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ANOTAÇÕES SOBRE CONCEITOS DA PSICANÁLISE: MECANISMOS DE DESLOCAMENTO, CONDENSAÇÃO E ELEMENTOS BÁSICOS DE UMA PULSÃO ➔ O funcionamento dos mecanismos de deslocamento e condensação Para a Psicanálise, de maneira simplificada, o sonho é a realização de um desejo, uma maneira de expressar um desejo que por algum motivo foi reprimido. E dois mecanismos que atuam e fazem parte do processo de formação dos sonhos são: a condensação e o deslocamento. A condensação pode ser entendida como a junção de diferentes elementos em apenas um. Durante o funcionamento desse processo, é possível observar o agrupamento de diversos significados do conteúdo latente em um único símbolo ou elemento, ou seja, um único conteúdo manifesto pode referir-se a uma variedade de conteúdos latentes, e vice-versa. Um exemplo do funcionamento desse processo seria o caso de um paciente que, na última noite, sonhou com uma pessoa A mas observou que nesse sonho essa pessoa possuía os olhos de uma pessoa B, a voz de uma pessoa C e o nome de uma pessoa D. Ou seja, houve a combinação de diversos elementos que se agruparam em um único símbolo. Já o deslocamento, que pode ser entendido como um fator de defesa e uma espécie de censura psíquica, é basicamente um movimento que transporta a intensidade psíquica, assim como os valores e também interesses de elementos muito carregados de afeto e coloca seu sentido em outra representação, que a princípio pode parecer não ter nenhuma conexão com o desejo que foi deslocado. E durante todo esse processo, elementos que são fundamentais em determinado conteúdo latente acabam se transformando em pontos secundários no conteúdo manifesto. ➔ Os quatro elementos básicos de uma pulsão A pulsão, vinda do termo alemão Trieb, que representa uma espécie de impulso, pode ser entendida como uma fronteira entre o anímico e o somático, formando uma relação indissociável entre corpo e mente, conectando o organismo ao campo psíquico. Segundo Freud, os quatro elementos básicos que constituem uma pulsão são: a pressão, a meta, o objeto e a fonte. A pressão pode ser entendida como aquilo que guia e impulsiona a pulsão, sua força motriz. Esse elemento pode ser associado com o trabalho e o empenho que a pulsão irá reivindicar do indivíduo para que ele possa contê-la ou satisfazê-la. Esse aspecto de atividade e impulsividade confere o caráter ativo da pulsão. O próximo elemento de uma pulsão é a sua meta, que é a sua satisfação. A meta de todas as pulsões consiste em suspender sua estimulação em sua fonte pulsional, sendo importante destacar que a meta final plena é uma espécie de “utopia”, pois nenhuma pulsão alcança, de fato, plenamente sua meta. Ao passo que não existe um caminho único que conduza para a meta final, as metas podem ser combinadas entre si ou até mesmo serem substituídas por outras. Em seguida, temos o objeto, que é um artifício para satisfação da pulsão. O elemento junto ao qual, ou através do qual, a pulsão consegue obter sua meta, sendo também o elemento mais facilmente substituível pois é o elemento mais variável da pulsão. O objeto não necessariamente está fora do indivíduo como algo externo, e pode mudar no meio do processo, já que é suscetível de uma substituição no decorrer do curso da pulsão. É possível que um mesmo objeto consiga, ao mesmo tempo, satisfazer diferentes pulsões, o que seria um entrecruzamento pulsional. E, por fim, temos a fonte, que é onde se origina uma pulsão, que é o elemento que possui uma conexão com o processo somático no qual o impulso se origina, a parte do corpo ou órgão na qual a pulsão está conectada. O estudo das fontes pulsionais extrapola os limites do campo da Psicologia, e mesmo que o princípio em uma fonte somática constitua um elemento decisivo para a pulsão, só obtemos o conhecimento de uma fonte na vida anímica através de suas metas.
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