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SUMÁRIO 
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL ............................................... 5 
EDUCAÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................................ 5 
GOVERNO COLLOR DE MELLO ......................................................................................................... 6 
GESTÃO GOLDEMBERG ..................................................................................................................... 8 
Desafios da gestão Goldemberg ................................................................................................ 8 
GESTÃO MURÍLIO HINGEL ................................................................................................................ 9 
GESTÃO PAULO RENATO SOUZA ................................................................................................... 10 
Fundef .......................................................................................................................................... 11 
Lei Darcy Ribeiro ......................................................................................................................... 11 
Plano Nacional de Educação e outras realizações ................................................................. 12 
GESTÃO CRISTOVAM BUARQUE ..................................................................................................... 13 
GESTÃO TARSO GENRO ................................................................................................................... 13 
GESTÃO FERNANDO HADDAD ....................................................................................................... 14 
Plano de Desenvolvimento da Educação ................................................................................ 15 
GESTÃO ALOIZIO MERCADANTE .................................................................................................... 18 
GESTÃO HENRIQUE PAIM ............................................................................................................... 19 
GESTÃO A PARTIR DE 2015 ............................................................................................................. 21 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 22 
PROFESSORES-AUTORES ........................................................................................................................... 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste curso, discutiremos os avanços e limites da política educacional brasileira após a 
promulgação da Constituição de 1988. Para tanto, traçaremos o perfil das diferentes gestões que 
passaram por nosso país até a atualidade. 
 
Educação após a Constituição de 1988 
Aprovada, como vimos, em 1988, a Constituição brasileira nasceu em um momento de 
grandes mudanças no panorama internacional, como a queda do Muro de Berlim, ocorrida no ano 
seguinte, e o acirramento das políticas neoliberais. 
O novo quadro mundial da economia, intensificando a competitividade entre os países por 
mais e mais inovação, aumentou a demanda pela melhoria da qualidade do ensino 
substancialmente. Percebendo o impacto dos desdobramentos da reestruturação produtiva em 
escala mundial, favorecida por extraordinários avanços no campo da ciência, tecnologia e inovação 
– principalmente, das tecnologias da comunicação –, a Unesco convocou, em 1990, uma 
conferência mundial, realizada na Tailândia, onde foi aprovada a Declaração Mundial de Educação 
para Todos. 
O conhecimento, especialmente aquele gerador de inovações, 
passou a ser moeda de troca. Em decorrência disso, a política 
educacional começou a ser mundialmente debatida. 
 
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 
1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL 
 
6 
 
Para impulsionar esse debate, organismos internacionais como a Unesco, a OCDE e o Banco 
Mundial aprofundaram estudos, projetaram cenários e instigaram mudanças com o argumento 
central de que os países que não melhorassem seus sistemas de ensino teriam poucas chances de 
acompanhar o ritmo acelerado de mudanças sem precedentes. Simultaneamente, começaram a 
ganhar espaço as avaliações de desempenho da educação em larga escala, com ampla divulgação 
pública e consequente comparação de resultados entre os países. 
Ademais, como a Constituição de 1988 foi o coroamento de uma luta de vários anos contra a 
ditadura, seu conteúdo se pautou, fortemente, no avanço de questões relativas aos direitos humanos. 
O capítulo atribuído à educação foi construído com intensa participação dos educadores, por 
intermédio de entidades representativas como as seguintes: 
 Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública; 
 União Nacional de Estudantes (UNE); 
 Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); 
 Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); 
 Comissões de Educação da Câmara e do Senado Federal; 
 Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae); 
 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped); 
 Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes); 
 Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). 
 
Várias outras entidades surgiram, congregando dirigentes, especialistas e líderes da sociedade 
civil, com o objetivo de contribuir e também zelar pelos compromissos assumidos pela 
Constituição. Entre as novas entidades, merecem destaque a União Nacional dos Dirigentes 
Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). 
Essas duas entidades, compostas de dirigentes municipais e estaduais de educação, converteram-se 
em fóruns privilegiados para o debate de temas relevantes da política educacional e tornaram-se 
atores centrais dos rumos da política educacional, mantendo permanente diálogo com o MEC e 
com vários outros setores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
 
Governo Collor de Mello 
Um ano após a promulgação da Constituição de 1988, é eleito para Presidente do Brasil, por 
meio de voto popular, Fernando Collor de Mello. Durante a sua campanha, Collor defendeu a 
necessidade de modernização do País em função das transformações mundiais ocorridas na 
economia, de modo a torná-lo mais competitivo e inovador. 
 
 
 7 
 
A situação econômica era crítica, com um elevado índice de inflação, que chegou a atingir 
1.430,2% em 1990, e o consequente agravamento da situação social no País. As várias tentativas de 
eliminar a inflação não surtiram os efeitos desejados pelo Presidente. Cada vez que os preços 
voltavam a subir, observa Singer (2014), Collor aplicava medidas mais violentas, que conduziam a 
economia à perda de sentidos. Sem credibilidade, acossado por denúncias de corrupção e tendo de 
enfrentar um processo de impeachment apoiado por diversos movimentos sociais, Collor acabou 
renunciando para não ser derrubado. Além do desafio da inflação, o governo enfrentava o problema 
do ajuste fiscal, com vistas ao equilíbrio das contas públicas. 
Na área da educação, Collor tinha consciência da existência de alguns problemas críticos. Em 
um de seus discursos, o Presidente chegou a lembrar que, “a cada 100 crianças que entravam no 
Ensino Fundamental, somente 22 conseguiam concluí-lo e um número menor ainda chegava às 
etapas subsequentes do ensino” (COLLOR, 1990). Por conta disso, sob a inspiração de Leonel Brizola 
e Darcy Ribeiro, Collor lançou o plano de construção de 5.000 Centros de Atenção Integral às 
Crianças e aos Adolescentes (Caics). No entanto, durante a sua gestão, apenas um desses centros foi 
inaugurado. Além disso, a tentativa de extinção da Capes e os conflitos internos no MEC, que 
dificultavam a operacionalização de programas como o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, 
somados à crescente instabilidade do governo, impediam os avanços das propostas lançadas. 
Alguns estudiosos, como Di Giovanie Souza, reconhecem o mérito dos Caics, que, como 
escolas de tempo integral, resgatavam pontos centrais da experiência dos Cieps do Rio de Janeiro 
(DI GIOVANI; SOUZA, 2016 apud WESTPHAL et al., 2016). Apesar da pretensão ambiciosa 
de construir 5000 Caics, a proposta significava o reconhecimento de que a Educação Básica não 
poderia avançar sem uma forte intervenção da União. 
Sobre o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, elaborado durante a gestão de Carlos 
Chiarelli no MEC, como um dos desdobramentos do compromisso assumido pelo Brasil na 
Conferência Mundial de Educação para Todos, é oportuno destacarmos o amplo debate público 
que o precedeu, com ampla mobilização nacional. No entanto, apesar de ter começado a ser 
implementado, o Plano sofreu os efeitos da crise política e do processo de impeachment. 
No início da década de 1990, ocorreu a promulgação da Lei nº 8.069/1990, referente ao 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de inegável importância para o avanço do direito à 
educação e para a gestão educacional. A partir desse dispositivo legal, que instituiu o Conselho 
Tutelar em todos os municípios, o Ministério Público passou a ter mecanismos mais claros de 
proteção dos direitos da criança e do adolescente, o que também lhe conferiu maior poder com 
relação à defesa dos direitos à educação. O ECA, não elaborado, mas assinado durante o período 
Collor, inaugurou um novo capítulo na política educacional brasileira, por intermédio da crescente 
atuação dos operadores da justiça educacional em defesa do direito à educação para todos. Como 
consequência, vários conflitos começaram a surgir entre as decisões da justiça e a gestão educacional 
de estados e municípios, que nem sempre dispunham das condições necessárias para o pronto 
atendimento das decisões judiciais voltadas para a garantia dos direitos da criança e do adolescente. 
 
8 
 
Gestão Goldemberg 
Desafios da gestão Goldemberg 
Devido aos vários problemas surgidos na gestão do MEC, em agosto de 1991, assumiu o 
ministério o cientista José Goldemberg, que, até então, ocupava o cargo de Secretário de Ciência e 
Tecnologia no Governo Collor, com status de Ministro. Goldemberg trazia reconhecida experiência 
como cientista e gestor em sua bagagem, tendo ocupado vários cargos públicos, inclusive o de Reitor 
da Universidade de São Paulo. 
Uma análise prévia da situação educacional do País, feita no início de sua gestão, mostrava 
números preocupantes, entre os quais o de que o orçamento educacional estava consideravelmente 
abaixo do de outros países, não ultrapassando 3,7% do PIB em 1988. A taxa de analfabetismo 
referente à população de 15 anos ou mais era de 18,4%. Além disso, havia um excesso de burocracia 
e um elevado número de professores fora da sala de aula, lotados em diferentes órgãos da 
administração estadual e municipal, com gasto superior a 40% na administração educacional de 
alguns estados. Existia, ainda, uma acentuada desigualdade entre as escolas, pois 58,4% ofereciam 
ensino no regime de classe única, enquanto 4,8%, que detinham cerca de 40% das matrículas de 
crianças de 7 a 14 anos de idade, funcionavam em quatro turnos. A elevada repetência, sobretudo 
no Ensino Fundamental, também era um grande problema. No Ensino Médio, as matrículas 
correspondiam somente a 16,7% da faixa etária de 15 a 19 anos, enquanto em outros países, como 
a Coreia do Sul, chegavam a 94%. No Ensino Superior, havia uma acentuada desigualdade na 
distribuição das matrículas entre as instâncias e as regiões, sobretudo na pós-graduação, e um 
dispendioso modelo de gestão das universidades federais, pois consumiam 78% do total das 
dotações do tesouro destinadas ao MEC. Das 52 instituições federais de Ensino Superior, somente 
seis tinham mais de 30% do corpo docente com doutorado, e o custo-aluno oscilava entre quatro 
e oito mil dólares, enquanto o custo-aluno da Educação Básica era, em média, de 150 dólares. 
Além desses obstáculos, Goldemberg enfrentou o problema do progressivo desgaste da 
imagem pública do Presidente Collor. Ainda assim, tentou levar adiante o projeto dos Ciacs e 
implementar uma política de avaliação das universidades federais. No primeiro caso, percebeu logo 
o elevado custo estimado de um Ciac com mil alunos, da ordem de dois milhões de dólares, o que 
superava a capacidade de investimento do governo. Além disso, o plano previa parceria com estados 
e municípios na manutenção dos centros integrados, o que poderia inviabilizar o projeto, devido à 
insuficiência de recursos dos entes federados (GOLDEMBERG, 1993). Desse modo, o Ministro 
procurou definir um projeto pedagógico para os Ciacs, tarefa confiada a José Mário Pires Azanha, 
da Universidade de São Paulo. O educador chamou então a atenção para a importância dos Ciacs 
em termos de política educacional, na medida em que representavam uma tentativa de romper com 
a omissão secular da União no campo da Educação Básica (CUNHA; SOUZA, 2016). 
 
 
 9 
 
Com relação às universidades federais, a gestão Goldemberg chegou a propor a elevação da 
autonomia acadêmica e administrativa, com um modelo de alocação de recursos subordinado à 
avaliação do desempenho. O projeto incluía um percentual fixo da receita de impostos a serem 
destinados às universidades. Nesse caso, cada universidade teria autonomia para definir seus níveis 
de remuneração. A proposta suscitou muitos debates e polêmicas, e não avançou. A “temperatura” 
política era alta, em decorrência do processo do impeachment de Collor, o que levou o Ministro 
Goldemberg a pedir sua exoneração. 
 
Gestão Murílio Hingel 
Com a posse do Senador Itamar Franco na Presidência da República, o País começa uma 
nova etapa de sua história. As ideias do novo Presidente eram diferentes das de Collor de Mello. 
Como nos lembra Daniel Reis, Itamar tinha convicções próximas do ideário nacional-estatista e 
teve o mérito de propor um governo de união nacional. No âmbito dessa união, foi elaborado o 
Plano Real (REIS, 2014), com dimensões estruturantes da economia nacional e com o mérito de 
ter reduzido a inflação a níveis paralelos aos dos países mais avançados. 
Para o Ministério da Educação, foi nomeado Murílio de Avellar Hingel, Professor da 
Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-Secretário de Educação de Juiz de Fora, em Minas Gerais. 
A situação da educação nacional continuava crítica e desafiadora. Os déficits de qualidade e inclusão 
se mostravam assustadores, notadamente quando comparados aos de outros países. Na educação 
infantil (0-6 anos de idade), por exemplo, o percentual de atendimento era de 17,6% e, na faixa 
etária de 7-14 anos, 3,5 milhões de crianças permaneciam fora da escola. 
Hingel procurou basear sua gestão em uma visão integrada da política nacional, mostrando 
saber aproveitar o clima favorável pós-impeachment. Apesar de ter permanecido pouco mais de dois 
anos à frente do MEC, podem-lhe ser creditadas algumas realizações importantes, entre as quais 
estão as seguintes: 
 a elaboração do Plano Decenal de Educação – amplamente debatido nas várias instâncias 
da gestão educacional, o Plano teve seu ponto alto na assinatura, em ato solene realizado 
na Presidência da República, do Acordo Nacional de Educação para Todos, que firmou o 
compromisso do piso salarial nacional previsto pela Constituição; 
 a retomada do projeto dos tempos de Collor de construção dos Centros de Atenção 
Integral à Criança e ao Adolescente (Caics), que passaram a se denominados Centros 
Integrados de Atenção à Criança e ao Adolescente (Ciacs), com a criação do Programa 
Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (Pronaica); 
 a inauguração de uma política de avaliação das universidades federais por intermédio do 
Programa de Avaliação Institucional das Universidades (Paiub); 
 a continuidade e o fortalecimento da política de avaliação em larga escala; 
 a avaliação do livro didático; 
 
10 
 
 o Projeto Nordeste de Educação, com o apoio do Banco Mundial; 
a descentralização da merenda escolar. 
 
Outra iniciativa da gestão Hingel que merece registro foi a criação do Fórum Permanente 
para a Valorização do Magistério e Qualidade da Educação. Esse colegiado desempenhou papel 
proeminente durante o processo de construção do Pacto de Valorização do Magistério e haveria 
de ter, ainda, papel de destaque nas discussões iniciais do Fundef, na gestão seguinte de Paulo 
Renato Souza. 
Com referência às políticas de gestão, há dois episódios do período ministerial de Murílio 
Hingel que merecem destaque: 
 o fechamento do Conselho Federal de Educação, que, devido à denúncia de venda de 
pareceres, foi substituído pelo Conselho Nacional de Educação, implantado na gestão 
Paulo Renato Souza; 
 a política de desvinculação de recursos como parte do Plano Real, que subtraiu 20% dos 
recursos da educação. 
 
Gestão Paulo Renato Souza 
Com a eleição do Senador Fernando Henrique Cardoso para Presidente da República, que 
tinha sido Ministro das Relações Exteriores e da Fazenda do Presidente Itamar Franco, algumas 
mudanças de orientação econômica e social se efetivaram. 
O sucesso obtido pelo Plano Real credenciava Fernando Henrique Cardoso a levar adiante 
algumas propostas defendidas pelas correntes liberais. Conforme observou Reis, “tratava-se de 
enfraquecer as tradições nacional-estatistas, quebrando reservas de mercado, diminuindo tarifas 
protecionistas, privatizando atividades e setores econômicos” (REIS, 2014, p. 117). Para tanto, 
tornava-se necessária também a reforma do Estado, reduzindo seu tamanho e suprimindo os gastos 
considerados desnecessários. Dessa forma, à época, foram privatizadas algumas empresas 
consideradas “joias da coroa”, como a Cia. Vale do Rio Doce e a Cia. Siderúrgica Nacional. 
Chegou-se, inclusive, a sugerir a própria privatização da Petrobrás. Essa política suscitou resistência 
de funcionários públicos dos setores afetados, além de ensejar denúncias de irregularidades nos 
processos de desestatização. 
No campo da educação, foi nomeado para o Ministério da Educação o economista Paulo 
Renato Souza, que já tinha sido Reitor da Unicamp e Secretário de Educação do Estado de São 
Paulo, além de ter tido uma passagem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Sua 
gestão estabeleceu duas grandes prioridades: 
 
 
 
 11 
 
 o Ensino Fundamental, com a criação do Fundef; 
 a avaliação de desempenho em larga escala, com sucessivas mudanças e aperfeiçoamentos 
no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, criado em 1990. 
 
Fundef 
O Fundef foi, sem dúvida, a mais importante realização da gestão Paulo Renato Souza, pois 
seguia o pressuposto de que o dinheiro da educação deveria ser alocado de acordo com o número 
de alunos matriculados nas redes estaduais ou municipais, por intermédio de um fundo contábil 
comum. Essa medida possibilitou devolver à educação uma soma considerável de recursos 
vinculados que, desde a Emenda Calmon, vinham sendo desviados para outras atividades. Havia 
municípios que, mesmo não possuindo escolas, eram obrigados a prestar contas da aplicação de, no 
mínimo, 25% de seus recursos oriundos de impostos. 
Ademais, o Fundef fixou um gasto mínimo por aluno, que poderia ser complementado pela 
União no caso de unidades federadas com insuficiência de recursos. 
O Fundef destinava, ainda, 60% de seus recursos à política de valorização do magistério, o 
que possibilitou, de modo gradual, a aproximação entre o salário mínimo fixado por lei e o salário 
mínimo pago em muitos municípios do País. 
Com o Fundef, o Brasil praticamente alcançou a universalização 
do Ensino Fundamental. 
No último ano do Fundef, em 2006, só restavam 2,4% de crianças fora da escola na faixa 
obrigatória de 7 a 14 anos de idade. 
 
Lei Darcy Ribeiro 
Ainda durante a gestão Paulo Renato Souza, merece destaque a aprovação, em 1996, da 
segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, também chamada Lei Darcy Ribeiro, após 
vários anos de tramitação e intensos debates no Congresso Nacional. 
Apesar de ser objeto de diversas críticas, seus avanços, seu potencial e abertura para inovações 
foram reconhecidos por muitos especialistas, como Pedro Demo, Glaura Vasquez de Miranda e 
Candido Alberto Gomes. Com referência à organização e gestão da educação nacional, podemos 
citar alguns feitos da Ley Darcy Ribeiro: 
 deu seguimento ao preceito constitucional de elaboração do Plano Nacional de Educação, 
em colaboração com os demais entes federados; 
 determinou que a União coordenasse a política nacional de articulação, relacionando os 
diversos níveis e sistemas; 
 
12 
 
 estabeleceu a assistência técnica e financeira aos entes federados, não mais limitada, como 
no passado, aos estritos limites das deficiências locais, o que elevou o compromisso da União; 
 determinou que os estados elaborassem e executassem políticas e planos educacionais em 
consonância com as diretrizes e os planos nacionais, integrando-os e coordenando suas 
ações às de seus municípios. 
 
A última determinação apresentada foi de grande importância para a educação, pois 
buscava romper com a prática tradicional de falta de articulação e integração entre as ações 
estaduais e municipais. 
A LDB Darcy Ribeiro procurou dar um grande impulso ao 
regime de cooperação entre os entes federados, com vistas ao 
amplo somatório de esforços e à divisão de responsabilidades, 
desafios ainda atuais na política educacional. 
A segunda LDB deu, ainda, seguimento à determinação constitucional de elaboração do 
Plano Nacional de Educação. 
 
Plano Nacional de Educação e outras realizações 
Em 2001, com vistas à criação de um plano educacional que abarcasse todo território 
nacional, Governo e sociedade civil elaboraram documentos, ambos submetidos ao Congresso 
Nacional. Após calorosas discussões, polêmicas e conflitos ideológicos, foi, finalmente, aprovado 
pelo Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação (PNE). 
Sancionado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, o PNE 2001-2010 teve 
alguns de seus artigos vetados, sobretudo o mais importante deles, que elevava os investimentos em 
educação para 7% do PIB, o que poderia possibilitar a concretização, ao menos em parte, de 
algumas metas estabelecidas pelo Plano. 
Outros avanços e realizações na política educacional do País devem ser creditados às gestões 
de Fernando Henrique Cardoso como Presidente e de Paulo Renato Souza como Ministro da 
Educação. Entre eles, podemos citar: 
 a política de colocar dinheiro direto na escola; 
 o Bolsa-Escola Federal; 
 o Exame Nacional de Cursos (Provão); 
 o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb); 
 o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); 
 os Parâmetros Curriculares Nacionais; 
 o Fundo de Desenvolvimento da Escola (Fundescola), resultante da ampliação do Projeto 
Nordeste de Educação. 
 
 13 
 
Gestão Cristovam Buarque 
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidente da República, em 2002, havia a 
expectativa de que os compromissos históricos do Partido dos Trabalhadores com o 
desenvolvimento do País pudessem, finalmente, ser levados adiante. 
A partir de uma visão política mais realista, o discurso radical de anos anteriores, como 
salienta Reis, passou a dar lugar a propostas reformistas moderadas, onde se mantinham, no 
entanto, compromissos de combate às desigualdades sociais e o estímulo à participação política. A 
Carta aos brasileiros, de 2002, havia se comprometido com o respeito aos contratos firmados pelo 
governo anterior, inclusive as privatizações e a continuidade da política de combate à inflação 
(REIS, 2014, p. 119). 
Em janeiro de 2003, foi designado para Ministro da Educação o Senador Cristovam Buarque, 
uma das figuras do Partido dos Trabalhadores mais credenciados para essa difícil missão. Foi uma 
das posses mais concorridas da história do MEC, contando inclusive com a presença de Fidel 
Castro. Todavia, o cenário externo não favoreciaa aspiração do Presidente Lula de inaugurar um 
novo capítulo na história do País. As bandeiras históricas do PT conflitavam com o cenário 
econômico de baixo crescimento. Desse modo, como concluíram Gremaud, Vasconcellos e Toneto 
(2014), a política de ajuste fiscal e de controle da dívida pública deveria continuar. 
Apesar de tais restrições conjunturais, Buarque achava possível avançar e fazer uma revolução 
no campo da educação. Em seu discurso de posse, depois de tecer elogios à gestão de Paulo Renato 
Souza, declarou que era necessário “pisar no acelerador e virar à esquerda”. Para tanto, elaborou 
vários projetos e lançou programas, sendo o principal deles o Programa Brasil Alfabetizado, por 
meio do qual o Ministro tinha a crença de reduzir o analfabetismo drasticamente. 
No entanto, diante do cenário econômico desfavorável e devido a conflitos na estrutura do 
poder, Buarque acabou sendo exonerado, deixando ideias e iniciativas que seriam aproveitadas pelas 
gestões seguintes. 
 
Gestão Tarso Genro 
Em substituição a Cristovam Buarque, assumiu o MEC, em janeiro de 2004, Tarso Genro, 
um líder histórico do Partido dos Trabalhadores, com sedimentada experiência de gestão, que 
incluía os cargos exercidos como Prefeito de Porto Alegre e Governador do Rio Grande do Sul. 
No Ministério da Educação, diferentemente de Paulo Renato Souza, que adotou uma política 
inédita focalizada no Ensino Fundamental, Tarso Genro procurou desenvolver uma concepção 
sistêmica de gestão, com ações em sentido horizontal e vertical. Desse modo, deu continuidade ao 
Programa Brasil Alfabetizado e encaminhou a transformação do Fundef em Fundeb, de modo que 
o fundo viesse a contemplar todos os graus e modalidades do ensino. 
 
14 
 
No âmbito da Educação Superior, o Ministro alcançou seus resultados mais expressivos, 
com a criação: 
 do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que introduziu inovações 
importantes, visando assegurar ao Ensino Superior um padrão aceitável de qualidade; 
 do Programa Universidade para Todos (Prouni), que, por intermédio de um engenhoso 
mecanismo de desonerações tributárias, permitiu a oferta de bolsas de estudo, por parte 
das instituições privadas, destinadas a jovens das camadas mais pobres da população, 
imprimindo, dessa maneira, um grande impulso ao processo de democratização da 
Educação Superior. 
 
Devemos registrar, ainda, a iniciativa de articular e integrar as ações do Ministério com 
as autarquias vinculadas, especialmente o FNDE, a Capes e o Inep. Nesse caso, várias ações 
foram desenvolvidas com vistas a definir melhor o papel das agências referidas no processo de 
elaboração e execução das políticas de educação. Para esse fim, tornou-se necessário o 
fortalecimento da infraestrutura das referidas autarquias, dotando-as de estrutura e pessoal 
compatível com as novas atribuições. 
Na medida em que a política de gestão integrada avançou, antigos conflitos internos passaram 
a dar lugar a diálogos e ações colaborativas entre as diversas instâncias do Ministério, o que 
possibilitou aumentar o grau de eficiência e eficácia com relação ao apoio dado a entes federados, e 
a universidades e instituições federais de ensino. 
A política de gestão integrada colocou em primeiro plano um 
dos princípios fundamentais para a organização da gestão 
contemporânea: pensar e conceber estruturas de gestão que 
permitam o máximo de clareza possível na atribuição de 
responsabilidades dos diversos setores, de modo a viabilizar 
coerência interna e externa, facilitando a plenitude do 
binômio racionalidade-eficiência. 
 
Gestão Fernando Haddad 
Com a saída do Ministro Tarso Genro para assumir a Presidência do Partido dos 
Trabalhadores, Fernando Haddad, que até então ocupava o cargo de Secretário Executivo do MEC, 
foi nomeado para ser o novo titular da pasta. 
Fernando Haddad estava no MEC desde 2004, assim como Henrique Paim no FNDE e 
Jorge Guimarães na Capes. A preservação dessa equipe foi fundamental para desdobramentos 
posteriores, que tiveram como ápice o lançamento, em 2007, do Plano de Desenvolvimento de 
Educação (PDE), como parte do Plano Nacional de Educação. 
 
 15 
 
A avaliação do I PNE, feita em 2003, pela Câmara dos Deputados havia revelado o quadro 
crítico da educação nacional. Conforme dados do Programa Internacional de Avaliação de 
Estudantes (Pisa), o Brasil, apesar de ter obtido pequenos avanços nas áreas do conhecimento 
avaliadas, continuava distante dos países mais avançados, com uma diferença de 140 pontos em 
relação ao primeiro colocado, que era a Finlândia. Além disso, encontrava-se como último colocado 
em Matemática, com uma diferença de 194 pontos em relação ao primeiro colocado, que foi Hong 
Kong (Câmara dos Deputados, 2011 – apud CUNHA, 2016). 
Apesar das críticas que têm sido feitas ao Pisa e às 
comparações com base em rankings, não podemos ignorar o 
quadro crítico da educação nacional, resultante de uma longa 
história de exclusões e omissões. Séculos de omissões só 
poderão ser corrigidos por intermédio de ações continuadas 
e sistêmicas. 
 
Plano de Desenvolvimento da Educação 
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo MEC em abril de 2007 e 
fundamentado em uma visão sistêmica da política educacional, foi estruturado em 25 metas, 
compreendendo todo o universo dos sistemas – da pré-escola à pós-graduação. 
Um dos pontos cruciais do PDE foi o enlace entre educação e território, de modo a enfrentar 
o desafio das desigualdades regionais. Além disso, a articulação e integração entre as instâncias e os 
diversos níveis da escolaridade objetivou promover avanços no regime de cooperação e, de certa 
forma, preparar a criação do Sistema Nacional de Educação. 
Como a visão sistêmica exigia mais recursos, tornou-se necessário sensibilizar a área 
econômica do Governo, com vistas ao aumento de gastos e investimentos no setor, o que foi 
alcançado, como podemos observar nos gráficos das figuras 1 e 2. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Figura 1 – Recursos investidos pelo MEC em Educação Básica e Ensino Superior 
 
Fonte: SIAFI/STN – Base de Dados da Consultoria de Orçamento/CD e Prodasen. Elaboração: MEC/SE/SPO. 
 
Figura 2 – Orçamento total do MEC 
 
Fonte: SIAFI/STN – Base de Dados da Consultoria de Orçamento/CD, Prodasen e Siafi – valores empenhados. 
Elaboração: MEC/SE/SPO. 
 
Nos gráficos apresentados, também podemos observar a ampliação de recursos para a 
Educação Básica, um dos objetivos centrais do PDE. 
 
12,0 10,0 9,6
11,2 10,3
12,2 13,2 12,6 12,0 12,7
14,4 15,3
19,0 21,2
26,4
33,4
40,5
49,3 48,8
13,6 11,3 10,9
10,5 12,4
12,5 12,2
12,4
11,5
11,5
14,0 15,6
17,7 19,1
22,9
25,9
27,9
29,1
32,5
 
 17 
 
O aumento de recursos para a educação e, de modo especial, para a Educação Básica, 
significava que o Estado nacional, finalmente, começava a perceber que, sem sua forte presença na 
assistência financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, seria muito difícil recuperar 
o tempo perdido com omissões e exclusões. 
Com o apoio incondicional do Presidente Lula e mantendo o diálogo permanente com o 
Congresso Nacional, o MEC alcançou a posição de “Ministério de Primeira Linha”. Essa condição 
possibilitou ao MEC dar continuidade, formular e colocar em execução várias linhas de ação, que 
contemplaram prioridades referentes: 
 à melhoria da qualidade e infraestrutura das escolas; 
 à formação e carreira do magistério; 
 à inclusão e valorização da diversidade; 
 à infraestrutura; 
 à expansão e criação de novas universidades e instituições superiores de educação, ciência 
e tecnologia; 
 à ampliação do ensino técnico, da jornada escolar, da alimentação, do transporte escolar, 
e de livros e materiais didáticos; 
 ao crédito estudantil; 
 à extensão da obrigatoriedade educacional. 
 
Vejamos, agora, os principais programas, projetos e realizações desse período: 
 Programa Universidade para Todos(Prouni); 
 Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); 
 Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); 
 Índice de Avaliação da Educação Básica (Ideb); 
 Exame Nacional de Cursos (Enade); 
 Plano de Ações Articuladas (PAR); 
 Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor-Capes); 
 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid-Capes); 
 Lei do Piso Salarial Nacional; 
 Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (Fundeb); 
 Programa Mais Educação; 
 Acordo com o Sistema S. 
 
Além dos feitos listados, tivemos o fim da desvinculação dos recursos da União e a 
promulgação da Emenda Constitucional nº 59, que tornou obrigatória a educação gratuita dos 4 
aos 17 anos de idade, medida de grande importância para o futuro da educação nacional. 
 
 
18 
 
A respeito do Plano de Ações Articuladas (PAR), cabe-nos destacar que tal plano representou 
uma importante mudança no padrão de relacionamento entre o MEC, os estados e os municípios, 
sendo toda a assistência técnica e financeira discricionária realizada a partir desse instrumento, o 
que, em certa medida, pode ser considerado um avanço em termos de melhoria do Regime de 
Colaboração previsto na Constituição Federal. 
O PAR representou um passo importante em direção à 
criação do Sistema Nacional de Educação, previsto como 
compromisso no Plano Nacional da Educação. 
Em termos de estilo de gestão vigente nesse período, devemos assinalar uma característica 
imprescindível para a formulação e condução de políticas educacionais em regimes federativos e 
democráticos, como é o caso do Brasil: trata-se do reconhecimento da importância do diálogo entre 
as várias tendências de pensamento educacional, posição que ajudou a remover muitos obstáculos. 
 
Gestão Aloizio Mercadante 
Com a eleição de Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, Fernando Haddad seguiu como 
Ministro da Educação por mais um ano. Na sequência, assume o MEC, em janeiro de 2012, Aloizio 
Mercadante Oliva, que assegurou a continuidade de gestão de dois importantes programas criados 
na gestão anterior: o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o 
Ciência sem Fronteiras, com preponderante responsabilidade do MEC na execução de ambos. 
 É importante ressaltarmos que, à época, as condições econômicas do País estavam se 
alterando, devido aos efeitos da crise do subprime de 2008, que teve seu epicentro em Wall Street e 
espalhou-se por todo o mundo. Inicialmente, o Brasil conseguiu, mediante a dinamização do 
mercado interno, não ser atingido. No entanto, com o declínio dos preços das commodities, não só 
nosso País mas também toda a América Latina começaram a sofrer as consequências da crise. 
Segundo Dércio Munhoz (2012), reconhecido estudioso da 
área econômica, a crise de 2008 não foi motivada pelo 
desequilíbrio dos mercados, mas antes pelo modelo de 
funcionamento do sistema financeiro americano, 
impulsionado pela desregulamentação e pela histórica 
política do laissez-faire, que, devido a interesses 
hegemônicos, sempre procurou ignorar o papel do Estado no 
desenvolvimento dos países. 
 
 19 
 
Apesar da crise econômica que se generalizou mundialmente, a gestão do Ministro Aloizio 
Mercadante, além de ter sido decisiva na implementação dos programas Pronatec e Ciência sem 
Fronteiras, instituiu o Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), com o objetivo 
de enfrentar um dos maiores desafios da educação nacional: a melhoria da qualidade dos processos 
de alfabetização nos anos iniciais da educação fundamental. Nesse sentido, buscou-se a 
institucionalização do Plano de Ações Articuladas (PAR), dada por meio da Lei 12.695/2012. 
Devemos, por fim, apontar duas articulações realizadas pelo MEC junto ao Congresso 
Nacional para a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Lei nº 112.858, em 
setembro de 2013, que autorizou a destinação de parcela dos recursos oriundos da exploração de 
petróleo e gás natural às áreas de educação e saúde. 
 
Gestão Henrique Paim 
Em fevereiro de 2014, o Ministro Aloizio Mercadante foi designado para a chefia da Casa 
Civil da Presidência da República e assumiu o MEC o economista Henrique Paim, que estava no 
MEC desde a gestão de Tarso Genro, tendo ocupado os cargos de Presidente do FNDE e 
Secretário Executivo. 
Na condição de Ministro, Paim deu continuidade às ações em curso. No exercício dos cargos 
anteriores, o Ministro já havia tomado várias providências inovadoras em termos de gestão e 
planejamento. Em seu tempo de FNDE, dotou esse órgão de mecanismos e procedimentos mais 
modernos de gestão, fortaleceu sua infraestrutura e colocou em prática um novo plano de carreira, 
com vistas a permitir à referida autarquia agilidade, eficiência e eficácia no atendimento das 
demandas dos entes federados. Já como Secretário Executivo, promoveu e apoiou a modernização 
do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desenhando e construindo uma plataforma 
de gestão que se tornou estratégica para dar mais racionalidade e rapidez à execução de planos e 
programas educacionais. 
Com esse novo e estratégico desenho operacional, o Inep concentrava-se na avaliação da 
educação, gerando dados atualizados para subsidiar o planejamento de todos os entes federados. 
A Capes, por sua vez, com a ampliação de suas ações para Educação Básica, sobretudo com 
relação à qualidade da formação inicial e continuada de professores, passou a contribuir e aproveitar 
sua reconhecida competência nacional e internacional no esforço nacional para a melhoria do ensino. 
 
 
20 
 
Já o FNDE, como um braço operacional da educação, executava as políticas que eram 
definidas pelas Secretarias-fins do Ministério. Como parte dessa gestão, merece destaque o Sistema 
Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec) das ações do MEC. Esse sistema foi 
constituído de 78 módulos, agrupados em seis componentes de planejamento. Vejamos: 
1) planejamento de programas e ações do MEC; 
2) monitoramento e gestões de ação estratégica; 
3) monitoramento das ações da rede federal; 
4) planejamento de ações estratégicas junto aos estados, ao Distrito Federal e aos 
municípios; 
5) implementação de ações junto às escolas; 
6) apoio administrativo. 
 
O Simec permite às instâncias superiores da gestão do Ministério acompanhar a evolução dos 
programas e projetos, e da política educacional de modo geral, configurando-se, portanto como 
uma valiosa ferramenta de gestão. 
Ferramentas semelhantes ao Simec, se utilizadas nos estados 
e municípios, certamente ajudariam a monitorar o processo 
contínuo de metas estabelecidas para a educação. 
O modelo de gestão do último decênio do MEC foi marcado pela preocupação com relação 
ao marco legal de inúmeros programas e ações que assegurariam a continuidade e promoveriam 
avanços com relação à necessidade de dotar o setor educacional de uma política de estado – a 
exemplo do que já existe na área econômica, que possui vários mecanismos de resistência às 
intempéries de mudanças de gestão. Nessa direção, foram estabelecidos vários marcos legais, como 
as leis que formalizaram a criação do Prouni e do Fies, os decretos referentes aos acordos com o 
Sistema S, a Lei de Cotas e a lei que instituiu o Sinaes. 
Durante essa fase de gestão educacional do País, finalmente, foi também aprovado o II Plano 
Nacional de Educação pelo Congresso Nacional, convertido na Lei nº 13.005/2014 após longos 
debates. Como previsto na lei de sua criação, o II PNE foi planejado e sistematizado pelo MEC 
com o objetivo de tornar-se uma referência e dar início à elaboração dos planos decenais de educação 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Tais planos, já concluídos em sua maior parte, 
são fundamentais para orientar a gestão nos próximos anos. Ainda recentemente, MariaAlice 
Setubal, uma estudiosa da política educacional do País, chamou-nos a atenção para a importância 
dos planos elaborados, que constituem um bom ponto de partida diante da necessidade de 
implementar programas adequados de longo prazo (SETÚBAL, 2017). 
 
 21 
 
Ainda em 2014, foram promovidos os primeiros debates sobre a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC), sendo destacadas os diálogos com instituições como Consed, Undime, Anped, 
Anfope e Anpae. 
 
Gestão a partir de 2015 
A partir de 2015, ocorreram várias trocas na liderança do MEC. Reeleita, Dilma Rousseff 
designou para Ministro da Educação, em janeiro de 2015, o ex-Governador do Estado do Ceará, 
Cid Gomes, que, devido a contextos políticos, permaneceu pouco tempo no cargo. 
A Presidenta nomeou então o filósofo Renato Janine Ribeiro, que também ocupou o cargo 
somente por cinco meses. No entanto, teve a oportunidade de promover ampla discussão sobre a 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), prevista pela Constituição Federal para o Ensino 
Fundamental e ampliada para o Ensino Médio. Como salientou o Ministro Janine, a Base Nacional 
Comum deve desempenhar forte sentido estratégico nas ações de todos os educadores e gestores da 
educação no Brasil. 
Com a reforma ministerial, Aloizio Mercadante retornou ao MEC, permanecendo até o 
impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Nesse entremeio, deu continuidade ao debate da 
BNCC, projeto considerado fundamental para a melhoria da qualidade do ensino no País. 
 
22 
 
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 25 
 
PROFESSORES-AUTORES 
Célio da Cunha é mestre em Educação, pela Universidade de 
Brasília (UnB) e doutor em Educação, pela Universidade Estadual 
de Campinas (Unicamp). 
Possui as seguintes experiências em gestão: diretor do 
Departamento de Ensino e Pesquisa da UFMT; superintendente de 
Desenvolvimento Social e Científico do CNPq; diretor e secretário 
adjunto de Políticas de Educação do MEC; assessor especial e 
coordenador do programa Editorial da Unesco no Brasil. 
Publicou diversos livros e artigos. Conquistou os seguintes 
prêmios: Medalha do Mérito Educativo do MEC, Medalha do Mérito Educativo de Minas Gerais, 
Medalha Joaquim Nabuco, idem Nilo Peçanha, idem CNPq, idem Senai, Sena (Colômbia) e 
Doutor Honoris Causa IESB. 
Integrou o Comitê Científico da Funbec (Fundação Brasileira para o Ensino de Ciências) e 
o Comitê de Educação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Participa do Conselho 
Editorial de várias revistas (Ensaio, Linhas Críticas, RBPAE-Anpae; Integração e Conhecimento 
(MERCOSUL). 
 
José Henrique Paim Fernandes é Economista formado pela 
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS) e possui o 
título Notório saber em Educação pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (UFRGS). 
Possui larga experiência como professor da Ebape (FGV) 
e consultor em educação do Banco Interamericano de 
Desenvolvimento. 
Trabalhou durante onze anos (2004 a 2014) no Ministério 
da Educação, onde ocupou as funções de Ministro de Estado, 
Secretário Executivo e Presidente do FNDE. 
Foi diretor da Área Social do BNDES. 
 
 
 
 
 
 
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	SUMÁRIO
	O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL
	Educação após a Constituição de 1988
	Governo Collor de Mello
	Gestão Goldemberg
	Desafios da gestão Goldemberg
	Gestão Murílio Hingel
	Gestão Paulo Renato Souza
	Fundef
	Lei Darcy Ribeiro
	Plano Nacional de Educação e outras realizações
	Gestão Cristovam Buarque
	Gestão Tarso Genro
	Gestão Fernando Haddad
	Plano de Desenvolvimentoda Educação
	Gestão Aloizio Mercadante
	Gestão Henrique Paim
	Gestão a partir de 2015
	BIBLIOGRAFIA
	PROFESSORES-AUTORES

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