Buscar

Livro Imunologia Clinica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 156 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 156 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 156 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

IMUNOLOGIA CLÍNICAIMUNOLOGIA CLÍNICA
Im
unologia Clínica Natália Prearo MoçoNatália Prearo Moço
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
O estudo da imunologia clínica é um vasto e interessante campo que visa a compreen-
são dos métodos de diagnóstico imunológico, permitindo detectar a interação dos 
antígenos com componentes humorais e celulares do sistema imune, além do enten-
dimento dos mecanismos imunológicos envolvidos em patologias infecciosas e de-
sordens do sistema imune. 
Os exames complementares, tanto de diagnóstico direto quanto indireto, têm grande 
relevância no cenário clínico, uma vez que a maioria das decisões médicas é baseada 
em dados clínicos associados aos resultados de exames laboratoriais. 
Nesse cenário, a disciplina tem como objetivo fornecer subsídios básicos e aplicados 
que permitem o desenvolvimento de habilidades especí� cas nas áreas de análises 
clínicas, produção de reagentes imunológicos e pesquisa cientí� ca, com enfoque na 
realização e interpretação de imunoensaios, além do gerenciamento da qualidade la-
boratorial e controle de patologias infecciosas e imunológicas. 
Dessa forma, ao � m da disciplina, o(a) aluno(a) será capaz de compreender os dife-
rentes tipos de imunoensaios disponíveis e escolher as técnicas indicadas em cada 
situação, realizar a interpretação de resultados dos exames laboratoriais, avaliar 
a qualidade dos imunoensaios e entender os mecanismos dos imunomoduladores e 
imunopro� láticos nas patologias associadas ao sistema imune.
Capa_SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 1,3 10/03/2021 12:39:03
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Natália Prearo Moço
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 2 10/03/2021 10:57:17
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 3 10/03/2021 10:57:17
Unidade 1 - Laboratório clínico de imunologia: conceitos e definições
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Introdução ao laboratório de imunologia clínica .......................................................... 13
Sorologia: conceitos, definições e obtenção da amostra de soro ......................... 14
Soluções: concentração e diluição .............................................................................. 17
Interação antígeno-anticorpo, anticorpos monoclonais e imunização ..................... 20
Relembrando conceitos básicos em imunologia ....................................................... 20
Tipos de forças envolvidas na interação antígeno-anticorpo ................................. 23
Anticorpos monoclonais: obtenção por hibridomas e aplicações ......................... 24
Imunização ativa e passiva ............................................................................................ 30
Boas práticas e controle de qualidade laboratorial ..................................................... 32
Boas práticas em laboratório e noções básicas de biossegurança ...................... 33
Parâmetros e controle de qualidade nos imunoensaios .......................................... 37
Sintetizando ........................................................................................................................... 40
Referências bibliográficas ................................................................................................. 42
Sumário
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 4 10/03/2021 10:57:17
Sumário
Unidade 2 - Metodologias do laboratório de imunologia clínica
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 46
Fundamentos dos imunoensaios ....................................................................................... 47
Ensaios de aglutinação ........................................................................................................ 50
Tipos de aglutinação e aplicação laboratorial ................................................................ 51
Ensaio de floculação e VDRL .............................................................................................. 55
Imuno-hematologia: conceitos e ensaios laboratoriais .............................................. 56
Sistemas, grupos e coleções sanguíneas ........................................................................ 57
Sistemas ABO, Rh e os tipos sanguíneos ........................................................................ 58
Incompatibilidade sanguínea ............................................................................................. 62
Evolução metodológica dos imunoensaios ..................................................................... 64
Técnicas baseadas na motilidade de partículas ............................................................. 65
Técnicas de absorbância e nefelometria ......................................................................... 68
Imunoensaios conjugados .................................................................................................. 69
Sintetizando ........................................................................................................................... 79
Referências bibliográficas ................................................................................................. 80
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 5 10/03/2021 10:57:17
Sumário
Unidade 3 - Diagnóstico sorológico de infecções humanas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 82
Infecções virais .................................................................................................................... 83
Hepatites virais ................................................................................................................ 83
Infecção pelo HIV ............................................................................................................ 92
Dengue .............................................................................................................................. 95
Mononucleose ................................................................................................................. 97
Infecção por HTLV ...........................................................................................................98
Infecções bacterianas ....................................................................................................... 100
Infecção estreptocócica .............................................................................................. 100
Infecção treponêmica .................................................................................................. 103
Infecções parasitárias....................................................................................................... 109
Doença de Chagas ........................................................................................................ 110
Toxoplasmose ................................................................................................................. 112
Sintetizando ......................................................................................................................... 115
Referências bibliográficas ............................................................................................... 116
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 6 10/03/2021 10:57:17
Sumário
Unidade 4 - Processos de reatividade do sistema imunológico
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 119
Sistema imune das doenças ............................................................................................ 120
Atuação do sistema imune nas infecções bacterianas .......................................... 121
Atuação do sistema imune nas infecções fúngicas ................................................ 124
Atuação do sistema imune nas infecções virais ..................................................... 125
Tolerância imunológica e doenças autoimunes .......................................................... 126
Classificação etiológica das doenças autoimunes ................................................. 128
Diagnóstico das principais doenças reumáticas de caráter imune ..................... 129
Reações de hipersensibilidade ....................................................................................... 134
Imunologia dos transplantes ............................................................................................ 141
Complexo principal de histocompatibilidade ............................................................ 142
Rejeição dos transplantes ........................................................................................... 142
Imunossupressão para transplantes alogênicos ..................................................... 144
Imunomodulação e imunomoduladores ......................................................................... 145
Imunodeficiências.............................................................................................................. 146
Imunodeficiências primárias ....................................................................................... 146
Imunodeficiências secundárias e AIDS .................................................................... 148
Imunidade tumoral ............................................................................................................. 149
Mecanismos imunes efetores contra células neoplásicas malignas .................. 150
Imunoterapia e imunoprofilaxia .................................................................................. 152
Sintetizando ......................................................................................................................... 154
Referências bibliográficas ............................................................................................... 155
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 7 10/03/2021 10:57:17
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 8 10/03/2021 10:57:17
O estudo da imunologia clínica é um vasto e interessante campo que visa 
a compreensão dos métodos de diagnóstico imunológico, permitindo detectar 
a interação dos antígenos com componentes humorais e celulares do sistema 
imune, além do entendimento dos mecanismos imunológicos envolvidos em 
patologias infecciosas e desordens do sistema imune. 
Os exames complementares, tanto de diagnóstico direto quanto indireto, 
têm grande relevância no cenário clínico, uma vez que a maioria das decisões 
médicas é baseada em dados clínicos associados aos resultados de exames 
laboratoriais. 
Nesse cenário, a disciplina tem como objetivo fornecer subsídios básicos 
e aplicados que permitem o desenvolvimento de habilidades específi cas nas 
áreas de análises clínicas, produção de reagentes imunológicos e pesquisa 
científi ca, com enfoque na realização e interpretação de imunoensaios, além 
do gerenciamento da qualidade laboratorial e controle de patologias infeccio-
sas e imunológicas. 
Dessa forma, ao fi m da disciplina, o(a) aluno(a) será capaz de compreender os 
diferentes tipos de imunoensaios disponíveis e escolher as técnicas indicadas em 
cada situação, realizar a interpretação de resultados dos exames laboratoriais, 
avaliar a qualidade dos imunoensaios e entender os mecanismos dos imunomo-
duladores e imunoprofi láticos nas patologias associadas ao sistema imune.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 9
Apresentação
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 9 10/03/2021 10:57:17
Dedico esta obra a todos os meus alunos, que me ensinaram mais do que 
podem imaginar ao longo dessa caminhada incrível na docência. 
A professora Natália Prearo Moço é 
doutora em patologia pela Faculdade 
de Medicina de Botucatu – FMB/UNESP 
(2015) e possui mestrado em patologia 
pela mesma Instituição (2011). É gra-
duada em ciências biológicas – moda-
lidade médica (biomedicina) pelo Insti-
tuto de Biociências de Botucatu – IBB/
UNESP (2008). Tem experiência em 
docência em diversos cursos de saúde 
nas áreas de patologia geral e clínica, 
microbiologia geral e clínica, imuno-
logia, hematologia clínica e bioética, 
além de ministrar cursos de extensão 
e palestras na área de saúde da mu-
lher, pesquisa e publicação em saúde 
e pós-graduação.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3435029835701329
IMUNOLOGIA CLÍNICA 10
A autora
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 10 10/03/2021 10:57:18
LABORATÓRIO 
CLÍNICO DE 
IMUNOLOGIA: 
CONCEITOS E 
DEFINIÇÕES
1
UNIDADE
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 11 10/03/2021 10:57:41
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Definir conceitos importantes para o estudo de sorologia;
 Fornecer bases teóricas para o preparo de soluções e diluições;
 Relembrar conceitos de imunologia humoral básica;
 Descrever os tipos de força que regem a formação dos imunocomplexos;
 Fornecer base teórica sobre produção e aplicações de anticorpos monoclonais; 
 Descrever as boas práticas do laboratório clínico;
 Descrever parâmetros empregados para análise da qualidade de imunoensaios.
 Introdução ao laboratório de 
imunologia clínica
 Sorologia: conceitos, definições e 
obtenção da amostra de soro
 Soluções: concentração e diluição
 Interação antígeno-anticorpo, 
anticorpos monoclonais e 
imunização
 Relembrando conceitos básicos 
em imunologia
 Tipos de forças envolvidas na 
interação antígeno-anticorpo
 Anticorpos monoclonais: 
obtenção por hibridomas e 
aplicações
 Imunização ativa e passiva
 Boas práticas e controle de 
qualidade laboratorial 
 Boas práticas em laboratório e 
noções básicas de biossegurança
 Parâmetros e controle de 
qualidade nos imunoensaios
IMUNOLOGIA CLÍNICA 12
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 12 10/03/2021 10:57:42
Introdução ao laboratório de imunologia clínica
A imunologia clínica é uma área extremamente importante que emprega o 
conhecimento do sistema imune e dos mecanismos de resposta imunológica 
para diagnosticar e compreender diversas patologias humanas. 
O sistema imune, defi nido como o conjunto de células e moléculas respon-
sáveis pelo desencadeamento da imunidade, é essencial para manutenção da 
homeostasia, uma vez que atua constantemente na tentativa de manter o or-
ganismo livre de agentespatogênicos, sejam eles de origem infecciosa ou não. 
De acordo com Abbas, Lichtman e Pilai, em Imunologia celular e mole-
cular, publicado em 2015, quando o sistema imune identifi ca e reconhece 
componentes microbianos e agentes estranhos não infecciosos, tais como 
células necróticas e tumorais, ocorre uma ação conjunta de células imunes 
e moléculas presentes no soro para elaboração de uma resposta contra as 
ameaças detectadas. 
No contexto da imunologia clínica, diversos exames laboratoriais comple-
mentares são realizados com intuito de auxiliar no diagnóstico clínico de pa-
tologias humanas. Estes testes laboratoriais, em sua grande maioria, avaliam 
a presença e a interação dos antígenos com componentes celulares e molecu-
lares do sistema imune, principalmente de anticorpos e linfócitos. Dessa for-
ma, a imunologia clínica tem como objetivo o estudo da resposta imunológica 
frente às doenças infecciosas, além do estudo da ativação anormal do sistema 
imune em casos de autoimunidade, reações de hipersensibilidade, imunodefi -
ciências e crescimento anormal de células de fenótipo maligno. 
Adicionalmente, a imunologia clínica visa o entendimento da 
modulação do sistema imune por meio de fármacos diversos, 
em especial os empregados para inibição da re-
jeição de transplantes. Por fi m, ela estuda o 
desenvolvimento de vacinas e outros agen-
tes imunizantes que são essenciais para a 
prevenção de doenças infecciosas, con-
forme pontuam Voltarelli e outros auto-
res, em Imunologia clínica na prática médi-
ca, publicado em 2009.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 13
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 13 10/03/2021 10:57:42
Sorologia: conceitos, definições e obtenção da amostra 
de soro
Um dos mais importantes ramos da área é a sorologia, defi nida como o 
estudo analítico do soro sanguíneo. Na prática, um exame sorológico é aquele 
que visa identifi car e quantifi car a presença de antígenos e anticorpos no soro 
de um(a) paciente. Mas antes de se compreender a fundo os exames sorológi-
cos, é preciso relembrar o que é o soro.
O sangue é um tecido conjuntivo formado por elementos celulares e plas-
ma, que podem ser facilmente separados entre si por meio de centrifugação. 
Após centrifugação simples, observa-se que aproximadamente 45% do volume 
sanguíneo corresponde aos eritrócitos, também chamados de hemácias. Logo 
acima dos eritrócitos, sedimenta-se a camada leucoplaquetária, composta por 
leucócitos e plaquetas. Sobre o sedimento celular, é possível encontrar a fra-
ção sobrenadante, que corresponde à parte líquida do sangue, denominada 
plasma (Figura 1). Conforme pontuado por Kierszenbaum, em Histologia e bio-
logia celular: uma introdução à patologia, publicado em 2016, o plasma contém 
diversos elementos orgânicos e inorgânicos, tais como aminoácidos, proteínas, 
lipídios, vitaminas, hormônios, fatores de coagulação e sais minerais.
Figura 1. Sangue total e componentes do sangue após centrifugação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021. (Adaptado).
Composição do sangue
Sangue total
Plaquetas
Leucócitos
Plasma
cerca de 55%
Hemácias ou eritrócitos
Leucócitos e plaquetas
cerca de 4%
cerca de 41%
Hemácias ou eritrócitos
Após centrifugação
IMUNOLOGIA CLÍNICA 14
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 14 10/03/2021 10:57:42
Em termos práticos, o plasma corresponde in vivo à parte líquida do sangue que 
contém fibrinogênio e fatores de coagulação entre seus componentes. A obtenção 
de plasma in vitro por centrifugação requer a adição de anticoagulantes à amostra 
de sangue. Por outro lado, quando a amostra é coletada na ausência de anticoagu-
lantes, os elementos celulares formam um coágulo de sangue juntamente com o 
fibrinogênio e os fatores de coagulação. Sendo assim, após a centrifugação de uma 
amostra de sangue sem anticoagulantes, obtêm-se o soro, que nada mais é que a 
parte líquida do sangue sem a presença de fibrinogênio e fatores de coagulação.
Na rotina de um laboratório de análises clínicas, os principais anticoagulan-
tes empregados para obtenção de plasma incluem ácido etilenodiaminotetra-
cético (EDTA), heparina e citrato de sódio. A escolha do tipo de anticoagulante 
usado depende diretamente do teste que será feito com a amostra de plasma. 
O EDTA, indicado para amostras destinadas à realização do hemograma, é um 
quelante de cálcio que atua sequestrando os íons Ca2+ presentes no plasma, o 
que resulta no bloqueio da agregação plaquetária e da cascata de coagulação. 
Em termos comerciais, o EDTA é disponibilizado como um spray seco com ade-
rência na parede dos tubos, que pode estar nas formas dipotássico (EDTA-K2), 
tripotássico (EDTA-K3) ou dissódico (EDTA-Na2), com pequenas diferenças de uso 
entre eles, conforme pontuam Silva e outros autores, em Hematologia laborato-
rial: teoria e procedimentos, publicado em 2016. 
A heparina é um mucopolissacarídeo que bloqueia a cascata de coagulação por 
meio da interação com a molécula de antitrombina, importante anticoagulante na-
tural plasmático. Tal interação resulta na inibição dos fatores de coagulação Xa, IXa e 
trombina, o que aumenta significativamente a ação anticoagulante da antitrombina. 
O uso de tubos de coleta de sangue com heparina é indicado principalmente para 
testes de bioquímica e também para imunofenotipagem leucocitária, uma vez que 
tal anticoagulante preserva a viabilidade dos leucócitos por até 24 horas. O citrato 
de sódio, indicado como anticoagulante de escolha para testes de coagulação, atua 
como agente quelante de cálcio. Ao sequestrar os íons Ca2+ presentes na circulação, 
o citrato impede diretamente a continuidade da cascata de coagulação.
Para facilitar a rotina e reduzir o risco de erros pré-analíticos, os tubos de coleta 
de sangue apresentam padronização das tampas, de acordo com o tipo de aditivo 
presente. Dessa forma, os tubos com EDTA, heparina e citrato de sódio possuem 
tampas roxa, verde e azul, respectivamente. Já os tubos para obtenção de soro, que 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 15
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 15 10/03/2021 10:57:42
podem ser secos ou com adição de ativador de coágulo, apresentam tampa verme-
lha. Há, ainda, os tubos para obtenção de soro com gel separador, que apresentam 
tampa amarela. Outra importante padronização durante as etapas pré-analíticas 
é a ordem dos tubos de coleta de sangue, que visa impedir a contaminação da 
amostra com aditivos, microrganismos e líquido tecidual. De acordo com Andriolo 
e outros autores, em Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Me-
dicina Laboratorial para coleta de sangue venoso, publicado em 2010, a ordem atual-
mente aceita foi determinada pelo documento H3-A6 do Clinical and Laboratory 
Standards Institute (CLSI) e pode ser observada no Quadro 1.
Tubos plásticos para coleta de sangue
Ordem Tipo de tubo Cor da tampa
1 Frasco para hemocultura Geralmente amarela
2 Tubo com citrato de sódio Azul clara
3 Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador Vermelha ou amarela
4 Tubo com heparina com ou sem separador Verde
5 Tubo com EDTA Roxa
6 Tubo com fl uoreto de sódio Cinza
Tubos de vidro para coleta de sangue
Ordem Tipo de tubo Cor da tampa
1 Frasco para hemocultura Geralmente amarela
2 Tubo de vidro siliconizado Vermelha 
3 Tubo com citrato de sódio Azul clara
4 Tubo com ativador de coágulo e gel separador Amarela
5 Tubo com heparina com ou sem separador Verde
6 Tubo com EDTA Roxa
7 Tubo com fl uoreto de sódio Cinza
QUADRO 1. PADRONIZAÇÃO DA ORDEM DOS TUBOS DE COLETA DE SANGUE
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separadorTubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Frasco para hemocultura
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separadorTubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Frasco para hemocultura
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Geralmente amarela
Tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel separador
Geralmente amarelaGeralmente amarela
Azul clara
Vermelha ou amarela
Geralmente amarela
Azul clara
Vermelha ou amarela
Geralmente amarela
Azul clara
Vermelha ou amarela
Geralmente amarela
Azul clara
Vermelha ou amarela
Verde
Vermelha ou amarela
Verde
Vermelha ou amarela
Roxa
Vermelha ou amarela
CinzaCinza
Frasco para hemoculturaFrasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Frasco para hemocultura
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo de vidro siliconizado
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com citrato de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com EDTA
Tubo com fl uoreto de sódio
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Geralmente amarela
Tubo com ativador de coágulo e gel separador
Tubo com heparina com ou sem separador
Tubo com fl uoreto de sódio
Geralmente amarela
Tubo com heparina com ou sem separador
Geralmente amarela
Vermelha 
Geralmente amarela
Vermelha 
Geralmente amarela
Vermelha 
Azul clara
Geralmente amarela
Vermelha 
Azul clara
Amarela
Azul clara
Amarela
Verde
Amarela
VerdeVerde
RoxaRoxa
CinzaCinza
Outro aspecto a ser considerado antes da coleta de sangue é o material do 
tubo, que pode ser de vidro ou de plástico. Os tubos de vidro foram conside-
rados padrão-ouro por muitos anos nos laboratórios clínicos, entretanto, com 
a crescente preocupação com biossegurança, o uso de tubos de plástico tem 
ganhado força, uma vez que são mais resistentes, toleram maiores velocidade 
de centrifugação e geram menores quantidades de resíduo após incineração. 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 16
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 16 10/03/2021 10:57:43
No contexto da sorologia, as opções disponíveis para coleta de sangue são 
tubo de vidro seco siliconado (tampa vermelha), tubo de vidro com ativador 
de coágulo e gel separador (tampa amarela), tubo de plástico com ativador de 
coágulo sem gel separador (tampa vermelha) e tubo de plástico com ativador 
de coágulo e gel separador (tampa amarela). 
Após a coleta do sangue nos tubos específi cos, é necessário aguardar um 
determinado período de tempo para que ocorra a coagulação e a retração 
do coágulo antes que seja feita a centrifugação para obtenção do soro. Para 
amostras coletadas em tubos de vidro siliconado, deve-se aguardar 
aproximadamente 60 minutos, já para os tubos com ativador de 
coágulo (com ou sem gel separador), o tempo de espera 
é reduzido para 30 minutos. Logo após esse período, 
os tubos devem ser submetidos à centrifugação en-
tre dez a quinze minutos com rotação aproximada de 
1000–3000 g (ANDRIOLO et al., 2010).
Soluções: concentração e diluição
As soluções são defi nidas como misturas homogêneas compostas por 
duas ou mais substâncias, nas quais a substância dissolvida é chamada de so-
luto e a substância que dissolve é chamada de solvente. De modo simplifi ca-
do, a concentração de uma solução representa a quantidade de soluto presen-
te em uma certa quantidade de solvente. 
Vale salientar que existem diferentes tipos de concentração, uma vez que as 
unidades de medida das substâncias envolvidas na solução podem ser diferen-
tes. A concentração comum ou concentração em massa é aquela determina-
da pela relação entre a massa do soluto e o volume do solvente, que tem como 
unidade no Sistema Internacional (SI) gramas por litro (g/L): 
C = 
m1
v2
(1)
d = 
m1 + m2 
v1 + v2
(2)
A densidade, cuja unidade no SI é dada em gramas por microlitro (g/mL), é 
determinada pela relação entre a massa total e o volume total da solução:
IMUNOLOGIA CLÍNICA 17
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 17 10/03/2021 10:57:43
Por fim, tem-se a concentração molar ou molaridade, que é determinada 
pela relação entre o número de mols do soluto e o volume total da solução cuja 
unidade no SI é dada em mol/L:
M = 
n1
v
(3)
A capacidade que um soluto tem se ser diluído em determinado solvente é cha-
mada de coeficiente de solubilidade, e, em termos gerais, uma solução concen-
trada é aquela cuja quantidade de soluto é maior do que a quantidade de solvente. 
Já uma solução diluída é aquela cuja quantidade de soluto é menor do que a quan-
tidade de solvente. Dessa forma, quando se quer aumentar a concentração de uma 
solução, deve-se aumentar o soluto ou reduzir o solvente; por outro lado, quando se 
quer diluir uma concentração, deve-se aumentar a quantidade de solvente.
Nesse contexto, é possível definir diluição como o procedimento de redução da 
concentração de uma solução por meio de adição de solvente, sem alterar a quan-
tidade de soluto. Na prática, a diluição de uma solução costumaser indicada pelo 
fator de diluição. 
Por exemplo: quando se faz uma diluição de fator 10 de uma determinada so-
lução, entende-se que a solução foi diluída 1/10 ou 1:10 (leia-se 1 para 10), ou seja, 
em dez partes da solução, uma parte é de soluto e nove partes são de solvente. Da 
mesma forma, para preparar uma diluição 1:5, utiliza-se uma parte de soluto para 
quatro partes de solvente, e assim por diante. 
EXEMPLIFICANDO
Suponha que você tenha comprado um kit de ELISA para dosagem de 
prolactina. No kit, a maioria dos reagentes veio pronto para uso, entretanto, 
um deles veio concentrado 10x. Nesse caso, como se deve preparar 10 ml 
do reagente de uso? Bem, antes de usar esse reagente, você deve diluir 1:10 
para que atinja a concentração desejada. Para isso, basta usar uma alíquota 
de 1 mL do reagente concentrado (uma parte) e diluir em 9 mL de diluente 
(nove partes), formando assim uma solução diluída de 10 mL (dez partes).
Um tipo de diluição muito empregada na rotina laboratorial é a chamada 
diluição seriada, que representa um procedimento de diluição progressiva na 
qual o fator de diluição é rapidamente amplificado, o que permite obter solu-
ções com concentrações bem reduzidas de forma eficaz, além de ser extrema-
mente útil quando o volume da solução inicial é escasso. 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 18
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 18 10/03/2021 10:57:43
Nas diluições seriadas, a alíquota (amostra que será diluída) é sempre pro-
veniente do material diluído na etapa anterior e o fator de diluição final é o 
produto dos fatores de diluição em cada etapa. Por exemplo, se você preparar 
uma diluição 1:2 (fator de diluição 2) a partir de uma solução-estoque, para 
fazer uma diluição seriada, você deve diluir novamente essa solução no fator 2, 
obtendo uma nova solução que agora estará diluída 1:4. 
Após diluir novamente essa nova solução 1:4, você terá uma solução 1:8, e 
assim por diante. Apesar da diluição seriada no fator 2 ser a mais comum, ou-
tros fatores podem ser empregados, conforme podemos observar na Figura 2, 
que demonstra uma diluição seriada de fator 10. 
Observe que, para preparar a diluição A, utilizou-se 1 mL da solução esto-
que e 9 mLa de diluente, originando uma diluição 1:10. Em seguida, 1 mL da 
solução A foi acrescentado em outro tubo contendo 9 mL de diluente, o que 
formou uma diluição B de 1:100. Essa solução B foi utilizada 
para preparar a solução C, com adição de 1 mL em 9 mL de 
diluente, dando origem à diluição de 1:1000. Por fim, 1mL 
da solução C foi adicionado em 9 mL de diluente, o que ori-
ginou a solução D com diluição 1:10000.
Figura 2. Esquematização de diluição seriada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/01/2021. (Adaptado).
1 mL 1 mL
1 mL
9 mL
9 mL = água destilada
1 mL = solução-estoque 
diluição
1/10th
diluição
1/100th
diluição
1/1000th
diluição
1/10000th
9 mL 9 mL
1 mL 1 mL 1 mL
A C DB
1 mL 1 mL
IMUNOLOGIA CLÍNICA 19
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 19 10/03/2021 10:57:44
Interação antígeno-anticorpo, anticorpos monoclonais 
e imunização
O estudo da imunologia clínica requer uma base adequada de conhecimen-
tos sobre imunologia básica, principalmente no que se refere à interação entre 
antígenos e anticorpos, que é o ponto crucial para o desenvolvimento dos imu-
noensaios empregados na rotina de um laboratório clínico. Nesse contexto, 
torna-se de importante relembrar diversos conceitos básicos de imunologia, 
como antígeno, epítopo, imunógeno e anticorpo, além de compreender os ti-
pos de forças presentes na formação do complexo antígeno anticorpo, tam-
bém conhecido como complexo imune ou imunocomplexo.
Adicionalmente, várias técnicas laboratoriais empregadas requerem a pro-
dução artifi cial de anticorpos específi cos contra determinados antígenos. A 
produção de uma grande variedade de anticorpos monoclonais com diferentes 
especifi cidades se tornou possível por meio do desenvolvimento da tecnologia 
do hibridoma, em 1975, o que representou um grande avanço científi co que 
tem sido amplamente empregado desde seu surgimento. 
Por fi m, outro aspecto importante no estudo da imunologia clínica é o en-
tendimento dos diferentes tipos de imunização e agentes imunizantes. O pro-
cesso de imunização, tanto ativa quanto passiva, pode ser conferido de modo 
não natural aos indivíduos, o que torna possível o controle de inúmeras doen-
ças de origem infecciosa (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015; LEVINSON, 2014).
Relembrando conceitos básicos em imunologia
Para compreender a formação dos complexos imunes, primeiramente é 
necessário relembrar conceitos importantes de imunologia básica, o que facili-
tará o entendimento da interação antígeno-anticorpo. 
Os antígenos são substâncias que apresentam capacidade de se ligar de 
modo específi co aos anticorpos ou aos receptores dos linfócitos T, que atuam 
como componentes do sistema imune adaptativo. Já os anticorpos, também 
chamados de imunoglobulinas (Ig), são proteínas globulínicas produzidas por 
plasmócitos derivados de linfócitos B capazes de se ligar especifi camente aos an-
tígenos que desencadeiam sua produção durante a resposta imune adaptativa. 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 20
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 20 10/03/2021 10:57:44
As imunoglobulinas desempenham diversos papéis na imunidade adapta-
tiva humoral, dentre as quais se destacam neutralização de microrganismos, 
opsonização e consequente facilitação da fagocitose de patógenos, além da 
ativação do sistema complemento pela via clássica. Em termos estruturais, as 
moléculas de imunoglobulina são simétricas, com formato semelhante à letra 
Y e compostas por quatro cadeias polipeptídicas: duas cadeias leves idênticas 
com cerca de 25 kDa e duas cadeias pesadas também iguais entre si, com 50-
70 kDa cada. Todas as cadeias da molécula do anticorpo apresentam regiões 
constantes, que são essenciais para as funções efetoras, e regiões variáveis, 
que atuam no reconhecimento específico dos epítopos. Dessa forma, o sítio de 
reconhecimento dos antígenos está localizado na justaposição das regiões 
variáveis das cadeias leve e pesada nas imunoglobulinas (Figura 3). 
Diferenças na composição peptídica das regiões variáveis das imunoglobu-
linas são essenciais para determinar a especificidade do reconhecimento anti-
gênico. Entretanto, epítopos muito semelhantes podem desencadear uma rea-
ção cruzada, na qual o sítio de reconhecimento se liga a um antígeno diferente 
daquele para o qual foi especificamente produzido.
Figura 3. Esquematização da estrutura básica das imunoglobulinas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/01/2021. (Adaptado).
Antígeno
Epítopo
Cadeias leves 
Cadeias pesadas 
REGIÕES
VARIÁVEIS 
REGIÕES
CONSTANTES
Sítio de reconhecimento antigênico 
Anticorpo
(imunoglobulina)
IMUNOLOGIA CLÍNICA 21
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 21 10/03/2021 10:57:44
Diferenças na organização estrutural das regiões constantes das cadeias 
pesadas determinam a existência de cinco diferentes classes de imunoglobu-
linas, denominadas IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.
Anticorpos da classe IgA são encontrados na forma de monômeros e díme-
ros no soro e na forma secretada nos fluidos corporais, como saliva, leite, lágri-
mas e suor. Sua função primordial é atuar na proteção de superfícies mucosas. 
Os anticorpos da classe IgD e IgE são encontrados apenas na forma de mo-
nômeros. Enquanto os IgDs atuam como receptores de superfície de linfócitos 
B, os pertencentes à classe IgE estão presentes no soro ou ligados aos mastó-
citos e basófilos, e atuam nas reações de hipersensibilidade de tipos I (também 
conhecidas como hipersensibilidade imediata ou alergia) e na defesa do orga-
nismo contra parasitas helmínticos. 
As IgGs, classe de imunoglobulinas predominante no soro, são anticor-
pos monoméricos encontrados tanto na forma secretada quanto na forma de 
membrana. Entre as funções da IgG na imunidade humoral, incluem-se opso-
nização de microrganismos, ativação do sistemacomplemento e citotoxidade 
mediada por célula dependente de anticorpo (ADCC). Outra característica im-
portante da IgG é que essa classe é a única com capacidade de atravessar a 
barreira transplacentária. 
Por fim, os anticorpos da classe IgM podem ser encontrados na forma de 
monômeros, quando atuam como receptores de linfócitos B, e 
na forma de pentâmeros no soro. A conformação pentamérica 
da IgM faz com que cada molécula desse anticorpo 
apresente dez sítios de reconhecimento antigênico, 
o que permite a aglutinação de partículas infec-
ciosas. Além disso, a IgM é capaz de ativar o sis-
tema complementar pela via alternativa (ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2015; LEVINSON, 2014).
EXPLICANDO
Os anticorpos IgG predominam no soro de recém-nascidos, uma vez que 
são os únicos capazes de atravessar a placenta. Como são originadas 
pelo sistema imune materno, atuam somente na proteção contra patóge-
nos que a mãe já tenha encontrado durante a vida, seja de modo natural 
ou por meio de imunização ativa.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 22
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 22 10/03/2021 10:57:44
Diversos tipos de moléculas biológicas simples e complexas podem atuar 
como antígenos, tais como carboidratos, lipídios, ácidos nucleicos e proteínas. 
Entretanto, a região dos anticorpos responsável pelo reconhecimento antigêni-
co é bem menor do que a grande maioria das macromoléculas e, dessa forma, 
apenas uma pequena porção do antígeno realmente se liga ao anticorpo. Essa 
região delimitada do antígeno que se liga diretamente à molécula do anticorpo 
é denominada determinante antigênico ou epítopo. Quando um antígeno 
apresenta um único epítopo, é chamado de monovalente, já os antígenos que 
possuem vários epítopos idênticos são denominados multi ou polivalentes. 
O termo imunógeno descreve toda e qualquer molécula que apresenta ca-
pacidade de desencadear uma resposta imunológica quando reconhecida pelo 
sistema imune. Embora todo imunógeno seja um antígeno, o inverso não é ver-
dadeiro, pois alguns antígenos pequenos, chamados de haptenos, conseguem 
se ligar aos anticorpos, mas não são capazes de estimular a montagem de uma 
resposta imunológica específi ca. Isso ocorre porque, apesar da possível intera-
ção com anticorpos, os haptenos não conseguem ativar linfócitos T auxiliares 
devido à incapacidade de se ligar às proteínas do complexo principal de histo-
compatibilidade (MHC) (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015; LEVINSON, 2014.).
Tipos de forças envolvidas na interação antígeno-anticorpo
O reconhecimento do antígeno pela molécula de anticorpo ocorre na justa-
posição das regiões variáveis das cadeias leve e pesada e, para que isso ocorra, 
é necessária a formação de uma ligação covalente reversível. A reversibilidade 
da interação antígeno-anticorpo está diretamente relacionada a fatores como 
pH extremo, concentrações elevadas de sal, presença de detergentes e compe-
tição por altas concentrações do epítopo.
A ligação covalente reversível entre antígeno e anticorpo é resultante de 
diversos tipos de interações, que incluem forças eletrostáticas, pontes de hi-
drogênio, forças de van der Waals e ligações hidrofóbicas. 
As forças eletrostáticas representam a interação entre duas cargas elé-
tricas por meio de atração (quando as cargas são iguais) ou repulsão (quando 
as cargas são opostas). Já as forças de van der Waals, por sua vez, são forças 
intermoleculares resultantes da união entre nuvens de cargas elétricas opos-
IMUNOLOGIA CLÍNICA 23
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 23 10/03/2021 10:57:45
tas presentes no antígeno e no anticorpo, as quais podem ser do tipos dipolo-
-dipolo, dipolo induzido-dipolo induzido e ligações de hidrogênio. As ligações 
ou pontes de hidrogênio são forças intermoleculares permanentes, nas quais 
o polo positivo é sempre o hidrogênio e o polo negativo pode ser nitrogênio, 
oxigênio ou fl úor (FORTE, 2015; ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
Para avaliar a força da interação entre o antígeno e a molécula de anticorpo, 
são empregados os conceitos de afi nidade, avidez e valência. 
A afi nidade de um anticorpo é determinada pela força de ligação entre uma 
única região de reconhecimento na molécula de imunoglobulina e o epítopo do 
antígeno. Como antígenos polivalentes apresentam vários epítopos em sua es-
trutura, a força da ligação do antígeno ao anticorpo é decorrente da interação 
de todos esses epítopos com as regiões de reconhecimento disponíveis. 
Dessa forma, na presença de vários epítopos no mesmo antígeno, pode-se 
dizer que a avidez é a soma de todas as afi nidades. Na prática, a avidez está 
mais diretamente relacionada à força de ligação entre antígeno e anticorpo, 
uma vez que moléculas de anticorpos como a IgM, que apresentam estrutura 
pentamérica, podem se ligar fortemente a antígenos polivalentes, pois apre-
sentam grande quantidade de sítios de reconhecimento disponíveis, o que au-
menta a avidez da interação. 
Por fi m, a valência de um anticorpo pode ser defi nida como o nú-
mero de epítopos que ele pode reconhecer. Lembrando que 
anticorpos na forma de monômeros, dímeros e pentâmeros 
apresentam dois, quatro e dez sítios de reconhecimento, 
respectivamente. 
Anticorpos monoclonais: obtenção por hibridomas e 
aplicações
Os anticorpos monoclonais (mAB, do inglês monoclonal antibody) são imu-
noglobulinas produzidas por um único clone de linfócitos B e, portanto, apre-
sentam a mesma especifi cidade de reconhecimento de antígenos, uma vez que 
as imunoglobulinas produzidas por plasmócitos idênticos têm exatamente a 
mesma estrutura nas regiões variáveis das cadeias leve e pesada, que são res-
ponsáveis pelo reconhecimento dos epítopos antigênicos.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 24
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 24 10/03/2021 10:57:45
EXPLICANDO
Um clone de células é definido como o conjunto de células geneticamente 
idênticas derivadas de uma única célula precursora. Cada clone de linfó-
citos B apresenta o mesmo receptor de superfície (BCR, do inglês B cell 
receptor), que é um complexo formado por uma imunoglobulina (IgD ou 
IgM) e duas moléculas de sinalização denominadas Igα e Igβ.
As células clonais são observadas na composição das massas tumorais, 
uma vez que os tumores são originados a partir da expansão clonal de cé-
lulas inicialmente mutadas. Nesse contexto, um tipo específico de tumor 
maligno denominado plasmocitoma é formado pela proliferação excessiva 
e descontrolada de plasmócitos idênticos, todos produtores de um mesmo 
tipo de anticorpo. 
A partir do estudo dos plasmocitomas produtores de anticorpos mono-
clonais, tornou-se possível o desenvolvimento da tecnologia dos hibrido-
mas. Isso ocorreu no ano de 1975 e foi descoberto pelos cientistas César 
Milstein e Georges Köhler, que publicaram suas descobertas no artigo inti-
tulado “Continuous cultures of fused cells secreting antibody of predefined 
specificity”. Tal descoberta rendeu aos autores o Prêmio Nobel em Medicina, 
no ano de 1984. 
A nova tecnologia descrita no artigo possibilitou uma revolução na 
produção de imunoglobulinas, o que permitiu o desenvolvimento de uma 
gama enorme de anticorpos monoclonais com especificidades distintas. 
A tecnologia do hibridoma, tam-
bém chamada de hibridização celu-
lar somática, é baseada na formação 
de uma célula híbrida que resulta da 
fusão de plasmócitos produtores de 
determinado anticorpo com células 
tumorais de mieloma. O uso de células 
tumorais juntamente com os plasmó-
citos confere uma elevada capacidade 
proliferativa ao hibridoma, o que é 
essencial para a obtenção de grandes 
quantidades de anticorpos. 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 25
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 25 10/03/2021 10:57:45
A diferenciação de linfócitos B em plasmócitos produ-
tores do tipo específico de imunoglobulina de interesse é 
estimulada por meio da injeção do antígeno em uma co-
baia de laboratório. Após a fusão celular, 
a célula híbrida obtida é estimulada a 
proliferar, dando origema um clone 
de células-filhas idênticas, todas 
produtoras do mesmo anticorpo 
monoclonal. Os hibridomas são, 
portanto, células híbridas com capa-
cidade de replicação contínua e pro-
dução simultânea de imunoglobulinas específicas direcionadas contra um 
determinado antígeno.
Resumidamente, a produção dos hibridomas ocorre em diversas etapas 
sequenciais da seguinte maneira: primeiramente, é feita a administração 
do antígeno de interesse em camundongos, os quais se tornam imunizados 
e passam a produzir anticorpos específicos contra o antígeno. Em seguida, 
células do baço dos camundongos imunizados contendo plasmócitos são 
retiradas e incubadas na presença de células de mieloma, que são negativas 
para expressão do gene que codifica a enzima hipoxantina-guanina fosfor-
ribosiltransferase (HGPRT). 
A incubação das células deve ser feita na presença de polietilenoglicol 
(PEG) diluído em meio de cultura com dimetilsulfóxido (DMSO), para que 
ocorra a fusão das membranas celulares. Depois da fusão, as células são 
transferidas para o meio de cultura HAT (hipoxantina, aminopterina e timidi-
na), que mantém a viabilidade das células que expressam HGPRT (Figura 4). 
Dessa forma, as células do mieloma que não se fundiram não sobrevivem, 
pois expressam a enzima. Já os linfócitos B são células sensíveis à cultura e 
não sobrevivem por longos períodos incubados in vitro. Sendo assim, após 
um período de tempo, somente as células híbridas permanecem viáveis no 
meio HAT. Por fim, é feita a detecção e a quantificação das imunoglobulinas 
produzidas para verificar a especificidade do hibridoma produzido e, em 
seguida, é feita a clonagem e a preservação das células híbridas (COELHO, 
2014; PRAMPERO, 2017). 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 26
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 26 10/03/2021 10:57:45
Figura 4. Tecnologia dos hibridomas para produção de anticorpos monoclonais. Fonte: TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 508.
A princípio os anticorpos monoclonais disponíveis eram produzidos em 
laboratório, a partir de linfócitos B isolados de camundongos sensibilizados 
com o antígeno de interesse. Devido à origem murina dos linfócitos B que 
formavam o hibridoma, a administração dos anticorpos monoclonais de-
sencadeava uma forte resposta imune direcionada contra as imunoglobuli-
nas administradas, com produção de anticorpos anti-imunoglobulinas pelo 
sistema imune do paciente. 
Tal resposta imune indesejada inativava a ação terapêutica dos anticor-
pos monoclonais, além de induzir possíveis reações adversas no organismo. 
Essa limitação do uso dos anticorpos monoclonais fez com que, inicialmen-
te, eles fossem empregados apenas com finalidade de pesquisa científica 
e de diagnóstico laboratorial em imunoensaios diversos, o que aumentou 
significativamente a especificidade dos testes imunológicos.
Antígeno
Suspensão de 
células do baço 
1. Um camundongo é injetado com um 
antígeno específico, que induzirá 
anticorpos contra o antígeno.
4. A mistura de células é 
colocada em um meio 
seletivo que permite o 
crescimento apenas das 
células híbridas. 
5. As células híbridas se 
proliferam em clones 
chamados de 
hibridomas. Os hibridomas 
são selecionados após 
triagem para a produção 
do anticorpo desejado. 
6. Os hibridomas selecionados 
são cultivados para produzir 
grandes quantidades de 
anticorpos monoclonais. 
2. O baço do camundongo é removido e 
homogeneizado em uma suspensão 
celular. A suspensão contém células B 
que produzem anticorpos contra o 
antígeno injetado. 
3. As células do baço são, então, 
misturadas com células de mieloma que 
são capazes de crescimento contínuo em 
cultura, mas perderam a habilidade de 
produzir anticorpos. Algumas das células 
do baço produtoras de anticorpos e as 
células de mieloma se fundem para 
formar células híbridas. Essas células 
híbridas são, agora, capazes de crescer 
continuamente em cultura enquanto 
produzem anticorpos. 
A fusão de células de mieloma cultivadas 
(células B cancerosas) com células do 
baço produtoras de anticorpos forma um 
hibridoma. Hibridomas podem ser 
cultivados para produzir grandes 
quantidades de anticorpos idênticos, 
chamados de anticorpos monoclonais. 
Células do baço 
Células de mieloma 
Células híbridas 
Célula de mieloma 
Conceito-chave 
Célula do baço 
Suspensão de 
células de 
mieloma 
Célula híbrida
Hibridomas
Anticorpos 
monoclonais 
desejados 
Células de mieloma cultivadas 
(células B cancerosas)
Baço
IMUNOLOGIA CLÍNICA 27
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 27 10/03/2021 10:57:50
Com o desenvolvimento da biotecnologia e da engenharia genética, a tecno-
logia para produção de anticorpos monoclonais foi progressivamente aprimo-
rada, com o intuito de reduzir a imunogenicidade dos anticorpos monoclonais 
produzidos. Primeiramente, foram desenvolvidos anticorpos quiméricos, nos 
quais a tecnologia do DNA recombinante permite a substituição de partes da 
estrutura das imunoglobulinas murinas por humanas, com redução significa-
tiva da imunogenicidade do anticorpo produzido, conforme pontuado por Del-
ves e colaboradores, em Roitt, Fundamentos de imunologia, publicado em 2013. 
EXPLICANDO
A tecnologia do DNA recombinante é um conjunto de procedimentos e técnicas 
que permite a manipulação do material genético dos organismos, com conse-
quente alteração de determinada característica fenotípica. Em termos práticos, 
com essa tecnologia é possível identificar, extrair e isolar genes de interesse 
de uma célula doadora, que posteriormente são transferidos para outra célula 
que não possui tal gene em seu genoma. Dessa forma, uma molécula de DNA 
recombinante possui material genético de duas ou mais fontes diferentes.
Posteriormente, com o intuito de reduzir ainda mais a imunogenicidade 
dos anticorpos monoclonais produzidos, teve início o desenvolvimento dos 
chamados anticorpos humanizados. Em termos práticos, nas imunoglobuli-
nas humanizadas os sítios de reconhecimento antigênico têm origem animal, 
enquanto o restante da molécula tem origem humana. O avanço das técnicas 
de engenharia genética e a tecnologia do DNA recombinante possibilitaram a 
produção de anticorpos monoclonais totalmente humanos, sem qualquer ves-
tígio de origem animal em sua composição (MARQUES, 2005; MURPHY, 2014).
Desde seu desenvolvimento, os anticorpos monoclonais têm sido emprega-
dos no contexto da imunologia clínica como reagentes em testes laboratoriais 
para imunodiagnóstico de tumores, doenças infecciosas, problemas autoimu-
nes e imunodeficiências. Mais recentemente, o uso dos anticorpos monoclo-
nais para imunoterapia tem ganhado destaque, especialmente no tratamento 
do câncer e doenças autoimunes. 
Para nomear os fármacos de origem monoclonal, utiliza-se um padrão pré-
-estabelecido que facilita o entendimento do alvo terapêutico e da origem do 
anticorpo. De acordo com essa norma, o nome do fármaco é formado por qua-
tro partes, sendo um prefixo, dois infixos e um sufixo. O prefixo é dado pela 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 28
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 28 10/03/2021 10:57:50
sílaba inicial escolhida para nomear o medicamento; o primeiro infi xo é usado 
para indicar o seu alvo de ação, enquanto o segundo infi xo é relacionado à ori-
gem do anticorpo monoclonal. Os principais infi xos utilizados estão demons-
trados no Quadro 2. Por fi m, o sufi xo utilizado é sempre mabe, que indica que 
o fármaco é um anticorpo monoclonal (SANTOS et al., 2006).
Primeiro infi xo Segundo infi xo
Alvo ou doença Origem
vir Viral
a Rato
bac Bacteriano
les Lesões
e Hamster
cir Cardiovascular
col Tumor de cólon
i Primata
mel Melanoma
mar Tumor de mama
o Camundongo
got Tumor de testículo
gov Tumor ovariano
u Humano
pro Tumor de próstata
tu 
Miscelânia zu Humanizado
tum
QUADRO 2. INFIXOS EMPREGADOS NA NOMENCLATURA DE ANTICORPOS 
MONOCLONAIS
Viral
BacterianoBacterianoBacteriano
Lesões
Cardiovascular
Bacteriano
Lesões
Cardiovascular
Tumor de cólon
CardiovascularTumor de cólon
Cardiovascular
Tumor de cólon
Melanoma
Tumor de mama
Cardiovascular
Tumor de cólon
Melanoma
Tumor de mama
Tumor de testículo
Tumor de cólon
Melanoma
Tumor de mama
Tumor de testículo
Melanoma
Tumor de mama
Tumor de testículo
Tumor ovariano
Tumor de mama
Tumor de testículo
Tumor ovariano
Tumor de próstata
Tumor de mama
Tumor de testículo
Tumor ovariano
Tumor de próstata
Tumor de testículo
Tumor ovariano
Tumor de próstata
Tumor ovariano
Tumor de próstata
Miscelânia
Tumor de próstata
Miscelânia
Tumor de próstata
MiscelâniaMiscelânia
RatoRato
HamsterHamsterHamster
PrimataPrimataPrimata
CamundongoCamundongoCamundongoCamundongo
HumanoHumanoHumano
HumanizadoHumanizadoHumanizadoHumanizado
No Brasil, de acordo com a lista de preço de medicamentos disponibilizada pela 
Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (ANVISA), estão atualmente disponíveis aproximadamente 
60 anticorpos monoclonais com atividade terapêutica. No Quadro 3, estão alguns 
dos anticorpos monoclonais mais utilizados para terapêutica no país.
ASSISTA
Para saber mais sobre a produção de anticorpos mono-
clonais para uso em imunoterapia do Instituto Butantã, 
assista ao vídeo Fábrica de Anticorpos Monoclonais.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 29
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 29 10/03/2021 10:57:50
Nome Tipo MAB Alvo de ação Principal indicação
Abciximabe Quimérico Receptor GPIIb/IIIa Inibição de agregação plaquetária
Adalimumabe Humano Receptor de fator de necrose tumoral (TNF)
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Alentuzumabe Humanizado Glicoproteína de superfície CD52 Esclerose múltipla
Avelumabe Humano Ligante PD-L1 Carcinoma metastático de células de Merkel 
Benralizumabe Humanizado Receptor de interleucina 5 (IL-5)
Asma grave com fenótipo 
eosinofílico
Bevacizumabe Humanizado Receptor do fator VEGF Carcinoma colorretal
Canaquinumabe Humano Interleucina 1 (IL-1) Artrite idiopática juvenil
Cetuximabe Quimérico Receptor do fator EGF Carcinoma colorretal e de pulmão
Denosumabe Humano Proteína RANKL Osteoporose
Evolocumabe Humano Pró-proteína PCSK9 Hipercolesterolemia familiar
Fremanezumabe Humanizado Peptídeo CGRP Profi laxia da enxaqueca
Infl iximabe Quimérico Fator de necrose tumoral (TNF)
Doença de Crohn e artrite 
reumatoide
Lanadelumabe Humano Calicreína plasmática ativa (pKal)
Crises de angioedema 
hereditário 
Natalizumabe Humanizado Integrina α4β1 Esclerose múltipla
Obinutuzumabe Humanizado Glicoproteína de superfície CD20
Leucemia linfocítica crônica 
(LLC)
Omalizumabe Humanizado Anticorpos IgE livres circulantes Asma e DPOC
Panitumumabe Humano Receptor de EGF Carcinoma colorretal metastático
Rituximabe Humanizado Proteína de superfície CD20 Linfoma não Hodgkin
QUADRO 3. PRINCIPAIS ANTICORPOS MONOCLONAIS (mABS) DE USO TERAPÊUTICO 
NO BRASIL
QuiméricoQuiméricoQuimérico
HumanoHumano
Humanizado
Humano
Humanizado
Receptor GPIIb/IIIa
Humanizado
Humano
Receptor GPIIb/IIIa
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Humanizado
Humano
Receptor GPIIb/IIIa
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Humano
Humanizado
Receptor GPIIb/IIIa
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Glicoproteína de 
Humanizado
Humanizado
Receptor GPIIb/IIIa
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Glicoproteína de 
superfície CD52
Humanizado
Humanizado
Receptor GPIIb/IIIa
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Glicoproteína de 
superfície CD52
Humanizado
Humanizado
Humano
Receptor de fator de 
necrose tumoral (TNF)
Glicoproteína de 
superfície CD52
Ligante PD-L1
Receptor de interleucina 
Humanizado
Humano
Quimérico
necrose tumoral (TNF)
Glicoproteína de 
superfície CD52
Ligante PD-L1
Receptor de interleucina 
Humano
Quimérico
Inibição de agregação 
Glicoproteína de 
superfície CD52
Ligante PD-L1
Receptor de interleucina 
Receptor do fator VEGF
Quimérico
Humano
Inibição de agregação 
Doenças autoimunes (colite, 
Ligante PD-L1
Receptor de interleucina 
5 (IL-5)
Receptor do fator VEGF
Quimérico
Humano
Humano 
Inibição de agregação 
plaquetária
Doenças autoimunes (colite, 
Receptor de interleucina 
5 (IL-5)
Receptor do fator VEGF
Interleucina 1 (IL-1)
Humano
Humano 
Inibição de agregação 
plaquetária
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Receptor de interleucina 
5 (IL-5)
Receptor do fator VEGF
Interleucina 1 (IL-1)
Receptor do fator EGF
Humano 
Inibição de agregação 
plaquetária
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
Receptor de interleucina 
Receptor do fator VEGF
Interleucina 1 (IL-1)
Receptor do fator EGF
Inibição de agregação 
plaquetária
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
Receptor de interleucina 
Receptor do fator VEGF
Interleucina 1 (IL-1)
Receptor do fator EGF
Proteína RANKL
Inibição de agregação 
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
Asma grave com fenótipo 
Receptor do fator VEGF
Interleucina 1 (IL-1)
Receptor do fator EGF
Proteína RANKL
Pró-proteína PCSK9
Doenças autoimunes (colite, 
artrite e outras)
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
células de Merkel 
Asma grave com fenótipo 
Interleucina 1 (IL-1)
Receptor do fator EGF
Proteína RANKL
Pró-proteína PCSK9
Doenças autoimunes (colite, 
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
células de Merkel 
Asma grave com fenótipo 
Receptor do fator EGF
Proteína RANKL
Pró-proteína PCSK9
Esclerose múltipla
Carcinoma metastático de 
células de Merkel 
Asma grave com fenótipo 
eosinofílico
Carcinoma colorretal
Receptor do fator EGF
Proteína RANKL
Pró-proteína PCSK9
Carcinoma metastático de 
células de Merkel 
Asma grave com fenótipo 
eosinofílico
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Pró-proteína PCSK9
Carcinoma metastático de 
células de Merkel 
Asma grave com fenótipo 
eosinofílico
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
Pró-proteína PCSK9
Carcinoma metastático de 
Asma grave com fenótipo 
eosinofílico
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
Asma grave com fenótipo 
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
Hipercolesterolemia familiar
Asma grave com fenótipo 
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
pulmão
Osteoporose
Hipercolesterolemia familiar
Carcinoma colorretal
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
pulmão
Osteoporose
Hipercolesterolemia familiar
Artrite idiopática juvenil
Carcinoma colorretal e de 
pulmão
Osteoporose
Hipercolesterolemia familiar
Carcinoma colorretal e de 
Osteoporose
Hipercolesterolemia familiar
Carcinoma colorretal e de 
Osteoporose
Hipercolesterolemia familiarHipercolesterolemia familiarHipercolesterolemia familiarHipercolesterolemia familiar
HumanizadoHumanizado
Quimérico
Humanizado
Quimérico
Humanizado
QuiméricoQuimérico
Humano
Humanizado
Humano
Humanizado
Peptídeo CGRP
Fator de necrose 
Humanizado
Humanizado
Peptídeo CGRP
Fator de necrose 
tumoral (TNF)
Humanizado
Humanizado
Peptídeo CGRP
Fator de necrose 
tumoral (TNF)
Calicreína plasmática 
Humanizado
Humanizado
Humanizado
Peptídeo CGRP
Fator de necrose 
tumoral (TNF)
Calicreína plasmática 
Humanizado
Humanizado
Fator de necrose 
tumoral (TNF)
Calicreína plasmática 
ativa (pKal)
Integrina α4β1
Humanizado
Humano
Fator de necrose 
tumoral (TNF)
Calicreína plasmática 
ativa (pKal)
Integrina α4β1
Glicoproteína de 
Humanizado
Humano
Humanizado
Calicreína plasmática 
ativa (pKal)
Integrina α4β1
Glicoproteína de 
superfície CD20
Humano
Humanizado
Profi laxia da enxaqueca
Calicreína plasmática 
ativa (pKal)
Integrina α4β1
Glicoproteína de 
superfície CD20
Anticorpos IgE livres 
Humanizado
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn eartrite 
Integrina α4β1
Glicoproteína de 
superfície CD20
Anticorpos IgE livres 
Humanizado
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
Glicoproteína de 
superfície CD20
Anticorpos IgE livres 
circulantes
Receptor de EGF
Humanizado
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
Crises de angioedema 
Glicoproteína de 
superfície CD20
Anticorpos IgE livres 
circulantes
Receptor de EGF
Proteína de superfície 
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
reumatoide
Crises de angioedema 
Anticorpos IgE livres 
circulantes
Receptor de EGF
Proteína de superfície 
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
reumatoide
Crises de angioedema 
Leucemia linfocítica crônica 
Anticorpos IgE livres 
Receptor de EGF
Proteína de superfície 
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
reumatoide
Crises de angioedema 
hereditário 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
Receptor de EGF
Proteína de superfície 
CD20
Profi laxia da enxaqueca
Doença de Crohn e artrite 
reumatoide
Crises de angioedema 
hereditário 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
Receptor de EGF
Proteína de superfície 
CD20
Doença de Crohn e artrite 
Crises de angioedema 
hereditário 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
Proteína de superfície 
Crises de angioedema 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
Proteína de superfície 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
(LLC)
Asma e DPOC
Carcinoma colorretal 
Esclerose múltipla
Leucemia linfocítica crônica 
(LLC)
Asma e DPOC
Carcinoma colorretal 
Leucemia linfocítica crônica 
Asma e DPOC
Carcinoma colorretal 
metastático
Linfoma não Hodgkin
Leucemia linfocítica crônica 
Asma e DPOC
Carcinoma colorretal 
metastático
Linfoma não Hodgkin
Carcinoma colorretal 
metastático
Linfoma não Hodgkin
Carcinoma colorretal 
metastático
Linfoma não Hodgkin
Carcinoma colorretal 
Linfoma não HodgkinLinfoma não HodgkinLinfoma não Hodgkin
Imunização ativa e passiva
A aquisição de proteção imunológica contra doenças infecciosas, processo deno-
minado imunização, pode ser adquirida pelo organismo de modo ativo ou passivo. 
Na imunização ativa, o desenvolvimento da resposta imunológica ocorre 
após a exposição ao antígeno específi co, o que confere participação ativa do siste-
IMUNOLOGIA CLÍNICA 30
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 30 10/03/2021 10:57:51
ma imune do indivíduo no processo de produção de anticorpos e células T efetoras, 
com aquisição de resposta imune humoral e celular. Essa imunização geralmente é 
de longa duração, porém requer um período de tempo maior para sua elaboração. 
O contato com o antígeno na imunização ativa pode ocorrer de forma natural, 
durante infecções clínicas e subclínicas, e também de modo artificial, por meio da 
administração de vacinas produzidas com antígenos vivos ou inativos, além de pro-
dutos microbianos como toxinas e toxoides (Figura 5). 
Já a imunização passiva, cujo desenvolvimento não requer participação dire-
ta do sistema imune do indivíduo, é conferida após a administração de anticorpos 
pré-formados pelo organismo de outro hospedeiro (Figura 5). Dessa forma, o proce-
dimento básico para imunização passiva é o recebimento de soro com imunoglobu-
linas que foram produzidas especificamente contra o antígeno que desencadeou a 
resposta imune no organismo produtor. 
Em casos de doenças causadas por toxinas bacterianas, como difteria, tétano e 
botulismo, os anticorpos pré-formados da imunização passiva são administrados 
pela injeção de soro contendo antitoxinas específicas que neutralizam as toxinas 
produzidas pelas bactérias. 
Outro exemplo clássico de imunização passiva é o que ocorre nos recém-nascidos, 
que recebem anticorpos da classe IgG produzidos pelo sistema imune materno por 
meio da circulação transplacentária. A grande desvantagem da imunização passiva é 
que ocorre apenas imunidade humoral, com aquisição de proteção de curta duração.
Figura 5. Tipos de imunização da imunidade adquirida. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/01/2021. 
Natural 
 
Anticorpos
produzidos em
resposta à
infecção
Artificial 
 
Anticorpos
produzidos em
resposta à
vacinação
Natural
Anticorpos
recebidos da mãe 
por meio da
amamentação
Imunidade passivaImunidade ativa
Artificial
Anticorpos
recebidos por
administração de soro
com imunoglobulinas
pré-formadas
Imunização desenvolvida ao longo da vida
IMUNOLOGIA CLÍNICA 31
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 31 10/03/2021 10:57:51
O soro homólogo, produzido por organismos da mesma espécie do indiví-
duo que irá recebê-lo, apresenta baixo risco de desencadear reações de hiper-
sensibilidade, porém tem risco maior de transmissão de doenças infecciosas. 
Por outro lado, o soro heterólogo, produzido por espécies diferentes da es-
pécie-alvo, não traz risco de transmissão de doenças infeccio-
sas, mas apresenta risco elevado de desencadear reações 
de hipersensibilidade, com possível desencadeamento de 
reação anafi lática grave, além de deposição de imunocom-
plexos (LEVINSON, 2014; ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
Boas práticas e controle de qualidade laboratorial 
 A compreensão de que o ambiente laboratorial é uma rede complexa de 
interações humanas, tecnológicas, educativas e normativas favorece a redução 
de erros e o aumento do padrão de qualidade do serviço prestado. 
Essa rede complexa de atividades tem sido diretamente afetada pelo pro-
gressivo avanço técnico e científi co, o que possibilita um número crescente de 
novos exames complementares disponíveis. 
Conforme pontuado por Westgard e Darcy, em “The truth about quality: 
medical usefulness and analytical reliability of Laboratory tests”, publicado em 
2004, estima-se que aproximadamente 70% das decisões médicas sejam em-
basadas na análise de resultados de exames laboratoriais, o que evidencia a 
necessidade de emissão de resultados confi áveis para garantir maior seguran-
ça nas decisões clínicas.
Nesse contexto, o laboratório clínico deve priorizar o fornecimento de 
resultados fi dedignos e de qualidade. Para isso, é imprescindível que todos 
os envolvidos na rotina laboratorial trabalhem com disciplina, organização 
e consciência ética, além de que respeitem as normas de biossegurança e 
legislação pertinente, de acordo com o tipo de atividade exercida em cada 
ambiente de trabalho. 
Dessa forma, pode-se concluir que a qualidade fi nal do serviço prestado 
pelo laboratório clínico é resultante de um intensivo plano de ação de qualida-
de aliado a normas de biossegurança e programas de educação continuada de 
seus gestores e funcionários.
IMUNOLOGIA CLÍNICA 32
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 32 10/03/2021 10:57:51
Boas práticas em laboratório e noções básicas de 
biossegurança
As boas práticas laboratoriais (BPL) representam um sistema complexo de 
qualidade que envolve procedimentos de organização, planejamento, execu-
ção, monitoramento, registro e arquivamento de exames, com o intuito de 
permitir a rastreabilidade de todas as etapas da rotina e visando o padrão de 
qualidade dos resultados obtidos.
Uma das principais ferramentas empregadas para o cumprimento dessas 
boas práticas é a utilização sistemática de procedimentos operacionais pa-
drão (POPs), que são documentos que devem conter informações detalhadas 
sobre todas as etapas dos processos executados durante a rotina do laborató-
rio. Tais documentos devem ser redigidos de forma clara e precisa para que a 
rotina possa ser executada sempre da mesma forma e com a mesma qualidade 
(MOLINARO et al., 2010). 
Além disso, os arquivos com os POPs do laboratório devem estar sempre 
disponíveis, ser de fácil acesso aos funcionários e todas as mudanças feitas na 
rotina laboratorial devem ser adicionadas no documento. Após a formulação 
inicial do POP, o ideal é que sejam feitas revisões periódicas do conteúdo para 
possíveis ajustes e correções.
Para a correta execução dos procedimentoslaboratoriais, tanto a qualida-
de dos equipamentos quanto dos reagentes é de essencial importância. Todos 
os equipamentos devem ser periodicamente revisados e calibrados, além de 
necessitarem de condições ambientais favoráveis de temperatura e umidade 
para o funcionamento ideal. 
A calibração de um equipamento é o conjunto de atividades e operações pe-
riódicas para verifi car a correspondência entre os valores indicados 
por ele e os valores obtidos por um padrão de referência, garan-
tindo que os resultados obtidos na rotina estejam cor-
retos. Adicionalmente, a operação e a manutenção 
desses equipamentos devem ser feitas por profi s-
sionais devidamente capacitados, e todas as ope-
rações, incluindo as atividades de manutenção e 
limpeza, devem ser descritas em POPs específi cos. 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 33
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 33 10/03/2021 10:57:51
Os materiais e reagentes empregados na rotina laboratorial também de-
vem ser rigorosamente verificados para garantir a qualidade do serviço. É im-
prescindível conhecer a procedência, a validade e os meios corretos de uso e 
armazenamento de todas as substâncias, além de conhecer os certificados de 
controle de qualidade dos fornecedores.
A biossegurança pode ser definida como o conjunto de medidas, ações 
e metodologias que visam minimizar ou eliminar os potenciais riscos que as 
atividades de pesquisa, ensino, produção, tecnologia e prestação de serviços 
possam causar à saúde do homem, dos animais e ao meio ambiente. Todos os 
laboratórios, sejam eles de diagnóstico, pesquisa ou desenvolvimento, devem 
adotar planos de biossegurança vinculados a planos de educação continuada 
dos trabalhadores envolvidos. 
Nesse contexto, os laboratórios clínicos de imunologia devem seguir nor-
mas rígidas de biossegurança para garantir a proteção dos profissionais, que 
em toda a rotina laboratorial estão em exposição constante a riscos físicos, quí-
micos e biológicos. Vale salientar que o risco é definido como a probabilidade 
de concretização de uma situação de perigo, que por sua vez é definido como 
uma condição capaz de causar ou contribuir para o dano. 
Em termos práticos, a biossegurança no Brasil pode ser dividida em duas ver-
tentes: a biossegurança legal e a biossegurança prática. A biossegurança legal 
é determinada pela Nova Lei de Biossegurança, regulamentada no ano de 2005, 
que estabelece a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), cuja 
função primordial é tratar de questões voltadas aos organismos geneticamente 
modificados (OMGs) e células-tronco embrionárias. Já a biossegurança prática 
é aquela vivenciada na rotina dos estabelecimentos de saúde e laboratórios em 
geral, que tem como foco a administração dos riscos ocupacionais por agentes 
físicos, químicos, ergonômicos e biológicos no ambiente de trabalho. 
Entre os possíveis riscos físicos presentes em um laboratório clínico, desta-
cam-se ruídos, vibrações, temperaturas extremas e radiações. Já entre os ris-
cos químicos, incluem-se substâncias químicas presentes em poeiras, névoas, 
gases e vapores, além dos reagentes e ativos que podem entrar em contato 
com a pele e vias respiratórias. Os riscos ergonômicos consistem em movi-
mentos repetitivos, jornada prolongada de trabalho, tensões, posições monó-
tonas e exigência de atenção e concentração. Por fim, os riscos biológicos são 
IMUNOLOGIA CLÍNICA 34
SER_FARMA_IMUNOCLI_UNID1.indd 34 10/03/2021 10:57:51
representados por diferentes tipos de patógenos, tais como vírus, bactérias, 
fungos e protozoários que podem estar presentes nas amostras clínicas. De 
acordo com o risco potencial que representam para a saúde humana, tais mi-
crorganismos são organizados em diferentes classes, como pode ser observa-
do no Quadro 4. 
  Risco 1 Risco 2 Risco 3 Risco 4
Descrição
Ausência de 
risco ou baixo 
risco, tanto 
individual quanto 
coletivo. Não 
são capazes de 
causar doenças 
em indivíduos 
adultos 
saudáveis.
Moderado risco 
individual e baixo 
risco coletivo. 
Capazes de 
infectar homens 
e animais, 
com limitado 
potencial de 
propagação 
e presença 
de medidas 
profi láticas e 
terapêuticas.
Elevado risco 
individual e 
moderado risco 
comunitário. 
Causam doenças 
com possível 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Geralmente 
há medidas de 
tratamento e 
prevenção.
Alto risco 
individual e 
coletivo, com 
elevado poder 
de transmissão 
respiratório ou 
via desconhecida. 
Causam 
doenças graves 
com ausência 
de medidas 
profi láticas e 
terapêuticas.
Exemplos
Bacillus subtillis Escherichia coli Mycobacterium leprae Vírus Ebola
 Lactobacillus 
casei Vírus da hepatite Bacillus anthracis Vírus Mapucho
Helminthosporium 
spp.
Schistosoma 
mansoni
HIV e vírus 
da raiva Vírus Junin
QUADRO 4. CLASSIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS QUANTO AO RISCO BIOLÓGICO
Ausência de 
risco ou baixo 
Ausência de 
risco ou baixo 
risco, tanto 
individual quanto 
Ausência de 
risco ou baixo 
risco, tanto 
individual quanto 
coletivo. Não 
Ausência de 
risco ou baixo 
risco, tanto 
individual quanto 
coletivo. Não 
são capazes de 
causar doenças 
risco ou baixo 
risco, tanto 
individual quanto 
coletivo. Não 
são capazes de 
causar doenças 
em indivíduos 
Moderado risco 
individual e baixo 
individual quanto 
coletivo. Não 
são capazes de 
causar doenças 
em indivíduos 
Moderado risco 
individual e baixo 
individual quanto 
coletivo. Não 
são capazes de 
causar doenças 
em indivíduos 
adultos 
saudáveis.
Moderado risco 
individual e baixo 
risco coletivo. 
são capazes de 
causar doenças 
em indivíduos 
adultos 
saudáveis.
Moderado risco 
individual e baixo 
risco coletivo. 
Capazes de 
infectar homens 
causar doenças 
em indivíduos 
adultos 
saudáveis.
Moderado risco 
individual e baixo 
risco coletivo. 
Capazes de 
infectar homens 
e animais, 
Bacillus subtillis
saudáveis.
individual e baixo 
risco coletivo. 
Capazes de 
infectar homens 
e animais, 
com limitado 
potencial de 
Bacillus subtillis
Capazes de 
infectar homens 
e animais, 
com limitado 
potencial de 
propagação 
Bacillus subtillis
 Lactobacillus 
infectar homens 
e animais, 
com limitado 
potencial de 
propagação 
e presença 
Elevado risco 
Bacillus subtillis
 Lactobacillus 
Helminthosporium 
com limitado 
potencial de 
propagação 
e presença 
de medidas 
profi láticas e 
Elevado risco 
individual e 
moderado risco 
Bacillus subtillis
 Lactobacillus 
casei
Helminthosporium 
potencial de 
propagação 
e presença 
de medidas 
profi láticas e 
terapêuticas.
Elevado risco 
individual e 
moderado risco 
comunitário. 
Causam doenças 
 Lactobacillus 
casei
Helminthosporium 
Elevado risco 
individual e 
moderado risco 
comunitário. 
Causam doenças 
e presença 
de medidas 
profi láticas e 
terapêuticas.
com possível 
Escherichia coli
Helminthosporium 
spp.
individual e 
moderado risco 
comunitário. 
Causam doenças 
de medidas 
profi láticas e 
terapêuticas.
com possível 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Escherichia coli
Helminthosporium 
spp.
moderado risco 
comunitário. 
Causam doenças 
profi láticas e 
terapêuticas.
com possível 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Escherichia coli
Vírus da hepatite
Helminthosporium 
Causam doenças 
com possível 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Geralmente 
há medidas de 
Alto risco 
individual e 
Escherichia coli
Vírus da hepatite
Causam doenças 
com possível 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Geralmente 
há medidas de 
tratamento e 
Alto risco 
individual e 
coletivo, com 
elevado poder 
Escherichia coli
Vírus da hepatite
Schistosoma 
transmissão de 
pessoa a pessoa. 
Geralmente 
há medidas de 
tratamento e 
prevenção.
Alto risco 
individual e 
coletivo, com 
elevado poder 
de transmissão 
Vírus da hepatite
Schistosoma 
mansoni
pessoa a pessoa. 
Geralmente 
há medidas de 
tratamento e 
prevenção.
individual e 
coletivo, com 
elevado poder 
de transmissão 
respiratório

Outros materiais