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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Engenharia de Energia DESENVOLVIMENTO DE UM SECADOR ROTATIVO PARA GRÃOS DE SORGO Autora: Lívia de Sá Araújo Orientador: Prof. Dr. Felix Martin Carbajal Gamarra Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Bento da Silva Brasília, DF 2017 Lívia de Sá Araújo DESENVOLVIMENTO DE UM SECADOR ROTATIVO PARA GRÃOS DE SORGO Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia de Energia da Universidade de Brasília, como requisito parcial para ob- tenção do Título de Bacharel em Engenharia de Energia . Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Orientador: Prof. Dr. Felix Martin Carbajal Gamarra Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Bento da Silva Brasília, DF 2017 Lívia de Sá Araújo DESENVOLVIMENTO DE UM SECADOR ROTATIVO PARA GRÃOS DE SORGO/ Lívia de Sá Araújo. – Brasília, DF, 2017- 84 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Felix Martin Carbajal Gamarra Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Bento da Silva Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA , 2017. 1. Secador rotativo. 2. Sorgo. I. Prof. Dr. Felix Martin Carbajal Gamarra . II. Universidade de Brasília. III. Faculdade UnB Gama. IV. DESENVOLVIMENTO DE UM SECADOR ROTATIVO PARA GRÃOS DE SORGO CDU 02:141:005.6 Lívia de Sá Araújo DESENVOLVIMENTO DE UM SECADOR ROTATIVO PARA GRÃOS DE SORGO Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia de Energia da Universidade de Brasília, como requisito parcial para ob- tenção do Título de Bacharel em Engenharia de Energia . Trabalho aprovado. Brasília, DF, 06 de julho de 2017: Prof. Dr. Felix Martin Carbajal Gamarra Orientador Prof. Dr. Marcelo Bento da Silva Coorientador Prof. (Dr.): Rodrigo Andres Miranda Cerda, UnB/ FGA Convidado 1 Prof.a (Dra.): Sandra Maria da Luz, UnB/ FGA Convidado 2 Brasília, DF 2017 Esse trabalho é dedicado à minha família e meus amigos que me acompanharam e me apoiaram em cada passo dessa longa jornada. Agradecimentos Agradeço à toda minha família, em especial aos meus pais, Adailton e Maria de Jesus, e minhas irmãs, Amanda Juliette, Jasmine Araújo e Hayla Cristina, pelo amor incondicional e suporte durante toda a minha vida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Felix Carbajal Martin Gamarra e meu coorientador Prof. Dr. Marcelo Bento da Silva, por todo o incentivo e suporte acadêmico durante o desenvolvimento desse trabalho. Ao meu namorado, Joacy Teixeira Santana, e aos meus amigos, em especial, Lara Beatriz, Stephanie Correia Costa, Taís Goulart, João Vitor Correia, Caio Rodrigo, Bruno Marques Ivo, Yan Watanabe e Ana Paula Castro, por todo apoio emocional e acadêmico durante todos esses anos de graduação. À todas as empresas que doaram produtos para a construção da estrutura, em especial a EMBRAPA - Milho e sorgo, pela doação dos grãos para os testes. Ao meu professor e amigo Luiz Carlos Correia de Jesus, por ter me incentivado, desde a adolescência, a descobrir a ciência e às engenharias. À todos os professores, servidores e alunos que cruzaram meu caminho, durante toda a minha jornada, e me ensinaram lições que eu levarei para à vida. Resumo A secagem é uma das etapas do pré-processamento dos produtos agrícolas que tem por finalidade retirar o excesso de água contido no produto através de evaporação. Por meio desse controle de umidade, a secagem é utilizada para maximizar a conservação de ali- mentos. O grão de sorgo é a base alimentar de mais de 500 milhões de pessoas em mais de 30 países. No Brasil, essa cultura tem apresentado grande expansão, principalmente em plantios de sucessão a culturas de verão, com destaque para o Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproxima- damente 85% do sorgo granífero (Sorghum bicolor (L.) Moench)) plantado no país. Com tamanha importância comercial, verifica-se a necessidade de aprimoramento nas técnicas de produção, colheita e secagem, de forma a garantir a qualidade do produto. Para mini- mizar os danos durante o armazenamento e assegurar lotes de sementes com alto padrão de qualidade, cuidados, principalmente relacionadas à secagem, devem ser tomados. Para a realização da secagem de grãos, tem-se no mercado uma diversidade de equipamentos disponíveis. Apesar disso, devido a necessidade de intervalos de temperatura e umidade relativa específicos para uma boa secagem do grão de sorgo, o desenvolvimento de um secador que melhor cumpra esse papel torna-se necessário. Com base nisso, este trabalho apresenta o dimensionamento e construção de um equipamento de secagem do modelo rotativo para o estudo da secagem de grãos de sorgo. Para a validação do funcionamento do equipamento, foram realizados testes em diferentes condições de operação que atestam o funcionamento do aparelho, bem como estudam a influência da temperatura do ar de secagem e da rotação do tambor na velocidade de secagem dos grãos. Palavras-chaves: Construção. Dimensionamento. Secador rotativo. Secagem. Abstract Drying is one of the steps in agricultural products pre-processing, the purpose of it is to remove excessive water contained in the grain by evaporation. By means of this humidity control, drying is used to maximize food preservation. Sorghum grain is the basic alimen- tation source for more than 500 million people in more than 30 countries. In Brazil, this culture has shown great expansion, mainly in plantations after the summer cultures, es- pecially in the states of Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul and Triângulo Mineiro region, where 85% of the Sorghum bicolor (L.) Moench planted in the country are lo- cated. With such commercial importance, there is a need to improve the techniques of production, harvesting and drying, in order to guarantee the quality of the product. When dealing with procedures such as drying, some care should be taken to minimize the dam- ages during storage and ensure seed lots with high quality. For the accomplishment of the drying of the grains, there are a diversity of available equipments at the market. Nevertheless, due to the need for specific temperature and relative humidity ranges, for a good drying of the Sorghum grain, the development of a dryer that fits best this need becomes necessary. Based on this, this work presents the design and construction of a drying equipment of the rotary model for the study of sorghum grain production. The validation of the equipment’s operation was made by performing tests which were carried out in different operation conditions. Thus, the operation of the apparatus was attested, as well as the influence of drying air temperature and drum rotation on the drying speed of the grains. Key-words: Construction. Dimensioning. Drying. Rotary Dryer. Sorghum. Lista de ilustrações Figura 1 – Carta psicométrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 2 – Representação da movimentação da água durante a secagem. . . . . . . 20 Figura 3 – Representação da movimentação da água de um produto no período de razão constante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 4 – Representação da movimentação da água durante o primeiro período de razão decrescente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 5 – Movimentação da água durante o segundo período de razão decrescente. 22 Figura 6 – Representação da movimentação da água durante o terceiro período de razão decrescente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 7 – Histerese das isotermas de sorção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 8 – Isotermas de adsorção e desorção dos grãos de sorgo à 90F e comparação com isotermas obtidas por Fenton (1941) e Haynes (1961). . . . . . . . 24 Figura 9 – Retenção de umidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Figura 10 – Curvas teóricas de secagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 11 – Potenciais mecanismos de transferência de calor durantea secagem. . . 33 Figura 12 – Secagem por condução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 13 – Secagem por convecção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 14 – Secagem por radiação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 15 – Classificação dos secadores segundo o método de operação. . . . . . . . 37 Figura 16 – Classificação dos secadores segundo a forma física. . . . . . . . . . . . . 38 Figura 17 – Planta de Sorgo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 18 – Grãos de Sorgo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 19 – Produção de sorgo nos maiores produtores mundiais entre 2013 e 2017. 41 Figura 20 – Estados Produtores de Sorgo no ano de 2001. . . . . . . . . . . . . . . 42 Figura 21 – Distribuição de Área Plantada com Sorgo no Brasil – Média das Safras 2004 à 2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Figura 22 – Sorgo BRS658. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 23 – Insetos encontrados nas amostras de sorgo. . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 24 – Agitação e peneiração dos grãos de sorgo para retirada de impurezas das amostras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 25 – Amostra de 50g de grão de sorgo BRS658 utilizada para testes de va- lidação do equipamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 26 – Diagrama esquemático de um secador rotativo. . . . . . . . . . . . . . 49 Figura 27 – Desenho das vistas frontal, superior, lateral e isométrica com as res- pectivas cotas (em milímetros) do secador rotativo para grãos de sorgo desenvolvido nesse projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 28 – Vistas de corte e detalhe do secador rotativo para grãos de sorgo de- senvolvido nesse projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 29 – Tambor com pás em alumínio instaladas em seu interior. . . . . . . . . 53 Figura 30 – Disco em madeira, rolamento e presilhas de pressão instalados na tampa do tambor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 31 – Furo na superfície do tambor e funil adaptado para entrada de grãos. . 54 Figura 32 – Eixo perfurado do secador rotativo para grãos com um rolamento e o sensor de temperatura e umidade instalados. . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 33 – Modelo de estante modular utilizado como estrutura do secador rota- tivo para grãos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 34 – Modelo de transmissão utilizado no projeto. . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 35 – Transmissão instalada no projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 36 – Circuito típico de um dimmer utilizado para controle de velocidade de um motor monofásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 37 – Dimmer utilizado para controle da velocidade angular do tambor. . . . 61 Figura 38 – Modelo de secador de cabelos utilizado como fonte de ar quente do secador rotativo para grãos de sorgo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 39 – Sistema de fornecimento de ar de secagem do secador rotativo para os grãos de sorgo composto por base e secador de cabelos de 1300W. . . . 62 Figura 40 – Placa arduino UNO utilizada para controle dos dados de umidade e temperatura do secador rotativo para grãos de sorgo durante as secagens. 63 Figura 41 – Modelo de sensor DHT22 utilizado para controle de umidade e tempe- ratura no projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Figura 42 – Utilização do software PLX-DAQ em associação a placa arduino para aquisição de dados de temperatura e produção das curvas de tempera- tura e umidade da amostra de número 2 - CO3 - Secagem sem rotação do tambor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 43 – Desenho 3D do secador rotativo para grãos (à esquerda) e secador ro- tativo para grãos (à direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Figura 44 – Curvas de secagem de 50g de grãos de sorgo BRS658 no secador rotativo com velocidade angular nula (à esquerda) e velocidade angular diferente de zero (à direita) - CO1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Figura 45 – Curvas de secagem de 50g de grãos de sorgo BRS658 no secador rotativo com velocidade angular nula (à esquerda) e velocidade angular diferente de zero (à direita) - CO2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 46 – Curvas de secagem de 50g de grãos de sorgo BRS658 no secador rotativo com velocidade angular nula (à esquerda) e velocidade angular diferente de zero (à direita) - CO3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 47 – Valores de temperatura ambiente medidos do dia 05/06/17 à 09/06/17 na cidade de Brasília-DF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 48 – Valores de Umidade relativa do ar medidos do dia 05/06/17 à 09/06/17 na cidade de Brasília-DF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 49 – Ilustração do fenômeno de cascateamento de grãos desejado (à es- querda) e imobilização dos grãos contra a parede do tambor (à direita). 76 Lista de tabelas Tabela 1 – Sistemas de secagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Tabela 2 – Critérios para a classificação de secadores. . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Tabela 3 – Métodos de transporte na secagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Tabela 4 – Sistemas de secagem existentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Tabela 5 – Produção Mundial de Sorgo. Rank dos dez maiores países produtores e consumidores de sorgo no mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Tabela 6 – Vantagens e desvantagens do secador de fluxos concorrentes. . . . . . . 49 Tabela 7 – Características elétricas do ventilador de mesa ARNO Versátile (Apa- relho completo). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Tabela 8 – Massa inicial e final das amostras utilizadas para os testes na condição de operação 1 (CO1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Tabela 9 – Massa inicial e final das amostras utilizadas para os testes na condição de operação 2 (CO2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Tabela 10 – Massa inicial e final das amostras utilizadas para os testes na condição de operação 3 (CO3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Tabela 11 – Comparativo entre as condições meteorológicas e as condições iniciais de umidade e temperatura no interior do tambor para os experimentos na CO1 (Ensaios realizados nos dias 05/06/17 e 06/06/17). . . . . . . 72 Tabela 12 – Comparativo entre as condições meteorológicas e as condições iniciais de umidade e temperatura no interior do tambor para os experimentos na CO2 (Ensaios realizados no dia 06/06/17). . . . . . . . . . . . . . . 72 Tabela 13 – Comparativo entre as condições meteorológicas e as condições iniciais de umidade e temperatura no interior do tambor para os experimentos na CO3 - (Ensaios realizados entre os dias 06/06/17 e 09/06/17). . . . 72 Tabela 14 – Valores médios obtidos para a análise de dados dos experimentos da condição de operação 1 (CO1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Tabela 15 – Valores médios obtidos para a análise de dados dos experimentos nas condição de operação 2 e 3 (CO2 e CO3). . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Tabela 16 – Taxa média de variação de umidade para as condições de operação 2 e 3 (CO2 e CO3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.1 Aspectos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2 MARCO TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.1 Introdução a psicometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.2 Carta psicométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.3 Princípios gerais da secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.4 Relação entre umidade e sólido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.5 Transferência de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.5.1 Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.5.2 Convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.5.3 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.6 Transferência de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.7 Fenômenos de transporte aplicados à secagem . . . . . . . . . . . . . 27 2.7.1 Período de secagem à taxa constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.7.2 Período de secagem decrescente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.8 Taxa de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.8.1 Fatores que influenciam a taxa de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.8.1.1 Condições de processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.8.1.2 Natureza do grão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.9 Sistemas de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.9.1 Secagem natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.9.2 Secagem artificial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.10 Métodos de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.10.1 Secagem por condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.10.2 Secagem por convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.10.3 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.11 Equipamentos de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.12 Tipos de secador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.13 Sistema de secagem para grãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.13.1 Silos de secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.13.2 Secador móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.13.3 Secador de torre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.14 A cultura do sorgo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.15 Interesse comercial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2.16 Secagem e tolerância a dessecação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2.17 Dormência em sementes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.1.1 Proliferação de pragas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.1.2 Preparo das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3.2 Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.1 Método de secagem selecionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.2 Equipamento selecionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.2.1 Secador rotativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.2.3 Variáveis do processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.2.4 Condições de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.2.5 Montagem do secador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.2.5.1 Dimensionamento e desenho esquemático do protótipo . . . . . . . . . . . . . 51 3.2.5.2 Montagem do equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.2.5.3 Construção do tambor rotativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.2.5.4 Construção do eixo fixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.5.5 Escolha da estrutura do equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.5.6 Escolha do motor do sistema mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.2.5.6.1 Quantidade de massa no cesto de secagem (m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.2.5.6.2 Cálculo do torque necessário para rotacionar o tambor . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.2.5.6.3 Potência mínima necessária para ativação do tambor . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.2.5.6.4 Teste de adequação do motor disponível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.2.5.7 Escolha do sistema de transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.2.5.8 Instalação do circuito eletrônico de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 3.2.5.9 Construção do sistema de fornecimento de ar de secagem . . . . . . . . . . . . 61 3.2.5.10 Desenvolvimento do sistema de coleta de dados de secagem . . . . . . . . . . 62 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.1.1 Secador rotativo para grãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.1.2 Testes de verificação do aparelho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.1.2.1 Massa inicial e final das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.1.2.2 Condição de operação 1 (CO1) - Ar de secagem à temperatura ambiente . . . . 68 4.1.2.3 Condição de operação 2 (CO2)- Ar de secagem no intervalo de temperatura médio 69 4.1.2.4 Condição de operação 3 (CO3)- Ar de secagem no intervalo de temperatura máximo 70 4.2 Discussão dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.2.1 Variação das condições de umidade relativa do ar e temperatura ambiente no período dos testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.2.2 Análise de resultados dos testes de validação . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.2.2.1 Condição de operação 1 (CO1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.2.2.2 Condições de operação 2 e 3 (CO2 e CO3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 4.2.3 Erros de medição apresentados na figura 45 . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 4.2.4 Imobilização dos grãos na parede interior do tambor . . . . . . . . . . . . . 76 5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 Aspectos gerais Em termos globais, sorgo é a base alimentar de mais de 500 milhões de pessoas em mais de 30 países, sendo superado em termos de quantidade de alimento consumido apenas por arroz, trigo, milho e batata. Apesar de tamanho potencial, a cultura de sorgo produz muito menos do que seu potencial oferece (EMBRAPA, 2007). A cultura do sorgo, no Brasil, apresentou avanço significativo a partir da década de 70. Atualmente, a cultura tem apresentado grande expansão (20% ao ano, a partir de 1995), principalmente, em plantios de sucessão a culturas de verão, com destaque para o Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado no país. (EMBRAPA, 2007). Em vista disso, observa-se uma significativa importância no aumento do nível de qualidade dos grãos produzidos, para que estes satisfaçam as exigências do mercado em expansão. Para isto há necessidade de aprimoramento nas técnicas de produção, colheita e secagem, garantindo assim a sustentabilidade do sistema (SILVA, 2014).De acordo com Oliveira et al. (2011a), para minimizar os danos durante o arma- zenamento e assegurar lotes de sementes com alto padrão de qualidade, muitos são os cuidados que devem ser tomados em todas as fases de produção, destacando-se cuidados relacionados à fase de secagem. Em sementes de sorgo (Sorghum vulgare), a secagem a temperaturas de 46 oC a 48 oC pode induzir dormência secundária, devido a alterações físicas ocorridas no tegumento da semente, provocadas pela secagem excessiva, de modo a restringir as trocas gasosas durante a embebição (NUTILE; WOODSTOCK, 1967). Considerando a importância sócio-econômica dos grãos de sorgo para o país e vista a dificuldade em controlar os parâmetros de secagem de forma a garantir a qualidade dos grãos, observa-se a necessidade de contribuir com dados técnicos-científicos a partir do desenvolvimento de um secador protótipo que garante uma redução de umidade no produto de forma a satisfazer o padrão de qualidade exigido no mercado. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 16 1.2 Objetivo 1.2.1 Objetivo geral Dimensionar, desenhar e construir um secador rotativo a nível de protótipo para o estudo da secagem de grãos de sorgo; 1.2.2 Objetivos específicos ∙ Demonstrar o funcionamento do secador desenvolvido por meio de testes de secagem de grãos de sorgo; ∙ Estudar a influência da temperatura do ar de secagem na velocidade de secagem de grãos de sorgo; ∙ Estudar a influência da rotação do tambor na velocidade de secagem de grãos de sorgo. 1.3 Justificativa As motivações técnico-científicas desse Trabalho de Conclusão de Curso 2 (TCC- 2) são descritas a seguir: ∙ Importância socioeconômica dos grãos de sorgo na Região Centro-Oeste e no Brasil; ∙ Escassa informação técnico-científica na literatura e pouca exploração científica do processo de secagem na produção dos grãos de sorgo; ∙ Possibilidade de incremento ao valor agregado dos grãos de sorgo da Região Centro- Oeste, através da secagem. 1.4 Organização do trabalho Para melhor entendimento, este documento é dividido em 5 partes principais: Introdução, Marco teórico, Materiais e métodos, Resultados e discussão e Conclusão. A primeira parte (introdução), aborda os aspectos introdutórios do texto, onde são descritos dados gerais do grão de sorgo. Apresenta também os objetivos e a justificativa de realização desse trabalho. A segunda parte (marco teórico), aborda os fundamentos teóricos necessários para entendimento do projeto, com tópicos que, individualmente, expõem temas essenciais da pesquisa. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 17 A terceira parte (materiais e métodos), descreve os materiais e métodos que pos- sibilitaram o desenvolvimento desse trabalho. A quarta parte (resultados e discussão), apresenta o desenho tridimensional da estrutura, a imagem do protótipo pronto e os resultados obtidos durante os testes de vali- dação do equipamento de secagem, juntamente a análise desses resultados e dos fenômenos observados. Por fim, a quinta parte apresenta a conclusão, onde são apresentadas as conside- rações finais a cerca do projeto. 18 2 MARCO TEÓRICO 2.1 Introdução a psicometria Psicometria é definida como o estudo das misturas de gás e vapor de um líquido. A mistura gasosa de maior importância na indústria alimentícia é o ar. Sua utilização está em várias operações industriais como o armazenamento, secagem e várias outras (PARK et al., 2007a). Em um processo de secagem a psicometria de interesse é a mistura ar – vapor de água, por isso algumas propriedades dessa mistura serão melhor descritas nos tópico a seguir. ∙ Temperatura de Bulbo Seco e de bulbo úmido A temperatura de bulbo seco é a temperatura medida de forma usual, já a tempera- tura de bulbo úmido é a temperatura medida com um termômetro comum envolto por um tecido de algodão embebido em água destilada (PARK et al., 2007b). ∙ Temperatura de Orvalho A temperatura de orvalho é a temperatura em que o ar úmido se torna saturado, ou seja, quando o vapor d’água começa a condensar com pressão e razão de mistura constantes (PARK et al., 2007b). ∙ Pressão de vapor O vapor de água, como qualquer gás componente da atmosfera, exerce uma pressão dependente da concentração de vapor em todas as direções. Para cada valor de temperatura, a quantidade de vapor que pode existir em determinado volume da atmosfera é diferente. Quando essa quantidade de vapor chega ao seu limite para uma determinada temperatura, diz-se que que o ar encontra-se saturado e a pressão de vapor nesse instante é nomeada como pressão de saturação. Se a quantidade de vapor presente na atmosfera não for suficiente para saturar o ar, a pressão de vapor é chamada de pressão parcial de vapor (PARK et al., 2007b). ∙ Umidade Absoluta e Umidade Relativa A umidade absoluta é a relação entre a massa de vapor d’água existente e o volume ocupado pelo ar úmido. A umidade relativa do ar é a razão entre a pressão parcial de vapor exercida pelas moléculas de água presentes no ar e a pressão de saturação, na mesma temperatura (PARK et al., 2007a; PARK et al., 2007b). Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 19 ∙ Volume Específico O volume específico é o volume por unidade de massa de ar seco. Esse parâmetro é muito importante no dimensionamento de sistemas de secagem, pois influencia na determinação da potência requerida pelo ventilador (PARK et al., 2007b). 2.2 Carta psicométrica A carta psicrométrica ( figura 1 ) é o modo mais simples e rápido para a caracte- rização de determinada massa de ar. Conhecendo-se a temperatura do ponto de orvalho e a temperatura de bulbo seco, fazendo-se uso desta carta, é possível obter-se a umidade relativa (PARK et al., 2007b). Figura 1 – Carta psicométrica. Fonte: Stoecker e Jones (1985) Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 20 2.3 Princípios gerais da secagem Goneli et al. (2014) definiu secagem como uma das etapas do pré-processamento dos produtos agrícolas que tem por finalidade retirar o excesso de água contido no grão por meio de evaporação. A remoção de água dos produtos agrícolas consiste em um complexo processo, envolvendo a transferência simultânea de calor e massa entre o ar de secagem e o produto a ser seco, na qual o aumento da temperatura provoca o aumento da pressão parcial de vapor no produto, provocando a redução no teor de água do mesmo. A remoção da água deve ser feita em um nível tal que o produto fique em equilíbrio com o ar do ambiente onde será armazenado e deve ser feita de modo a preservar a aparência, as qualidades nutritivas e a viabilidade como semente (PARK et al., 2007b). A secagem é uma operação crítica dentro da sequência do processamento dos grãos e quando realizada de forma inadequada pode causar a deterioração dos grãos, aumentar a susceptibilidade a trincas e reduzir a qualidade de no processo de moagem. Equivalente a várias outras técnicas (filtração, centrifugação, prensagem, evaporação, liofilização, etc), o resultado geral da secagem é a separação parcial entre o líquido (geralmente a água) e a matriz sólida. No caso dos produtos agrícolas a matriz sólida é um alimento con- tendo proporções variáveis de: carboidratos, proteínas, lipídios e minerais. (BROOKER; BAKKER-ARKEMA; HALL, 1992; LASSERAN, 1981). De acordo com Park et al. (2007b), durante a secagem a retirada da umidade é obtida pela movimentação da água decorrente de uma diferença de pressão de vapor de água entre a superfície do produto a ser secado e o ar que o envolve, como mostrado na figura 2. A condição para que um produto seja submetido ao processo de secagem é que a pressão de vapor sobre a superfície do produto (Pg) seja maior do que a pressão do vapor d’água no ar de secagem (Par). Visto isso, as seguintes observações são pertinentes: ∙ Se Pg > Par : ocorrerá secagem do produto; ∙ Se Pg < Par : ocorrerá umedecimento do produto; ∙ Se Pg = Par : ocorre o equilíbrio higroscópio. Figura 2 – Representação da movimentação da água durante a secagem. Fonte: Park et al. (2007b) Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 21 Existem varias hipóteses para a movimentação da água durantea secagem. Perry e Chilton (1973) citam a teoria capilar, que modela o escoamento baseado num leito composto por esferas não porosas, onde os espaços entre elas, formam os interstícios e os poros. Entretanto, Park et al. (2007b) afirmam que a teoria mais aceita é a do movimento capilar (ou teoria do gargalo). Segundo esta, o processo de secagem que ocorre no interior do produto pode ser dividido em dois grandes períodos, um denominado período da taxa de secagem constante e outro de período de taxa decrescente. Para uma descrição dos princípios de secagem mais detalhada, pode-se dividir esses dois períodos em quatro, como apresentado a seguir: 1) Período de razão constante: No início da secagem, quando o produto se en- contra completamente úmido, a água escoa na fase liquida sob um gradiente hidráulico e, em condições naturais, a temperatura do produto se iguala à temperatura de bulbo úmido. Com a retirada da umidade, pode ocorrer um decréscimo no diâmetro dos po- ros e capilares e, consequentemente, decréscimo de volume do produto aproximadamente igual ao volume da água evaporada. A energia utilizada para a secagem nesse período e praticamente igual à necessária para evaporação da água em uma superfície livre. Com exceção dos cafés (cerejas e verdes) recém saídos do lavador, este período não é observável em produtos agrícolas, como grãos, porque, ao serem colhidos, este período já ocorreu no campo, estando portanto a secagem no período de razão decrescente. Este período é representado pela figura 3, a seguir. Figura 3 – Representação da movimentação da água de um produto no período de razão constante. Fonte: Park et al. (2007b) 2) Primeiro período de razão decrescente: À medida que a secagem continua, a água deixa de comportar-se como água livre e o conteúdo de umidade decresce. Neste período, a água na fase líquida faz a ligação entre as partículas sólidas, formando as pontes líquidas. Apesar de poder ocorrer escoamento de água na fase de vapor, o escoamento é Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 22 predominantemente capilar (figura 4). A temperatura do produto atinge valores superiores à temperatura de bulbo úmido. Figura 4 – Representação da movimentação da água durante o primeiro período de razão decrescente. Fonte: Park et al. (2007b) 3) Segundo período de razão decrescente: A água existente nos gargalos dos poros pode migrar, arrastando-se ao longo das paredes capilares ou evaporando e condensando, sucessivamente, entre as pontes liquidas. A pressão parcial de vapor decresce e a contração de volume do produto pode continuar em menor intensidade (figura 5). Figura 5 – Movimentação da água durante o segundo período de razão decrescente. Fonte: Park et al. (2007b) 4) Terceiro período de razão decrescente: a secagem ocorre no interior do produto. Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 23 O conteúdo de umidade de equilíbrio é atingido quando a quantidade de água evaporada se iguala a quantidade condensada (figura 6). Figura 6 – Representação da movimentação da água durante o terceiro período de razão decrescente. Fonte: Park et al. (2007b) É importante ressaltar que a secagem não remove toda a umidade do sólido, esta ocorre até certo limite que é nomeado de umidade de equilíbrio. Este valor varia em função da umidade relativa do ar, e o comportamento de cada sólido varia de material para material (ZEMPULSKI; ZEMPULSKI, 2007). 2.4 Relação entre umidade e sólido Uma antiga técnica utilizada para maximizar a conservação de alimentos é o con- trole da umidade presente no mesmo. As considerações básicas de secagem de materiais biológicos são aquelas que demonstram como a umidade e o sólido se relacionam. Dentre as considerações a respeito das propriedades, a mais importante delas é a atividade de água (PARK et al., 2007a; GUILBERT; MORIN, 1986). O grau de disponibilidade da água contida no alimento pode ser expresso como atividade de água (Aw) que se define como a relação entre a fugacidade da água no alimento (f) e a fugacidade da água pura numa mesma temperatura (𝑓0) (HONORATO, 2006; GUILBERT; MORIN, 1986) 𝐴𝑤 = 𝑓 𝑓0 (2.1) Comumente conhecidas como isotermas de sorção, as atividades de água são as curvas de equilíbrio, compostas pelas umidades de equilíbrio do material correspondentes às umidades relativas para uma dada temperatura. Na determinação do teor final de água necessário para a estabilização do alimento, o conhecimento dessas curvas é indispensável (PARK et al., 2007a). Dependendo da determinação da umidade do produto a ser feita, segundo o pro- cesso de umidificação, essas curvas podem ser de adsoção ou dessorção, sendo que ambas Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 24 não coincidem. A diferença entre essas isotermas, como mostrado na figura 7, é nomeada como o fenômeno de histerese. Figura 7 – Histerese das isotermas de sorção. Fonte: Park e Nogueira (1992) Para os grãos de sorgo, Dunstan, Chung e Hodges (1973) apresentaram as curvas de desorção e adsorção mostradas na figura 8: Figura 8 – Isotermas de adsorção e desorção dos grãos de sorgo à 90F e comparação com isotermas obtidas por Fenton (1941) e Haynes (1961). Fonte: Dunstan, Chung e Hodges (1973) A diferença entre a quantidade de umidade inicial e quantidade de umidade de Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 25 equilíbrio do produto representa a força motriz para a secagem. A figura 9, mostra a retenção de umidade em função do conteúdo de umidade versus atividade de água. Figura 9 – Retenção de umidade. Fonte: Park e Nogueira (1992) 2.5 Transferência de calor A análise de transferência de calor é feita a partir das equações de conservação de massa e energia, da segunda lei de termodinâmica e de três leis fenomenológicas que des- crevem as taxas de transferência de energia em condução, convecção e radiação. Essas leis fenomenológicas são as expressões matemáticas dos modelos que descrevem os processos de transferência de calor (STOECKER; JONES, 1985). 2.5.1 Condução Condução é a transferência de energia das partículas mais energéticas de uma substância para partículas vizinhas menos energéticas, podendo ocorrer em sólidos, líqui- dos ou gases. Em líquidos e gases, a condução é um resultados das colisões e difusões das moléculas em seus movimentos aleatórios. Nos sólidos, a condução justifica-se pela combinação das vibrações das moléculas em rede, com a energia sendo transportada por elétrons livres (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). De acordo com ÇENGEL e GHAJAR (2012), a taxa de condução de calor é função da geometria, da espessura, do tipo de material e da diferença de temperatura que o meio esta exposto. Esta pode ser expressa pela equação 2.2, a seguir: �̇�𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑘𝐴 𝑇1 − 𝑇2 Δ𝑥 (2.2) Onde: Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 26 ∙ k é a condutividade térmica do material (W/m.K); ∙ A é a área (m2); ∙ 𝑇1 e 𝑇2 são as temperaturas (K); ∙ Δ𝑥 é a espessura do material (m). 2.5.2 Convecção A convecção é o modo de transferência de energia entre a superfície sólida e a líquida ou gás adjacente, que está em movimento e envolve a combinação de condução e movimento de um fluido. Sendo assim, quanto maior a velocidade do movimento do fluido, maior será a transferência de calor por convecção (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Nomeia-se convecção livre a situação em que o movimento do fluido é causado por forças de flutuação induzidas por diferenças de densidades originadas da diferença de temperatura no fluido. Já a convecção forçada é o tipo de convecção em que o fluido é forçado a fluir sobre a superfície por aparelhos externos, como um ventilador ou uma bomba (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). ÇENGEL e GHAJAR (2012) afirmam que apesar da complexidade em estabelecer a taxa de transferência de calor por convecção, visto a quantidade de fenômenos que o compõe, sabe-se que essa taxa é proporcional a diferença de temperatura e pode ser expressa pela lei de Newton do resfriamento. A equação 2.3, que representa esse fenômeno, é apresentada a seguir: �̇�𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝐴𝑠(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (2.3) Onde: ∙ h é o coeficiente de transferência de calor convectivo (W.m−2.K−1);∙ 𝐴𝑠 é a área superficial do sólido (m2); ∙ 𝑇𝑠 e 𝑇∞ são as temperaturas na superfície e no infinito, respectivamente (K). 2.5.3 Radiação A Radiação térmica é a energia emitida, por meio de ondas eletromagnéticas, pelos corpos com temperatura superior ao zero absoluto, resultado das mudanças nas configura- ções eletrônicas de moléculas ou átomos. Uma das características peculiares dessa forma de transferência de calor é o fato dela não exigir a presença de um meio de propagação, diferente da condução e convecção (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 27 ÇENGEL e GHAJAR (2012) afirmam que a taxa máxima de radiação que pode ser emitida de uma superfície é expressa pela lei de Stefan-Bolztmann da radiação térmica, expressa pela equação 2.4, a seguir: �̇�𝑟𝑎𝑑 = 𝜀𝜎𝐴𝑠(𝑇 4𝑠 − 𝑇 4𝑐𝑖𝑟𝑐) (2.4) Onde: ∙ 𝜀 é a emissividade da superfície; ∙ 𝜎 é a constante de Stefan-Bolztmann (𝑊/𝑚2.𝑄4); ∙ 𝐴𝑠 é a área superficial do sólido (m−2); ∙ 𝑇𝑠 e 𝑇𝑐𝑖𝑟𝑐 são as temperaturas na superfície e a temperatura do meio circulante (K). 2.6 Transferência de massa A transferência de massa pode ser entendida como o movimento de um componente específico (A, B. . . ) num sistema de vários componentes. Existindo regiões com diferentes concentrações, ocorrerá transferência de massa no sentido das zonas onde a concentração desse componente é mais baixa. Essa transferência pode ocorrer pelo mecanismo da difusão molecular ou da convecção (NOBRE, 2011). A transferência de vapor de água da superfície molhada para uma corrente de ar em movimento é análoga à transferência de calor por convecção, porém um coeficiente de transferência de massa é utilizado. O fluxo de umidade é proporcional à força motriz, que é a diferença na pressão de vapor na superfície e a pressão de vapor da água no ar que circunda a superfície. Ao mesmo tempo em que a água é removida da superfície, a água difunde-se do interior de um sólido para a superfície. Esta última é uma forma geral de difusão, que é análoga à transferência de calor por condução. As equações diferenciais para condução também se aplicam à difusão, com a difusividade mássica sendo o equivalente da difusividade térmica (HELDMAN; HARTEL, 1997). 2.7 Fenômenos de transporte aplicados à secagem Os fenômenos de transporte envolvidos na secagem de alimentos são de alta com- plexidade. Dentre os diversos mecanismos de migração que compõe o processo é possível destacar: 1. Difusão do líquido: Este processo ocorre quando existe um gradiente de umidade entre o interior e a superfície do produto. Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 28 2. Difusão do vapor: A difusão de vapor ocorre quando se há um gradiente de pressão parcial. 3. Escoamento capilar: O escoamento capilar ocorre principalmente em produtos po- rosos. As forças de tensão superficial podem induzir a migração da umidade através da estrutura interna do produto. 4. Escoamento devido ao gradiente de pressão: O escoamento devido ao gradiente de pressão entre o ar de secagem e a estrutura interna do sólido. 5. Escoamento devido ao gradiente de temperatura: Esse ocorre quando existe dife- rença entre a temperatura do interior do produto e a temperatura da superfície do alimento. É importante ressaltar que a difusão é considerada o principal mecanismo de mi- gração interna da umidade no grão, porém os outros mecanismos citados podem ocorrer simultaneamente durante o processo de secagem (HELDMAN; HARTEL, 1997; GEAN- KOPLIS, 1993). 2.7.1 Período de secagem à taxa constante De acordo com Geankoplis (1993), no primeiro grande período de secagem nomeado de período de taxa constante de secagem, a superfície do produto que esta sendo seco permanece saturada durante a secagem, devido à taxa de movimento da umidade no interior do sólido. Destaca-se a transferência de massa do vapor de água, a transferência de calor através dos sólidos do produto e a transferência de calor na fase gasosa como principais fenômenos de transferência desse período. Em vista disso, no balanço de calor e massa do período, Geankoplis (1993) assume que para um mesmo ar de secagem tem-se transferência de calor por convecção entre a superfície do sólido e o ar de secagem (equação 2.5) e transferência de massa da superfície para o mesmo ar de secagem (equação 2.6). �̇�𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝐴𝑠(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (2.5) 𝑁𝑎 = 𝐾𝑦.(𝑌𝑠 − 𝑦) 𝑃𝑀𝑎𝑟 𝑃𝑀𝐻2𝑂 (2.6) Onde: ∙ 𝑁𝑎 é o fluxo de vapor de água (kgmol.m−2.s−1); ∙ 𝑌𝑠 é a umidade do ar na superfície do sólido ; Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 29 ∙ Y umidade do ar; ∙ 𝐾𝑦 é o coeficiente de transferência de massa (m2.s−1); ∙ 𝑃𝑀𝑎𝑟 é a massa molar do ar (kg.kgmol−1) ; ∙ 𝑃𝑀𝐻2𝑂: Massa molar de água (kg.kgmol−1). Para expressar o calor necessário para vaporizar a água na superfície do grão durante a secagem na etapa de taxa constante, tem-se a equação 2.7, mostrada a seguir: 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑁𝑎.𝑃𝑀𝐻2𝑂.𝜆𝑊 .𝐴𝑠 (2.7) Em que 𝜆𝑊 é o calor latente à temperatura 𝑇𝑊 (J.kg−1). Por fim, tem-se a taxa de secagem, apresentada por Heldman e Hartel (1997) na fase constante e expressa pelas equações 2.8 e 2.9, a seguir: 𝑅𝑐 = 𝐾𝑦.𝑃𝑀𝐻2𝑂.(𝑌𝑊 − 𝑦) (2.8) 𝑅𝑐 = ℎ𝑐 (𝑇 − 𝑇𝑊 ) 𝜆𝑊 = 𝑞 𝜆𝑊 .𝐴 (2.9) Na qual, 𝑌𝑊 é a umidade na temperatura 𝑇𝑊 . 2.7.2 Período de secagem decrescente Para descrever o segundo grande período da secagem, nomeado período de taxa decrescente, torna-se necessário o uso da segunda lei de Fick. Esta lei relaciona a umidade do material com o tempo, através de um parâmetro de processo que descreve a velocidade com que a água se difunde do interior até a superfície do material, a difusividade efetiva (Deff) (OLIVEIRA; OLIVEIRA; PARK, 2006). Em vista disso, tem-se a seguir a equação 2.10, uma aplicação da lei de Fick na equação de balanço de conservação de massa. 𝜕𝑋 𝜕𝑡 = 𝐷𝑒𝑓𝑓 .𝑓. ▽2 .𝑋 (2.10) Heldman e Hartel (1997) apresentam uma dependência funcional da difusividade efetiva com a temperatura, expressa por uma equação do tipo Arhenius. Esta relação é expressa pela equação da difusividade efetiva de umidade, apresentada a seguir, na equação 2.11: 𝐷𝑒𝑓𝑓 = 𝐷0.𝑒𝑥𝑝 −𝐸𝑎 𝑅𝐺𝑇 (2.11) Onde: Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 30 ∙ 𝐷0 é constante; ∙ 𝐸𝑎 é a energia de ativação (cal.gmol−1); ∙ T é a temperatura do ar (K); ∙ 𝑅𝐺 é a constante universal dos gases (cal.gmol−1.K−1). 2.8 Taxa de secagem A taxa de secagem é função da diminuição da umidade em função do tempo. O processo de secagem é demonstrado com curvas típicas de secagem que são resultados da evolução da transferência de calor e massa no material quando colocado em contato com ar quente. Na figura 10, pode-se observar, para um experimento que considera as propriedades do ar constantes, as seguintes curvas: ∙ Curva de evolução do conteúdo de umidade no material (X) em vermelho ; ∙ Curva da evolução de temperatura do produto (T) em verde; ∙ Curva da velocidade de secagem ou taxa de secagem (dX/dT) em azul. Figura 10 – Curvas teóricas de secagem. Fonte: PARK, YADO e BROD (2001) Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 31 2.8.1 Fatores que influenciam a taxa de secagem Diversos fatores influenciam a taxa de secagem, porém destacam-se as condições de processo e as características específicas do alimento que será seco (HELDMAN; HARTEL, 1997). 2.8.1.1 Condições de processo As condições de processo que influenciam a taxa de secagem são: ∙ Temperatura Durante a secagem a temperatura aumenta a transferência de calor e o gradiente de umidade, facilitando a secagem. É importante ressaltar que o aumento da tem- peratura deve ser controlado, pois o uso de altas temperaturas pode causar altera- ções físicas e químicas indesejadas, danificando o alimento (HELDMAN; HARTEL, 1997). ∙ Umidade Relativa Sendo o gradiente de umidade o parâmetro responsável pela transferência de massa na superfície do produto, a umidade relativa é um parâmetro muito importante e que deve ser controlado (GEANKOPLIS, 1993). ∙ Velocidade do ar de secagem A velocidade do ar de secagem altera a taxa de secagem,pois o aumento desta aumenta a taxa de transferência de massa por convecção, favorecendo a secagem (GEANKOPLIS, 1993). 2.8.1.2 Natureza do grão A velocidade de secagem depende também das características de secagem do grão individualmente. Os fatores que influenciam a taxa de secagem relacionados as caracte- rísticas individuais do grão são: ∙ Área superficial Em geral, para os grãos pequenos a velocidade de secagem é maior que para os grãos de grandes dimensões. ∙ Orientação do constituinte De acordo com Geankoplis (1993), a orientação dos constituintes do produto afeta a movimentação de umidade do interior para a superfície, alterando assim a taxa de secagem. Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 32 ∙ Estrutura celular Na maioria dos alimentos, a umidade encontra-se no interior de suas células. Em vista disso, Heldman e Hartel (1997) consideram a estrutura celular do alimento um fator que influencia a taxa de secagem. ∙ Concentração dos solutos O tipo e concentração dos solutos no interior do alimento podem dificultar a mo- vimentação da umidade durante a secagem. Por isso este é também um fator que afeta a taxa de secagem (GEANKOPLIS, 1993). 2.9 Sistemas de secagem Devido à inexistência de uma tabela oficial que descrevesse todos os sistemas de secagem, (PARK et al., 2007b) propuseram a tabela 2.9: Tabela 1 – Sistemas de secagem. Fonte: Park et al. (2007b) 2.9.1 Secagem natural A secagem natural consiste em expor a matéria-prima por longos períodos à ra- diação solar e sob condições climáticas de temperaturas relativamente altas, ventos com intensidade moderada e baixas umidades relativas (CORNEJO, 2003). Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 33 Este método é amplamente utilizado em regiões tropicais subdesenvolvidas e/ou em desenvolvimento, devido as condições climáticas permitirem sua utilização, seu baixo custo e o desconhecimento de outras técnicas mais eficientes. Embora alcance um teor de umidade adequado para o armazenamento, este é um método muito lento e, quando utilizado, favorece a ocorrência de perdas de produto devido a contaminações de insetos e microrganismos no produto (CORNEJO, 2003). 2.9.2 Secagem artificial A secagem artificial é um processo de remoção de umidade, que implica no uso de equipamentos e condicionamento do ar de secagem pelo controle da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar de secagem. Na secagem artificial, as condições do ar de secagem, não dependem das condições climáticas, o que favorece a obtenção de um produto de qualidade superior, e um menor tempo de processamento (CORNEJO, 2003). Para uma secagem adequada de cada tipo de produto, devido a grande variedade de opções, é necessário uma análise detalhada antes de selecionar o equipamento que será utilizado (CORNEJO, 2003). 2.10 Métodos de secagem Existe uma grande quantidade de métodos existentes para realizar o fornecimento de calor para o material. A seguir, tem-se a descrição de três dos mais importantes (figura 11), de acordo com os dados fornecidos por (STRUMILLO, 1986; KEEY, 1978). Figura 11 – Potenciais mecanismos de transferência de calor durante a secagem. Fonte: Adaptado de Heldman e Hartel (1997) Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 34 2.10.1 Secagem por condução Na secagem por condução o calor é fornecido ao material úmido por contato de superfícies aquecidas, que suportam ou confinam o material, como mostrado na figura 12. Figura 12 – Secagem por condução. Fonte:(PARK et al., 2007a) 2.10.2 Secagem por convecção Neste método, o calor sensível é transferido para o material por convecção. O ar pré aquecido, utilizado como agente de secagem, passa sobre ou através do sólido e produz a evaporação de umidade para fora do aparelho de secagem. A secagem por convecção tem como condições de secagem os parâmetros temperatura e umidade do ar aquecido.Tal processo é visto na figura 13. Figura 13 – Secagem por convecção. Fonte:(PARK et al., 2007a) Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 35 2.10.3 Radiação Na secagem por radiação, figura 14, o transporte de umidade e a difusão de va- por do sólido seguem as mesmas leis que a secagem por condução e convecção. Porém, para utilização desse método faz-se necessário a escolha de aparelhos que sejam fonte eletromagnética. Figura 14 – Secagem por radiação. Fonte:Park et al. (2007a). 2.11 Equipamentos de secagem O secador de grãos é um equipamento destinado à secagem de produtos que uti- liza como fluido de secagem ar aquecido ou ar à temperatura ambiente. Devido à grande variedade de tipos de produtos que devem ser secos por diferentes métodos, existe tam- bém uma variedade de projeto de secadores. Para atender essa demanda, atualmente no mercado são disponibilizados diversos tipos de secadores, cada um atendendo a diferentes necessidades de processos e produtos (PARK et al., 2007a). A aplicação dos princípios de secagem ao projeto de equipamentos adequados exige um cuidadoso estudo minucioso das diversas variáveis envolvidas no processo. Dentre estas, cita-se: ∙ Difícil previsão da curva de velocidade de secagem; ∙ Variação das condições de secagem ao longo do secador; ∙ Diferença entre a área da transferência térmica e a área da transferência de massa; ∙ Configuração do escoamento do gás; ∙ Efeito das variáveis de operação e da escolha do equipamento relativamente às con- dições do produto seco. Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 36 Em vista disso, projetar um equipamento que atenda perfeitamente todos os re- quisitos desejados torna-se um resultado difícil de obter-se, pois muitos fenômenos físico- químicos podem ser complexos e de difícil previsão. Outro fator que deve ser levado em conta quanto deseja-se obter as condições desejadas para o produto é o fator econômico dos custos de processamento (ZEMPULSKI; ZEMPULSKI, 2007). Tais razões justificam uma escolha de secador baseada em ensaios preliminares, nos quais o material é seco em condições que se assemelham às da produção, por meio de secadores na escala de planta piloto (ZEMPULSKI; ZEMPULSKI, 2007). 2.12 Tipos de secador Diversos são os critérios para se classificar os secadores. A seguir, é apresentada na tabela 2, a divisão de Strumillo (1986) que demonstra critérios para a classificação de secadores. Tabela 2 – Critérios para a classificação de secadores. Critério para a classificação Exemplo do tipo do secador Pressão no secador Atmosférica ou vácuo Método de operação Contínua ou em batelada Método de suprir o calor Convecção, contato, infravermelho,dielétrico e sublimação Tipo do agente de secagem Ar quente, vapor superaquecido,líquidos aquecidos e gases rejeitados Direção do fluxo de calor e sólidos Co-corrente, contracorrente e fluxo cruzado Método do fluxo do agente de secagem Livre ou forçado Método do carregamento da umidade Com agente externo de secagem, com gás inerte, com absorção química da umidade. Forma do material úmido Líquidos, granulares, pós, pastas, folhas, camadas finas, lama Tipo do fluxo do material (condição hidrodinâmica) Regime estacionário, transiente ou disperso Escala de operação De 10 kg/h até 100 ton/h Construção do secador Bandejas, túnel, esteira, tambor rotatório, leito fluidizado e muitos outros Fonte: Strumillo (1986), Apud Park et al. (2007a). Outra possibilidade é a divisão dos secadores segundo o meio de transporte. Nessa divisão, tem-se a proposta de um tipo de secador para cada método e material típico a ser Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 37 seco. Na tabela 3, tem-se a divisão feita por Keey (1978) que divide os secadores segundo o meio de transporte. Tabela 3 – Métodos de transporte na secagem. Método Secador típico Material típico Material estático Secador de bandeja Grande variedadede materiais Material que cai por gravidade Secador rotatório Grânulos em queda livre Material carregado em lâminas Secador de roscatransportadora Materiais úmidos, pastas Material transportado em carrinhos Secador túnel Grande variedade de materiais Material carregado sobre rolos Secadores decilindro aquecido Teias finas, folhas e placas Material carregadoem esteira Secador de esteira Grande variedade demateriais rígidos Material vibrado em esteiras Secador de esteira vibratória Grânulos em queda livre Material suspenso no ar Secador de leito fluidizado Grânulos Material atirado através do ar Spray Dryer Soluções, materiais viscosose pastas finas Fonte: Keey (1978), Apud Park et al. (2007a). Nonhebel e Moss (1971) também classificam os secadores segundo o método de operação (como mostrado na figura 15) e segundo a forma física (como mostrado na figura 16). Figura 15 – Classificação dos secadores segundo o método de operação. Fonte:Nonhebel e Moss (1971), Apud Park et al. (2007a). Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 38 Figura 16 – Classificação dos secadores segundo a forma física. Fonte: Nonhebel e Moss (1971), Apud Park et al. (2007a) Em que: 1. Pastas, pré-moldados, dura, granulares, fibrosos e folhas; 2. Líquidos, lama, pastas e granulares; 3. Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas; 4. Pré-moldado, granulares e fibrosos; 5. Pré-moldado, granulares e fibrosos; 6. Lama e pastas; 7. Líquidos, lama, pastas e folhas; 8. Dura, granulares e fibrosos; 9. Líquidos, lama e pastas; 10. Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos; 11. Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos; 12. Granulares e fibrosos; 13. Pastas, pré-moldado, dura e folhas; 14. Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas; 15. Pré-moldado, granulares e fibrosos. Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 39 2.13 Sistema de secagem para grãos Weber (1995) apresenta a tabela 4, a seguir, com os sistemas de secagem existentes. Tabela 4 – Sistemas de secagem existentes. Classificação Sistema de secagem Quanto ao tipo de fabricação Móveis ou fixos (silos secadores, de torre) Quanto ao sistema de carga Intermitente ou contínuos Quanto à ventilação Insuflação de ar ou aspiração de ar Quanto ao fluxo de ar Concorrente, contracorrente, cruzado ou misto Quanto à torre de secagem Calhas paralelas, calhas cruzadas,de colunas e comcâmara descanso Quanto ao sistema de descarga Descarga de bandeja mecânica, descarga pneumática,descarga de eclusas rotativas Quanto ao combustível Líquido, sólido ou gasoso Ar da fornalha Direto e indireto Grau de automatização Secagem com controle manuale secagem automatizada Fonte: Weber (1995) Baseado nesse quadro, Park et al. (2007a) conclui que somente três tipos de siste- mas de secagem são convenientes para a secagem de grãos, variando a forma construtiva e de dispositivos utilizados em seu interior. Estes são descritos a seguir: 2.13.1 Silos de secagem Este sistema, que pode ser encontrado também como secador móvel, seca por carga pequenos volumes de grãos. Silos secadores ainda são muito utilizado por cooperativas estaduais para secagem de sementes e tem como característica uma adaptação que facilita seu deslocamento (PARK et al., 2007a). 2.13.2 Secador móvel Este secador tem por característica sua construção sobre rodas. Podendo ter como combustível liquido ou gás, torna-se versátil. Tendo um controle da descarga, esse aparelho permite a secagem dos grãos até o grau de umidade desejado (PARK et al., 2007a). 2.13.3 Secador de torre Secadores de torre são secadores verticais, estáticos, que operam de forma inter- mitente ou contínua, com os grãos em movimento. Atualmente, são os mais utilizados Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 40 comercialmente, tanto pela faixa de capacidade em que opera, quanto pelas suas caracte- rísticas técnicas (PARK et al., 2007a). 2.14 A cultura do sorgo A moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench), apresentada na figura 17, é um produto da intervenção do homem, que domesticou a espécie e, ao longo de gerações, vem transformando-a para satisfazer as necessidades humanas. Sorgo é uma fábrica de energia, de enorme utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o homem não consegue boas produtividades de grãos (EMBRAPA, 2007). Figura 17 – Planta de Sorgo. Fonte: Nutripasto O sorgo é cultivado para a produção de grãos (sorgo granífero) e forragens na forma de pastejo direto, corte verde (sorgo forrageiro) e conservado na forma de feno e silagem. O grão (figura 18) pode ser substituto do milho na alimentação de animais ruminantes e não ruminantes. Em muitos países da África e da Ásia os grãos de sorgo constituem o alimento básico de suas populações, sendo usado em diferentes formas. Nos Estados Unidos, os grãos de sorgo são usados essencialmente para fabricação de rações. No Brasil o sorgo destina-se principalmente à alimentação animal (POMPEU, 2003). Figura 18 – Grãos de Sorgo. Fonte: Organicauthority Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 41 A tabela 5 apresenta um Rank dos dez maiores produtores e consumidores de sorgo no mundo, bem como os valores de produção e consumo para o Brasil e para o mundo. Tabela 5 – Produção Mundial de Sorgo. Rank dos dez maiores países produtores e con- sumidores de sorgo no mundo. Produção de Sorgo (2006) Consumo de Sorgo (2005) Países Quantidade (ton) Países Quantidade (1000 ton) Nigéria 9.866.000 Índia 6370,18 Índia 7.240.000 Nigéria 5739,88 Estados Unidos da América 7.050.000 Sudão 2857,7 México 5.486.884 Etiópia 1769,5 Sudão 5.203.000 Burkina Faso 1238,96 China 2.489.500 China 858,96 Argentina 2.327.865 República Unidada Tanzania 629,22 Etiópia 2.313.041 Camarões 572,98 Burkina Faso 1553830 Niger 444,67 Brasil 1.556.016 Chade 391,92 Outros 12.812.364 Outros 34486 Mundo 57.898.500 Mundo 55359,97 Fonte: FAO, 2007 Na figura 19, a seguir, observa-se uma mudança, nos últimos anos, na ordem dos maiores produtores de sorgo do mundo. Figura 19 – Produção de sorgo nos maiores produtores mundiais entre 2013 e 2017. Fonte: USDA, 2016 Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 42 O Brasil possui extensas áreas aptas ao cultivo do sorgo nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, como mostrado na figura 20. Face à adaptabilidade desta cultura e às suas características, como grande amplitude de épocas de plantio, resistência à seca, possibilidade de mecanização das operações de plantio e colheita, e aproveitamento da palhada na alimentação animal, através de pastejo direto, pode-se considerar que o sorgo é a cultura que possui uma das maiores condições favoráveis à sua expansão em diversas regiões do país (VIANA; BORGONOVI; FREIRE, 1986). Figura 20 – Estados Produtores de Sorgo no ano de 2001. Fonte: Guilherme Mezzena / Grupo Pró sorgo Na figura 21, está representada a distribuição da produção de sorgo granífero no Brasil na safra 2005/06. Observa-se que o estado de Goiás tem a maior participação na produção, sendo seguido por São Paulo, por Mato Grosso e Minas Gerais no rank dos maiores produtores desta safra, embora no rank de produção a disputa pela segunda posição acontece entre os estados de São Paulo e Mato Grosso. Na realidade, os estados de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais tem sido responsáveis por mais de 80% da área plantada com sorgo e mais de 70% da produção nacional (EMBRAPA, 2007). Figura 21 – Distribuição de Área Plantada com Sorgo no Brasil – Média das Safras 2004 à 2006. Fonte: IBGE, 2007 Dos quatro tipos de sorgo - granífero, forrageiro, vassoura, sacarino – o -granífero é Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 43 o que ocupa a maior área cultivada. No Brasil, o sorgo granífero é considerado um produto de demanda intermediária, uma vez que constitui basicamente um ingrediente para rações utilizadas na alimentação de aves, suinos e bovinos. Por outro lado, grande parte do sorgo produzido na África e lia Ásia é destinado à alimentação humana, constituindo a base da dieta alimentar de milhões de pessoas (VIANA; BORGONOVI; FREIRE, 1986). 2.15 Interesse comercial O sorgo é o quinto cereal mais produzido no mundo, ficando atrás do milho (Zea mays L., trigo (Triticum aestivum L.), arroz (Oryza sativa L.) e cevada (Secale cereale L.). Aproximadamente 90% da área cultivada encontra-se nos países em desenvolvimento da Ásia e África (FAOSTAT, 2011). O grão de sorgo é alimento básico da população de vários países da África e Ásia,porém no Brasil seu uso é mais restrito, mesmo na alimentação animal. O grão é fonte energética essencial e substitui o milho em muitos países de clima tropical. O sorgo é reconhecido pela capacidade de sobreviver ainda que com limitada disponibilidade de água. Assim, regiões com precipitações pluviométricas médias anuais acima de 450 mm já podem ser consideradas aptas a exploração. (PITOMBEIRA, 2001). O Brasil ocupa o décimo lugar em produção a nível mundial com 857.000 t de grãos. Dados do IBGE (2001) mostram os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Sul como os principais produtores. (FAOSTAT, 2011). 2.16 Secagem e tolerância a dessecação Sementes podem ser classificadas em dois grupos distintos com relação ao com- portamento no armazenamento. No primeiro estão as ortodoxas, que se mantém viáveis após dessecação até um grau de umidade em torno de 5% e podem ser armazenadas sob baixas temperaturas por um longo período. No segundo grupo têm-se as recalcitrantes, ou sementes sensíveis à dessecação, que não sobrevivem com baixos níveis de umidade, o que impede o seu armazenamento por longo prazo (ROBERTS, 1973). Sementes ortodoxas, como o sorgo e o milho, passam por uma redução natural do teor de água em seu processo de desenvolvimento possibilitando assim sua conservação e armazenamento em várias condições ambientais. Tal dessecação é de suma importância para a germinação e síntese de enzimas essenciais a germinação, por isso essa redução de teor de humidade deve ocorrer seja de forma natural ou, caso necessário, artificialmente (BEWLEY, 1979; KERMODE; BEWLEY, 1989). De acordo com Kermode (1997), a síntese de determinadas proteínas na fase final de maturação do grão de sorgo, conhecida como LEA (late embriogenesis abundant) é uma Capítulo 2. MARCO TEÓRICO 44 das diversas mudanças bioquímicas que ocorrem nas células das sementes. A detecção e o acúmulo dessas proteínas, nas fases finais de desenvolvimento das sementes tem relação direta com a aquisição de tolerância a dessecação, em várias espécies. Essas proteínas são de fundamental importância para sementes ortodoxas, por pos- suírem papel importante na proteção de estruturas citoplasmáticas das sementes durante a desidratação. Ao fim da maturação, o acúmulo de açucares como a sacarose, estaqui- ose e rafinone que também auxiliam no processo de proteção contra efeitos negativos da desidratação são favorecidos pela secagem (FILHO, 2005). Freitas (2004) verificou alterações no perfil das proteínas resistentes ao calor em sementes de milho, para diferentes estados de maturação. Para sementes que não foram submetidas a secagem foi observado menor intensidade do aparecimento de bandas, já para as sementes expostas a secagem este nível de aparecimento de bandas foi maior. Outra conclusão obtida por esse autor foi o fato da secagem induzir o aparecimento de bandas dessa proteína para sementes de milho com alto teor de água. Visto que uma secagem incorreta pode causar danos a membrana da semente, reduzindo seu potencial de armazenabilidade, além de uma possível indução de dormência em sementes de sorgo, verifica-se a necessidade de um alto controle do processo de secagem artificial (SILVA, 2014). 2.17 Dormência em sementes Quando todos os fatores ambientais são favoráveis a germinação e, ainda assim, as sementes não germinam, essas são consideradas dormentes (SILVA, 2014). A dormência é uma característica determinada por fatores genéticos, mas sua indução advém da influência do ambiente durante a maturação. De acordo com a espécie avaliada e dependendo do mecanismo endógeno , é possível que um mesmo fator do ambiente apresente efeitos variáveis (FILHO, 2005). Segundo Oliveira et al. (2011b), para minimizar-se os danos durante o armazena- mento e garantir o alto padrão de qualidade dos lotes de semente, a secagem deve ser controlada. Em sementes de sorgo (Sorghum Vulgare), a dormência secundária pode ser induzida, secando-as à temperatura de 46 ∘C – 48 ∘C e reduzindo sua umidade para cerca de 7%, devido a alterações físicas ocorridas no tegumento da semente, provocadas pela secagem excessiva, de modo a restringir as trocas gasosas durante a embebição (NUTILE; WOODSTOCK, 1967). 45 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais A biomassa escolhida como material a ser seco é o Sorgo BRS 658: híbrido de sorgo silageiro. O sorgo BRS658 (figura 22) é um híbrido forrageiro desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo para atender a crescente demanda dos produtores por maior eficiência e melhor qualidade na alimentação de bovinos (EMBRAPA, 2016). Figura 22 – Sorgo BRS658. Fonte: EMBRAPA (2016) Tal escolha justifica-se pela possibilidade de obtenção das amostras dessa espécie de grão para as pesquisas. Outra motivação para o uso é a importância do fomento de espécies desenvolvidas em território nacional. 3.1.1 Proliferação de pragas Waquil, Cruz e Viana (1986) afirmam que dentre os vários aspectos a avaliar na cultura do sorgo, a ocorrência de pragas deve ter atenção do produtor. Do plantio a colheita, um grande número de espécies de insetos pode estar associado à cultura do grão. Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 46 De acordo com EMATER-MG (2012), as pragas subterrâneas, como: larva-arame, bicho-bolo, pão-de-galinha e corós, causam prejuízos na fase inicial e devem ser controladas por meio do tratamento de sementes. Caso ocorra a proliferação de pragas o sorgo pode adquirir doenças provocadas por bactérias, fungos ou vírus. Algumas das doenças causadas por fungos e bactérias são listadas a seguir: ∙ Doenças causadas por bactérias: risca bacteriana e estria bacteriana. ∙ Doenças causadas por fungos: helmintosporiose, podridão-docolmo e pedúnculo, an- tracnose do colmo, podridão-seca-do-colmo e doença açucarada do sorgo. Como previsto na literatura supracitada, foi detectado nas amostras do sorgo uti- lizado para os experimentos, diversos insetos, apresentados na figura 23 a seguir: Figura 23 – Insetos encontrados nas amostras de sorgo. Fonte:Autoral (2017) 3.1.2 Preparo das amostras Devido o acúmulo de impurezas, em especial terra, bem como a presença de insetos em meio aos grãos, foi necessário a realização de um pré-tratamento durante o preparo das amostras. Para a retirada das partículas sólidas de terra diferentes dos grãos de sorgo, foram utilizados os processos de agitação e, posteriormente, tamisação. Tamisação é uma opera- ção mecânica que, através das malhas de um tecido apropriado, separa partículas sólidas com diferentes dimensões. Os tecidos utilizados no processo de tamisação atuam como uma rede, que permite a passagem apenas das partículas cujas dimensões são inferiores à Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 47 abertura das respectivas malhas. Já as partículas de tamanho superior ficam retidas na superfície da peneira (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990). A agitação e peneiração das amostras é apresentada na figura 24, a seguir. Figura 24 – Agitação e peneiração dos grãos de sorgo para retirada de impurezas das amostras. Fonte:Autoral (2017) Já para a retirada dos insetos, o método utilizado foi o de catação, retirando os insetos manualmente. Por fim, com o auxílio de uma balança digital de cozinha, foram pesadas amostras de 50g de massa cada uma. A figura 25, apresenta esse procedimento. Figura 25 – Amostra de 50g de grão de sorgo BRS658 utilizada para testes de validação do equipamento. Fonte:Autoral (2017) Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 48 3.2 Métodos 3.2.1 Método de secagem selecionado O método de secagem selecionado para o desenvolvimento desse protótipo foi a secagem convectiva. Justifica-se essa escolha pelo fato de que o método convectivo utiliza- se de um ar de secagem que circula no interior do tambor, estando em contato direto com a superfície dos grãos. Dessa forma, otimiza-se o processo de secagem, visto que têm-se um aumento e uniformização da transferência de calor. 3.2.2 Equipamento selecionado A seleção do tipo de secador é uma das fases mais difíceis e pobremente abordadasna tecnologia de secagem, devido a dificuldade na sua definição quantitativa e na grande variedade de modelos disponíveis. Entende-se que para cada produto existem diversos secadores que podem ser escolhidos, por isso é necessário selecionar, em um tamanho e custo adequados, um aparelho que alcance a quantidade de umidade necessária, num tempo aceitável, mantendo um produto de qualidade e respeitando a segurança e os fatores ambientais (HONORATO, 2006), Apud (KEMP; BAHU, 1995). McNeill e Montross (2003) afirmam que na secagem de grãos de sorgo, os sistemas de secagem de milho podem ser utilizados, porém é necessário maiores tempos de exposição quando comparados aos utilizados para o milho, visto que sementes menores oferecem maior resistência ao fluxo de ar, o que resulta em menores taxas de fluxo de ar para um mesmo volume de grãos. Costa et al. (2006) desenvolveu uma série de experimentos com secadores rotativos em grãos de milho obtendo uma boa secagem e provando a possibilidade de utilização desse tipo de aparelho de secagem para o milho e, teoricamente, para o sorgo. De acordo com Coelho et al. (2002), no Brasil, o sorgo costuma ser plantado como segunda safra após o cultivo da soja, portanto a capacidade de secar ambos os produtos foi tomada como critério de seleção. Os secadores rotativos com distribuição radial do fluxo de ar existentes no mercado foram projetados para a secagem do café. Porém, comerciantes de secadores rotativos como a empresa APPO (2016), garantem a utilização para outros grãos como a soja e o milho. Vista a falta de material bibliográfico que ateste a eficiência da secagem de grãos de sorgo com secadores rotativos, escolheu-se esse modelo como objeto de estudo a ser desenvolvido e otimizado. Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 49 3.2.2.1 Secador rotativo O secador rotativo utilizado industrialmente é constituído por um cilindro horizon- tal ou ligeiramente inclinado que gira em torno de seu eixo longitudinal com velocidade angular de 2 rpm (duas rotações por minuto). O produto úmido é carregado pela parte mais elevada do secador, através de um transportador, e descarregado na parte mais baixa pela ação da gravidade. O fluxo de ar de secagem é injetado numa câmara situada no centro do cilindro e atravessa radialmente a massa do produto (SILVA, 1995). Um diagrama esquemático de um secador rotativo é apresentado na figura 26 a seguir: Figura 26 – Diagrama esquemático de um secador rotativo. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2012) As vantagens e desvantagens deste modelo de secador são apresentadas na tabela 6, a seguir: Tabela 6 – Vantagens e desvantagens do secador de fluxos concorrentes. Vantagens Desvantagens Funciona como máguina pré-limpeza Baixa eficiência energética Secagem uniforme Alta incidência de danos mecânicos Alto custo de investimento Fonte: Adaptada de Silva (1995) 3.2.3 Variáveis do processo Dentre as diversas variáveis de processo que influenciam a secagem, foram elenca- das 4 que serão estudadas neste trabalho. Tais variáveis são listadas a seguir: ∙ Umidade relativa do ar; Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 50 ∙ Temperatura; ∙ Tempo; ∙ Rotação do tambor. Justifica-se essa escolha de parâmetros vista a necessidade de um intervalo de temperatura e umidade relativa otimizados, de forma a evitar a deterioração do produto final. Além disso, deseja-se efetuar a secagem no menor intervalo de tempo possível, visando o aumento de produtividade, porém sem imprimir um ar de secagem prejudicial a qualidade dos grãos. Por fim, sendo o equipamento um secador rotativo, deseja-se observar a influência da rotação na velocidade da secagem. 3.2.4 Condições de operação Para validar o funcionamento do equipamento desenvolvidos, 3 condições de ope- ração para os testes de secagem foram estabelecidas. Essas condições são apresentadas a seguir: ∙ CO1 - Condição de operação inicial A primeira condição de operação tem como característica a temperatura do ar de secagem no mesmo valor da temperatura ambiente. ∙ CO2 - Condição de operação média A segunda condição de operação tem como característica um ar de secagem que atinge temperaturas maiores que a temperatura ambiente usada na CO1. ∙ CO3 - Condição de operação final A terceira, e última, condição de operação, tem como característica principal um ar de secagem que atinge temperaturas maiores que as temperaturas observadas nas outras condições de operação. Uma outra característica dessa condição de operação é que, além de atingir valores maiores de temperatura, os valores que também são obtidos na CO2, nessa condição são alcançados mais rapidamente, aquecendo o interior do tambor em um menor intervalo de tempo. 3.2.5 Montagem do secador A modelagem e construção do protótipo de secador rotativo para grãos de sorgo dividiu-se em 2 etapas principais. São elas: 1. Dimensionamento e desenho esquemático do protótipo; Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 51 2. Montagem do equipamento. Tais etapas serão detalhadas nos itens seguintes. 3.2.5.1 Dimensionamento e desenho esquemático do protótipo Por meio do software de desenhos tridimensionais CATIA versão V5R20, foram desenvolvidos os desenhos de cada componente da estrutura do secador rotativo para grãos. A ilustração do protótipo em vista isométrica, bem como as vistas frontal, superior e lateral são apresentadas na figura 27, a seguir: Figura 27 – Desenho das vistas frontal, superior, lateral e isométrica com as respectivas cotas (em milímetros) do secador rotativo para grãos de sorgo desenvolvido nesse projeto. Fonte: Autoral (2017) Em seguida, foram produzidas as vistas de corte e a vista de detalhe do equipa- mento. Nessas vistas é possível visualizar a parte interna do cilindro rotativo que compõe o secador. Destaca-se nessa figura as perfurações feitas no eixo fixo do tambor, respon- sáveis pela introdução do ar de secagem advindo da fonte de ar de secagem exterior ao tambor. Destaca-se também a gaiola de proteção do sensor de umidade e temperatura, Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 52 que evita o choque dos grãos com o sensor durante a rotação do tambor. Tais vistas são apresentadas na figura 28, a seguir: Figura 28 – Vistas de corte e detalhe do secador rotativo para grãos de sorgo desenvolvido nesse projeto. Fonte: Autoral (2017) 3.2.5.2 Montagem do equipamento A montagem do equipamento foi dividida em 8 etapas principais. São elas: 1. Construção do tambor rotativo; 2. Construção do eixo fixo; 3. Escolha da estrutura do equipamento; 4. Escolha do motor do sistema mecânico; 5. Escolha do sistema de transmissão ; 6. Instalação do circuito eletrônico de potência; Capítulo 3. MATERIAIS E MÉTODOS 53 7. Construção do sistema de fornecimento de ar de secagem; 8. Desenvolvimento do sistema de coleta de dados de secagem. O detalhamento dessas etapas será apresentado nos tópicos a seguir. 3.2.5.3 Construção do tambor rotativo Decidiu-se por utilizar como tambor rotativo um barril de chopp Heineken com 5l de volume. Tal escolha justifica-se pelo fato que esse tambor é em material metálico e possui um esmalte interno específico para conservação de alimentos em temperaturas diferentes da temperatura ambiente. Além disso, possuindo 17,82 cm de diâmetro e 24,5 cm de comprimento, o tambor adequasse a proposta de desenvolvimento de um protótipo leve e pequeno de secador rotativo. Após a escolha do tambor, foram instaladas pás metálicas em seu interior, com o objetivo de produzir o cascateamento dos grãos de sorgo durante a rotação do aparelho. Essas pás são de alumínio e possuem, aproximadamente, 10 cm de comprimento e 1 cm de altura. As pás foram instaladas em sentido longitudinal, ou seja, orientadas no sentido do comprimento do tambor. A imagem 29 apresenta o tambor que compõe o secador rotativo para grãos desenvolvido nesse projeto. Figura 29 – Tambor com pás em alumínio instaladas em seu interior. Fonte: Autoral (2017) Posteriormente, foram instalados discos em madeira com rolamentos concêntricos na tampa e no fundo do tambor, com
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