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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – CCE DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO – DEFE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO – MOBRAL O Movimento Brasileiro de Alfabetização - Mobral surgiu no dia 15 de dezembro de 1967 de acordo com a Lei n° 5.379, quando o governo assumiu o controle da alfabetização de adultos voltando-a para a faixa etária de 15 a 30 anos. Meses depois, foi designada a comissão que seria encarregada de elaborar os estatutos da instituição. Neste mesmo ano, no dia 29 de março os estatutos do Mobral foram aprovados, segundo o Decreto de nº 62.484. O Mobral foi fundado com algumas metas consideradas de grande importância para toda a população adulta analfabeta da época. Na concepção educacional do regime militar, tinha como seus principais objetivos: erradicar o analfabetismo, integrar os analfabetos na sociedade, dar oportunidades a eles através da educação, buscando assim, benefícios para a população menos favorecida economicamente e principalmente a alfabetização funcional, com a aquisição de técnicas elementares de leitura, escrita e cálculos matemáticos. Os princípios metodológicos trabalhados no MOBRAL eram a funcionalidade e a aceleração. A funcionalidade servia na verdade, para desenvolver o aluno e prepara-lo para uma função na sociedade. As atividades em sala de aula visavam modificar essas experiências individuais já mencionadas e enfatizava principalmente a aquisição da leitura e da escrita. Na verdade, a preocupação central do MOBRAL era que um indivíduo fosse alfabetizado para facilmente receber as informações e desempenhar corretamente seu papel na sociedade e no desenvolvimento. Quanto ao método de alfabetização, o MOBRAL apresentava-o como eclético e baseado na decomposição de palavras geradoras, e ainda acentuava que seus princípios metodológicos eram novamente a funcionalidade e a aceleração. Quem escolhia os objetivos e conteúdo dos materiais pedagógicos era o MOBRAL/CENTRAL, os professores e alunos só seguiam as "ordens", o que se discutia em aula era somente o processo de realização das atividades propostas. O MOBRAL apresentava uma metodologia que tentava copiar algumas das práticas de Paulo Freire, mas na verdade não alcançava nenhum dos objetivos do educador, já que as principais diferenças do autor com o movimento era justamente o posicionamento político, filosófico e pedagógico que não se encontravam. Muitas foram as críticas realizadas as propostas do MOBRAL, educadores como Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Célia da Rocha Reufels criticavam os métodos de alfabetização utilizados, dizendo que os mesmos produziam males. Porém, o Mobral também foi muito reconhecido com alguns prêmios, entre eles o Prêmio Mohammad Reza Pahlavi, outorgado pela UNESCO em 1973; o Prêmio Internacional Iraque de Alfabetização, de 1982; a Menção Honrosa, pela Associação Internacional para a Leitura da UNESCO, em 1983. Em 1985 o Brasil contava com cerca de aproximadamente 30 milhões de jovens e adultos analfabetos, neste mesmo ano o Mobral foi extinto e substituído pela Fundação Educar. PROGRAMA ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA O Programa foi desenvolvido pelo Conselho da Comunidade Solidária do Governo Federal, criado em 1997, que alfabetiza jovens e adultos nas cidades com maior índice de analfabetismo segundo o IBGE. Tem o status de organização não governamental, com atuação reconhecida pela Unesco que, em 1999, lhe concedeu o prêmio de “Iniciativas Bem-Sucedidas” na área de educação. Jovens na faixa etária de 12 a 18 anos são o principal alvo do programa, que também aceita adultos interessados em participar. Ele procura consolidar o modelo solidário, unindo cinco parceiros: Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), o Conselho da Comunidade Solidária, empresas, universidades e prefeituras. Até o final do ano 2000, o “Alfabetização Solidária” atingiu a marca de 1,5 milhões de alunos atendidos em 1.016 municípios brasileiros, conforme dados da Folha Online. O custo por aluno é dividido ao meio pelo MEC e pelos parceiros do programa (empresas, instituições e pessoas físicas). Em 2000, o custo mensal para a manutenção de um aluno do Programa Alfabetização Solidária era em média R$ 34,00. Em 2003 um total de 762.000 alunos nos cursos de alfabetização em todo o país. Desse número, 300 mil são oriundos do convênio assinado com o MEC para atendimento de jovens e adultos no Programa Brasil Alfabetizado. Os demais 462.000 alunos, são provenientes da associação com parceiros públicos e privados. Com os resultados computados neste ano a Alfabetização Solidária registra um acumulado de 4,3 milhões de alunos atendidos em sete anos, ultrapassando meta estabelecida para 2003 que era de 4,1 milhões de alunos. Os alfabetizadores do programa são jovens do próprio município que cursam o ensino médio, magistério ou a 8ª série do ensino fundamental, que recebem bolsas. As universidades parceiras coordenam as atividades de alfabetização desenvolvidas, trabalhando na avaliação, capacitação e acompanhamento dos alfabetizadores, selecionados entre os moradores do município ou área onde serão montadas as salas de aula. Segundo a coordenação do programa, o “Alfabetização Solidária” é desenvolvido por meio de módulos que têm duração de seis meses: um mês, em média, para a capacitação dos alfabetizadores nas universidades e cinco para o curso de alfabetização nas comunidades. A infraestrutura para a realização das aulas é fornecida pelas prefeituras locais, que fornecem materiais como quadro e giz. Elas também colocam à disposição dos grupos as salas de aula. O Conselho da Comunidade Solidária ainda mantém os programas Capacitação Solidária e Universidade Solidária. Em sete anos de atuação, a Alfabetização Solidária consolidou resultados significativos: mantém parcerias com mais de 135 empresas, instituições e organizações, seis governos estaduais, 219 universidades e Instituições de Ensino Superior e mais de 15 mil pessoas físicas. Ao todo foram capacitados 170 mil alfabetizadores. Em dezembro de 2002, completou 3,6 milhões de alunos atendidos em 2.010 municípios. PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO Criado em 2003 o PBA é regido pela Lei Federal 10 880 de 9 de junho de 2004 e pelo Decreto Federal 6 093 de 24 de abril de 2007. E tem objetivo a universalização da alfabetização de jovens de 15 anos ou mais, adultos e idosos, bem como a progressiva continuidade dos estudos em níveis mais elevados, promovendo o acesso à educação como direito de todos, em qualquer momento da vida, por meio de responsabilidades e esforços compartilhados com todos os envolvidos. Como principal ação estratégica, o PBA apoia e financia projetos de alfabetização de jovens, adultos e idosos apresentados pelos estados, municípios e Distrito Federal. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação (Secadi/MEC,), é o órgão responsável pela coordenação e pelo gerenciamento do Programa em todo o país. O MEC, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), disponibiliza os recursos para a execução do programa. Os voluntários alfabetizadores, os coordenadores de turmas e os intérpretes de Libras recebem uma bolsa, como forma de retribuição pelo trabalho prestado. Além do pagamento de bolsas, o MEC/FNDE repassa recursos financeiros aos estados e municípios, por meio de transferência automática, para financiamento das seguintes ações: formação de alfabetizadores, aquisição de gêneros alimentícios para a merenda e, também, de materiais escolares, pedagógicos, didáticos e literários, e de apoio ao professor em geral. A responsabilidade constitucional pelo financiamento da EJA é dos estadose municípios, visto que, de acordo com a legislação, o papel do governo federal é, principalmente, de orientador e indutor de políticas, visando a corrigir desigualdades com garantia de um padrão mínimo de qualidade de ensino. Os municípios e os estados são considerados os executores do PBA, devendo realizar as ações destinadas à consecução dos objetivos do programa. Cabe ao ente executor indicar o gestor do programa em sua esfera de atuação, bem como localizar e identificar os jovens, adultos e idosos não alfabetizados possíveis de serem beneficiados pelo programa. O município deve ainda realizar ações que permitam na prática a implementação do programa, tais como: a seleção dos alfabetizadores, a execução do plano de formação inicial e continuada, a manutenção mensal atualizada das informações cadastrais das instituições, alfabetizadores e alunos e a realização do controle de frequência. PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA – PRONERA O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) propõe e apoia projetos de educação voltados para o desenvolvimento das áreas de reforma agrária. O público alvo desse programa são os jovens e adultos dos projetos de assentamento criados e reconhecidos pelo INCRA, quilombolas e trabalhadores acampados cadastrados na autarquia, e beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). No caso da Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas modalidades de alfabetização e escolaridade/ensino fundamental também podem participar todos os trabalhadores rurais acampados e cadastrados pelo Incra. Para atender à demanda da EJA nos acampamentos, os projetos incluem a formação e a capacitação dos educadores. A importância do Pronera pode e deve ser medida de acordo com o seu significado para a elevação do nível cultural da população do campo, por meio do acesso ao conhecimento necessário às mudanças no processo de desenvolvimento dos assentamentos e das famílias, mas também para o incremento da capacidade de organização social das famílias. O projeto de educação que move o Pronera e o conceito de qualidade que ele pretende imprimir aos projetos educacionais deve estar alicerçado nestas duas bases. Por meio do Pronera, jovens e adultos de assentamentos têm acesso a cursos de educação básica (alfabetização, ensinos fundamental e médio), técnicos profissionalizantes de nível médio, cursos superiores e de pós-graduação (especialização e mestrado), promovendo assim a democratização do conhecimento no campo. O programa também capacita educadores para atuar nos assentamentos e coordenadores locais - multiplicadores e organizadores de atividades educativas comunitárias. As ações do programa, que nasceu da articulação da sociedade civil, têm como base a diversidade cultural e socioterritorial, os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática e o avanço científico e tecnológico. A Educação no Campo é um direito de todos e se realiza por diferentes territórios e práticas sociais que incorporam a diversidade do campo. É a garantia de ampliação das possibilidades de criação e recriação de condições de existência da agricultura familiar. REFERÊNCIAS: COLETI, Laura Maria Baron. Do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) aos Programas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) atuais: Evolução ou Manutenção das Práticas Pedagógicas? Marília- SP: Unesp, 2008. BELUZO, Maira Ferreira. O Mobral e Alfabetização de Adultos: Considerações Históricas. Bebedouro - SP: 2 (1) 196 - 209, 2015. https://www.educabrasil.com.br/alfabetizacao-solidaria https://www.educabrasil.com.br/alfabetizacao-solidaria/ https://undime.org.br/noticia/alfabetizacao-solidaria-atende-mais-de-760-mil-alunos- em-todo-o-pais LEOCARDIO, Victor Antunes. Programa Brasil Alfabetizado: Estudo dos Caminhos para o desenvolvimento de Avaliação de Impacto. Belo Horizonte, 2016. DINIZ, Gleison Mendonça; Machado, Diego de Queiroz. Políticas Públicas de Combate ao Analfabetismo no Brasil: Uma investigação sobre a atuação do Programa Brasil Alfabetizado em Municípios do Ceará. Rev. Adm. Pública - Rio de Janeiro 48(3) :641-666, maio/jun. 2014. https://undime.org.br/noticia/alfabetizacao-solidaria-atende-mais-de-760-mil-alunos- https://undime.org.br/noticia/alfabetizacao-solidaria-atende-mais-de-760-mil-alunos- https://undime.org.br/noticia/alfabetizacao-solidaria-atende-mais-de-760-mil-alunos-em-todo-o-pais