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Agentes simpaticomiméticos Caso Clínico Uma mulher de 75 anos de idade com insuficiência cardíaca congestiva leve é admitida à unidade de terapia intensiva (UTI) com sepse causada por uma infecção urinária. Ela está hipotensa, com pressão arterial de 80/40 mmHg, tem frequência cardíaca elevada (taquicardia) e diminuição do débito urinário (oliguria). Junto com a instituição de antibioticoterapia adequada e líquidos IV, toma-se a decisão de iniciar infusão IV de noradrenalina para tentar elevar a pressão arterial. Que efeitos podem ser esperados com a noradrenalina? Que receptores medeiam esses efeitos? Efeitos da noradrenalina: Vasoconstrição potente. Receptores envolvidos: alfa- 1 e beta-1 adrenérgicos. Correlação clinica A noradrenalina é um fármaco de escolha no tratamento de choque séptico, após reposição volêmica ter sido otimizada. A noradrenalina ativa os adrenoceptores alfa-1 e beta-1 localizados nos vasos sanguíneos e no coração, respectivamente, resultando em vasoconstrição potente. Embora a ação em adrenoceptores beta-1 seja esperada para aumentar a frequência cardíaca, ocorre bradicardia reflexa devido ao aumento da pressão arterial; o efeito geral é pouca ou nenhuma alteração da frequência cardíaca. O volume para ressuscitação é necessário em qualquer paciente com depleção de volume anterior ou concomitante com a vasoconstrição para assegurar a perfusão adequada dos tecidos. Os agentes vasopressores são mais comumente usados em pacientes em que a reposição volêmica é inadequada para restabelecer a pressão arterial ou em que a reposição volêmica agressiva é contraindicada, como aqueles com insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, insuficiência hepática ou síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA) aguda. Esses pacientes correm o risco de desenvolvimento de edema pulmonar. Previamente, a dopamina era frequentemente utilizada para tratar essa condição. Os efeitos mediados pelo adrenoceptor beta-1 no coração resultam em um aumento do débito cardíaco com vasoconstrição periférica mínima. Isso contribui para a capacidade da dopamina aumentar a pressão arterial sistólica sem qualquer efeito, ou apenas um rápido efeito, sobre a pressão diastólica. Os receptores de dopamina específicos na vasculatura dos sistemas renal, coronário e esplâncnico possibilitam resistência arterial reduzida e aumento do fluxo sanguíneo. Em doses mais elevadas, há efeito adrenoceptor a periférico que anula a vasodilatação mediada pelo receptor de dopamina e resulta em vasoconstrição. A combinação de preservação do fluxo sanguíneo renal, enquanto dá suporte à pressão arterial, é desejável em condições de choque. Isso também contribui para aumentar a pressão sanguínea. Doses altas prolongadas de dopamina podem resultar em necrose do tecido periférico devido à vasoconstrição mediada pelo adrenoceptor a, que reduz o fluxo de sangue para as extremidades, particularmente nos dígitos. Farmacologia dos agentes simpáticos autonômicos Agentes simpaticomiméticos Fármacos que imitam, direta ou indiretamente, todos ou alguns dos efeitos de adrenalina ou noradrenalina. Seletividade do receptor Ligação preferencial (maior afinidade) de um fármaco por um grupo receptor específico ou subtipo de receptor em concentrações inferiores às quais há pouca, se há, interação com outro grupo ou subtipo de receptor. Classe Os agentes simpaticomiméticos atuam diretamente (p. ex., adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina, fenilefrina, metaraminol, metoxamina, albuterol, terbutalina) ou indiretamente, causando a liberação de agonistas simpáticos endógenos (anfetaminas, efedrina), para ativar adrenoceptores alfa e beta. A seletividade do agente simpaticomimético ao adrenoceptor varia. Alguns são não seletivos (p. ex., efedrina), enquanto alguns possuem maior afinidade com os adrenoceptores alfa (p. ex., fenilefrina, metaraminol, metoxamina) ou subgrupos de adrenoceptores beta-1 (p. ex., dobutamina) ou beta-2 (p. ex., terbutalina, albuterol). No entanto, a seletividade é frequentemente perdida à medida que a dose do simpaticomimético aumenta. Comparado com agonistas do receptor beta não seletivos (isoproterenol), os agentes simpaticomiméticos beta-1-seletivos podem aumentar o débito cardíaco com taquicardia reflexa mínima. Os agentes alfa- 2-seletivos diminuem a pressão arterial por ação pré-sináptica no SNC (clonidina, metildopa). A utilidade clínica de um simpaticomimético em particular depende, entre outros fatores, do sistema de órgãos e subtipos de receptores específicos que estão envolvidos. No sistema cardiovascular, uma redução no fluxo sanguíneo por agentes simpaticomiméticos adrenoceptores a relativamente seletivos é usada para conseguir a hemóstase cirúrgica (adrenalina), reduzir a difusão de anestésicos locais (adrenalina), e diminuir a congestão das mucosas na febre do feno e no resfriado comum (efedrina, fenilefrina). Um aumento no fluxo sanguíneo ou pressão sanguínea por agentes simpaticomiméticos alfa é benéfico para o tratamento de emergências hipotensivas (fenilefrina noradrenalina) e hipotensão ortostática crônica (efedrina oral). Os agentes simpaticomiméticos, tais como adrenalina, também são utilizados para tratamento de emergência de curto prazo de bloqueio cardíaco completo e parada cardíaca. O tratamento da asma brônquica representa o uso importante de simpaticomiméticos beta-2 seletivos (p. ex., terbutalina, albuterol). Seu efeito é broncodilatação e relaxamento da musculatura lisa dos bronquíolos. O exame oftalmológico é facilitado com o uso do agonista simpaticomimético do adrenoceptor alfa, fenilefrina. Apraclonidina (e o simpaticomimético de ação indireta, cocaína) é usada para confirmar o diagnóstico de síndrome de Horner. Além de agentes bloqueadores do adrenoceptor beta agentes alfa-2- seletivos (p. ex., apraclonidina, brimonidina) são usados para reduzir a pressão intraocular no glaucoma. Os efeitos adversos periféricos dos agentes simpaticomiméticos são, geralmente, uma extensão de seus efeitos farmacológicos. Esses são com mais frequência de natureza cardiovascular, particularmente quando são administrados por via parenteral, e podem incluir aumento da pressão arterial, arritmias e insuficiência cardíaca. Estrutura Agentes simpaticomiméticos, bem como noradrenalina e adrenalina, são derivados de feniletilamina. As substituições no grupo amino, o anel de benzeno ou alfa ou beta-carbono, alteram significativamente a seletividade, atividade e metabolismo de agentes simpaticomiméticos. Por exemplo, as substituições de alquilo no grupo amino tendem a aumentar significativamente a seletividade do adrenoceptor beta. Mecanismo de ação Os agentes simpaticomiméticos de ação direta se ligam aos adrenoceptores e os ativam imitando as ações da adrenalina ou noradrenalina. Os agentes simpaticomiméticos de ação indireta mimetizam as ações da noradrenalina deslocando-a ou inibindo sua captação nas terminações nervosas adrenérgicas. Administração Os agentes simpaticomiméticos estão disponíveis para administração por vias tópica, nasal, oral, oftálmica e parenteral dependendo do fármaco e da doença que está sendo tratada. Farmacocinética Como as catecolaminas, noradrenalina e adrenalina, agentes simpaticomiméticos diretos e indiretos podem estar sujeitos a um metabolismo e inativação por COMT e MAO. A fenilefrina não é metabolizada pela COMT. Questões agentes simpáticos autonômicos 1º) Percebe-se que um homem de 25 anos de idade está em choque séptico devido à ruptura da apendicite. Noradrenalina IV é administrada e irá provavelmente resultar em qual das seguintes opções? A. Diminuiçãodo débito cardíaco B. Diminuição da pressão arterial sistólica C. Aumento do fluxo sanguíneo renal D. Produção de vasoconstrição periférica significativa 2º) A noradrenalina é metabolizada por qual das seguintes enzimas? A. COMT B. MAO C. Ambas D. Nenhuma 3º) Qual das seguintes alternativas é a afirmação mais precisa? A. Agonistas simpaticomiméticos do adrenoceptor alfa são usados para reduzir a congestão da membrana mucosa. B. Agonistas do adrenoceptor alfa são utilizados para tratar broncoespasmo. C. Agonistas do adrenoceptor beta são usados para reduzir o sangramento cirúrgico D. Agonistas do adrenoceptor beta-2 são utilizados para prolongar a anestesia local.
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