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02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 1/35 Autoria: Ma. Maria Izabel de Souza Taboada Revisão técnica: Dra. Juliana Paludo Vallandro ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM NUTRIÇÃO ÉTICA EM NUTRIÇÃO 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 2/35 Introdução Neste material, estudaremos sobre ética e pro�ssionalismo em nutrição, com maior enfoque no código de ética do nutricionista e em situações que podem surgir na prática. Para tanto, serão propostas algumas re�exões: quais são os aspectos da diversidade e inclusão social no âmbito pro�ssional? O que são as entidades de classe e quais são as suas funções? Como surgiu o código de ética de nutricionistas e qual é a sua importância para a prática pro�ssional? Como ocorrem e como lidar com dilemas éticos atuando como nutricionista? Inicialmente, aprenderemos quanto à diversidade e inclusão, entendendo seus conceitos, como se relacionam entre si e sobre a diversidade no âmbito da nutrição. Conheceremos, ainda, quais são as entidades de categoria que representam os nutricionistas e suas ações em diferentes esferas, destacando o papel de cada uma. Também estudaremos o código de ética do nutricionista, documento que já passou e passa por revisões no sentido de atualizar as condutas dos pro�ssionais da área, de acordo com o avanço da ciência e as mudanças da sociedade. Será abordado o uso de redes sociais por pro�ssionais, assim como sua regulamentação no código de ética. Aprenderemos sobre dilemas éticos na atuação do nutricionista, de que forma podem surgir como devemos proceder e agir de acordo com os princípios éticos. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 46 minutos. No local onde você trabalha ou estuda, consegue notar se há uma proporção equilibrada quanto à quantidade de homens, mulheres, negros e negras, pessoas com de�ciência, jovens talentos, pessoas mais velhas e LGBTQ+? 4.1 Diversidade e inclusão na atuação profissional 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 3/35 O conceito de diversidade remete a um equilíbrio entre as diferenças. É a pluralidade dos indivíduos em termos de diferenças culturais, identidade e experiência. Assim, diversidade e inclusão são termos que podem gerar confusão, pois, apesar de serem parecidos, são conceitos distintos. Entretanto, são interdependentes, ou seja, um não faz sentido sem o outro. O Brasil é o país que se caracteriza por sua diversidade racial, demográ�ca e cultural. Nos anos de 1990, o surgimento da globalização, do multiculturalismo e do movimento de responsabilidade social de diversas empresas levaram ao questionamento sobre como a sociedade pensa e age diante de um ambiente de trabalho e social cada vez mais diversos. Myers (2003) menciona que os debates sobre a diversidade passaram a ocupar um lugar de destaque na sociedade frente a esse cenário. A partir disso, diversos setores públicos e privados começaram a assumir o desa�o de reduzir a discriminação e abraçar a diversidade. A diversidade pode ser caracterizada como a pluralidade das pessoas entre diferenças culturais, de identidade e experiências, ou seja, a heterogeneidade. É essa característica que torna o ambiente mais diversi�cado e democrático, proporcionando o desenvolvimento. Além disso, quanto mais diversa for a equipe, maior será o número de pontos de vistas, possibilitando novos insights e a multiplicação dos resultados positivos. Quando uma empresa ou instituição tem esse equilíbrio, consegue oferecer diferentes oportunidades para as pessoas. 4.1.1 Qual é a diferença entre inclusão e diversidade? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 4/35 Figura 1 - Diversidade de pessoas no trabalho Fonte: fizkes, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos um grupo de pessoas ao redor de uma mesa. Trata-se de um ambiente de trabalho, sendo que três pessoas estão sentadas, duas à esquerda e uma à direita. Há, também duas pessoas de pé, no centro e à direita da foto. Em cima da mesa podem ser observados diversos papéis. Ao fundo, encontramos um cavalete com um papel escrito e uma grande janela. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU traz os princípios da proteção da vida, dignidade humana e igualdade, em que todas as pessoas nascem com o direito de participação social, independentemente de raça, sexo, idioma, religião, orientação política, religiosa, sexual ou outra (ONU, 1948). Dentro desse contexto, a inclusão diz respeito à combinação, à compreensão, ao envolvimento e à integração. Trata-se de criar um ambiente em que as pessoas têm a oportunidade e liberdade de participar plenamente de processos, projetos e desa�os, sendo valorizadas por suas diferentes habilidades, pelos seus conhecimentos e pelas suas opiniões. Cruz e Arruda (2014) nos explicam que esse é um processo contínuo de conscientização, construído a partir do respeito às pessoas, às suas diferenças e limitações, com o direcionamento da ética. O objetivo é construir uma 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 5/35 sociedade com a possibilidade de participação de todos na construção de cidadania, de tal modo que não se pode fazer a inclusão somente por leis e decretos. Incluir é um gesto concreto que considera a existência do outro, reconhece que há outras perspectivas para além da sua ou do padrão dominante, envolvendo as pessoas e as perspectivas que elas trazem consigo. Frente a isso, podemos concluir que a inclusão representa algo parecido com mosaicos, os quais são importantes do ponto de vista das relações justas, equânimes e com oportunidades iguais para todos. O respeito à diversidade pelo pro�ssional nutricionista está expresso no código de ética da pro�ssão, em seu art. 3, conforme vemos na sequência: Portanto, pode-se perceber que a diversidade tem a ver com representatividade, enquanto a inclusão está relacionada a mudanças de comportamento e culturas em relação às diferenças as pessoas. Com isso, entendemos que a diferença entre diversidade e inclusão também re�ete em uma distinção entre ambientes diversos e inclusivos, assim como a importância e necessidade de combinar os dois (CRUZ; ARRUDA, 2014). 4.1.2 Diversidade no âmbito da nutrição 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 6/35 É frequente que o pro�ssional se depare com situações novas e desa�adoras em sua prática, sendo que a maneira de lidar com essas questões pode gerar consequências, caso não se tenha clareza de deveres e responsabilidades. O tema da diversidade tem ocupado cada vez mais espaço na sociedade, especialmente no Brasil, onde a diversidade cultural e racial é uma característica que faz o país tão rico. Dessa forma, é responsabilidade do nutricionista acolher as diferenças e valorizá-las como pontos fortes, independentemente de estarmos nos referindo à diversidade racial, cultural, alimentar, social etc. No livro A Diversidade: Aprendendo a Ser Humano, de Mario Sergio Cortella, o autor explica que o preconceito abstrai a capacidade de conviver, re�etir, fazer melhor, inovar e partilhar. A obra também traz que algumas amarras devem ser desfeitas para se seguir em busca de uma vida coletiva que reconheça a beleza na diversidade, a complementaridade na diferença e a riqueza na pluralidade. Vale tirar um tempo para ler a obra na íntegra! VOCÊ QUER LER? O nutricionista deve desempenhar suas atribuições respeitando a vida, a singularidade e pluralidade, as dimensões culturais e religiosas, de gênero, de classe social, raça e etnia, a liberdade e diversidade das práticas alimentares, de forma dialógica, sem discriminação de qualquer natureza em suas relações profissionais. (CFN, 2018a, p. 10) 02/03/2023,10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 7/35 Figura 2 - Diversidade alimentar brasileira Fonte: ifood, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de uma mesa com diversos pratos típicos de diferentes regiões brasileiras. Há feijoada, pratos montados, ovo cozido, farofa, bolinhos fritos, entre outras opções comuns no país. Diante desse cenário, não há como falarmos de diversidade no âmbito da nutrição sem mencionarmos a diversidade alimentar. A alimentação é um elemento que expressa relações sociais, valores e história de pessoas e grupos. Ela tem in�uências diretas na saúde e qualidade de vida, assim como representa o intercâmbio cultural entre as matrizes indígena, portuguesa e africana, que retratam os povos que compõem a diversidade brasileira (BRASIL, 2013). 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 8/35 As entidades de classe são órgãos criados para representar os pro�ssionais de diversas áreas de atuação. Têm caráter de pessoa jurídica de direito público, sem �ns lucrativos. Suas funções são amparar e representar pro�ssionais na defesa de seus direitos e nos debates sobre os interesses das categorias. Apesar de representarem o mesmo público, têm objetivos e áreas de atuação diferentes. No Brasil as entidades de classe de nutrição tiveram papel fundamental na organização, regulação e legitimação da pro�ssão de nutricionista. Veremos a seguir com detalhes cada uma das entidades envolvidas! Em outubro de 1978, foi publicada a Lei n. 6.583, que criou os conselhos de nutricionistas federal e regionais. Em especial, o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) surgiu diante da necessidade de pro�ssionais e estudantes 4.2 Papel das entidades da categoria:finalidades e funções 4.2.1 Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) Considere o que foi aprendido até o momento e re�ita sobre os ambientes que você conhece. Em algum deles é possível identi�car a diversidade de pessoas? Se sim, existe alguma política para inclusão? Como funciona? Se não, como as pessoas lidam com isso? Busque saber! Depois, faça seu relato. VAMOS PRATICAR? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 9/35 da área terem um órgão regulamentador próprio, já que a pro�ssão de nutricionista era representada, até então, pelos conselhos de medicina. A missão do CFN, segundo a própria entidade, é: Contribuir para a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável, normatizando e disciplinando o exercício pro�ssional do nutricionista e do técnico em nutrição e dietética, para uma prática pautada na ética e comprometida com a segurança alimentar e nutricional, em benefício da sociedade. (SOBRE…, [s. d.], on-line) Alguns anos depois, em 30 de janeiro de 1980, foi publicado o Decreto n. 84.444, que regulamenta as atividades dos conselhos, os quais têm a �nalidade de orientar, �scalizar e disciplinar o exercício dos nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética. Entre as atribuições do CFN, podemos mencionar: Organizar, instalar e �scalizar os conselhos regionais. Orientar e receber prestação de contas. Esclarecer dúvidas e fornecer orientações técnicas a conselhos regionais. Fixar valores de anuidades, taxas e multas a serem pagos por pro�ssionais e empresas aos conselhos regionais. Dispor sobre o código de ética. Atribui ção 1 Atribui ção 2 Atribui ção 3 Atribui ção 4 Atribui ção 5 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 10/35 A renda do CFN é constituída por 20% do total obtido do pagamento de anuidades, taxas, lucros e multas dos conselhos regionais. Deve ser aplicada na organização e �scalização do exercício da pro�ssão ou para serviços de aperfeiçoamento e capacitação, assim como em caráter assistencial, quando solicitado (BRASIL,1980). Os Conselhos Regionais de Nutricionistas (CRN) têm sede na capital do Estado do Distrito Federal ou território de sua jurisdição. Dessa forma, todos os Estados do Brasil são representados por um conselho. Este órgão é regido pelas mesmas leis que o CFN. Com elas, recebe competência para habilitar o registro de pro�ssionais, �scalizar sua atuação, aplicar o código de ética da pro�ssão, orientando sobre deveres e responsabilidades, assim como aplicando multas ou punições mais severas quando se �zer necessário. O CRN também é o responsável por receber e apurar denúncias sobre o exercício ilegal da pro�ssão, além de fazer os devidos esclarecimentos. A necessidade de ter o registro, fazendo parte de um conselho, é uma forma de proteção, pois impede que outros pro�ssionais não quali�cados exerçam atividades e atribuições que são exclusivas dos nutricionistas. O registro no CRN é obrigatório a nutricionistas e empresas cujas �nalidades estejam ligadas à nutrição e alimentação, como aquelas que fabricam alimentos para consumo humano, instituições hospitalares com serviço de nutrição e dietética, empresas que forneçam serviços de alimentação, entre outros. Tais estabelecimentos devem ter, também, um nutricionista responsável técnico, sendo que o CRN tem o dever de �scalizar tudo isso (BRASIL,1980). 4.2.2 Conselhos Regionais de Nutricionistas (CRN) Promover eventos cientí�cos, como simpósios e palestras para capacitação e aperfeiçoamento de nutricionistas. Atribui ção 6 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 11/35 Os sindicatos são órgãos de direito privado sem �ns lucrativos, com a função de defender os direitos dos nutricionistas, buscando garantir melhores condições de trabalho. A contribuição sindical é obrigatória a todos os pro�ssionais que trabalham sob o regime de CLT. O valor dessa contribuição é 30% de um salário mínimo, o qual é pago anualmente. Os valores arrecadados se destinam a sindicatos locais, Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN), Ministério do Trabalho, entre outros. Vale lembrar que essa contribuição não tem ligação com o pagamento das taxas dos conselhos de nutrição. 4.2.3 Sindicato dos nutricionistas Sabemos que é uma atividade dos conselhos de nutrição realizar a �scalização. No entanto, a quem se destina essa �scalização? Como ela é realizada? Que implicações têm para pro�ssionais ou estabelecimentos? Responda às questões em um texto dissertativo, comentando os procedimentos de �scalização! VAMOS PRATICAR? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 12/35 Figura 3 - União de pessoas representando uma categoria Fonte: Urbanscape, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de um grupo de pessoas com as mãos estendidas, unidas no centro. Em segundo plano, pode-se observar uma mesa com papéis e post-its por cima, além de um tablet. Em especial, a Federação Nacional de Nutricionistas (FNN) é uma entidade sindical de segundo grau, ou seja, reúne os sindicatos de nutricionistas do Brasil, logo, sua representação é nacional. Seus princípios essenciais dizem respeito a promover os interesses e assegurar asa condições adequadas de trabalho, bem como a remuneração e valorização da pro�ssão. 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 13/35 A FNN dispõe de uma tabela de honorários, em que constam valores de referências de remuneração para todas as atividades exercidas pelo nutricionista. A existência dessa referência é de grande importância para estabelecer um piso salarial para o trabalho do nutricionista. Aliás, essa tabela é um guia de valores para os estados brasileiros que não têm um sindicato. As associações têm como objetivos defender a ciência e pro�ssão do nutricionista, promovendo maior interação entre seus membros e a sociedade. Elas atuam para que haja fortalecimento da formação eespecialização do nutricionista, incentivado a pesquisa e contribuindo com a divulgação e valorização da área da nutrição no Brasil, de modo a fazer com que a ciência seja reconhecida como fundamental à saúde das pessoas. A Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) é uma sociedade sem �ns lucrativos que representa os nutricionistas. Foi fundada em 31 de agosto de 1949. É composta por associações estaduais �liadas com sede nas regiões sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste. 4.2.4 Associação dos nutricionistas De acordo com a Resolução CFN n. 541/2014, “É vedado ao nutricionista aceitar remuneração abaixo do valor mínimo […]” (CFN, 2014, on-line). No entanto, é comum observarmos em sites de emprego e até editais de concurso ofertas de vagas com remuneração abaixo do valor estipulado pelos sindicatos. Esse direito deve ser expresso em lei para contribuir com a valorização da pro�ssão! VOCÊ SABIA? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 14/35 A ASBRAN atua em colaboração com o poder público e as universidades, com o objetivo de aperfeiçoar a qualidade do ensino de nutrição no Brasil. A cada dois anos, realiza o Congresso Brasileiro de Nutrição, que reúne pro�ssionais e estudantes para participarem de cursos e palestras, além de apresentarem trabalhos cientí�cos. Também desenvolve projetos, pesquisas e atua como meio de denúncia de fatos que demonstrem violação do direito humano quanto à alimentação adequada. Agora, antes de seguirmos com nossos estudos, vamos realizar uma atividade para �xar seus conhecimentos? Acompanhe a proposta a seguir! Lieselotte Hoeschl Ornellas nasceu em Florianópolis, em 1917. Aos 18 anos, foi para o Rio de Janeiro cursar Enfermagem, pois queria cuidar das pessoas. Aos 21 anos, ganhou uma bolsa de estudos para estudar Nutrição na Argentina. Já no Brasil, entre outras atividades, fez parte do corpo docente do curso para nutricionistas da UFRJ e publicou livros clássicos sobre o tema, como Técnica Dietética: Seleção e Preparo de Alimentos, um dos mais famosos e editados; e A Alimentação Através dos Tempos, que conta a história da alimentação humana em todo o mundo, desde a pré-história aos tempos atuais Conheça mais clicando no botão a seguir. Acesse (https://www.scielo.br/j/ean/a/6npF83d6sgBhfhrhbTrS64q/? format=pdf&lang=pt) . VOCÊ O CONHECE? (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS https://www.scielo.br/j/ean/a/6npF83d6sgBhfhrhbTrS64q/?format=pdf&lang=pt 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 15/35 É um órgão sem �ns lucrativos que tem por objetivo representar a classe de nutricionistas, fomentar o conhecimento por meio de congressos, pesquisas e atividades cientí�cas, assim como colaborar com universidades e em políticas públicas para o desenvolvimento do ensino de nutrição, recebendo denúncias sobre infrações relacionadas à alimentação. Com base em nossos estudos até aqui, estamos nos referindo a qual entidade? a. Conselho Regional de Nutricionistas. b. Conselho Federal de Nutricionistas. c. Sindicato dos nutricionistas. d. Associação dos nutricionistas. e. Federação Nacional de Nutricionistas. VERIFICAR Após a criação dos conselhos federal e regional, houve a necessidade de estabelecer formas de orientação para a prática do nutricionista, entre elas o código de ética. O primeiro código de ética do nutricionista foi publicado em 1981, contendo orientações, responsabilidades e proibições para direcionar as 4.3 Código de ética do nutricionista e legislações pertinentes 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 16/35 condutas do nutricionista. O documento era composto por sete princípios e deveres e 20 proibições. Devido ao contexto histórico da época (Ditadura Militar e antiga Constituição Federal), o texto tinha cunho rígido (ROSANELI, 2016). A segunda versão do código de ética foi publicada em 1993. O documento é proveniente da nova Constituição Federal e ampliação do campo de atuação e fortalecimento da pro�ssão de nutricionista. Nessa versão, além de manter condutas norteadoras, destaca-se a função de educador nutricional e se estimula a autonomia, entre outras características. Figura 4 - Conduta ética na prática profissional em nutrição Fonte: Olivier Le Moal, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de uma bússola indicando um ponto. Trata-se da ética. O ponteiro está à a esquerda, apontando para a diagonal. Em 2004, foi publicada a terceira versão do código, que mantém os princípios e a estrutura do anterior, ampliando a atuação do nutricionista (ROSANELI, 2016). A versão de 2014 do código, por sua vez, apresentou alterações em vista da necessidade de orientar o nutricionista em novos desa�os, como o uso crescente de redes sociais, estabelecendo normas para a atividade de docência, entre outras providências importantes (CFN, 2018a). 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 17/35 Logo após a publicação do código de ética, ainda em 2014, foi dado início à elaboração de novo código de ética, tendo em vista a complexidade e as mudanças da sociedade atual. A construção desse código se deu de forma interessante, sendo que participaram da comissão especial: pro�ssionais indicados pelos presidentes dos conselhos regionais, sendo que, nos 10 conselhos regionais, foram criadas comissões especiais de trabalho regionais, visando à maior representatividade; assessoria de pro�ssionais das áreas de �loso�a, psicologia e direito; e professores de nutrição da disciplina da Ética, com o intuito de enriquecer o conteúdo (ROSANELI, 2016). A nova versão do código, que é a vigente, re�ete a abrangência da ciência da nutrição, tendo como função orientar as condutas de nutricionistas, além de estabelecer seus direitos e suas responsabilidades. Além da ética em nutrição, traz ao pro�ssional certos esclarecimentos sobre suas responsabilidades social e técnica no que diz respeito à saúde das pessoas. O objetivo dessa publicação é garantir que os princípios da nutrição sejam respeitados e valorizados, assim como o direito à alimentação adequada. Um pro�ssional norteado por princípios éticos compreende e atua de acordo com as diferentes realidades, trazendo benefícios à sociedade (CFN, 2018b). 4.3.1 Resolução CFN n. 599, de fevereiro de 2018 4.3.2 Responsabilidades e deveres Art. 8º O nutricionista deve exercer a profissão de forma crítica e proativa, com autonomia, liberdade, justiça, honestidade, imparcialidade e responsabilidade, ciente de seus direitos e deveres, não contrariando os preceitos técnicos e éticos. (CFN, 2018a, p. 11) 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 18/35 As responsabilidades são pautadas em direitos e deveres relacionados a valores individuais e coletivos, em que o nutricionista deve atuar de acordo com os princípios estabelecidos no código. Entre os direitos do nutricionista, destacam- se a defesa de suas funções e seus direitos especiais, recusar-se a receber remuneração abaixo daquela estabelecida por sindicatos ou pela Federação de Nutricionistas e pleitear pagamento justo, de acordo com essas referências. Além disso, também é direito do pro�ssional se recusar a exercer sua pro�ssão em locais que não garantam condições de trabalho adequadas e prestar serviços pro�ssionais voluntariamente para ajudar as pessoas (CFN, 2018a). Figura 5 - Responsabilidades e deveres dos nutricionistas Fonte: Freepik, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de uma profissional de nutrição prescrevendo algo em uma prancheta. Aparece apenas seus braços e sua mão segurando uma caneta azul. Ao redor, há frutas e uma fita métrica. Alguns dos deveres estabelecidos para o nutricionista estão relacionados a realizar suasatividades com transparência e dignidade, de acordo com os princípios éticos e a ciência da nutrição. O pro�ssional ainda deve se manter sempre atualizado em relação às legislações da categoria e de alimentos e nutrição, bem como sobre assuntos relacionados à sua prática. 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 19/35 Deve-se assumir a responsabilidade por seus atos e primar pelo trabalho justo e digno, apontar falhas em processos que prejudiquem a estrutura de trabalho, indivíduos e coletividades, recorrendo ao conselho regional de atuação caso não haja resolução pelos órgãos competentes. Leia o excerto a seguir. “Art. 3º O nutricionista deve desempenhar suas atribuições respeitando a vida, a singularidade e pluralidade, as dimensões culturais e religiosas, de gênero, de classe social, raça e etnia, a liberdade e diversidade das práticas alimentares, de forma dialógica, sem discriminação de qualquer natureza em suas relações pro�ssionais”. CFN - CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Resolução CFN n. 599, de 25 de fevereiro de 2018. Aprova o código de ética e de conduta do nutricionista e dá outras providências. Brasília: CFN, 2018. On-line. Disponível em: http://www.crn3.org.br/uploads/repositorio/2018_10_23/01. pdf (http://www.crn3.org.br/uploads/repositorio/2018_10_23/01.pdf ). Acesso em: 27 jun. 2021. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS http://www.crn3.org.br/uploads/repositorio/2018_10_23/01.pdf 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 20/35 Temos, ainda, que o nutricionista deve manter as pessoas sob sua responsabilidade — seja individual, seja coletiva — informadas sobre todo o processo terapêutico, indicando riscos, benefícios e explicando os objetivos. Quanto aos atendimentos e à atuação em pesquisas, é necessário que o nutricionista observe os princípios de privacidade, con�dencialidade, bene�cência, não male�cência e, também, o respeito à autonomia do paciente. Nunca foi tão fácil o nutricionista divulgar seu trabalho, seja pelo alcance conseguido pelas redes sociais, seja pela facilidade propriamente dita de publicar informações, estudos, pesquisas, entre outras possibilidades. De acordo com o código de ética, em relação à prática pro�ssional e às condutas do nutricionista, assinale a alternativa correta. a. É permitido ao nutricionista alterar a conduta pro�ssional de outro. b. É direito do nutricionista respeitar os limites do seu campo de atuação, sem exercer atividades privativas de outros pro�ssionais. c. É vedado ao nutricionista delegar suas funções e responsabilidades privativas a pessoas não habilitadas. d. É vedado ao nutricionista se recusar a exercer sua pro�ssão em qualquer instituição onde as condições de trabalho não sejam adequadas. e. É dever do nutricionista prestar serviços pro�ssionais gratuitos com �ns sociais e humanitários. VERIFICAR 4.3.3 Particularidades: utilização de redes sociais 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 21/35 Entretanto, essa facilidade de acesso não é exclusiva de nutricionistas e, mesmo se fosse, existem princípios éticos a serem seguidos para uso dos meios de comunicação. Estudo realizado com adolescentes brasileiros demonstrou que existem evidências do impacto causado pelas redes sociais na imagem corporal. Por ser um público que consome de modo mais intenso essas mídias, torna-se mais vulnerável à in�uência. Os resultados indicaram que o nível de insatisfação corporal foi maior nos adolescentes que passavam maior tempo em redes sociais. Assim, sabendo que as pessoas estão cada vez mais envolvidas com internet e acessando essas mídias, o trabalho do nutricionista em desmisti�car informações de pro�ssionais não habilitados e agir dentro dos princípios éticos se tornou fundamental atualmente (LIRA et al., 2017). Figura 6 - Utilização de redes sociais na prática profissional Fonte: Freepik, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de uma mesa verde água. Do lado direito, na parte superior, da esquerda para a direita, encontramos um biscoito integral mordido, uma maçã, um smartphone e uma garrafa de suco. Abaixo, há uma tigela com alimentos diversos e uma colher de inox. 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 22/35 É direito do nutricionista utilizar as redes sociais para divulgar seu trabalho e informações sobre nutrição, desde que assuma responsabilidade pelo conteúdo publicado. O código em vigência aborda essa questão em seu capítulo IV. É responsabilidade do nutricionista atuar, independentemente de ser em atendimento presencial ou virtual, em redes sociais, com a produção de alimentos para coletividades, pesquisas, entre outros campos, pautando-se nos princípios éticos, priorizando a proteção da vida e dignidade humana. De modo geral, as informações sobre nutrição publicadas em mídias sociais devem ter como objetivo a promoção da alimentação adequada e saúde, sempre com embasamento cientí�co. O código de ética também estabelece que é dever do nutricionista, ao divulgar orientações ou propostas terapêuticas, informar que os procedimentos podem gerar resultados diferentes entre indivíduos e coletividades (CFN, 2018a). Ainda, o nutricionista não tem o direito de divulgar resultados de pacientes, imagens de antes e depois, mesmo que o indivíduo autorize por escrito. Isso se deve pelo motivo de que os resultados alcançados para uma pessoa podem não funcionar para outras, o que geraria propaganda enganosa. Além disso, ao nutricionista também é vedada a publicação de informações não verdadeiras, de conteúdo impróprio ou sensacionalista (CFN, 2018a). 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 23/35 Infração é uma situação caracterizada por uma ação ou omissão que demonstre violação do código de ética. A desobediência ao código implica em penalidades disciplinares que vão desde multa até cancelamento do registro pro�ssional. É responsabilidade do nutricionista assumir os ônus de atos de desobediência. 4.3.4 Infrações e penalidades Nunca as redes sociais foram tão utilizadas como a época em que vivemos. Em conjunto, nunca se falou tanto em dietas e alimentação como agora. No entanto, a incidência de obesidade e transtornos alimentares só cresce. Já parou para pensar nisso? Qual é a in�uência das redes sociais nesse contexto? Acesse o artigo Redes Sociais, Mulheres e Corpo: um Estudo da Linguagem Fitness na Rede Social Instagram (https://casperlibero.edu.br/wp- content/uploads/2015/08/Redes-sociais- mulheres-e-corpo.pdf), de Helena Jacob, re�ita e comente suas impressões e opiniões a respeito do assunto. Aproveite para re�etir sobre os “in�uenciadores” que segue e a in�uência que eles tem sobre você. VAMOS PRATICAR? https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2015/08/Redes-sociais-mulheres-e-corpo.pdf 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 24/35 São atos passíveis de penalidades: imprudência, negligência e imperícia. Você sabe distinguir cada um deles? Acompanhe o recurso a seguir para entender! Imprudência 1 A imprudência é caracterizada pela falta de moderação, cuidado ou comportamentos precipitados, desrespeitando as normas. Certo nutricionista publicou em suas mídias sociais o anúncio de pacote de atendimento contemplando três meses de acompanhamento nutricional com valores inferiores aos praticados e, por consequência, inferiores ao estabelecido em tabela de referência da Federação Nacional de Nutricionistas. Após denúncia e apuração, instaurou-se o processo disciplinar. Na primeira fase, o nutricionista declarou inocência, alegando as seguintes razões: a promoção de três meses de acompanhamento nutricional com preços promocionaisfoi realizada por pessoa jurídica. Na tomada de depoimentos, o representado sustentou sua defesa anterior e não apresentou testemunhas. A Comissão Especial convocou o representante legal da pessoa jurídica para tomada de depoimentos, porém, ele não compareceu. A fase de instrução foi encerrada, concluindo que houve infração ao código de ética. A penalidade proposta foi aplicação de advertência. Após, o plenário analisou o Relatório Conclusivo da CE e designou o Conselheiro Relator do processo. Depois do seu voto, o plenário acatou, por unanimidade, julgar procedente a denúncia, propondo a aplicação da pena de repreensão. O representado não apresentou recurso. ESTUDO DE CASO 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 25/35 Uma vez estabelecido, o processo disciplinar ocorre em três fases: instauração, julgamento e penalização. O CRN é o órgão que delibera e resolve sobre os pareceres de processos. O processo disciplinar recebe assessoria jurídica durante seu trâmite. Após o julgamento, estipulam-se as penalidades que deverão ser aplicadas (CFN, 2003). As penas podem ser: advertência, repreensão, multa de até 10 vezes o valor da anuidade do CRN, suspensão do exercício pro�ssional por até três anos e cancelamento da inscrição e proibição do exercício pro�ssional. Negligência 2 A negligência é a falta de cuidado, a ausência de ação em situação que seja necessária, envolvendo omissão e passividade. Imperícia 3 A imperícia é o ato de agir sem conhecimento ou respaldo técnico, seja na teoria, seja na prática. É a inabilidade para realizar atividades técnicas especí�cas da atuação pro�ssional. 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 26/35 O dilema ético é caracterizado pela escolha que necessita ser feita, em que as opções disponíveis trazem consequências para as partes envolvidas. Na área da saúde, mesmo com a existência dos códigos de ética que norteiam as condutas dos pro�ssionais e amparam sua atuação, há situações no cotidiano que são desa�adoras e necessitam de uma re�exão sobre os princípios éticos e suas aplicações. O objetivo principal é preservar o bem-estar do paciente. Existem situações desa�adoras na prática pro�ssional que demandam re�exão do nutricionista responsável, uma vez que sua atuação deve ser pautada em princípios éticos. Um exemplo é a prescrição de dietas pouco convencionais em algumas doenças neurológicas com prevalência importante em crianças, como autismo e epilepsia. Para essas doenças, existem propostas terapêuticas alternativas com dietas especiais com possível efeito na redução de sintomas. 4.4 Dilemas éticos na prática profissional 4.4.1 Formas de dilemas na atuação do nutricionista Considerando o que foi estudado até o momento, identi�que na legislação e descreva quais artigos do código foram violados no caso apresentado anteriormente. Além disso, pesquise em que consiste a penalidade de repreensão. Depois, compartilhe com seus colegas as conclusões obtidas! VAMOS PRATICAR? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 27/35 Essas dietas podem restringir nutrientes importantes que têm parcela signi�cativa na alimentação, assim como também há a chance de ocorrer de�ciência nutricional ou outras complicações. Em algumas situações, os pacientes são crianças incapazes de expressar suas escolhas ou verbalizar seus desejos. Nesses casos, a família exerce in�uência, pois pode desejar manter os alimentos que sejam preferências do paciente, di�cultando a adoção do tratamento; ou coagir a criança a experimentar um tratamento em que o desconforto poderá ser maior que o benefício (ROSANELI, 2016). Ainda há os casos de terapia nutricional em cuidados paliativos em pacientes com doenças avançadas. Esse cuidado paliativo é uma área da medicina que preconiza o bem-estar e a qualidade de vida do paciente, quando este não Para o autismo, a indicação seria uma dieta isenta de glúten e caseína. Para a epilepsia, a indicação seria a dieta cetogênica, com até 90% de gordura. Autism o Epileps ia O �lme Mar Adentro, dirigido por Alejandro Amenábar, conta a história real de Ramón Sampedro, um homem que sofre um acidente que lhe deixa tetraplégico, preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que acaba por suscitar e gerar dilemas com a sociedade, seus familiares e a própria igreja. Vale tirar um tempo para assistir e entender melhor o dilema ético envolvido! VOCÊ QUER VER? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 28/35 apresenta mais respostas aos tratamentos instituídos. É dado maior enfoque ao indivíduo, respeitando sua autonomia nas decisões, no controle dos sintomas e na diminuição do seu sofrimento e de seus familiares (ROSANELI, 2016). Esses pacientes geralmente apresentam inapetência, desinteresse pelos alimentos e recusa alimentar que resulta, muitas vezes, em baixa ingestão alimentar e perda ponderal. Conforme Correa e Shibuya (2007), o nutricionista colabora no tratamento e na evolução do paciente. Contudo, frequentemente, depara-se com dilemas em relação à conduta dietoterápica, pois existe uma dúvida: será que instituir uma modalidade de terapia nutricional trará conforto e bem-estar ou o tratamento será mais oneroso e estressante? O fato de não conseguir fornecer a energia e os nutrientes necessários aos pacientes é angustiante para a equipe de cuidado e família, uma vez que o alimento pode ser um dos poucos prazeres restantes, além de momento de socialização para a pessoa. Quando não é mais possível ter o prazer de comer, a decisão de utilizar uma via alternativa de alimentação não é uma tarefa fácil e demanda re�exão das pessoas envolvidas no cuidado (ROSANELI, 2016). Como já sabemos, os dilemas éticos são desa�os, nem sempre descritos ou orientados em códigos de ética, livros ou artigos cientí�cos. Por conta disso, o pro�ssional que se encontrar em uma situação de dilema deve ter os princípios éticos em mente para aplicá-los. O princípio essencial da ética é . Assim sendo, a bene�cência, não male�cência, autonomia e justiça são os princípios para se pautar a conduta do pro�ssional. 4.5 Como lidar com dilemas éticos? 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 29/35 Figura 7 - O princípio essencial da ética é proteger a vida e não causar dano Fonte: Andrii Yalanskyi, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, temos a fotografia de duas mãos, uma de cada lado, com as palmas viradas para dentro. No centro, encontramos diversas peças de madeira em formato de pessoas, formando um círculo. Representa a proteção. Dessa forma, um dos objetivos da nutrição nesse sentido é melhorar a qualidade de vida do paciente, que tem valor subjetivo e pode ter diferentes signi�cados de acordo com as pessoas. De modo geral, essa qualidade de vida pode ser de�nida como “[…] desempenho e desfrute de papéis sociais, saúde física, funcionamento intelectual, estado emocional e satisfação com a vida ou bem- estar” (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012, [s. p.]). No caso das dietas pouco convencionais, o esclarecimento sobre o tratamento dietético tem papel essencial para que a família tenha ciência dos possíveis riscos e benefícios. Ao sugerir o tratamento, o pro�ssional tem a responsabilidade de informar todos os riscos decorrentes com clareza, como de�ciência nutricional, atraso de crescimento, infecções recorrentes, doenças de outra natureza e, em casos extremos, até a morte. Os benefícios também devem igualmente ser apontados. Além disso, é imprescindível que o tratamento seja embasado em critérios clínicos, socioeconômicos e culturais bem de�nidos. A avaliação para iniciar esse tipo de terapia deve seguir os princípioséticos de proteção da vida, bem-estar, autonomia e justiça do paciente. Contudo, o pro�ssional tem o direito de se recusar a adotar essa abordagem, alegando falta 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 30/35 de experiência e inexistência de centro especializado, na avaliação da relação risco-benefício, na incerteza do sucesso e no temor de adotar uma proposta que não é unanimidade na comunidade cientí�ca (ROSANELI, 2016). Já no caso de terapia nutricional em cuidados paliativos em pacientes com doença avançada, o trabalho de cuidar da alimentação de pacientes nessa situação é de grande importância para o nutricionista, porém a situação traz consigo dilemas, uma vez que comer e beber são direitos humanos. Além disso, o alimento tem valor simbólico, ligado a fatores culturais, emocionais, sociais e religiosos. O carinho, conforto e cuidado necessários podem ser expressos por meio do fornecimento do alimento, que deve ser encorajado juntamente com a interação familiar. A nutrição em cuidados paliativos segue os princípios bioéticos de dar autonomia ao paciente, tornando-o responsável por suas escolhas sobre a alimentação, reduzindo o desconforto e evitando intervenções desnecessárias. Em casos em que os pacientes não sejam capazes de expressar sua vontade, a opinião dos familiares deve ser considerada em conjunto com a da equipe de assistência. Para �nalizarmos, tendo como base a leitura do artigo Re�exão Bioética sobre Uso de Nutrição e Hidratação Arti�cial em Pacientes Terminais (https://periodicos.unb.br/index.php/rbb/article/ view/26871/23391), de Adriana Bottoni e Vera Lucia Zaher-Rutherford, re�ita sobre como, na prática, seria um dilema ético o caso apresentado e expresse sua opinião em um texto dissertativo. Ao �m, compartilhe suas conclusões com seus colegas! VAMOS PRATICAR? https://periodicos.unb.br/index.php/rbb/article/view/26871/23391 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 31/35 Chegamos ao �m do material. Aqui, estudamos sobre entidades de classe dos nutricionistas, entendemos quais papéis desempenham e a importância de o pro�ssional ter órgãos que lhe representem e amparem. Além disso, conhecemos detalhes sobre o código de ética do nutricionista, com assuntos de grande relevância atualmente, como a responsabilidade no uso de redes sociais. Estudamos, ainda, sobre dilemas éticos na prática pro�ssional e a relevância de conhecer princípios éticos para lidar com esse tipo de desa�o. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: CONCLUSÃO aprender sobre as entidades de classe e suas respectivas funções; compreender o papel de cada entidade de classe no sentido de representar e orientar o pro�ssional; observar que existem situações em que a desobediência ao código de ética pode levar a penalidades pelos conselhos; entender a importância da �scalização da atividade pro�ssional pelos conselhos regionais e federal; conhecer aspectos sobre dilemas éticos na atuação do nutricionista e como é importante que exista o respaldo do código de ética. 02/03/2023, 10:12 Ética e Profissionalismo em Nutrição https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839131 32/35 Clique para baixar conteúdo deste tema. APERIBENSE, P. G. G. de S.; BARREIRA, I. de A. A enfermeira Lieselotte Hoeschl Ornellas e o surgimento da pro�ssão de nutricionista. Escola Anna Nery: Revista de Enfermagem, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 560-564, ago. 2006. 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