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Psicologia Experimental Comportamento Verbal 1° Ponto • É algo exclusivo do homem e necessariamente cultural, ou seja, requer uma prática de uma comunidade. • É estabelecido e mantido por reforçadores, que é mediado por outra pessoa. Esse reforçamento mediado requer que a pessoa tenha sido treinada para reforçar o falante, ou seja, entendê-lo e emitir resposta funcionalmente relacionadas • Requer um falante e um ouvinte, o que caracteriza um episódio verbal. • A mediação sujere que o falante e o ouvinte participem de uma mesma comunidade verbal. 2° Ponto O comportamento verbal não é necessariamente oral, envolve uma relação entre o falante e o ouvinte, provocando mudança tanto no ambiente quanto no comportamento de um e de outro. Sua importância não está nas emissões vocais, no falar propriamente dito, mas na interação entre duas ou mais pessoas, com modificações do ambiente, ensejadas pelos estímulos e respostas, sendo o comportamento verbal um ato social que se perfaz no momento do compartilhar de informações, o comportamento do falante e do ouvinte compõe aquilo que é chamado de episódio verbal total no qual o ouvinte é tão importante quanto o falante porque um reforça o comportamento do outro (Catania, 1999; Skinner, 1957). Traz a ideia de que esse comportamento segue os preceitos da tríplice contingência, ou seja, ele possui influência de estímulos antecedentes e subsequentes para sua ocorrência, bem como segue o modelo de seleção pelas consequências que refere-se a influência dos três níveis de seleção: filogenético, ontogenético e cultural. Ouvinte e falante Ouvinte é a pessoa que media as consequências ao comportamento verbal do falante, ou seja, aquele que emite a resposta verbal. O comportamento do ouvinte, de acordo com Skinner, é controlado por estímulos discriminativos verbais emitidos pelo falante, podendo ser verbal ou não (Skinner, 1957; 1989/1991). Já o comportamento do falante é aquele que produz efeitos apenas no ambiente social, podendo ser categorizado em diferentes tipos, a partir de sua topografia (falada ou escrita), de seus antecedentes (verbais ou não verbais) e de suas consequências (generalizadas ou específicas). CONTINGÊNCIA OPERANTE NÃO- VERBAL CONTINGÊNCIA OPERANTE VERBAL Não mediado por outra pessoa Mediado pelo outro Efeito direto e mecânico sobre o ambiente Possui um efeito a comunidade verbal O que nos faz seres verbais? Indivíduos considerados verbais são aqueles que se comportam tanto como falante quanto como ouvinte. Ou seja, eles ouvem (entendem) o que dizem. É função! Comportamento verbal é operante Topografia x Função TOPOGRAFIA: A forma de uma determinada resposta FUNÇÃO: A consequência que mantém determinada resposta Ex: dizer “gato” quando quer pedir por um item X dizer “gato” nomeando um item Tem a mesma forma, mas funções diferentes. Consequência: ter acesso a um brinquedo de gato X reforço social Para a análise do comportamento, o que é mais importante é a FUNÇÃO do comportamento. O livro “comportamento verbal” foi uma análise funcional realizada por Skinner sobre o comportamento verbal humano. Quando pensamos em comportamento verbal podemos limitar na relação entre um ouvinte e um falante, isto está correto, contudo, a presença de um ouvinte não o obriga a executar alguma ação. Quando pensamos em comportamento verbal podemos limitar na relação entre um ouvinte e um falante, isto está correto, contudo, a presença de um ouvinte não o obriga a executar alguma ação. “Comportamento verbal é um comportamento operante que ocorre quando um indivíduo se comporta e existe a mediação do outro” Skinner 1957 Estímulos antecedentes Comportamento Estímulos subsequentes Contingência operante Podemos analisar o comportamento verbal como uma contingência operante, na qual se observa um Sd: R -> Sc Skinner identificou sete operantes verbais elementares e os dividiu da seguinte maneira: Primeira ordem: Controle Temático: Tato, Mando e intraverbal. Controle formal: Ecoico, Textual e transcrição. Segunda ordem: Parte do comportamento verbal que altera outra. Autoclítico – possui a característica de modificar o efeito que o falante pode vir a ter sob o ouvinte. Tato • Quando a resposta verbal é emitida sob controle de um estímulo antecedente específico não- verbal (um objeto ou evento) e produz como consequência reforço condicionado generalizado ou um conjunto de estímulos reforçadores distintos. Sd: R Sc Não verbal, um objeto ou evento, ou ainda uma propriedade do objeto ou do evento. Verbal, pode ser vocal, escrita, gestual ou outra forma de comportamento. Generalizada. diante de uma maçã diz “maçã” diante de sua mãe diz “mamãe” Exemplo: Mando Ocorre quando a resposta verbal é emitida sob controle de condições específicas de privação ou da presença de estímulos aversivos. • É um tipo de operante verbal controlado por condições de privação ou aversão, ato de mandar, pedir, solicitar por gestos, fala ou escrita. Diante de uma operação estabelecedora, a criança deve pedir por item ou atividade. A consequência deve ser a obtenção do que foi pedido ou eliminação de algo aversivo. A resposta pode ser vocal ou motora. Exemplos: Ensinando mando: Intraverbal Itens Ações simples Sentimentos Contando história Pipa Bola Titia Mamãe Ovo Peixe Pulando Correndo Abraçando Girando Girando Ansiedade Raiva Felicidade Tristeza Era uma vez, três porquinhos...O primeiro porquinho... Sd: R Sc Estado de privação Verbal, pode ser vocal, escrita, gestual ou outra forma de comportamento. especifico da privação do falante. Sentir fome Dizer “me dê esse pão” Receber o pão Diante da boneca Dizer “quero boneca” Receber a boneca Diante de um antecedente visual, a criança deve nomear o item/figura/pessoa/propriedade de objetos. A resposta pode ser vocal ou motora. Na presença de chuva alguém diz: “está chovendo”. Mando por itens: Bo Boa Bola Dá bola Quero bola Passa bola Tia, me dá a bola? Posso pegar a bola azul? Égua! Eu queria tanto essa bola... Mando por informação: Cadê? Onde está? O que é isso? Pra que serve? Quem está aí? Onde ele mora? Como ele faz? “Bola, tia” “Para com isso!” “Onde está a mamãe?” • Caracteriza-se por uma relação na qual uma resposta verbal (vocal ou escrita) fica sob controle de estímulo antecedente (vocal ou escrito). • Um intraverbal é qualquer operante verbal cuja variável controladora seja o próprio comportamento verbal anterior do emitente (na verdade pode ser o comportamento verbal de uma outra pessoa, que o sujeito acompanha, ouvindo ou lendo) Sd: R Sc Verbal Verbal Uma pessoa tá cantando Começar a cantar junto Exemplo: Ensinando intraverbal Alguns exemplos de ensinos de intraverbal: Completar músicas Completar lacunas Função de objetos Informações de objetos "A dona aranha... "subiu pela parede..." 1, 2, 3 e..."já" eu vou te pe..."gar" A, B, C, “D”. Para que serve a panela? "Para cozinhar" E o que você faz com a bola? “Eu chuto” Qual é o nome de sua mãe? “Cecilia Ecoico • O estímulo antecedente é um estímulo verbal vocal (sonoro) e a resposta verbal, também vocal, reproduz o estímulo, sem o que não há reforçamento. • Na contingência ecoica: • Há correspondência ponto-a-pontos, isto é, a resposta precisa corresponder ao estímulo antecedente • Há similaridade formal – mesma modalidade sensorial (neste caso, auditiva). Sd: R Sc Estímulo auditivo Vocal Generalizada. Ouvir o som “dinossauro” Dizer o som “Dinossauro” Exemplo: Textual • O estímulo antecedenteé um estímulo verbal impresso ou escrito e a resposta é uma resposta vocal. • É o operante designado quando na presença de estímulos impressos (visuais) é realizada uma produção oral idêntica ao que está ou foi escrito. Sd R Sc Escrita de alguém Vocal Diante da placa escrito “PARE” Ler a palavra “pare” Exemplo: Transcrição (cópia ou ditado) • É caracterizada pela “cópia” ou “ditado”, o que distingue um do outro; “cópia” é uma resposta motora controlada por estímulos visuais e, tanto estímulos, quanto produto da resposta, guardam correspondência ponto-a-ponto e similaridade formal, • “ditado” é controlado por estímulos sonoros, como tomar nota do que foi ouvido. O estímulo antecedente é verbal escrito ou verbal sonoro e a resposta verbal é sempre escrita. Exemplo Cópia: Cadeias de respostas verbais (vocais ou motoras) e estímulos verbais (vocais ou visuais) produzidos pelo comportamento de outra pessoa ou por si próprio. Ler um livro em voz alta • Cantar músicas preferidas • Começar frases divertidas e pausar no meio de uma brincadeira (brincadeira física como pega-pega, jogar para o alto, “super homem”) 1, 2, 3 e... Já! Vou te pe... Gar! • Fazer sons de animais enquanto assistem vídeos ou desenhos • Responder perguntas sobre temas preferidos (Dora, Backyardigans) • Responder perguntas envolvendo informações pessoais • Responder perguntas sobre categorias, funções e características de estímulos • Manter diálogos Ocorre quando a criança escuta um cuidador, por exemplo, dizer “sapato” e responde com uma repetição igual à palavra ouvida: “sapato”. Ler na lousa a palavra” Professor” e escrever em seu caderno a palavra “Professor”. Exemplo Ditado: Mandos Disfarçados • Os mandos disfarçados são respostas verbais que possuem topografia de tato, mas que estão sob o controle de reforçadores específicos a serem oferecidos pelo ouvinte (Skinner, 1957/1978). • Por exemplo, uma adolescente pode estar sem roupa para ir a uma festa, e, ao invés de pedir uma roupa emprestada para irmã, diz: “ah, eu tenho uma festa para ir hoje, mas não tenho uma saia que combine com esta blusa” • Esta resposta tem a forma de um tato, contudo está sob o controle de um reforço específico a ser provido pelo ouvinte, ou seja, a irmã oferecer uma saia emprestada. • Provavelmente, esta adolescente foi punida no passado quando emitiu um mando direto: “me empresta a sua saia nova?” ou mesmo teve seu comportamento de fazer meros comentários sobre seu estado de privação seguidos pela obtenção de reforçadores. A adolescente passa a emitir mandos manipulativos que, mesmo não tendo tanta chance de serem reforçados ao não especificarem o reforço, têm menor probabilidade de serem punidos porque soam como meros comentários (i.e., possuem topografia de tatos). Conteúdo complementar, não apresentado em sala de aula... Autoclítico Caracterizados por respostas verbais que não podem ser emitidas isoladamente, mas apenas em conjunção com algum outro operante verbal. São respostas controladas por algum aspecto do comportamento verbal do falante e que alteram o efeito do comportamento verbal do falante sobre o comportamento do ouvinte. Skinner (1957) apresentou quatro tipos de operantes autoclíticos: Autoclíticos Descritivos: por meio dos autoclíticos descritivos, o falante pode descrever seu próprio comportamento verbal, algo que ele disse ou que dirá, além de poder descrever a força de suas respostas, as variáveis que as controlam, assim como algo referente a suas condições emocionais ou motivacionais. Exemplos seriam iniciar sentenças com frases dos seguintes tipos: Eu tenho certeza, Eu penso que, Possivelmente, Eu afirmei etc; Autoclíticos Qualificadores: qualificam um tacto de tal forma que a intensidade ou a direção da conduta do ouvinte em relação ao tacto elementar é modificada. Entre este tipo de autoclítico estão a afirmação e a negação, como também alguns advérbios (certamente unicamente, muito etc) e sufixos (oso – medroso, jeitoso etc). Por exemplo, uma afirmação do tipo “Sim!”, pode persuadir o ouvinte a aceitar determinada descrição de eventos como tactos relativamente puros, enquanto o uso de advérbios ou sufixos, em afirmações do tipo: “O garoto é muito inteligente” ou “O garoto e medroso”, pode modificar o comportamento do ouvinte em relação à fala (e até mesmo ao garoto) em função da qualificação adicional apresentada pelo falante. De certa forma, variações deste tipo de autoclítico funcionam como mandos sobre o ouvinte; Autoclíticos Quantificadores: indicam ou uma propriedade da conduta do falante ou as circunstâncias responsáveis por tal propriedade. Neste tipo estão inclusos os artigos de número e gênero (o, a, os, as, um, uns, uma, umas) – sendo estes os exemplos mais destacados –, e os adjetivos e advérbios de quantidade ou tempo (poucos, muitos, todos, alguns, sempre, talvez). É interessante indicar aqui que a definição gramatical de advérbio é semelhante à definição dada por Skinner a essa categoria. Por exemplo, Paschoalin e Spadoto (1996) definem que Tipo Sd: R Sc Cópia Comportamento de escrita de alguém Escrita ou impressa Ditado Comportamento vocal de alguém Resposta é escrita OPERANTE VERBAL SD R SC ECOICO sonoro vocal generalizado TEXTUAL escrito verbal -vocal (falada) Generalizado TRANSCRIÇÃO sonoro ou escrito escrita generalizado COPIA escrito escrita generalizado DITADO sonoro escrita generalizado INTRAVERBAL vocal ou escrito Resposta verbal generalizado MANDO condições específicas de privação ou estimulação Aversiva Verbal que especifica o reforço. Específica (relacionada à operação motivadora em vigor). TATO Estímulo não verbal (objeto ou evento). Verbal correspondente ao antecedente generalizado Estímulo discriminativo/ocasião /situação/contexto Resposta Estímulo consequente (reforço, punição, extinção) Ouvir a professora no ditado falar “Mesa” e escrever em seu caderno a palavra mesa. Sd: R Sc ! “Advérbio é a palavra que indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal” (p. 117); Autoclíticos Relacionais: este tipo de autoclítico seria controlado por relações entre operantes verbais básicos. Exemplos seriam as preposições, conjunções, inflexões da predicação, pontuação, concordância temporal, de gênero e número e a própria ordenação sintática das palavras. A função fundamental deste tipo de autoclítico seria a de permitir a organização do comportamento verbal em unidades maiores do que aquelas possibilitadas pelos operantes verbais elementares, estabelecendo relações internas entre operantes verbais distintos. Conhecer a concepção de Skinner sobre o comportamento verbal, é imprescindível para o desenvolvimento de intervenções clínicas, pois permite a análise e o planejamento dessas intervenções, inclusive de contingências, para instalação de comportamentos verbais específicos.
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