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CENTRO UNIVERSITÁRIO FG - UNIFG DIREITO JOÃO VICTOR NASCIMENTO SANTOS APLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO NA RELAÇÃO PATERNO-FILIAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2021 GUANAMBI - BA 2022 JOÃO VICTOR NASCIMENTO SANTOS APLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO NA RELAÇÃO PATERNO-FILIAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2021 Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário FG – UNIFG, como requisito de avaliação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador (a): Ana Carolina Teixeira Oliveira Ruas GUANAMBI - BA 2022 SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................................4 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................5 2. TRANSFORMAÇÕES DA FAMILIA NO DIREITO DE FAMILIA............................7 3. PRINCÍPIOS DA SOLIDARIEDADE, DA AFETIVIDADE E DA DIGNIDADE DE PESSOA HUMANA COMO NORTEADORES DAS RELAÇÕES FAMILIARES........8 4. A IMPORTÂNCIA DO LAÇO AFETIVO E DA FIGURA PATERNA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.....................................9 5. NOÇÕES GERAIS ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL..............................10 5.1. Elementos essenciais para a configuração da responsabilidade civil.....................10 6. ABANDONO AFETIVO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ANALISADO A PARTIR DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2021...................................................................13 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................18 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 21 4 APLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO NA RELAÇÃO PATERNO-FILIAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2021 João Victor Nascimento Santos 1, Ana Carolina Teixeira Oliveira Ruas 2 ¹Graduando do curso de Direito. Centro Universitário FG- UNIFG ²Docente do Curso de Direito. Centro Universitário FG- UNIFG RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar a possibilidade da aplicação da Responsabilidade Civil nos casos envolvendo abandono afetivo de crianças e adolescentes pelos seus genitores, um tema ainda bastante discutido no âmbito dos tribunais, verificando as possíveis consequências decorrentes do abandono durante o desenvolvimento da criança e do adolescente, de modo a se questionar, se o direito é capaz de solucionar através da indenização os prováveis danos, sem que se tenha uma valoração do afeto. Quanto à metodologia, fora utilizado o método de revisão bibliográfica, como a utilização de doutrina, artigos científicos e julgados do Superior Tribunal de Justiça, bem como o método dedutivo, partindo-se de uma análise acerca dos recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça para esclarecer como vem sendo consolidado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entre o período de 2018 a 2021 a conduta dos pais ao abandonar afetivamente seus filhos e as possíveis consequências jurídicas geradas a partir da omissão do genitor no desenvolvimento físico, psicológico e moral da criança/adolescente enquanto sujeito de direitos e deveres na sociedade contemporânea.. Dessa forma, a pesquisa realizada para elaboração desse artigo chegou à conclusão de que as recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça ainda são muito divergentes sobre a temática, onde as duas turmas especializada em julgamento do direito privado, tem decidido de maneira opostas. Palavras-chave: Abandono Afetivo. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil. ABSTRACT: The present work aims to seek the application of civil liability even in cases of affective discussion of children and the theme proposed in the scope of the courts, verifying ¹Endereço para correspondência: Avenida Tiradentes, nº 931, Bairro: Lagoinha, Guanambi – Bahia. CEP: 46430-000. Endereço eletrônico: victorvvrx@gmail.com 5 as possible consequences of abandonment during the development of the adolescent child, to question, if the mode is able to solve damages through reparation without the right to have an appreciation of affection. As for the methodology, the method of bibliographic review was used, such as the use of doctrine, scientific articles and judgments of the Superior Court of Justice, as well as the deductive method, starting from a recent analysis of the judgments of the Superior Court of Justice to come being approved the jurisprudence of the Superior Court of Justice the period from 2018 to 2021 as conduct of parents to abandon affectively and as legal consequences between children created by the omission created by the child, parent in the physical psychological and moral development In this way, a research carried out to construction of this article came to the conclusion as recent decisions of the Court of Justice are still very divergent on a topic, where the groups selected in private law judgment, have opposite ways. KEY WORDS: Affective Abandonment. Jurisprudence of the Superior Court of Justice. Civil Responsibility. 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem como escopo analisar a aplicação da responsabilidade civil na hipótese de abandono afetivo na relação de pai para filho à luz do entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Por ser uma temática que enseja diversas divergências no âmbito doutrinário e jurisprudencial, principalmente pelas mudanças ocorridas na área do Direito de Família. Outrossim, com a ligeira evolução da sociedade impactando essencialmente no Direito de Família e com a notória dificuldade do ordenamento jurídico em acompanhar os avanços nessa seara, vem a promulgação do Código Civil de 2002, que rompe com as diretrizes de um antigo código que se centrava em um modelo individualista e patrimonialista, dando novos conceitos a família, incorporando os princípios constitucionais, acima de tudo preservando a dignidade de pessoa humana, a igualdade e o afeto nas relações familiares. (ALVES et al., 2021). Ademais, outra significativa mudança advinda da Constituição Federal de 1988, foi o reconhecimento das entidades familiares autônomas, haja vista que as relações informais no Brasil não tinham seus direitos tutelados pelo estado, sempre foram tratados a margem da 6 sociedade, apenas as relações fruto do casamento que tinham seus direitos reconhecidos. (NETO e BARBOSA, 2020). Nessa perspectiva, com as relações familiares sendo regidas pelos princípios constitucionais, principalmente sobre o princípio da dignidade de pessoa humana, tem se mostrado cada vez mais evidente a figura do abandono afetivo e sua efetividade no ordenamento jurídico brasileiro, e em decorrência disso uma possível responsabilização por parte do genitor. Assim, contrariamente à compreensão popular, a caracterização do abandono afetivo não é a falta de amor, visto que, esse sentimento não pode ser judicializado, não sendo incumbência do Direito obrigar alguém a amar o outro ou se manter em um relacionamento afetivo (CORREA, 2019). Desse modo, não se busca aqui discutir a falta de afeto, mas sim o descumprimento do dever de cuidado, que é garantia constitucional, e sim destacar o que a falta desse dever de cuidado podeacarretar no desenvolvimento seja ele físico, moral ou psíquico da criança e do adolescente enquanto sujeitos de direitos e deveres na sociedade. Nesse sentido, Dias (2021) elucida que com o afeto regendo as relações familiares, é natural que ocorra direitos e deveres frutos dessa conexão, desse modo, a convivência do pai com o filho deixa de ser um direito e se torna um dever, e esse distanciamento pode gerar efeitos irreversíveis na vida de sua prole comprometendo seu desenvolvimento saudável. Diante disso, com os problemas provenientes desse abandono, surge a figura da responsabilidade civil nas relações afetivas, com o fim de reparação aos danos causados, ou ao menos diminuir a prática reiterada dessa omissão. Todavia, a caracterização do dever de reparação nesses casos não é um assunto pacificado, sendo objeto de muito debate tanto na doutrina como na jurisprudência, em que se deve observar minuciosamente cada caso concreto. Nesse viés, existe pensamentos divergentes acerca do tema, como elucida Vasconcelos (2021) que ao atribuir a função compensatória na indenização estaria aí atribuindo um preço ao afeto, e se atribuir a função punitiva, estaria indo contra a atuação dos Tribunais em pacificar as entidades familiares, gerando ainda mais conflitos. Nesse diapasão busca-se investigar como vem sendo consolidado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entre o período de 2018 a 2021 a conduta dos pais ao abandonar afetivamente seus filhos e as possíveis consequências jurídicas geradas a partir da omissão do genitor no desenvolvimento físico, psicológico e moral da criança/adolescente enquanto sujeito de direitos e deveres na sociedade contemporânea. 7 Justificando a pesquisa nas atuais divergências e com a figura do abandono afetivo se tornando cada vez mais frequentes nas discussões no âmbito do Poder Judiciário, tem-se levantado cada vez mais apontamentos sobre a monetização do afeto nas relações familiares, e se apenas a assistência financeira do genitor não seria o suficiente para suprir toda a ausência do pai no desenvolvimento físico e moral da criança e do adolescente. Dessa forma, primeiro será abordado as evoluções e o conceito no âmbito familiar, para depois analisarmos os elementos essenciais para caracterização da responsabilidade civil, de modo que, ao final, possamos analisar as consequências jurídica do abandono afetivo no ordenamento jurídico brasileiro e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça acerca do tema. 2 TRANSFORMAÇÕES DA FAMILIA NO DIREITO DE FAMILIA A família é a base da sociedade e deve ser sempre amparada e protegida, tendo em vista que a família constitui a base do Estado, é nela onde está presente toda organização social, onde cada pessoa desenvolve seu caráter e sua identidade. No entanto não dá para definir a família, pois o conceito sempre muda de acordo sua natureza (GONÇALVES, 2021). Com promulgação da Constituição Federal de 1998, ocorreram diversas mudanças, alterando principalmente o Direito de Família, em que se deixa de ter a figura do núcleo familiar agregado ao significado exclusivamente de casamento, e passa-se a ter em sua essência o afeto e a dignidade humana regendo os laços familiares (BRASILEIRO e RIBEIRO, 2016). Logo, compreende-se que tais mudanças na seara da família, são provenientes das constantes evoluções sociais, que trouxeram significativas alterações no conceito de família e na evolução familiar, se desvencilhando de um modelo centralizado e patriarcal da figura do casamento, e tendo como foco os laços afetivos, respeito, igualdade e principalmente dignidade da pessoa humana. Diante disso verifica-se que tais mudanças, advindas dessas evoluções sociais bem como as mutações legislativas, passou a ter uma maior diversidade familiar, podendo serem composta por pais do mesmo sexo, como também as monoparentais, famílias com pais divorciados. Ainda nesse sentido Dias (2021) relata que a Constituição Federal em seu art. 226, colocou em igualdade homens e mulheres no núcleo familiar, como também passou a proteger de forma democrática a todos, tanto as famílias constituídas do casamento, como as de união estável, e as famílias monoparentais, bem como, garantindo a defesa dos filhos frutos do 8 casamento ou não e por adoção, assim, a Carta Magna, entrou em divergências com diversos dispositivos da legislação em vigor, por não recepcionar o modelo desigual preconizado pelo antigo Código Civil de 1916. 3 PRINCÍPIOS DA SOLIDARIEDADE, DA AFETIVIDADE E DA DIGNIDADE DE PESSOA HUMANA COMO NORTEADORES DAS RELAÇÕES FAMILIARES. A partir das mudanças sucedidas no conceito familiar e com a constitucionalização do Estado Democrático de Direito, é preciso identificar os princípios que regem as relações familiares, instituído com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e do Código Civil de 2002, que buscam a proteção da família. A solidariedade familiar disposta no art. 3°, inciso I, da Constituição Federal, trouxe para nosso ordenamento jurídico não apenas a implicação do dever positivo para o Estado, mas garantindo deveres recíproco entre as pessoas, em busca de uma sociedade mais justa e solidária, implicando diretamente nas relações familiares gerando direitos e deveres entre os membros de um núcleo familiar. Desse modo atribui a família primeiramente o melhor interesse da criança e do adolescente, depois a sociedade e por último o Estado, para garantir os direitos ao cidadão em formação (DIAS, 2021). Ademais, outro princípio que se revela especial nas relações familiares é o da afetividade. Nas palavras de Tartuce (2007) apesar de não ser expresso na Constituição, atualmente é o princípio basilar que regem as relações familiares, se originando do princípio da valorização da dignidade de pessoa humana. Além disso, é no afeto que as relações familiares nascem, é um dos fatores que leva duas pessoas a se unirem para constituir uma família. De forma complementar Nogueira (2018) enfatiza que o afeto é o que liga os pais aos filhos, tendo em vista que apenas a consanguinidade não é o bastante para manterem qualquer tipo de vínculo, apenas o afeto entre eles é o que leva a convivência e o apoio mútuo durante a vida. Nessa perspectiva os dois princípios supracitados se originam da dignidade humana, o princípio máximo da nossa Constituição, é ele que garante a todas as pessoas direitos fundamentais para proteção da dignidade e contra atos degradantes, e ao mesmo tempo assegura o convívio em sociedade, garantindo a todos os cidadãos qualidades existenciais mínimas (SARLET, 2001). Diante desses princípios, se faz mister destacar a importância que 9 genitor ativo tem no desenvolvimento da criança e do adolescente, precipuamente a figura dos laços afetivos. 4 A IMPORTÂNCIA DO LAÇO AFETIVO E DA FIGURA PATERNA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Com as mudanças no contexto familiar, a figura do genitor também sofre alterações, deixando de ter o homem apenas como provedor da família, e passando a ter o seu papel fundamental no desenvolvimento infantil. Conforme enfatiza Dill e Calderan (2011), é indispensável o contato de todo ser humano com a família, de onde vem a base de toda pessoa, pois é no meio familiar que temos nosso primeiro contato com a vivência em sociedade, onde aprendemos a criar laços de amizade e afeto. Nesse contexto nota-se que o contato desde o nascimento com o núcleo familiar é imprescindível para a criança, é nele onde a criança tem seu suporte para que possa crescer e se desenvolver com todo apoio afetivo dos seus responsáveis, que será o ponto de partida da formação da personalidade e caráter. É na família que a criança durante seu desenvolvimento físico e psicológico para atingir sua maioridade, encontra seus cuidados e a presença de adultos que forneçam condições desobrevivência durante sua fase inicial (PRADO e VIEIRA, 2004). Nesse ponto de vista, os pais exercem um papel crucial na vida da criança, cada um de acordo com seu modo e suas peculiaridades. Verifica-se que muitos pais não conseguem mensurar como influenciam no desenvolvimento pleno de seus filhos, exemplifica-se quando se tem a presente figura do genitor para conselhos e orientações, conseguem alcançar saúde e melhoram suas relações pessoais (WINNICOTT, 1994 apud OLIVEIRA e SILVA, 2015). Logo compreende-se a importância da influência materna e paterna para o desenvolvimento do filho, e como influência de fato na moldagem, no caráter, em suas conquistas futuras, e que a figura presente do genitor na vida do menor estimula a alcançar todo o desenvolvimento moral da criança. Explica Saraiva et al (2012) que a função do pai e da mãe na vida da criança vai muito mais além do que as ligações biológicas, mas sim sentimentais, a função paterna e materna é mais do que ser pai e mãe, resulta a cuidados físicos e psicológicos, citando Dolto (1996) em sua obra “No jogo do desejo: ensaios clínicos”. Dessa forma, percebe-se que a função de se ter presente a figura materna e paterna é muito mais simbólica que as funções biológicas para 10 o desenvolvimento da criança, e a falta desses cuidados da figura de pai e mãe afeta o desenvolvimento físico e moral. Vale salientar que um dos papéis do pai é ensinar ao filho seus direitos e obrigações na vida em sociedade, sobre valores, sobre fracassos, perdas e ganhos (SARAIVA et al, 2012). Indubitavelmente, distingue o papel imprescindível que o genitor presente tem na vida da criança e adolescente, são os laços familiares que irão contribuir efetivamente para a formação de caráter, moral e ética, cabendo ao genitor, a função de preparar o filho para viver em sociedade, preparando sua prole para ser uma pessoa mais estável e equilibrada. 5 NOÇÕES GERAIS ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL Estabelecida toda a importância e o papel fundamental do genitor no desenvolvimento da criança e do adolescente, além de todos os prejuízos que a ausência deste pode acarretar na vida do menor, é preciso deixar estabelecidos alguns pressupostos da responsabilidade civil, que possa ligar o descumprimento do dever de cuidado a uma possível responsabilização do genitor. Nesse diapasão a responsabilidade civil é o encargo que será gerado em decorrência de um do ato ilícito praticados a terceiros, e tem como principal finalidade retornar ao status antigo da vítima que sofreu algum prejuízo, como conceitua Cavalieri (2020, p. 11): A essência da responsabilidade está ligada à noção de desvio de conduta, ou seja, foi ela engendrada para alcançar as condutas praticadas de forma contrária ao direito e danosas a outrem. Designa o dever que alguém tem de reparar o prejuízo decorrente da violação de um outro dever jurídico. Em apertada síntese, responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. Logo, entende-se que a responsabilidade civil nas ideias de Cavalieri (2020) está amplamente ligada a responsabilização do indivíduo que gerar o dano a outra, e essa responsabilização gera uma prestação, podendo ser dano moral ou material, com o objetivo de retornar a vítima do ato ilícito a seu antigo status. 5.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL É preciso aqui estabelecer que para ocorra a caracterização desse instituto é imprescindível que esteja presente todos os elementos da responsabilidade civil que são: existência da ação ou omissão do agente, culpa ou dolo, nexo de causalidade e o dano. 11 O primeiro elemento caracterizador da responsabilidade civil é a ação voluntária do agente podendo ser positiva ou negativa, nas palavras de Cavalieri (2020) a ação ou omissão do agente se manifesta através de uma conduta voluntária produzindo consequências jurídicas. Desse modo, a ação positiva ou negativa do agente que dá origem a indenização, que ocorre através de uma infração de um dever legal. Conforme elucida Gonçalves (2021) para configuração da responsabilidade por omissão o agente deve deixar de praticar determinado ato, e que se demonstre que se praticasse o ato o dano poderia ser evitado. Desse modo para que ocorra a responsabilização civil é necessário que o agente pratique uma ação seja ela comissiva ou seja deixe de fazer algo, ou uma conduta positiva relacionada a imprudência. Nesse sentido consegue-se estabelecer que a responsabilidade necessita de um ato provocado pela violação de um dever imposto por lei. O segundo elemento ensejador da responsabilidade é a culpa lato sensu, que engloba tanto a culpa stricto sensu e o dolo. Para configuração do dolo as condutas do agente precisam ser voluntárias, entretanto, no dolo é preciso que o agente tenha plena consciência e vontade que seus atos estão violando um dever legal, é uma conduta que já nasce ilícita, no tocante a culpa, é uma conduta voluntaria do agente que nasce lícita, porém vai se tornando ilícita quando não se adequa aos padrões sociais aceitáveis (CAVALIERI, 2020). Logo, percebe-se que para configuração do dolo, deve estar presente à vontade e a consciência da ilicitude na conduta do agente provocador do dano que quer praticar uma ação ilícita a um bem jurídico tutelado, ou ao menos assume o risco de produzi-lo. Todavia, na culpa, o agente causa o dano, mas não existe uma vontade de causar o dano, não há a presença do “querer” do agente e a consciência de praticar tal conduta, que pode ocorrer de três formas: pela imprudência, negligencia ou imperícia do agente. É preciso estabelecer que quando se fala em culpa em sentido geral, remete a uma transgressão a um dever jurídico, o que engloba também a culpa em sentido estrito e o dolo propriamente dito (GIORGINO, 1930). Desse modo há uma diferença entre a culpa em sentido lato sensu, que é um gênero, e dentro dela abrange tanto o dolo quanto a culpa em sentido estrito. Já a culpa em stricto sensu significa dizer que é excluído o dolo, permanecendo apenas a voluntaria omissão do agente, que sem prever as devidas consequências de sua conduta causa um dano. Seguindo essa linha de pensamento afirma Luigi Sertorio (1914) que a culpa é a conduta negativa para evitar o evento danoso, quando o agente não agiu com o devido dever 12 de cuidado que qualquer pessoa em seu lugar teria, mesmo sem intenção de causar dano a outrem. Outro pressuposto da responsabilidade civil é o nexo causal que é a grande figura na responsabilidade civil, é a ligação entre a conduta e o dano causado pelo agente (KRETZMANN, 2018). Assim, para que haja a obrigação de indenizar é preciso estabelecer que a conduta ensejadora da responsabilidade civil seja a causa, o liame, do prejuízo suportado pela vítima. Esse é o pressuposto indispensável da responsabilidade civil e o mais importante, é nele onde estabelece os limites do dever de indenizar. Silvio de Salvo Venosa (2003, p. 39) explica o nexo de causalidade como: O conceito de nexo causal, nexo etimológico ou relação de causalidade deriva das leis naturais. É o liame que une a conduta do agente ao dano. É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que experimentou um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser ressarcida. Sendo assim, para que seja caracterizado a responsabilidade civil, o nexo de causalidade é imprescindível, seja na responsabilidade objetiva ou na responsabilidade subjetiva deve sempre estar presente o nexo causal, uma vez que é possível o dever de indenizar sem a presença da culpa, mas nuncasem a prova da ligação entre a conduta do agente e o prejuízo sofrido pela vítima. De forma complementar Gonçalves (2021) define o nexo de causalidade como a ligação entre o ato ilícito praticado pelo agente e o dano sofrido pela vítima, de modo que sem essa relação não se admite a obrigação indenizatória. O nexo causal é previsto no art. 181 do Código Civil, assim é perceptível que a relação de causalidade é o que impõe os limites indenizatórios imputado a uma pessoa, desse modo o agente só responderá pelo dano que deu causa. O último pressuposto da responsabilidade civil é o dano que conforme ensina Tartuce (2021) o dano é um prejuízo, um mal, uma lesão a um bem jurídico tutelado causado a um terceiro. Desse modo não é possível falar em indenização sem que tenha o dano, esse dano pode ser tanto moral quanto material, é o principal aspecto da obrigação de reparação. Para Cavalieri (2020) o dano material é o dano que atinge o patrimônio da vítima, podendo atingir tanto coisas corpóreas, como um carro e uma casa, como também atingir coisas incorpóreas como um direito de crédito, é tudo aquilo que pode ser avaliado pecuniariamente. Nessa perspectiva o dano material ou também chamado de patrimonial pode ser classificado como o dano emergente que é aquela conduta ilícita que causa diminuição no 13 patrimônio da vítima, e em lucros cessantes é o dano que atinge as expectativas que a vítima tinha de um ganho no futuro. Já Cahali (2000) estabelece que o dano moral por sua vez é a diminuição daquele bem jurídico que intrínseco na vida do homem, como a paz, tranquilidade, honra, integridade psicológica, tudo aquilo que abala seu patrimônio moral. Assim, o dano moral é qualquer violação que cause diminuição aos direitos de personalidade do ser humano. 6 ABANDONO AFETIVO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ANALISADO A PARTIR DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2021 Com o enaltecimento do princípio da efetividade no ordenamento jurídico brasileiro que regem as relações familiares, surge diversos questionamentos no âmbito jurídico acerca da responsabilização por abandono afetivo, tendo em vista que, muitas crianças e adolescentes crescem sem ter qualquer tipo de amparo dos genitores em sua formação, caracterizando o abandono afetivo. (BONINI et al ,2017). A falta de cuidado, a omissão ou negligência dos genitores para com a criança em desenvolvimento, pode provocar diversos problemas psíquicos e emocionais, e essa omissão poderá gerar possíveis responsabilizações, tendo em vista que não é apenas a falta do afeto que caracteriza o abandono afetivo (ALMEIDA, 2020). Logo, percebe-se a importância da presença do genitor na vida do menor, que tem como dever criar condições para que o filho desenvolva em um ambiente saudável, sendo o dever de sustento apenas fragmento da paternidade. Contudo, ainda existe muita divergência doutrinária e jurisprudencial quanto ao abandono afetivo, principalmente versando na possibilidade (ou não) da indenização por abandono afetivo no nosso ordenamento jurídico, e essa discussão adentra as áreas da responsabilidade civil, em que traz em seu bojo, a argumentação da impossibilidade a judicialização do amor, ao mesmo tempo em que outros defendem a crença apenas do real cumprimento do dever jurídico da criação, da assistência moral e afetiva (NETA e SILVA, 2019). É nesse sentido a Quarta Turma em junho de 2018 no julgamento de um Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial Nº 492.243, que teve como Relator o Ministro Marcos Buzzi, tem firmado sobre a impossibilidade da responsabilização no abandono afetivo, conforme se demonstra: 14 EMENTA: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 544 do CPC/73) - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA - RECONVENÇÃO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO . INSURGÊNCIA DO REQUERIDO/RECONVINTE. 2. Este Superior Tribunal de Justiça já afirmou entendimento no sentido de não ser possível falar em abandono afetivo antes do reconhecimento da paternidade. 2.1. "O dever de cuidado compreende o dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Não há dever jurídico de cuidar afetuosamente, de modo que o abandono afetivo, se cumpridos os deveres de sustento, guarda e educação da prole, ou de prover as necessidades de filhos maiores e pais, em situação de vulnerabilidade, não configura dano moral indenizável." (REsp 1579021/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 29/11/2017). 2.2. A revisão do entendimento da Corte de origem quanto ao cumprimento dos deveres da paternidade pelo recorrido, com o afastamento do abandono afetivo na espécie, somente seria possível mediante o reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que não se permite na via estreita do recurso especial por força da Súmula 7/STJ. (AgInt no AREsp 492243/SP, Rel. Ministro Marcos Buzzi, QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 12/06/2018). Em seu voto o Ministro firma entendimento que a falta de afeto no âmbito familiar não enseja um ilícito civil indenizável pecuniariamente, pois não existe norma no nosso ordenamento jurídico a obrigatoriedade de sentimento, e a indenização pecuniária não restaura sentimentos não vivenciados, podendo a indenização prejudicar a reconstrução dos laços familiares. Entretanto, apesar do entendimento firmado na Quarta Turma, o relator em seu voto, não descartou a possibilidade de compensação por danos morais em razão do abandono psicológico, porém, desde que se demonstrasse o ilícito civil, que ultrapasse o mero dissabor. É nesse ponto de vista que Vasconcelos (2021) elucida que apesar da afetividade no mundo jurídico ser tratado como princípio, o afeto é um sentimento que nasce das relações intrínsecas familiares, uma compreensão intuitiva, não podendo obrigar o afeto e o cuidado a ser correspondido, tendo em vista que são sentimentos involuntários. Assim, é notório que a principal discussão sobre o abandono afetivo recai sobre a possibilidade da intervenção estatal no sentimento mais íntimo das relações familiares, e sobre uma possível monetização do afeto. Assim, nessa vertente surge o questionamento acerca da indenização ser capaz de reparar todo o dano causado, e se através da pecúnia seria capaz de restaurar todos os prejuízos psíquicos ou moral, por mais que seja atribuído uma alta quantia. Logo, se vislumbra que a indenização acaba ganhando o caráter punitivo aos genitores que não agiram com o afeto necessário durante a formação do filho (ALVES, 2013). Verifica-se que a Quarta Turma do STJ tem firmado precedentes pela não aplicação do dever de reparação aos casos de abandono afetivo, fundamentando na corrente que quando o genitor cumpre com seu dever de sustento, é o suficiente para não configurar hipótese de dano 15 moral indenizável, é o que se observa no julgamento do Agravo Interno no Agravo Em Recurso Especial Nº 1.286.242 em outubro de 2019, pelo Relator Ministro Luís Felipe Salomão, in verbis: EMENTA: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ABANDONO DE MENOR. DANOS MORAIS. MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE FATOS E PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 2. O STJ possui firme o entendimento no sentido de que "O dever de cuidado compreende o dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Não há dever jurídico de cuidar afetuosamente, de modo que o abandono afetivo, se cumpridos os deveres de sustento, guarda e educação da prole, ou de prover as necessidades de filhos maiores e pais, em situação de vulnerabilidade, não configura dano moral indenizável." (REsp 1579021/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 29/11/2017). 3. O Tribunal de origem, amparado no acervo fático - probatório dos autos concluiu que: " Não houve comprovação de abandono afetivo ou materialdos pais em relação à filha, de modo a configurar um ilícito ensejador de dano moral.". Dessa forma, alterar o entendimento do acórdão recorrido sobre a não comprovação dos requisitos caracterizados da responsabilidade civil demandaria, necessariamente, reexame de fatos e provas, o que é vedado em razão do óbice da Súmula 7 do STJ. (AgInt no AREsp 1286242/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 08/10/2019, DJe 15/10/2019). Dessa forma entendeu o relator Ministro Luís Felipe Salomão no caso em análise ao negar provimento ao recurso, votando no seguinte sentido de que não houve comprovação de abandono afetivo ou material dos pais em relação à filha, de modo a configurar um ilícito ensejador de dano moral. Todavia, surgem correntes doutrinarias e jurisprudenciais que defendem a responsabilização em decorrência do abandono afetivo, em que a falta do convívio familiar estaria infringindo princípios constitucionais, sendo passiveis de uma possível indenização. Considerando que a Constituição Federal atribui incumbências aos genitores, e repudia qualquer omissão ou negligência. É nesse sentido que argumentou a Ministra Nancy Andrighi, da 3° turma do Superior Tribunal de Justiça em julgamento de caso de abandono afetivo no Recurso Especial nº. 1.159.242-SP, que enfatizou em seu relatório, “Amar é faculdade, cuidar é dever”. Nessa perspectiva que Nogueira (2018) demonstra que a criança durante seu desenvolvimento é totalmente dependente dos seus genitores, não limitando apenas as dependências financeiras, mas fundado no apoio e na presença paterna presente ao longo de sua vida, e essa ausência, prejudica sua formação como ser humano. Nesse viés que surge para a doutrina a ideia de reparação diante essa omissão, aos danos desenvolvidos na formação do ser humano enquanto sujeito de direito. 16 Nessa mesma fundamentação jurídica que temos a recente decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial Nº 1.887.697 em setembro de 2021, que teve como Relatora a Ministra Nancy Andrighi: EMENTA: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PEDIDO JURIDICAMENTE POSSÍVEL. APLICAÇÃO DAS REGRAS DE RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES FAMILIARES. OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS E PERDA DO PODER FAMILIAR. DEVER DE ASSISTÊNCIA MATERIAL E PROTEÇÃO À INTEGRIDADE DA CRIANÇA QUE NÃO EXCLUEM A POSSIBILIDADE DA REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DOS PAIS. PRESSUPOSTOS. AÇÃO OU OMISSÃO RELEVANTE QUE REPRESENTE VIOLAÇÃO AO DEVER DE CUIDADO. EXISTÊNCIA DO DANO MATERIAL OU MORAL. NEXO DE CAUSALIDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS NA HIPÓTESE. CONDENAÇÃO A REPARAR DANOS MORAIS. CUSTEIO DE SESSÕES DE PSICOTERAPIA. DANO MATERIAL OBJETO DE TRANSAÇÃO NA AÇÃO DE ALIMENTOS. INVIABILIDADE DA DISCUSSÃO NESTA AÇÃO. 3- É juridicamente possível a reparação de danos pleiteada pelo filho em face dos pais que tenha como fundamento o abandono afetivo, tendo em vista que não há restrição legal para que se apliquem as regras da responsabilidade civil no âmbito das relações familiares e que os arts. 186 e 927, ambos do CC/2002, tratam da matéria de forma ampla e irrestrita. Precedentes específicos da 3ª Turma. 4- A possibilidade de os pais serem condenados a reparar os danos morais causados pelo abandono afetivo do filho, ainda que em caráter excepcional, decorre do fato de essa espécie de condenação não ser afastada pela obrigação de prestar alimentos e nem tampouco pela perda do poder familiar, na medida em que essa reparação possui fundamento jurídico próprio, bem como causa específica e autônoma, que é o descumprimento, pelos pais, do dever jurídico de exercer a parentalidade de maneira responsável. 6- Para que seja admissível a condenação a reparar danos em virtude do abandono afetivo, é imprescindível a adequada demonstração dos pressupostos da responsabilização civil, a saber, a conduta dos pais (ações ou omissões relevantes e que representem violação ao dever de cuidado), a existência do dano (demonstrada por elementos de prova que bem demonstrem a presença de prejuízo material ou moral) e o nexo de causalidade (que das ações ou omissões decorra diretamente a existência do fato danoso) (REsp 1698728/Ms, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/09/2021, DJe 23/09/2021) No julgamento exposto, a recorrente afirma que seu genitor com o fim do relacionamento com sua genitora, deixou de participar ativamente da vida da sua filha, e que em decorrência de abandono, desenvolveu diversos problemas psicológicos como desenvolveu paralisia nas pernas, tremedeiras, precisando se valer de tratamento psicoterápico desde 2010. Ainda no julgamento a Ministra Nancy Andrighi fundamenta em seu voto: A obrigação de natureza alimentícia materializa apenas o dever de assistência material dos pais em relação à prole e não é suficiente para que os pais se sintam livres de qualquer obrigação dali em diante, ao passo que a perda do poder familiar visa a proteção da integridade da criança, de modo a lhe ofertar, por outros meios, a criação e educação negada pelos pais, mas não serve para compensar o efetivo prejuízo causado ao filho. (BRASIL, 2021) 17 Desse modo, a tese é fundada na possibilidade de condenação dos pais em reparação dos danos morais pelo abandono afetivo, é preciso verificar nos autos, a presença de todos os pressupostos da responsabilidade civil. Ademais, ficou claro na decisão da Ministra, que o dano e o nexo de causalidade foram corroborados pelas provas produzidas nos autos, majorando uma indenização no valor de R$ 30.000.00 (trinta mil reais) em desfavor do genitor, observando sua capacidade financeira e os danos provocados na vítima, que foi seguido pelo Ministro Ricardo Villas Boas Cueca. Outro julgado recente pela Terceira Turma do STJ que tem firmado precedente contrário a Quarta Turma, com a relatoria do Ministro Moura Ribeiro, no acordão do julgamento do Recurso Especial Nº 1.698.728 em maio de 2021: EMENTA: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ADOÇÃO. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ABANDONO AFETIVO. CABIMENTO. EXAME DAS ESPECÍFICAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DA HIPÓTESE. CRIANÇA EM IDADE AVANÇADA E PAIS ADOTIVOS IDOSOS. (...) CONDENAÇÃO DOS ADOTANTES A REPARAR OS DANOS MORAIS CAUSADOS À CRIANÇA. POSSIBILIDADE. CULPA CONFIGURADA. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL. VALOR DOS DANOS MORAIS. FIXAÇÃO EM VALOR MÓDICO. OBSERVÂNCIA DO CONTEXTO FÁTICO. EQUILÍBRIO DO DIREITO À INDENIZAÇÃO E DO GRAU DE CULPA DOS PAIS, SEM COMPROMETER A EFICÁCIA DA POLÍTICA PÚBLICA. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. CONDENAÇÃO DOS PAIS DESTITUÍDOS A PAGAR ALIMENTOS. POSSIBILIDADE. ROMPIMENTO DO PODER DE GESTÃO DA VIDA DO FILHO, MAS NÃO DO VÍNCULO DE PARENTESCO. MAIORIDADE CIVIL DA FILHA. FATO NOVO RELEVANTE. RETORNO DO PROCESSO AO TRIBUNAL COM DETERMINAÇÃO DE CONVERSÃO EM DILIGÊNCIA. OBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE DA ALIMENTADA E POSSIBILIDADE DOS ALIMENTANTES. (REsp 1698728/Ms, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/05/2021, DJe 13/05/2021). Observa-se que que a Terceira Turma em sua maioria deu provimento parcial no ponto estabelecido a indenização pelo abandono afetivo, arbitrando um valor de R$ 5.000.000 (cinco mil reais) de indenização. No caso analisado a parte recorrente, alega que em sua família adotiva sofreu maus tratos, gerando grave abalo e traumas psíquicos em sua formação. Entretanto, é preciso estabelecer que para configuração da responsabilidade civil em decorrência do abandono afetivo é necessário que esteja presente alguns pressupostos, como a conduta do genitor em descumprir o dever de cuidado, seja material ou psicológico, a comprovação do dano sofrido de sua prole, podendo ser moral ou psicológico, e que os danos sofridostenham sido decorrentes da conduta da omissão do genitor (CORREA, 2019). Assim, somente nessas circunstâncias poderia se pleitear uma possível responsabilização civil no poder judiciário, como se verifica nos julgados jurisprudenciais do STJ, que é imprescindível estar presente ao caso os pressupostos da responsabilidade civil. 18 Nesse ponto de vista Hironaka (2006) argumenta no sentido de que o nexo de causalidade essencial para a aplicação do dever de indenizar no abandono afetivo são as consequências nocivas que ocorrerá na intimidade moral do filho, pelo abandono culposo praticado pelo genitor. Ademais, vale ressalta as lições de Karow (2012), para relacionar os pressupostos da responsabilidade civil na aplicação aos casos de abandono afetivo: (...) inicialmente é necessário (a) que haja um fato: a conduta omissiva de um dos genitores, a ponto de privar o filho da convivência, aleijando-se voluntariamente de forma física e emocional, ou ainda, a conduta comissiva através de reiteradas atitudes de desprezo, rejeição, indiferença e humilhação, em ambas, gerando desamparo afetivo, moral e psíquico. Posteriormente, (b) que possa ser imputado a alguém: este fato em regra somente pode ser imputado a um dos genitores, aqui a palavra na ampla acepção, não excluindo nem mesmo os genitores por adoção. Necessário ainda (c) que se tenha produzido danos: diante da conduta que se apresenta é preciso que a criança tenha sofrido danos em sua personalidade, na raiz de sua dignidade. Outro elemento requerido é que (d) esses danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo ato ou fato praticado: impõe obviamente aqui o nexo casual, que da conduta do genitor tenha causado ao menor os danos alegados, as máculas na personalidade e ou psicopatias. Por derradeiro, prescinde de uma condição suplementar, (e) que o dano esteja contido no âmbito da função de proteção assinada, aqui se vislumbra que o dano sofrido pelo amor deve ser o objeto jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico (KAROW,2012, p.229- 221). Nessa conjuntura, complementa Silva (2004) que ao buscar a indenização pelo abandono não está atribuindo um preço ao amor, mas apenas alertando ao genitor que o simples apoio financeiro não o exonera de seu dever de pai. Desse modo, apesar de ainda haver bastante divergência, grande parte da doutrina defende a responsabilidade civil por abandono afetivo, todavia, é necessário que se demonstre em cada caso a conduta do agente, o dano e o nexo que liga a conduta do autor com o dano. Assim nota-se que o Superior Tribunal de Justiça, tem julgado de maneira diversificada acerca do assunto, principalmente observando-se as recentes decisões da Terceira Turma e a Quarta Turma. Tem se firmado duas correntes distintas, de um lado o posicionamento da Terceira turma que tem firmando entendimento na possibilidade de ajuizamento de indenização no abandono afetivo, quando se conseguir demonstrar nos laudos probatórios, os pressupostos da responsabilidade civil, enquanto a Quarta Turma do STJ tem defendido em seus julgados a impossibilidade da ocorrência do dano moral por abandono afetivo. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar a partir da pesquisa realizada a evolução no conceito de família, através da Constituição Federal de 1988 trouxe novas concepções e significados as entidades 19 familiar, que rompeu barreiras e quebrou paradigmas impostos pela sociedade, ganhando cada vez mais liberdade as novas escolhas da família. Trazendo ainda o princípio da afetividade como principal alicerce para as mudanças ocorridas não somente na seara do direito de família, mas em diversas áreas do direito. Sendo assim, com o afeto sendo o princípio basilar das relações familiares, surge questionamentos acerca da responsabilização ante o descumprimento do dever de cuidado dos pais ao abandonarem afetivamente seus filhos e as possíveis consequências no desenvolvimento da criança, descumprindo veemente o que expressa nossa Constituição. Nessa perspectiva esse questionamento tem dividido cada vez mais os doutrinadores como também a jurisprudência ficando a cargo do poder judiciário resolver essa controvérsia, tem se levantando cada vez mais apontamentos sobre o dever de reparação nos casos de abandono afetivo, o que tem gerado debates sobre a monetização do afeto nas relações familiares. Assim verificado que o abandono afetivo apesar das diferentes divergências pode trazer consequências a luz do instituto da Responsabilidade Civil, todavia, é necessário a presença dos requisitos essenciais para sua caracterização, não bastando apenas da omissão do afeto, é essencial que se demonstre os danos que a criança ou adolescente sofreu em decorrência desse abandono que prejudicaram seu desenvolvimento físico moral ou psicológico. Importante destacar que a indenização não tem o objetivo de restabelecer a falta de afeto e de cuidado que não foram oferecidos a criança durando seu desenvolvimento, não tendo o poder judiciário controle de criar sentimentos que são espontâneos e intrínsecos das relações humanas, mas tem a finalidade de amenizar os sentimentos de perda, dor, angústia e sofrimento e todo dano causado pelo abandono, com o propósito também de evitar que casos similares se tornem recorrentes. Desse modo, observa-se que a partir da pesquisa jurisprudencial realizada entre o período de 2018 a 2021 do Superior Tribunal de Justiça se mostrou cada vez menos uniforme a respeito do dever de indenizar em decorrência do abandono afetivo, tendo em vista que turmas do STJ especializadas em julgamento do direito privado, tem se comportado de maneira oposta. Assim, enquanto a Terceira Turma, tem firmado precedentes de que é juridicamente possível, tendo em vista que como não há nenhum impedimento legal para aplicação da responsabilidade civil no nosso ordenamento jurídico aos casos de abandono afetivo, contudo, 20 desde que comprovado presentes os pressupostos da responsabilidade, não sendo a mera assistência financeira suficiente para compensar os prejuízos do abandono. Todavia, na jurisprudência analisada da quarta turma, tem-se adotado precedentes divergentes da Terceira Turma, não aplicando o dever de indenizar no abandono afetivo por não haver uma norma regulamentando o dever de reparação no abandono, e por entender que a reparação pecuniária não é capaz de restaurar sentimentos não vividos, entretanto, não rechaçando a hipótese da indenização. Portanto, do ponto de vista jurídico, ainda que o tema ainda enseja muita discussão e dissenso, as recentes jurisprudências do STJ, não descartou a possibilidade do dever de indenizar, mesmo nos casos julgados pela quarta turma que tem se demonstrados cautelosos acerca do tema, se vislumbrando em um futuro próximo uma possível uniformização da jurisprudência sobre a temática. 21 REFERÊNCIAS ABRANTES NETO, Ozório Nonato de; BARBOSA, Maria dos Remédio de Lima. A união estável no direito brasileiro e a monogamia como elemento (im)prescindível para a sua caracterização. 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