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Discovery_Publicações_Grandes_Estrategistas_Militares_29,03,2021

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Ronie Mariano

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Organização
Victor Calari
Autores
Carlos Henrique Gomes • Rui Leon • Fabiana Monteiro
Aviões de Guerra
--São Paulo, SP, Discovery Publicações, --
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial deste trabalho, seja por meio 
eletrônico ou impresso, inclusive fotocópias sem prévia autoriazação e consentimento da editora.
Diretores
Fábio Kataoka
Nilson Festa
 
Administração Geral
Andreza de Oliveira Pereira
andreza@discovery.com.br
 
Produção Editorial
Robson Oliveira
 
Coodernação Editorial
Carlos Kataoka
 
Direção de Arte
Yuri Botti
Autor
Wellington Kirmeliene 
Rua Padre Agostinho Poncet, 135 - Mandaqui
CEP: 02408-040 - São Paulo - SP
www.discoverypublicacoes.com.br
Atendimento ao Cliente
atendimento@discoverypublicações.com.br
011-2977-5878
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
4
Índice
Sun Tzu
Musashi
Aníbal
Alexandre, O Grande
Júlio César
Napoleão Bonaparte
Bismark
Eisenhower
Patton
,
J
p p
08
24
30
36
52
62
72
78
86
5
ididi eieiaa dede qqueu aas guerras têm a caapapacicidadaadedede dde ininflueuencnciaiarr 
positivamente a humaanin daadee ppododee pprovo ocarar rrevevololtata ee rrepeppugugugu nânân ncncncn iaia 
entre os ppacacififisistatass —— poporérém,, a histótórir a a dodo hhomommememmem ccccivivivivilililizizada o é 
popontn uauadada de reevovoltlltasasa ,, coconfnflilitotos e mummuittitasas bbatata alalhahasss cécéélelebrbreese ; pap rece 
quq e ququanandodododo eem mmm guggug eree rara, tatalvl ez peloo inininnnnstststtinininni totooto dddddee ee sososs brbrbbrbreveve ivivi ênênêncicia,a,a aaass popopupulalaçõções 
totoomamamamm atatattitiittududududeses qqueueu ffaza emememe ppppararararaa tetetetes s s s daddadadada hhhhhhumumummmumananannnididadadeee sese rreoeorgrgananizizarar em meeioio 
aoaoaoao cccaoaoaa s s ee dadaar r sasaltlttltosososos ààà fffffrereereerentntnttnte ee e e —————— nonononon fffffinininini alalal dddda aa IIIIII GGGueueerrrra a aa Munddiaial,l, ppporor exemplo,
nanaçõçõeses ccomomplpletetetamammamenenenenennntetetetete aaaaaaarrrrrrrrrasasasasa adadadadasasas,,,, cocococomomomm JJJapapapppãoãoãoãoo eeee AAAAleleleleemamammamm nhnhhnhnha,aa emmm mem nos de dez 
anosos rrese surgrggirrrramamamam cccomommo oo fufuulglglggururururananananteteetes s ss popopop têtêtêtêt ncncnccciaiaiaiasssss inininininndududududud ssststriririaiaia s s e e econômômicicasas.
Apresentação
6
ÉÉ tatambmbémém nnasas gguerrrrasaas qqqueueuee aaaapappap reecem m m m gêgêgêg ninininiososos militarareseses, teteóróróriciciccosososos qqqqueueue 
dodomiminam asa eststraraatétégigigigiasaasa ddde ee cocomomomoo gggguueueerrrrreaeaear rr comm umumumaaaa sasasabebebedododoooririririr aaa ququque não se sabe 
dee oondndnn e e veveem.m.m.m. AAAAlgglglgggumumuumumasasaa ddddeseseee sasass fififif guguug ras hihistststóróróriciicicasasasa ttttoommararamamam uum vulto de grandeza 
dededede ttttamamammananananhahahhaaa aaampmpmpmmpplililillitututtudededd qqqqueueue hhojojoo e e sãsãsãsãoo oo cicicitatatadadadaad ss cocomomomo eeexexempm los em áreas que 
popopopp ucucucu o oooo tetttemm mm aaa vevever r r coccom m m guguguguererrarararass,s,s ttaiaiiissss coc momomm aaa ggesstãtão de negócios e a jornada dodo 
auauutototocococonhnhnheceece imimimmenenenntotototo... EmEmEmEmprprresesesasasasas dddddde e e popopoporttrte, antenadas com a modernidaadede, adadototam 
lililivrvrvrv ososs qqqqueueueue ffffalalalalamaamam ddasasss ccccononononququququuisisisistatatass eee dod s métodos e estratégias nonos s cacampmpos de 
babataatalhlhlha,aa, ddde e gegegegenenenerararaisisiss ssábábábioios s cocomomo oo chinêês Sun Tzu e Allexexanandrdre,e, O Grande,e, 
papp ra mmmelelelhohohorarar r a a ccapapacicidadadede ddee cocompm etição e proodudutitivividadadede de seus empmpreregagadodoss.
Este livro traz z umu apapanhnhadadoo dodos s mam ioioreress esessestrtrata egistas dod s cacampmposos ddee
batalha, homens que fizeram hihiststttóróróróriaiaia eeee qqqqueue mmmududararam oo desstitino ddee nan çõçõeses 
inteiras; grandes conquiuiststadaddororreseseses, doddodotatatttt dododoss dededed ccccapapapapacccciddadada ees ggeneniaiaisis;; fifiguguraras
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prprprprrrp ofofununnndodododosss dododo cccomoompopportamento coletivo huhuhuhuhhuhhuumamamammamm nononnoonnoon .. SuSuSuuSuua a aaa leleleleleittitititi urururuu a aa éé indicada 
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seseserrrererrr m líderes em tododasas aas s atativi idadddesesess,, pepepepepepeppessssssssss oaoaoaoaaisisis eeeee pppppprororororofifififif sssssssssioioionananan isisisisss.. .
Boa leitura!
Os EEdiditooreress
7
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR CARLOS HENRIQUE GOMES
Sun Tzu
8
Nascido no Estado de Qi, no Período das Primave-
ras e Outonos da China (722 a.C. a 481 a.C.), e morto
no Estado de Wu, em 496 a.C., o general e escritor Sun 
Tzu é uma das mais importantes personalidades chi-
nesas, muito destacada e citada na atualidade pela sua 
mais importante obra, A Arte da Guerra.
Sun Tzu deixou seus pensamentos em 13 capítulos 
que compõem A Arte da Guerra, cada qual abordando 
um aspecto da estratégia de guerra formando os mais 
antigos fundamentos da estratégia militar conhecidos. 
Com frases simples e objetivas, foi uma obra adotada 
por militares de vários países, influenciando coman-
dantes como Napoleão Bonaparte, Joseph Stalin, Mao
Tse-Tung e Douglas MacArthur. A obra de Sun Tzu,
apesar de ser um manual de táticas militares, passou a
atrair outros tipos de leitores, como empresários, ad-
ministradores, políticos e atletas, pois fornece impor-
tantes informações sobre como atuar na vida, tendo
como objetivo maior o de vencer.
Planejamento inicial
“O comandante apoia sua autoridade nestas virtu-
des: sabedoria, justiça, benevolência, rigor e coragem.”
O primeiro capítulo de A Arte da Guerra é dedicado
à importância do planejamento e aos cinco fatores que 
devem ser considerados ao determinar as condições
no campo de batalha: Leis Morais, Tempo, Espaço, Co-
mandante e Método.
As Leis Morais tratam das virtudes que o líder trans-
mite aos seus subordinados para conquistar a confian-
ça e buscar a vitória.
Os que ignoram 
as condições 
geográficas 
- montanhas 
e florestas - 
desfiladeiros 
perigosos, 
pântanos e 
lamaçais - não 
podem conduzir 
a marcha de 
um exército.
• Sun Tzu •
9
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
O Tempo se refere ao conhecimento prévio da situ-
ação climática, a época adequada e a hora, fatores que 
têm influência direta no resultado da ação e que devem 
ser executados no momento certo, aproveitando-se das 
condições favoráveis.
O conhecimento do Espaço inclui avaliar a distân-
cia, o grau de dificuldade para locomoção, o risco e 
segurança.
O Comandante apoia sua autoridade nestas virtu-
des: sabedoria, justiça, benevolência, rigor e coragem. 
O estadista britânico Winston Churchill atualizou a 
definição dos atributos do grande comandante: “O ar-
cabouço do verdadeiro líder inclui, além da capacidade 
de argumentação e um apurado senso comum, o poder 
da criatividade, mas principalmente um toque de presti-
digitação, como uma marca original e temível, atributos 
que fazem os adversários se sentirem aturdidos e fragi-
lizados.”
Por Método se entende a organização do exército, o 
transporte de suprimentos e o controle dos gastos mili-
tares, ou seja, a logística, que é fundamental no plane-
jamento e consecução de um empreendimento.
A Arte da Guerra passa a analisar a importânciafundamental da simulação. O elemento surpresa, tão 
necessário para a vitória com o máximo de eficiência, 
depende de conhecer os outros sem ser por eles conhe-
cido, de modo que o segredo e a informação distorcida 
são considerados artes essenciais.
 
 Administrando a Guerra
“Apenas quem está completamente familiarizado 
com as dificuldades da guerra pode compreender intei-
10
ramente a conveniência de levá-la adiante com rapidez.”
O segundo capítulo é sobre a batalha e sobre o 
cuidado em não prolongar a guerra. Há uma grande 
preocupação com a economia, seja do exército ou da 
população. Sun Tzu instrui o exército a levar apenas o 
material bélico e a saquear os suprimentos do inimigo, 
incluindo a utilização dos materiais apreendidos con-
tra o próprio inimigo.
 Estratégias de luta
“Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a exce-
lência suprema; a excelência suprema consiste em vencer 
o inimigo sem ser preciso lutar”.
A essência da arte da guerra, para Sun Tzu, está re-
sumida nesta frase. O ensinamento do grande estra-
tegista diz que o confronto direto deve ser sempre a 
última opção. Portanto, a melhor estratégia de luta é,
sempre que possível, a negociação.
Na prática da arte da guerra, a melhor coisa é render 
o país inimigo, inteiro e intacto, pois não há benefício 
em danificar e destruir. Da mesma maneira, é melhor
capturar um exército inteiro do que destruí-lo. Dessa
forma, o líder conseguirá subjugar as tropas inimigas
sem luta, capturará suas cidades sem sitiá-las e domi-
nará seus reinos sem operações prolongadas.
A estratégia de Sun Tzu neste capítulo também de-
limita a ação conforme o contingente do exército ini-
migo. Para Sun Tzu, é importante o líder saber quan-
do deve atacar, cercar, dividir ou recuar. O líder pode 
arruinar o exército de três maneiras: ignorar o fato de 
Aquele que 
se empenha 
a resolver as 
dificuldades 
resolve-as antes 
que elas surjam. 
Aquele que 
se ultrapassa 
a vencer os 
inimigos triunfa 
antes que as 
suas ameaças se 
concretizem.
• Sun Tzu •
11
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
que não pode ser obedecido, isso significa imobilizar 
o exército; ignorar as condições do exército, causando 
inquietação dos soldados; e confiar em oficiais despre-
parados, escolhidos de maneira inadequada, abalando 
a confiança da tropa.
Em contrapartida, existem cinco aspectos essen-
ciais para a vitória: saber quando lutar e quando evitar
a luta; lidar tanto com forças superiores como inferio-
res; conseguir um exército integrado como uma uni-
dade; surpreender o inimigo quando este se encontra 
despreparado; e não sofrer interferência do soberano.
Em resumo: se você conhecer o inimigo e a si mes-
mo, não precisa temer o resultado da batalha. Se não 
conhecer nem o inimigo nem a si mesmo, você sucum-
birá.
Disposições táticas
“O ápice da excelência não é vislumbrar a vitória 
quando isso pode ser feito por qualquer homem do povo.”
O quarto capítulo deste tratado dá ênfase à forma-
ção, porém vai além de mera arrumação física, aproxi-
mando-se mais do sentido de configuração tática. Sun
Tzu volta a enfatizar que a busca pela vitória se dá pelo 
conhecimento do momento certo de atacar ou ficar na 
defensiva. A invencibilidade depende da defesa; a vitó-
ria depende do ataque; a sabedoria consiste em elabo-
rar uma disposição tática que impossibilite a derrota e 
viabilize a vitória. Portanto, a vitória está no equilíbrio 
defesa-ataque, sabendo o momento certo de cada ação.
 Segundo Sun Tzu, o guerreiro talentoso não é aque-
O verdadeiro 
método, quando 
se tem homens 
sob as nossas 
ordens, consiste 
em utilizar o 
avaro e o tolo, 
o sábio e o 
corajoso, e em 
dar a cada um a 
responsabilidade 
adequada.
12
le que apenas vence, mas a maneira como atinge a vi-
tória é fundamental. A vitória decorre de uma boa tá-
tica elaborada pelo estrategista, que criou as condições 
favoráveis. O verdadeiro líder vence as batalhas não 
cometendo erros, se coloca em uma disposição tática 
• Sun Tzu •
13
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
que impossibilita a derrota. Portanto, o estrategista só 
busca a batalha depois da vitória assegurada.
Energia combinada
“Uma confusão simulada exige uma disciplina per-
feita; medo simulado requer coragem; fraqueza simula-
da demanda força.”
O quinto capítulo tem como tema a força, a coorde-
nação dinâmica e o conjunto de manobras que permi-
tem que os soldados possam resistir à força do ataque 
inimigo e permanecer inabaláveis. Sun Tzu define ape-
nas dois métodos de ataque: Zhèng (forças normais) 
e Qí (forças indiretas, extraordinárias). Não é simples 
captar o significado completo desses dois ideogramas. 
Uma maneira de expressar o seu conceito é: as forças 
normais (Zhèng) contêm o avanço do inimigo; as for-
ças extraordinárias (Qí) são introduzidas no combate 
de um modo imprevisto, tanto no momento quanto no 
lugar, como no tipo de ação, como uma tática de guer-
rilha. Encarar o inimigo é Zhèng, desviar para os lados 
é Qí.
Na batalha, não há mais do que esses dois métodos 
de ataque, entretanto estes dois combinados dão ori-
gem a séries infindáveis de manobras. 
Detecção de pontos fracos e fortes
“É divina a arte da sutileza e do segredo! É através 
dela que se aprende a ser invisível e inaudível; enigmá-
ticos como um deus, assim poderemos ter o destino do 
inimigo em nossas mãos.”
14
A ideia neste capítulo é ter energia enquanto se 
esvazia o oponente, reconhecer os lugares indefesos
e ocupar posições previamente no campo de batalha. 
Sun Tzu mostra as qualidades que um exército deve ter
para conseguir uma boa vitória. Atingir o ponto fraco,
ser rápido, descobrir as disposições do inimigo, frag-
mentar o oponente, ou seja, ter a máxima eficiência na 
hora de atacar. Para isso, é necessário estudar muito 
bem o inimigo, assegurando a vantagem para si. As-
sim, ele pode fazer com que o inimigo se aproxime de 
acordo com sua vontade, obtendo a vitória usando as
próprias táticas do inimigo. Mais ainda, é importante 
evitar o confronto quando o inimigo é mais forte.
Sun Tzu faz uma analogia das táticas que devem ser
empregadas com a água. Assim como a água modela 
seu curso de acordo com a natureza do solo onde cor-
re, o soldado forja sua vitória de acordo com o inimi-
go que esteja enfrentando. Da mesma maneira que a 
água não tem uma forma constante, nas batalhas não 
há condições constantes.
Estratagemas
“Disciplinados e calmos, esperando o surgir da desor-
dem e do tumulto entre as hostes inimigas: esta é a arte
estratégica de preservar o autodomínio.”
Neste capítulo sobre manobras táticas, Sun Tzu des-
taca as dificuldades e os perigos em realizar manobras 
com grupos indisciplinados. Não obterá êxito em lide-
rar um exército em marcha sem o conhecimento pré-
vio da região.
Sobre saquear um território, Sun Tzu diz que a pi-
Se você conhece 
o inimigo e 
conhece a si 
mesmo, não 
precisa temer 
o resultado de 
cem batalhas. Se 
você se conhece 
mas não conhece 
o inimigo, para 
cada vitória 
ganha sofrerá 
também uma 
derrota. Se você 
não conhece 
nem o inimigo 
nem a si mesmo, 
perderá todas 
as batalhas...
• Sun Tzu •
15
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
lhagem deve ser dividida entre todos. Quando capturar
um novo território, ele deve ser dividido em lotes para 
o benefício da tropa. Foi o que Napoleão fez ao assumir
o comando do exército em solo italiano, e, hoje em dia, 
empresas bem-sucedidas distribuem um percentual 
dos lucros entre seus funcionários.
A arte de estudar os ânimos do exército também se
encontra neste capítulo. O ânimo de um soldado está 
mais entusiástico pela manhã, ao meio-dia começa a
decair e à noite seus pensamentos se inclinam para a 
volta ao acampamento. Um general inteligente evita 
um exército quando o ânimo estiver entusiástico.
Quando cercarum exército, sempre deixe uma saí-
da livre. Muitos exércitos encurralados decidem lutar 
até o fim e vendem caro a derrota. Sun Tzu, neste capí-
tulo, mostra a arte de gerir a guerra.
 Diversificações estratégicas
“A arte da guerra nos ensina a confiar, não na pos-
sibilidade de o inimigo não vir, mas sim na nossa pron-
tidão para recebê-lo; não na probabilidade de ele não 
atacar, mas preferivelmente no fato de termos tornado 
nossa posição inexpugnável.”
Este capítulo trata de adaptação, sobre considerar 
as vantagens e desvantagens e diversificar as táticas. 
O general deve reconhecer caminhos que não devem 
ser seguidos, exércitos que não devem ser atacados, 
cidades que não devem ser sitiadas, posições que não 
devem ser disputadas e ordens que não devem ser se-
guidas.
Sun Tzu, neste capítulo, lista cinco fraquezas de ca-
Disciplina: 
a ordem e a 
obediência 
decorrem 
do exemplo 
de conduta 
do líder.
16
ráter que um comandante pode ter e que podem ser a 
causa da derrota de um exército. 1- Temeridade: ou-
sadia sem inteligência; 2- Pusilanimidade: indecisão e 
falta de segurança; 3- Irascibilidade: perda do autocon-
trole; 4-Suscetibilidade: ser afetado com facilidade, o 
que desestimula a crítica construtiva e 5- Leniência: 
tornar-se muito condescendente. 
Essas cinco deficiências devem ser neutralizadas 
com cinco virtudes: 1- Coerência: inspira confiança 
aos subordinados; 2- Firmeza: não hesitar em momen-
tos cruciais; 3- Equilíbrio: o líder comedido não se 
abala com problemas nem perante desafios; 4- Sensa-
tez: conquista lealdade de sua equipe e se mostra aber-
to a sugestões e 5- Disciplina: a ordem e a obediência 
decorrem do exemplo de conduta do líder.
 O exército em movimento
“Aquele que não sabe fazer previsões e faz pouco caso 
de seus oponentes, subestimando sua capacidade, certa-
mente será derrotado por eles.”
O capítulo nono relata sobre exércitos em manobras 
estratégicas. O estudo da região de acampamento e de 
ataque é importante para Sun Tzu. Existem quatro ti-
pos de cenários de batalha: montanhas, rios, pântanos 
e terrenos planos. Mestre Sun aconselha a acampar em 
lugares mais elevados e voltados para o Sol. “Quando 
uma força inimiga atravessa um rio em sua marcha, 
não avance de encontro a ela no meio do rio e ancore 
sua embarcação mais acima”, afirma o estrategista. Não 
demore ao atravessar pântanos e, em terrenos planos, 
tome uma posição de fácil acesso, enquanto que com 
• Sun Tzu •
17
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
terrenos em aclive, na retaguarda.
Sun Tzu dá dicas importantes para não ser surpre-
endido em ataques repentinos. Quando o inimigo se 
mantém a distância e tenta provocar uma batalha, isso 
pode significar que ele está ansioso para que o outro 
lado avance. Palavras humildes e aumento de prepara-
tivos são sinais de que o inimigo está prestes a atacar. 
Linguagem agressiva e avanço, como se fosse atacar, 
são sinais de uma batida em retirada.
A observação da natureza é muito importante para 
18
o mestre Sun, o movimento dos pássaros, o abate dos 
animais utilizados, animais assustados, a poeira espa-
lhada na região, todos são fatores que dizem sobre o 
movimento da tropa inimiga.
Topografia do terreno
“Veja seus homens como seus discípulos e eles o se-
guirão aos vales mais profundos; zele por eles como se 
fossem seus filhos queridos e eles ficarão ao seu lado até 
mesmo na morte.”
Neste capítulo, Sun Tzu analisa a questão do terreno 
e volta às ideias de manobras e adaptação.
Existem seis tipos de terrenos: acessível, perigoso,
impreciso, desfiladeiros estreitos, cumes escarpados e 
posições muito distantes do inimigo. Em um terreno 
acessível, é possível obter vantagem antecipando o ini-
migo e ocupando lugares mais elevados e ensolarados.
No terreno perigoso, a chance de vitória é atacar de 
surpresa enquanto o adversário não está preparado. No 
terreno impreciso, o melhor a fazer é atrair o adversá-
rio, já que a região não confere vantagem. Em desfila-
deiros estreitos, proteja muito bem as posições e espere 
a vinda do inimigo. Em relação aos cumes escarpados,
ocupe os lugares mais elevados. Se o inimigo ocupou
os cumes antes de você, retire-se e tente instigá-lo a
sair. A longa distância, não é prudente provocar uma 
batalha, pois lutar, nesse caso, não demonstra vanta-
gem.
Mestre Sun prevê seis calamidades do exército que 
são de responsabilidade do general: fuga, insubordi-
nação, colapso, ruína, desorganização e fracasso. Em
Não é preciso 
ter olhos 
abertos 
para ver o 
Sol, nem 
é preciso 
ter ouvidos 
afiados 
para ouvir o 
trovão. Para 
ser vitorioso 
você precisa 
ver o que não 
está visível.
• Sun Tzu •
19
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
condições equivalentes, se uma força for arremessada 
contra outra mais numerosa, o resultado é a fuga da
primeira. Insubordinação ocorre quando os soldados 
são mais fortes do que seus oficiais, o que é o contrário 
de colapso, que acontece quando os soldados são fra-
cos demais e os oficiais, fortes demais. O exército será 
levado à ruína se os oficiais superiores lutarem por 
conta própria sem a ordem do comandante, baseados 
em ressentimento. A desorganização é fruto de ordens
imprecisas, pouco claras, e deveres não estabelecidos 
designados aos oficiais. Finalmente, o fracasso acon-
tece quando o general subestima o exército inimigo e 
envia um destacamento fraco contra um forte.
A capacidade de avaliar o adversário, de controlar
forças da vitória e de calcular as dificuldades, riscos 
e distâncias, constitui as características de um grande
comandante.
Manobras em nove situações
“O general habilidoso conduz seu exército como se 
estivesse trazendo pela mão um único homem indeciso.”
Neste capítulo, Sun Tzu apresenta um tratamento 
mais detalhado do relevo, especialmente em termos do 
relacionamento de um exército com o terreno. Pode-
-se inferir que esses detalhamentos das regiões não se 
tratam apenas do território físico, mas também no sen-
tido mais abstrato.
A arte da guerra reconhece nove variedades de re-
giões: dispersa, acessível, disputada, aberta, intersec-
ção, perigosa, difícil, cercada e renhida. Quando um 
comandante luta em seu próprio território, essa é uma 
E como a 
felicidade pode 
se transformar 
na insatisfação, 
assim o 
desespero 
pode sumir 
no despertar 
de uma nova 
primavera.
Com cada 
dia,pode nascer 
um outro 
entendimento 
de nosso 
estado,nossos 
laços e 
objetivos.
20
região dispersa. A região acessível acontece quando o 
exército está penetrado em um território hostil. A re-
gião disputada traz grande vantagem para ambos os 
lados. A região aberta confere grande mobilidade de 
movimentos. Uma região que seja um ponto-chave, 
de tal forma que aquele que ocupá-la primeiro terá 
a maior parte do Império sob seu comando, é uma 
região de intersecção. A região perigosa deixa a re-
taguarda do exército vulnerável a ataques. A região 
difícil traz um relevo acidentado para o movimento 
da tropa. Uma região cercada é um local que só é al-
cançado através de desfiladeiros e apenas um grupo 
pequeno de inimigos é suficiente para esmagar um 
grande número de soldados. A região renhida, ou 
também região de morte, acontece quando o exército 
só pode ser salvo se lutar desesperadamente.
Ações pirotécnicas
“Infeliz é a condição daquele que tenta vencer ba-
talhas e ser bem-sucedido na guerra sem cultivar um 
espírito empreendedor.”
O décimo segundo capítulo trata das formas de 
ataque utilizando fogo. São cinco formas: incendiar 
os soldados em seu acampamento, incendiar arma-
zéns de suprimentos, incendiar os comboios de abas-
tecimento, incendiar arsenais e lançar fogo em meio 
ao inimigo. Sun Tzu analisa as condições favoráveis 
para atacar com fogo, no caso, quando o clima estiver 
seco. Neste capítulo, Sun Tzu volta a reafirmarque a 
guerra deve ser travada apenas como último recurso: 
“Não se mova, a não ser que seja uma vantagem; não 
• Sun Tzu •
21
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
use suas tropas a não ser que haja algum proveito;
não lute, a não ser que sua posição seja crítica.”.
Uso de agentes infiltrados
“Só o soberano iluminado e o general capaz é 
que usarão a mais elevada inteligência do exér-
cito com o objetivo de espionar e, por esta razão, 
conseguirão os melhores resultados.”
O último capítulo do livro cuida da espiona-
gem. Buscar informações sobre o inimigo é im-
portante para a economia do Estado e previne
perda de tempo e perda de pessoas e isso é obti-
do com a utilização de agentes infiltrados. Exis-
tem cinco classes de espiões: locais, internos, 
duplos, condenados e sobreviventes. Os espiões 
locais são habitantes contratados do país inimi-
go; os internos são oficiais do inimigo; agentes 
duplos são os espiões inimigos trabalhando a
nosso favor; os espiões condenados relatam in-
formações erradas para nossos inimigos.
Só o soberano iluminado e o comandante 
capaz é que usarão a mais elevada inteligência 
do exército com o objetivo de espionar e, por 
esta razão, conseguirão os melhores resultados. 
Os espiões são elementos muito importantes na 
guerra, pois deles dependerá a habilidade do 
exército para avançar.
Dessa forma, Sun Tzu conclui o primeiro e 
ainda significativo manual de estratégias escri-
to, sendo até hoje lido e interpretado mesmo 
fora do ambiente militar.
Um chefe que 
é capaz deve 
fingir ser 
incapaz; se 
está pronto, 
deve fingir-se 
despreparado; 
se estiver perto 
do inimigo 
deve parecer 
estar longe.
22
• Sun Tzu •
23
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR CARLOS HENRIQUE GOMES
Musashi
24
Shinmen Musashi No Kami Fujiwara no Genshin foi
um famoso samurai japonês, criador do estilo de luta com
duas espadas chamado Niten Ichi Ryu, mais conhecido
como Miyamoto Musashi, nome da cidade em que o sa-
murai nasceu, a aldeia de Miyamoto, no ano de 1584. A 
obra e os ensinamentos do samurai extrapolaram o mun-
do oriental, sendo incorporados nas estratégias militares 
do Ocidente e ainda nos livros de estratégia voltados para 
o mercado de trabalho.
Prenunciando o que seria sua vida futura, aos 13 anos 
de idade Musashi matou o samurai Arima Kihei, da esco-
la xintoísta Ryu, conhecido por sua habilidade na lança e 
espada.
Aos 16 anos enfrentou e venceu Tadashima Akiyama e 
tornou-se um samurai sem senhor, um ronin. Para suprir
as despesas, sempre contou com a habilidade para escul-
pir e desenhar. Participou da batalha de Sekigahara, um 
conflito importante que acarretou em uma mudança radi-
cal na distribuição dos feudos no Japão.
Aos 21 anos, lutou contra a família Yoshioka, o famo-
so clã de instrutores da casa Ashikaga. Seijiro, o primeiro
da família Yoshioka a enfrentar Musashi, empunhava uma 
espada considerada de boa qualidade, enquanto que Mu-
sashi utilizava uma espada de madeira. Com um violento 
ataque, Musashi derrubou Seijiro e atacou sem parar.
Nesse episódio, percebemos o porquê do livro de Mu-
sashi ser lido por empresários do mundo inteiro. Nem 
sempre o mais bem aparelhado para as exigências do mer-
cado conseguirá colocar com maior eficácia seus produ-
tos, uma boa ofensiva deve ser seguida por uma continui-
dade a fim de que o adversário não possa se recompor. 
Nunca deixe o adversário impor regras apenas porque
Qualquer que 
seja o modo, 
o mestre 
estrategista 
não parece 
ser rápido... 
Claro, 
lentidão é 
ruim. Pessoas 
realmente 
hábeis nunca 
ficam sem 
tempo, são 
sempre 
deliberadas 
e nunca 
parecem estar 
ocupadas.
• Musashi •
25
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
está mais bem equipado e jamais, jamais pare de atacar.
Musashi permaneceu em Kioto após essa vitória e lutou 
com o segundo samurai mais importante do clã Yoshioka, 
Densichiro. Para esse combate, Musashi chegou atrasa-
do e poucos segundos depois do início da luta quebrou 
o crânio de seu oponente. O ensinamento desse episódio 
é: conheça suas armas e a técnica de seus oponentes. Não
reduza o potencial de seus ataques e numa luta mortal, as-
sim como no mercado ou nas práticas militares, não tenha
misericórdia.
A terceira luta foi contra Hansichiro. Dessa vez, Mu-
sashi chegou cedo ao local e escondeu-se. No horário
marcado, acreditando que Musashi não apareceria, Hansi-
chiro foi surpreendido com a velocidade de Musashi, que 
o matou, abriu caminho entre o grupo armado e fugiu. 
Assim como os outros episódios, esse também guardaria 
uma importante lição para o samurai, sendo aqui a de agir 
de maneira inesperada. Surpreenda o adversário, cause 
danos no front mais importante e se não puder aniquilát -
-lo, fuja.
O duelo mais famoso de Musashi aconteceu em 1612 
contra Sasaki Kojiro. O duelo teria acontecido em uma
ilha. Durante a viagem, Musashi esculpiu uma espada a 
partir do remo do barco e chegando ao local, se posicio-
nou contra o Sol, atrapalhando a visão de Kojiro. Musashi 
golpeou Kojiro na cabeça, que caiu morto. O golpe desfe-
rido por Kojiro cortou parte da roupa de Musashi.
Uma boa estratégia diversiva, seguida de manutenção 
do firme propósito de executá-la efetivamente, tem resul-
tados favoráveis, ainda que não extinga os riscos de con-
fronto com um adversário bem preparado. Seja na lógica 
militar de combate moderno, envolvendo grandes exér-
A percepção é 
forte e a visão 
é fraca. Em 
estratégia, é 
importante 
ver o que está 
distante como 
se estivesse 
próximo e ter 
uma visão 
distanciada 
do que está 
próximo.
26
citos ou no mercado de trabalho ou mesmo de ações, se 
empregam táticas dessa natureza, sendo preciso agir firme 
para a execução de um projeto, criando táticas e estraté-
gias que retirem o foco de seus adversários e concorrentes 
de sua estratégia principal, conduzindo seus adversários 
a se ocuparem única e exclusivamente com detalhes su-
pérfluos.
Após uma sucessão de batalhas vitoriosas, Musashi se 
aposentou e viveu como recluso em uma caverna chamada 
Reigendo. Lá, escreveu o Livro dos Cinco Anéis, pouco 
antes da sua morte, em 1645.
Entre os japoneses, Musashi é conhecido como “Ken-
sei”, Santo da Espada, e o Livro dos Cinco Anéis é uma 
obra considerada fundamental entre os livros de arte 
marcial, uma vez que trata tanto de estratégia quanto de 
combate corpo a corpo. Segundo as palavras do próprio 
• Musashi •
27
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
Musashi, trata-se de “um guia para homens que queiram 
aprender estratégia”.
O Livro dos Cinco Anéis é dividido em cinco partes, 
cada parte representada por um elemento: Terra, Água, 
Fogo, Vento e Vazio.
O livro da Terra trata sobre o Caminho da Estratégia 
através da escola Niten Ichi Ryu. Neste capítulo, Musashi 
diz que considerava difícil enxergar o Verdadeiro Cami-
nho por meio apenas do treino com a espada, advertindo 
que devemos observar e conhecer as menores e as maiores 
coisas. Estratégia é a arte do guerreiro. Os comandantes 
devem ensinar a arte e os soldados precisam conhecer 
esse caminho. Segundo Musashi, existem vários cami-
nhos para atingir a iluminação: Caminho da Salvação pela 
Lei de Buda, o Caminho do Aprendizado Governado por 
Confúcio e o Caminho do Arco e Flecha. Cada um pratica 
de acordo com a sua inclinação. O Caminho do Guerreiro 
é o caminho da espada, é a aceitação resoluta da morte. O 
Caminho da Estratégia se baseia em superar os homens. 
Musashi lista nove itens para quem quer aprender o 
Caminho da estratégia: não pensar desonestamente; o Ca-
minho está no treinamento; familiarizar-se com todas as 
artes; conhecer os Caminhos de todas as profissões; dis-
tinguir entre ganho e perda nas questões mundanas; de-
senvolver julgamento intuitivo e a compreensão de todas 
as coisas;notar aquelas coisas que não podem ser vistas; 
prestar atenção a tudo, mesmo aparentes baboseiras; e 
não fazer nada que não tenha utilidade.
O Livro da Água explica a relevância espiritual na es-
tratégia. Tanto em luta quanto na vida cotidiana, perma-
neça calmo. Mesmo que o espírito esteja calmo, não deixe 
o corpo relaxar, mas quando o corpo estiver relaxado, não 
28
amoleça o espírito. Controle os ânimos, evite os extremos, 
não deixe o inimigo ver seu espírito.
Neste capítulo, Musashi também aborda a posição cor-
poral e maneiras de empunhar a espada.
O Livro do Fogo descreve a luta. Musashi enfatiza que 
o estilo da escola Ichi é baseado em muitas disputas, luta 
pela sobrevivência e eterna prática. O aprendizado se dá 
arriscando a sobrevivência em inúmeros embates de vida 
ou morte, nos quais a diferença entre viver ou morrer está 
no conhecimento ou não dos princípios que regem o Ca-
minho da Espada. Aprende-se a reconhecer a força e a 
fraqueza da espada adversária, enquanto se aperfeiçoam 
a destreza e o domínio no manejo da sua própria espada.
 O Livro do Vento analisa outras escolas e faz uma compa-
ração com a sua. Musashi se preocupa em explicar a essência
de seu estilo por meio do conhecimento do estilo das outras 
escolas e deixa claro que nenhum dos métodos colocados é o 
verdadeiro Caminho. Musashi deixa claro também que, em-
bora esteja apresentando seus métodos pela escrita, o mes-
mo não pode ser explicado dessa maneira, somente por meio 
do treino. Não há sentido oculto nas atitudes da espada.
O Livro do Vazio é o último capítulo e o mais abstrato.
Segundo Musashi, Vazio é um termo que ele usa para desig-
nar aquilo que não tem começo nem fim. Ao entender esse 
princípio, significa que não estamos atendendo o princípio 
e, assim como foi dito no capítulo do Fogo, os princípios 
devem ser entendidos internamente, com o coração, e não 
seguidos à risca. Sendo assim, a partir do momento em que 
não entendermos o princípio, mas sim sentirmos e viven-
ciarmos, percebendo que todas as coisas estão interligadas 
e que o Caminho é um só, lá estará o Vazio, “quando a ati-
tude se tornar não atitude e a espada se tornar não espada”.
Perceba as 
qualidades 
positivas e 
negativas 
de tudo, 
distinguindo 
entre ganho 
e perda nas 
questões 
mundanas.
• Musashi •
29
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR CARLOS HENRIQUE GOMES
Aníbal
30
Aníbal Barca (Cartago, 247 a.C. - Bitínia, 182 a.C.) foi um ge-
neral e estrategista cartaginês, considerado um dos maiores estra-
tegistas militares da história. Aníbal obteve sua fama devido às suas 
táticas e manobras durante a Segunda Guerra Púnica, que ocorreu 
entre 208 a.C. e 201 a.C., envolvendo Cartago e Roma.
Aníbal foi filho de Amílcar Barca, um importante estadista car-
taginês responsável pela conquista da Península Ibérica durante 
a Primeira Guerra Púnica. Cartago era uma potência comercial 
e marítima no Mediterrâneo. Possuía uma inimizade histórica
com Siracusa, cidade grega situada ao leste da ilha da Sicília, tendo 
ambas as cidades pretensões de dominar a ilha. Cartago viu uma 
oportunidade de conquistar Siracusa quando, em um conflito en-
volvendo mercenários italianos, Siracusa pediu ajuda a Roma e a 
Cartago. Roma, temendo uma expansão do domínio cartaginês, 
mandou um exército e atacou os sitiantes mercenários. Siracusa, 
portanto, se aliou a Roma. Tal aliança se contrapôs aos interesses 
de Cartago.
Cartago, perdendo o domínio da Sicília, decidiu lançar uma 
expedição sobre a Península Ibérica e promover uma retaliação
contra os romanos em território europeu, uma vez que sua frota 
foi perdida após a assinatura da paz e, além disso, precisava buscar 
recursos para pagar Roma. 
Foi durante essa guerra que Amílcar alimentou o ódio de seu
filho por Roma, levando-o em suas campanhas desde os 9 anos de
idade. Após a morte do pai, Aníbal assumiu o comando do exér-
cito cartaginês com apenas 26 anos, com o objetivo de conquistar
o restante da Península Ibérica para promover um ataque a Roma.
A genialidade e ousadia do general Aníbal foi vista logo no co-
meço da Segunda Guerra Púnica, na Batalha do Lago Trasimeno,
onde Aníbal iniciou o ataque à Península Itálica. No entanto, o ge-
neral inverteu a lógica e, em vez de partir por mar, Aníbal seguiu
por terra pelo sul da Gália e atravessou os Alpes, visando atacar 
Roma pelo norte, mesmo porque Cartago havia perdido a hege-
Ou nós 
encontramos 
um caminho, 
ou abriremos 
um.
• Aníbal •
31
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
monia marítima na Primeira Guerra, perdendo Sardenha e Cór-
sega para Roma. O exército romano, buscando bloquear o avanço 
de Aníbal no rio Ródano, se surpreendeu mais uma vez. Aníbal 
tomou outra rota e atravessou o rio mais acima, utilizando balsas 
para passar os elefantes. Uma rota muito mais complicada, porém 
muito mais difícil de ser defendida pelos romanos. Com o objetivo 
de atravessar dois bloqueios romanos colocados ao norte, Aníbal 
decidiu repetir a estratégia, e os cartagineses buscaram surpre-
ender os romanos, optando por avançar através de pântanos. Tal
travessia cobrou seu preço, levando os exércitos cartaginenses a so-
frerem grandes perdas. Apesar disso, a estratégia deu certo, o que 
ficou claro ao se depararem com os exércitos romanos surpresos e 
sem esperar pelo ataque, que agora era iminente.
A consagração de Aníbal se deu na Batalha de Canas, que, 
junto com as ações do general, se tornou uma das batalhas mais 
estudadas pelos estrategistas militares até os dias de hoje. Aníbal 
escolheu um terreno que o favorecia, com o Sol às suas costas e
o vento contra os romanos. Ele dividiu o exército de modo que a 
disposição das tropas formasse um “V” invertido apontado para 
os romanos, sendo que a infantaria mais fraca ficaria no centro e a
cavalaria, disposta nos flancos. Os romanos estavam ganhando no 
centro do campo, forçando a infantaria cartaginesa a recuar, en-
quanto que os flancos mantinham as posições. O resultado dessa
manobra foi a formação de uma meia-lua. A cavalaria cartaginesa 
fechou e atacou a retaguarda romana, fechando o cerco e massa-
crando os romanos.
As batalhas da Segunda Guerra Púnica deixaram importantes 
ensinamentos. Embora em maior número, Roma não conseguiu 
a vitória por ter subestimado seus oponentes; os romanos não es-
peravam que as tropas de Aníbal pudessem atacar pelos Alpes. Na 
verdade, Roma subestimou a importância do conhecimento da ge-
ografia e do terreno. 
Analisando os princípios estratégicos de Aníbal, podemos con-
Vamos aliviar o 
povo romano de 
seus cuidados 
contínuos, 
desde que 
pensem que 
aguardam a 
morte de um 
homem velho.
32
cluir que o general teve grandes prejuízos ao escolher os caminhos 
para atacar Roma, porém ele soube ser objetivo e os prejuízos fo-
ram compensados com o alvo alcançado da maneira planejada. 
Aníbal dirigiu toda a operação para uma finalidade claramente 
definida, ele estava muito mais comprometido com suas metas 
do que os romanos. Ele atacou o inimigo em pontos vulneráveis e 
onde esses estariam desprevenidos. Soube lidar com forças fracas 
e fortes, mantendo as tropas principais em espera até o momento 
certo e utilizando as mais fracas como isca. 
 Na grande maioria das listas atuais de princípios estratégicos, 
os conceitos fundamentais são: 
1. O princípio da massa, ou seja, concentrar o combate no local 
e no momento certo. Isso é possível desde que o estrategista colo-
que as unidades de infantaria e cavalaria no local mais adequado 
e no momento mais favorável, com manobras rápidas e através de 
grandes distâncias, a especialidade de Aníbal. 
2. O objetivo: toda a operação militar deve visar à realiza-
ção de uma meta claramente definida e importante. O intuito 
• Aníbal •
33
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
final da guerra éo aniquilamento das forças armadas inimigas 
e da sua vontade de combater. Assim foi Aníbal, pretendeu 
atacar Roma por terra e assim o fez, não importando a difi-
culdade de atravessar os Alpes, ele sabia que teria sucesso. Sua 
vontade de combater foi vista logo no começo provocando a 
guerra e nunca recuando, seu ódio por Roma foi um grande 
combustível para sua ousadia.
3. A ofensiva, que confere ao estrategista liberdade de ação. To-
34
mando a iniciativa é mais fácil impor o seu jogo ao inimigo, tor-
nando mais fácil a estratégia de colocar o inimigo em pontos onde 
se possa atacar.
4. Economia de forças é o que permite o princípio da massa. 
Guerrear com o mínimo de desgaste de recursos foi fundamental 
para Aníbal combater os romanos, já que Roma possuía um exér-
cito infinitamente maior, além de um maior número de aliados.
5. Manobra. Uma das características mais proeminentes de
Aníbal. O general soube colocar suas tropas em locais que o favore-
ceram, tanto no desvio para evitar bloqueios quanto em ofensivas 
para compensar o menor número de soldados.
6. Unidade de comando: é importante não haver dispersão de 
responsabilidades, um único comando para conduzir uma força 
militar é a forma mais eficaz de obter unidade de esforços. Cartago 
tinha plena confiança em seus generais. Na Segunda Guerra Púni-
ca, Aníbal tinha pleno comando do exército e mandou Asdrúbal
para assumir o controle da Península Ibérica.
7. Segurança: Aníbal nunca permitiu que Roma adquirisse uma 
vantagem inesperada. Isso foi possível porque Aníbal sempre to-
mou a iniciativa e teve liberdade de ação.
8. Surpresa: significa atingir o inimigo no momento exato e no
lugar mais inesperado por ele. Aníbal soube realizar isso com ma-
estria ao atacar pelos Alpes, até então uma muralha impenetrável 
para os romanos, além de contornar os bloqueios romanos por 
pântanos e surpreender o exército romano que estava em acam-
pamento e totalmente despreparado para qualquer conflito. É mais
um fator que permite exércitos menores vencer tropas maiores.
9. Simplicidade: a simplicidade e a clareza dos planos reduzem 
o risco de interpretações erradas e as possibilidades de confusão na 
sua execução. O comando de Aníbal com certeza foi claro e objeti-
vo. Foram necessárias manobras sincronizadas na Batalha de Ca-
nas para que o cerco funcionasse da maneira correta. Foi um plano 
simples de ser realizado, porém concebido apenas por um gênio.
A paciência na 
adversidade 
é sinal de 
um coração 
sensível.
• Aníbal •
35
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR RUI LEON
Alexandre, o Grande
36
O mundo no qual Alexandre
nasceu e cresceu
Alexandre foi um dos mais importantes generais
da Antiguidade, conquistou a maior parte do mundo 
conhecido até então e escreveu seu nome na História. 
Nasceu no dia 20 de junho de 356 a.C., em Pela, era fi-
lho de Olímpia de Épiro, que havia sido desposada por
Filipe II da Macedônia, local que ficava nas frontei-
ras daquilo que ficou conhecido como Magna Grécia. 
Embora os macedônios não fossem vistos pelos gregos 
como portadores da cultura helênica, terminaram por 
se misturar a eles em função das guerras que travaram.
 Tanto Filipe quanto Alexandre, assim como to-
dos os outros reis macedônios, consideravam-se des-
cendentes de Hércules. Por parte de mãe, Alexandre 
também possuía Aquiles como antepassado, o que fa-
zia dele descendente dos dois maiores heróis gregos, 
segundo Plutarco. Porém, outra herança contribuiria 
muito mais decisivamente para transformar Alexandre 
no maior conquistador do mundo antigo e essa era de 
um guerreiro que nada tinha de mítico: Filipe II, seu
pai.
Filipe empreendeu uma guerra contra os gregos já 
consideravelmente desgastados pela Guerra do Pelo-
poneso. Propôs às cidades de Atenas, Tebas e Esparta 
uma paz e uma aliança na qual lideraria as Cidades-
-Estados Gregas contra o “inimigo” comum, os Persas. 
A proposta foi amplamente recusada pelas cidades.
Outro legado deixado por Filipe a seu filho Alexan-
dre foi que o Rei sempre optou pela diplomacia, mas 
sabia que para ser atendido não havia nada melhor do 
que uma enorme capacidade de guerra, que demons-
Eu não 
temeria 
um grupo 
de leões 
conduzido 
por uma 
ovelha, mas 
eu sempre 
temeria um 
rebanho 
de ovelhas 
conduzido 
por um leão.
• Alexandre, o Grande •
37
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
trou a essas Cidades-Estados já tão desgastadas. Mas 
para vencer essa guerra, não bastaria esse desgaste, no-
vas estratégias de Guerra teriam que ser pensadas, e foi 
assim que Filipe, junto a seus engenheiros, introduziu 
inovações técnicas em seu exército que permitiram que 
saísse vitorioso nas batalhas. 
A primeira e nada desprezível foi a Sarissa, uma 
lança de 4 a 7 metros, utilizada pela infantaria de Fili-
pe organizada em falanges, uma formação retangular 
onde os soldados marcham e atacam de maneira sin-
cronizada. Seus soldados receberiam treinamento para
conseguir usar essas lanças, alternando os flancos na 
hora do ataque. O tamanho das lanças impedia que as 
falanges adversárias conseguissem chegar até eles. Fi-
lipe aumentou o número de soldados em 10 fileiras, 
sendo que a segunda fileira também carregava grandes 
lanças projetadas entre as primeiras – teríamos a im-
pressão de estar vendo um porco-espinho ao ver essa 
falange marchando. Sua retaguarda era defendida pela 
cavalaria, assim como por uma infantaria pesada que 
trazia inovações técnicas, como as Torres de Cerco e 
a impressionante Catapulta de torção, uma espécie de 
besta ligada a uma engrenagem que disparava um fle-
cha com uma potência jamais vista até então. Além dis-
so, fez uma reforma no exército, profissionalizando-o 
e transformando a participação obrigatória aos mace-
dônios. Foi assim que o pai de Alexandre sobrepujou 
Atenas e outras Cidades-Estados gregas.
Tragicamente, Filipe da Macedônia não conseguiria 
derrotar o Rei Persa, pois seria assassinado por um de 
seus guarda-costas. Os motivos que levaram Pausânias 
a assassiná-lo ficaram completamente desconhecidos, 
Pessoas são 
como cobras! 
Você pode 
dar amor, 
carinho, afeto, 
até mesmo 
alimentá-las 
mas em um 
determinado 
momento elas 
vão acabar 
lhe picando, 
pois é da 
natureza delas
38
na medida em que assim que os guardas de Filipe o 
alcançaram já lhe deram cabo, sem deixar que o exe-
cutor se explicasse, o que deu margem para inúmeras 
interpretações.
Alexandre torna-se o Grande
O trono não ficaria vacante nem por alguns segun-
dos. Alexandre assumiria aquilo que fora preparado 
para fazer, se pensarmos que quando seu pai partiu 
em guerra contra Bizâncio ele havia assumido o trono 
como príncipe regente aos 16 anos, a mesma idade em 
que ele havia encerrado seus estudos com Aristóteles, 
e nesse período ele teria que responder a uma revolta, 
• Alexandre, o Grande •
39
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
que esmagou com particular eficiência, e pensarmos 
também que quando seu pai retornou o enviou em 
campanhas militares. 
Assim, quando teve que assumir o trono, mesmo 
havendo boatos que Filipe preferia o seu irmão mais 
novo de outro casamento, o jovem Alexandre, com 20 
anos, não teve dificuldades, pois contava com a apro-
vação dos generais, entre eles Antiparto, e os mace-
dônios sabiam de seus feitos como guerreiro e o viam 
com muita simpatia. 
Mas se a morte de Filipe não trouxe grandes proble-
mas internos para Alexandre, o mesmo já não se podia 
dizer das Cidades-Estados gregas: a morte de Filipe le-
vou a uma tentativa de sublevação destas. Alexandre 
foi pessoalmente resolver as revoltas com cerca de três 
mil soldados, mostrando desde aí seu gênio militar, 
emboscando os tessálios pela retaguarda e de surpresa, 
não lhes deixando outra opção senão se entregarem e 
aderirem à cavalaria de Alexandre quemarchava rumo 
ao Peloponeso, disciplinando Cidades-Estados como 
Corinto. Atenas sequer chegou a se enfrentar com os 
exércitos de Alexandre, reconhecendo sua superiori-
dade através de seus embaixadores, porém se Alexan-
dre quisesse manter controle de toda a Grécia, precisa-
va continuar o empreendimento de seu pai e se colocar 
contra o inimigo comum, aquele conhecido como o 
Grande Rei, o Rei dos Reis, Dario III, o rei da Pérsia. 
A justificativa que Alexandre deu a Dario para a 
Guerra foi, primeiramente, libertar as cidades gregas 
na Ásia Menor (Turquia) e, a segunda, uma represália 
contra o que Xerxes havia feito à Grécia em 480 a.C. 
quando seus exércitos queimaram e saquearam Atenas. 
40
As Cidades-Estados gregas na Ásia Menor haviam sido 
conquistadas dos persas por Filipe, mas um mercená-
rio grego chamado Memmom de Rodes as havia reto-
mado para o controle do Rei dos Reis. 
A Conquista do litoral
Segundo Plutarco, antes de Alexandre desembar-
car na Ásia, após ter cruzado Helesponto em 344 a.C., 
ele atirou uma lança da embarcação onde estava e, ao 
desembarcar, pegou a lança e disse: “Por essa lança a
Ásia inteira será conquistada.” Lenda ou não, a questão 
é que Alexandre de fato iria conquistar a Ásia inteira
através de seu gênio militar e diplomático. O Rei tinha
como primeiro objetivo libertar as cidades gregas da 
Ásia Menor, mas esse não era o único motivo que o 
impelia a começar a guerra por ali, havia também uma 
necessidade estratégica de retirar por terra as cidades 
que permitiam ao Reino Persa lançar suas esquadras 
ao Mediterrâneo, o que colocava a Grécia sempre na 
eminência de uma guerra contra os Persas, na medida
em que esses controlavam o Mar Egeu por meio de seus 
postos marítimos.
 Os macedônios, não sendo uma potência marítima, 
tinham como única alternativa tomar por terra as cida-
des litorâneas primeiro, tanto é que quando olhamos 
no mapa as incursões de três batalhas, elas se desta-
cam, revelando o gênio do estrategista: a primeira é
Grânico em 334 a.C., a segunda é Issos, em 333 a.C.,
o terceiro é o famoso cerco a Tiro, em 332 a.C. e, no
mesmo ano, a conquista de Gaza. 
Segundo o historiador Pierre Briant, Alexandre de-
sembarcou na Ásia com cerca de 30 mil soldados de in-
Na fé e na 
esperança 
o mundo 
discordará, 
mas todo o 
interesse da 
humanidade 
está na 
caridade.
• Alexandre, o Grande •
41
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
fantaria e cinco mil cavaleiros, enquanto é sabido que 
os Persas tinham condições de mobilizar tropas ainda 
mais numerosas. Havia um número significativo de 
soldados gregos entre as tropas de Alexandre, o que era 
uma fórmula muito hábil que ele usava, na medida em 
que seus soldados eram ao mesmo tempo reféns das 
Cidades-Estados conquistadas e uma revolta nessas ci-
dades poderia fazer com que os soldados pertencentes 
a elas sofressem assim que se soubesse da revolta.
Ao desembarcar na Ásia, Alexandre avançou em 
três dias sobre a planície de Grânico, parando apenas 
no Rio com o mesmo nome. Os Sátrapas não ouviram 
a recomendação do mercenário grego Memmon de Ro-
des, que lhes propôs usar a tática de terra devastada, 
desgastando as tropas Macedônicas e as obrigando a 
bater em retirada pela fome para depois atacar Alexan-
42
dre em suas próprias terras. Os Sátrapas se recusaram 
a atacar a própria população e optaram pelo confronto, 
estabelecendo seus exércitos na outra margem do Rio 
Grânico. Todavia, muitos dos generais e oficiais mace-
dônios ficaram preocupados com a profundidade do 
rio e, podendo atolar nele, seriam alvos fáceis para os 
arqueiros persas. Mesmo assim, Alexandre insistiu em 
um ataque, não se sabe se por coragem ou porque suas 
condições materiais eram um tanto precárias.
Alexandre coordenou um ataque no qual ele, jun-
to à sua Cavalaria, atacaria pelo flanco direito, sendo 
ele facilmente reconhecível com seu capacete de plu-
mas e seu escudo, o que moveria as tropas persas para 
esse lado do combate, dando tempo para sua infantaria 
atravessar o rio pelo centro, enquanto a hábil cavalaria 
tessaliana atacaria pela esquerda, como mostra o grá-
fico abaixo:
• Alexandre, o Grande •
43
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
A infantaria de Alexandre, se valendo da habilidade 
do uso da Sarissa, conseguiu facilmente debandar a ca-
valaria persa e venceu a batalha, porém os números de 
baixas apresentados por Plutarco são claramente exa-
gerados em favor de Alexandre. Segundo Plutarco, os 
Persas perderam 20 mil soldados de infantaria e 2.500 
cavaleiros. Em contrapartida, as tropas macedônias 
perderam a irrisória soma de 34 mortos, sendo nove 
da infantaria (Plutarco, p. 37, 2005).
Os que ficaram no local foram os mercenários gre-
gos, que os sátrapas resolveram não usar. Estavam cer-
cados no alto de uma colina, tendo implorado o per-
dão de Alexandre, que o concedeu, incorporando-os 
em suas forças. 
Fortalecido por essa vitória, Alexandre avançou 
sobre outras cidades do litoral, apenas Mileto e Hali-
carnasso opuseram resistência, mas com tudo ao redor 
tomado pelas tropas de Alexandre, ele não teve dificul-
dades em obter a vitória, o que lhe colocava a seguinte 
questão: continuar com seu programa de conquistar o 
litoral ou se bater com Dario logo, ingressando pelo 
interior da Ásia, para onde havia escapado? Alexandre 
achou melhor seguir seus planos e avançar via terra, 
pelo litoral, neutralizando suas esquadras. 
Contudo, Dario não veria suas cidades caírem uma 
a uma ante o imperador Alexandre sem fazer nada, 
ele colocaria um enorme contingente na cidade Issos, 
importante posto de abastecimento das tropas mace-
dônicas. Alguns historiadores falam de 90 mil a 500 
mil soldados, mas sabemos o quão arbitrário são esses 
números. Mesmo assim, essa batalha, junto à de Tiro, 
44
acabaram por ser decisivas. 
Alexandre mostraria seu poder de adaptação na ba-
talha de Issos. Dario havia montado uma verdadeira 
fortaleza com arqueiros, cavaleiros e uma forte reta-
guarda, em geral de gregos mercenários, porém Ale-
xandre optou por avançar pelas montanhas, podendo
ver como estava a disposição do exército persa e pen-
sar na melhor forma de incursão, o que permitiu a ele
realocar todas as suas tropas que, apesar de numeri-
camente inferiores, fizeram o que sabiam fazer de me-
lhor: a guerra através de cerco, o que obrigou o exérci-
to persa mais uma vez a bater em retirada e Dario ter 
que fugir, já que ele teria participado da batalha. O Rei
Persa havia deixado para trás sua família e, apesar da 
guerra impiedosa que Alexandre travava contra o Rei 
dos Reis, segundo Plutarco, o Rei Macedônico tratou a 
rainha e as duas princesas com todas as honrarias que
a família real persa sempre teve. 
Após essas batalhas, Alexandre sabia que tomar
todo o litoral seria questão de tempo. Todavia, preci-
sava ainda tomar uma importante cidade fenícia que,
diferentemente de Biblos e Sídon, não havia aceitado o 
domínio de Alexandre. Os embaixadores macedônicos
que foram propor a rendição de Tiro não voltaram com 
vida, e essa cidade era fundamental para consolidar 
seu domínio no Egeu. Contudo, a cidade de Tiro con-
tava com dois inconvenientes: o primeiro: ela era uma 
ilha, levantando a questão de como levar os soldados 
até ela para combater, e, além disso, era uma cidade 
muito fortificada, com muros quase intransponíveis.
Na primeira fase do cerco, Alexandre, junto aos
seus engenheiros, construiu um impressionante aterro
Meu pai me 
deu este 
corpo que é 
efêmero; mas 
o meu mestre 
me deu uma 
vida que é 
imortal.
• Alexandre, o Grande •
45
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
ligando a ilha ao continente, mas quando os mesmos 
ali chegaram, os arqueiros de Tiro não os deixaram 
continuar os trabalhos. Era imperativo pensar novas 
formas de cerco, e, assim, Alexandree seus engenhei-
ros construíram torres de cerco com catapultas de tor-
ção e iniciaram a primeira fase do cerco. Da cidade de 
Sidon, enviaram um número significativo de trirremes 
para impedir que as de Tiro zarpassem de seus portos. 
Porém, esses navios não conseguiam atingir os muros 
da cidade, pois Tiro havia lançado enormes pedras ao 
mar que os impediam de se aproximarem, mesmo sen-
do os trirremes navios próprios para cabotagem. 
A cada tentativa de transpor os muros de Tiro, pa-
recia que a profecia do sonho de Alexandre se confir-
mava. Ele havia sonhado com Hércules lhe guiando 
para dentro da cidade e os seus sacerdotes haviam in-
terpretado o sonho da seguinte maneira: Alexandre irá 
vencer em Tiro, mas antes disso seria necessário um 
esforço hercúleo.
Depois de quase sete meses de cerco e após as pe-
dras terem sido removidas e as embarcações poderem 
atracar no litoral, Tiro cai. Alexandre foi implacável 
com essa cidade e relatos de historiadores antigos, por 
mais exagerados que pareçam, dão o tom da resistência 
imposta: segundo eles, Alexandre fez nessa cidade 30 
mil escravos. 
Após a queda de Tiro, a maioria de cidades litorâne-
as não impôs resistência ao domínio macedônico, até
porque Alexandre havia aprendido com seu pai como 
tratar os vencidos e, desde que o obedecessem, man-
tinha o sistema administrativo local, muitas vezes ca-
sando seus generais com filhas da elite local, como ele 
Eu superaria 
mais os 
outros no 
conhecimento 
do que é 
excelente 
do que no 
tamanho dos 
meus poderes 
e domínios.
46
mesmo havia feito se casando com a filha do Rei Persa. 
Apenas Gaza, confiando em suas fortificações, lhe im-
pôs resistência, mas com a experiência que ele havia 
adquirido em Tiro, em cerco, Gaza caiu após três ten-
tativas de ser tomada. Se Alexandre era clemente com 
as cidades que se rendiam, era impiedoso com as que 
lhe impunham forte resistência: em Gaza, os homens 
sentiram o peso da lâmina dos macedônios e as mu-
lheres e crianças seriam vendidas como escravas. Po-
rém, Gaza marcou definitivamente a tomada de todo 
o litoral. 
O Rei General partiria para um local fundamental 
• Alexandre, o Grande •
47
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
no Mediterrâneo, conhecido como celeiro do mundo, 
graças à sua alta produção cerealífera, em especial no 
seu delta. Era o Egito, região que não opôs resistên-
cia alguma a Alexandre, segundo Plutarco devido ao 
fato de os sacerdotes da casa de Amom o identificarem 
como filho de Zeus, o que os levavam a vê-lo como 
alguém por quem Amom tivesse uma predileção ou 
até mesmo sendo filho dele, uma criatura divina cujos 
feitos na Ásia Menor reforçam. Era assim chamado de 
Meryamun Setepenra Alexandros (Alexandre, amado 
por Amom, escolhido por Rá) e foi coroado imperador 
e ali, no delta do Nilo, fundou a mais famosa das Ale-
xandrias.
O embate final com Dario
Alexandre ficou alguns meses no Egito, região que 
exercia nele um grande fascínio, e um tempo na Fení-
cia, mas apesar de ele agora ser senhor de toda a Gré-
cia, e desde a batalha da Issos havia sido proclamado 
48
senhor de toda a Ásia, Dario ainda vivia e governava
toda a porção oriental do Império Aquemênida. Ale-
xandre mobilizou novamente seus exércitos, que agora 
contavam com cerca de 40 mil homens na infantaria, 
enquanto Dário havia se refugiado na maior cidade 
de seu império, a Babilônia, organizando lá uma for-
ça descomunal para arrebatar Alexandre, ou forçá-lo 
a aceitar um acordo de paz. Dario ofereceu todas as 
terras da Ásia Menor para Alexandre e mais o Egito 
e a Grécia, terras já conquistas por Alexandre, mas a 
resposta foi negativa, pois o Rei Macedônio ansiava
pela cabeça do Rei dos Reis e, talvez, estivesse aí sua 
desgraça.
Dario aguardou Alexandre ao norte de Babilônia. 
Contava com o deserto para deixar famélicas as tropas 
macedônicas e ainda combateria em um local que co-
nhecia bem. Mais uma vez o gênio bélico de Alexandre
se revelaria: levou suas tropas para áreas menos quen-
tes entre o Rio Tigre e Eufrates e não foi de encontro
imediato com as tropas de Dario, fazendo com que o 
Reis dos Persas deslocasse as suas para ir ao seu en-
contro.
Era a maior força que Alexandre jamais enfrentara.
Alguns falam em 200 mil homens de infantaria e mais
40 mil na cavalaria, além de Dario ter modernizado 
seu exército e trazido elefantes para o combate, ani-
mais que Alexandre nunca havia enfrentado. Alguns 
colocavam a proporção em cinco persas para cada um 
macedônio nessa batalha (claro que esse número pode 
ter sido significativamente aumentado pelos cronistas 
de Alexandre para aumentar os louros de sua vitória).
Alexandre, um dia antes, optou por deixar seu exér-
Lembre-
se que da 
conduta de 
cada um 
depende 
o destino 
de todos.
• Alexandre, o Grande •
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G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
cito dormir e comer. Bem alimentados e descansados, o 
exército de Dario III não conseguia fazer frente à infernal 
falange macedônia com suas Sarrisas e agilidade do com-
bate. Os elefantes em combate faziam enorme estrago, até 
que Alexandre mandou que seus arqueiros cegassem os 
paquidermes. Assim, Alexandre obrigou Dario a bater 
em retirada, perseguindo-o no dia desta batalha até o li-
miar de suas forças, mas ele escaparia mais uma vez. 
Apesar de Dario ter fugido, a batalha teve conse-
quências terríveis para ele. Alexandre capturou sua 
biga, suas armas e todo seu tesouro e, com o exército 
persa disperso, rapidamente se apoderou da Babilônia, 
uma cidade cujo esplendor e riqueza eram maiores do 
que qualquer Cidade-Estado grega.
Os objetivos da guerra estavam cumpridos. Alexan-
dre havia libertado as cidades gregas da Ásia Menor,
porém ele não se deu por satisfeito e marchou cidade 
após cidade atrás do Rei dos Reis, que agora contava 
com pouco apoio da própria elite persa. Enquanto Ale-
xandre permanecia em Rages, Dario III demonstrou 
disposição para enfrentar novamente o exército de 
Alexandre, porém Bessos, um dos Sátrapas mais pode-
rosos, tentou traí-lo, com esperança de que Alexandre 
o proclamasse Sátrapa das cidades persas do Império 
Persa do Oriente. Todavia, Alexandre perseguiu Bes-
sos, que se encontrando com Dario, o matou, coisa que 
levou Alexandre a lamentar profundamente o regicí-
dio, mandando o corpo do rei para ser sepultado com 
todas as honrarias que o Rei dos Reis merecia.
O legado cultural que Alexandre criou, chamado 
helenismo, perseverou ainda que seu império tenha se 
esfacelado em disputas entre os seus generais.
Que nosso 
exército 
sejam as 
árvores, as 
rochas e os 
pássaros 
do céu.
50
• Alexandre, o Grande •
51
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR RUI LEON
Júl io César
52
Poucos nomes na História não necessitam de uma
apresentação acurada como Caio Júlio César. Porém, 
como é comum a esses tipos de personagens, o mito acaba 
abafando o homem. É certo que sua importância foi tama-
nha que seu nome passou a virar o título pelo qual todos
os imperadores foram chamados, apesar de Júlio César
nunca ter sido imperador, sendo o primeiro seu sobrinho 
Octavio, que viria a ser o Augusto e que adotaria o nome 
de seu tio em homenagem. 
César nasceu no dia 10 de julho do ano 100 a.C., filho 
de patrícios, de uma espécie de segunda nobreza ou no-
breza empobrecida, razão pela qual seu pai jamais conse-
guiu alcançar grandes cargos dentro da república romana.
Seu parentesco mais significativo, que pode ser digno de 
nota, é aquele que foi proporcionado pelo casamento de 
sua tia por parte de pai com um proeminente general da
República, um homem que, segundo o historiador Pierre
Grimal, teria vindo da plebe e subido de cargo através de 
seus êxitos militares. Seu nome era Mario.
César nasceu em um tempo em que as Guerras Púnicas 
haviam chegado ao fim, trazendo àtona toda uma gama
de contradições, pois os soldados que lutaram na guerra
haviam sido deixados de lado pelos ambiciosos senadores. 
O povo se encontrava na miséria absoluta, os saques eram 
rotineiros e ex-oficiais organizavam soldados fora de ati-
vidade para realizá-los. Os homens públicos se dividiam 
entre aristocratas em geral, compostos por patrícios e o 
que poderíamos chamar de democratas, em geral tribunos 
que inflamavam a plebe famélica contra os aristocratas,
como era o caso do general Mario. Roma submergia em 
uma guerra civil.
Até que surgiu, por volta de 83 a.C., um homem cha-
Palavras, são 
só palavras. As 
atitudes, elas 
sim mostram 
quem você 
realmente 
é; seu 
caráter, sua 
personalidade, 
o que você 
sente e o 
que quer.
• Júlio César •
53
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
mado Sula, general romano famoso pelas suas vitórias
no Oriente, que esmagou nos portões de Roma o parti-
do popular, mandando executar mais de 40 senadores e
mais de 2.500 cavaleiros, base dos democratas na guerra
civil, declarando-se ditador perpétuo, perseguindo to-
dos os seus inimigos, em especial Mario e seus aliados. 
No meio deles, constava o nome de um jovem chamado 
Caio Júlio César, que nesse momento estava casado com
Cornélia, filha de outro de seus inimigos. Sula mandou 
que César se separasse da mulher. Ele se negou, optando 
pelo exílio, mesmo tendo sido perdoado por Sula, que 
profeticamente disse: “Roma encontrará neste jovem vá-
rios Marios.”
César torna-se um político
César voltou a Roma após Sula se retirar da vida pú-
blica. Fora de Roma, pôde estudar retórica, filosofia e 
se dedicar ao exército. Na volta, morreram sua esposa 
Cornélia e sua tia Júlia, fazendo ele questão de sepultá-
-la com a máscara funerária de seu esposo Mario, coisa 
que não era bem vista pelos antigos seguidores de Sula, 
e de fazer um belo discurso em sua homenagem, o que 
não era de praxe para mulheres mais jovens. Tal ato é
interpretado hoje como uma jogada política, na medida 
em que esse funeral o fez cair nas graças do povo no 
momento em que se candidatava para questor.
Em 63 a.C., César foi eleito pretor em um momen-
to em que Roma entrava novamente em Guerra Civil 
e as disputas intestinais no Senado voltavam a ocorrer, 
somadas ao fantasma da revolta escrava de Espártaco 
que ainda assombrava o povo romano. Nesse cenário 
também se projetava o nome de outros dois membros 
Nem todas as 
pessoas sabem 
demonstrar 
o amor que 
sentem, 
porém, isso 
não significa 
que as mesmas 
não amem com 
toda força 
que podem.
54
importantes de Roma: o rico Crasso e o experiente Pom-
peu. Cícero foi o responsável por impedir que uma nova 
guerra civil ocorresse.
César percebeu que o caminho para chegar ao consu-
lado, cujas eleições se avizinhavam, era usar seu prestí-
gio adquirido pela sua fantástica oratória, combinando 
a isso seu prestígio militar e uma aliança com dois no-
mes destacados dentro da república, Crasso e Pompeu, 
que formariam o primeiro Triunvirato.
Elevando Júlio César a cônsul, Pompeu buscava gol-
pear a aristocracia que sempre o deixara à margem, a 
despeito de suas enormes vitórias, exclusivamente por 
não ter origem patrícia, ignorando seus pedidos para 
que seus soldados obtivessem alguma recompensa pe-
las guerras travadas. Por sua vez, Crasso tinha uma ver-
dadeira obsessão pelo Oriente, com suas promessas de 
grandes tesouros, além de buscar a todo custo conven-
cer o Senado a fazer guerra contra o Império Arsácida, 
• Júlio César •
55
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
que sabiamente o Senado sempre negou. A tentativa de 
incursão nessas terras colocaria fim à vida de Crasso.
Com César eleito cônsul, ele governaria arbitraria-
mente contra a aristocracia, possuindo um projeto po-
lítico para si e para Roma muito mais acabado do que 
Crasso ou Pompeu, tal qual aponta Grimal: “Isso pode 
ser visto durante seu consulado. Ele quis de fato realizar 
reformas necessárias de maneira pacífica; ele quis dar 
terras aos miseráveis, limitar os excessos dos governan-
tes nas províncias; é também a ele que se deve a publi-
cação, pela primeira vez na história, de um jornal de 
Roma, que comunicava ao público notícias importantes 
e permitia à opinião pública tomar partido com conhe-
cimento de causa.” (Grimal, p. 112).
O Senado se contorcia de ódio de César e ele tinha 
clara percepção de que deveria evitar o destino dos Gra-
cos, pois o que aconteceria com ele após seu mandato 
56
como cônsul? Os senadores não iram querer lhe cobrar 
todas essas medidas com sangue? 
Desde a fundação do jornal, César percebeu que o 
poder de Roma estava em quem controlasse a opinião 
pública da plebe. Assim, aliou-se a um propagandista 
brilhante chamado Públio Clódio e seu próximo passo 
foi eliminar um antigo conhecido e homem tão capaz 
quanto Públio em conduzir a opinião pública: o ex-côn-
sul Cícero. Com o exército, Públio, e mais o enorme ape-
lo popular que possuía, conseguiu mandar Cícero para 
o exílio. Os senadores foram incapazes de perceber que
o que estava por trás dessa medida era a enorme sanha 
de poder inconteste de Júlio César, não movendo uma
palha para salvar Cícero.
Ao término do mandato como cônsul, conseguiu
para si o governo da Gália, que lhe garantia um enor-
me exército dividido em várias legiões. Ele sabia que se 
derrotasse o último foco da resistência gaulesa, voltaria 
para Roma carregado nos braços de seus soldados e ova-
cionado pela plebe.
A guerra da Gália
A Gália é um território que hoje compreende parte 
da França, Bélgica e Suíça. Ela não era um estado cen-
tralizado como Roma, era dividida em pequenas tribos 
com um líder, podendo essas tribos variar de tamanho 
significativamente. Os gauleses foram retratados de ma-
neira vívida nos célebres personagens de um quadrinho
francês chamado Obelix e Asterix.
Foi ali que Júlio César demonstrou toda sua perícia
bélica. Apesar de a Guerra da Gália ter sido batizada 
com esse nome, ela não foi propriamente uma guerra,
Às vezes nos 
esquecemos 
que somos 
humanos e 
sem perceber 
passamos 
por cima 
de nossos 
próprios 
sentimentos!
• Júlio César •
57
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
mas uma série de batalhas e incursões que César fez du-
rante seis anos até ter conquistado toda a Gália. 
O primeiro elemento que Júlio buscou antes de qual-
quer coisa foi conquistar a fidelidade de seus legioná-
rios. Vestia-se com um manto vermelho para sempre 
ser facilmente identificado na batalha e buscou dividir 
o butim com seus soldados da maneira mais igualitária. 
Os seus legionários tinham um fidelidade canina a Júlio 
César. 
Outro elemento que César explorou foi o fato de os 
gauleses serem divididos em tribos, aproveitando-se das 
rivalidades entre eles para conseguir aliados dentro do 
povo que procurava dominar. Além disso, após mostrar 
para as tribos germânicas que conseguia atravessar o 
Reno com a edificação de uma ponte espantosamente 
construída no espaço de 10 dias para atravessar mais de 
40 mil soldados, conquistou o apoio destes bárbaros, 
que preferiam não ter que enfrentar a legião de César. 
Porém, os motivos torpes que levaram César a ata-
car os gauleses levariam várias tribos a se organizarem 
sob o comando de um líder chamado Vercingetorix, que 
conseguiu infringir a primeira derrota às legiões de Ce-
sar, capturando-as e migrando com seus 80 mil soldados 
para Alésia. Ali, em 52 a.C., foi empreendida a mais fan-
tástica tática de cerco de toda Antiguidade, um exemplo
das estratégias militares e da inteligência e genialidade 
de Júlio César.
César dessa vez estava preparado para as tropas gau-
lesas. Mandou seus engenheiros cavarem fossas, prepa-
rarem armadilhas e assim cercarem Vercingetorix para 
que ele não pudesse sair de onde estava com suas tropas, 
consumindoseus recursos e o levando a um desgaste 
Por que as 
estrelas não 
brilham 
mais como 
antigamente!
Será que 
é por que 
nossos 
pensamentos 
malignos 
estão 
ofuscando-
as!
58
total. Além disso, o general colocou soldados virados 
para fora das fossas cavadas, evitando que o cerco fosse 
rompido e o líder gaulês obtivesse ajuda. Em resumo, 
ninguém entrava ou saia: os gauleses estavam ilhados 
em um mar de legionários enfurecidos.
Após dois meses de cerco, Vercingetorix se entregou. 
Uma saída digna que evitaria maiores flagelos aos guer-
reiros gauleses. Porém, César não os poupou, fez todos 
os rendidos de escravos e saqueou tudo que podia.
Após a vitória, o Senado pediu a César que depusesse 
as armas e retornasse a Roma para ocupar o lugar que 
lhe era de direito, mas o general não estava disposto a 
entregar os louros da vitória aos velhos senadores. Sua 
intenção era fazer algo ilegal e jamais visto: marchar so-
bre Roma com seus legionários exibindo o grande líder 
gaulês em uma gaiola. Assim, o povo saberia quem era 
o grande general dos romanos que pôs fim ao povo que 
mais tempo lhes havia resistido. 
“Alea jacta est” (A sorte está lançada) foi a frase dita 
por César ao atravessar o Rubicão, limite do Império 
que nenhum general podia transpor com suas legiões. 
César não o respeitou e o Senado convocou Pompeu 
para resisti-lo, mesmo sem possuir a menor condição 
para isso. Tanto foi assim que fugiu para o Oriente para 
tentar agrupar forças para combatê-lo, e Crasso há mui-
to havia sido morto em suas desventuras pelo Oriente. 
Abrir-se-ia novamente uma Guerra Civil entre Pom-
peu, que controlava a porção oriental e tinha o apoio 
do senado, e César, que controlava a península Itálica, 
a Gália, parte da Germânia e a Espanha. Na batalha de 
Farsala, ele impôs uma derrota definitiva a Pompeu e 
aos senadores.
• Júlio César •
59
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
César substituiu todos os senadores e empreendeu 
uma verdadeira reforma em Roma, tanto política como 
social e urbana, criando templos e fóruns aos moldes gre-
gos e, após conquistas no Egito e outras regiões da África, 
preparava uma incursão na Ásia, que o igualaria a outro 
grande general, Alexandre, o Grande, porém não houve 
tempo: a aristocracia amedrontada pelo seu enorme po-
der o emboscou e o matou, cabendo a seu sobrinho-neto 
Octavio transformar Roma em um império.
60
• Júlio César •
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G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR VICTOR CALLARI
Napoleão Bonaparte
62
Antes de se sagrar imperador dos franceses na Catedral de 
Notre-Dame em 1804, Napoleão foi conhecido e respeitado 
como o General Bonaparte. Seus feitos militares inspiraram 
algumas das mais importantes obras da arte neoclássica pelas 
mãos de Jacques Louis David e Antoine-Jean Gross, além de 
uma homenagem de Ludwig Van Beethoven em sua terceira 
sinfonia, homenagem essa que foi retirada exatamente após sua
coroação.
Napoleão nasceu na ilha da Córsega, oficialmente no dia 15
de agosto de 1769, apesar de seus diversos biógrafos afirmarem 
existir ainda dúvidas sobre essa data. A importância dada pelos
autores para a real data de nascimento diz respeito à possessão
da ilha da Córsega por parte dos franceses, o que teria ocorrido 
apenas em maio de 1768, fazendo com que Napoleão fosse um 
estrangeiro caso tivesse nascido no ano anterior.
Polêmicas à parte, é inquestionável sua origem caucasiana e 
relativamente nobre. Seu pai foi Carlo Bonaparte, um advogado 
e membro da pequena nobreza italiana que chegou mesmo a ser 
recebido por Luís XVI em 1778. Apesar de sua língua materna 
ser o italiano e não o francês, sua educação se deu, quase que 
por completa, na França e mais importante: diante dos valores 
iluministas em voga no século XVIII. Para ser mais preciso, é
possível ainda identificar na história de vida de Napoleão um 
dos primeiros exemplos do que os valores iluministas pregavam 
para a sociedade europeia.
Bonaparte estudou na Academia Militar de Brienne-Le-
-Château e depois na Escola Militar de Paris; formou-se em se-
tembro de 1785 com a patente de Segundo Tenente de artilha-
ria; em Brienne, Napoleão ainda estava distante de demonstrar 
o brilhantismo que o conduziria ao posto de imperador, sendo
apenas o quadragésimo segundo entre os cinquenta e oito for-
mados.
O homem 
superior é 
impassível 
por natureza: 
pouco se 
lhe dá que o 
elogiem ou 
censurem - 
ele não ouve 
senão a voz 
da própria 
consciência.
• Napoleão Bonaparte •
63
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
Em 1789, depois de um longo período de gestação, eclodiu 
a Revolução Francesa, e os conflitos que se intensificaram de-
pois da decapitação do rei Luís XVI e sua família a partir de 
1793 foram fundamentais para a carreira de Bonaparte. Na-
poleão publicou em 1792 um panfleto a favor da proclamação 
da República antes mesmo da execução do rei, o que fez com
que ele caísse nas graças de Augustin Robespierre, irmão mais 
novo do líder revolucionário jacobino Maximilien Robespierre. 
Dessa forma, foi nomeado comandante de artilharia no cerco 
de Toulon, cidade que havia questionado a recém-proclamada 
República e havia sido ocupada por tropas inglesas, espanholas 
e napolitanas.
Ao tomar a frente das tropas, Bonaparte ficou surpreso com 
o amadorismo dos soldados que compunham o exército repu-
blicano, assim como de suas principais lideranças. Tal amado-
rismo era algo muito comum, uma vez que os principais líderes 
militares franceses eram de origem nobre e, consequentemente, 
apoiavam o retorno da monarquia dos Bournon. Logo de cara 
Bonaparte percebeu que não havia o armamento necessário 
para a consecução do plano de ataque dos generais Carteaux e 
La Poype à cidade de Toulon e por esse motivo sugeriu que as 
tropas republicanas avançassem sobre a Península de Le Caire 
para a tomada dos fortes L’Eguilette e Tour de Balaguier, do-
minando toda a baia e obrigando os navios da Coligação a se
retirarem.
No dia 21 de setembro de 1793 teve início a operação, que 
não foi bem-sucedida devido à falta de apoio do general Carte-
aux, que não disponibilizou soldados suficientes para a tomada 
dos fortes. Bonaparte então escreveu para a Convenção Na-
cional em Paris e foi promovido a Major. O novo comandante 
Coquille Dugommier optou por acatar o plano do Major Bona-
parte, que consistia em uma maior preparação das tropas – 13 
A primeira 
qualidade de 
um comandante 
é cabeça fria 
para receber 
uma impressão 
correta das 
coisas. Não 
deve deixar-
se confundir 
quer por boas 
quer por más 
notícias.
64
baterias com 63 bocas de fogo – e a tomada do forte de Mul-
grave. Apesar da forte chuva que caía, Napoleão insistiu para 
que o ataque continuasse, pois a chuva serviria de cobertura 
para as tropas republicanas, e apenas um dia após o início dos 
ataques, a cidade de Toulon havia sido recuperada. O exército 
francês perdera dois mil soldados, menos da metade das perdas 
que infligiu às tropas da Coligação. Três dias depois da vitória, 
Bonaparte foi promovido a General de Brigada, deixando para 
trás outros dois importantes postos: tenente-coronel e coronel.
Em julho de 1794 o governo Jacobino foi deposto com o 
chamado Golpe do 9 Termidor, Napoleão foi preso devido à 
sua proximidade com os 
líderes jacobinos depos-
tos e executados. Apenas 
com a ameaça monar-
quista que buscava depor 
o vacilante governo do 
Diretório recém-instau-
rado é que Bonaparte 
voltou a ser protagonista 
dos eventos na França. 
Paul Barras, um dos lí-
deres do novo governo, 
convocou o general para 
liderar as tropas de defesa 
do governo em Paris, e a 
atuação de Bonaparte, re-
sultando no massacre de 
quase mil e quinhentos 
monarquistas subleva-
dos, foi o suficiente para 
demonstrar que ele esta-
• Napoleão Bonaparte •
65
G RA N D E SE S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
va acima da proximidade política jacobina que caracterizara 
seu início de carreira. Napoleão, do dia para a noite, passou de 
esquecido e traidor para o defensor do Diretório, rico e famoso, 
além de receber o comando das tropas francesas na Itália.
As campanhas seguintes lideradas pelo General Bonaparte 
foram as campanhas da Itália onde o general subjugou as tro-
pas austríacas e alcançou o domínio dos territórios pontifícios, 
tendo na Batalha da Ponte D’Arcole seu momento áureo consa-
grado no famoso retrato-matriz de Antoine-Jean Gross. As vi-
tórias na Itália e os saques realizados enriqueceram o corrupto 
governo do Diretório e fizeram apenas crescer o prestígio de 
Napoleão, fazendo com que alguns políticos passassem a temer 
sua figura e influência. A principal consequência disso foi sua 
designação para conquistar uma vitória sobre a Inglaterra. Sa-
bendo ser impossível invadir a ilha, Napoleão ajustou sua es-
tratégia para além dos planos militares e se propôs a conquis-
tar o Egito e, assim, cortar 
uma das principais rotas 
de comércio da Inglaterra, 
enfraquecendo economi-
camente seu principal ad-
versário.
Tanto na campanha 
da Itália quanto no Egito, 
as principais estratégias 
de guerra, assim como o 
novo modelo de exército 
adotado por Napoleão, fo-
ram colocados em prática. 
O exército do general não 
mais se assentava no privi-
légio como os exércitos das 
66
potências do Antigo Regime. Pelo contrário, baseado no mo-
delo inglês criado por Oliver Cromwell, a carreira agora estava 
aberta ao talento; o exército era recrutado junto ao povo e seus 
oficiais podiam aspirar por uma carreira, portanto muito mais 
democrático do que o antigo modelo, que permitia apenas aos 
nobres portar espadas e alcançar altas patentes.
Esse novo modelo de exército ganhou corpo com a promul-
gação de duas leis, a “lei do amálgama”, de 21 de fevereiro de 
1793, que unia o antigo e o novo batalhão; e a “lei Jourdan, de 5 
de setembro de 1798, que tornava o serviço militar obrigatório 
aos jovens de 18 e 24 anos.
As principais estratégias militares adotadas por Napoleão 
consistiam na utilização de uma guerra de massas, o que de-
monstra por que o General é conhecido como o percussor 
das guerras modernas, e na velocidade, para a dominação do 
campo de batalha. Mondani afirma que “Napoleão sempre teve 
como objetivo fazer com que, por meio do deslocamento rá-
pido das suas tropas para uma posição estratégica, o exército 
inimigo fosse atraído para uma guerra de grandes proporções”. 
À frente das tropas ficava organizada uma grande barreira de 
artilharia formada por canhões, utilizados de maneira exemplar
e quase sempre de forma a minar a resistência adversária; atrás 
dos canhões, a cavalaria preparada para atacar em velocidade os 
pontos mais fracos e precários após o ataque dos canhões e, por
último, uma enorme e ágil infantaria que tinha como principal
objetivo dominar o campo de batalha.
Outras duas estratégias muito bem utilizadas por Napoleão
consistiam muito mais na leitura da conjuntura para sua utili-
zação do que propriamente em sua inovação teórica. As mano-
bras de posição central e a manobra de flanco foram sempre uti-
lizadas com sabedoria e astúcia por parte do general, podendo
ser exemplificas na Segunda Campanha da Itália, quando Bona-
Em tudo quanto 
se empreende, 
há que atribuir 
dois terços 
à razão e o 
outro terço 
ao acaso. Se 
aumentardes 
a primeira 
fracção, sereis 
pusilânime. 
Aumentai a 
segunda, sereis 
temerário.
• Napoleão Bonaparte •
67
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
parte, atualizando os feitos de Aníbal, cruzou os Alpes Suíços, 
manobra considerada quase impossível, para surpreender pela 
retaguarda as tropas austríacas da coalizão. Segundo Duggan, 
“Napoleão repetiu a mesma fórmula de sucesso de sua primei-
ra campanha em 55 batalhas por toda a Europa. Suas vitórias 
o fizeram governante da França em 1799 e depois imperador 
da Europa em 1804. Seus inimigos se digladiavam para estudar
seus métodos, aprender seus segredos e desafiá-lo.” 
As estratégias de Napoleão eram sustentadas pela criação de 
escolas militares que preparavam cada vez melhor seus solda-
dos, a criação de um corpo militar de elite, por um conheci-
mento geográfico capaz de aperfeiçoar a utilização da cavalaria 
e por uma rede de espionagem espalhada pelos países europeus 
que permitia ao general tomar conhecimento de tudo o que se
passava nos domínios de seus rivais. O apoio de tamanho exér-
cito foi fundamental na sagração do general em imperador.
Entre 1805 e 1815, Napoleão empreendeu diversas campa-
nhas para conquistar a Europa, entre as mais destacadas estão a 
Batalha Naval contra a Inglaterra, o Bloqueio Continental e as 
batalhas na Rússia. A estratégia adotada pelo imperador para a
conquista da Inglaterra residia em movimentar uma frota fran-
cesa e espanhola em direção ao Caribe para ser seguida pelas
tropas inglesas, deixando, assim, desguarnecido o Canal da 
Mancha, por onde Napoleão esperava invadir a ilha. Os planos 
do imperador caíram por terra quando o principal líder da ma-
rinha inglesa, almirante Nelson, não mordeu a isca, retornando 
ao Canal da Mancha para protegê-lo. A consequência para os 
franceses foi desastrosa, resultando na derrota da batalha de 
Trafalgar, ainda que os franceses superassem os ingleses em 
uma proporção de 33 a 27 navios.
A estratégia adotada por Napoleão passaria a ser o famo-
so Bloqueio Continental que, em tese, deveria fechar todos os 
Existem 
apenas duas 
espécies de 
planos de 
batalha, os 
bons e os 
maus. Os 
bons, falham 
quase sempre, 
devido a 
circunstâncias 
imprevistas 
que fazem, 
muitas vezes, 
que os maus 
sejam bem 
sucedidos.
68
portos da Europa à Inglaterra, impedindo os outros países de 
realizarem comércio com toda a Grã-Bretanha, resultando em 
um sufocamento da economia inglesa. 
Em 1805, Napoleão derrotou as duas mais importantes alia-
das inglesas, a Áustria na batalha de Ulm, e a Rússia na batalha 
de Austerlitz, a maior vitória do imperador até então. As suces-
sivas tentativas de romper o embargo imposto pela França aos 
ingleses por parte de Portugal culminou com a fuga da família 
real para o Brasil em 1808 e a partir dessa data tinha início o 
declínio do império francês, que terminaria apenas em 1815.
Movimentos internos passaram a minar as bases do Impé-
rio Continental construído por Napoleão. Na Espanha, mais 
de 40 mil espanhóis lutaram contra os 10 mil soldados france-
ses presentes e os derrotaram ainda em 1808. Os russos, que 
haviam sido subjugados em 1805, romperam com o Bloqueio 
Continental e entraram em rota de colisão com os exércitos 
• Napoleão Bonaparte •
69
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
napoleônicos a partir de 1811. A invasão da Rússia teve início 
em 1812, com o maior efetivo já reunido por Napoleão, mais 
de 500 mil soldados, com o intuito de uma vitória rápida e 
esmagadora, marchando diretamente de Varsóvia a Moscou.
Napoleão esperava encontrar resistência logo na fronteira 
com a Rússia, mas não foi o que aconteceu. Os russos recua-
ram território adentro, obrigando os exércitos napoleônicos 
a marcharem mais de 800 quilômetros até Moscou e, ainda 
lá, não imprimiram resistência; deixaram a cidade, mas não
sem antes incendiá-la, destruindo todos os suprimentos. A 
dificuldade de abastecimento e as baixas temperaturas resul-
taram na morte de mais da metade dos soldados franceses,
que, ao combater na batalha de Borodino, tinham um efetivo 
de pouco mais de 150 mil soldados. As batalhas para deixar
o território russo foram mais violentas do que aquelas para 
avançar e ao término da retirada, dos quase 600 mil soldados 
que haviam entrado no território russo, apenas 20 mil regres-
saram. A maior das derrotas de Napoleão.
Tendoque conviver com as tentativas internas de golpe
para tirá-lo do poder, Napoleão foi derrotado mais uma vez 
na Batalha das Nações, em Leipzig, culminando com sua abdi-
cação. Napoleão foi exilado na ilha de Elba, retornando para o 
Governo dos Cem Dias até ser novamente derrotado e exilado 
na ilha de Santa Helena, onde permaneceria até sua morte. 
As estratégias militares de Napoleão não estavam restri-
tas apenas ao campo de Batalha. O general e depois impera-
dor foi capaz de perceber a importância da economia como 
estratégia para derrotar seus inimigos, assim como fez uso 
da arte e da arquitetura como estratégia para consolidação 
de seu poder e sua imagem. Sendo assim, Napoleão travou
não apenas a última das guerras antigas, mas também a pri-
meira das guerras modernas.
Alexandre, 
César, Carlos 
Magno e 
eu mesmo 
fundamos 
impérios, mas 
à base de que 
firmamos as 
criações do 
nosso gênio? À 
base da força. 
Só Jesus Cristo 
fundou seu 
reino à base 
do amor, e até 
hoje milhões 
de homens 
morreriam 
por ele.
70
• Napoleão Bonaparte •
71
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR VICTOR CALLARI
Bismarck
72
Otto Eduard Von Bismarck Schönhausen foi um dos 
mais importantes líderes e estrategistas militares do sé-
culo XIX. Muitas vezes reconhecido como o Napoleão da 
Alemanha, o Chanceler foi o principal responsável pelo 
processo de unificação dos reinos germânicos em torno
da desenvolvida Prússia. Bismarck foi o braço direito do
Imperador Guilherme II e articulador do Segundo Reich 
Alemão. Bismarck nasceu no dia 1 de abril de 1815, no 
reino da Prússia, um dos mais desenvolvidos reinos ger-
mânicos, estudou direito nas universidades de Göttingen 
e Berlim e trabalhou como advogado e administrador até
se tornar embaixador nas cidades de São Petersburgo e 
Paris. Em 1862 foi escolhido pelo recém-coroado rei da
Prússia, Guilherme I, primeiro-ministro, com a missão 
de articular o fortalecimento militar do reino apesar de
toda a oposição do Parlamento, constituído por ricos pro-
prietários de terras que acreditavam que a formação de 
um forte exército centralizado daria poderes absolutos ao 
monarca prussiano.
Um dos mais importantes historiadores do século XX,
Eric Hobsbawm atribuiu à atuação de Bismarck o período 
de relativa paz interna que a Europa foi capaz de desfrutar
após as guerras napoleônicas, ainda que pequenos confli-
tos tenham sido as armas fundamentais na estratégia de 
unificação elaborada pelo Chanceler. O historiador Ar-
mando Vidigal afirmou “Com relação a Bismarck, pou-
cos estadistas contribuíram como ele para mudar o curso 
da história”, enquanto que Henry Kissinger disse “A nova 
Alemanha foi desenhada por um gênio que se propôs a
comandar as forças que ele havia liberado, tanto estran-
geiras como domésticas, pela manipulação de seus anta-
gonismos. Uma tarefa na qual ele era mestre, mas que pro-
Com leis 
ruins e 
funcionários 
bons ainda 
é possível 
governar. 
Mas com 
funcionários 
ruins as 
melhores leis 
não servem 
para nada.
• Bismack •
73
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
vou estar acima da capacidade de seus sucessores.”
Depois de 1862 tiveram início as estratégias e articu-
lações que levariam à unificação dos reinos alemães e ao 
fortalecimento da Prússia. As guerras de unificação co-
meçaram em 1864 em um conflito com o reino da Dina-
marca pelo controle dos ducados de Schleswig-Holstein 
que se encontravam sob administração dinamarquesa, 
fosse por antigos laços de feudalidade, fosse por tratados
de união pessoal.
A constituição assinada pelo rei Cristiano IX foi o esto-
pim do conflito, uma vez que contrariava antigos acordos 
firmados. Essa constituição conduziu a uma aliança entre 
Áustria e Prússia, costurada por Bismarck, para a tomada
dos territórios citados. Após a batalha de Dybbol, os dina-
marqueses foram obrigados a reconhecer a superioridade 
econômica e militar de seus adversários, e os ducados fo-
ram divididos entre os dois reinos vencedores. 
Foram necessários apenas dois anos para que Bismarck 
desse continuidade ao seu plano de unificação. O primei-
ro-ministro prussiano provocou conflitos em relação à ad-
ministração dos ducados que haviam sido conquistados e 
divididos com a Áustria, fazendo com que esses pequenos 
conflitos levassem o Império Austríaco a declarar guerra 
contra a Prússia, contando ainda com o apoio de diversos 
outros reinos germânicos, enquanto que Bismarck pas-
sou a contar com a recém-unificada Itália para apoiá-lo,
uma vez que os italianos desejavam territórios até então 
dominados pelos austríacos. O ponto fundamental dessa 
segunda etapa do processo era disseminar um antagonis-
mo ao império austríaco, fazendo com que ele parecesse 
o agressor.
O conflito se estendeu durante o ano de 1866 e teve na 
Os tolos 
dizem que 
aprendem 
com os seus 
próprios 
erros; eu 
prefiro 
aprender 
com os 
erros dos 
outros.
74
batalha de Königgrätz o momento de vitória dos prussianos, 
obrigando Viena à rendição e consolidando a supremacia 
prussiana nas questões germânicas, culminando na anexação 
de diversos territórios como Schleswig-Holstein, Hanover, 
Frankfurt, entre outros. A Prússia de Bismarck consolidava-se 
cada vez mais não apenas como uma potência econômica a ser 
considerada, mas uma potência militar.
Junto com o general Von Moltke, Bismarck realizou uma 
reforma nas fileiras do exército prussiano que permitiu sua 
modernização e tamanha superioridade diante de seus adver-
sários. Diversas dessas reformas foram levadas a cabo acom-
panhando o rápido desenvolvimento proporcionado pela Re-
volução Industrial. Segundo Vidigal, “O exército prussiano 
adotou o fuzil de carregamento pela culatra a partir de 1843, 
usando-o com êxito nas 
campanhas de 1848 e de 
1864, esta última contra 
a Dinamarca. Todavia, foi 
somente em 1866, diante 
de um exército de primei-
ra classe como o austrí-
aco, mas equipado ainda 
com fuzis de carregamen-
to pela boca, que o novo 
fuzil mostrou toda a sua 
superioridade: para cada 
seis tiros prussianos, ape-
nas um tiro austríaco foi 
dado.”
 A última etapa que 
antecedeu o processo de 
unificação foi a Guerra 
• Bismack •
75
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
Franco-Prussiana. O clima de rivalidade e hostilidade entre 
França e Prússia vinha crescendo desde as guerras napoleô-
nicas e foi habilmente utilizado por Bismarck para consolidar 
a unificação alemã. A situação se agravou graças ao problema 
da sucessão do trono espanhol desde a abdicação da rainha 
Isabel II em 1868, fazendo com que a coroa fosse oferecida ao 
príncipe Leopoldo de Hohenzollern, da Prússia, primo do rei 
Guilherme I, o que causou imenso desconforto aos franceses, 
que poderiam se ver entre dois reinos adversários. Napoleão 
III enviou seu primeiro ministro para um discurso ameaçador 
e contrário às intenções prussianas, resultando em um forte 
sentimento contrário aos franceses nos reinos germânicos do 
sul. A exigência de uma garantia de que nenhum membro da 
família jamais voltasse a pleitear a coroa espanhola foi o esto-
pim para o conflito.
Em 1870 teve início a guerra após Bismarck insultar direta-
mente o imperador Napoleão III. Ambos os lados acreditavam 
76
possuir uma força militar capaz de alcançar a vitória, porém 
o poder bélico e econômico maior estava do lado prussiano, 
que, sob o comando do general Von Moltke, conquistou uma 
importante vitória na batalha de Sedan. Poucos dias depois 
Napoleão III foi derrotado e capturado, abdicando ao trono 
de imperador dos franceses. Um dos elementos de desequilí-
brio do conflito foi a força da artilharia prussiana. A artilharia 
francesa era tida como a melhor entre todas as artilharias da
Europa, equipada com canhões de carregamento pela boca,
mas com alma raiada, o que proporcionavamaior precisão de 
tiro, enquanto que a artilharia prussiana precisou ser inteira-
mente renovada após o conflito com a Áustria para poder fa-
zer frente aos franceses e todos os canhões passaram a ser de 
aço, permitindo maiores cargas e alcance, com alma raiada e 
carregamento pela culatra.
A resistência francesa prosseguiu ainda em outras frentes, 
sendo a mais destacada a Comuna de Paris. Ao término do 
conflito, com o Tratado de Frankfurt, a Alemanha completou
sua unificação, o rei Guilherme I foi aclamado imperador no 
Palácio de Versalhes, além de tomar os territórios da Alsácia e 
parte da Lorena para si. Esses territórios seriam recuperados 
pela França após a Primeira Guerra Mundial. 
Dois meses após a coroação do imperador e da unificação 
da Alemanha, Bismarck foi nomeado Chanceler Imperial do 
Reich e, como Chanceler, cumpriu papel fundamental para 
manter a paz em toda a Europa, uma paz que continuaria até
1914 com a eclosão da Primeira Grande Guerra. Bismarck re-
alizou reformas internas como parte de sua política antisso-
cialista, como a criação de avançadas leis trabalhistas, previ-
dência social, entre outras como parte de sua estratégia de ges-
tão e administração política. Nenhum outro nome fez jus ao
título de estrategista político como Bismarck no século XIX.
Aquilo que é 
estrangeiro 
tem sempre 
uma aparência 
aristocrática 
para nós.
• Bismack •
77
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR FABIANA MONTEIRO
Eisenhower
78
Dwight David Eisenhower nasceu em 14 de outubro de
1890 em Denison, Texas, e desde muito cedo nutriu um ins-
tigante interesse por história militar. Foi um dos maiores 
estrategistas militares da história devido à sua importante 
atuação nas batalhas e campanhas durante a Segunda Guer-
ra Mundial que culminaram na vitória dos Aliados e expur-
garam do Ocidente a ameaça nazista.
Sua história no exército americano começou em 1911 
quando entrou para a Academia Militar de West Point, sain-
do de lá em 1915 com a patente de 2º Tenente de Infanta-
ria. Alguns anos ainda seriam necessários para mostrar ao 
mundo sua capacidade de lidar com as situações extremas
às quais se submetem militares em períodos de guerra, uma 
vez que não foi convocado para atuar na Primeira Guerra 
Mundial.
Mesmo não tendo participado do primeiro grande con-
flito do século XX, seguiu carreira como militar ainda que 
suas promoções para as mais altas patentes ocorressem de
forma lenta e gradual. Em 1917 foi designado Comandante
do Corpo de Tanques, grupo recentemente formado e que
lhe incorporaria à experiência necessária para o novo tipo 
de guerra que seria usado a partir de 1939, a “Guerra de Mo-
vimento”.
Eisenhower foi sempre respeitado e querido pelos solda-
dos que o rodeavam em virtude de sua liderança incisiva, 
seu carisma e simplicidade, características que continuariam 
predominantes mesmo quando chegasse ao comando das 
ações na Europa, lidando com centenas ou milhares de sol-
dados.
Em 1941 os Estados Unidos entraram em guerra contra
o Japão após o ataque à base americana em Pearl Harbor, e 
Eisenhower foi designado como General de Brigadas para 
Por várias 
razões, Brasília 
exerce um 
fascínio sobre 
os cidadãos 
dos Estados 
Unidos. 
Brasília é uma 
epopeia digna 
das vastas 
possibilidades 
e aspirações 
desta nação.
• Eisenhower •
79
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
atuar em Manilla, nas Filipinas, pois a base de Clark também 
sofrera com o ataque japonês. Ali não obteve muito sucesso 
e reconhecimento devido, entre outros fatores, à superiori-
dade no número de soldados japoneses e a necessidade da 
abertura de uma frente na Europa para a derrota do exército
alemão.
Dentre as tantas operações das quais Eisenhower partici-
pou desde o início de sua carreira, três se mostraram as mais
importantes por possuírem estratégias inovadoras e com-
plexas: Operação Tocha, Operação Fortaleza ou Fortitude e
Operação Overlord.
Operação Tocha
A Operação Tocha tinha como objetivo libertar a África 
do Norte – território francês – do poder das forças italianas 
e alemãs que ali haviam se estabelecido após a invasão da 
França pelo exército de Hitler. A operação era complexa por 
si só e ainda contava com um agravante: ser mista, ou seja,
composta por soldados ingleses e americanos, o que exigiu 
de Eisenhower um cuidado especial para não desmerecer os 
ingleses a favor dos americanos ou vice-versa. Para isso, Ei-
senhower fez uso de uma estratégia de equilíbrio para que
os oficiais americanos e ingleses tivessem postos divididos 
igualmente entre si, evitando desavenças e conflitos internos 
que pudessem comprometer os objetivos traçados.
Além disso, a Operação Tocha cumpriria um papel fun-
damental, pois adiaria a possibilidade de abertura de uma 
frente de batalha na Europa Ocidental para a retomada da 
França, expulsando os alemães do território ocupado e obri-
gando-os à sua rendição incondicional. A ideia de adiar a 
retomada da Europa pelos Aliados não agradava a opinião 
O que conta não é 
necessariamente 
o tamanho do 
cão na briga - é 
o tamanho da 
luta no cão.
80
pública e muito menos a alguns governos, principalmente a 
União Soviética Stalinista, que ansiava pela abertura de uma 
segunda frente de luta contra os alemães com o objetivo de 
enfraquecê-los e dar aos soviéticos melhores condições de 
suprir suas tropas, além da segurança de que os Aliados re-
almente estavam dispostos a cumprir o acordo de lutarem 
juntamente com os soviéticos contra a Alemanha.
A operação Tocha começou em 1942 com um ataque 
anfíbio, desembarque através de navios nas costas da Áfri-
ca do Norte. Os desembarques foram feitos em três pontos: 
Casablanca, no Marrocos e Argel e Oran na Argélia, locais 
geograficamente importantes para a enviada de suprimentos 
via mar para frente de batalha e para combater os alemães de 
Rommel localizados na Líbia. 
Para obtenção do sucesso 
da operação, era necessário 
que as tropas francesas do go-
verno de Vichy, posicionadas 
na região, não atacassem os 
soldados aliados e, se possí-
vel, ainda ajudassem lutando 
ao lado dos Aliados contra os 
alemães e italianos.
Eisenhower se dispôs a fa-
zer acordos com os militares 
franceses na África. A primei-
ra tentativa de acordo foi com 
o General Henri Giraud, mas 
não deu certo devido a am-
bições incompatíveis com as 
possibilidades do momento. 
Giraud, entre outras exigên-
• Eisenhower •
81
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
cias, queria que as tropas fossem posicionadas para a liberta-
ção da França, o que já fora discutido e concluído ser impos-
sível nas condições presentes à época. 
O segundo acordo foi o mais polêmico e foi também o 
que deu as condições de continuidade aos ataques sem que 
se tivesse que travar guerra contra os franceses. O acordo 
foi firmado com o Almirante Jean Darlan, comandante das 
Forças Armadas do governo de Vichy. Ele propôs o apoio das 
Forças Armadas, a não entrega da frota francesa aos alemães 
e o apaziguamento dos árabes para que não entrassem no 
conflito. Em troca, Eisenhower ofereceu ajuda para rearmar 
os exércitos franceses na África e alimentos para a população 
de suas colônias francesas. A polêmica se deu devido ao fato 
de Darlan ter fama de antissemita e fascista, mas o acordo 
era mais importante por seu papel estratégico do que a opi-
nião pública podia compreender no momento.
No decorrer da guerra, os Aliados conseguiram expulsar 
os alemães da África do Norte. Da Líbia, os alemães e italia-
nos voltaram para a Itália, mas antes tentaram tomar a frota 
francesa que foi afundada pelos seus tripulantes para não 
passar para as mãos do Eixo. A guerra no deserto foi violenta 
devido à falta de experiência no combate em terrenos como 
o da África e foi desafiadora devido à enorme operação an-
fíbia necessária paradeslocar todas as tropas, armamentos e 
suprimentos necessários para a operação. Da África, os Alia-
dos seguiriam para a libertação da Itália do comando fascista 
de Mussolini.
Operação Fortaleza
A Operação Fortaleza foi uma grande cortina de fumaça 
para os reais objetivos estratégicos dos Aliados. Tinha como 
objetivo fazer com que o exército alemão acreditasse que 
82
os Aliados estavam organizando um ataque para libertar a 
França a partir da Inglaterra com o objetivo de desembarcar 
em Calais, na França, quando na verdade o ataque se daria 
em praias da Normandia.
Foi criado todo um aparato para dar veracidade ao blefe
de Eisenhower. Mensagens e códigos eram transmitidos pe-
los rádios a fim de dar aos alemães a impressão de estarem 
interceptando informações sobre o ataque. Houve a implan-
tação de agentes secretos no serviço de informação alemão 
e um acampamento falso foi montado com tanques infláveis 
que estariam sob o comando do renomado General Patton.
Por ser a região mais provável para o desembarque, devi-
do ao seu posicionamento geográfico e ao blefe de Eisenho-
wer, os alemães acabaram por fortalecer significantemente 
a região de Calais, deslocando para lá boa parte das forças 
alemãs que poderiam atrapalhar o real desembarque na Nor-
mandia.
Operação Overlord (Dia D)
A Operação Overlord é uma das mais famosas e destaca-
das batalhas da Segunda Guerra Mundial, reproduzida di-
versas vezes pelo cinema nos Estados Unidos e cenário ins-
pirador dos primeiros minutos do famoso filme “O Resgate 
do Soldado Ryan”, dirigido por Steven Spielberg em 1998. A 
operação era a porta de entrada dos Aliados à Europa Con-
tinental e ficou conhecida como a maior operação unificada 
da Segunda Guerra, atacando por mar, ar e terra.
Os desembarques de soldados foram feitos em cinco 
praias: Utah, Omaha, Juno, Sword e Gold, contando com 
apoio aéreo, bombardeios para destruir pontos de defesa 
alemães na região das praias, além de lançarem paraquedis-
 
A liderança 
é a arte de 
conseguir que 
um outro faça 
alguma coisa 
que você quer 
feita porque ele 
quer fazê-la.
• Eisenhower •
83
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
tas horas antes do ataque para que estes dessem apoio aos 
soldados que desembarcariam nas praias, tomando pontes, 
vilas e localizações importantes. Estima-se que o ataque ini-
cial Aliado contou com 156 mil homens, cinco mil navios e 
10 mil aviões.
Para ocorrer como o planejado, as condições meteoroló-
gicas deveriam estar a favor, sem tempestades que agitassem 
demais o mar, o que dificultaria o desembarque dos soldados 
e impossibilitaria a visibilidade dos aviões. 
No dia 4 de junho de 1944 se iniciaram os preparativos 
para o ataque, que saiu da Inglaterra no dia seguinte, che-
gando à Normandia no inicio do dia 6 e pegando os alemães 
completamente desavisados, em parte devido à certeza que 
tinham do ataque a partir de Calais e também devido às más 
condições meteorológicas dos dias anteriores, o que sugeria 
84
que tão cedo não haveria nenhum tipo de ataque.
Apesar do elemento-surpresa a favor de Eisenhower e
dos Aliados, ainda havia a Muralha do Atlântico – como era 
conhecido o complexo de armamentos instalados nas praias 
para dificultar o desembarque e a invasão inimiga – para
transpor. Esse complexo era composto por minas terrestres, 
baterias antiaéreas e casamatas, de onde os alemães tinham 
visão privilegiada de ataque nas praias, além de obstáculos
colocados na beira a fim de dificultar o desembarque de tan-
ques e caminhões e atrasar o deslocamento de tropas inva-
soras.
Em 12 de junho, dias depois do ataque inicial, Eisenho-
wer já estava em solo francês para comandar os próximos 
passos da operação que expulsaria os alemães do território 
francês e em seguida forçaria a rendição alemã.
Eisenhower na presidência dos Estados Unidos
Eisenhower foi presidente dos Estados Unidos durante 
dois mandatos, de 1953 a 1961, e enfrentou questões mili-
tares importantes durante o seu governo, nas quais utilizou 
muito do que aprendeu no período de guerra, usando seu 
carisma para tentar contornar a situação. Entre alguns mo-
mentos importantes, podemos citar o episódio da Guerra 
das Coreias, a Crise do Canal de Suez, o lançamento do fo-
guete soviético Sputnik e a Crise de Berlim.
Eisenhower morreu em 28 de março de 1969 em um 
quarto de hospital onde ficou internado após um ataque car-
díaco. Seus feitos à frente dos exércitos aliados são reconhe-
cidos até hoje.
A melhor 
moral existe 
quando 
você nunca 
ouve falar 
na palavra. 
Quando a 
moral é muito 
mencionada, 
anda péssima.
• Eisenhower •
85
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
POR FABIANA MONTEIRO
Patton
86
Em 11 de novembro de 1885, em San Gabriel, Califór-
nia, nascia George Smith Patton Jr., proveniente de uma 
família de grandes contatos e influências políticas devido 
à sua longa linhagem de militares. Aos cinco anos ganhou 
seu primeiro revólver e desde cedo aprendeu a nadar, ca-
çar e montar a cavalo. Só não aprendeu a escrever ou ler
porque o pai dava prioridade para ler, ele próprio, histó-
rias clássicas, como Ilíada, aos seus filhos. Essas histórias 
sobre bravura e determinação moldaram de certa forma a 
personalidade de Patton, que dali por diante estava sempre 
em busca da glória e do momento em que, à frente de um
exército, ele lutaria para alcançá-la. Era conservador, polê-
mico, com tendências antissemitas, elitista e acreditava na 
superioridade da raça branca.
Patton sonhava em entrar para a Academia Militar de 
West Point, objetivo que não alcançou em um primeiro 
momento por falta de alguém influente que politicamen-
te pudesse indicá-lo. Dessa forma, seguiu para o Virginia
Military Institute, onde ficou até 1904, quando conseguiu
indicação para entrar para West Point, onde formou-se em
1909 como segundo-tenente e se estabeleceu em Fort She-
ridan, Illinois. 
Durante os tempos de paz, se dedicou a estudos mili-
tares, se aperfeiçoou em esportes e sempre que possível 
tentava obter destaque político ou militar. Esteve assentado
na Virgínia, no Kansas, participou dos Jogos Olímpicos de 
1912, mas o lugar que lhe deu mais chances de alavancar a
carreira foi em Fort Bliss, Texas, em 1915.
Fort Bliss ficava numa região fronteiriça com o México,
país que desde a revolução vivia em constante desequilí-
brio. Rebeldes mexicanos invadiam cidades americanas, 
sendo um desses grupos liderado por Pancho Villa, o qual 
Eu não meço 
o sucesso de 
um homem 
pelo quão 
alto ele sobe, 
mas o quão 
alto ele salta 
quando 
atinge o 
fundo.
• Patton •
87
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
Patton enfrentaria em 1916 após um ataque que resultara 
na morte de 17 pessoas em Columbus. Nessa empreitada, 
Patton demonstraria como era sua forma de lutar, sem es-
crúpulos e com velocidade para atingir seu objetivo, a vitó-
ria. Avançou México adentro no encalço de Pancho Villa. 
Sem sucesso, não conseguiu prendê-lo, porém conseguiu 
matar seu braço-direito e demonstrar a seus superiores 
seu potencial e sua capacidade. Após o combate, recebeu 
a patente de primeiro-tenente e a partir da experiência ad-
quirida se pôs a escrever sobre a importância da cavalaria 
moderna e sua rápida movimentação.
Em 2 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam 
guerra, ao lado da França, Itália, Rússia e Inglaterra, contra 
as Potências Centrais (Áustria-Hungria, Alemanha, Bulgá-
ria e Império Turco-Otomano), mas o exército americano 
precisava melhorar suas condições de treinamento, aumen-
tar o número de soldados e alavancar sua indústria bélica.
 Patton faria parte desse esforço de guerra já em 1917, 
suas armas agora seriam os blindados. Sua função seria 
treinar, na Europa, os soldados a manusearem os blindados 
e entenderem as estratégias de ataques rápidos possíveis 
com essa armaainda pouco utilizada pelos militares, que 
em geral defendiam o uso de tanques apenas como apoio à 
infantaria, limitando, assim, a velocidade e a profundidade 
do ataque. 
Patton seguiu fazendo cursos de especialização e su-
gestão de mudanças nos tanques franceses da Renault. Ele 
queria mudar a estratégia de uso das unidades blindadas, 
pois pensava que quanto mais rápido e mais profundo fosse 
o avanço, maiores seriam os estragos causados nas linhas 
inimigas. Ele defendia o uso de combustível extra e mecâ-
nicos para pequenos danos, diminuindo, assim, a perda de 
88
tanques. Durante a Primeira Guerra, participou de ataques 
a Saint-Mihiel e à Linha Hidenburg com sucesso. Com a 
experiência após as operações, pôde perceber quais eram as 
mudanças necessárias para um melhor emprego das forças 
blindadas.
Em 11 de novembro de 1918 foi assinado o armistício
acabando com a guerra, tendo o lado alemão como perde-
dor. Em março de 1919, Patton retornava aos EUA. 
Passada a Primeira Guerra Mundial, muito se discutiu 
sobre a modernização dos exércitos. Patton era metade 
conservador, metade moderno, no sentido de que have-
ria espaço para a cavalaria e os tanques serem utilizados 
juntos. Outros militares achavam que a tendência seria a 
de forças armadas cada vez mais ágeis e modernas, com a 
utilização de tanques e aviões, mas a ideia de modificar o 
exército e sua forma de combater, tornando-a motorizada, 
era um pouco assustadora e cara para os ingleses, franceses 
e americanos.
Enquanto isso, a União Soviética investia nessa nova
maneira de combater, mas carecia de oficiais experientes 
e competentes devido aos expurgos de Stalin. Quem mais
investiu na guerra de movimento e profundidade foram os
alemães, como ficou claro na invasão da Polônia, logo no
início da Segunda Guerra Mundial. Os alemães atacavam
por ar, mar e terra, contando com o elemento-surpresa
para seguir atacando sem dar tempo para o inimigo se re-
organizar.
Durante a Segunda Guerra, Hitler utilizou a Blitzkrieg
para contrapor sua escassez de reservas disponíveis, como 
aviões, carros e soldados contra a ampla frente dos Aliados.
O diferencial era a forma empregada, ataques rápidos e de 
profundidade, demonstrando que os exércitos aliados de-
A batalha é a 
competição 
mais magnífica 
em que um 
ser humano 
pode entrar. 
Ela traz à tona 
tudo o que há 
de melhor; ele 
remove tudo 
o que há de 
base. Todos 
os homens 
têm medo 
na batalha. 
O covarde é 
aquele que 
permite que seu 
medo supere 
seu senso de 
dever, e o dever 
é a essência da 
masculinidade.
• Patton •
89
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
veriam se modernizar para enfrentarem o exército alemão.
Patton passou a comandar e treinar a 2ª Divisão Blinda-
da na Geórgia e seguiu para lutar na Operação Tocha, em 
1942, na qual foi incumbido de desembarcar no Marrocos, 
tomar a região e estabelecer-se em Casablanca, operação na 
qual obteve sucesso.
Foi transferido para o comando do 2º Corpo Americano 
em março de 1943 depois de este sofrer um derrota impos-
ta pelo general Rommel da Alemanha. Com o 2º Corpo, 
sua função era reorganizar a tropa, aumentar sua moral, 
arrumar as brechas e falhas ocorridas na derrota a Rommel,
tudo isso com uma boa dose de disciplina a ser imposta. 
Para Patton, um soldado tinha que estar sempre vigilante e 
pronto para o combate a qualquer hora do dia. Isso incluía
vestir o uniforme completo, independentemente de estar 
ou não na frente de batalha.
O motivo principal pelo qual Patton havia se tornado a 
segunda opção nos ataques era seu comportamento impul-
sivo, explosivo e espalhafatoso, que às vezes resultava em 
decisões que não calculavam muito os riscos e as mortes
que poderiam ser causadas a seus homens, pois colocava
seus interesses pessoais à frente da vida de seus homens; 
enquanto Montgomery, que sempre detinha a prioridade 
no abastecimento, era bem mais racional, optando pelo 
avanço lento e gradual, sendo visto às vezes como quem
atrasava as ofensivas por querer sempre que as condições 
fossem perfeitas e que nada fosse atrapalhar seus avanços. 
Patton contava com o apoio de Eisenhower que sempre que 
possível o defendia e encobria suas ações polêmicas da op-
nião pública americana, devido à importância que ele dava 
ao general dentro do exército aliado.
 Durante a tomada da Sicília, Patton comandava o 7º 
É insensato e 
errado chorar 
os homens que 
morreram. 
Pelo contrário, 
devemos 
agradecer a 
Deus porque 
esses homens 
viveram.
90
Exército e continuava dando apoio nos flancos do 8º Exér-
cito inglês de Montgomery. Nesse momento, as forças do 
Eixo se encontravam desabastecidas após a fuga da Tunísia 
imposta pelos Aliados. Patton conseguiu certa autonomia 
para atacar Palermo, onde demonstrou mais uma vez que 
sua agressiva forma de combater podia render sempre gran-
des avanços territoriais, esmagando os inimigos. De Paler-
mo, Patton chegou em Messina antes de Montgomery, um 
feito memorável, uma vez que Montgomery contava com 
uma retaguarda de abastecimento bem mais vasta e organi-
zada. As batalhas na Itália renderam aos americanos uma 
experiência em combate importantíssima, além de forçar a 
derrubada de Mussolini. Porém, contra os alemães a vitória 
foi meramente simbólica, tendo em vista que eles já esta-
vam em retirada por falta de condições de reabastecimento. 
Devido ao seu comportamento polêmico, Patton sempre 
• Patton •
91
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
ganhou visibilidade nos meios de comunicação, tornando-
-se famoso mundo afora. Essa fama lhe rendeu papel numa 
operação que tinha como objetivo iludir os alemães no que 
dizia respeito ao local do desembarque para a invasão e re-
tomada da França, a Operação Fortaleza. Nela, Patton ia 
comandar cerca de um milhão de homens na região de Do-
ver para induzir os alemães a acreditarem que o desembar-
que aliado seria na parte mais estreita do Canal da Mancha. 
Chegando a Pas-de-Calais, na França, Patton organizou a 
operação com vários detalhes a fim de dar credibilidade à 
farsa. As evidências obtidas pelos alemães, juntamente com 
o fato de Patton estar no comando do desembarque, fize-
ram com que várias tropas alemãs fossem desviadas para 
a região de Pas-de-Calais, enfraquecendo, assim, a defesa 
de onde realmente aconteceria o desembarque, as praias da 
Normandia.
Enquanto os alemães acreditavam que Patton lidera-
ria o desembarque na França, ele estava no comando do 
92
3º Exército, o qual conseguiu treinar de acordo com suas 
convicções, com muita disciplina e até a exaustão, para que 
não houvesse tantas diferenças entre o treinamento e a hora 
da batalha. Mas seu 3º Exército só entraria em combate na 
França um mês após a invasão pela Normandia. A intenção 
era dar ainda mais credibilidade de que o desembarque ma-
ciço seria feito em Pas-de-Calais e confundir os alemães.
Em julho, Patton e seu 3º Exército desembarcam na 
França, quando a tomada das praias já havia sido consoli-
dada e o momento agora era de ganhar territórios França
adentro. Patton seguiu isso firmemente, avançando distân-
cias consideráveis, mas também se afastando das bases de 
abastecimentos. 
Ao perceber essa lacuna entre Patton e a retaguarda, 
Hitler decidiu atacar o general americano. Esse, por sua 
vez, tomou conhecimento da ofensiva e teve tempo para 
articular um contra-ataque. O plano de Patton era fazer
um bolsão em torno dos alemães a fim de fechar o cerco
e liquidá-los. Para isso, contou com a ajuda do 1º Exérci-
to Canadense e do 2º Exército Britânico. A operação era 
complexa, pois deixava grandes lacunas entre os exércitos 
aliados que atacariam os alemães, porém o forte apoio aé-
reo e a surpresa do contra-ataque acabaram com a frágil e 
limitada ofensiva alemã.
 Após a emboscada, o certo a se fazer seria fechar o cer-
co, mas os superioresde Patton não o autorizaram a fazê-lo
devido à grande faixa de ação necessária para a manobra.
Dos 100 mil alemães cercados, 40 mil conseguiram fugir 
devido ao não fechamento do bolsão. 
Patton seguiu ganhando terreno e queria seguir perse-
guindo os alemães até Berlim. Nesse mesmo momento, o 
general ganhava grande visibilidade por seus avanços e a 
Aqueles que 
rezam fazem 
mais pelo 
mundo do 
que aqueles 
que lutam; e 
se o mundo 
vai de mal 
a pior, é 
porque 
existem mais 
batalhas do 
que orações.
• Patton •
93
G RA N D E S E S T RA T E G I S T A S M I L I T A RE S
opinião pública americana queria que ele comandasse o 
ataque final contra os alemães.
Por questões políticas, Eisenhower não podia deixar o 
exército inglês de fora da conquista, então ele optou por não
ceder nem a Patton nem a Montgomery, já que cada um que-
ria a glória final para si, estabelecendo uma frente ampla com
espaço para todos, mas deu a Montgomery, que seguiria pela
região costeira, a prioridade de abastacimento. Mesmo com 
essa desvantagem, Patton seguiu ganhando terreno com mui-
ta velocidade, o que se tornaria novamente um problema em
relação à distância entre as tropas e as bases de abastecimento.
Hitler decidiu atacar em Ardenas com o objetivo de
dividir as tropas aliadas, acreditando que o poder de seu 
ataque faria os Aliados se renderem e, assim, dando à Ale-
manha forças para combater o perigo soviético, o que se 
revelou apenas um delírio suicida.
O ataque se deu em 16 de dezembro e Patton foi com seu 
3º Exército defender as posições e, como era do seu gosto, ani-
quilar seus adversários. Patton atacou por trás e pela esquerda,
apoiado por forte cobertura aérea. No final de dezembro os 
alemães bateram em retirada e em janeiro o 3º Exército voltou 
à linha original da frente ampla de ataque aliado.
A partir desse momento, o 1º e o 3º Exércitos dos EUA 
se mantiveram em apoio a Montgomery, ainda que com a 
liberdade de seguirem avançando rapidamente e conscien-
tes de que continuariam tendo um abastecimento de ordem 
secundária. Mesmo assim, seguiram rapidamente, toman-
do terrenos e acumulando prisioneiros alemães que se ren-
diam aos milhares por dia. 
Após atravessarem o rio Reno em março de 1944, aden-
traram cada vez mais fundo numa Alemanha já em colapso, 
chegando em abril à Tchecoslováquia, onde deveriam parar 
Se tomarmos 
a definição 
geralmente 
aceita de 
bravura 
como uma 
qualidade que 
não conhece o 
medo, eu nunca 
vi um homem 
corajoso. 
Todos os 
homens estão 
assustados. 
Quanto mais 
inteligentes 
eles forem, 
mais estarão 
assustados.
94
para não adentrar à parte que cabia à União Soviética. A 
guerra terminaria no dia 8 de maio com a assinatura de 
rendição dos alemães.
 Patton chegara à patente de General de quatro estrelas e 
logo seria transferido para atuar como Governador Militar 
na Baviera, sem muito sucesso, uma vez que tentou man-
ter na estrutura do governo pessoas ligadas ao Partido Na-
zista. De lá, foi transferido para comandar o 15º Exército, 
que cuidava de documentar os acontecimentos de guerra, 
um posto interessante para quem adorava escrever sobre a 
guerra e suas estratégias.
Morreu aos 60 anos em Heidelberg, em 21 de dezembro 
de 1945, devido a complicações após um acidente automo-
bilístico ocorrido em 7 de dezembro em Mannheim. Foi 
enterrado em Hamm, Luxemburgo, ao lado de seus solda-
dos, no dia 23 de dezembro.
• Patton •
95
Personal idades históricas sobejamente 
famosas, icônicas até, destacadas por suas 
ações nos campos de batalhas, como Napo-
leão Bonaparte e o General Patton, têm em 
comum a sabedoria das estratégias guerrei-
ras que lhes garantiu conquistas formidáveis.
Grandes Estrategistas Mil i tares traz um 
punhado dos maiores gênios que se empe-
nharam na arte da guerra, pelo decorrer dos 
séculos, contando que suas ideias e at itudes 
servem como inspiração para o mundo com-
petit ivo que hoje as pessoas têm de enfren-
tar, na vida pessoal e no campo profissional.
	Capa
	Organização/Autores
	Expediente
	Índice
	Apresentação
	Sun Tzu

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