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Paradigmas Educacionais e Inovação Responsável pelo Conteúdo: Prof. João Menoni Revisão Textual: Aline Gonçalves Internet, WWW e Cibercultura Internet, WWW e Cibercultura • Conhecer os conceitos de cultura e de cultura digital; • Compreender o contexto no qual surgiu a internet, seu desenvolvimento, seus usos e como ela influencia a nossa vida; • Reconhecer a importância da World Wide Web (ou simplesmente web) no mundo contemporâneo; • Conhecer o ciberespaço e a cibercultura por meio do pensamento do filósofo Pierre Lévy. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Cultura Digital; • Uma Revolução Chamada Internet; • WWW: Onde Todo o Mundo se Encontra; • Ciberespaço e Cibercultura. UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura Cultura Digital A cultura, pelo seu caráter transversal e multidisciplinar, circula por áreas como sociologia, antropologia, história, comunicação, administração, economia, entre tan- tas outras, sendo complexa a sua definição. Até o século XVI, conforme Canedo (2009), o termo era geralmente utilizado para se referir a uma ação e a processos, no sentido de ter cuidado com algo, seja com os animais, seja com o crescimento da colheita, e para designar o estado de algo cultivado, como a terra. Entretanto, a partir do final do século XX, a palavra cultura passa a designar também o esforço despendido para o desenvolvimento das faculdades humanas. “Em consequência, as obras artísticas e as práticas que sustentam este desenvolvimento passam a represen- tar a própria cultura” (CANEDO, 2009, p. 2). No pensamento iluminista – movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa durante o século XVIII –, a cultura caracteriza o estado do espírito cultivado pela instrução, sendo a soma dos saberes acumulados e transmi- tidos pela humanidade (CANEDO, 2009). Diante da multiplicidade de interpretações e usos do termo cultura, a autora utiliza como referência três concepções fundamen- tais de entendimento da cultura: Primeiro, em um conceito mais alargado onde todos os indivíduos são produtores de cultura, que nada mais é do que o conjunto de significados e valores dos grupos humanos. Segundo, como as atividades artísticas e intelectuais com foco na produção, distribuição e consumo de bens e serviços que conformam o sistema da indústria cultural. Terceiro, como instrumento para o desenvolvimento político e social, onde o campo da cultura se confunde com o campo social. (CANEDO, 2009, p. 6) Assim, o homem foi narrando e registrando suas ações com o passar do tempo, desenhando nas cavernas, escrevendo, pintando, esculpindo... digitando. A escrita, por exemplo, possibilitou que o conhecimento ultrapassasse a barreira do tempo, tendo a possibilidade de que a mensagem pudesse ser recebida a qualquer momento por alguém que soubesse decifrar seu código. Permitiu também a organização linear do pensamento, base da inteligência e da cultura dos séculos seguintes. O impacto da escrita na vida do homem é tão significativo que os historiadores determinam o fim da Pré-história e o início da História, ou seja, da civilização e do desenvolvimento a partir da invenção da escrita. Com a escrita desenvolveu-se também a ciência, criando várias raízes de conhe- cimento científico e desenvolvendo a civilização. Nesse contexto, o computador e a revolução tecnológica, que se desenvolveram a partir da segunda metade do século XX, surgiram para potencializar o armazenamento de informações e para transmiti- -las a outros lugares instantaneamente. 8 9 A primeira geração de computadores apareceu na década de 1940, com o surgimento das primeiras válvulas eletrônicas. O exército americano necessitava de um equipamento para efetuar cálculos de balística, foi quando se iniciaram os estudos nesse sentido. A Segunda Guerra Mundial incentivou o desenvolvimento de computadores. Em 1943, sob a liderança de Alan Turing (1912-1954), foi projetado o Colossus, computador inglês que tinha a fun- ção de decifrar os códigos de mensagens trocadas pelos alemães. O Colossus foi o primeiro computador digital eletrônico programável. Em 1946, foi criado o norte-americano Eniac (Electronic Numerical Integrator and Computer), primeiro computador eletrônico de propósi- to geral, capaz de ser reprogramado para resolver um conjunto completo de problemas. Ele pesava 30 toneladas e media 5,5 metros de altura e 25 metros de comprimento. Ocupava uma área de 180 m² na Moore School, na Filadélfia. Figura 1 – O Eniac, primeiro computador eletrônico de propósito geral Fonte: Wikimedia Commons Quando foram descobertas as possibilidades que o mundo digital – desktops, notebooks, tablets e smartphones – oferece, percebemos que poderíamos usar essas mídias para que nossas ideias chegassem mais rápido ao seu destino. Seu uso foi intensificado ao ponto de considerar essas descobertas como uma verdadeira revolução das mídias da cultura de uso digital. Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2019) mostra que em 2019 havia 420 milhões de dispositivos digitais – 56% smartphones, 21% desktops, 14% notebooks e 9% tablets – em uso no Brasil, contra uma população que che- gou a 210 milhões de habitantes no período. Segundo a pesquisa, há uma ruptura digital acelerada com o smartphone dominando vários usos, como a interação com bancos, compras e com as mídias sociais. “Uma ruptura visível na migração para o uso de dispositivos digitais, em especial, para os smartphones e em particular, pela crescente dedicação dos jovens aos smartphones” (2019, p. 23). Dessa forma, entendemos cultura digital como um campo vasto e gigantesco, uma vez que pode estar articulada com qualquer outro campo além das tecnologias, como a arte, a educação, a filosofia, a sociologia etc. Nessa perspectiva, a cultura 9 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura digital maximiza campos dos saberes, tanto dentro quanto fora do espaço escolar, justamente por encontrar-se em um lugar que não pode fechar-se para o seu entorno, que o está desafiando a novos jeitos de aprender. É possível pensar a cultura digital como um tipo de área do conhecimento que administra, intercruza as informações e os conhecimentos produzidos pela humanidade. Em se tratando da cultura digital, é preciso ainda oferecer condições de acesso ininterrupto à internet nos espaços escolares e comunitários de forma pública e gratuita, para pais, professores, alunos, enfim, para toda a comunidade. Ao mesmo tempo que se garante a gratuidade, torna-se necessário oferecer condições de permanência destes, abrindo os labo- ratórios em maior tempo e mantendo computadores em boas condições de uso. Desta forma é possível criar condições para que os educadores integrem definitivamente a cultura digital ao cotidiano escolar dentro e fora do espaço da sala de aula. (BRASIL, s/d, p. 15) Atualmente, existe a possibilidade de integrar a cultura de uma cidade com as pes- soas, ao mesmo tempo, acessando informações de utilidade pública, de entretenimen- to, conhecendo melhor seus vizinhos, sua história, a história de sua comunidade, seus espaços e suas culturas. É possível criar um site na internet onde uma comunidade virtual interage com uma comunidade convencional em uma relação de coexistência. Uma Revolução Chamada Internet Com o surgimento da internet, o meio de comunicação mais completo já con- cebido pela tecnologia, uma verdadeira revolução se instalou. É o primeiro meio a conjugar duas características de meios de comunicação anteriores: a interatividade e a comunicação de massa; a ter, ao mesmo tempo, o alcance da televisão e do rá- dio, por exemplo, mas com a possibilidade de que todos sejam, ao mesmo tempo, emissores e receptores da mensagem. “Uma aldeia repleta de vias duplas de comu- nicação, onde todos podem construir, dizer, escrever, falar e serem ouvidos, vistos, lidos” (RECUERO, 2000, p. 1). Vários autores consideram a internet como a mais profunda revolução na comunicação desde a invenção da escrita.A informação, conforme Recuero (2000), passa, então, a constituir a matéria-prima de nossa sociedade, fonte não apenas de capital, mas também de poder. E a internet, como um espaço inteiramente constituído de informação, passa a ter um papel central nessa nova sociedade, tanto em termos de circulação de capital quanto em termos de reconfiguração do espaço e das relações sociais. “Este espaço, denominado como ciberespaço, ou espaço virtual é o cerne da revolução desta virada de século. O cibe- respaço é um não-lugar. Não concreto, não físico, mas real” (RECUERO, 2000, p. 1). A internet é, ao mesmo tempo, um meio com capacidades de transmissão em nível mundial, um mecanismo de disseminação de informação e um meio para cola- boração e interação entre indivíduos e os seus computadores sem considerar a sua posição geográfica. 10 11 A primeira descrição em relação à interação social por meio de uma rede de compu- tadores foi uma série de memorandos escritos pelo cientista norte-americano Joseph Carl Robnett Licklider, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em agosto de 1962. Ele previu uma rede global onde todos pudessem ter acesso rápido a dados e programas de qualquer local. Em teoria, o conceito assemelhava-se muito à internet de hoje. Licklider era o chefe de um projeto de pesquisa por computador do Departa- mento de Defesa dos Estados Unidos chamado DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), também conhecido como ARPA (Advanced Research Projects Agency), onde trabalhou e conseguiu passar a ideia desse tipo de concepção de rede. Em 1965, Lawrence G. Roberts, também do MIT, trabalhando com Thomas Merril, ligou o computador TX-2, em Massachusetts, ao Q-32, na Califórnia, por meio de uma linha telefônica bastante lenta, criando assim a primeira longa rede de computadores. Um ano depois, Roberts desenvolveu o seu plano de rede denomi- nado Arpanet, publicando-o em 1967. Assim, no final de 1969, nascia o embrião da internet interligando computadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles e Santa Bárbara; do Instituto de Pesquisa de Stanford e da Universidade de Utah. Era a época da Guerra Fria – disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética – e estudava-se a possibilidade de uma rede de comu- nicações que pudesse sobreviver a um ataque nuclear e que dinamizasse a troca de informações entre centros de produção científica. Nos anos seguintes, vários computadores ligaram-se à Arpanet, na medida que ia sendo desenvolvido um software de rede. Em 1972, foi feita uma apresentação pública sobre as potencialidades desse tipo de tecnologia no International Computer Communication Conference. Surgiu o electronic mail, o correio eletrônico, ou simplesmente e-mail, como conhecemos hoje, motivado pelo fato de criar maior coordenação entre os técnicos da Arpanet. Figura 2 – Mapa de computadores interligados pela rede Arpanet, em 1973 Fonte: Wikimedia Commons No início dos anos 1980, juntaram-se à Arpanet a MILnet (rede militar), a MSFnet (rede científica) e outras redes. Nasce então a internet; a rede das redes. Conforme as outras redes se formavam, juntando à internet, o papel da Arpa foi diminuindo, até que 11 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura no início dos anos 1990 grande parte das universidades e institutos já estava interligada. Desde então, o crescimento da rede foi exponencialmente elevado, resultado do apa- recimento de fornecedores comerciais de acesso à internet, permitindo que qualquer pessoa acesse o sistema. Em 1990, apareceu o HTML (Hypertext Markup Language, ou Linguagem de Marcação de Hipertexto, em português), que permitia comunicar informação gráfica na internet. Cada indivíduo podia criar páginas gráficas, que depois faria parte de um todo, uma rede virtual de hipertexto chamada World Wide Web. Tabela 1 – Como a internet influencia a nossa vida Vida social e cultural • Comunicação mais simples, fácil e rápida (e-mail, SMS, WhatsApp...); • Aumento da vida social e cultural com pessoas mais distantes e desconhecidas; • Criação de grupos de interesses; • Nova dimensão da vida social e cultural. Empresas • Revolução rápida e intensa. Grandes transformações; • Surgimento da empresa.com; • Novas ações, novos serviços – e-commerce... • Aceleração entre os integrantes da rede produtiva – B2B (business to business); • Facilidade de comunicação; • Economia de tempo; • Aceleração dos processos. Trabalho • Reciclagem contínua dos funcionários; • Facilidade na solução de problemas; • Mais horas de trabalho; • Aumento do estresse; • Avalanche de informações. Privacidade e segurança • Todos querem saber de todos; • Ferramenta para crimes – roubo de dados – hackers; • Ferramenta de controle – vigilância de dados; • Máquinas disseminam vírus; • Empresas colecionam dados. Linguagem própria A internet, como qualquer nova mídia, tem uma linguagem própria e característi- ca. “Quando um novo meio de comunicação emerge e se populariza, é comum que seja desenvolvida uma linguagem singular a partir das possibilidades técnicas dessa mídia e das formas de interação do público” (PIESCO, 2015, p. 100). Da mesma for- ma ocorreu com a imprensa, com o rádio e com a televisão. A internet passou por uma evolução similar, que moldou uma linguagem com particularidades. Uma das características próprias da linguagem da internet está relacionada à leitura. O usuário, conforme Piesco (2015, p. 101), tem um tempo de atenção muito inferior àquele de um leitor de revista e jornal, “por isso que o usuário de internet lê textos de forma entrecortada, pulando para os pontos de seu interesse e preferindo leituras com linguagem direta e clara”. De acordo com a autora, pesquisas revelam que o usuário de internet absorve melhor textos claros, com parágrafos curtos e com textura, ou seja, profusão de subtítulos, negritos, hyperlinks ao longo do texto e, quando possível, tópicos. A inclusão de hyperlinks nos textos, segundo ela, e em 12 13 outros espaços do website, influencia outra particularidade da internet: a indepen- dência do usuário em conduzir seu próprio processo de absorção do conteúdo. Na internet, não há um “caminho pré-definido”. Não se vira a página ou aguarda o programa seguinte; trata-se de um universo de conteúdo aber- to, com diferentes sequências de consumo de conteúdo possível. Assim, quando há um hyperlink, cabe unicamente ao usuário a decisão de clicar e tomar aquele caminho ou não. (PIESCO, 2015, p. 101) No final da década de 1990, no início da popularização da internet, houve, se- gundo Piesco (2015), uma tentativa de transposição da forma de comunicação das mídias impressas (jornais e revistas) diretamente para a internet. Os sites apresenta- vam páginas longas, com grande predomínio de texto e algumas imagens, e quase não havia hyperlinks ao longo dos textos (ficavam mais concentrados nos menus laterais e superiores). “Alguns fatores, como o desenvolvimento de novas tecnologias, o aumento na velocidade das conexões de internet e o crescimento no número de usuários, fez esse modelo ser superado aos poucos” (2015, p. 100), consolidando-se uma linguagem própria da internet. Link : “Endereço” de um documento (ou um recurso) na Web. Hyperlink : Sinônimo de link, consiste em links que vão de uma página da Web ou arquivo para outro. É o ponto de partida para os links. Hipertexto : Termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá por meio de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links. O texto pode ter diversas palavras, imagens ou até mesmo sons, que, ao serem clicados, são remetidos para outra página onde se esclarece com mais precisão o assunto do link abordado. Outra característica da internet é a interatividade. Quando o internauta navega, ocor- re uma interação mais direta e em tempo real do usuário com o conteúdo,sendo consti- tuído sobretudo por meio de trocas entre pessoas diferentes. “Os limites entre veículo de comunicação e audiência perdem sua força na internet”, afirma Piesco (2015, p. 101). E, finalmente, a internet permite que diferentes formas de conteúdo – texto, ví- deo, imagens, áudio e conteúdo interativo – convivam totalmente integradas, com- plementando umas às outras. “Aqui, cabe o destaque do quanto essa característica em especial serve perfeitamente ao conteúdo voltado para a cultura, e permite à internet expor esse conteúdo de uma forma nunca antes possível”, (PIESCO, 2015, p. 101). Na internet todos são livres para ensinar e para aprender o que desejam. Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0 Existem algumas diferenças entre formatos de Web que estão relacionados à dinâ- mica e interatividade. Os termos Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0 são utilizados para designar diferentes etapas pelas quais passou (e ainda passa) a internet, com suas particulari- dades e evoluções. 13 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura Um site com o formato de Web 1.0 é estático, sem nenhuma forma de intera- tividade com os internautas. Era a comunicação de mão única. Essa é a primeira fase da internet, que se estende pela década de 1990 e apresenta os primeiros sites corporativos e páginas estáticas. Nessa fase, a internet já se caracteriza como uma fonte de informações, porém não oferece ao usuário possibilidade de interação e criação de conteúdo. Fatores como o desenvolvimento de servidores mais eficientes, aumento da velocidade de navegação e qualificação de profissionais da área inicia- ram mudanças no mundo on-line e logo levaram ao próximo estágio. Com o tempo, a maior parte dos sites migrou do formato 1.0 para o 2.0, que con- siste em uma maior interação dentro de cada página. A partir desse novo formato de Web, foi possível a criação de blogs e da Wikipédia, por exemplo, onde o leitor não é passivo em relação ao que está publicado. Ocorreu algo que mudaria para sempre o relacionamento on-line: a produção de conteúdo por usuários. A Web 2.0 não se refe- re a um avanço específico na tecnologia, mas a um conjunto de técnicas para design e execução de páginas da Web. A segunda fase da Web tem como principal marco o sur- gimento de sites de relacionamento, que permitem reunir usuários em comunidades. A partir desse momento, os usuários passam a ter voz. O termo Web 2.0 foi cunhado, em 2004, pela empresa americana O’Reilly Media. Esse período é lembrado, princi- palmente, por ter dado início à comunicação de mão dupla no mundo digital. Já a Web 3.0 consiste em algo além da interatividade. Páginas nesse formato perso- nalizam o conteúdo de maior relevância de acordo com as preferências de cada pessoa. Por exemplo, ao usar o Google para procurar a palavra “manga”, nos outros formatos, o buscador mostraria resultados tanto da fruta quanto de uma camisa, ou até de um ex- -jogador de futebol. Caso um jornalista esportivo estivesse buscando informações sobre o jogador, todas essas informações seriam pouco relevantes para ele, enquanto na Web 3.0 o buscador reconhece as preferências do usuário e filtra os resultados de pesquisa para uma maior relevância de resultados. É a atual fase da internet, que também é co- nhecida como Web Inteligente, e representa uma verdadeira revolução na maneira como utilizamos a internet. O uso de algoritmos para reunir informações e fazer recomenda- ções aos usuários é um exemplo claro dessa mudança. As mudanças incorporadas à Web 3.0 são ainda mais significativas. Nesta era, os aprimoramentos na organização e sistematização das informações disponíveis tornam os resultados ainda mais precisos. Algoritmo: Conjunto de regras e operações bem definidas e com um único sentido, que, aplicadas a um conjunto de dados e em um número finito de etapas, conduzem à solução de um problema. Hoje, somam-se a essas evoluções a mobilidade e a onipresença para marcar o nascimento da Web 4.0. Segundo estudiosos, essa nova era funciona como um enorme sistema operacional dinâmico e inteligente, capaz de utilizar e interpretar as informações e os dados disponíveis para suportar a tomada de decisões. Isso tudo de forma automática, por meio de um sistema complexo de inteligência artificial. Hoje, já é normal oferecer atendimento por meio de chats automatizados ou assistentes 14 15 virtuais. Esse fenômeno deve se expandir, integrando o uso de assistentes a motores de busca para otimizar a experiência do usuário. A Web 4.0 é também um reflexo das características e necessidades do mercado consumidor moderno. Assim, é de se esperar que a interação com os indivíduos seja ainda maior e mais pessoal. Internet das Coisas O conceito de Internet das Coisas está relacionado à conexão de diversos objetos com a internet, além daqueles com que já estamos acostumados, como smartphones, tablets e computadores. Estes objetos, combinados com sistemas automatizados, podem ajudar a coletar informações em tempo real, analisá-las e criar ações de resposta conforme a necessidade das pessoas. É uma expansão da conectividade. Figura 3 – A Internet das Coisas conecta diversos objetos com a rede Fonte: Getty Images O termo Internet das Coisas é utilizado para se referir a utensílios conectados à internet que podem realizar tarefas sem nenhum tipo de envolvimento humano. Um exemplo é o caso das casas inteligentes. Com um sistema integrado à Web, diversos utensílios da residência podem realizar tarefas para facilitar a vida. O refrigerador, por sua vez, pode enviar notificações para o smartphone vinculado quando for pre- ciso comprar algum produto. A Internet no Brasil De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua/Tecno- logia da Informação e Comunicação 2017 do IBGE (BRASIL, 2018), o percentual de domicílios que utilizavam a internet no Brasil subiu de 69,3% para 74,9%, de 2016 para 2017, representando alta de 5,6 pontos percentuais. Nesse período, a presença do celular aumentou, passando de 92,6% para 93,2% dos domicílios. Entre os 181,1 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade no País, 69,8% acessaram a internet pelo menos uma vez nos três meses anteriores à pesquisa. Em números absolutos, esse contingente passou de 116,1 milhões para 126,3 milhões, no período. O maior percentual foi no grupo etário de 20 a 24 anos (88,4%). Já a proporção dos idosos (60 anos ou mais) que acessaram a internet subiu de 24,7% (2016) para 31,1% (2017) e mostrou o maior aumento proporcional (25,9%) entre os grupos etários analisados pela pesquisa. 15 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura De 2016 para 2017, o percentual de pessoas que acessaram à internet por meio do celular aumentou de 94,6% para 97%, e a parcela que usou a televisão para esse fim subiu de 11,3% para 16,3%. Já a taxa dos que utilizaram microcomputador para acessar a internet caiu de 63,7% para 56,6%. A parcela da população de 10 anos ou mais que tinha celular para uso pessoal passou de 77,1% (2016) para 78,2% (2017). O percentual dos que usavam banda larga móvel (3G ou 4G) passou de 77,3% para 78,5%, e dos que utilizavam a banda larga fixa, de 71,4% para 73,5%. A pesquisa mostrou, ainda, que “enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail” foi a finalidade de acesso à rede indica- da por 95,5% dos usuários da internet. “Conversar por chamada de voz ou vídeo” foi a finalidade que apresentou o maior aumento de 2016 (73,3%) para 2017 (83,8%). Nos 17,7 milhões de domicílios onde não houve utilização da internet no perío- do de referência da pesquisa, os motivos indicados pelos entrevistados foram: falta de interesse em acessar a internet (34,9%), serviço de acesso à internet era caro (28,7%), nenhum morador sabia usar a internet (22,0%), serviço de acesso à inter- net não estava disponível na área do domicílio (7,5%) e equipamento eletrônico para acessar a internet ser caro (3,7%). A indisponibilidade do serviço de acesso à inter- net foi o motivo indicadoem somente 1,2% dos domicílios da área urbana, contra 21,3% daqueles em área rural. O grupo etário de 20 a 24 anos tinha o maior percentual de pessoas que aces- saram a internet (88,4%) no período de referência, e os idosos (60 anos ou mais) apresentaram o menor (31,1%). Confira a Figura 4. % 2017 2016 60 anos ou mais 31,124,7 55 a 59 anos 55,248,1 50 a 54 anos 63,655,7 45 a 49 anos 70,762,9 40 a 44 anos 76,569,6 35 a 39 anos 82,076,0 30 a 34 anos 84,679,9 25 a 29 anos 87,583,8 20 a 24 anos 88,485,2 18 ou 19 anos 88,185,4 14 a 17 anos 84,982,5 10 a 13 anos 71,266,3 Figura 4 Fonte: IBGE (2018) Percentual de pessoas que utilizaram a internet, no período de referência dos últimos três meses, na população de 10 anos ou mais de idade, segundo os grupos de idade – Brasil – 2016 e 2017. 16 17 Do final da década de 1990 aos dias atuais, conforme Piesco (2015, p. 99), a internet tem cumprido um papel cada vez mais central na vida da população brasileira, com destaque para os jovens entre 16 e 34 anos. “Por isso, é de suma importância que o gestor cultural considere a internet, em sua potencialidade, como um canal de comunicação e troca com o público, e adote medidas que otimizem o uso dessa ferramenta”. WWW: Onde Todo o Mundo se Encontra As iniciais WWW significam World Wide Web (ou simplesmente Web) e identificam o principal serviço da internet, sendo, muitas vezes, confundido com a própria internet. A Web foi criada no início dos anos 1990, por um grupo de cientistas comandados por Tim Berners-Lee, do Cern (antigo Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear), na Suíça, com o intuito de facilitar a comunicação interna e externa da instituição. Figura 5 – A Web foi criada no início dos anos 1990 Fonte: Getty Images Antes da WWW, os cientistas, assim como toda a comunidade da internet, neces- sitavam de uma série de programas distintos para localizar, buscar e visualizar as informações. O objetivo inicial era, portanto, centralizar em uma ferramenta as vá- rias tarefas necessárias para se obter as informações disponíveis na internet. O pro- jeto, iniciado em 1989, originou a WWW em 1991. No entanto, apenas em finais de 1993 a World Wide Web iniciou a sua fase de crescimento explosivo, com a versão final do software Mosaic. Por meio dessa interface, o projeto Web mudou a maneira de as pessoas verem e criarem informação. Em 1996, já existiam 56 milhões de usuários no mundo, enviando cerca de 95 bilhões de mensagens eletrônicas somente nos Estados Unidos. A Web funciona segundo o modelo cliente-servidor. A WWW consiste em uma rede de servidores (um servidor Web é um programa cujo único propósito é servir documentos para os clientes quando requeridos) de páginas eletrônicas com ligações de hipertexto a documentos (eventualmente multimídia: imagens, som, vídeo etc.). 17 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura Cada página da Web é referenciada por um endereço URL (Uniform Resource Locator). O tipo de protocolo de acesso é identificado por um prefixo. O prefixo http designa um documento hipertexto (HiperText Transfer Protocol). Existem di- versos programas de preparação de páginas para a WWW denominados editores de HTML, que podem ser programas específicos ou editores de texto. A contínua proliferação de páginas de internet fez com que surgissem mecanis- mos rápidos de pesquisa que nos permitem encontrar as páginas que contêm os assuntos que nos interessam. Esta necessidade levou, mais ou menos por volta de meados dos anos 1990, ao aparecimento dos primeiros motores de busca, nada mais do que os sites dos sites, ou seja, endereços eletrônicos nos quais são anexados, se- gundo determinados critérios, milhões de outros endereços. Hoje em dia esses sites registram o maior número de vistas diárias, pois, por meio de técnicas que foram evoluindo ao longo dos anos, eles são o melhor ponto de partida para que possamos encontrar qualquer assunto de forma fácil e rápida. A Cultura na Rede Existem, basicamente, dois meios, ambos importantes, para a instituição cultural se fazer presente na internet e se inserir no cotidiano de seu público: por meio de um site próprio ou pela presença nas redes sociais. Levantamento realizado por Piesco (2015), sobre conteúdo cultural na internet brasileira, em 560 espaços dedicados exclusivamente ou prioritariamente a uma (ou múltiplas) linguagem artística, como museus, bibliotecas, centros culturais, teatros, cinemas, galerias de arte, revelou que 81% possuem site com domínio próprio; 9% possuem site com domínio gratuito; e 10% ainda não possuem site próprio. Em relação aos serviços com domínio gratuito, a pesquisadora entende que eles servem para ampliar as possibilidades de espaços independentes ou com baixo orça- mento e para assumir seu espaço na internet, sendo utilizado quase sempre em duas situações: a) em espaços comunitários ou com orçamento bastante baixo, que não poderiam arcar com as despesas de criação e manutenção de um site profissional; e b) em situações nas quais o website oficial de um equipamento, em geral público, não é atualizável pelos gestores do espaço, que então criam um site extraoficial por meio dessas plataformas gratuitas para se comunicar com o público. Com relação à presença nas redes sociais, o levantamento mostrou, de forma evi- dente, que 61% dos locais pesquisados estão na rede social Facebook. Em seguida, a rede mais utilizada é o Twitter, com perfil de 24% dos locais culturais. Piesco (2015) ressalta ainda que muitas instituições que não têm um website próprio utilizam seus perfis nas redes sociais para suprir essa função, incluindo informações como horário de funcionamento, localização, valor da entrada e divulgação de sua programação. É preciso pensar na presença virtual como um “espaço” adicional. Quando planejamos os espaços físicos dos equipamentos culturais, há muitos fatores a serem considerados, como arquitetura, horários de funcionamento, localização, programação etc. O mesmo ocorre na criação de um website, sua existência, em si, não é suficiente para garantir que seus objetivos sejam cumpridos. A qualidade em seu design e sua arquitetura, bem como o conteúdo oferecido são de suma importância. (PIESCO, 2015, p. 105) 18 19 Durante muito tempo, nas fases iniciais da internet, conforme Piesco (2015), existia uma preocupação entre gestores culturais no plano internacional de que dis- ponibilizar conteúdo pela internet diminuiria a necessidade de visitas presenciais aos locais, impactando de forma negativa a quantidade de visitas. Entretanto, pesquisa- dores norte-americanos descobriram que 57% dos usuários de websites de museus visitam os sites antes e depois de sua visita física. Da mesma forma, demonstraram que 70% dos visitantes de museus buscavam informações específicas nos sites antes de sua visita, e que 57% afirmaram que o conteúdo que encontraram nos sites au- mentou seu desejo de visitar o museu pessoalmente. Figura 6 – Página inicial do website do Masp – Museu de Arte de São Paulo Fonte: masp.org Figura 7 – Página inicial do website do Metropolitan Museum of Art, em Nova York Fonte: metmuseum.org Ciberespaço e Cibercultura Que nós estamos vivendo uma gigantesca revolução tecnológica a partir das no- vas linguagens que unem internet, informação e comunicação, não há dúvida. É uma força avassaladora, que sabemos como começou, mas não sabemos que rumo tomará. São tantos novos cenários, que o filósofo Pierre Lévy (2010, p. 13), citando seu amigo Roy Ascott (um dos pioneiros e principais teóricos da arte em rede), cha- ma de “segundo dilúvio”, o das informações. “O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano das informações. Devemos aceitá-lo como nossa nova condição. Temos de ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a na- vegar” (LÉVY, 2010, p. 15). 19 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura Durante uma entrevista nos anos 1950, o cientista Albert Einstein (1879-1955) declarou que três grandesbombas haviam explodido durante o século XX: a bomba demográfica, a bom- ba atômica e a bomba das telecomunicações (LÉVY, 2010). Com a chegada dos computadores e sua popularização, uma série de estruturas passou a cooperar para a fundamentação de um novo espaço de operações tecnoló- gicas, de informação e inteligência: o ciberespaço. O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comuni- cação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo espe- cifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas tam- bém o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 2010, p. 17) Além do ciberespaço, a internet surgiu com a premissa de conectar não apenas máquinas, mas pessoas. E desse novo espaço nasce um conjunto de práticas culturais, modos de se viver e de se expressar: a cibercultura, a cultura da internet. O termo foi criado pelos navegantes da rede para descrever os valores sociais de suas múltiplas cul- turas, formadas a partir de comunidades que se relacionam virtualmente trocando in- formações e múltiplos arquivos. Neste sentido, estaríamos passando por um processo de universalização da cibercultura, na medida em que estamos dia a dia mais imersos nas novas relações de comunicação e produção de conhecimento que ela nos oferece. A internet fez surgir a cibercultura – que engloba todas as tecnologias de informa- ção e comunicação. O neologismo vem da fusão das palavras cibernética e cultura. Da mesma maneira que a cultura influencia o surgimento de tecnologias, estas, por sua vez, também interferem na evolução cultural de uma sociedade. Lévy (2010, p. 17) define cibercultura como um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de prá- ticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem junta- mente com o crescimento do ciberespaço”. Segundo Lévy (2010), o ciberespaço se constitui em uma oportunidade sem pa- ralelo para que o desenvolvimento da inteligência coletiva se intensifique. Por inte- ligência coletiva ele define a capacidade do homem em desenvolver processos de promoção cultural, em que cada cidadão, por meio de uma comunicação livre e igualitária, contribui de forma autônoma em sua construção. Entretanto, o filósofo alerta que o crescimento do ciberespaço não determina, automaticamente, o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. Lévy (2010) destaca, ainda, o surgimento na ór- bita das redes digitais interativas de diversos tipos de novas formas: • de isolamento e de sobrecarga cognitiva (estresse pela comunicação e pelo trabalho diante da tela); • de dependência (vício na navegação ou em jogos em mundos virtuais); 20 21 • de dominação (reforço dos centros de decisão e de controle, domínio quase monopolista de algumas potências econômicas sobre funções importantes de rede etc.); • de exploração (em alguns casos de teletrabalho vigiado ou de deslocali- zação de atividades no terceiro mundo); • e mesmo de bobagem coletiva (rumores, conformismo em rede ou em comunidades virtuais, acúmulo de dados sem qualquer informação, “televisão interativa”). (LÉVY, 2010, p. 30) Lévy (2010) descreve, ainda, três características desse mundo frenético, inovador e promissor de tecnologias educacionais, redes sociais, recursos computacionais e interatividade on-line: • Interconexão : Integração de computadores, informações e pessoas dispostos pelas redes e caminhos do ciberespaço ; • Comunidades virtuais : Coletividades geradas pela interconexão de pessoas, computadores e informações, seja por afinidades, projetos comuns ou sentidos de pertença desenvolvidos na rede ; • Inteligência coletiva : Construção colaborativa de saberes compartilhados produzi- dos no ciberespaço graças à interconexão e à coletividade das comunidades virtuais, cuja meta é a melhoria do ambiente em rede e metas de progressos contínuos. Rüdiger (2011) amplia o conceito de inteligência coletiva de Lévy: A contrapartida, contudo, existe, e está no que seria a essência ou prin- cipal motor da cibercultura: a inteligência coletiva. As comunicações em escala molecular e global, permitidas pela mídia digital interativa, estabelecem uma sinergia cooperativa entre as competências, recursos, projetos e ideias de todos os que, mais ou menos, se integram às redes. Com isso, ativa-se uma inteligência que procede mediante a agregação e colagem de contribuições pontuais, para gerar conhecimentos, práticas e situações passíveis de apropriação terminal por todos os sujeitos inte- grantes do universo telemático . (RÜDIGER, 2011, p. 52) Diversidade Cultural no Ciberespaço A diversidade cultural no ciberespaço, conforme Lévy (2010), é diretamente pro- porcional ao envolvimento ativo e à qualidade das contribuições dos diversos repre- sentantes culturais, ainda que sejam necessárias infraestruturas materiais (redes de telecomunicações, computadores etc.), além de algumas competências. Ainda assim, ele lembra que “os freios políticos, econômicos ou tecnológicos à expressão mundial da diversidade cultural jamais foram tão fracos quanto no ciberespaço” (2010, p. 249). O que, segundo ele, não significa que essas barreiras sejam inexistentes, mas que são muito menos fortes do que nos outros dispositivos de comunicação. A manutenção da diversidade cultural – complementa Lévy (2010, p. 249) – de- pende principalmente da capacidade de iniciativa de cada um de nós “e talvez do 21 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura suporte que os poderes públicos, as fundações, as organizações internacionais ou as ONGs possam conceder aos projetos com características artísticas ou culturais”. De acordo com o pensamento desenvolvido por Lévy, no livro Cibercultura (2010), a chave da cultura do futuro é o conceito de universal sem totalidade. Nessa propo- sição, universal significa “a presença virtual da humanidade para si mesma” (p. 257), abriga o aqui e o agora da espécie, seu ponto de encontro. E totalidade seria a “uni- dade estabilizada do sentido de uma diversidade”. Assim, a cibercultura “inventa uma outra forma de fazer advir a presença virtual do humano frente a si mesmo que não pela imposição da unidade de sentido [totalidade]”. A cibercultura seria, conforme o filósofo, produto da aspiração em construir um laço social fundado na reunião em torno de centros de interesses particulares, no compartilhamento de pequenos saberes, na aprendizagem mais cooperativa e nos processos de sinergia colaborativa. O programa que a moveria seria o do universal sem totalidade: universal, já que a interconexão deve se estender a todos, qualquer um deve poder acessar de qualquer lugar as diversas comunidades virtuais e seus produtos; mas sem totalidade, porque o processo seria por princípio inacabável e disperso: as fontes são cada vez mais heterogêneas, os mecanismos mutantes e as perspectivas de apropriação de tudo isso só tendem a se multiplicar. Como forma de caracterizar a importância da cibercultura, Lévy distingue três grandes etapas da história: • a das pequenas sociedades fechadas, de cultura oral, que vivem em uma totalidade sem serem universais; • a das sociedades “civilizadas”, imperialistas, usuárias da escrita, que fizeram surgir um universal totalizante; • por último, a da cibercultura, correspondendo à globalização concre- ta das sociedades, que inventa um universal sem totalidade. (LÉVY, 2010, p. 258) Lévy (2010) finaliza que a cibercultura – terceira etapa dessa evolução – mantém a universalidade ao mesmo tempo em que dissolve a totalidade. Isso, segundo ele, corresponde ao momento em que nossa espécie, pela globalização econômica, pela concentração das redes de comunicação e de transporte, tende a formar uma úni- ca comunidade mundial, “ainda que essa comunidade seja – e quanto! – desigual e conflitante” (p. 259). O filósofo lembra que a humanidade, única em seu gênero nomundo animal, reúne toda a sua espécie em uma única sociedade. Mas que, ao mes- mo tempo, “e, paradoxalmente”, essa unidade se quebra talvez em razão de realizar na prática o contato e a interação efetivos. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Filmes O Círculo Sinopse: The Circle é uma das empresas mais poderosas do planeta. Atuando no ramo da internet, é responsável por conectar os e-mails dos usuários com suas atividades diárias, suas compras e outros detalhes de suas vidas privadas. Ao ser contratada, Mae Holland (Emma Watson) fica muito empolgada com possibilidade de estar perto das pessoas mais poderosas do mundo, mas logo ela percebe que seu papel lá dentro é muito diferente do que imaginava. Underground: A história de Julian Assange Sinopse: para quem quiser saber um pouco mais sobre o WikiLeaks e seu criador, Julian Assange, esse filme biográfico mostra mais detalhes de sua história, inclusive os perigos que correu por ser considerado um risco para a segurança nacional dos Estados Unidos. Black Mirror Sinopse: em sua quinta temporada, a série de televisão britânica de ficção científica criada por Charlie Brooker é centrada em temas obscuros e satíricos que examinam a sociedade moderna, particularmente a respeito das consequências imprevistas das novas tecnologias. Os episódios são trabalhos autônomos, que geralmente se passam em um presente alternativo ou em um futuro próximo. Emissoras originais: Netflix, Channel 4. Leitura O poder da indústria cultural na internet Refletir sobre os processos de dominação social e cultural da internet a partir do conceito de indústria cultural, originalmente proposto por Adorno e Horkheimer (1985), é o ponto de partida desse ensaio teórico. Identificar, descrever e analisar as relações entre a internet e a indústria cultural formam o objetivo desse texto. https://bit.ly/3bEXDMn 23 UNIDADE Internet, WWW e Cibercultura Referências BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD Contínua TIC 2017: Internet chega a três em cada quatro domicílios do país. 2018. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia- -de-noticias/releases/23445-pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada- -quatro-domicilios-do-pais>. Acesso em: 28 dez. 2019. _______. Ministério da Educação. Cultura Digital. Brasília, s/d. (Série Cadernos Pedagógicos). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=12330-culturadigital-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 27 dez. 2019. CANEDO, D. “Cultura é o quê?” – Reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos poderes públicos. V Enecult – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 27 a 29 de maio de 2009, Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador. Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2019. FGV – FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EM- PRESAS. 30ª Pesquisa Anual do Uso de TI nas Empresas. São Paulo, 2019. Dis- ponível em: <https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/pesti2019fgvciappt_2019. pdf>. Acesso em: 27 dez. 2019. LÉVY, P. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2010. PIESCO, J. Impacto da internet sobre os hábitos culturais da população jovem em São Paulo. Centro de Pesquisa e Formação/Sesc SP, n. 1, nov. 2015. Dispo- nível em: <https://www.sescsp.org.br/files/artigo/83bd6870-6012-4560-9ffa-e3fe- b7ff71d2.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2019. RECUERO, R. da C. A internet e a nova revolução na comunicação mundial. Ensaio, dez. 2000. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm>. Acesso em: 19 dez. 2019. RÜDIGER, F. Cultura e Cibercultura: princípios para uma reflexão crítica. Logos: Comunicação e Universidade, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, 2011. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/1502/1595>. Acesso em: 17 dez. 2019. 24 Paradigmas Educacionais e Inovação Responsável pelo Conteúdo: Prof. João Menoni Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Redes Sociais Digitais Redes Sociais Digitais • Conhecer a origem e o desenvolvimento das redes sociais digitais; • Compreender como é possível a utilização das redes sociais digitais nas empresas e instituições; • Proporcionar uma reflexão sobre as vantagens e desvantagens das redes sociais digitais no mundo contemporâneo; • Apresentar as principais plataformas de redes sociais. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Redes Sociais Digitais; • Plataformas Mais Usadas. UNIDADE Redes Sociais Digitais Redes Sociais Digitais Fenômeno recente, as redes sociais digitais – sites e aplicativos que operam em diversos níveis como profissional, de relacionamento, entre outros, mas sempre per- mitindo o compartilhamento de informações entre pessoas, empresas e instituições – estão modificando a maneira como as pessoas se relacionam, aprendem e se co- municam por meio das tecnologias da informação e comunicação (computadores, celulares, smartphones, tablets). Entretanto, os conceitos de redes sociais não são novos. Um ensaio de Joseph Carl Robnett Lickli e Robert W. Taylor, intitulado O computador como dispositivo de comunicação, publicado em 1968, já questionava sobre como seriam as comu- nidades interativas compostas por membros geograficamente distantes (ROCHA; SOUZA FILHO, 2016). Em 1976, a AT&T Bell Laboratories desenvolveu o protocolo Unix-to-Unix CoPy (UUCP) – sistema de comunicação entre computadores – e, baseado nele, em 1979, foi criada a Usenet pelos estudantes norte-americanos da Duke University, Tom Truscott e Jim Ellis, que tiveram a ideia de ligar um par de computadores dessa universidade e da University of North Carolina (com a ajuda de Steve Bellovin) para trocar informações técnicas, formando grupos de discussão onde as pessoas podiam compartilhar informações, ideias, dicas e opiniões. O sistema funciona até hoje. A Usenet foi o primeiro serviço que teve um grande número de usuários não técnicos, muito antes da World Wide Web. Assim, os grupos on-line e as salas de bate-papo (chats) ganhavam a cada dia mais adeptos. O serviço postal francês, por exemplo, em 1982, levou ao seu público consumidor de massa o serviço nacional on-line chamado Minitel. Em 1985, apa- receu a America On-line, inicialmente com outro nome, e, em pouco tempo, essa passou a dominar o negócio nos Estados Unidos. Em 1988, a IBM e Sears criaram o Prodigy. No início dos anos 1990, foi a vez do correio eletrônico começar a ser usado por pessoas comuns. Em 1997, a empresa nova-iorquina Sixdegrees inaugurou um serviço inovador com o uso de nomes reais, dando início à era das redes sociais modernas. A patente da SixDegrees era abrangente e descrevia um serviço de rede social que matinha uma base de dados, permitindo a um membro criar uma conta e incentivava o con- vite para outras pessoas se conectarem à sua rede através de e-mail. Se as pessoas aceitassem o convite, criava-se ali uma comunicação de mão dupla. Essa é a base das redes sociais. (KIRKPATRICK, 2010 apud ROCHA; SOUZA FILHO, 2016) Mais e mais sites e aplicativos com o objetivo de conectar pessoas, seja pessoal ou profissionalmente, foram surgindo como o LinkedIn, Tribe, MySpace, Orkut, Facebook, entre outros, a partir do início dos anos 2000. No início de 2014, o site mais acessado do Brasil era o Facebook, superando o Orkut (desativado em 2014), que por anos foi a rede mais acessada e, também, ultrapassando o gigante Google. A visibilidade e interação que as redes sociais geram constituem parte indispen- sável dentro dessas mídias, pois o conteúdo replicado dentro de um grupo influencia 8 9 seus membros, tornando-se algo viral, capaz de levar a mensagem a várias pessoas. Essas redes sociais reúnem milhões de membros e uma quantidade cada vez maior de funções que permitem às pessoas interagirem de várias maneiras. Geralmente, cada rede tem sua regra,que estabelece o comportamento de seus participantes e define a maneira de interação mais eficiente. O Brasil se rendeu à internet. Os números apontam isso e crescem em grande progressão. Atualmente, com base nas pesquisas das empresas Alexa, Nielsen, Ibope Media, Cetic (ROCHA; SOUZA FILHO, 2016), que oferecem serviços de mensuração e análise de dados de navegação na internet, o Brasil é o país que maior tempo gasta na frente de seu microcomputador, com cerca de 69 horas mensais. Em 2000, o tempo máximo conectado era de 8 horas. Com as redes sociais se tornaram acessíveis novas possibilidades de relaciona- mento, abrindo espaço para um grande número de usuários, isso pelas inúmeras possibilidades de construção de grupos e de produção de conteúdo, como também por meio da interação com o outro. Por outro lado, alguns autores falam sobre uma suposta banalização das relações desenvolvidas nas redes sociais, os usuários dese- jam alcançar a popularidade que se traduz no número de amigos que fazem parte de seu perfil e pelo número de mensagens recebidas. “Porém estes comportamentos devem também ser entendidos como uma oportunidade para que eles possam se projetar através de máscaras que são construídas a partir de seus desejos de identifi- cação projetiva”, afirma Corrêa (2013, p. 33). Figura 1 – Redes sociais: muitas possibilidades de conexões e relacionamentos Fonte: Freepik Bauman (2011), conforme Corrêa (2013), afirma que as relações estabelecidas através da Internet são muito mais superficiais do que as vividas pelas gerações ante- riores. Segundo esse autor, embora as pessoas prezem por ter uma rede de relacio- namento on-line vasta, a intensidade da maioria dessas relações é tão insignificante que pouco lhe custam em termos afetivos, de forma que o estabelecimento de uma aliança ou o seu rompimento se resume ao esforço de um “click”. O fazer sobre o qual se escrevem mensagens no Twitter talvez não signi- fique mais que dizer “estou comendo pizza aos quatro queijos”, ou “estou olhando pela janela”, ou “com sono e indo pra cama”, ou “morto de tédio”. (...) O que nós e todos os nossos iguais somos levados a compreender é 9 UNIDADE Redes Sociais Digitais que a única coisa que importa é saber e contar aos demais o que estamos fazendo – neste momento ou em qualquer outro; o que importa é “ser visto”. Não tem importância alguma saber por que fazemos tal coisa, o que estamos pensando, desejando, sonhando, o que nos alegra ou entris- tece quando a fazemos, ou mesmo outras razões que nos inspiram a usar o Twitter, além de manifestar nossa presença. (BAUMAN, 2011 apud CORRÊA, 2013, p. 34) Entretanto, conforme Corrêa (2013), muitos autores não compartilham da visão pessimista de Bauman, como Lemos e Lévy, que argumentam que também pode- mos encontrar atuações de pessoas que buscam o conhecimento, a aprendizagem, a expressão e a produção de novos sentidos. De acordo com Lemos e Lévy (2010 apud CORRÊA, 2013, p. 34): Elas comentam em blogs, trocam arquivos torrent em redes peer to peer, atualizam em poucas palavras suas ações cotidianas em microblogs, tra- balham cooperativamente em wikis, produzem e disseminam softwares de fonte aberta, reciclam e tornam visíveis o que era considerado lixo pela indústria de massa. As redes sociais na internet, muitas vezes chamadas de sites de relacionamento, por possibilitarem essa troca de informação pelas pessoas e para as pessoas, têm o poder de formar opiniões, o que deu grande força a essas mídias, alterando, por exemplo, o comportamento do consumidor, que antes apenas assistia à propaganda de seu produto, e que agora vai até a Internet e procura informações e opiniões de quem teve experiências com tal produto. Dessa forma, essas mídias podem contri- buir para a construção de uma marca ou até mesmo prejudicar sua reputação. Assim, podemos elencar inúmeras vantagens e desvantagens das redes sociais, como, por exemplo (Quadro 1): Quadro 1 – Vantagens e desvantagens das redes sociais digitais Vantagens • Aproxima as pessoas que vivem em locais diferentes, pois é uma maneira fácil de manter as relações e o contato; • Possibilita a interação em tempo real; • Facilita a relação com quem está mais perto, permitindo manter uma relação de proximidade sem se encontrar fisicamente; • Oferece uma forma rápida e eficaz de comunicar algo para um grande número de pessoas ao mesmo tempo; • Permite avisar sobre um acontecimento, a preparação de uma manifestação ou a mobilização de um grupo para um protesto; • Facilita a organização de eventos, enviando convites e solicitando a confirmação de presença. Desvantagens • Falta de privacidade; • Exige cuidado na divulgação de certos pormenores da vida de cada um; • Crianças e adolescentes divulgam informações sobre a escola e locais que frequentam; • Pode causar dependência, pois, em alguns casos, as pessoas não conseguem se “desligar” das redes sociais, deixando coisas importantes por fazer; • Criação de perfis falsos para veiculação de comentários violentos, preconceituosos e racistas; • Facilidade de divulgação de notícias, fatos e imagens sem a verificação da fonte, podendo ser fake News (notícias falsas). 10 11 As Redes Sociais e as Empresas e Instituições A internet transformou de uma forma radical a comunicação no mundo. Ela pode ser considerada como um mecanismo de propagação de informações com abrangên- cia mundial somada à interação de seus usuários e de seus computadores indepen- dentemente da localização geográfica de cada um. E, as redes sociais passam a ser constituídas de fluxos informacionais, refletindo a era da conexão. Ao mesmo tempo, essas conversações públicas também oferecem um substrato para novas formas de serviços, marketing e publicidade mais direcionados e mais conversacionais. “A era do relacionamento é o novo momento, um novo contexto, onde consumidores estão em rede, comentando, discutindo, participando” (ZENHA, 2018, p. 28). O diferencial da publicidade on-line em relação às outras mídias tradi- cionais é a interação dos usuários com os materiais publicitários expostos na internet. Nessa interação, os consumidores podem clicar em algo de seu interesse dando, assim, um passo à frente no processo de comunicação. De acordo com Zeff e Brad (2000 apud RIBEIRO, 2010, p. 18), existem quatro van- tagens na publicidade on-line com relação à publicidade tradicional, off-line (Quadro 2): Quadro 2 – Vantagens da publicidade on-line em comparação com a off -line Focalização Por meio de um banco de dados que pode conter desde comportamento, região, faixa etária, classe social e gênero, os anunciantes direcionam as mensagens a um determinado público-alvo de acordo com seu segmento. Monitoramento A partir do momento em que o usuário acessa algum material de publicidade on-line ficará registrado e será monitorado por profissionais de marketing que poderão avaliar determinados interesses e mensurar o alcance com mais precisão, diferente das mídias tradicionais. Entrega e fl exibilidade O retorno na publicidade on-line é imediato, já que o interesse dos usuários é monitorado por profissionais. Sendo assim, qualquer material publicitário na Web pode ser lançado, alterado ou até mesmo cancelado se o objetivo da comunicação não estava sendo alcançado. Isso já não é possível em jornais e revistas, pois a alteração só pode ocorrer depois da publicação de uma nova edição; e para televisão, o custo seria maior para um novo desenvolvimento de material publici- tário depois desse ter sido divulgado. Interatividade Um dos maiores diferenciais, já que a publicidade on-line disponibiliza testes de produtos, opiniões dos consumidores e informações detalhadas sem o consumidor precisar sair de casa, o que transforma o consumidor em comprador mais facilmente. Fonte: Zeff e Brad (2000 apud RIBEIRO, 2010, p. 18) Entretanto, Ribeiro (2010, p. 19) salienta que As mídias sociais não surgiram para substituir as mídias tradicionais, pois estas tambémsão importantes para as empresas, elas são como um com- plemento de atividades que podem ser utilizadas nas estratégias da empresa. Para a autora, cada rede social digital funciona de uma forma: suas ferramentas, entre elas Twitter, Facebook e Youtube, por exemplo, possibilitam a publicação de conteúdos por qualquer pessoa, atividades que incluem compartilhamento e criação de palavras, fotos, vídeos e áudios. “A rede social proporciona ao consumidor colocá-lo 11 UNIDADE Redes Sociais Digitais realmente no lugar onde ele precisa estar, numa posição em que é capaz de escolher o que quer ver, quando quer ver e da maneira que quer ver”. Com o surgimento e crescimento das redes sociais e suas diversas ferramentas de co- municação, o mercado, em relação às suas estratégias de marketing, sentiu necessidade de se adaptar a essa nova situação, pois hoje em dia as pessoas não buscam mais por notícias, as notícias as encontram, não vão buscar por serviços e produtos, eles também irão encontrá-las, tudo isso por meio das redes sociais digitais (RIBEIRO, 2010). Com o estímulo das redes sociais, a estratégia de comunicação das empresas e instituições, com seus clientes e usuários, está mudando. Hoje existe a possibilidade de ir para onde está o seu público, ao invés de fazer com que o público vá até a empresa, até porque os novos consumidores estão mais informados e esse relacio- namento não é mais baseado em apenas transmitir mensagens e informações, mas também em receber o retorno do público, que é capaz de filtrar, acessar e reagir a essas mensagens. Para aderir às redes sociais, segundo Ribeiro (2010), a empresa precisa saber quais utilizar e em qual momento as deve utilizar, pois, a partir da participação nes- sas novas ferramentas, ela estará exposta e deverá movimentá-las, criar conteúdo, interagir com as pessoas e encontrar novas pessoas, e não esperar que seu perfil na internet se atualize sozinho, pois é preciso chamar a atenção de forma criativa e ao mesmo tempo agregar valor à empresa. Vamos conferir algumas utilidades das redes sociais digitais para empresas e ins- tituições: • Compartilhar a visão da empresa: as redes sociais são uma espécie de vitrine da empresa ou instituição; é nelas que o empreendedor poderá mostrar a visão do negócio, no que acredita; • Personalização da mensagem e interação direta com o cliente: nas redes sociais, é possível ter um relacionamento muito mais customizado e direto com cada cliente ou possível cliente, já que é possível entrar em contato com cada um, seja para resolver problemas ou descobrir novas informações; • Possibilidade de segmentação do público: ao publicar nas redes sociais, é possível segmentar posts de acordo com as características da audiência, direcio- nando esforços para aquelas parcelas do público que possuem mais afinidade com a solução da empresa ou instituição; • Poder saber mais sobre cada um dos seus clientes: as pessoas compartilham seus gostos, desejos e outras informações que podem ser valiosas para as em- presas na hora dessas se aproximarem do seu público-alvo. Importante é ficar atento ao que é relevante para a audiência para se conectar melhor a essa; • Possibilidade de vender por esses canais: da mesma forma que é possível se relacionar com o público por meio das redes sociais, é também possível utilizá-las para vender produtos ou serviços, principalmente em relação à audiência que já tem um relacionamento com a empresa ou instituição; 12 13 • Possibilidade de divulgação para empresas com baixo orçamento: ao contrário dos meios tradicionais, anunciar nas redes sociais possui um custo mais baixo, além da vantagem de que na Web é mais fácil mensurar os resultados; • Informação em tempo real: as redes sociais permitem comunicar mensagens de empresas e instituições urgentes em um canal oficial. Isso é muito importante no caso de gestão de crise, por exemplo, em que é necessário que a marca se posicione rapidamente, evitando assim que tome maiores proporções. Erros e Acertos nas Redes Sociais Pontos cruciais como qual rede social escolher, como se portar, como dar retorno aos consumidores e usuários, qual o melhor momento para utilizar e, principalmen- te, qual o foco e objetivo da empresa ou instituição com a utilização das redes sociais, são de fundamental importância na gestão dessas ferramentas. Ribeiro (2010, p. 29) apresenta os sete erros e acertos do mundo corporativo nas redes sociais digitais, segundo reportagem da revista IstoÉ (Quadro 3). Quadro 3 – Erros e acertos do mundo corporativo nas redes sociais digitais Pecados Regras de ouro 1 Querer entrar em todas as redes ao mesmo tempo. É preciso ter foco. Conhecimento. Pesquise antes qual é a melhor rede social para o seu objetivo, de acordo com o perfil de cada serviço. 2 Enviar muitas mensagens seguidas, de maneira a superlotar a página do usuário. Discrição. É importante mostrar que há uma pessoa atrás do perfil, mas sem personalizar muito. 3 Deixar de entregar um produto ou prestar um serviço. Uma boa reputação pode levar anos para ser construída e se- gundos para ser destruída. Dedicação. Certifique-se de que terá tempo suficiente para atender a todas as dúvidas e aos pedidos dos internautas. 4 Deixar de responder às dúvidas dos internautas em menos de 48 horas. Na era da informação instantânea, os clientes esperam velocidade de resposta. Interação. Não tenha medo de trocar ideias e até mesmo pedir opiniões para os usuários das redes sociais. 5 Deixar de atualizar seu perfil. Quanto mais novidades, mais visualizações. Mas fique atento ao pecado nº 2. Transparência. Surgiu um problema e a entrega vai atrasar? Explicar ao cliente o que houve será melhor do que fingir que nada aconteceu. 6 Agir de forma impessoal. As pessoas esperam encontrar gente como elas nas redes sociais, e não máquinas de respostas. Autenticidade. Seja você mesmo. Os internautas tendem a se identificar com um perfil quando percebem que ele fala de algo que realmente gosta, não apenas de conteúdo para vender. 7 Cometer erros de gramática e ortografia. Escrever uma pa- lavra de maneira errada pode dar uma impressão pior do que uma vitrine pichada. Produção. Foi-se o tempo em que fotos e vídeos caseiras, ama- doras faziam sucesso. Gaste algum tempo para produzir belas imagens. Plataformas Mais Usadas Em relação às redes sociais digitais, o relatório Digital in 2019, feito pela We Are Social em parceria com a Hootsuite, apontou que 66% da população brasileira é usuária dessas redes, representando mais de 140 milhões de usuários ativos. O Brasil, segundo o relatório, foi um dos países com maior aumento no número de usuários nas redes, com mais de 10 milhões de novos usuários. (COSTA, 2019) 13 UNIDADE Redes Sociais Digitais O levantamento identificou as 10 redes sociais digitais mais usadas no país. Com um crescimento de mais de 58% usuários no Brasil nos últimos anos, o YouTube é, hoje, a maior rede no Brasil, segundo o relatório. Conforme dados da pesquisa, 95% dos entrevistados afirmaram que o site de vídeos é a plataforma mais usada. Hoje ela é utilizada para assistir programas, escutar músicas, ver jogos, acompanhar os youtubers e fazer marketing. Em segundo lugar vem o Facebook. Com mais de 2 bilhões de usuários, ele con- quistou o posto de rede social mais popular do mundo em meados de 2008 e passou a ser destaque no Brasil em 2012. “Não é surpresa que a rede esteja em segundo lugar no país: 90% dos respondentes afirmaram usar da plataforma de interação social”, salienta Costa (2019). O Brasil é o terceiro país mais ativo no Facebook, perdendo apenas para Estados Unidos e Índia. O grande número de usuários e as diversas possibilidades de uso da rede são grandes atrativos para as empresas. Figura 2 – Brasil é o terceiro país mais ativo no Facebook Fonte: Freepik No ranking das 10 redes sociais digitais mais usadas no Brasil, segundo o relatório Digital in 2019, em terceiro lugar está oWhatsApp. Se antes essa rede era usada ape- nas para conversas com amigos e familiares, hoje ela é um dos principais aplicativos de mensagens e de comunicação, e não só do Brasil, como do mundo — o aplicativo conta com 1,5 bilhão de usuários globalmente. “E, se muitas marcas não usavam o aplicativo pelas limitações para fazer negócio, esse cenário pode estar mudando com o anúncio do WhatsApp Business, com novas possibilidades para as empresas”, afirma Costa (2019). Para completar a lista, seguem, em ordem, Instagram, Messenger, Twitter, LinkedIn, Pinterest, Skype e Snapchat. Vamos conferir as principais redes sociais digitais em uso no Brasil e suas carac- terísticas básicas: • Youtube: Compartilhamento de vídeos; • Facebook: Interação e expansão de contatos; • WhatsApp: Envio de mensagens instantâneas e chamadas de voz; 14 15 • Instagram: Compartilhamento de fotos e vídeos; • Messenger: Envio de mensagens instantâneas; • Twitter: Compartilhamento de pequenas publicações, tweets; • LinkedIn: Interação e expansão de contatos profissionais; • Pinterest: Compartilhamento de ideias de temas variados; • Skype: Chamada de voz e vídeo; • Snapchat: Compartilhamento de vídeos curtos, 10 segundos; • Flickr: Compartilhamento de imagens; • Tumblr: Compartilhamento de pequenas publicações. Conforme a pesquisa “O uso da internet por adolescentes”, conduzida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2013 (PIESCO, 2015, p. 102), o jovem brasileiro tem a internet como elemento central em sua vida cotidiana. Segundo a Unicef, 70% dos adolescentes brasileiros podem ser considerados “incluídos” no que diz respeito ao acesso à internet, dos quais 64% acessam a rede diariamente. Outro levantamento realizado pelo Ibope Media para o painel Conectaí, a pedido da YouPIX, em 2013, de acordo com Piesco (2015, p. 102), revelou que dos jovens brasileiros, entre 15 e 33 anos, com acesso à internet, é ainda mais marcante o uso das redes sociais: 95% têm contas no Facebook; 72%, no Twitter; e 63%, no WhatsApp. A pesquisa mostra ainda que 63% dizem acessar blogues regularmente e impressionantes 95% se autodeclaram “viciados em tecnologia”. A autora salienta também que esses mesmos jovens destacam a importância da internet no momento de escolher as atividades a serem exercidas no tempo livre, algo impressionante, em todo de “94,9% dos jovens afirmaram que consultam a internet para se informar sobre atividades sociais e culturais da cidade, enquanto só 29,1% disseram usar revistas para essa finalidade, e apenas 38,8% usam jornais” (PIESCO, 2015, p. 103), e continua: A internet desempenha um papel central na socialização desses jovens, por meio das redes sociais e serviços de mensagem, sendo que 45% dos jovens com acesso à internet alegam preferir conversas por redes sociais do que pessoalmente. Ainda que o acesso à internet seja maior entre jovens com maior poder aquisitivo, ela está passando por uma acelerada democratização no Brasil, movida tanto pelo barateamento dos planos de acesso à internet quanto pela popularização de aparelhos de acesso móvel, como celulares e tablets. (PIESCO, 2015, p. 103) O diferencial das redes sociais, conforme Zenha (2018), está na facilidade que possuem para construir as mensagens, facilidade na veiculação, no acesso rápido e em pontos distanciados que proporcionam as trocas de saberes disponibilizados pe- los pontos na rede social, além do gerenciamento de perfis para aceitar e propagar esses saberes. 15 UNIDADE Redes Sociais Digitais YouTube: A Maior Plataforma de Vídeos do Mundo O YouTube – atualmente de propriedade do Google – foi criado em 2005 quando Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim registraram o domínio youtube.com. A plataforma permite aos usuários a criação de um canal para armazenamento e compartilhamento de vídeos em formato digital de forma gratuita. O canal pode ser customizado, sendo possível colocar o nome da marca, imagem de fundo e descrição. O vídeo compartilhado exibe um campo para comentários, onde qualquer usuário pode participar e também avaliar o vídeo e os comentários de outros usuários. Além dessas formas de interação, existe ainda a possibilidade de compartilhar o vídeo em outras redes como Facebook, Twitter, Tumblr, bem como incorporá-lo em sites e blogues ou então enviá-lo por e-mail. Figura 3 – Youtuber produzindo um vídeo Fonte: Freepik Com o passar do tempo, os primeiros youtubers – esse termo nem existia ain- da – começaram a sair dos empregos originais para se dedicarem só à produção de conteúdo em vídeo. A existência da plataforma foi o suficiente para chamar a atenção da internet e também das marcas. A Nike, por exemplo, foi a primeira a aproveitar a nova plataforma com um vídeo histórico: Ronaldinho Gaúcho calça suas novas chuteiras e acerta chutes no travessão várias vezes seguidas. Uma cultura dos youtubers foi criada e vários dos influenciadores digitais de hoje em dia nas redes sociais começaram no YouTube. Já foram diversas as fases e modas, como a tendência dos canais de maquiagem, receitas, vlogues e esquetes de humor. Várias delas já passaram, mas deixaram muita gente famosa e relevante até hoje. O YouTube é o meio preferido das pessoas que assistem conteúdos em vídeo, estando na frente da Netflix e, até mesmo, das TVs aberta e paga. 16 17 Saiba mais Conheça agora os canais mais conhecidos no mundo que fazem muito sucesso na plataforma de vídeos segundo Souza (2020): • T-Series – 123 milhões de inscritos: A T-Series é uma gravadora e produtora indiana fundada por Gulshan Kumar em 1983. É mundialmente conhecida pelas músicas de Bollywood, além de trilhas sonoras e músicas indi-pop. O canal traz videoclipes e trailers de filmes. Tem mais de 123 milhões de inscritos e 94 bilhões de visualizações ; • PewDiePie – 102 milhões de inscritos: PewDiePie é o nickname de Felix Arvid Ulf Kjellberg, um comediante e produtor de vídeos sueco. Seu canal no YouTube lidera a plataforma desde o ano de 2013, chegando a ultrapassar canais oficiais de artistas como Rihanna. O canal tem mais de 102 milhões de inscritos e 24 bilhões de visualizações ; • Cocomelon – Nursery Rhymes : 69 milhões de inscritos. Mais uma vez as crianças mostram que são uma audiência assídua no YouTube! Com cantigas educativas infantis, o canal Cocomelon tem mais de 69 milhões de inscritos e 47 bilhões de visualizações. No Brasil, o canal KondZilla é o campeão de visualizações do YouTube. Ele ficou na primeira posição no ranking elaborado pela rede multiplataforma Sna- ck (SACCHITIELLO, 2019), que avaliou os canais brasileiros com maior número de visualizações em seus vídeos. O canal se autointitula como “o maior canal de funk do mundo”. Criado pelo produtor Konrad Dantas, aparece, em 2019, na primeira posição com um total de mais de 23 bilhões de visualizações (na soma de todos os vídeos postados). O canal tem 54 milhões de inscritos. A sequência do ranking brasileiro elaborado pela Snack é formada por canais de conteúdo infantil, de música, de games e de influenciadores. Galinha Pintadinha, que por muito tempo liderou o ranking de visualizações do YouTube no Brasil, apa- rece na segunda colocação, com um total de mais de 11 bilhões de visualizações. Facebook: Curtiu? Criado em 2004 pelos colegas de Universidade de Harvard, Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, conforme descrição na própria página, a missão do Facebook é dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado. Zuckerberg, fundador, presidente e CEO do Facebook, é responsável pela definição da estratégia global de direção e de produtos para a empresa. O Facebook é uma rede social na qual se cria uma conta gratuita e se recebe uma página com seu nome, onde você pode compartilhar e produzir conteúdo. Um dos 17 UNIDADE Redes Sociais Digitais principais objetivos é criar comunidades que irão ajudá-lo a se relacionar com seus colegas e amigos.É capaz de integrar várias funcionalidades como postagem de vídeos, fotos, textos e links, criação de grupos abertos ou privados, utilização de aplicativos, criação de perfil e páginas, além de oferecer espaço para anúncios. Figura 4 – Brasil tem 130 milhões de contas no Facebook Fonte: Freepik Você sabia? Em 2010, o Facebook lançou dois novos serviços: o Facebook Places – ferramenta que informava a localização do usuário – e o Facebook Sponsored Stories – recurso que permitia que empresas patrocinadoras do Facebook pudessem utilizar comentários positivos sobre seus negócios para gerar publicidade. Porém, ambos os serviços não se popularizaram. As páginas, conhecidas como fanpages, constituem-se como um espaço que serve para reunir públicos com interesses em comum, sendo utilizadas por artistas, empre- sas, marcas, organizações, entre outras finalidades. Está disponível aos administra- dores da página estatísticas sobre o acesso dos usuários, com dados como gênero, cidade, dispositivos utilizados no acesso, idade e até o envolvimento dos “fãs” com a marca, por isso se constitui como uma ótima ferramenta de marketing digital. De acordo com o site Statista (BRASIL, 2019), o Facebook é a rede social mais popular do mundo com 2,27 bilhões de usuários, tendo a Índia com o maior nú- mero de perfis: 300 milhões. Depois vêm os Estados Unidos, com 210 milhões e, em terceiro lugar, empatado com a Indonésia, aparece o Brasil, com 130 milhões de pessoas conectadas à rede social. WhatsApp: Popular Se partirmos da definição de rede social digital como uma estrutura composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que compartilham valores e objetivos em comum, também podemos encaixar o 18 19 WhatsApp como uma rede social digital, uma vez que, por meio do aplicativo, com- partilhamos várias situações, construímos relações e até podemos dizer que ele ajuda a atingir um objetivo em comum, já que muitas empresas utilizam o WhatsApp para a comunicação entre os seus funcionários. Além da função de troca de mensagens, é possível trocar fotos, vídeos e realizar até chamadas de voz pelo aplicativo. Figura 5 – Página inicial do WhatsApp no computador Fonte: Acervo do conteudista O WhatsApp vem contribuindo para que as pessoas estejam permanentemente conectadas por meio de seus smartphones e olhem para a tela praticamente a toda hora. Muitos não podem ver o sinal de notificação do aplicativo aparecer que na hora olham a mensagem. Nesta era da conectividade, na qual lidamos cada vez mais com pessoas, seja na vida pessoal ou profissional, o aplicativo é mais um ingrediente para nos ajudar a lidar com tantas situações e pessoas que transitam em nossa rotina. Whatsapp: é um trocadilho em inglês com a expressão “What’s up?”, que pode ser traduzida por “Como vai?” e “Qual a boa?”. Como a pronúncia de “up” e “app” é parecida, o nome acabou se encaixando à proposta dos criadores. De acordo com Agrela (2019), pesquisa feita pela consultoria Croma Insights com 1.400 usuários do aplicativo no Brasil, mostrou que 65% das pessoas têm o hábito de utilizar o WhatsApp e metade dos entrevistados disseram usar o aplicativo logo que acor- dam. A pesquisa mostra também que as pessoas também costumam acessar o app de mensagens quanto estão comendo sozinhas (47%) e assistindo à televisão (45%). O levan- tamento aponta, ainda, que o WhatsApp é usado no trabalho por 60% dos entrevistados. O número é três vezes maior do que o e-mail, 20%, segundo os resultados da pesquisa. Ainda conforme Agrela (2019), no relatório Global Messaging Apps 2019, que anali- sa o setor de apps de mensagens no mundo, a consultoria americana eMarketer afirma que o WhatsApp é um dos aplicativos mais usados no mundo para enviar mensagens em mercados fora dos Estados Unidos. O Brasil é um dos principais países onde o aplicativo é popular, com 120 milhões de usuários ativos mensalmente. No mundo, são estimados mais de 800 milhões de usuários. 19 UNIDADE Redes Sociais Digitais Instagram: Não tem Segredo O Instagram é uma rede social criada em 2010 por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger para o compartilhamento de fotos e vídeos. Dois anos depois, foi com- prado pelo Facebook. Assim como as outras redes sociais digitais, ele é gratuito e, para ser utilizado, é necessário o uso de um smartphone ou tablet com o aplicativo instalado disponibilizado para sistemas Android e iOS, ainda que tenham lançado o Instagram na Web, em fevereiro de 2013. Seja em casa, no trabalho ou no lazer, as pessoas se sentem à vontade para de- monstrar a sua vida para os amigos, familiares e até mesmo para desconhecidos. Suas funções são simples e rápidas, basta um clique e a escolha de um filtro para que as fotos e/ou vídeos se tornem visualizadas pelos usuários da própria rede e das demais redes sociais. Figura 6 – Aplicativo é sucesso em vários países Fonte: Getty Images O Instagram permite publicidade paga, onde as marcas podem publicar anúncios em forma de fotos através de seus perfis. Todo anúncio é identificado por um ícone e é mostrado no feed de usuários específicos, baseado em seus interesses e atividades no Instagram e Facebook. Os lugares mais visitados e, consequentemente, mais marcados no Instagram são os Parques da Disney e da Universal Studios, seguidos pela Times Square e pelo Central Park, em Nova York, a Torre Eiffel e o Museu do Louvre, em Paris. Em junho de 2018, o Instagram anunciou que bateu a marca de 1 bilhão de usuá- rios ativos, incluindo a rede social como uma das mais populares no mundo, ficando atrás somente de Facebook, YouTube, WhatsApp, Facebook Messenger e WeChat. Com 66 milhões de perfis, o Brasil é o segundo país que mais usa o Instagram no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 110 milhões de usuários ativos. 20 21 Twitter: O Essencial O Twitter é uma rede social gratuita com características bem simples, mas atraentes, que permite aos usuários o envio de mensagens com no máximo 280 caracteres (inicialmente eram 140 caracteres), conhecidos como tweets, com o objetivo de oferecer a todos o poder de criar e compartilhar ideias e informações instantaneamente. O formato de mensagens lembra o serviço de SMS (Short Messages Service) utilizado pelas empresas de telefonia, também conhecido como “torpedo”. A limitação de caracteres se dá exatamente pelo conceito inicial da ferramenta: mensagens SMS. Além disso, enviar mensagens curtas é o principal foco do serviço e principal difusor de sites encurtadores de URL, como o Bit.ly, Migre.me e outros. Figura 7 – Página inicial do Twitter Fonte: Acervo do conteudista Criada pelos programadores norte-americanos Evan Willians, Jack Dorsey e Biz Stone, em julho de 2006, a rede, muito utilizada por celebridades, intelectuais e políticos, é composta por seguidores, em que cada pessoa escolhe quem seguirá. É possível enviar mensagens privadas, a DM (Direct Message), ou ainda mensagens públicas direcionadas, para isso deve-se utilizar @ antes do nome do usuário de destino. O Twitter mistura diversos elementos de comunicação e de relacionamento e pode ser utilizado para integrar a comunicação com as demais redes sociais. É uma comunicação instantânea na internet disponível para o uso em computadores, tablets e celulares. A rede permite a realização de busca através do uso do caractere #, denominado hashtag. Utilizando essa ferramenta, é possível localizar todas as postagens lançadas com essa tag, que são chamados de trending topics ou TTs (assuntos do momento). Na tela, ficam disponíveis a todos os usuários um ranking com os assuntos mais mencionados no momento, facilitando uma visualização ampla do conteúdo. Em 2019, a rede social contabilizou 330 milhões de usuários em todo o mundo (NÚMERO..., 2019). O Brasil, segundo pesquisa do Cuponation (SILVA, 2019), está em 6º lugar na lista das dez nações com mais usuários no Twitter, com 8,28 milhões de usuários ativos. As duas primeiras
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