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Sindrome do ovário policístico e amenorreia

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A Síndrome dos Ovários Policís3cos (SOP) é a endocrinopa*a mais comum na vida 
reprodu*va da mulher. Trata-se de uma condição com sinais e sintomas diversos, que 
incluem alterações reprodu3vas, endócrinas e metabólicas, cuja expressão clínica é 
variável. Na sua essência, ela se caracteriza por ciclos anovulatórios irregulares (às vezes 
com períodos de amenorreia), infer3lidade, manifestações de hiperandrogenismo 
(hirsu3smo e acne), obesidade e ovários aumentados de volume com múl3plos cistos. 
É portando, a causa mais comum de hiperandrogenismo, anovulação crônica, 
hirsu*smo e infer*lidade por fator ovulatório. 
 
A e3ologia da SOP permanece desconhecida. Novos estudos apontam que a SOP seja 
consequência de uma origem gené*ca mul*fatorial e poligênica, em virtude do 
acúmulo de casos bem documentados da síndrome dentro de famílias. Especificamente, 
foi observado um aumento da prevalência de SOP entre mulheres afetadas e suas irmãs 
(de 32 a 66%) e mães (de 24 a 52%). Algumas fontes sugeriram a possibilidade de 
transmissão autossômica dominante, com expressão em indivíduos do sexo feminino e 
masculino. 
A base da fisiopatologia da SOP é o hiperandrogenismo: 
 
 
 
 
Distúrbios menstruais e SOP Pabulo Polizelli 
A desregulação do citocromo P450c17, enzima formadora de androgênios nas adrenais 
e nos ovários, pode ser o mecanismo central subjacente ao hiperandrogenismo. 
Esse citocromo possui ações importantes na esteroidogênese ovariana, a saber: 
-Cliva o colesterol sinte3zando a pregnenolona; 
-Par3cipa da conversão de pregnenolona em 17-OH pregnenolona; 
-Par3cipa da conversão de 17-OH pregnenolona em DHEA e androstenediona. 
O aumento de sua função resulta em maior síntese de androgênios ovarianos. 
 
 
-Alterações na liberação pulsá3l de GnRH podem resultar em aumento rela3vo na 
biossíntese e na secreção de LH versus FSH. O LH es3mula a produção androgênica 
ovariana, enquanto a escassez rela3va de FSH evita a es3mulação adequada da a3vidade 
da aromatase dentro das células da granulosa, reduzindo, consequentemente, a 
conversão de androgênio em estrogênio potente, o estradiol. 
-Níveis elevados de androgênios intrafoliculares resultam em atresia folicular. Níveis 
circulantes elevados de androgênios contribuem para anormalidades nos perfis lipídicos 
das pacientes e para o desenvolvimento de hirsu3smo e acne. O aumento de 
androgênios circulantes também pode ter origem na glândula adrenal. Os níveis séricos 
elevados de androgênios (principalmente androstenediona) são conver3dos a 
estrogênios (principalmente estrona) na periferia. Como a conversão ocorre 
principalmente nas células estromais do tecido adiposo, a produção estrogênica será 
maior em pacientes obesas com SOP. 
-Essa conversão resulta em retroalimentação crônica do hipotálamo e da hipófise, 
diferentemente das flutuações normais na retroalimentação observadas na presença de 
folículos em crescimento com níveis de estradiol variando rapidamente. A es3mulação 
de endométrio por estrogênios sem oposição pode levar à hiperplasia endometrial. 
-A resistência insulínica causada por anormalidades gené3cas e/ou aumento do tecido 
adiposo contribui para a atresia folicular nos ovários e para o desenvolvimento da 
acantose nigricante na pele. 
-A ausência de desenvolvimento folicular resulta em anovulação e subsequente 
oligomenorreia ou amenorreia. 
Pabulo Polizelli 
-É importante observar que a SOP pode se desenvolver a par3r de disfunção primária de 
qualquer órgão do sistema. Por exemplo, a produção elevada de androgênio ovariano 
pode ser causada por alguma anormalidade intrínseca na função enzimá3ca e/ou 
es3mulação hipotálamo-hipofisária anormal por LH ou FSH. 
 
Compar*mento hipotálamo hipofisário: 
A anovulação em mulheres com SOP caracteriza-se por secreção inadequada de 
gonadotrofinas. Especificamente, alterações na pulsa3lidade do hormônio liberador de 
gonadotrofinas (GnRH) resultam na produção preferencial de hormônio luteinizante (LH) 
em detrimento do hormônio folículo es3mulante (FSH). Atualmente, não se sabe se a 
disfunção é causa primária de SOP ou se é secundária ao feedback anormal dos 
esteroides. Em qualquer uma das situações, os níveis séricos de LH aumentam, o que é 
observado em aproximadamente 50% das mulheres afetadas. 
 
A hipersecreção de LH resultaria na hiperplasia do estroma ovariano e das células da 
teca, com produção aumentada de testosterona e androstenediona. Esses esteroides 
seriam também conver3dos em estrogênio pela ação das aromatases, que explica o 
hiperestrogenismo presente nestas pacientes. Por esta mesma razão, há uma supressão 
nos níveis de FSH, que não es3mularão adequadamente o crescimento de novos 
folículos no ovário. A concentração de FSH é normal ou baixa, o que acarreta uma relação 
LH/FSH aumentada. Assim, a proporção LH:FSH aumenta e fica acima de 2 em cerca de 
60% das pacientes. 
 
Compar*mento ovariano: 
Os ovários são as principais fontes de androgênios nas pacientes com SOP. No entanto, 
pode também ocorrer uma maior produção de androgênios adrenais. 
A desregulação da enzima formadora de androgênios nas adrenais e nos ovários 
(citocromo P450c17 ou CYP17) pode ser o mecanismo central subjacente ao 
hiperandrogenismo. Além disso, foram encontradas alterações na a3vidade tanto da 5 
alfa-redutase quanto da aromatase. O efeito imediato que os androgênios podem fazer 
é a inibição da secreção e pulsa3lidade do FSH. Eles, ainda, alteram os pulsos de GnRH, 
aumentam os níveis de LH, que es3mulam as células da teca ovariana a produzirem mais 
androgênios. A supressão nos níveis de FSH responde pela falta de esimulo adequado 
para o crescimento de novos folículos. Esses, por sua vez, nunca chegarão à completa 
maturação e ovulação. Dessa forma, acumulam-se abaixo da albugínea, e conferem ao 
ovário o aspecto policís3co. 
 
 
Pabulo Polizelli 
❖ Amenorréia 
Classificação: 
1. Aos 14 anos, AUSÊNCIA de caracteres sexuais secundários; 
2. Aos 16 anos, PRESENÇA de caracteres sexuais secundários; 
3. Ausência de menstruação por mais que 3 ciclos ou 6 meses. 
Obs.: a classificação em Amenorréia primária e secundária é imprecisa, pois pode 
confundir o diagnós3co. Além disso, está entrando em desuso. 
Deve-se inves3gar: 
1. Imaturidade do eixo (fisiológico até os 6 meses após a menarca) 
2. Malformações (anatomia). 
 
 
 
 
Pabulo Polizelli 
O esimulo principal para o complexo funcionamento hormonal feminino tem origem 
no hipotálamo. E é influenciado pelos meios endógeno e exógeno, por intermédio da 
secreção pulsá3l do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). 
O GnRH é um neuro-hormônio que es3mula, através da circulação porta-hipofisária, a 
secreção das gonadotrofinas pela hipófise anterior: o hormônio folículo es3mulante 
(FSH) e o hormônio luteinizante (LH). As gonadotrofinas hipofisárias atuam nos folículos 
ovarianos, es3mulando a produção de estrogênio e progesterona e desencadeando a 
ovulação, provocada pela elevação súbita dos níveis de estrogênio e LH. 
Os produtos ovarianos (estrogênio e progesterona) agem no endométrio, acarretando 
modificações do 3po prolifera3vo e secretor. O obje3vo final é a preparação do leito de 
implantação do ovo caso ocorra a concepção. Na ausência de fecundação e gravidez, a 
secreção de estrogênio e progesterona pelo corpo lúteo obrigatoriamente cai. Assim, há 
desintegração do endométrio e de seu estroma de sustentação, suscitando o 
sangramento menstrual. A perda sanguínea desencadeada pela diminuição dos níveis 
hormonais é denominada "hemorragia de privação". 
Assim, para que a menstruação ocorra, é fundamental que estejam presentes as 
seguintes caracterís3cas: 
-Eixo hipotálamo-hipófise-ovário em funcionamento; 
-Endométrio responsivo aos esimulos hormonais; 
-Trato de saída pérvio (útero e vagina) para a exteriorização do sangramento. 
O controle dessa sequência de eventos ocorre por mecanismos de retroalimentação 
posi3vos e nega3vos. Esimulos exógenos, endógenos ealterações psíquicas podem 
alterar o sincronismo do eixo. Por conseguinte, podem intervir na regularidade do ciclo 
menstrual e causar oligomenorreia ou amenorreia. Adrenais, pgado, 3reoide e 
metabolismo periférico também intervêm no sincronismo do eixo. 
Este sistema começa a atuar de forma integrada na puberdade, quando aparecem os 
caracteres sexuais secundários, pela ação de hormônios ovarianos e adrenais. A 
presença ou ausência dos caracteres sexuais é de grande importância na inves3gação da 
amenorreia, sobretudo na primária, pois espelha o status hormonal da paciente. 
 
As principais causas estão reunidas abaixo: 
1. Compar*mento I: desordens do trato de saída do fluxo menstrual (uterovaginais); 
2. Compar*mento II: desordens gonádicas (ovarianas); 
3. Compar*mento III: desordens hipofisárias; 
4. Compar*mento IV: desordens hipotalâmicas. 
Pabulo Polizelli

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