Buscar

Juliana PDF Pós

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Conteúdo:
PROJETO
INTEGRADOR- 
SAÚDE CORPO
E MENTE
Ivonilce Venturi
ALIMENTOS
TRANSGÊNICOS
4
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
• Identificar o processo em que ocorre a modificação genética. 
• Reconhecer as legislações brasileiras sobre OGM. 
• Analisar os malefícios e benefícios do consumo de alimentos geneticamente 
modificados para a saúde humana.
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
Desde a década de 1970, quando tornou-se possível alterar o DNA de 
organismos vivos, a engenharia genética vem realizando alterações em 
plantas e animais, com os objetivos de obter uma melhor produção agrícola, 
fazer uso de menos agrotóxicos e melhorar a qualidade dos alimentos. No 
entanto, ainda é um assunto que gera muita polêmica no meio científico 
devido a possíveis efeitos danosos ao organismo humano e malefícios à 
natureza. Os alimentos geneticamente modificados ou transgênicos estão 
nos mais diferentes produtos disponíveis para compra e consumo humano.
As diferentes opiniões sobre os organismos geneticamente modificados 
(OGM) refletem uma disputa técnica que envolve consumidores, agricultores, 
governo, ambientalistas, políticos, empresas privadas, cientistas e muitos 
outros órgãos, sendo que cada um defende um ponto de vista em relação aos 
OGM. Portanto, é importante que você, sendo nutricionista, conheça e entenda 
o processo de modificação genética de alimentos para não apenas orientar 
seus pacientes e a comunidade sobre o consumo seguro de alimentos, mas 
também para compreender a repercussão dos OGM na sociedade. 
Neste capítulo, você vai conhecer os OGM, suas vantagens e desvantagens 
para o homem, a sociedade e o meio ambiente. Você vai compreender 
também os riscos e benefícios para a saúde humana. 
Bons estudos!
5
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
A década de 1950 foi marcada pela descoberta da síntese química do DNA e do 
DNA recombinante, descoberto a partir do uso das técnicas de manipulação 
genética. Em 1953, os cientistas James Watson e Francis Crick publicaram um 
artigo na revista Nature mostrando o DNA em sua estrutura tridimensional 
em dupla hélice. 
Na década de 1970, cientistas conseguiram alterar o gene da bactéria 
E. coli para a produção da insulina humana, e, em 1983, foi aprovada a 
comercialização e o uso da insulina recombinante para a medicina humana. 
Em 1994, entrou na cadeia alimentar americana o primeiro alimento 
geneticamente modificado, o tomate de amadurecimento retardado 
(Flavr Savr®). No ano seguinte, liberou-se o plantio de soja geneticamente 
modificada pelos Estados Unidos, o que ocorreu também na Argentina, em 
1996. 
No Brasil, em janeiro de 1995, criou-se a Lei nº 8.974, que dispõe sobre 
biossegurança. Além disso, foi formada a Comissão Técnica Nacional de 
Biossegurança (CTNBio), passando a ser este o órgão controlador dos 
produtos transgênicos no Brasil. 
Outro acontecimento importante foi o nascimento de duas ovelhas com 
genes humanos, as quais produziram leite com proteína anticoagulante. 
A União Europeia aprovou, em 1998, as regras para inserir nas embalagens 
de alimentos uma etiqueta mostrando que o alimento era geneticamente 
modificado. No ano seguinte, entrou em vigor o Protocolo de Cartagena 
– protocolo internacional que fornecia diretrizes para o transporte de 
organismos geneticamente modificados (OGM).
Em 1999, foi fundada no Brasil a Associação Nacional de Biossegurança 
(ANBio), mas foi somente em 2005 que foi aprovada a Lei nº 11.105, de 24 de 
março de 2005, que dispõe sobre biossegurança e ações de fortalecimento 
em biossegurança no Brasil. A partir de então, vários experimentos passaram 
a ser realizados com o uso da engenharia genética, desde a criação de animais 
de laboratório até alimentos (XAVIER, LOPES e PETERS, 2009).
6
Conceito de alimento geneticamente modificado
A Lei Federal Brasileira nº 11.105, de 24 de março de 2005, no art. 3º, inciso 
V descreve que organismo geneticamente modificado é 
o organismo cujo material genético (DNA/RNA) foi modificado por 
qualquer técnica de engenharia genética, excluídos desta classificação 
os organismos resultantes de técnicas que impliquem na introdução 
direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolva a 
utilização de moléculas de DNA/RNA recombinante ou OGM, tais como: 
fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução 
poliplóide e qualquer outro processo natural (BRASIL, 2005). 
No processo de transgenia, portanto, os alimentos são geneticamente 
modificados, passando a ter em seu DNA um gene de outra planta ou animal. 
A função da inserção de um gene diferente no DNA da planta é torná-la 
resistente a alguma praga, herbicida ou escassez de água. 
Pode-se resumir o processo de transgenia em: 
(a) isolamento e clonagem de um gene útil; (b) transferência desse gene 
para dentro da célula vegetal; (c) integração desse gene ao genoma da 
planta; (d) regeneração de plantas a partir da célula transformada; (e) 
expressão do gene introduzido nas plantas regeneradas; (f) transmissão 
do gene introduzido de geração em geração (BESPALHOK FILHO, GUERRA 
e OLIVEIRA, 2016).
LEGISLAÇÕES SOBRE ORGANISMOS GENETICAMENTE 
MODIFICADOS NO BRASIL
A legislação brasileira regulamenta os OGM. Confira, a seguir, os textos 
resumidos de algumas legislações.
Lei nº 11.105/2005 (BRASIL, 2005)
Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, 
estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades 
que envolvam organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, 
cria o Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, reestrutura a Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de 
Biossegurança - PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida 
7
Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 
16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização 
sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a 
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a 
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de 
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo 
como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança 
e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a 
observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.
§ 1o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a realizada 
em laboratório, regime de contenção ou campo, como parte do processo 
de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da biossegurança de 
OGM e seus derivados, o que engloba, no âmbito experimental, a construção, 
o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a 
exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte de 
OGM e seus derivados.
§ 2o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de OGM 
e seus derivados a que não se enquadra como atividade de pesquisa, e que 
trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da transferência, 
da comercialização, da importação, da exportação, do armazenamento, do 
consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados para fins 
comerciais. 
Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, 
relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa 
científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam 
restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão 
responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, 
bem como pelas eventuais consequências ou efeitos advindos de seu 
descumprimento.
Art. 8o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado 
à Presidênciada República, órgão de assessoramento superior do Presidente 
da República para a formulação e implementação da Política Nacional de 
Biossegurança – PNB.
8
Lei n° 11.460/2007 (BRASIL, 2007)
Dispõe sobre o plantio de organismos geneticamente modificados em unidades de 
conservação; acrescenta dispositivos à Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e à 
Lei no 11.105, de 24 de março de 2005; revoga dispositivo da Lei no 10.814, de 
15 de dezembro de 2003; e dá outras providências.
Art. 1o Ficam vedados a pesquisa e o cultivo de organismos geneticamente 
modificados nas terras indígenas e áreas de unidades de conservação, exceto 
nas Áreas de Proteção Ambiental. 
§ 4o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação 
planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de 
Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias 
de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão 
técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre: 
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres; 
II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo 
geneticamente modificado; 
III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em 
relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e 
IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à 
biodiversidade.” (NR) 
Rotulagem de alimentos transgênicos
 
Decreto n° 4.680/2003 (BRASIL, 2003) 
Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de 
setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados 
ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de 
organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento das demais 
normas aplicáveis.
Art. 2o Na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares destinados 
ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir 
9
de organismos geneticamente modificados, com presença acima do limite de 
um por cento do produto, o consumidor deverá ser informado da natureza 
transgênica desse produto.
§ 1o Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel ou in natura, 
o rótulo da embalagem ou do recipiente em que estão contidos deverá 
constar, em destaque, no painel principal e em conjunto com o símbolo a ser 
definido mediante ato do Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões, 
dependendo do caso: “(nome do produto) transgênico”, “contém (nome do 
ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)” ou “produto produzido a partir de 
(nome do produto) transgênico”. [...]
Art. 4o Aos alimentos e ingredientes alimentares que não contenham nem 
sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados será 
facultada a rotulagem “(nome do produto ou ingrediente) livre de transgênicos”, 
desde que tenham similares transgênicos no mercado brasileiro.”
Portaria n° 2.658/2003 (BRASIL, 2003)
Define o símbolo de que trata o art. 2º, § 1º, do Decreto 4.680, de 24 de abril de 
2003.
1. ÂMBITO DE APLICAÇÃO E OBJETIVOS: O presente regulamento se aplica de 
maneira complementar ao disposto no Regulamento Técnico para Rotulagem 
de Alimentos Embalados aprovado pela resolução da Diretoria Colegiada da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária de nº 259, de 20 de setembro de 
2002, ou norma que venha a substituir, e tem o objetivo de definir a forma 
e as dimensões mínimas do símbolo que comporá a rotulagem tanto dos 
alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou 
animal embalados como nos vendidos a granel ou in natura, que contenham 
ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, na 
forma do Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003.
Instrução Normativa n° 01/2004 (BRASIL, 2004)
Define os procedimentos complementares para aplicação do Decreto no 
4.680, de 24 de abril de 2003, que dispõe sobre o direito à informação, 
assegurado pela Lei n o 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos 
alimentos e ingredientes alimentares, destinados ao consumo humano 
ou animal, que contenham ou sejam produzidos a partir de Organismos 
Geneticamente Modificados.
10
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: 
MALEFÍCIOS X BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE HUMANA
Você sabia que há uma lista de alimentos geneticamente modificados 
disponíveis à venda no mercado? Alguns produtos ainda não são vendidos no 
Brasil. Confira, a seguir, quais produtos são comercializados no Brasil e quais 
não se encontram à venda.
Alimentos geneticamente modificados vendidos no Brasil – soja, milho, trigo, 
centeio, óleo de cozinha extraído da soja, milho e algodão, feijão (variedade 
desenvolvida pela Embrapa para ser resistente ao vírus do mosaico dourado).
Alimentos geneticamente modificados ainda não vendidos no Brasil – 
mamão papaya, abobrinha, salmão e arroz (algumas variedades ainda em 
teste). 
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de soja, milho e algodão 
transgênico. A produção destes itens com sementes transgênicas chega a 
93,4% do total produzido no País. 
Discute-se muito a relação entre vantagens e desvantagens quanto à 
produção dos transgênicos, pois há empresários que defendem o cultivo, 
a comercialização e o consumo dos transgênicos, e há também quem seja 
contra essa produção. Conheça agora alguns pontos de discussão levantados 
nos grupos.
As vantagens da produção de transgênicos estão nos seguintes aspectos: 
aumento da produtividade, maior resistência a pragas (insetos, bactérias, 
fungos e vírus), diminuição do uso de agrotóxicos e maior resistência e 
durabilidade no tempo de estocagem de alimentos. 
As desvantagens da produção estão na alteração ambiental, pois os 
transgênicos são mais resistentes a pesticidas, exigindo o uso de uma maior 
quantidade. Por eliminarem pragas prejudiciais à plantação, podem também 
eliminar populações benéficas, como abelhas, minhocas e outras espécies. 
Plantas com genes manipulados podem cruzar com plantas nativas, alterando 
o meio ambiente. Além disso, discute-se a segurança ambiental, que pode 
mudar de acordo com as condições locais. 
11
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014), os alimentos 
geneticamente modificados são avaliados quanto à segurança nos seguintes 
aspectos:
• efeitos diretos sobre a saúde (toxicidade);
• potencial para causar reações alérgicas (alergenicidade);
• componentes específicos considerados como tendo propriedades 
nutricionais ou tóxicas;
• estabilidade do gene inserido;
• efeitos nutricionais associados à modificação genética; 
• outros efeitos indesejados que possam resultar da inserção do gene. 
Mesmo a OMS tendo definido critérios quanto à segurança dos alimentos 
transgênicos, tais itens ainda são causa de uma polêmica discussão quanto 
aos potenciais riscos e benefícios para a saúde humana. 
Riscos para a saúde humana
Alguns estudos realizados demonstraram os resultados apresentados a 
seguir. Confira!
Efeito potencial na saúde humana resultante do uso de DNA viral em 
plantas – a maioria das culturas geneticamente modificadas utiliza o 35S 
proveniente do Cauliflower Mosaic Virus 35S promoter (CaMV35S) para ligar o 
gene introduzido. Há muitas controvérsias relativas à dúvida se o CaMV35S 
pode ser transferido horizontalmente ao ser humano, causando doenças (p. 
ex., câncer), reativando vírus latentes ou gerando novos vírus.
Frente a esses questionamentos, alguns autores encontraram o CaMV 
em alimentos normais e não identificaram risco de infecção, pois este não 
pode ser absorvido por mamíferos (HO, RYAN e CUMMINS, 2000). Paparini 
e Romano-Spica (2004) não encontraram relação causal de doenças com o 
promotor 35s, mesmo que o consumo de CaMV e seu promotor seja alto.
Possível transferência de genes resistentes a antibióticos para bactérias 
no trato gastrintestinal – outra área de preocupação em relação aos 
transgênicos é a possibilidade de os genes de resistência a antibióticos 
(utilizados nas culturastransgênicas) serem transferidos horizontalmente 
para as bactérias patogênicas intestinais, reduzindo a eficácia de antibióticos 
utilizados pela população. 
12
Mesmo a possibilidade sendo considerada baixa (não inexistente), há 
necessidade de realizar estudos de toxicidade a longo prazo, pois cada 
planta transgênica pode ter um novo marcador genético, os quais precisam 
de comprovação científica quanto à segurança, visto que os alimentos são 
consumidos durante a vida toda (HALFORD e SHEWRY, 2000; RICHARDS et 
al., 2003).
Possível absorção de genes introduzidos em uma planta geneticamente 
modificada a partir do intestino – a preocupação é que os genes 
introduzidos nas plantas possam ser absorvidos pelo intestino humano e, 
consequentemente, incorporados à sua composição genética. Um estudo 
realizado por Jennings e colaboradores (2003), utilizando amostras de tecido 
suíno para verificar a existência de fragmentos de glifosato resistente, não 
detectou esses fragmentos. Outros estudos verificaram a presença de 
genes recombinantes no leite de vaca e em tecidos de frango de animais que 
foram alimentados com soja e milho transgênico, além de fragmentos de 
gene transgênico no trato gastrintestinal de suínos alimentados com milho 
transgênico (BEEVER e KEMP, 2000; EINSPAINER et al., 2001; PHIPPS e 
BEEVER, 2001).
Flachowsky, Chesson e Aulrich (2005) descrevem que a incorporação de 
DNA geneticamente modificado em células do trato gastrintestinal não traz 
consequências biológicas, pois o DNA será degradado na célula. A dúvida é 
em relação aos portadores de doenças gastrintestinais graves, pois não se 
conhece a probabilidade de o DNA geneticamente modificado exercer efeito 
biológico nas células desses indivíduos. 
Possíveis efeitos dos alimentos geneticamente modificados sobre as 
respostas alérgicas – a alergia alimentar (incluindo nozes, trigo, ovos e 
produtos lácteos) está cada vez mais comum na população. Por isso, órgãos 
regulamentadores (FAO e OMS) dos alimentos geneticamente modificados 
vêm avaliando esses alimentos, a fim de que os genes introduzidos nas 
plantas não se tornem tóxicos ou alergênicos. 
A introdução de novas proteínas no DNA de plantas pode causar danos 
nocivos, incluindo hipersensibilidade alérgica, conforme a variedade do 
gene e da planta (CONNER, GLARER e NAP, 2003). Prescott e colaboradores 
(2005) descrevem que a introdução de um gene que expressa a proteína 
13
não alérgica, como a ervilha, nem sempre pode resultar em um produto sem 
alergenicidade. 
Alguns estudos mostraram que o gene Bt, encontrado em muitas culturas, 
pode desenvolver hipersensibilidade cutânea em trabalhadores expostos ao 
pesticida Bt usado na cultura transgênica (CREVEL et al., 2007).
Avaliação de alergenicidade – para avaliar a alergenicidade dos alimentos 
transgênicos, foi desenvolvida em 1996 e revisada pela FAO/OMS (2001) 
uma abordagem chamada “árvore de decisão” (METCALFE et al., 1996). 
A avaliação do risco de toda a unidade geneticamente modificada deve 
considerar se a alergenicidade ou a toxicidade da cultura poderia ser 
aumentada. Esta ação é importante quando a planta hospedeira não 
geneticamente modificada é conhecida como fonte de alérgeno ou de toxina. 
Os testes de toxicidade geralmente incluem um estudo com roedores durante 
90 dias, e o teste de alergenicidade é feito por comparação do repertório de 
alérgenos da cultura geneticamente modificada com a cultura convencional 
não geneticamente modificada. Outro aspecto preocupante a ser considerado 
é a extrapolação dos estudos de toxicologia das culturas alimentares 
geneticamente modificadas, em função das potenciais interações dos genes, 
sequências reguladoras e proteínas recentemente introduzidas (ou seus 
metabólitos) com o genoma do hospedeiro. 
Sabe-se que, para os testes de alergenicidade e toxicidade, não deve ser 
utilizada apenas uma linhagem ou espécie de animal, pois podem ocorrer 
reações diversas devido ao metabolismo de cada espécie, incluindo diferentes 
reações gastrintestinais, respiratórias e dermatológicas, além das diferenças 
genéticas entre cada espécie (DONA e ARVANITOYANNIS, 2009).
POSICIONAMENTO DO CONSELHO FEDERAL DE 
NUTRICIONISTAS SOBRE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS E 
PRODUZIDOS COM O USO DE AGROTÓXICOS
Você, como profissional nutricionista, deve sempre estar atento às orientações 
do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) e cumprir os aspectos éticos 
da sua profissão. Zelar pela saúde e pelo bem estar da população é dever 
do nutricionista, além de orientar sobre riscos e benefícios em relação ao 
consumo dos alimentos. 
14
O Brasil é considerado, hoje, o segundo maior produtor de alimentos 
transgênicos do mundo e também o maior consumidor de agrotóxicos, fato 
que aponta a urgente necessidade de os profissionais de saúde estarem 
informados quanto às consequências do uso e consumo desses alimentos 
para a saúde e o meio ambiente.
Há uma polêmica discussão sobre o consumo de alimentos transgênicos 
e alimentos produzidos com agrotóxicos, fomentada pela escassez de 
estudos científicos – os estudos disponíveis são inconclusivos – que 
comprovem que esses produtos não são danosos ao ser humano e ao 
meio ambiente. Isso se deve, também, à influência do marketing das 
indústrias produtoras de transgênicos e agrotóxicos, além de questões 
socioeconômicas. Nesse contexto, o CFN (BRASIL, 2013) disponibiliza aos 
profissionais o posicionamento da profissão quanto ao tema. Confira a seguir 
o posicionamento do CFN, apresentado aqui de forma literal e resumida.
- Defende a aplicação do princípio da precaução na análise de risco dos 
organismos transgênicos. 
- Defende a realização de rigoroso monitoramento pós-comercialização dos 
transgênicos, que permita seu rastreamento e o estabelecimento de causa e 
efeito no caso de danos à saúde da população brasileira. 
- Exige o cumprimento da legislação vigente e a rigorosa fiscalização da 
rotulagem dos produtos e alimentos transgênicos e seus derivados, previstas 
na legislação brasileira.
- Recomenda que a categoria abstenha-se de utilizar e recomendar produtos 
e alimentos transgênicos ou seus derivados, até que estudos independentes 
e conclusivos garantam sua inocuidade. 
- Recomenda que os nutricionistas mantenham postura crítica e fundamentada 
sobre o uso e prescrição dos alimentos transgênicos para a população, em 
detrimento de outras formas de produção orgânica e agroecológica que 
respeitem a cultura alimentar brasileira.
- Defende um modelo de produção agrícola que fomente a agricultura 
familiar e camponesa, preferencialmente de base agroecológica, que geram 
desenvolvimento local e respeitam os hábitos alimentares regionais e locais 
em contraposição ao agronegócio e a monocultura.
- Defende o banimento em território nacional dos agrotóxicos e ingredientes 
ativos já proibidos em outros países, bem como daqueles que apresentem 
potenciais riscos a saúde humana e ao meio ambiente. 
- Passa a integrar a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. 
15
Alerta os profissionais de uma forma geral, e em especial os da área de saúde 
e os envolvidos com as etapas da produção e do consumo de alimentos, que 
incorporem a discussão sobre OGM e Agrotóxicos nas suas pautas técnicas 
de trabalho, como forma de criar massa crítica em relação a esses temas. 
Conclama as entidades e organizações da sociedade civil e instâncias de 
controle social de todas as esferas de governo e afins, especialmente as 
envolvidas com a segurança alimentar e nutricional, para somar forças no 
sentido de exigir a pauta desse tema na agenda nacional.
REFERÊNCIAS 
BEEVER, D. E.; KEMP, F. Safety issues associated with the DNA in animal feed 
derived from genetically modified crops. A review of scientific and regulatory 
procedures. Nutrition Abstracts and Reviews. v. 70, p. 197-204, 2000.
BESPALHOK FILHO, J. C.; GUERRA, E. P.; OLIVEIRA, R. I. Plantas transgênicas. 
In: ______; ______; ______. Melhoramento de plantas. 2016. Disponívelem: <www.bespa.agrarias.ufpr.br>. Acesso em: 02 fev. 2017.
BRASIL. Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003. Regulamenta o direito 
à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, 
quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo 
humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de 
organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento 
das demais normas aplicáveis. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/2003/d4680.htm>. Acesso em: 01 fev. 2017.
______. Instrução normativa nº 01/2004. Ficam definidos os procedimentos 
complementares para aplicação do Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 
2003, que dispõe sobre o direito à informação, assegurado pela Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes 
alimentares, destinados ao consumo humano ou animal, que contenham 
ou sejam produzidos a partir de Organismos Geneticamente Modificados. 
Disponível em: <http://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.
php?C=MjI0MQ%2C%2C>. Acesso em: 03 fev. 2017.
______. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos 
II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas 
de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam 
http://www.bespa.agrarias.ufpr.br/
http://www.planalto.gov.br/
http://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.
16
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria 
o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política 
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro 
de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e 
os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro 
de 2003, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm>. Acesso em: 01 fev. 
2017.
______. Lei nº 11.460, de 21 de março de 2007. Dispõe sobre o plantio 
de organismos geneticamente modificados em unidades de conservação; 
acrescenta dispositivos à Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e à Lei no 
11.105, de 24 de março de 2005; revoga dispositivo da Lei no 10.814, de 
15 de dezembro de 2003; e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11460.htm>. 
Acesso em: 01 fev. 2017.
______. Portaria nº 2658, de 22 de dezembro de 2003. Define o símbolo 
de que trata o art. 2º, § 1º, do Decreto 4.680, de 24 de abril de 2003, na 
forma do anexo à presente portaria. Disponível em: <http://portal.anvisa.
gov.br/documents/33916/388869/Portaria_2685_de_22_de_dezembro_
de_2003.pdf/61746978-84f7-4380-81f4-7e9d93ad26b5>. Acesso em: 02 
fev. 2017.
CONNER, A. J.; GLARE, T. R.; NAP, J. P. The release of genetically modified crops 
into the environment: Part II. Overview of ecological risk assessment. The 
Plant Journal. v. 33, p. 19-46, 2003.
CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Mesa de controvérsia sobre 
transgênicos. 2013. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/consea/
biblioteca/documentos/questoes-eticas-impactos-e-riscos-para-a-
soberania-e-seguranca-alimentar-e-nutricional-e-o-direito-humano-a-
alimentacao-adequada-e-saudavel>. Acesso em: 03 fev. 2017.
CREVEL, R. W. et al. Lack of immunogenicity of ice structuring protein type 
III HPLC12 preparation administered by the oral route to human volunteers. 
Food and Chemical Toxicology. v. 45, p. 79-87, 2007.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11460.htm
http://gov.br/documents/33916/388869/Portaria_2685_de_22_de_dezembro_
http://www4.planalto.gov.br/consea/
17
DONA, A.; ARVANITOYANNIS, I. S. Health risks of genetically modified foods. 
Critical Reviews In Food Science And Nutrition, [s.l.], v. 49, n. 2, p.164-175, 
2, 2009. 
EINSPANIER, R. et al. The fate of forage plant DNA in farm animals, a 
collaborative case-study investigating cattle and chicken fed recombinant 
plant material. European Food Research and Technology. v. 212, p. 129-134, 
2001.
FAO/WHO. Evaluation of allergenicity of genetically modified foods. 
Disponível em: < http://www.who.int/foodsafety/publications/biotech/en/
ec_jan2001.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2017.
FLACHOWSKY, G.; CHESSON, A.; AULRICH, K. Animal nutrition with feeds 
from genetically modified plants. Archives of Animal Nutrition. v. 59, p. 1-40, 
2005.
HALFORD, N. G.; SHEWRY, P. R. Genetically modified crops: methodology, 
benefits, regulation and public concerns. British Medical Bulletin. v. 56, p. 
71, 2000.
HO, M. W.; RYAN, A.; CUMMINS, J. Hazards of transgenic plants containing the 
cauliflower mosaic virus promoter. Microbial Ecology in Health and Disease. 
v. 12, n. 3, p. 189-198, 2000.
JENNINGS, J. C. et al. Determining whether transgenic and endogenous plant 
DNA transgenic protein are detectable in muscle from swine fed Roundup 
Ready soybean meal. Journal of Animal Science. v. 81, p. 1447-1455, 2003.
METCALFE, D. D. et al. Assessment of the allergenic potential of foods derived 
from genetically engineered crop plants. Critical Reviews in Food Science 
and Nutrition. v. 36, p. s165-s186, 1996.
PAPARINI, A.; ROMANO-SPICA, V. Public health issues related with the 
consumption of food obtained from genetically modified organisms. 
Biotechnology Annual Review. v. 10, p. 85-122, 2004.
18
PHIPPS, R. H.; BEEVER, D. E. Detection of transgenic DNA in bovine milk: 
Preliminary results for cows receiving a TMR containing Yieldguard TM 
MON810. Proc Int Anim Agr Food Sci Conf Indianapolis. p Abst. 476, 2001. 
PRESCOTT, V. E. et al. Transgenic expression of bean alpha-amylase inhibitor 
in peas results in altered structure immunogenicity. Journal of Agricultural 
and Food Chemmistry. v. 53, p. 9023-9030, 2005.
RICHARDS, H. A. et al. Safety assessment of recombinant green fluorescent 
protein orally administered to weaned rats nutrient interactions and toxicity. 
Journal of Nutrition. v. 133, p. 1909-1912, 2003.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Food safety. Frequently asked questions 
on genetically modified foods. 2014. Disponível em: <http://www.who.int/
foodsafety/areas_work/food-technology/faq-genetically-modified-food/
en/>. Acesso em: 06 fev. 2017.
XAVIER, E. G.; LOPES, D. C. N.; PETERS, M. D. P. Organismos geneticamente 
modificados. Archivos de Zootecnia. v. 58, p. 15-33, 2009. Disponível 
em: <http://www.uco.es/organiza/servicios/publica/az/php/img/
web/19_18_56_1215REVISIONOrganismosXavier.pdf>. Acesso em: 04 fev. 
2017.
http://www.uco.es/organiza/servicios/publica/az/php/img/
19
Conteúdo:

Continue navegando