Prévia do material em texto
SUMÁRIO O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL ............................................... 5 EDUCAÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................................ 5 GOVERNO COLLOR DE MELLO ......................................................................................................... 6 GESTÃO GOLDEMBERG ..................................................................................................................... 8 Desafios da gestão Goldemberg ................................................................................................ 8 GESTÃO MURÍLIO HINGEL ................................................................................................................ 9 GESTÃO PAULO RENATO SOUZA ................................................................................................... 10 Fundef .......................................................................................................................................... 11 Lei Darcy Ribeiro ......................................................................................................................... 11 Plano Nacional de Educação e outras realizações ................................................................. 12 GESTÃO CRISTOVAM BUARQUE ..................................................................................................... 13 GESTÃO TARSO GENRO ................................................................................................................... 13 GESTÃO FERNANDO HADDAD ....................................................................................................... 14 Plano de Desenvolvimento da Educação ................................................................................ 15 GESTÃO ALOIZIO MERCADANTE .................................................................................................... 18 GESTÃO HENRIQUE PAIM ............................................................................................................... 19 GESTÃO A PARTIR DE 2015 ............................................................................................................. 21 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 22 PROFESSORES-AUTORES ........................................................................................................................... 25 Neste curso, discutiremos os avanços e limites da política educacional brasileira após a promulgação da Constituição de 1988. Para tanto, traçaremos o perfil das diferentes gestões que passaram por nosso país até a atualidade. Educação após a Constituição de 1988 Aprovada, como vimos, em 1988, a Constituição brasileira nasceu em um momento de grandes mudanças no panorama internacional, como a queda do Muro de Berlim, ocorrida no ano seguinte, e o acirramento das políticas neoliberais. O novo quadro mundial da economia, intensificando a competitividade entre os países por mais e mais inovação, aumentou a demanda pela melhoria da qualidade do ensino substancialmente. Percebendo o impacto dos desdobramentos da reestruturação produtiva em escala mundial, favorecida por extraordinários avanços no campo da ciência, tecnologia e inovação – principalmente, das tecnologias da comunicação –, a Unesco convocou, em 1990, uma conferência mundial, realizada na Tailândia, onde foi aprovada a Declaração Mundial de Educação para Todos. O conhecimento, especialmente aquele gerador de inovações, passou a ser moeda de troca. Em decorrência disso, a política educacional começou a ser mundialmente debatida. O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL 6 Para impulsionar esse debate, organismos internacionais como a Unesco, a OCDE e o Banco Mundial aprofundaram estudos, projetaram cenários e instigaram mudanças com o argumento central de que os países que não melhorassem seus sistemas de ensino teriam poucas chances de acompanhar o ritmo acelerado de mudanças sem precedentes. Simultaneamente, começaram a ganhar espaço as avaliações de desempenho da educação em larga escala, com ampla divulgação pública e consequente comparação de resultados entre os países. Ademais, como a Constituição de 1988 foi o coroamento de uma luta de vários anos contra a ditadura, seu conteúdo se pautou, fortemente, no avanço de questões relativas aos direitos humanos. O capítulo atribuído à educação foi construído com intensa participação dos educadores, por intermédio de entidades representativas como as seguintes: Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública; União Nacional de Estudantes (UNE); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); Comissões de Educação da Câmara e do Senado Federal; Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped); Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes); Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Várias outras entidades surgiram, congregando dirigentes, especialistas e líderes da sociedade civil, com o objetivo de contribuir e também zelar pelos compromissos assumidos pela Constituição. Entre as novas entidades, merecem destaque a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Essas duas entidades, compostas de dirigentes municipais e estaduais de educação, converteram-se em fóruns privilegiados para o debate de temas relevantes da política educacional e tornaram-se atores centrais dos rumos da política educacional, mantendo permanente diálogo com o MEC e com vários outros setores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Governo Collor de Mello Um ano após a promulgação da Constituição de 1988, é eleito para Presidente do Brasil, por meio de voto popular, Fernando Collor de Mello. Durante a sua campanha, Collor defendeu a necessidade de modernização do País em função das transformações mundiais ocorridas na economia, de modo a torná-lo mais competitivo e inovador. 7 A situação econômica era crítica, com um elevado índice de inflação, que chegou a atingir 1.430,2% em 1990, e o consequente agravamento da situação social no País. As várias tentativas de eliminar a inflação não surtiram os efeitos desejados pelo Presidente. Cada vez que os preços voltavam a subir, observa Singer (2014), Collor aplicava medidas mais violentas, que conduziam a economia à perda de sentidos. Sem credibilidade, acossado por denúncias de corrupção e tendo de enfrentar um processo de impeachment apoiado por diversos movimentos sociais, Collor acabou renunciando para não ser derrubado. Além do desafio da inflação, o governo enfrentava o problema do ajuste fiscal, com vistas ao equilíbrio das contas públicas. Na área da educação, Collor tinha consciência da existência de alguns problemas críticos. Em um de seus discursos, o Presidente chegou a lembrar que, “a cada 100 crianças que entravam no Ensino Fundamental, somente 22 conseguiam concluí-lo e um número menor ainda chegava às etapas subsequentes do ensino” (COLLOR, 1990). Por conta disso, sob a inspiração de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, Collor lançou o plano de construção de 5.000 Centros de Atenção Integral às Crianças e aos Adolescentes (Caics). No entanto, durante a sua gestão, apenas um desses centros foi inaugurado. Além disso, a tentativa de extinção da Capes e os conflitos internos no MEC, que dificultavam a operacionalização de programas como o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, somados à crescente instabilidade do governo, impediam os avanços das propostas lançadas. Alguns estudiosos, como Di Giovanie Souza, reconhecem o mérito dos Caics, que, como escolas de tempo integral, resgatavam pontos centrais da experiência dos Cieps do Rio de Janeiro (DI GIOVANI; SOUZA, 2016 apud WESTPHAL et al., 2016). Apesar da pretensão ambiciosa de construir 5000 Caics, a proposta significava o reconhecimento de que a Educação Básica não poderia avançar sem uma forte intervenção da União. Sobre o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, elaborado durante a gestão de Carlos Chiarelli no MEC, como um dos desdobramentos do compromisso assumido pelo Brasil na Conferência Mundial de Educação para Todos, é oportuno destacarmos o amplo debate público que o precedeu, com ampla mobilização nacional. No entanto, apesar de ter começado a ser implementado, o Plano sofreu os efeitos da crise política e do processo de impeachment. No início da década de 1990, ocorreu a promulgação da Lei nº 8.069/1990, referente ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de inegável importância para o avanço do direito à educação e para a gestão educacional. A partir desse dispositivo legal, que instituiu o Conselho Tutelar em todos os municípios, o Ministério Público passou a ter mecanismos mais claros de proteção dos direitos da criança e do adolescente, o que também lhe conferiu maior poder com relação à defesa dos direitos à educação. O ECA, não elaborado, mas assinado durante o período Collor, inaugurou um novo capítulo na política educacional brasileira, por intermédio da crescente atuação dos operadores da justiça educacional em defesa do direito à educação para todos. Como consequência, vários conflitos começaram a surgir entre as decisões da justiça e a gestão educacional de estados e municípios, que nem sempre dispunham das condições necessárias para o pronto atendimento das decisões judiciais voltadas para a garantia dos direitos da criança e do adolescente. 8 Gestão Goldemberg Desafios da gestão Goldemberg Devido aos vários problemas surgidos na gestão do MEC, em agosto de 1991, assumiu o ministério o cientista José Goldemberg, que, até então, ocupava o cargo de Secretário de Ciência e Tecnologia no Governo Collor, com status de Ministro. Goldemberg trazia reconhecida experiência como cientista e gestor em sua bagagem, tendo ocupado vários cargos públicos, inclusive o de Reitor da Universidade de São Paulo. Uma análise prévia da situação educacional do País, feita no início de sua gestão, mostrava números preocupantes, entre os quais o de que o orçamento educacional estava consideravelmente abaixo do de outros países, não ultrapassando 3,7% do PIB em 1988. A taxa de analfabetismo referente à população de 15 anos ou mais era de 18,4%. Além disso, havia um excesso de burocracia e um elevado número de professores fora da sala de aula, lotados em diferentes órgãos da administração estadual e municipal, com gasto superior a 40% na administração educacional de alguns estados. Existia, ainda, uma acentuada desigualdade entre as escolas, pois 58,4% ofereciam ensino no regime de classe única, enquanto 4,8%, que detinham cerca de 40% das matrículas de crianças de 7 a 14 anos de idade, funcionavam em quatro turnos. A elevada repetência, sobretudo no Ensino Fundamental, também era um grande problema. No Ensino Médio, as matrículas correspondiam somente a 16,7% da faixa etária de 15 a 19 anos, enquanto em outros países, como a Coreia do Sul, chegavam a 94%. No Ensino Superior, havia uma acentuada desigualdade na distribuição das matrículas entre as instâncias e as regiões, sobretudo na pós-graduação, e um dispendioso modelo de gestão das universidades federais, pois consumiam 78% do total das dotações do tesouro destinadas ao MEC. Das 52 instituições federais de Ensino Superior, somente seis tinham mais de 30% do corpo docente com doutorado, e o custo-aluno oscilava entre quatro e oito mil dólares, enquanto o custo-aluno da Educação Básica era, em média, de 150 dólares. Além desses obstáculos, Goldemberg enfrentou o problema do progressivo desgaste da imagem pública do Presidente Collor. Ainda assim, tentou levar adiante o projeto dos Ciacs e implementar uma política de avaliação das universidades federais. No primeiro caso, percebeu logo o elevado custo estimado de um Ciac com mil alunos, da ordem de dois milhões de dólares, o que superava a capacidade de investimento do governo. Além disso, o plano previa parceria com estados e municípios na manutenção dos centros integrados, o que poderia inviabilizar o projeto, devido à insuficiência de recursos dos entes federados (GOLDEMBERG, 1993). Desse modo, o Ministro procurou definir um projeto pedagógico para os Ciacs, tarefa confiada a José Mário Pires Azanha, da Universidade de São Paulo. O educador chamou então a atenção para a importância dos Ciacs em termos de política educacional, na medida em que representavam uma tentativa de romper com a omissão secular da União no campo da Educação Básica (CUNHA; SOUZA, 2016). 9 Com relação às universidades federais, a gestão Goldemberg chegou a propor a elevação da autonomia acadêmica e administrativa, com um modelo de alocação de recursos subordinado à avaliação do desempenho. O projeto incluía um percentual fixo da receita de impostos a serem destinados às universidades. Nesse caso, cada universidade teria autonomia para definir seus níveis de remuneração. A proposta suscitou muitos debates e polêmicas, e não avançou. A “temperatura” política era alta, em decorrência do processo do impeachment de Collor, o que levou o Ministro Goldemberg a pedir sua exoneração. Gestão Murílio Hingel Com a posse do Senador Itamar Franco na Presidência da República, o País começa uma nova etapa de sua história. As ideias do novo Presidente eram diferentes das de Collor de Mello. Como nos lembra Daniel Reis, Itamar tinha convicções próximas do ideário nacional-estatista e teve o mérito de propor um governo de união nacional. No âmbito dessa união, foi elaborado o Plano Real (REIS, 2014), com dimensões estruturantes da economia nacional e com o mérito de ter reduzido a inflação a níveis paralelos aos dos países mais avançados. Para o Ministério da Educação, foi nomeado Murílio de Avellar Hingel, Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-Secretário de Educação de Juiz de Fora, em Minas Gerais. A situação da educação nacional continuava crítica e desafiadora. Os déficits de qualidade e inclusão se mostravam assustadores, notadamente quando comparados aos de outros países. Na educação infantil (0-6 anos de idade), por exemplo, o percentual de atendimento era de 17,6% e, na faixa etária de 7-14 anos, 3,5 milhões de crianças permaneciam fora da escola. Hingel procurou basear sua gestão em uma visão integrada da política nacional, mostrando saber aproveitar o clima favorável pós-impeachment. Apesar de ter permanecido pouco mais de dois anos à frente do MEC, podem-lhe ser creditadas algumas realizações importantes, entre as quais estão as seguintes: a elaboração do Plano Decenal de Educação – amplamente debatido nas várias instâncias da gestão educacional, o Plano teve seu ponto alto na assinatura, em ato solene realizado na Presidência da República, do Acordo Nacional de Educação para Todos, que firmou o compromisso do piso salarial nacional previsto pela Constituição; a retomada do projeto dos tempos de Collor de construção dos Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caics), que passaram a se denominados Centros Integrados de Atenção à Criança e ao Adolescente (Ciacs), com a criação do Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (Pronaica); a inauguração de uma política de avaliação das universidades federais por intermédio do Programa de Avaliação Institucional das Universidades (Paiub); a continuidade e o fortalecimento da política de avaliação em larga escala; a avaliação do livro didático; 10 o Projeto Nordeste de Educação, com o apoio do Banco Mundial; a descentralização da merenda escolar. Outra iniciativa da gestão Hingel que merece registro foi a criação do Fórum Permanente para a Valorização do Magistério e Qualidade da Educação. Esse colegiado desempenhou papel proeminente durante o processo de construção do Pacto de Valorização do Magistério e haveria de ter, ainda, papel de destaque nas discussões iniciais do Fundef, na gestão seguinte de Paulo Renato Souza. Com referência às políticas de gestão, há dois episódios do período ministerial de Murílio Hingel que merecem destaque: o fechamento do Conselho Federal de Educação, que, devido à denúncia de venda de pareceres, foi substituído pelo Conselho Nacional de Educação, implantado na gestão Paulo Renato Souza; a política de desvinculação de recursos como parte do Plano Real, que subtraiu 20% dos recursos da educação. Gestão Paulo Renato Souza Com a eleição do Senador Fernando Henrique Cardoso para Presidente da República, que tinha sido Ministro das Relações Exteriores e da Fazenda do Presidente Itamar Franco, algumas mudanças de orientação econômica e social se efetivaram. O sucesso obtido pelo Plano Real credenciava Fernando Henrique Cardoso a levar adiante algumas propostas defendidas pelas correntes liberais. Conforme observou Reis, “tratava-se de enfraquecer as tradições nacional-estatistas, quebrando reservas de mercado, diminuindo tarifas protecionistas, privatizando atividades e setores econômicos” (REIS, 2014, p. 117). Para tanto, tornava-se necessária também a reforma do Estado, reduzindo seu tamanho e suprimindo os gastos considerados desnecessários. Dessa forma, à época, foram privatizadas algumas empresas consideradas “joias da coroa”, como a Cia. Vale do Rio Doce e a Cia. Siderúrgica Nacional. Chegou-se, inclusive, a sugerir a própria privatização da Petrobrás. Essa política suscitou resistência de funcionários públicos dos setores afetados, além de ensejar denúncias de irregularidades nos processos de desestatização. No campo da educação, foi nomeado para o Ministério da Educação o economista Paulo Renato Souza, que já tinha sido Reitor da Unicamp e Secretário de Educação do Estado de São Paulo, além de ter tido uma passagem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Sua gestão estabeleceu duas grandes prioridades: 11 o Ensino Fundamental, com a criação do Fundef; a avaliação de desempenho em larga escala, com sucessivas mudanças e aperfeiçoamentos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, criado em 1990. Fundef O Fundef foi, sem dúvida, a mais importante realização da gestão Paulo Renato Souza, pois seguia o pressuposto de que o dinheiro da educação deveria ser alocado de acordo com o número de alunos matriculados nas redes estaduais ou municipais, por intermédio de um fundo contábil comum. Essa medida possibilitou devolver à educação uma soma considerável de recursos vinculados que, desde a Emenda Calmon, vinham sendo desviados para outras atividades. Havia municípios que, mesmo não possuindo escolas, eram obrigados a prestar contas da aplicação de, no mínimo, 25% de seus recursos oriundos de impostos. Ademais, o Fundef fixou um gasto mínimo por aluno, que poderia ser complementado pela União no caso de unidades federadas com insuficiência de recursos. O Fundef destinava, ainda, 60% de seus recursos à política de valorização do magistério, o que possibilitou, de modo gradual, a aproximação entre o salário mínimo fixado por lei e o salário mínimo pago em muitos municípios do País. Com o Fundef, o Brasil praticamente alcançou a universalização do Ensino Fundamental. No último ano do Fundef, em 2006, só restavam 2,4% de crianças fora da escola na faixa obrigatória de 7 a 14 anos de idade. Lei Darcy Ribeiro Ainda durante a gestão Paulo Renato Souza, merece destaque a aprovação, em 1996, da segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, também chamada Lei Darcy Ribeiro, após vários anos de tramitação e intensos debates no Congresso Nacional. Apesar de ser objeto de diversas críticas, seus avanços, seu potencial e abertura para inovações foram reconhecidos por muitos especialistas, como Pedro Demo, Glaura Vasquez de Miranda e Candido Alberto Gomes. Com referência à organização e gestão da educação nacional, podemos citar alguns feitos da Ley Darcy Ribeiro: deu seguimento ao preceito constitucional de elaboração do Plano Nacional de Educação, em colaboração com os demais entes federados; determinou que a União coordenasse a política nacional de articulação, relacionando os diversos níveis e sistemas; 12 estabeleceu a assistência técnica e financeira aos entes federados, não mais limitada, como no passado, aos estritos limites das deficiências locais, o que elevou o compromisso da União; determinou que os estados elaborassem e executassem políticas e planos educacionais em consonância com as diretrizes e os planos nacionais, integrando-os e coordenando suas ações às de seus municípios. A última determinação apresentada foi de grande importância para a educação, pois buscava romper com a prática tradicional de falta de articulação e integração entre as ações estaduais e municipais. A LDB Darcy Ribeiro procurou dar um grande impulso ao regime de cooperação entre os entes federados, com vistas ao amplo somatório de esforços e à divisão de responsabilidades, desafios ainda atuais na política educacional. A segunda LDB deu, ainda, seguimento à determinação constitucional de elaboração do Plano Nacional de Educação. Plano Nacional de Educação e outras realizações Em 2001, com vistas à criação de um plano educacional que abarcasse todo território nacional, Governo e sociedade civil elaboraram documentos, ambos submetidos ao Congresso Nacional. Após calorosas discussões, polêmicas e conflitos ideológicos, foi, finalmente, aprovado pelo Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação (PNE). Sancionado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, o PNE 2001-2010 teve alguns de seus artigos vetados, sobretudo o mais importante deles, que elevava os investimentos em educação para 7% do PIB, o que poderia possibilitar a concretização, ao menos em parte, de algumas metas estabelecidas pelo Plano. Outros avanços e realizações na política educacional do País devem ser creditados às gestões de Fernando Henrique Cardoso como Presidente e de Paulo Renato Souza como Ministro da Educação. Entre eles, podemos citar: a política de colocar dinheiro direto na escola; o Bolsa-Escola Federal; o Exame Nacional de Cursos (Provão); o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb); o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); os Parâmetros Curriculares Nacionais; o Fundo de Desenvolvimento da Escola (Fundescola), resultante da ampliação do Projeto Nordeste de Educação. 13 Gestão Cristovam Buarque Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidente da República, em 2002, havia a expectativa de que os compromissos históricos do Partido dos Trabalhadores com o desenvolvimento do País pudessem, finalmente, ser levados adiante. A partir de uma visão política mais realista, o discurso radical de anos anteriores, como salienta Reis, passou a dar lugar a propostas reformistas moderadas, onde se mantinham, no entanto, compromissos de combate às desigualdades sociais e o estímulo à participação política. A Carta aos brasileiros, de 2002, havia se comprometido com o respeito aos contratos firmados pelo governo anterior, inclusive as privatizações e a continuidade da política de combate à inflação (REIS, 2014, p. 119). Em janeiro de 2003, foi designado para Ministro da Educação o Senador Cristovam Buarque, uma das figuras do Partido dos Trabalhadores mais credenciados para essa difícil missão. Foi uma das posses mais concorridas da história do MEC, contando inclusive com a presença de Fidel Castro. Todavia, o cenário externo não favoreciaa aspiração do Presidente Lula de inaugurar um novo capítulo na história do País. As bandeiras históricas do PT conflitavam com o cenário econômico de baixo crescimento. Desse modo, como concluíram Gremaud, Vasconcellos e Toneto (2014), a política de ajuste fiscal e de controle da dívida pública deveria continuar. Apesar de tais restrições conjunturais, Buarque achava possível avançar e fazer uma revolução no campo da educação. Em seu discurso de posse, depois de tecer elogios à gestão de Paulo Renato Souza, declarou que era necessário “pisar no acelerador e virar à esquerda”. Para tanto, elaborou vários projetos e lançou programas, sendo o principal deles o Programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o Ministro tinha a crença de reduzir o analfabetismo drasticamente. No entanto, diante do cenário econômico desfavorável e devido a conflitos na estrutura do poder, Buarque acabou sendo exonerado, deixando ideias e iniciativas que seriam aproveitadas pelas gestões seguintes. Gestão Tarso Genro Em substituição a Cristovam Buarque, assumiu o MEC, em janeiro de 2004, Tarso Genro, um líder histórico do Partido dos Trabalhadores, com sedimentada experiência de gestão, que incluía os cargos exercidos como Prefeito de Porto Alegre e Governador do Rio Grande do Sul. No Ministério da Educação, diferentemente de Paulo Renato Souza, que adotou uma política inédita focalizada no Ensino Fundamental, Tarso Genro procurou desenvolver uma concepção sistêmica de gestão, com ações em sentido horizontal e vertical. Desse modo, deu continuidade ao Programa Brasil Alfabetizado e encaminhou a transformação do Fundef em Fundeb, de modo que o fundo viesse a contemplar todos os graus e modalidades do ensino. 14 No âmbito da Educação Superior, o Ministro alcançou seus resultados mais expressivos, com a criação: do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que introduziu inovações importantes, visando assegurar ao Ensino Superior um padrão aceitável de qualidade; do Programa Universidade para Todos (Prouni), que, por intermédio de um engenhoso mecanismo de desonerações tributárias, permitiu a oferta de bolsas de estudo, por parte das instituições privadas, destinadas a jovens das camadas mais pobres da população, imprimindo, dessa maneira, um grande impulso ao processo de democratização da Educação Superior. Devemos registrar, ainda, a iniciativa de articular e integrar as ações do Ministério com as autarquias vinculadas, especialmente o FNDE, a Capes e o Inep. Nesse caso, várias ações foram desenvolvidas com vistas a definir melhor o papel das agências referidas no processo de elaboração e execução das políticas de educação. Para esse fim, tornou-se necessário o fortalecimento da infraestrutura das referidas autarquias, dotando-as de estrutura e pessoal compatível com as novas atribuições. Na medida em que a política de gestão integrada avançou, antigos conflitos internos passaram a dar lugar a diálogos e ações colaborativas entre as diversas instâncias do Ministério, o que possibilitou aumentar o grau de eficiência e eficácia com relação ao apoio dado a entes federados, e a universidades e instituições federais de ensino. A política de gestão integrada colocou em primeiro plano um dos princípios fundamentais para a organização da gestão contemporânea: pensar e conceber estruturas de gestão que permitam o máximo de clareza possível na atribuição de responsabilidades dos diversos setores, de modo a viabilizar coerência interna e externa, facilitando a plenitude do binômio racionalidade-eficiência. Gestão Fernando Haddad Com a saída do Ministro Tarso Genro para assumir a Presidência do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, que até então ocupava o cargo de Secretário Executivo do MEC, foi nomeado para ser o novo titular da pasta. Fernando Haddad estava no MEC desde 2004, assim como Henrique Paim no FNDE e Jorge Guimarães na Capes. A preservação dessa equipe foi fundamental para desdobramentos posteriores, que tiveram como ápice o lançamento, em 2007, do Plano de Desenvolvimento de Educação (PDE), como parte do Plano Nacional de Educação. 15 A avaliação do I PNE, feita em 2003, pela Câmara dos Deputados havia revelado o quadro crítico da educação nacional. Conforme dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil, apesar de ter obtido pequenos avanços nas áreas do conhecimento avaliadas, continuava distante dos países mais avançados, com uma diferença de 140 pontos em relação ao primeiro colocado, que era a Finlândia. Além disso, encontrava-se como último colocado em Matemática, com uma diferença de 194 pontos em relação ao primeiro colocado, que foi Hong Kong (Câmara dos Deputados, 2011 – apud CUNHA, 2016). Apesar das críticas que têm sido feitas ao Pisa e às comparações com base em rankings, não podemos ignorar o quadro crítico da educação nacional, resultante de uma longa história de exclusões e omissões. Séculos de omissões só poderão ser corrigidos por intermédio de ações continuadas e sistêmicas. Plano de Desenvolvimento da Educação O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo MEC em abril de 2007 e fundamentado em uma visão sistêmica da política educacional, foi estruturado em 25 metas, compreendendo todo o universo dos sistemas – da pré-escola à pós-graduação. Um dos pontos cruciais do PDE foi o enlace entre educação e território, de modo a enfrentar o desafio das desigualdades regionais. Além disso, a articulação e integração entre as instâncias e os diversos níveis da escolaridade objetivou promover avanços no regime de cooperação e, de certa forma, preparar a criação do Sistema Nacional de Educação. Como a visão sistêmica exigia mais recursos, tornou-se necessário sensibilizar a área econômica do Governo, com vistas ao aumento de gastos e investimentos no setor, o que foi alcançado, como podemos observar nos gráficos das figuras 1 e 2. Vejamos: 16 Figura 1 – Recursos investidos pelo MEC em Educação Básica e Ensino Superior Fonte: SIAFI/STN – Base de Dados da Consultoria de Orçamento/CD e Prodasen. Elaboração: MEC/SE/SPO. Figura 2 – Orçamento total do MEC Fonte: SIAFI/STN – Base de Dados da Consultoria de Orçamento/CD, Prodasen e Siafi – valores empenhados. Elaboração: MEC/SE/SPO. Nos gráficos apresentados, também podemos observar a ampliação de recursos para a Educação Básica, um dos objetivos centrais do PDE. 12,0 10,0 9,6 11,2 10,3 12,2 13,2 12,6 12,0 12,7 14,4 15,3 19,0 21,2 26,4 33,4 40,5 49,3 48,8 13,6 11,3 10,9 10,5 12,4 12,5 12,2 12,4 11,5 11,5 14,0 15,6 17,7 19,1 22,9 25,9 27,9 29,1 32,5 17 O aumento de recursos para a educação e, de modo especial, para a Educação Básica, significava que o Estado nacional, finalmente, começava a perceber que, sem sua forte presença na assistência financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, seria muito difícil recuperar o tempo perdido com omissões e exclusões. Com o apoio incondicional do Presidente Lula e mantendo o diálogo permanente com o Congresso Nacional, o MEC alcançou a posição de “Ministério de Primeira Linha”. Essa condição possibilitou ao MEC dar continuidade, formular e colocar em execução várias linhas de ação, que contemplaram prioridades referentes: à melhoria da qualidade e infraestrutura das escolas; à formação e carreira do magistério; à inclusão e valorização da diversidade; à infraestrutura; à expansão e criação de novas universidades e instituições superiores de educação, ciência e tecnologia; à ampliação do ensino técnico, da jornada escolar, da alimentação, do transporte escolar, e de livros e materiais didáticos; ao crédito estudantil; à extensão da obrigatoriedade educacional. Vejamos, agora, os principais programas, projetos e realizações desse período: Programa Universidade para Todos(Prouni); Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); Índice de Avaliação da Educação Básica (Ideb); Exame Nacional de Cursos (Enade); Plano de Ações Articuladas (PAR); Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor-Capes); Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid-Capes); Lei do Piso Salarial Nacional; Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (Fundeb); Programa Mais Educação; Acordo com o Sistema S. Além dos feitos listados, tivemos o fim da desvinculação dos recursos da União e a promulgação da Emenda Constitucional nº 59, que tornou obrigatória a educação gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, medida de grande importância para o futuro da educação nacional. 18 A respeito do Plano de Ações Articuladas (PAR), cabe-nos destacar que tal plano representou uma importante mudança no padrão de relacionamento entre o MEC, os estados e os municípios, sendo toda a assistência técnica e financeira discricionária realizada a partir desse instrumento, o que, em certa medida, pode ser considerado um avanço em termos de melhoria do Regime de Colaboração previsto na Constituição Federal. O PAR representou um passo importante em direção à criação do Sistema Nacional de Educação, previsto como compromisso no Plano Nacional da Educação. Em termos de estilo de gestão vigente nesse período, devemos assinalar uma característica imprescindível para a formulação e condução de políticas educacionais em regimes federativos e democráticos, como é o caso do Brasil: trata-se do reconhecimento da importância do diálogo entre as várias tendências de pensamento educacional, posição que ajudou a remover muitos obstáculos. Gestão Aloizio Mercadante Com a eleição de Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, Fernando Haddad seguiu como Ministro da Educação por mais um ano. Na sequência, assume o MEC, em janeiro de 2012, Aloizio Mercadante Oliva, que assegurou a continuidade de gestão de dois importantes programas criados na gestão anterior: o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Ciência sem Fronteiras, com preponderante responsabilidade do MEC na execução de ambos. É importante ressaltarmos que, à época, as condições econômicas do País estavam se alterando, devido aos efeitos da crise do subprime de 2008, que teve seu epicentro em Wall Street e espalhou-se por todo o mundo. Inicialmente, o Brasil conseguiu, mediante a dinamização do mercado interno, não ser atingido. No entanto, com o declínio dos preços das commodities, não só nosso País mas também toda a América Latina começaram a sofrer as consequências da crise. Segundo Dércio Munhoz (2012), reconhecido estudioso da área econômica, a crise de 2008 não foi motivada pelo desequilíbrio dos mercados, mas antes pelo modelo de funcionamento do sistema financeiro americano, impulsionado pela desregulamentação e pela histórica política do laissez-faire, que, devido a interesses hegemônicos, sempre procurou ignorar o papel do Estado no desenvolvimento dos países. 19 Apesar da crise econômica que se generalizou mundialmente, a gestão do Ministro Aloizio Mercadante, além de ter sido decisiva na implementação dos programas Pronatec e Ciência sem Fronteiras, instituiu o Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), com o objetivo de enfrentar um dos maiores desafios da educação nacional: a melhoria da qualidade dos processos de alfabetização nos anos iniciais da educação fundamental. Nesse sentido, buscou-se a institucionalização do Plano de Ações Articuladas (PAR), dada por meio da Lei 12.695/2012. Devemos, por fim, apontar duas articulações realizadas pelo MEC junto ao Congresso Nacional para a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Lei nº 112.858, em setembro de 2013, que autorizou a destinação de parcela dos recursos oriundos da exploração de petróleo e gás natural às áreas de educação e saúde. Gestão Henrique Paim Em fevereiro de 2014, o Ministro Aloizio Mercadante foi designado para a chefia da Casa Civil da Presidência da República e assumiu o MEC o economista Henrique Paim, que estava no MEC desde a gestão de Tarso Genro, tendo ocupado os cargos de Presidente do FNDE e Secretário Executivo. Na condição de Ministro, Paim deu continuidade às ações em curso. No exercício dos cargos anteriores, o Ministro já havia tomado várias providências inovadoras em termos de gestão e planejamento. Em seu tempo de FNDE, dotou esse órgão de mecanismos e procedimentos mais modernos de gestão, fortaleceu sua infraestrutura e colocou em prática um novo plano de carreira, com vistas a permitir à referida autarquia agilidade, eficiência e eficácia no atendimento das demandas dos entes federados. Já como Secretário Executivo, promoveu e apoiou a modernização do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desenhando e construindo uma plataforma de gestão que se tornou estratégica para dar mais racionalidade e rapidez à execução de planos e programas educacionais. Com esse novo e estratégico desenho operacional, o Inep concentrava-se na avaliação da educação, gerando dados atualizados para subsidiar o planejamento de todos os entes federados. A Capes, por sua vez, com a ampliação de suas ações para Educação Básica, sobretudo com relação à qualidade da formação inicial e continuada de professores, passou a contribuir e aproveitar sua reconhecida competência nacional e internacional no esforço nacional para a melhoria do ensino. 20 Já o FNDE, como um braço operacional da educação, executava as políticas que eram definidas pelas Secretarias-fins do Ministério. Como parte dessa gestão, merece destaque o Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec) das ações do MEC. Esse sistema foi constituído de 78 módulos, agrupados em seis componentes de planejamento. Vejamos: 1) planejamento de programas e ações do MEC; 2) monitoramento e gestões de ação estratégica; 3) monitoramento das ações da rede federal; 4) planejamento de ações estratégicas junto aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios; 5) implementação de ações junto às escolas; 6) apoio administrativo. O Simec permite às instâncias superiores da gestão do Ministério acompanhar a evolução dos programas e projetos, e da política educacional de modo geral, configurando-se, portanto como uma valiosa ferramenta de gestão. Ferramentas semelhantes ao Simec, se utilizadas nos estados e municípios, certamente ajudariam a monitorar o processo contínuo de metas estabelecidas para a educação. O modelo de gestão do último decênio do MEC foi marcado pela preocupação com relação ao marco legal de inúmeros programas e ações que assegurariam a continuidade e promoveriam avanços com relação à necessidade de dotar o setor educacional de uma política de estado – a exemplo do que já existe na área econômica, que possui vários mecanismos de resistência às intempéries de mudanças de gestão. Nessa direção, foram estabelecidos vários marcos legais, como as leis que formalizaram a criação do Prouni e do Fies, os decretos referentes aos acordos com o Sistema S, a Lei de Cotas e a lei que instituiu o Sinaes. Durante essa fase de gestão educacional do País, finalmente, foi também aprovado o II Plano Nacional de Educação pelo Congresso Nacional, convertido na Lei nº 13.005/2014 após longos debates. Como previsto na lei de sua criação, o II PNE foi planejado e sistematizado pelo MEC com o objetivo de tornar-se uma referência e dar início à elaboração dos planos decenais de educação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Tais planos, já concluídos em sua maior parte, são fundamentais para orientar a gestão nos próximos anos. Ainda recentemente, MariaAlice Setubal, uma estudiosa da política educacional do País, chamou-nos a atenção para a importância dos planos elaborados, que constituem um bom ponto de partida diante da necessidade de implementar programas adequados de longo prazo (SETÚBAL, 2017). 21 Ainda em 2014, foram promovidos os primeiros debates sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sendo destacadas os diálogos com instituições como Consed, Undime, Anped, Anfope e Anpae. Gestão a partir de 2015 A partir de 2015, ocorreram várias trocas na liderança do MEC. Reeleita, Dilma Rousseff designou para Ministro da Educação, em janeiro de 2015, o ex-Governador do Estado do Ceará, Cid Gomes, que, devido a contextos políticos, permaneceu pouco tempo no cargo. A Presidenta nomeou então o filósofo Renato Janine Ribeiro, que também ocupou o cargo somente por cinco meses. No entanto, teve a oportunidade de promover ampla discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), prevista pela Constituição Federal para o Ensino Fundamental e ampliada para o Ensino Médio. Como salientou o Ministro Janine, a Base Nacional Comum deve desempenhar forte sentido estratégico nas ações de todos os educadores e gestores da educação no Brasil. Com a reforma ministerial, Aloizio Mercadante retornou ao MEC, permanecendo até o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Nesse entremeio, deu continuidade ao debate da BNCC, projeto considerado fundamental para a melhoria da qualidade do ensino no País. 22 BIBLIOGRAFIA ANUÁRIO Brasileiro da Educação Básica 2016. São Paulo: TPE-Moderna, 2016. Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/arquivos/biblioteca/anuario_educacao_2016.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2017. ARANTES, Rogério B.; LOUREIRO, M. R.; COUTO, C.; TEIXEIRA, M. A. C. Controles democráticos sobre a administração pública no Brasil: legislativo, tribunais de contas, judiciário e Ministério Público. In: LOUREIRO, M. R.; ABRUCIO, F. L. PACHECO, R. S.(Orgs.). Burocracia e política no Brasil. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010. AZEVEDO, F. de. A cultura brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1964. BARBOSA, R. Perfis parlamentares 28. Brasília: Câmara dos Deputados, 1985. CAMPOS, F. Antecipações à reforma política. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940. CENSO ESCOLAR 2013. Brasília: Inep, 2015. CUNHA, C. da. Educação e autoritarismo no Estado Novo. São Paulo: Cortez, 1981. ______; MACHADO, M. F. E. Do manifesto dos pioneiros de 1932 à Constituição de 1988: marcadores de uma luta inacabada por uma política de estado na educação. In: CUNHA, C. da (Org.) O MEC pós-Constituição. Brasília: Liber Livro-Cátedra Unesco, 2016. ______; SOUZA G. M. de. A gestão Goldemberg: em defesa do mérito e da qualidade. In: CUNHA, C. da (Org.) O MEC pós-Constituição. Brasília: Liber Livro-Cátedra Unesco, 2016. DICKINSON David K. Políticas de apoio às famílias com crianças de zero a três anos: evidência científica e recomendações. In: Educação infantil. Brasília: Câmara Federal, 2008. DI GIOVANNI. G.; SOUZA, A.N. Criança na escola? Programa de formação integral da criança. Educação e Sociedade, ano XX, n. 67, ago. 1999. DOLHNIKOFF, M. (Org.) Projetos para o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. 371 p. DURKHEIM, É. A evolução pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas 1995. 23 FERRARO, A. R. História quantitativa de alfabetização no Brasil. In: RIBEIRO, V. M. Letramento no Brasil. São Paulo: Global, 2003. GOLDEMBERG, J. Relatório sobre a educação no Brasil. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, 1993. Coleção Documentos. GOMES, A. de C. As marcas do período. In: ______. (Org.). Olhando para dentro: 1930-1964. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S. de; TONETO JR. R. Economia brasileira contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. LARROYO, F. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1970. LÁZARO, A. Ainda há muito que aprender. In: ANUÁRIO Brasileiro de Educação Básica 2016. São Paulo: TPE-Moderna, 2016. MANACORDA, M. A. História da educação. São Paulo: Cortez, 1989. MARCILIO, M. L. História da escola em São Paulo e no Brasil. In: SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2008. MOTTA, R. P. Sá. As universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. MUNHOZ, D. Entre crises: 40 anos de economia no Brasil. São Paulo: Thesaurus, 2012. REIS, D. A. A vida política. In: ______ (Org.). Modernização, ditadura e democracia. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. Robinson, J. H. A nova história. In: NOVAIS, F. A.; SILVA, R. F. (Orgs.). Nova história. São Paulo: Cosac Naify, 2011. SALIBA, E. T. Cultura. In: SCHWARCZ, L. M. (Org.). A abertura para o mundo: 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. SANDER, B. Administração da Educação no Brasil: genealogia do conhecimento. Brasília: Liber Livro, 2007. 136 p. 24 SETÚBAL, M. A. Oportunidade nas mãos dos novos prefeitos. Folha de São Paulo, São Paulo, Caderno Opinião A3, 7 fev. 2017. SINGER, P. O processo econômico. In: REIS, D. A. Modernização ditadura e democracia. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. SOARES NETO, J. J.; JESUS, G. R.; KARINO, C. A.; ANDRADE, D. F. Uma escala para medir a infraestrutura escolar. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 24, n. 54, p. 78- 99, 2013. SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2010 UNESCO. Educação de qualidade para todos: um assunto de direitos humanos. Brasília: Unesco, 2007. VILLALOBOS, J. E. R. Diretrizes e bases da educação: ensino e liberdade. São Paulo: Pioneira, 1969. WACHOWICZ, R. C. A universidade do mate. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2006. WESTPHAL, A. M. S. et al. A gestão Chiarelli: tormentos iniciais dos tempos de Collor de Mello. In: CUNHA, C. da (Org.) O MEC pós-Constituição. Brasília: Liber Livro-Cátedra Unesco, 2016. 25 PROFESSORES-AUTORES Célio da Cunha é mestre em Educação, pela Universidade de Brasília (UnB) e doutor em Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui as seguintes experiências em gestão: diretor do Departamento de Ensino e Pesquisa da UFMT; superintendente de Desenvolvimento Social e Científico do CNPq; diretor e secretário adjunto de Políticas de Educação do MEC; assessor especial e coordenador do programa Editorial da Unesco no Brasil. Publicou diversos livros e artigos. Conquistou os seguintes prêmios: Medalha do Mérito Educativo do MEC, Medalha do Mérito Educativo de Minas Gerais, Medalha Joaquim Nabuco, idem Nilo Peçanha, idem CNPq, idem Senai, Sena (Colômbia) e Doutor Honoris Causa IESB. Integrou o Comitê Científico da Funbec (Fundação Brasileira para o Ensino de Ciências) e o Comitê de Educação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Participa do Conselho Editorial de várias revistas (Ensaio, Linhas Críticas, RBPAE-Anpae; Integração e Conhecimento (MERCOSUL). José Henrique Paim Fernandes é Economista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS) e possui o título Notório saber em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui larga experiência como professor da Ebape (FGV) e consultor em educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Trabalhou durante onze anos (2004 a 2014) no Ministério da Educação, onde ocupou as funções de Ministro de Estado, Secretário Executivo e Presidente do FNDE. Foi diretor da Área Social do BNDES. 27 SUMÁRIO O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 NA POLÍTICA EDUCACIONAL Educação após a Constituição de 1988 Governo Collor de Mello Gestão Goldemberg Desafios da gestão Goldemberg Gestão Murílio Hingel Gestão Paulo Renato Souza Fundef Lei Darcy Ribeiro Plano Nacional de Educação e outras realizações Gestão Cristovam Buarque Gestão Tarso Genro Gestão Fernando Haddad Plano de Desenvolvimentoda Educação Gestão Aloizio Mercadante Gestão Henrique Paim Gestão a partir de 2015 BIBLIOGRAFIA PROFESSORES-AUTORES