 1 onde a velocidade de propagação é de 1,5km/s e incide num meio 2 onde a velocidade de propagação é de 6km/s. Sendo o ângulo de incidência igual a 10, calcule o ângulo de refração do meio 2. V2/ V1= 4. Para i = 10, SEN i = 0,17, assim: SENr = 4 X 0,17 = 0,68 t = 43 Neste exemplo a onda transmitida se desloca com maior velocidade no meio 2, possuindo portanto um ângulo de refração maior que o de incidência. LEI DE SNELL Maior velocidade do som no material corresponde a um maior ângulo. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 14 Quando uma onda sônica incide e reflete no mesmo material com o mesmo tipo de onda (longitudinal ou transversal), ela possuirá uma mesma velocidade e consequentemente: SEN i / SEN r = 1 i = r Isto quer dizer que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Entretanto, existem casos em que a onda refletida pode ser de um tipo diferente da onda incidente. Nessas situações, apesar da reflexão ocorrer num mesmo material, a onda refletida tem velocidade diferente e, portanto, um ângulo diferente também. A figura abaixo apresenta um resumo de todas as situações que podem ocorrer quando uma onda sônica incide obliquamente sobre uma interface. Reflexão, refração e conversão de modo Conversão de Modo: ondas longitudinais podem se transformar em transversais e vice-versa. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 15 9. Atenuação sônica A perda de energia sônica durante a passagem do som em um material é ocasionada principalmente pelos fenômenos da dispersão e absorção. Esses dois fenômenos combinados acarretam o enfraquecimento do som, ao atravessar um determinado material, ocasionando a chamada atenuação sônica. 9.1 Dispersão A dispersão ocorre devido as reflexões que o som sofre ao passar por interfaces existentes no interior da peça, geradas pelas heterogeneidades do material. Esse fenômeno impede o retorno de grande parte do feixe sônico para equipamento de ultrassom. Os fatores mais comuns que causam o espalhamento são: - Acoplamento incorreto entre a peça e o cabeçote do equipamento; - Peça possuindo a superfície muito irregular; - Tamanho dos grãos que constituem o material; - Presença de inclusões metálicas, poros, etc. 9.2 Absorção A energia não pode ser criada ou destruída. O que podemos fazer é transformá-la de um tipo de energia para outro. Quando o som atravessa um material, ele movimenta as partículas do meio como já foi visto. Para as partículas se movimentarem parte da excitação é transformada em energia cinética e depois dissipada na forma de calor. A absorção é a transformação da energia sônica em calor. Esta aumenta com o aumento da frequência (maior frequência menor penetração, menor frequência maior penetração). 10. Geração das ondas ultrassônicas Para que o som seja transmitido através de um material é necessário que as partículas do meio sejam excitadas. Uma maneira bem simples de se fazer isso é golpeando a peça com um martelo. Acontece que nesse tipo de vibração, o som se propaga pela peça em todas as direções, como no caso de uma pedra que é lançada na superfície de um lago, criando ondulações. Na inspeção utilizando a técnica do ultrassom é necessário que som transmitido para o interior da peça seja focado e direcionado. Isso é feito utilizando um equipamento que possui um cristal que vibra quando submetido a um potencial elétrico. Nesta forma de geração de ondas, o som se propaga tendo pouca divergência, sendo assim mais adequado para realizar esse tipo de teste. O mecanismo que transforma uma forma de energia em outra é chamado de transdutor ou cabeçote. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 16 No nosso caso específico, é utilizado dentro do transdutor um cristal de quartzo que possui o chamado efeito piezelétrico. Piezeletricidade – fenômeno observado em certos cristais anisotrópicos nos quais deformações mecânicas provocam polarizações elétricas seguindo determinadas direções. Anisotropia - qualidade de certos cristais de reagir diferentemente segundo a direção de propagação de um determinado fenômeno físico (propagação do som, luz, calor, etc.). Em 1880, os irmãos Curie (Pierre e Jacques) constataram experimentalmente, que determinados materiais cortados em formato de lâmina (como o cristal de quartzo), quando submetidos a uma carga mecânica, produziam uma diferença de potencial que podia ser detectada por um voltímetro como mostra a figura abaixo. Desta maneira o cristal é capaz de converter um sinal mecânico em um sinal elétrico e quanto maior for a pressão exercida maior será a voltagem produzida. Jacques e Pierre Curie No ano seguinte, Gabriel Lippmann descobriu que o inverso da observação dos irmãos Curie também era verdadeiro.Quando é aplicada uma diferença de potencial a um cristal de quartzo, o mesmo sofre uma deformação proporcional à voltagem. Desta forma o cristal de quartzo é também capaz de converter um sinal elétrico em um sinal mecânico. Como os dois efeitos estão muito relacionados entre si, normalmente nos referimos a ambos como efeito piezelétrico. Efeito Piezelétrico Se aplicarmos a um cristal piezelétrico uma voltagem alternada de uma certa frequência, o cristal irá vibrar com a mesma frequência. Esta é a maneira pela qual as ondas ultrassônicas são geradas em um transdutor. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 17 Existem vários materiais com propriedade piezelétrica e os mais utilizados são: - Quartzo: pode ser natural (barato e resistente) ou construído artificialmente; - Sulfato de Lítio: cristal construído artificialmente (bom receptor). É sensível a temperatura e pouco resistente; - Cerâmica polarizada: vários tipos são usados comumente como o titanato de bário (bom emissor), metaniobato de chumbo, zirconato-titanato de chumbo (PTZ), etc. 11. Construção do transdutor O transdutor ultrassônico é construído de maneira a produzir uma forma de onda adequada para o tipo de teste a ser realizado. É formado pelo cristal, pelas conexões elétricas e por uma carcaça de proteção. O interior desta carcaça é normalmente preenchido por um material absorvente sônico que tem a finalidade de amortecer as vibrações do cristal e evitar reflexões internas no transdutor. No transdutor o cristal é envolvido por um material metálico que permite que um potencial elétrico seja aplicado nele e retorne depois sendo detectado pelo mecanismo do equipamento. Corte parcial de um cabeçote mostrando os componentes internos Para garantir a passagem do feixe sônico para o interior do material, torna-se indispensável a utilização de um meio de transmissão entre a superfície do transdutor e a superfície da peça. Qualquer camada de ar entre o transdutor e a peça irá provocar uma reflexão total do feixe sônico. Este meio de transmissão é chamado de acoplante e pode ser constituído de água, óleos, graxas e outros materiais líquidos ou pastosos. Quanto mais rugosa for a superfície da peça, mais viscoso deve ser o acoplante para permitir uma transmissão com a menor perda possível de feixe sônico incidente. A quantidade de energia transmitida e refletida pode ser determinada através das impedâncias acústicas do transdutor, do acoplante e do material da peça. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 18 11.1 Tipos de transdutores Transdutor normal ou reto Neste tipo de cabeçote, o cristal é instalado num plano paralelo à superfície da peça que vai ser ensaiada, fazendo com que o som penetre numa direção perpendicular (normal) à mesma. Possui um único cristal que é utilizado para transmitir o feixe sônico e recebe-lo de volta. No início do processo, o cristal produz um pulso de ondas ultrassônicas e então, durante certo período, fica aguardando o retorno do sinal (eco). Por esse motivo essa técnica de ensaio é chamada de “pulso-eco”. Normalmente, o cristal é protegido do desgaste ocasionado pelo atrito com a peça, por uma fina membrana de borracha ou camadas fixas de epóxi enriquecido com óxido de alumínio. Transdutor normal Os transdutores normais são geralmente circulares, com diâmetros de 5 a 24mm, com frequência de 0,5; 1; 2; 2,5; 5 e 6 MHz. Vantagens - Possui boa resolução; - É indicado para inspecionar chapas espessas (maiores do que 40 mm). Limitações - Pouca resolução próximo da superfície da peça; - Não inspeciona chapas finas com boa resolução. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 19 Transdutor duplo-cristal ou SE Este tipo de cabeçote é construído basicamente da mesma forma que o cabeçote normal. No duplo cristal, ao contrário do anterior, um dos cristais transmite o som para a peça (é o emissor) e o outro apenas recebe o som que retorna da peça (é o receptor), estando dispostos em um plano paralelo ao da peça. Os dois trabalham em conjunto mas não possuem ligação elétrica ou acústica. São isolados por um divisor sônico que impede a passagem do sinal de um lado para o outro. Esse cabeçote é utilizado na inspeção ou medição de materiais de espessura reduzida e também para detectar descontinuidades próximas da superfície do material, onde transdutores retos e angulares não apresentam uma resposta clara. É o transdutor mais utilizado e indicado nas medições de espessura de parede. Transdutor duplo-cristal Vantagens - Boa resolução na supercície da peça; - Inspeciona peças finas. Limitações - Sapatas espessas reduzem a intensidade do sinal - Alcance limitado; - Usado normalmente para chapas finas (menores que 40 mm de espessura). Os dois tipos de transdutores já apresentados introduzem ondas longitudinais no material inspecionado e são, por este motivo, chamados de transdutores normais (incidência perpendicular). Todo transdutor gera ondas longitudinais. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 20 Transdutor angular Neste tipo de transdutor o cristal é disposto em ângulo em relação ao plano da peça que será examinada. O ângulo é obtido, interpondo entre o cristal piezelétrico e a superfície uma cunha de plástico. A cunha pode ser fixa, estando englobada pela carcaça ou pode ser trocada. Os cabeçotes angulares mais utilizados para a inspeção de peças de aço são os de 35, 45, 60, 70 e 80 graus. Esses ângulos só são válidos na inspeção de peças de aço. Para outros materiais, os novos ângulos podem ser calculados pela Lei de Snell. O cabeçote angular, gera uma onda longitudinal que atravessa uma cunha de material plástico e incide sobre a superfície da peça com um ângulo diferente de 90. Ocorrem, portanto, os fenômenos de reflexão, refração e conversão de modo (longitudinal para transversal) já analisados. O transdutor angular é usado para inspecionar soldas e para detecção de descontinuidades posicionadas perpendicularmente à superfície da peça. Transdutor angular Comparação entre transdutores normais e angulares Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 21 12. Geometria do campo sônico O cristal transmite às partículas da peça que está sendo ensaiada seu próprio movimento com uma fase e uma amplitude idêntica em todos os pontos de sua superfície. Para melhor entendermos esses fenômenos, imaginemos a superfície do cristal constituída de infinitos pontos oscilantes de maneira que cada ponto produz ondas mecânicas. À semelhança de uma pedra que cai em um lago, cada ponto do cristal piezelétrico produzirá ondas esféricas que se propagarão pelo meio. Campo sônico próximo da face do cristal Como podemos observar no desenho acima, existe uma interferência grande entre as ondas que são geradas nos pontos representados na figura. A medida em que essas ondas se afastam da origem, essas interferências vão atenuando e desaparecendo, se transformando em uma só frente de ondas. Essa região onde as interferências se manifestam é denominada de Campo Próximo (N) ou Zona de Fresnel. A extensão do campo próximo depende do diâmetro do cristal e do comprimento de onda () da vibração (cristal com diâmetro grande, maior campo próximo). O campo próximo pode ser calculado pela seguinte fórmula: Def = diâmetro efetivo do cristal. É a área acusticamente efetiva do cristal, que depende de sua forma geométrica. Nos cristais circulares, Def = 0,97 x diâmetro do cristal. Para cristaisretangular, Def = 0,97 x metade do comprimento do lado maior do cristal. = comprimento de onda. f = frequência ultra-sônica. v = velocidade de propagação do som que é igual a x f. Campo Próximo = D ef 2 / 4. ou D ef 2 .f / 4.v Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 22 Exemplo: calcular o campo próximo de um cristal que tem 08 mm de diâmetro e que trabalha numa frequência de 4MHz numa peça de aço onde a velocidade de propagação do som é de 5.900m/s. N = D ef 2 (mm) / 4. (mm) ou N = D ef 2 (mm).f (Hz) / 4.v (mm/s) N = (8x0,97) 2 / 4 x 1,475 N = 60,21/5,9 N = 10,2mm A região do campo próximo se constitui em uma dificuldade para o inspetor na avaliação ou detecção de pequenas descontinuidades (menores que o diâmetro do transdutor) que estão situadas nesta região próxima do transdutor. A próxima região do campo sônico é o campo longínquo (também chamado de campo distante ou Zona de Fraunhofer), sendo a região do feixe sônico onde as ondas começam a divergir e perder intensidade (diminuição da pressão sônica) a medida em que se afastam do cristal. Nessa região qualquer descontinuidade compatível com o comprimento de onda pode ser detectada. Um cristal plano circular vibrando em contato com a superfície de um material, transmite ondas longitudinais para o seu interior, apresentando um perfil aproximado como o mostrado na figura abaixo: Zonas de tansmissão do ultrassom No campo sônico representado acima, podemos identificar, para fins didáticos, as seguintes regiões: 1- campo próximo, que é a região onde pequenas descontinuidades são difíceis de serem localizadas; 2- região onde descontinuidades maiores podem ser localizadas; 3- região onde qualquer descontinuidade com tamanho compatível com o comprimento de onda pode ser detectada. Campo Próximo Campo Distante 1 2 3 Campo Próximo Campo Distante 1 2 3 Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 23 Divergência do campo sônico: é a perda de parte da intensidade da energia sônica ao se afastar da fonte emissora das vibrações. A divergência do feixe sônico é inversamente proporcional a frequência e ao diâmetro do cristal, ou seja, cristais com maior diâmetro, menor divergência e cristais com menor diâmetro, maior divergência. 13. Métodos de exame por ultrassom O ensaio por ultrassom pode ser realizado pelo contato direto entre o cabeçote e a peça ou então por imersão, onde uma camada de água entre o cabeçote e o material a ser ensaiado, além de funcionar como acoplante, faz com que o campo próximo do cabeçote fique fora da peça ensaiada. Serão descritas agora as principais técnicas. Técnica de Impulso-Eco ou Pulso-Eco Nesta técnica o equipamento gera ondas ultrassônicas em intervalos regulares que se propagam no material a ser inspecionado, até encontrar uma superfície refletora. As ondas refletidas retornam ao transdutor que converte a energia mecânica em pulsos elétricos que são processados e apresentados na tela do aparelho. Utiliza apenas um transdutor que é responsável pela emissão e recepção das ondas ultrassônicas, sendo acoplado em apenas um lado da peça ensaiada. Neste ensaio a descontinuidade é localizada, dimensionada e verificada a sua profundidade. Técnica do Pulso-Eco Técnica da Transparência Utiliza dois transdutores separados e acoplados nos lados da peça, um atuando como emissor e o outro como receptor. Para que a técnica seja executada de forma correta, é necessário que os dois transdutores sejam deslocados mantendo-se um alinhamento perfeito. Um voltímetro acoplado à unidade receptora, acusará através da queda da voltagem medida, a presença de uma descontinuidade entre os dois transdutores. Entretanto, como não é medido o tempo de trânsito, não é possível determinar a profundidade na qual encontra-se a descontinuidade, sua extensão ou Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 24 localização. É simplesmente um teste do tipo passa não passa podendo assim o inspetor estabelecer critérios de aceitação do material fabricado. Este ensaio é aplicado a chapas, barras fundidas ou forjadas, e em alguns situações em soldas. Este método é mais utilizado nas inspeções automatizadas do que nas manuais. Técnica de Imersão Técnica que utiliza um transdutor de imersão à prova d'água, que está preso a um dispositivo. O transdutor se movimenta tanto na distância em relação a peça quanto na inclinação do feixe sônico que entra na superfície da peça. A peça a ser ensaiada é imersa em um tanque com água, proporcionando assim, acoplamento sempre homogêneo. Cabeçote de imersão Tempo de trânsito Este método é utilizado na medição de espessura. Embora um instrumento projetado para trabalhar no método de reflexão seja também adequado para medição de espessura, seu manuseio exige a presença de um operador mais qualificado. Os instrumentos de medição de espessura são de operação muito mais simples, exigindo pouco treinamento. Os métodos enquadrados neste grupo utilizam a medida do tempo de trânsito ou a medida da frequência de ressonância para determinação precisa da espessura do material inspecionado. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 25 A medição do tempo de trânsito é a base de funcionamento de grande parte dos instrumentos de medição de espessura. Sabendo-se o tempo e a velocidade do som no material, a espessura pode ser facilmente determinada. Normalmente o valor da espessura é lido diretamente em um mostrador de ponteiro ou em um mostrador digital. S = espaço percorrido pelo som no material V = velocidade de propagação do som no material T = tempo para o som percorrer o material Medidor de espessura de parede 14. Funcionamento do medidor de espessura digital O aparelho utiliza uma técnica chamada de “pulso-eco”. Isto significa dizer que o transdutor ao receber um sinal elétrico de certa frequência faz vibrar o cristal com a mesma frequência e então emite, para o interior da peça, um pulso de ondas sônicas e fica aguardando o retorno do feixe sônico (eco). Quando o aparelho produz um potencial elétrico para o cristal, por intermédio de um gerador de sinal, um processador de sinal dentro do equipamento começa a marcar o tempo que a onda sônica leva para entrar e sair da peça (tempo de trânsito). Essa tomada de tempo é interrompida quando o cristal recebe as ondas refletidas e transforma o sinal mecânico em elétrico novamente. S = VxT Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 26 É bom lembrar que na passagem do som através do material, ocorre uma perda de pelo menos 87%, significando que apenas uma pequena parcela do feixe sônico retorna para o transdutor. Por esse motivo, o sinal passa por um amplificador chegando finalmente ao processador que interrompe a marcação de tempo. O equipamento então calcula a espessura da peça multiplicando o tempo de trânsito (dividido por dois) pela velocidade do som no material, mostrando esse resultado no display digital do medidor. Funcionamento do medidor de espessura Cygnus Display Digital Amplificador Tempo de Trânsito x Velocidade / 2 Processador de Sinal e Timer Gerador de Sinal Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 27 15. Procedimento para medição de espessura (Cygnus) Objetivo A finalidade deste procedimento é apresentar as normas de conduta a seremobedecidas durante o teste de medição de espessura, pelo método de ultrassom, em instalações marítimas, abrangendo a região compreendida entre o leito marinho e o limite superior da zona de transição. Definição Bloco padrão: Peça de material de composição, tratamento térmico, forma geométrica e acabamento superficial especificados, por meio do qual o equipamento de ultrassom pode ser verificado e calibrado para o ensaio de materiais similares quanto à propagação do som. O bloco-padrão deve ser de material similar ao da peça a ser medida e sua espessura deve estar numa tolerância de 0,05 mm da espessura nominal. O perfil de rugosidade deve ser inferior a 1,6 m. Após sua fabricação, o bloco deve ter a sua integridade verificada por meio de ensaio por ultrassom. Essa verificação tem como finalidade garantir a inexistência de descontinuidades que possam comprometer a eficácia das calibrações. O bloco-padrão deve possuir código de identificação marcado de forma indelével e ser rastreável a um certificado de calibração emitido por laboratório integrante da Rede Brasileira de Calibração (RBC). O período de validade do certificado de calibração será determinado pelo inspetor Nível 3 da modalidade devendo o mesmo ser verificado no final desse período, quanto às dimensões e ao perfil de rugosidade. Bloco padrão escalonado Material, faixa de espessura, diâmetro e raio de curvatura Materiais: aços carbonos e aços de baixa liga com teores de elementos de liga até 6% e aços inoxídáveis da série 400. Faixa de espessura: maior ou igual a 3,8 mm e até 99,9 mm. Diâmetro: maior ou igual a 50,8 mm (2”), usando cabeçote de 13 mm de diâmetro. Raio de curvatura: maior ou igual 25,4 mm (1”), usando cabeçote de 13 mm de diâmetro. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 28 Medidor de espessura de parede por ultrassom submarino Aparelho, faixa de medição e profundidade máxima de utilização Fabricante: Cygnus Instruments Limited. Modelo: Cygnus 1-UW Mostrador: digital LCD (escala em polegadas ou mm). Faixa de Medição: 3,8 a 99,9 mm. Profundidade máxima de trabalho: 300 metros. Fonte de alimentação: bateria NiCd-6V-DC. Precisão: 0,1 mm. Temperatura de operação: de -10 C a +50 C. Dimensões: 238 mm de comprimento X 85 mm de diâmetro. Peso: 997 g (emerso). Características do cabeçote Fabricante: Cygnus Instruments Limited. Modelo: Underwater Remote Probe (Pulso-Eco). Faixa de medição: 3,8 a 99,9 mm. Frequência: 2,25 MHz, podendo efetuar medições em materiais com velocidade do som entre 1000 e 7000 m/s. Diâmetro do cabeçote: 13 mm. Tipo: fixo (monocristal). Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 29 Transdutor com extensor e sem extensor Método de calibração O aparelho vem calibrado de fábrica na velocidade apropriada para medir o aço (velocidade de 5920 m/s), sendo verificado ou calibrado em um bloco-padrão de aço carbono com espessura próxima àquela a ser medida. O aparelho é considerado verificado ou calibrado para medir espessuras numa faixa de 25% da espessura do bloco padrão escalonado. ESPESSURA DO BLOCO (mm) FAIXA DE ESPESSURA (mm) 5,0 3,8 A 6,2 8,0 6,0 A 10,0 13,0 9,8 A 16,2 21,0 15,7 A 26,2 34,0 25,5 A 42,5 55,0 41,3 A 68,7 80,0 60,0 A 99,9 O aparelho será considerado verificado ou calibrado se atingir uma precisão de leitura no bloco-padrão conforme o estabelecido na tabela abaixo. FAIXA DE ESPESSURA (mm) PRECISÃO DAS LEITURAS (mm) 1,0 a 4,0 0,1 5,0 A 25,0 0,2 25,1 A 99,9 0,3 A verificação e a calibração devem ser efetuadas nas condições emersa e submersa, antes e após a realização das medições. A verificação é feita em todos os degraus do bloco escalonado Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 30 Quando a medida estiver fora da faixa aceitável, o ajuste de calibração pode ser feito através de um parafuso de calibração (calibration trim screw) situado na parte traseira do aparelho (modelos mais antigos). A – Bateria B – Cabo extensor da bateria C – Chave de ajuste de calibração Para se ter acesso ao mesmo, deve-se retirar a bateria e conectar o cabo extensor de ligação da bateria ao aparelho. Usando-se a chave de ajuste ou uma chave de fenda adequada, girar o parafuso de calibração no sentido horário ou anti-horário até obter a leitura correta do bloco-padrão. Nos equipamentos mais modernos, o ajuste de calibração é feito da seguinte forma: Parafuso de calibração Cabo extensor da bateria Botão seletor A B C Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 31 Visão da parte traseira do equipamento Para se ter acesso ao botão seletor (set), retirar a bateria e conectar o cabo extensor de ligação da bateria ao aparelho. Com o transdutor acoplado no degrau a ser calibrado, apertar o botão seletor uma vez e aparecerá a palavra “CAL” (calibração) e a espessura lida fica piscando. Calibração do equipamento Apertando os botões “+” ou “-“, calibrar o cygnus até obter a leitura correta da espessura do degrau de acordo com a “Tabela 2”. Para confirmar a calibração, apertar o botão seletor (set). Teste do aparelho Ao ligar o equipamento no botão “on/off”, aparecem os dígitos “8.8.8.8” indicando que o equipamento executou o auto-teste e está ativado. Em seguida, aparece brevemente a palavra “bAtt” indicando o teste de bateria. São exibidas na sequência, a frequência do cabeçote e a velocidade do som em que o aparelho está calibrado (5920 m/s para medidas no aço); O equipamento está pronto para ser usado. O display mostrará um ponto decimal e uma barra ficará piscando. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 32 Para desligar o cygnus avançar o botão on/off. A palavra “shutoff ”aparece no display e logo depois o equipamento desliga. Se o equipamento não for utilizado por 10 minutos após a última medida, ele desliga automaticamente. Quando a carga da bateria estiver baixa o aparelho mostra uma mensagem de advertência: a palavra “bAtt” fica piscando uma vez cada 04 segundos. O equipamento continuará fazendo as medições durante algum tempo. O tempo exato de duração depende do tipo de bateria que se está utilizando. Quando a bateria chegar ao final da sua carga, a palavra “bAtt” piscará por aproximadamente 05 segundos e o aparelho desligará. Carregador de bateria do Cygnus Ao ligar o carregador à bateria o indicador de carga acende a luz vermelha. A bateria leva em torno de duas horas para ficar totalmente carregada (acende a luz verde). Preparação da superfície As superfícies devem ser uniformes e isentas de materiais que interfiram no ensaio, tais como tintas, revestimentos, incrustações, carepas soltas, rebarbas ou qualquer outra interferência que possa afetar o resultado das medições. Para limpeza devem ser utilizadas ferramentas convencionais como escovas de aço, lixas e raspadeiras. Os pontos selecionados devem ser limpos no mínimo em um diâmetro de 50 mm, não podendo permanecer nenhum resíduo que possa provocar distorções nas medições. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 33 Mergulhador limpando a região a ser ensaiada Acoplante Nas medições realizadas fora da água, utilizar como acoplante óleo mineral, vaselina líquida, carboxi-metil-celulose ou graxa de silicone. Para mediçõessubmersas a própria água serve como acoplante. Descrição da execução do exame Ligar o aparelho e verificar o estado da bateria. Fazer a verificação do equipamento no bloco-padrão com espessura próxima a ser medida. O aparelho é considerado verificado ou calibrado para medir espessuras numa faixa de 25% da espessura do padrão. Limpar a superfície a ser ensaiada. Cada ponto selecionado deve ser objeto de 03 medições diferentes registrando-se a menor, desde que elas não difiram entre si de mais de 0,5 mm. Medição de espessura de parede Caso ocorra diferença maior que 0,5 mm, deve ser verificada a calibração do aparelho, repetindo-se as medições. Persistindo a discrepância, os três valores devem ser registrados. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 34 No caso de superfícies irregulares devido à corrosão, onde o acoplamento não é possível, devem-se adotar outros meios para realizar as medições, tais como: “pit- gauge”, molde, paquímetro, etc. Pit-gauge Na inspeção de chapas, executar cinco medições em pontos diferentes da superfície de cada chapa, sendo uma no centro e as demais obedecendo às posições 0, 3, 6 e 9h de acordo com os ponteiros do relógio, sublinhando o menor valor encontrado. Em tubos, efetuar as medidas sobre quatro geratrizes do tubo (0°, 90°, 180° e 270°). Efetuar três medidas em cada geratriz, sublinhando a de menor valor e ao final, informar no relatório de registro de resultados o menor valor encontrado entre todas as medidas. Para a medição de espessura em aços inoxidáveis, proceder à leitura normal conforme já explicado anteriormente e multiplicar os resultados encontrados pelo fator de conversão 0,956. Para esta opção, deverá ser utilizado um bloco padrão do mesmo material a ser inspecionado, ou seja, aço inoxidável, para calibração do equipamento. Sistemática de registro dos resultados Todos os pontos inspecionados devem ser criteriosamente rastreáveis a um sistema de identificação e rastreabilidade, adequado às necessidades do cliente. A medição da espessura para acompanhar as taxas de corrosão em dutos sem revestimento, pode ser executada nos mesmos pontos previamente selecionados para a medição de potencial eletroquímico, de forma a maximizar o aproveitamento da mão de obra. Em dutos com revestimento, deve ser medida a espessura nos pontos onde o revestimento estiver danificado e o metal aparente. Os dutos rígidos com suspeita de erosão interna, quando revestidos, deverão ter removidos os seus revestimentos para a medição de espessura, numa área estritamente necessária à execução do ensaio. A decisão de remover o revestimento cabe ao fiscal da obra. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 35 Registro dos resultados Os resultados das medições devem ser registrados em formulários adequados a cada tipo de instalação. 16. Referências bibliográficas - Andreucci, Ricardo. Ensaio por Ultrassom, ABENDI, Edição Junho de 2016. - Barbosa, Ivan Lemos e Sérgio Omineli .Apostila de Espessura de Parede, Superpesa, 1978. - Cygnus 1 Underwater Ultrasonic Thickness Gauge – Operation Manual, Fev 2005. - Krautkramer, "Ultrasonic Testing of Materials", Alemanha, second edition. - Leite, Paulo G.P. Curso de Ensaios Não Destrutivos, Associação Brasileira de Metais – ABM, 8 a .Edição 1966. - Nicolau, André L. - Apostila do Curso de Inspeção Submarina – Medição de Espessura de Parede (Ultrassom) - Stena Marítima, 1993. - Nicolau, André L. - Apostila do Curso de Inspeção Submarina - Medição de Espessura de Parede (Ultrassom) - Marsat/Aquamarine, 1995. - Nicolau, André L. - Apostila do Curso de Inspeção Submarina - Medição de Espessura de Parede (Ultrassom) - Senai Cetec de Solda Orlando Barbosa, 1998. - Ensaios Não Destrutivos em Juntas Soldadas. Senai DR-RJ, Cenatec de Soldagem, Cetec de Solda Orlando Barbosa, 1998 - RJ. Documentos Abendi, Petrobras e ABNT consultados: N-1812 – Petrobras: Estruturas Oceânicas. N-1487 – Petrobras: Inspeção Externa – Duto Submarino. NA 003 – Abendi: Qualificação e Certificação de Pessoal em Ensaios Não Destrutivos para o Setor Subaquático. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 36 PR-077 Abendi: Procedimento de End, Medição de Espessura - Subaquático. ABNT NBR 8050: Ensaios não destrutivos – Ultrassom – Terminologia. ABNT NBR 15549: Ensaios não destrutivos – Ultrassom – Verificação da aparelhagem de medição de espessura de parede para inspeção subaquática ABNT NBR 15824: Ensaios não destrutivos – Ultrassom – Medição de espessura. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 37 17. Anexo OPERANDO O CYGNUS” 1- Ligando o equipamento - mover para cima o interruptor liga/desliga; - todos os dígitos iluminam “8.8.8.8” demonstrando que o autoteste foi executado e o equipamento foi ativado; - O equipamento mostra a seguir, a frequência do cabeçote e a velocidade de som em que o aparelho está calibrado (2920 m/s para medidas no aço); - O equipamento está pronto para uso. O mostrador digital exibirá um ponto decimal e uma única barra fica piscando. 2- Desligando o equipamento O equipamento pode ser desligado de duas formas: Manualmente: mover para cima o interruptor liga/desliga, a mensagem “Shutoff” aparece no mostrador e o equipamento desliga. Automaticamente: o equipamento desliga se ficar inativo por mais de 10 minutos após a última leitura realizada. 3- Duração e recarga da bateria - Quando carregada, a bateria tem autonomia de 15 h de uso contínuo. - Quando a carga da bateria estiver baixa o aparelho mostra uma mensagem de advertência: a palavra “bAtt” fica piscando uma vez cada 04 segundos. O equipamento continuará fazendo as medições durante algum tempo. O tempo exato de duração depende do tipo de bateria que se está utilizando. Quando a bateria chegar ao final da sua carga, a palavra “bAtt” piscará por aproximadamente 05 segundos e o aparelho desligará. - Ao ligar o carregador à bateria o indicador de carga acende a luz vermelha. A bateria leva em torno de duas horas para ficar totalmente carregada (acende a luz verde). Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 38 4- Ajustando os dados do Cygnus O cygnus pode ter seus dados ajustados manualmente pelo usuário. São eles: a Frequência da Sonda, o Ganho da sonda, Unidade de Medida e a Resolução do Equipamento. Nos equipamentos mais modernos só se ajustam a velocidade, a unidade de medida e a resolução. Os dados podem ser ajustados usando o Botão Seletor e o Interruptor ON/OFF. O Botão Seletor fica situado na face interna do corpo do aparelho. Para se ter acesso ao Botão Seletor, retirar a bateria e conectar o cabo extensor de ligação da bateria ao aparelho. - Pressionando o Botão Seletor uma vez: o cygnus está agora no modo de Mudança de Frequência da Sonda, e o display fica piscando e alternando entre a palavra "Prob" e a frequência calibrada atualmente no equipamento. O aparelho pode ser calibrado nas frequências de “2,2” (2,25 MHz), “3,5” (3,5 MHz) e “5,0” (5,0 MHz). Para mudar a frequência, basta mover para cima o Interruptor ON/OFF. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com o novo valor. Importante: O Cygnus já vem calibrado de fábrica com a frequência adequada para a sonda utilizada (que é de 2,25MHz). - Pressionando o Botão Seletor duas vezes: o Cygnus está agora no modo de Mudança de Ganho da Sonda e o display fica piscando e alternando entre a palavra “GAin” e o valor calibrado atualmente. O equipamentopode ser calibrado entre 1 (baixa sensibilidade) e 12 (alta sensibilidade). Para mudar o valor basta mover para cima o Interruptor ON/OFF. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com o novo valor. O Ganho da Sonda é utilizado para reduzir ou aumentar a sensibilidade da sonda. O aparelho deve ser sempre calibrado nos valores mais altos para que possa ter a máxima sensibilidade nas medidas efetuadas. Importante: o Cygnus já vem calibrado de fábrica com o Valor de Ganho adequado para a sonda utilizada. - Pressionando o Botão Seletor três vezes: o Cygnus está agora no modo de Mudança de Unidade de Medida e o display fica piscando e alternando entre a palavra “unit” e a unidade calibrada atualmente (que pode ser EURO-metric, mm- ou inch-Imperial, inch). Para mudar a unidade basta mover para cima o Interruptor ON/OFF. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com a nova unidade de medida. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 39 - Pressionando o Botão Seletor quatro vezes: o Cygnus está agora no modo de Mudança de Resolução e o display fica piscando e alternando entre a palavra “rES” e a resolução calibrada atualmente (que pode ser “HI”- High Resolution, 0,05mm ou “LO” – Low Resolution, 0,1 mm). Para mudar o valor basta mover para cima o Interruptor ON/OFF. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com a nova unidade de medida. Nas versões mais modernas do cygnus os dados que são ajustados manualmente pelo usuário são: a Velocidade do Som, Unidade de Medida e a Resolução do Equipamento. Os dados podem ser ajustados usando o Botão Seletor e os Botões “+”e “-”. O Botão Seletor fica situado na face interna do corpo do equipamento. Para se ter acesso ao Botão Seletor, retirar a bateria e conectar o cabo extensor de ligação da bateria ao aparelho. - Pressionando o Botão Seletor uma vez: o cygnus fica no modo de Mudança de Velocidade, e o display fica piscando e alternando entre a palavra "VEL" e a velocidade calibrada atualmente no equipamento. O aparelho pode ser calibrado em qualquer velocidade entre 1000 e 7000 m/s apertando-se os botões “+”e “-”. Para confirmar a nova calibração, apertar o botão seletor. Importante: O Cygnus já vem calibrado de fábrica com a velocidade adequada para a medição de aço carbono (que é de 5920 m/s). Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 40 - Pressionando o Botão Seletor duas vezes: Cygnus está agora no modo de Mudança de Unidade de Medida e o display fica piscando e alternando entre a palavra “unit” e a unidade calibrada atualmente (que pode ser EURO-metric, mm- ou inch-Imperial, inch). Para mudar a unidade basta apertar os botões “+” ou “-”. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com a nova unidade de medida. - Pressionando o Botão Seletor três vezes: o Cygnus está agora no modo de Mudança de Resolução e o display fica piscando e alternando entre a palavra “rES” e a resolução calibrada atualmente (que pode ser “HI”- High Resolution, 0,05mm ou “LO” – Low Resolution, 0,1 mm). Para mudar a unidade basta apertar os botões “+” ou “-”. Feito o ajuste, basta apertar de novo o Botão Seletor para que o equipamento finalize a calibração com a nova resolução. 5- Especificações do equipamento MATERIAIS Velocidade do som entre 1000 e 7000 m/s RANGE Gama de medidas no Aço: Sonda de 2.25 MHz: 3 mm até 250 mm Sonda de 3.5 MHz: 2 mm até 150 mm Sonda de 5 MHz : 1 mm até 50 mm RESOLUÇÃO 0.1 mm ou 0.05 mm PRECISÃO ± 0.1 mm ou ± 0.05 mm SONDAS 2.25 MHz: 13mm 2.25MHz: 19mm 3.5MHz: 13mm 5MHz: 13mm 5MHz:6mm BATERIA Bateria completamente carregada: 15 horas de uso contínuo. TAMANHO 238mm x 85mm de diâmetro PESO 977g TEMPERATURA DE OPERAÇÃO Entre -10 e + 50 graus Celcius PROFUNDIDADE MÁXIMA DE OPERAÇÃO 300 metros Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 41 6- Uso da membrana de proteção do cristal A membrana de poliuretano que cobre a face do cristal tem como funções permitir um melhor acoplamento do cristal em superfícies ásperas e proteger sua face de danos causados pelo atrito do cristal com a superfície do material. Sempre inspecionar a membrana antes de utilizar o equipamento, fazendo a sua substituição, quando necessário. Verificar também, se entre a membrana e a face do cristal existe acoplante. Qualquer camada de ar nessa região causará a reflexão do feixe sônico. 7- Preparando o equipamento para imersão Ante de usar o Cygnus, inspecionar os anéis de vedação, verificando se estão corretamente lubrificados e se não existe impurezas ou deformações que possam afetar a estanqueidade do equipamento. Localização dos anéis de vedação Ao conectar o Nariz Cone ao corpo do aparelho, utilizar apenas as mãos para apertar o conjunto. Nunca usar a barra de torque. A mesma deve ser utilizada quando o equipamento for desmontado após o mergulho. 8- Trabalhando com materiais diferentes O equipamento de medição de espessura Cygnus vem calibrado de fábrica para medir a espessura de qualquer material cuja a velocidade esteja entre 1000 e 7000 m/s. Normalmente, já vem ajustado para medir a velocidade do aço, ou seja, 5920 m/s. Intervenção Subaquática Medição de Espessura de Parede - Ultrassom André Luiz Nicolau 42 Quando se faz medições em outros materiais existem duas formas de se utilizar o equipamento: 1- Ajustando a velocidade do som no equipamento, igual a da velocidade do material que se quer medir (tem que estar entre 1000 e 7000 m/s); 2- Fazendo a medição normalmente, ou seja, com o equipamento calibrado para o aço e depois aplicando o fator de correção. Nas duas formas citadas acima, para que as medidas sejam confiáveis, o equipamento deverá ser calibrado, ou seja, testado em bloco padrão de material similar ao material a ser inspecionado. T - Medida real da espessura do material. t – Medida obtida no material. Vmaterial – velocidade do som no material. Vaço – velocidade do som no aço. Fator de correção – velocidade do som do novo material dividida pela velocidade do som no aço (5920m/s). V material / Vaço = fator de correção Ex.: Quero medir a espessura de uma chapa de aço inox. A velocidade do som no aço inox é de 5660m/s. Usando o fator de correção: 5660/5920= 0,956 - fator de correção É só multiplicar o valor medido por 0.956, ajustando assim o valor para o aço inox. TABELA DE VELOCIDADES DE SOM MATERIAL VELOCIDADE DO SOM FATOR DE CORREÇÃO Alumínio 6320 m/s 1.068 Epóxi 2500 m/s 0.422 Cobre 4700 m/s 0.794 Níquel 5630 m/s 0.951 Acrílico 2730 m/s 0.461 Nylon (Poliamida) 2620 m/s 0.443 Aço inox 5660 m/s 0.956 Monel 5400 m/s 0.912 Porcelana 5600 m/s 0.946 Magnésio 5770 m/s 0.975 T = t . Vmaterial / Vaço Capa Sumário 1. Princípios básicos 2. Finalidade do ensaio 3. Campo de aplicação 4. O ultrassom e outros métodos de ensaios 5. Aplicação específica do ultrassom 6. Vantagens e desvantagens do uso do ultrassom 7. Ondas 7.2 – Natureza das ondas Ondas mecânicas Ondas eletromagnéticas 7.1 – Conceito de onda 7.3 – Tipos de ondas ondas transversais ondas longitudinais 7.4 – Elementos de uma onda 7.5 – Ondas sonoras 7.5.1- Faixas de frequência acústica 7.5.2- Velocidade do som 8. Propagação de ondas sonoras 8.1 Modo e formas de ondas Ondas longitudinais Ondas transversais Ondas superficiais Ondas de lamb 8.2 Interfaces e ondas planas 8.3 Incidência perpendicular em interface plana 8.4 Incidência oblíqua em interface plana9. Atenuação sônica 9.1 Dispersão 9.2 Absorção 10. Geração das ondas ultrassônicas 11. Construção do transdutor 11.1 Tipos de transdutores Transdutor normal ou reto Transdutor angular Transdutor duplo-cristal ou SE 12. Geometria do campo sônico Campo Próximo Campo longínquo Divergência do campo sônico 13. Métodos de exame por ultrassom Técnica de Impulso-Eco ou Pulso-Eco Técnica da Transparência Técnica de Imersão Tempo de trânsito 14. Funcionamento do medidor de espessura digital 15. Procedimento para medição de espessura (Cygnus) Objetivo Definição Material, faixa de espessura, diâmetro e raio de curvatura Características do cabeçote Método de calibração Teste do aparelho Preparação da superfície Acoplante Descrição da execução do exame Sistemática de registro dos resultados Registro dos resultados 16. Referências bibliográficas 17. Anexo
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