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ECONOMIA E MERCADO 2020 Ana Paula dos Santos Cardoso Tadeu Vaz Pinto Pereira Thiago André Guimarães ANA PAULA DOS SANTOS CARDOSO TADEU VAZ PINTO PEREIRA THIAGO ANDRÉ GUIMARÃES ECONOMIA E MERCADO ECONOMIA E MERCADO 2020 Ana Paula dos Santos Cardoso Tadeu Vaz Pinto Pereira Thiago André Guimarães PRESIDENTE Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM DIRETOR GERAL Jorge Apóstolos Siarcos REITOR Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM VICE-REITOR Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO Adriel de Moura Cabral PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Dilnei Giseli Lorenzi COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Renato Adriano Pezenti GESTOR DO CENTRO DE SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CSE Fernando Rodrigo Andrian DESIGNER INSTRUCIONAL Abner Pereira de Almeida REVISÃO ORTOGRÁFICA Carolina Bontorin Ceccon (FAE) Mayara Drobot da Silva Portela (FAE) PROJETO GRÁFICO Impulsa Comunicação DIAGRAMADORES Andréa Ercília Calegari CAPA Andréa Ercília Calegari © 2020 Universidade São Francisco Avenida São Francisco de Assis, 218 CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – ORDEM DOS FRADES MENORES ANA PAULA DOS SANTOS CARDOSO Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Ciências Econômicas pela Fundação Universidade do Rio Grande (FURG). Atualmente é Professora Assistente da FAE Centro Universitário e Professora Adjunta das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba (FARESC). Experiência na área de Econo- mia, com ênfase em Mudança Tecnológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Concorrência e Mercados e Política Monetária. TADEU VAZ PINTO PEREIRA Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC. Gradu- ado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (CEA/PUCC) e em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (IFCH/ UNICAMP). Atuou no Centro de Desenvolvimento Econômico da UNICAMP (CEDE/IE/ UNICAMP) e foi Chefe da Divisão de Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Eco- nômico do município de Bragança Paulista. Atualmente, é servidor efetivo (Analista de Gestão) da Prefeitura da Estância de Atibaia e professor convidado na área de Teoria Econômica na Universidade São Francisco (USF). THIAGO ANDRÉ GUIMARÃES Mestre e Doutorando em Pesquisa Operacional pelo Programa de Pós-graduação em Métodos Numéricos em Engenharia, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). En- genheiro de Produção Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Economista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente é Professor Assistente da FAE Centro Universitário, lotado no Departamento de Economia e Pro- fessor Efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), lotado no Campus Curitiba, atuando na área de Gestão e Negócios. Atua também como Economista e Pesquisador junto ao grupo de pesquisa Desenvolvimento e Evolução de Sistemas Técnicos (DEST), vinculado ao Departamento de Economia do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua pesquisa concentra-se na área de Engenharia de Produção, com particular interesse em Logística e Pesquisa Operacional. No âmbito das Ciências Econômicas, atua especifica- mente nos seguintes segmentos: Economia Industrial, Mudança Tecnológica, Agrotóxicos, Métodos Estatísticos, Matemáticos e Econométricos e Ensino em Ciências Econômicas. O AUTOR SUMÁRIO Caixas de destaque ........................................................................................................5 UNIDADE 01: A economia no nosso dia a dia................................................................6 1. Escolhas dos seres humanos .................................................................................6 2 Ciência econômica e suas metodologias ............................................................... 14 3 Comportamentos econômicos em sociedade ........................................................ 20 UNIDADE 02: Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a micro- economia ...................................................................................................................... 34 1. Fundamentos de microeconomia .......................................................................... 34 2. Elasticidade ........................................................................................................... 48 3. Estruturas do mercado .......................................................................................... 55 UNIDADE 03: A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana ............ 62 1. Mercado se Autoequilibra, pelo menos é o que pensam os liberais ..................... 62 2. Contabilidade social .............................................................................................. 73 UNIDADE 04: Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas ma- croeconômicas ............................................................................................................. 88 1. Moeda e mercado financeiro ................................................................................. 88 2. Inflação – causas e consequências ...................................................................... 99 3. Estado e políticas macroeconômicas ..................................................................109 Importante entender! É um espaço dedicado a entender os conceitos centrais do conteúdo. Para refletir Espaço para questionamento sobre o assunto. Situação hipotética para reflexão e compreensão sobre o tema estudado. Exemplo Momento para se apresentar uma situação real do assunto trabalhado. Leis Lei ou artigo de extrema importância para o aprofundamento do aluno. Leitura fundamental Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno. Sugestão de leitura Apresentação de leituras interessantes para o aluno, relacionadas ao tema. Relembre Pontos fundamentais que guiarão o aluno. São nortes que o ajudarão a interpretar o texto. Curiosidades Fato, acontecimento histórico ou ponto curioso relacionado ao tema abordado. Saiba mais Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno. Glossário Termos e siglas específicas sobre o tema tratado na unidade. Pesquise Apresentação de fontes para que o aluno explore mais o conteúdo abordado. Serão apresentados: livros, sites, reportagens, dissertações, vídeos, revistas, etc. significado das CAIXAS DE DESTAQUE A economia no nosso dia a dia 6 1 UNIDADE 1 A ECONOMIA NO NOSSO DIA A DIA INTRODUÇÃO Taxa de juros, valor do câmbio, superávit comercial, déficit público, inflação e gráficos e mais gráficos. Certamente, quando você escuta a palavra Economia, vem tudo isso na sua mente. Contudo, Economia é muito mais do que números, gráficos e quantificação de recursos financeiros. Noções de Economia estão no nosso dia a dia. Está quando você decide adquirir um produto em detrimento ao outro, quando planeja o que vai fazer daqui 4 ou 10 anos, ou até quando você desiste de sair com seus amigos no final de semana. O objetivo deste capítulo é discutir o papel da Economia na sociedade, seu lugar ao lado de outras ciências do conhecimento, assim como apresentar seus principais mo- delos e sua problemática. Seja bem-vindo à Economia! Certamente, ao longo de toda esta disciplina, você vai se surpreender e entender melhor a conjuntura e as relações que nos acercam. Vamos conhecê-la? Bons estudos! 1. ESCOLHAS DOS SERES HUMANOS A Economia é definida como as escolhas sobre as formas de vida em sociedade; com o processo decisório das organizações e com a busca pela sustentabilidade. A escolha resulta em um comportamento humano que faz parte do nosso dia a dia. A escolha não altera os fatos, mas implicana forma como direcionamos nossos comportamos com relação a eles. Nós respiramos e a Economia acontece naturalmente. Acordamos e dormimos Econo- mia. Ela não se restringe àquilo que é divulgado em noticiários, revistas e jornais. Por isso, não é possível dizer que não gostamos de Economia, porque ela faz parte do ser humano. Para entender melhor, pense também em nossas decisões diárias de sobrevi- vência na sociedade em que vivemos. Economia é simples assim. As compreensões sobre o comportamento econômico são importantes para as diver- sas áreas do conhecimento, como: a Administração, a Contabilidade, as Engenharias, a Psicologia, a Pedagogia, o Direito, a Biologia, a Medicina, as tecnologias dentre ou- 7Economia e mercado 1tras. Da mesma maneira, essas áreas do conhecimento fazem parte da compreensão sobre a Economia. Seja lá qual for a identidade ou a característica da instituição ou do setor em que você trabalhe, as lógicas da Economia estarão presentes. Você também pode uti- lizá-las para sua própria gestão ou gestão familiar, porque você é uma estrutura produtiva ou de consumo. Em negócios empresariais, a compreensão sobre esse comportamento facilita e amplia o entendimento e o aprofundamento das formas e das técnicas operacionais de gestão, além de dar mais consistência ao processo de tomada de decisão organizacional. Então, pensar Economia está relacionado às seguintes reflexões: ` Eu me conheço, conheço o mundo em que vivo e busco formas de sobrevivência; ` Uma empresa privada se conhece, conhece o mundo em que está inserida e busca formas de sobrevivência; ` O setor público e os demais entes da sociedade civil organizada se conhecem, conhecem o mundo em que vivem e buscam formas de sobrevivência... ...desde a pré-história. O que a sociedade quer da vida? Vida. O que as pessoas querem da vida? Vida. O que eu quero da vida? Vida. Por quê? Satisfação de Vida. Sonhos. Felicidade. Sobrevivência. Competitividade. Bem- -estar social. Como? Vivendo a dinâmica da Vida. Planejamento de curto, médio e longo prazo...Sobrevi- vência, competitividade... Posicionamento, escolhas, tomada de decisão... A economia no nosso dia a dia 8 1 Onde? No meio de vida. Vida em sociedade tem dinâ- mica própria do todo e das partes, com regras, normas e leis. Quando? De acordo com o momento de vida. Vida em sociedade tem dinâmica própria do todo composto pela identidade das partes, que são refletidas nos costumes, na cultura, nas regras, nas normas e nas leis. Por autoconhecimento você pode entender a reflexão sobre os valores, o respeito pró- prio, aquilo que lhe faz feliz e seus sonhos. Em uma organização, isto se reflete na ética organizacional, na missão, no negócio e nos objetivos. Por conhecimento do mundo você pode entender o tecido social, o seu entorno, o entorno da empresa, o meio de vida da sociedade em que as organizações atuam. Já por formas de sobrevivência, procure entender como as escolhas de comportamento que você faz em sua vida, nos setores em que trabalha, o que você desempenha para a busca da sua felicidade ou da sustentabilidade. Nas organizações são tomadas de decisão estratégicas, traçadas à competitividade de acordo com a missão e com os valores estabelecidos. Um processo de tomada de decisão pressupõe escolhas e tem como instrumentos a reflexão, o acompanhamento, o monitoramento, a avaliação e a adequação de com- portamentos estratégicos. Para isso é preciso: a coleta, o levantamento, o registro e a comunicação de dados e informações. Esses dados e essas informações são variáveis e indicadores utilizados na análise da opção a ser seguida. Variáveis são elementos que você dispõe para o seu próprio conhecimento, conhecimento organizacional e conheci- mento do mundo. Quem é você? Quais são seus comportamentos positivos? O que você pretende de sua vida? Ao refletir sobre essas questões você está pensando em variáveis do seu comporta- mento, que pode ser harmônico e conduzir ao equilíbrio, ou desarmônico e conduzir ao desequilíbrio. Isso também ocorre na vida organizacional. Qual é a empresa, a orga- nização ou o setor que eu trabalho? O que há de positivo? Como podemos utilizar os aspectos positivos para alcançar os objetivos organizacionais? 9Economia e mercado 1Essas reflexões dependem das análises de variáveis estratégicas e dos momentos da organização. A organização pode adotar caminhos para a qualidade, a produtividade e a otimização, mas precisa estar atenta ao momento em que se encontra, porque é dinâmica, tanto quanto a sociedade em que atua. Tanto você quanto a organização precisam estar de acordo com aquilo que a sociedade anseia. Quanto mais elaborada for a informação sobre o comportamento das variáveis qua- litativas e quantitativas relacionadas ao momento ou à situação com a qual você ou a organização se depara, maior a certeza sobre a sobrevivência no mercado. Assim, quanto maior o domínio sobre as variáveis do comportamento individual e organizacio- nal, menor a incerteza de sobrevivência sobre os resultados que serão obtidos por tal escolha. Melhor será sua satisfação e melhores serão os ganhos sobre os posiciona- mentos estratégicos. Desta forma, você pode estabelecer a relação desta disciplina de Economia com as demais cadeiras estudadas na graduação do curso de Administração, como gestão estratégica, análise de custos, gestão de pessoas, gestão da qualidade dentre outras, as quais também estão de acordo com essa lógica e abordam esses temas, mas com formas técnicas, sistemáticas, metodológicas e operacionais para que seja possível aplicar na prática. As lógicas da Ciência Econômica se refletem, mas são pouco exploradas no cotidiano. Trabalhos aprofundados com métodos quantitativos e estatísticos nos processos deci- sórios empresariais, sob o esclarecimento dos momentos das estruturas produtivas e de consumo, desmistificam dinâmicas organizacionais. Esse tipo de trabalho enriquece a base de tomada de decisões, o estabelecimento de estratégias e amplia os ganhos competitivos esperados. Terá melhor posicionamento estratégico a empresa e o profis- sional que conseguirem captar os momentos organizacionais e pessoais e relacioná-los com a dinâmica da sociedade. 1.1 CONCEITO DE ECONOMIA E SEU PAPEL COMO CIÊNCIA Economia é o uso de recursos disponíveis e escassos para atender às necessida- des ilimitadas das pessoas para a sobrevivência individual e a vida em sociedade. Costumo indicar aos alunos todas as vezes que, forem iniciar um trabalho ou um estu- do, para que haja entendimento pleno do conteúdo, que eles se baseiem no dicionário e na etimologia das palavras. A partir daí a compreensão sobre os conteúdos e suas aplicabilidades ficam mais claras, facilitando a compreensão dos conhecimentos e das técnicas disponíveis. Assim, começaremos compreendendo o significado da palavra Economia, que vem do grego: + ECO Vem de oikos, que signifi- ca casa. NOMIA Vem de nomos, que sig- nifica normas. A economia no nosso dia a dia 10 1 Portanto, pela etimologia: “Economia são as normas da casa”. Portanto, surgem as per- guntas: o que é necessário para o funcionamento de uma casa? Para que e para quem uma casa precisa funcionar? Como uma casa funciona? Uma casa usa recursos para atender às necessidades das pessoas. O que precisa (recursos) para uma casa estar em atividade e alcançar seus objetivos (neces- sidades)? Como usar o que dispomos para atender nos- sos anseios de vida? Que casa é essa? O que resulta das atividades desta casa? Contudo, você precisa contextualizar esse entendimento para as “diversas casas” que existem na sociedade. Você (parte) ou o mundo (todo) podem ser entendidos como uma casa. Veja as suposições do que seria uma casa: 1 Um indivíduo – que dorme todos os dias e utiliza pijama, cama e roupas de cama para ter a necessidade “sono, descanso ou repouso” atendida; 2 Uma família – que adquire alimentos ou utensílios domésticos para fazer suas refeições e tera necessidade “alimentação” atendida; 3 Uma empresa ou organização – que utiliza equipamentos, computadores, estrutura física e materiais de escritório para ter a necessidade “gestão organizacional” atendida; 4 O governo – que utiliza inúmeros fatores de produção para conseguir realizar a arrecadação do imposto de renda, ou que, por meio de seus funcionários, faz a prestação de serviços públicos para que a sociedade tenha as necessidades de “ensino, alimentação e saúde” atendidas; 5 Uma comunidade – que interage para ter a necessidade de “cultura” atendida; 6 Uma sociedade – que constitui regras, normas e leis para ter a necessidade de “política” ou de “consolidação de um Estado soberano” atendida; 7 Um Estado – que se organiza democraticamente para ter a necessidade de “sobrevivência” das pessoas, pelas pessoas e para as pessoas atendida; 8 Um País – que utiliza todos os fatores que dispõe ou busca fatores de produção em outros países para ter a necessidade de “produção de bens e serviços” atendida; 9 O Mundo – que pensa em como usar apenas “1 mundo” para atender às necessidades de todas as pessoas do mundo. Enquanto cada indivíduo age na parte, ele também determina a organização do todo. 11Economia e mercado 1De maneira geral, a Economia visa entender e analisar como “a casa funciona” do ponto de vista das suas decisões produtivas e seus desdobramentos. A ciência econômica responde, de maneira geral, às seguintes perguntas: O que produzir? A resposta significa identificar as necessidades e, consequentemente, o que irá sa- tisfazê-las. Desta maneira, a sociedade deve saber que precisa produzir, por exem- plo, alimentos, roupas, casas, estradas, escolas etc. Quanto produzir? Implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das neces- sidades. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma Economia são utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e de serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, teremos de diminuir a quantidade de produção de outro ou outros bens. Como produzir? Para que se obtenha um determinado bem ou serviço, é necessário empregar os fatores trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, a proporção em que esses recursos serão combinados vai depender da abundância ou da escassez de cada um deles. Para quem produzir? A resposta a essa pergunta resolve o último problema da questão da satisfação das necessidades humanas. Ela vai nos dizer de que forma será distribuído o produto do trabalho coletivo aos elementos da sociedade. A economia no nosso dia a dia 12 1 Percepção de si e do mundo, tomada de decisão, trade-off, posicionamento estraté- gico, custo de oportunidade são termos relativos às nossas escolhas de como utilizar recursos escassos para atender às necessidades ilimitadas. Na escolha de comportamento há relações sociais, conversas, soluções de problemas, reflexão sobre o comportamen- to, busca conjunta de alternativas. Escolhas para a sobrevivência e para a vida Os recursos são escassos As necessidades são ilimitadas. x ? Fonte: Elaborada pela autora (2015). Figura 01. Comportamento Econômico Sendo assim, a Economia pode, também, ser entendida como a “ciência das escolhas”. Diante das necessidades ilimitadas dos seres humanos, o agente econômico (que pode ser o Governo, a Família, as empresas etc.) precisa tomar uma decisão sobre o que produzir, como produzir, quanto produzir e para quem produzir. Esses são os dilemas da Economia: entender as escolhas dos agentes econômicos, dado uma conjuntura de recursos limitados e desejos e anseios ilimitados e infinitos. 1.2 VISÕES ESTRATÉGICAS DO COMPORTAMENTO ECONÔMICO Há algumas formas de conhecer o mundo. Você pode conhecê-lo por meio do entendi- mento filosófico, religioso ou do senso comum, que é aquele transmitido de geração em geração. Já ciência conhece o mundo por meio do método científico e ela se relaciona a sua forma de vida cotidiana. Diversas descobertas, estudos, conceitos, teorias, métodos, operacionalizações e práti- cas que fazem parte do nosso dia a dia já fizeram parte do meio acadêmico um dia. Di- ferentemente da pré-história, por causa da tecnologia, hoje a ciência tem forma própria de propagação e disseminação de técnicas e conhecimentos e ela possui argumentos, teorias, hipóteses e leis. Argumentos sobre comportamentos são frágeis porque podem ser normatizados ou modificados no decorrer do tempo, de acordo com o juízo de valor (opinião) de cada indivíduo. Teorias e hipóteses podem ser questionadas e refutadas no decorrer do tempo, de acor- do com as observações práticas. Porém, na ciência, leis são inquestionáveis. 13Economia e mercado 1Assim, é possível afirmar que a sustentabilidade não é utópica, porque o comportamen- to humano é imprevisível e todos podem mudar de opinião, ato ou ação e optar pela essencialidade da vida. Além disso, também podemos fazer uma série de afirmações sobre o comportamento econômico na vida em sociedade que estão baseadas nas leis do comportamento humano de que: a vida sempre encontra meios de sobrevivência; o comportamento humano ou organizacional apresenta ciclos de renovação em busca de equilíbrios; momentos de equilíbrio são construídos em meio a desequilíbrios, ou derivam de impulsos de superação aos desequilíbrios. Veja que a Física, a Química, a Biologia e a Psicologia podem auxiliar nessas compreensões. Você também pode des- mistificar esses entendimentos observando seu comportamento diário na sociedade. A forma do estudo e do conhecimento do mundo tem método e pressupõe um con- junto de aprendizados teóricos e práticos, de exploração dedutiva ou indutiva. Como todo conhecimento científico tem sua forma de propagação em veículos de informação científica como revistas, congressos e demais formas de publicação. A Economia é uma Ciência Social Aplicada baseada em uma construção teórica realizada a partir da observação cotidiana e prática das pessoas e das organizações, que possui raciocínios e obedece a leis relativas ao comportamento humano. Procure na internet sobre conhecimento do mundo por meio do conhecimento filosófico, religioso ou do senso comum. O senso comum é chamado de conhecimento popular. Um conjunto de códigos transmitidos de geração em geração ou pela própria experiência de vida das pessoas. Note a diferença entre conhecimento científico e senso comum: por que você sabe quando é primavera? Você já fez um trabalho de conclusão de curso para descobrir quando ela ocorre? Se tivesse feito, teria conhecido a primavera por meio do conhecimento científico. Quando você opta por realizar um curso de graduação, você se aproxima do conheci- mento do mundo pelo método científico, que tem regras e normas de transmissão, usa as normas da ABNT e faz trabalhos de iniciação científica ou de conclusão de curso. Por meio da aproximação da ciência com o senso comum e os demais conhecimen- tos, avançamos na curva de aprendizagem da sociedade e vivemos dessa forma e não em cavernas. Reunimos diversas formas de conhecimento de mundo, e a inteiramos e a comparti- lhamos como técnicas e conhecimentos entre as diversas formas de aproximação, ou revelação, do homem à sua realidade (tecnológica). Por que acontece isso na sociedade? Por causa da lei da vida. Porque nós, seres hu- manos, nos organizamos assim nesta “aldeia global”, em um tecido social que coexiste em um único planeta, pois buscamos alternativas para sobreviver. A história mostra que essa busca pela vida sempre encontrou novos equilíbrios em meio a desequilíbrios. Lembre-se das transições pelas quais passamos como aquela entre a idade média e a idade moderna. Crises da humanidade são alternativas a mudanças e a renovações do meio de vida. A economia no nosso dia a dia 14 1 2 CIÊNCIA ECONÔMICA E SUAS METODOLOGIAS A Economia, como ciência, baseia-se em modelos hipotéticos para explicar seus fenôme- nos e suas particularidades.Isto acontece porque, por depender de inúmeras variáveis que acontecem concomitantemente (ao mesmo tempo), é necessário isolarmos algumas variáveis para podermos explicar certas características do fenômeno econômico. Diferentemente das Ciências Naturais e Exatas, que muitas vezes podem contar com laboratórios para provar suas teorias, a Economia, como Ciência Social, precisa aplicar modelos hipotéticos para explicar algumas de suas particularidades. Para isso, adota- mos uma expressão latina coeteris paribus ou ceteris paribus. Ela quer dizer “mantidas as demais variáveis constantes”. Outro ponto que também merece destaque é que a Ciência Econômica, assim como qualquer outra ciência, analisa seus fatos e particularidades em diferentes níveis. Mankiw (2013) cita o exemplo da Biologia para comparar: a Biologia não se divide em biologia molecular, botânica, zoologia, dentre outros? A Economia também tem suas divisões. Podemos tentar analisar a decisão de uma família ao decidir pela compra de um bem de consumo em detrimento do outro, verificar por que os preços da gasolina estão au- mentando após elevação do preço do dólar, ou ainda verificar a tendência de poupança das famílias brasileiras em um ambiente de alta generalizada dos preços, por exemplo. De maneira geral, dividimos a Ciência Econômica em dois subcampos: micro e macro- Economia. Para entender a diferença entre microEconomia e macroEconomia, basta pensar em um tecido, uma borda ou uma renda. Da mesma forma que você é o fio de um tecido que tece no tecido social, por meio de seu trabalho, fazendo gerar renda, um fio pode ser entendido como apenas uma atividade econômica que compõe o todo das atividades econômicas de um sistema econômico. No decorrer do tempo, a trama do tecido conjunto da Economia se modifica, de acordo com a capacidade de geração de renda de cada fio (atividade econômica). Figura 02. Trama do tecido conjunto (renda) da atividade econômica Tec nol ogi a Novo Equilíbrio Tecido conjunto da Atividade Econômica Leis do Comportamento Humano Trama do Tecido Social e geração de renda Tempo Renda Impulso 1º 3º 2º 4º Impulso Equilíbrio Sat ura ção Otim izaç ão Fonte: Elaborado pela autora (2015). 15Economia e mercado 1A ideia de microEconomia e de macroEconomia não é relativa a territórios, mas ao conjunto ou às partes das atividades econômicas. Como a Economia estuda o com- portamento de indivíduos, famílias, empresas, governos, estados, países, nações e o mundo, ela precisa organizar a forma de estudá-los e observá-los. Além disso, utiliza a observação macroeconômica e microeconômica para relacionar os efeitos das ações de cada um desses agentes, de modo integrado ou isoladamente no tecido social. A microEconomia refere-se ao campo de estudo da Economia que estuda comporta- mentos individuais, setoriais, ou grupos de atividade econômicas e organizações. Tra- ta do equilíbrio de partes ou de mercados específicos. As partes ou o agregado dos mercados compõem um todo chamado de macroEconomia. Este campo de estudo da Economia trata do equilíbrio geral. Por exemplo: enquanto a microEconomia observa mercados específicos (encontro das forças de oferta e de demanda) ou o equilíbrio e a formação de preços em cada mer- cado, a macroeconomia ocupa-se do equilíbrio geral e das variações do nível geral de preços. Outros exemplos de macroEconomia são: o Produto Interno Bruto (PIB) de um Município ou País; o desemprego total, a inflação, os gastos totais do governo. A microEconomia observa a produção de apenas um bem ou conjunto de bens, como a agricultura, indústria, comércio e serviços e o desemprego de apenas um ou outro setor, como a indústria alimentícia, química, celulose e papel, dentre outras. Resumidamente, de acordo com Mankiw (2013), podemos entender que: MicroEconomia analisa como as pessoas, empresas e famílias tomam decisões e como se relacio- nam e interagem entre si em mercados específicos; MacroEconomia estuda fenômenos da Economia como um todo, como inflação, emprego, cresci- mento econômico e como estes “grandes agregados” influenciam na decisão do agente econômico. Agora, depois de conhecer um pouco sobre o conceito e o papel da Economia como ciência, vem uma dúvida: a Ciência Econômica é uma ciência que pertence ao grupo de Ciências Humanas ou Exatas? Esta é uma dúvida comum! Apesar dos muitos números, gráficos e valores que você já deve ter visto associado à Economia, esta é uma ciência das Ciências Humanas. Isto acontece porque a Economia, conforme já anteriormente discutido, visa entender como “como a casa funciona”, principalmente em questões básicas como “o que deverá ser produzido” ou “quem terá direito de consumir”. Estas decisões, apesar de serem correlacionadas e possíveis de serem explicadas e ex- plicitadas em expressões algébricas e estatística, são carregadas de muita subjetividade. A economia no nosso dia a dia 16 1 A maneira pela qual se decide produzir um produto em detrimento de outro passa por questões culturais e políticas; Economia nada mais é do que a observação do comporta- mento humano em relação às suas decisões produtivas no interior de suas sociedades. Figura 03. O caráter biunívoco das relações da Economia com outros ramos do conhecimento social Economia Antropologia Cultura PsicologiaDireito Filosofia Ética Sociologia Política Sendo assim, a Economia é uma ciência de humanidades. Entretanto, como metodo- logia de análise do comportamento de seus agentes demanda, não só da matemática e da Estatística, conhecimento de História, Sociologia, Psicologia, Ciência Política, dentre outros. Entender as mais diversas questões econômicas demanda multidisciplinaridade. Isto é, não existe um problema “exclusivamente econômico”, o que existe são questões políticas, so- ciais, psicológicas e antropológicas que muitas vezes se refletem no campo da Economia. Fonte: Rosseti (2016, p. 4). Você sabia que em 2017 o psicólogo Richard H. Thaler recebeu o Prêmio Nobel de Economia pelas suas contribuições no campo da Economia comportamental? Thaler é pioneiro no uso da Psicologia para entender o comportamento de como as pessoas tomam decisões econômicas, às vezes, rejeitando a racionalidade. Interessante, não?! Entendendo a Economia desta maneira, fica fácil entender porque os economistas di- vergem tanto! Certamente, ao ler uma notícia no jornal, ou até mesmo ver um comentá- rio em algum telejornal, você observou que economistas têm opiniões completamente distintas sobre o mesmo ponto analisado. 17Economia e mercado 1Tabela 01. Proposições com as quais a maioria dos economistas concorda PROPOSIÇÕES COM AS QUAIS A MAIORIA DOS ECONOMISTAS CONCORDA: 01. Estabelecer um teto para os aluguéis reduz a quantidade e a qualidade das moradias disponíveis (93%). 02. Tarifas e cotas de importação costumam reduzir o bem-estar econômico geral (93%). 03. Taxas de câmbio flexíveis e flutuantes permitem um arranjo monetário internacional eficaz (90%). 04. A política fiscal (por exemplo, cortes de impostos e/ou aumento dos gastos do governo) tem efeitos estimulantes significativos sobre uma Economia que esteja abaixo do pleno emprego (90%). 05. Os Estados Unidos não deveriam restringir a terceirização de outros países (90%). 06. O crescimento econômico em países desenvolvidos como os Estados Unidos leva a níveis mais ele- vados de bem-estar (88%). 07. Os Estados Unidos deveriam eliminar os subsídios agrícolas (85%). 08. Uma política fiscal apropriadamente desenvolvida pode aumentar a taxa de formação de capital no longo prazo (85%). 09. Os governos municipais e estaduais deveriam eliminar os subsídios para franquias de esportes pro- fissionais (85%). 10. O orçamento federal deve ser equilibrado durante o ciclo de negócios, não anualmente (85%). 11. A diferença entre os fundos da Seguridade Social e os gastos se tornará insustentável nos próximos 50 anos se as políticas atuais permanecerem inalteradas (85%). 12.Os pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar dos beneficiários mais do que as transferências em mercadorias de igual valor monetário (84%). 13. Um grande déficit orçamentário federal tem efeitos adversos sobre a Economia (83%). 14. A redistribuição de renda nos Estados Unidos é um papel legítimo do governo (83%). 15. A inflação é causada principalmente pelo crescimento excessivo da oferta de moeda (83%). 16. Os Estados Unidos não devem banir safras geneticamente modificadas (82%). 17. O salário mínimo aumenta o desemprego entre trabalhadores jovens e não qualificados (79%). 18. O governo deveria reestruturar o sistema de assistência social nos moldes de um “imposto de renda negativo” (79%). 19. Os impostos sobre efluentes e as permissões para poluição negociáveis são uma abordagem melhor no controle da poluição do que a imposição de tetos à poluição (78%). 20. Os subsídios do governo sobre o etanol nos Estados Unidos devem ser reduzidos ou eliminados (78%). Fonte: Mankiw (2013, p.34). Por que isso acontece? Segundo Mankiw (2013), os economistas possuem diferentes opiniões acerca da validade e aplicabilidade de algumas teorias. Têm diferentes “visões de mundo”, o que por si só dificulta na interpretação sobre o impacto de algumas vari- áveis econômicas (e suas dimensões) podem afetar o bem-estar econômico. Contudo, as divergências dos economistas não desvalorizam e tampouco desqualifi- cam a análise de questões econômicas. Como já anteriormente comentado, como o entendimento econômico é multidisciplinar, suas interpretações são distintas, com dife- rentes espectros, métodos e considerações, o que deixa a análise da Economia muito mais interessante e rica! A economia no nosso dia a dia 18 1 2.1 O PROBLEMA DO COMPORTAMENTO ECONÔMICO: A ESCASSEZ Um dos problemas fundamentais da Economia é a escassez. Os recursos são escas- sos porque temos apenas um planeta Terra. Em função disso, até que a sociedade encontre outra forma de mensuração da renda, de regeneração, de reconstrução e de reutilização da Terra, também dizemos que os custos são crescentes. Quanto mais se consumir, extrair e utilizar o planeta sem encontrar alternativas à sustentabilidade e à produtividade, maiores serão os custos. O problema da insustentabilidade fica evidente quando os custos crescem mais que a renda, pois isso caracteriza improdutividade das pessoas e do sistema econômico. No entanto, caso os custos aumentem e a renda aumente em uma proporção maior, haverá produtividade, eficiência e otimização sustentável, pois haverá qualidade, prudência e consciência individual e social. Conforme mencionado, temos inúmeras necessidades e precisamos pensar em como usar os recursos disponíveis em 1 mundo para satisfazer a essencialidade da vida. Chamamos de recursos econômicos ou fatores de produção aquilo que usamos para o atendimento dessas necessidades. Na Economia, nós os classificamos e os agrupamos da seguinte forma: Terra: dizem respeito a todos os insumos ou fatores in natura oriundos da atividade econô- mica de agropecuária, plantio e manejo florestal, extrativismo, dentre outras. Capital: pode ser físico ou financeiro. O capital físico são as máquinas, os equipamentos e as estruturas físicas produtivas, aquilo que é possível quantificar e medir contabil- mente e que também caracteriza os investimentos. Já o capital financeiro pode ser entendido como a moeda utilizada para financiar, em forma de crédito ou poupança, a atividade econômica. O crédito é uma antecipação de consumos e investimentos que possuem maior risco ou incerteza de pagamento, quando comparado ao uso de poupança, considerada mais prudente pela garantia de remuneração imediata do sistema produtivo de bens e serviços. Trabalho e capacidade empresarial: não são consumidos fisicamente no processo produtivo, pois são as pessoas e o que se utiliza para a produção de bens e serviços são suas técnicas e seus conhecimentos. Ainda não é medido ou contabilizado como investimento, mas sua produtividade é essencial à geração de renda. Está relacionado ao capital social, à inteligência emocional, à cultura organizacional e à vida das organizações. A forma de revelação do seu conhecimento e de suas técnicas determina a forma do funcionamento e de organização do sistema econômico. A curva de aprendizagem da sociedade depende das pessoas e da forma como trabalhamos pelas pessoas e para as pessoas continuarem trabalhando. Dar valor ao trabalho do outro é uma 19Economia e mercado 1 Tecnologia: é a interação de técnica e conhecimento. A tecnologia é abstrata e se revela por meio do comportamento das pessoas. Para entender a tecnologia, você precisa olhar para a forma de interação do conhecimento e das técnicas entre as pessoas e os objetos. Não confunda tecnologia com inovação. Há tecnologia no momento em que você está estudando, alimentando-se, tomando banho e realizando as demais atividades do dia a dia, aproprie-se, contudo, da tecnologia para escolher a forma como você vive e sobrevive em sociedade. Você é importante e pode construir al- ternativas em conjunto para a sustentabilidade. forma de garantir o seu próprio trabalho (renda), porque se os demais não estiverem trabalhando (renda para consumo), talvez você não tenha um motivo para trabalhar (renda e consumo). Quem irá adquirir o bem ou o serviço que você disponibiliza à sociedade, caso as pessoas não tenham como lhe remunerar? O papel da inovação tecnológica Segundo Joseph Schumpeter (1883 — 1950), economista austríaco, a inovação tecnológica promove a “destruição criativa do capital”. Para ele, a inovação tecnológica é o motor para o crescimento econômico sustentado da Economia, apesar da inovação destruir empresas já bem estabelecidas (SCHUMPETER, 1961). Ou seja, ao surgir um produto inovador, o anterior é substituído pelo novo, revolucionando todo o sistema anteriormente concebido. De acordo com Mankiw (2013), uma das formas de conhecer a trajetória econômica é por meio das tecnologias geradas pela humanidade no decorrer de sua história, como ferrovia, telégrafo, motor a combustão, informática, dentre outros. Você concorda com esta ideia? Qual o papel da inovação para toda sociedade? Não deixe de discutir! Pense que se as pessoas estivessem plenamente satisfeitas ou se houvesse abun- dância de recursos na Terra para atender a todas as necessidades, mesmo assim precisaríamos estudar Economia aplicada à sustentabilidade. Ou, ainda, mesmo que quiséssemos apenas ter lazer, utilizaríamos recursos para ter a necessidade “lazer” atendida e teríamos que trabalhar para isso. Economia é um comportamento humano que depende das escolhas que nós fazemos diariamente. Tanto os recursos utilizados quanto as necessidades das pessoas têm ca- racterísticas que fundamentam o estudo da Economia. O primeiro é caracterizado pela escassez, enquanto que o segundo caracteriza-se pela falta de limites. Por isso, nós pensamos, refletimos e fazemos escolhas. Na linguagem científica, utilizamos um ponto de interrogação para apresentar uma per- gunta ou um problema que será estudado, refletido e pesquisado. Dizemos que a es- cassez é o problema (?), ou a pergunta que motiva os estudos da Ciência Econômica. Mas cada pessoa enfrenta esse problema diariamente, por isso, estamos o tempo todo diante de situações decisórias e precisamos escolher como nos comportar entre as possibilidades que temos diante de cada caso cotidiano. A economia no nosso dia a dia 20 1 Nos livros de Economia, qualquer conceito ou definição que você encontre levará à ideia, resumida e sintética, de que “Economia é um comportamento das pessoas no uso de recursos escassos para atender às necessidades ilimitadas das pessoas”. 2.2 A NECESSIDADE DE SE TOMAR AS MELHORES DECISÕES – AS ESCOLHAS ÓTIMAS As necessidades humanas são inúmeras e infinitas. Diante de um contexto de escassez de recursos disponíveis, é de suma necessidade para o ser humano tomar as melhores decisões(escolhas ótimas), isto é, eleger quais são suas prioridades e quais os recur- sos serão utilizados pata atendê-las. Da mesma forma que as pessoas buscam soluções cotidianas nas organizações, a ciência também o faz. Isso fica evidente pelo aspecto multidisciplinar das organizações e da Economia, pois, para encontrar soluções conjuntas, ela precisa dialogar com as demais áreas do conhecimento científico para construir a sustentabilidade. A habilidade de conversar com outras áreas do conhecimento e reunir um conjunto de argumentos que conduza à decisão ótima caracteriza a multidisciplinaridade. Você se utiliza da Matemática, do Português, da História, da Biologia, da Química, da Física, da Psicologia, dentre outras ciências para viver em sociedade e tomar suas decisões diárias. Sobre a multidisciplinaridade para a solução de problemas comuns em sociedade, vale lembrar que: por um lado, a Ciência Econômica se utiliza de conhecimentos de outras áreas para explicar e estudar o comportamento econômico. Por outro, também contri- bui de modo multidisciplinar, em conjunto com as demais áreas de conhecimento, para solucionar problemas sociais e buscar a sustentabilidade. Solução é a alternativa encontrada que deriva do processo de tomada de decisão. So- lução ótima é o processo decisório feito da melhor forma envolvendo escolhas de com- portamentos que conduzam à sustentabilidade, isso quer dizer: equilibram relações, sa- tisfação e qualidade. Assim otimizamos tempo, processos e geração de renda, porque nos tornamos mais produtivos sem esquecer dos seres humanos e da felicidade, consi- derando que “o melhor plano de negócios é aquele que ‘remunera’ a sua felicidade”. O desafio está em como medir e, por isso, pensamos no custo de oportunidade. O diálogo entre as pessoas ou com as demais áreas do conhecimento auxilia a to- mada de decisão em meio a inúmeras variáveis do cotidiano. 3 COMPORTAMENTOS ECONÔMICOS EM SOCIEDADE Depois de estudar algumas lógicas e alguns raciocínios do comportamento econômico, é possível avançar na curva de aprendizagem da Economia e compreender como o comporta- mento econômico das partes se revela em sociedade e se organiza em sistemas econômicos. A forma como a sociedade se organiza para escolher o que produzir, para quem pro- duzir e como produzir configura os sistemas econômicos. Como o comportamento hu- mano é cíclico, há limites de produção e alternativas ao incremento da renda (Curva 21Economia e mercado 1de Possibilidade de Produção). No cotidiano, esses movimentos são expressos pela produção e pela remuneração de bens e serviços (Fluxo Circular da Renda). Para entender o comportamento cíclico na Economia, pense em você no dia a dia. Você acorda, ganha produtividade (impulso), atinge o melhor momento do trabalho (equilí- brio), depois cansa e necessita de repouso (saturação). Tanto o sistema econômico quanto as organizações funcionam da mesma forma com relação ao meio de vida e aos investimentos na produção. Quando este ritmo se rompe, há crises no sistema econômico ou nas empresas, que representam mudanças, novos investimentos e estra- tégias para construir o próximo equilíbrio. A ruptura deste ritmo pode ser expressa pela desconexão da produção e da remuneração de bens e serviços. Nas empresas, são momentos de perda de produtividade, mercado ou ineficiência produtiva. 3.1 COMPOSIÇÃO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS E O FLUXO CIRCULAR DA RENDA Os sistemas econômicos se caracterizam pelos agentes que tomam a decisão sobre o que produzir, para quem produzir e como produzir. Para fins didáticos, apresentamos os três principais: Economia de mercado, Economia mista e Economia centralizada (VASCONCELLOS, 2016). ECONOMIA DE MERCADO Na Economia de mercado, que podemos conceber aqui como “sistema capitalista puro”, as decisões são tomadas pelo que conhecemos como “mercado”. De acordo com Mankiw (2013) é o mercado que escolhe o que vai ser produzido, qual tipo de trabalho será formado, quais são suas quantidades etc. Este sistema, também se baseia nos princípios da livre iniciativa e da propriedade privada. O Mercado decide. Então agentes (pessoas) da oferta e da demanda decidem o que produzir, como produzir e para quem produzir ECONOMIA MISTA Já na Economia mista, também capitalista, o mercado também escolhe o que deve- rá ser produzido, contudo com intervenção do governo neste processo. O governo atua diretamente na eleição de prioridades, agindo como uma espécie de “condutor do mercado”. O mercado (pessoas) e o governo decidem o que produzir, como pro- duzir e para quem produzir. ECONOMIA CENTRALIZADA Já no sistema de Economia Centralizada, as decisões sobre o que deverá ser pro- duzido, quanto será produzido e quem consumirá cabe um órgão central de plane- jamento controlado pelo seu governo. Neste sistema, diferentemente do Sistema Capitalista, não há a previsão de propriedade privada, mas sim propriedades de caráter coletivo. A economia no nosso dia a dia 22 1 Só o governo decide o que produzir, como produzir e para quem produzir. Os sistemas econômicos são compostos pelos agentes econômicos (famílias, em- presas e governo), fatores ou recursos de produção, bens e serviços e seus merca- dos (oferta e demanda). De acordo com Vasconcellos (2016), os fatores de produ- ção são: terra, capital, trabalho, capacidade empresarial e tecnologia. Tabela 02. Formas de ordenamento institucional CRITÉRIOS DIFERENCIADORES FORMAS DE ORDENAMENTO INSTITUCIONAL Economia de mercado Sistemas mistos Economia de comando central 1. LIBERDADE ECONÔMICA Ausência de restrições à liberdade econômica. Restrições seletivas à liberdade dos agentes econô- micos. Introdução do conceito de liberdades sociais. Amplas restrições às variadas formas de li- berdade: de ocupação, de empreendimento, de dispêndio e de acumulação. 2. PROPRIEDADE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO Privada, individual ou societária. Coexistência de formas. Coletiva, socializada. Estatizada. 3. SISTEMA DE INCENTIVOS Busca do máximo benefício privado pelos agentes individuais. Submissão do interesse individual privado ao interesse social. Busca do bem comum: o solidarismo e a coo- peração em substitui- ção à competição. 4. COORDENAÇÃO E ALOCAÇÃO DOS RECURSOS Atribuída à livre mani- festação das forças do mercado. Atribuída à atuação conjugada de forças do mercado com planeja- mento público indicati- vo, não impositivo. Atribuída a ordens minuciosas emanadas de centrais de planifi- cação. 5. LOCUS DO PROCESSO DECISÓRIO Os mercados. Os mercados, sob o poder regulatório da autoridade pública. As centrais de plani- ficação, como última instância da organiza- ção burocrática. Fonte: Rosseti (2016, p. 182). Observe a TAB.1: ela demonstra algumas particularidades básicas dos diferentes sis- temas econômicos. Enquanto a Economia de mercado prevê a livre manifestação das forças de mercado, sem qualquer ação que atrapalhe a liberdade econômica do agente econômico em se decidir – livre iniciativa, e tem como sistema de incentivos o benefício privado pelos agentes individuais, a Economia de comando central o sistema de incen- tivos é baseado na busca do bem comum e da cooperação. Neste sistema não existe a propriedade privada, possuindo os meios de produção ca- ráter coletivado, socializado e estatizado, e a alocação dos fatores de produzir (o que será produzido e quem terá acesso ao que será produzido) é determinada por um órgão central de planejamento. 23Economia e mercado 1REFLEXÕES HISTÓRICAS SOBRE SISTEMAS ECONÔMICOS Em uma Economia de Mercado, famílias e empresas decidem o que produzir, para quem produzir e como produzir por meio das forças de oferta e de demanda. Em sua origem e forma mais pura, podemos observar o aspecto liberal das Revoluções Francesa, Burguesa, Inglesa e Industrial. À época, buscava-se o bem-estar econômico pelo livre comércio. Será que hoje em dia essa forma funcionaria para garantir a felicidade de todose, consequentemente, a sustentabilidade? Será que somos capazes de julgar o que é a felicidade do outro? No entanto, as crises do sistema capitalista, a concentração de mercado e a exclusão social mostraram que o bem-estar comum não seria possível por meio de uma competição dos mercados de trabalho e de bens e serviços. Mais adiante, principalmente com a Crise de 1929, a sociedade se conscientizou de que um agente intermediário, o governo, poderia equilibrar o sistema econômico, reduzindo a desigualdade social, de renda, problemas ambientais, dentre outros. Desta forma, constitui-se a economia mista, em que famílias, empresas e governo decidem o que produzir, para quem produzir e como produzir. Politicamente, essa organização da sociedade denomina-se neoliberalismo, ora tendendo a um governo mais centralizado e interventor, ora tendendo a um governo mais liberal. Será que funciona para atingirmos a felicidade e a sustentabilidade? Como cada um de nós se comporta desempenhando papéis que nos permitam alcançar a felicidade? Será que esse conjunto de agentes é capaz de pensar a sustentabilidade ou será que isso depende de cada um de nós? Na economia centralizada, apenas um agente da Economia decide o que será produzido, para quem será produzido e como será produzido. Esse agente é o governo. Aí surge a seguinte questão: será que apenas um agente tem a capacidade de decidir o que é necessário à felicidade de toda a população de um Município, Estado ou País? Será que todos estariam satisfeitos se alguém lhe dissesse o que deve produzir e como deve produzir? Será que apenas um agente consegue ser eficiente para atender a todos os anseios das pessoas de forma a conduzir os indivíduos à felicidade e à sustentabilidade? Politicamente, as formas mais conhecidas deste sistema econômico são o socialismo e o comunismo. Contudo, há também doações e solidariedade. Neste caso, o esforço e a dedicação do tempo podem ser considerados como fatores de produção e contabilizados pelo custo de oportunidade. O produto seria o benefício à sociedade. O simples fato de exercer a cidadania e a democracia é uma atividade que traz benefícios coletivos e contribui para a felicidade e para a sustentabilidade! No conjunto, podemos citar as ações de responsabilidade social, programas de instituições de caridade, religiões, pessoas que se doam sem esperar nada em troca, ONGs, organismos internacionais como ONU, FAO, CEPAL e demais exemplos de doações e ações que permitem equilibrar o bem-estar. O sistema econômico é o meio pelo qual ocorrem os fluxos, as relações e as interações entre os agentes da Economia: as famílias, as empresas e o governo. Tal conjunto de comportamentos o constituem para a produção, transação e remuneração dos bens e serviços. Disso resultam processos desde a origem, a extração dos recursos, até a comercialização e prestação de serviços dos bens. O conjunto de ações orientadas para a produção e remuneração de produtos finais determina a atividade que cada indivíduo exerce na sociedade. A economia no nosso dia a dia 24 1 As pessoas detêm os meios (fatores) de produção e, por isso, ofertam e demandam, em forma de organizações, os fatores de produção. Organizações de pessoas podem ser as famílias, as empresas ou o governo. Quando as organizações demandam os fatores de produção, elas são remuneradas. O nome da remuneração do fator terra é aluguel; do fator capital são juros; do fator traba- lho é salário; do fator capacidade empresarial é lucro; do fator tecnologia são royalties (VASCONCELLOS, 2016). Tabela 03. O nome da remuneração FATOR DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO Trabalho Salário Capital Juros Terra Aluguel Tecnologia Licenças/Royalties Capacidade Intelectual Lucros Fonte: Vasconcellos (2016). Apesar de nos livros a visão da remuneração ainda ser classificada conforme o parágra- fo anterior, note que todas são formas de renda. O capital ainda pode ser tratado como lucro, de acordo com o comportamento das organizações, mas essa remuneração do processo produtivo pode ser entendida como renda. A renda é resultado de um esforço produtivo, seja de uma pessoa, do governo, de uma organização ou de uma empresa. O que são “remunerações”? Na sociedade em que vivemos há um meio de troca, a mo- eda, que nos garante a sobrevivência. Então, normalmente, toda atividade, toda oferta de fatores ou oferta da produção, bens e serviços deve ter remuneração. Fatores de produção ou recursos produtivos são os meios de produção de bens e ser- viços. Pessoas não são bens, no entanto, são fatores de produção. Pessoas trabalham e são classificadas como um fator humano de produção, tanto quanto a capacidade empresarial. As pessoas agem, realizam ações, comportam-se e, por isso, adquirem ou produzem bens e serviços. Uma boa alocação de fatores de produção é estratégia essencial para qualquer empresa. Veja a notícia a seguir e verifique os motivos que levaram empresas de aviação dos Estados Unidos a optarem por aviões mais velhos do que mais tecnológicos. COMPANHIAS AÉREAS RICAS AUMENTAM COMPRAS DE AVIÕES USADOS A Southwest e suas concorrentes americanas — agora cheias de dinheiro após obterem lucros recorde no ano passado — estão vasculhando os países em desenvolvimento atrás de aviões de segunda mão em um momento em que o combustível barato torna mais econômica a operação de aeronaves mais antigas e menos eficientes. Isto contraria o tradicional fluxo de aviões de segunda mão 25Economia e mercado 1das empresas aéreas norte-americanas para seus pares dos países emergentes e torna um mercado já volátil para a Boeing e a Airbus mais imprevisível. “Se você tem muitos aparelhos com asas, é provável que esteja tentando vendê-los nos EUA agora mesmo”, disse George Ferguson, analista sênior de transporte aéreo da Bloomberg Intelligence. O que impulsiona a mudança é o colapso dos preços do petróleo. Enquanto a queda das commodities prejudicou Economias como a Rússia e o Brasil, os custos mais baixos do combustível ajudaram as empresas aéreas dos EUA a arrecadarem quase US$ 19 bilhões no ano passado. De acordo com Mankiw (2013), quando as empresas ofertam bens e serviços, dese- jam receber uma remuneração. Um preço que será pago pelo bem ou pelo serviço. No conjunto, ou pela soma de todos os entrelaçamentos de cadeias produtivas de todas as atividades econômicas, forma-se o Fluxo Circular da Renda (ver figura a seguir). Ele é a complementaridade entre o processo de produção de bens e serviços, desde a origem dos fatores de produção até o bem ou serviço final, e suas respectivas remunerações. Figura 04. Fluxo circular da renda Receita Salários, aluguel e lucros = Fluxo real (bens e serviços) = Fluxo monetário Produtos e serviços MERCADO PARA BENS E SERVIÇOS • Empresas vendem; • Famílias compram; EMPRESAS • Produzem e vendem bens e serviços; • Demandam fatores de produção; FAMÍLIAS • Comparam e consu- mem bens e serviços; • Vendem seus fatores de produção; MERCADO PARA FATORES DE PRODUÇÃO • Famílias vendem; • Empresas compram; Fatores de produção Trabalho, terra e capital Produtos e serviços comprados Gastam Renda Nesse sentido, formam-se dois mercados: Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Mercado de fatores de produção - Há a oferta e a demanda por terra, capital, tra- balho, capacidade empresarial e tecnologia. Mercado de bens e serviços - Ofertam-se os produtos e os serviços produzidos por meio do uso dos fatores de produção. A economia no nosso dia a dia 26 1 Essa organização composta por agentes, fatores de produção, bens e serviços e mer- cados determinam os sistemas econômicos. Eles conformam uma interação entre os agentes da Economia por meio dos mercados e de diretrizes políticas, determinando de qual forma será a atividade econômica. QUANDO O DINHEIRO CIRCULA, NÃO HÁ CRISE! Em uma pequena cidade do interior do Brasil, os habitantes estão endividados, e vivendo à custa de crédito. Por sorte chega umestrangeiro e entra no único hotel da cidade. O hóspede saca uma nota de R$ 100,00, põe no balcão e pede para ver um quar- to. Enquanto ele vê o quarto, o gerente do hotel sai correndo com a nota de R$ 100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro. O açougueiro, por sua vez, pega a nota e vai até um criador de suínos a quem deve e paga toda sua dívida. O criador pega também a nota e corre ao veterinário para liquidar sua dívida. O veterinário, com a nota de R$ 100,00 em mãos agora, vai até o fornecedor de vacinas e paga tudo o que está devendo. O fornecedor, que estava devendo a hospedagem do representante da empresa fabricante de vacinas no único hotel do município, sai com o dinheiro em direção ao hotel e paga a conta de R$ 100,00. Nesse momento, o hóspede chega novamente ao balcão, pede sua nota de R$ 100,00 de volta, agradece, diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade. Moral da história: ninguém ganhou um vintém, porém agora todos saldaram suas dí- vidas e começam a ver o futuro com confiança! Quando dinheiro circula, não há crise! Você participa diretamente do Fluxo Circular da Renda. Vamos a um exemplo? Imagine que você trabalha em alguma empresa do ramo alimentício que faz chocolates. Você diariamente oferece seu trabalho (que chamamos de Fator de Produção Trabalho) para esta fábrica. Seu empregador, por sua vez, para produzir os chocolates demanda (precisa) de seu trabalho. No final do mês, seu patrão lhe remunera por meio de seu salário, conforme contrato salarial. Com este salário, sabendo que a fábrica oferece descontos atrativos para seus funcionários, você adquire uma série de chocolates para você presentear seus parentes e seus amigos. Você viu como funciona o ciclo? Você vende seu Fator de Produção Trabalho no Mer- cado que Trabalho, que, por sua vez, é comprado pelo seu patrão. Você, mediante os 27Economia e mercado 1seus salários, satisfaz suas necessidades no mercado de bens e serviços, que são remunerados pela renda de seu salário. Você viu como é importante que a Economia siga esse fluxo? Algumas pessoas de- nominam esse fluxo como “giro”, isto é, quanto mais a “Economia gira” (mais o fluxo funciona), mais forte e mais dinâmica é esta Economia. 3.2 OS LIMITES DA PRODUÇÃO E ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO Tanto a Curva de Possibilidade de Produção (CPP ou FPP) quanto o Fluxo Circular da Renda podem expressar as saturações e os limites da atividade econômica. As estra- tégias de superação dos limites da produção estão relacionadas ao uso de técnicas e conhecimentos de modo interativo (tecnologia) para encontrar alternativas ao equilíbrio, também entendido como o ótimo de produção de um próximo período de tempo. Vamos a nosso exemplo de Curva de Possibilidade de Produção (CPP). Imagine que determinado país – País A – produz apenas dois produtos: alimentos e máquinas. Todos os seus fatores de produção (terra, capital, tecnologia, trabalho etc.) são destinados apenas para produzir esses dois produtos. Também consideramos que esse país não participa do comércio exterior (não compra e nem vende para nenhum outro país). Tabela 01. CPP do País A Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Quantidade de máquinas (em mil unidades) 30 CPP D 15 9 0 20 28 40 Produção impossível Quantidade de alimentos (em t) Produção pos- sível, mas não eficiente! A C B Linha de produção possível Observe que o gráfico 1 demonstra a CPP do país A. Observe a linha de produção possível, linha na qual estão posicionados os pontos A e B. No decorrer desta linha, todos os fatores de produção estão sendo utilizados. Assim, não há ociosidade, ou seja, tudo o que estiver acima desta linha não gera máquina desligada ou mão de obra sem trabalho, por exemplo. Todos os pontos de produção que estiverem acima desta linha são considerados óti- mos, uma vez que todos os fatores de produção estão sendo alocados de maneira plena. Sendo assim, os pontos A e B são ótimos, isto é, eles são equivalentes do ponto de vista produtivo. A economia no nosso dia a dia 28 1 Nestes dois pontos estão sendo alocados todos os fatores de produção disponíveis na Economia do País A, alterando apenas a quantidade de produção de máquinas e alimentos. O ponto C do gráfico – que produz 9 mil máquinas e 20 toneladas de alimentos – não é eficiente, uma vez que gera ociosidade na Economia do País A. Neste nível de produção certamente alguém ficará sem trabalho ou alguma terra ficará ociosa (improdutiva). Custo de Oportunidade como Base de Decisão Ótima e a Necessidade do Crescimento Econômico Custo de oportunidade é aquilo que se deixa de fazer por causa de uma escolha que você realiza. Se você decidiu estudar, está deixando de fazer outras inúmeras coisas. Comparati- vamente, essa sua opção levou em consideração o custo de oportunidade. O uso do tempo implica em uma decisão ótima para o momento, e entre todas as alternativas que você tem para dedicar o seu tempo, preferiu estudar. Você tem seus próprios motivos para tomar essa decisão e ela lhe trará a maior satisfação, seja no momento em que estuda ou no momento que puder colher os frutos desse investimento. Nesse sentido, o custo de oportunidade pode ser medido em termos monetários. Utilizar recursos finan- ceiros para estudar é deixar de utilizar esse dinheiro para o consumo de outros bens, serviços ou poupança. A decisão de posicionamento no mercado de trabalho, escolha profissional, abertura de um negócio ou investimento de ampliação também envolve um custo de oportunidade. Em estudos de análise de viabilidade econômica e financeira, há o cálculo do retorno sobre o investimento Taxa Interna de Retorno (TIR), o tempo de retorno do investimento (payback) e o cálculo do ponto de equilíbrio. Para obter a decisão ótima, procure incluir o custo de oportunidade, também chamado de custo do capital investido em outra forma de poupança, projeto ou remuneração. Quando você inclui o custo de atratividade do capital nas suas decisões, você maximiza a satisfação propiciada pela escolha. Talvez a TIR seja um pouco inferior, o retorno sobre o investimento leve um pouco mais de tempo e o ponto de equilíbrio fique um pouco maior. Contudo, você estará realizando um investimento mais consistente, de modo mais prudente e, ainda, remunerando a sua qualidade de vida. Essa consideração tende a conduzir o seu investimento a momentos ótimos mais duradouros, pelos ganhos de produtividade oriundos da procedência do investimento, do bem-estar e da valorização da cultura organizacional. Normalmente, nas empresas, as demonstrações financeiras de resultado anseiam por necessidades imediatas de apresentação de “lucro” ou retornos sobre vendas e acabam sobrecarregando as organizações. Isso funciona como um “consumismo” organizacio- nal que tende a ter um retorno “efêmero” sobre o investimento realizado. Os momentos de equilíbrio e produtividade tendem a ter menor durabilidade e a rotatividade de pes- soal tende a ser maior. Os resultados dessa sobrecarga podem ser negativos ou gerar prejuízos às organizações. Nesse sentido, como contraposição ao risco e à incerteza, vale pensar no planejamento de longo prazo, observando os movimentos da sociedade. 29Economia e mercado 1Uma empresa de sucesso é aquela que se adapta às mudanças sociais. Uma em- presa dinâmica capaz de pensar a sua sobrevivência em conjunto com as demais organizações públicas, privadas e da sociedade civil organizada. Por vezes, a alter- nativa de sobrevivência atrela-se à opção de estabelecer uma relação com órgãos de classe ou com a universidade para garantir pesquisa e estudos que conduzam à qualidade e à produtividade. Mas, decidir sobre o custo de oportunidade implica em trabalhar com inúmeras variá- veis e também com a elaboração de cenários. ` Quantas variáveis influenciam as nossas decisões diárias? ` Também imagine que as variáveis estão constantemente oscilando. ` Como tomar decisão com inúmeras variáveis que oscilamconstante e concomi- tantemente? Vamos voltar ao nosso modelo hipotético para entender melhor sobre o custo de oportu- nidade. Observe agora o gráfico 2: ele demonstra o custo de oportunidade em se decidir produzir as primeiras 20 toneladas de alimentos no país, se o País A desejar produzir apenas máquinas, ele poderá produzir 30 mil máquinas e nenhuma tonelada de alimento. Tabela 02. Custo de oportunidade de produção no país A Quantidade de máquinas (em mil unidades) Produzir as primeiras 20 toneladas de alimento... Custou a produ- ção de MENOS 5 mil máquinas Produzir MAIS 20 toneladas de alimentos... ...requer mais de 25 mil máquinas CPP 01 5 10 15 20 25 30 35 02 03 04 05 0 Quantidade de alimentos (em t) Contudo, caso deseje produzir as primeiras 20 toneladas de alimento, e coeteris paribus (os fatores de produção permanecendo constantes, sem mudança significativa, nem au- mentando e nem diminuindo), parte dos recursos produtivos que anteriormente estavam destinados para produção apenas de máquinas, como trabalhadores e máquinas, por exemplo, são destinados para produzir alimentos. Assim, neste caso, podemos conside- rar que a produção das 20 toneladas de alimento “custou produzir menos 5 mil máquinas”. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). A economia no nosso dia a dia 30 1 Como já mencionado anteriormente neste capítulo, a Economia é a “ciência das esco- lhas”. A decisão entre o que produzir e quanto produzir depende da decisão dos agentes econômicos (famílias, governos e empresas). O modelo acima apresentado nos ajuda a entender a problemática da decisão econômica, isto é, a decisão de produzir deter- minado produto ou serviço gera um custo de oportunidade em não se produzir um ou mais produtos e serviços. Tabela 03. Crescimento econômico do país A Quantidade de máquinas (em mil unidades) Quantidade de alimentos (em t) Original CPP Nova CPP A E 01 5 10 15 20 25 30 35 02 03 35 40 500 Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Entretanto, continuando com nosso modelo hipotético, como este país poderia pro- duzir as 20 toneladas de alimento, sem a necessidade de diminuir a quantidade de produção de máquinas? Isto aconteceria apenas por meio do aumento da capacidade produtiva, que acontece apenas com aumento dos fatores de produção. Voltemos ao nosso modelo hipotético do País A. Observe o gráfico 3. No ponto A do gráfico, o país consegue produzir 20 toneladas de alimento e 25 mil máquinas e, no ponto E, 25 toneladas de alimento e 30 mil máquinas. Contudo, o ponto E só será produzido se houver aumento na quantidade de fatores de produção disponíveis. Isto é, a produção no ponto E só será possível se a nova CPP for gerada, seja por meio de incremento de tecnologia ou pelo aumento no volume de capital disponível, por exemplo. 3.3 ARGUMENTO POSITIVO E NORMATIVO COMO PLANEJAMENTO DINÂMICO Argumentos positivos são aqueles que descrevem os fatos ou os comportamentos como eles são, como eles ocorreram ou como serão. Já os normativos são aqueles que 31Economia e mercado 1julgam os fatos ou os comportamentos que ocorrem, ocorreram ou ocorrerão. Exemplo: “Ocorreu isto (argumento positivo) mas isto deveria ter ocorrido de outra forma (argu- mento normativo)”; “Eu me comportei assim (argumento positivo), mas deveria ter me comportado de outra forma (argumento normativo)”. Ao pensar em argumentos para os fatos você aprende e melhora o seu processo de tomada decisão para o próximo período de tempo. Lembre-se de que não é possível alterar os fatos, mas a forma como você se comporta em relação a eles para seu apren- dizado e posicionamento em situações futuras pode ser alterado. O comportamento humano é imprevisível e você pode escolher sobre a adequação de comportamento futura em relação aos fatos, que ocorrerão. Isto é uma reflexão para o planejamento estratégico pessoal, profissional e organizacional. O processo de planejamento inicia-se com a descrição dos fatos, também chamado de diagnóstico (argumento positivo). Depois vêm as normatizações, os julgamentos de valor e a reflexão de como deveriam ter ocorrido (argumento normativo). Houve um aprendizado para a adequação do planejamento nos próximos períodos de tempo, que envolve adequação de instrumentos e de comportamentos que serão adotados para atingir as metas e os objetivos. Tanto os instrumentos quanto os comportamentos de- vem estar de acordo com a missão e com a visão organizacional. Quando alinhados aos anseios da sociedade, trarão otimização, qualidade, produtividade e um momento mais duradouro de sucesso na realização organizacional. Pensar sobre a Economia de modo geral também envolve planejamento. No Brasil, hoje, esse planejamento é realizado pelo governo, por meio do Plano Plurianual (PPA) e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei Orçamentária Anual (LOA). Con- tudo, o Planejamento Econômico, ou o Planejamento de Estado da Sustentabilidade, depende de todas as áreas do conhecimento e, na prática, do comportamento individual e organizacional de cada parte do tecido social. Os instrumentos de Política Macroeconômica e de Políticas Públicas podem sofrer adaptações de acordo com a percepção das pessoas sobre as mudanças do comporta- mento humano em sociedade (mudança social). Tanto o planejamento público, quanto o privado e o pessoal devem ser dinâmicos para acompanhar a dinâmica da sociedade. Isso implica em revisar constantemen- te: metas, objetivos, condutas, comportamentos e manter um alinhamento com os valores, os princípios e as diretrizes de comportamentos à sustentabilidade. CONCLUSÃO Economia é uma ciência e, como tal, tem suas metodologias e particularidades. Nesta Unidade você estudou os princípios fundamentais da Ciência Econômica, suas princi- pais questões e seus métodos. Lembre-se: Economia é uma Ciência Social que tem como grande desafio entender as decisões humanas acerca do que produzir, quanto produzir e para quem produzir. Nada mais do que entender o comportamento humano e de suas organizações acerca A economia no nosso dia a dia 32 1 de suas prioridades e de suas preferências, intermediado sempre por questões sociais, psicológicas e políticas. O problema econômico é sempre multidisciplinar e tem inúmeras variáveis e perspec- tivas. E, por mais complexo que pareça, deve ser sempre amplamente discutido por todos nós, independentemente da nossa formação e cultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 6. ed. São Paulo: Cencage Learning, 2013. 2. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Mar- co Antonio Sandoval (Org.). Manual de Economia (Equipe dos professores da USP). 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 3. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução a Econo- mia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 4. ________. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 5. SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialis- mo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. 6. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Eco- nomia: micro e macro: teoria e exercícios. São Paulo: Atlas, 2016. 33Economia e mercado 1 34 2 Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia UNIDADE 2 COMO OS MERCADOS FUNCIONAM? FUNDAMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A MICROECONOMIA Introdução Nesta Unidade, você aprenderá sobre alguns aspectos básicos do funcionamento dos mercados. Segundo Mankiw (2013) um mercado é um grupo de compradores e vende- dores de determinado bem ou serviço. “Os compradores, como grupo, determinam a demanda pelo produto e os vendedores, também como grupo, determinam a oferta do produto” (MANKIW, 2013, p. 64). De acordo com Vasconcellos (2013), a microeconomia é a parte da Ciência Econômica que tem como objetivo de estudo o comportamento das famílias e das empresas e os mercados nos quais operam. Neste primeiro tópico, serão abordados os elementos essenciais da oferta e da deman- da. Trataremos, portanto, das teorias que regem seu comportamento e deque forma se processa o equilíbrio de mercado. Vamos aprender um pouco mais sobre a microeconomia? Neste primeiro tópico, serão abordados os elementos essenciais da oferta e da demanda. Trataremos, portanto, das teorias que regem seu comportamento e de que forma se processa o equilíbrio de mercado. Vamos lá! 1. FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA O estudo da disciplina Economia e Mercado foca na interação dos agentes (famílias, empresas e governo) no mercado em que estão inseridos. A famosa premissa de que, no sistema econômico, os recursos são escassos e as necessidades, ilimitadas, é o elemen- to norteador para a necessidade de se compreender os conceitos de oferta e demanda. A escassez de uma determinada mercadoria está relacionada com o fato de que todos os recursos existentes no mundo, sejam eles recursos naturais, humanos ou o capital que será utilizado na produção, estão disponíveis em quantidade limitada, ou então seu uso está restrito em função de direitos de propriedade. Esta quantidade limitada de recursos acaba tendo como estabilizador o preço, fazendo com que seja a restrição, e não a necessidade, que determine o valor de um recurso. Vejamos alguns exemplos práticos: o ar e a água, dois elementos fundamentais para a sobrevivência humana. No atual contexto de crescente degradação ambiental, o ar ainda continua a ser um bem disponível em quantidade adequada a todos, mas a água, 2 Economia e mercado 35 que há algumas décadas era um bem considerado extremamente abundante e, por isso, de valor ínfimo, vem apresentando um crescente aumento em seu valor. No século XIX, bastava estar próximo a um rio que era possível obter água potável sufi- ciente para as necessidades da população, mas o incremento desta mesma população, associado ao uso inadequado dos recursos hídricos, faz com que, pouco a pouco, a água se torne um recurso escasso. Por outro lado, as necessidades humanas estão presentes no mundo em quantidade ilimitada. Nossas necessidades se modificam, aumentam e são criadas constantemente. No final do século XIX, a transmissão de cultura e as atividades de lazer consistiam em cultura oral, música ao vivo, teatro e literatura, quando, em 1895, surge o cinema para se aliar a estas atividades culturais. No início do século XXI, o cenário cultural incorpora ou- tras atividades, como internet, apresentações musicais gravadas e replicadas inúmeras vezes, jogos de videogame, entre muitas outras possibilidades. Em pouco mais de cem anos, houve uma mudança radical em termos de possibilidades de lazer, e estas possi- bilidades estão sempre em mutação para atender as preferências que os indivíduos têm em relação aos produtos. Este tipo de necessidade é chamado de necessidade individual. SÉCULO XIX SÉCULO XXI Cultura oral, música ao vivo, teatro, literatura e ci- nema. Internet, apresentações musicais gravadas e repli- cadas inúmeras vezes, jogos de videogame, entre muitas outras possibilidades. A abordagem microeconômica tem seus fundamentos na microeconomia clássica, de- senvolvida no século XIX. Envolve a análise do comportamento dos agentes econômicos que buscam sempre maximizar seus ganhos. As palavras de Adam Smith no livro que, pela primeira vez, sistematiza o pensamento econômico, “A Riqueza das Nações”, são extremamente im- portantes para nos mostrar os fundamentos do liberalismo econômico: Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que espe- ramos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios interesses. Nós nos dirigimos, não à sua humanidade, mas ao autoamor, e falamos com eles não sobre nossas necessidades, mas sobre suas vantagens. SMITH (apud HIMA, 1990, p. 100) ADAM SMITH (1723 — 1790) Filósofo escocês considerado o fundador da Ciência Econômica ao publicar, em 1776, o livro “A Riqueza das Nações”. Antes da publicação deste livro, concentrou seus esforços em estudar os valores éticos e a filosofia moral. Segundo Smith, “o objetivo da filosofia moral é a felicidade e o bem-estar” (RIMA, 1990, p. 99). Assim, ao procurar o conhecimento a respeito do bem- estar, Smith desenvolveu seu estudo sobre o funcionamento da economia com ênfase em alguns aspectos, como: produção, produtividade, divisão do trabalho, uso da moeda e o argumento da liberdade econômica, no sentido de que o comércio exterior é benéfico ao ampliar o mercado consumidor para a produção (RIMA, 1990). 36 2 Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia A visão microeconômica está ligada à noção de equilíbrio e maximização de ganhos. VISÃO MICROECONÔMICA ` Ligada à noção de equilíbrio e maximização de ganhos. ` Equilíbrio do consumidor, que ocorre quando o consumidor maximiza sua sa- tisfação. ` Equilíbrio do produtor, aquele no qual o produtor maximiza seu lucro. ` Análise de equilíbrio geral, em que os mercados são analisados simultanea- mente. Na análise microeconômica, os mercados são analisados a partir de uma visão parcial, setor a setor, agente a agente e na qual a eficiência econômi- ca do mercado prevalece sem que seja necessária a interferência do governo. A seguir iremos desenvolver os dois princípios econômicos fundamentais: a Demanda e a Oferta. 1.1 LEI DA DEMANDA A demanda está ligada ao desejo que o consumidor tem de satisfazer suas necessida- des, ou seja, é a relação entre as quantidades que o consumidor está disposto a adquirir e o preço que está disposto a pagar. Um sinônimo bastante comum para demanda é o termo “procura”. Portanto, sempre que estivermos analisando a demanda, estamos tratando da procura ou busca de um ou mais produtos por parte dos consumidores. Demanda: também pode ser definida como “um desejo de adquirir, […] um plano, e não sua realização” (MONTORO FILHO, 2011). Cesta de consumo: estão relacionadas com o conjunto de produtos capaz de atender da melhor maneira aos desejos e necessidades dos consumidores. Em outros termos, a análise da demanda ocorre a partir da busca que os consumidores fazem para satisfazer suas necessidades em um determinado período. Podemos perceber que existem alguns fatores que interferem de forma decisiva no processo de satisfação do consumidor ao comprar determinado produto. Sabemos que o consumidor irá realizar o processo de escolha de sua cesta de consumo, buscando atingir o maior nível de satisfação possível. As condições para a escolha de um bem e das respectivas quantidades a serem consu- midas dependerá de quatro fatores: 2 Economia e mercado 37 ` Preço do bem cujo mercado está sendo analisado; ` Renda do consumidor; ` Preço de outros bens que se relacionam, de alguma forma, com o bem analisado; ` Gostos e preferências individuais. Resumindo: Figura 01. Fatores relevantes para a escolha de um bem e sua respectiva quantidade ESCOLHA DO BEM QUANTIDADE INTERDEPENDÊNCIA * Preço de mercado; * Preço de produtos similares; * Renda do consumidor; * Gostos e preferências. Vejamos cada um destes fatores individualmente. Fonte: Elaborado pelos autores. PREÇO DO BEM De todos os fatores, talvez o preço seja o que possa ser melhor com- preendido, pois a própria experiência prática nos diz que os consumidores, em sua ampla maioria, escolhem a quantidade que irão consumir a partir do preço do seu produto. A relação entre quantidade e preço, na visão do consumidor, representa uma relação inversa, ou seja, quan- do o preço de um produto aumenta, a quantidade demandada deste produ- to diminui, e quando o preço do pro- duto cai, a quantidade demandada deste produto aumenta. Fonte: Elaborado pelos autores. P é o preço e QD é a quantidade demandada de um produto. ouP PQD QD Preço Quantidade Representado por: Representado por: P QD Figura 02. Relação entre quantidade e preço Vejamos como isto acontece na prática. Quando o preço do tomate aumenta, os con- sumidores evitam o consumo deste produto. Esta é a lógica da influência que o preço exerce sobre a quantidade demandada. Outro exemplo:
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