Buscar

PMSUS - Oficina 2 (3 Período)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
1 
 
PMSUS – Oficina 2 
EPIDEMIOLOGIA E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE . 
1. APRESENTAR A HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
(CONCEITO, FASES, PERÍODOS, AGENTES, 
HOSPEDEIROS, AMBIENTE). 
O desenvolvimento do modelo de História Natural da 
Doença está relacionado ao conceito de constituição 
epidêmica, que referia-se a um conjunto de condições 
chamadas “atmosférico-cósmico-terrestres” que 
determinava que algumas doenças ocorressem em 
determinadas condições. Apesar dos seus limites, o modelo 
de HND, com adaptações e aperfeiçoamentos, acabou 
por ser definitivamente incorporado à medicina e 
à saúde pública no mundo e no Brasil, e tem sido 
amplamente utilizado para a sistematização de 
conhecimentos, para a organização de ações preventivas em 
programas e serviços de saúde e para o 
ensino das relações entre epidemiologia, prevenção 
e promoção da saúde na formação de profissionais 
em diferentes áreas. 
PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO E PATOGÊNICO 
O esquema HND permite distinguir analiticamente dois 
períodos envolvidos na gênese e desenvolvimento dos 
adoecimentos: pré-patogênico e patogênico. 
O período pré-patogênico refere-se aos determinantes que 
potencializam o surgimento da doença; 
o período patogênico diz respeito às evoluções 
possíveis da doença em curso. 
No período pré-patogênico, distinguimos três grupos 
de fatores determinantes: 
• Fatores relativos ao agente. 
• Fatores relativos ao hospedeiro. 
• Fatores relativos ao meio. 
O período pré-patogênico se caracteriza por existência de 
fatores de risco e proteção em processo dinâmico que 
definem a chance da doença ocorrer. 
O conhecimento dos aspectos relativos ao agente, 
hospedeiro e meio é, como pode ser visto, fundamental para 
a prevenção. Quanto melhor os conhecermos 
maior será nossa chance de intervir positivamente, 
evitando a ocorrência de agravos e favorecendo 
modos de vida mais saudáveis. 
Fatores hereditários, congênitos ou adquiridos a partir de 
doenças anteriores configuram-se como pré-condições 
internas para a gênese da doença. 
No período patogênico distinguimos quatro fases 
de evolução: 
• A patogenia inicial, ou período de alterações 
pré-clínicas. 
• A patologia precoce, após a doença transpor o 
horizonte clínico, isto é, após o aparecimento 
de sintomas e/ou sinais perceptíveis à observação 
comum. 
• A doença avançada, quando a síndrome e as 
alterações morfo-funcionais mais características da 
doença já estão plenamente instaladas. 
• O desfecho, isto é, o modo como o processo 
deadoecimento se resolve ou estabiliza. 
NÍVEIS DE PREVENÇÃO 
Leavell e Clark articularam ao modelo de HND a 
sistematização das diferentes oportunidades de 
prevenção que se abrem a cada momento da evolução de 
uma doença. Agrupam, então, as ações de 
prevenção segundo três fases, correspondentes a 
cada um dos períodos de evolução da doença definidos no 
modelo de HND, conforme representado 
na Figura 1 abaixo. Essas três fases da prevenção 
– primária, secundária e terciária – admitem ainda 
subdivisões internas, a partir das quais definem-se 
cinco níveis de prevenção. 
 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
2 
 
2. DIFERENCIAR OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO EXISTENTES 
(PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO, TERCIÁRIO , QUATERNÁRIO). 
A prevenção primária refere-se a ações relacionadas 
aos determinantes de adoecimentos ou agravos que 
incidem sobre indivíduos e comunidades de modo 
a tentar impedir os processos patogênicos antes 
que eles se iniciem. Refere-se, portanto, ao período 
pré-patogênico do modelo da HND, e diz respeito 
a ações voltadas à intervenção sobre os agentes 
patógenos e seus vetores, sobre os hospedeiros, 
ou indivíduos e comunidades, e sobre o meio que 
os expõe a esses patógenos. 
A prevenção primária subdivide-se, por sua vez, 
em dois níveis: a promoção da saúde e a proteção 
específica. 
PROMOÇÃO DA SAÚDE 
Esse primeiro nível de prevenção refere-se às ações 
que incidem sobre melhorias gerais nas condições de 
vida de indivíduos, famílias e comunidades, beneficiando a 
saúde e a qualidade de vida de modo geral, 
obstaculizando um grande número de diferentes processos 
patogênicos. Alguns exemplos de ações de 
promoção da saúde que, ao longo do tempo, foram 
sendo incorporados às práticas de prevenção são: 
saneamento básico, com distribuição de água potável 
e esgotamento sanitário; disposição e coleta de lixo 
adequadas; boas condições de moradia, nutrição, 
trabalho e transporte; acesso a serviços, informações e 
insumos em educação, saúde, lazer e cultura; 
controle da qualidade do ar, do nível de ruído, da 
radiação e de outras fontes de poluição ambiental; 
regulação dos espaços públicos em relação à segurança 
quanto a acidentes e violências; promoção e 
proteção dos direitos humanos entre outros. 
PROTEÇÃO ESPECÍFICA 
Este nível de prevenção também se refere às ações 
que incidem no período pré-patogênico, isto é, ações 
que querem se antecipar à instalação dos processos 
patogênicos. A diferença é que aqui as ações são dirigidas a 
grupos específicos de processos saúde-doença. 
As ações de proteção específica também podem ser 
dirigidas primordialmente ao agente, ao hospedeiro ou 
ao meio. O exemplo clássico de ação preventiva para 
proteção específica é a vacinação, ação que imuniza 
os suscetíveis contra um agente infeccioso, reduzindo 
as chances de que, ao entrar em contato com esse 
agente, os indivíduos sejam infectados, adoeçam, ou 
desenvolvam formas graves da doença. Outra ação de 
proteção específica voltada para agentes infecciosos 
é a quimioprofilaxia, como a prescrição de izoniazida 
a alguns contactantes de pacientes com tuberculose 
pulmonar, ou rifampicina para os contactantes de 
doença meningocócica, ou de AZT para recém-nascidos 
de mães infectadas pelo HIV etc. 
Podemos, ainda, citar como exemplos de medidas de 
proteção específica, o combate aos criadouros domiciliares 
do aedes aegypti para o controle da dengue; 
a fluoração da água para o combate à cárie dentária; 
adição de iodo ao sal para combate do bócio endêmico; 
a distribuição de camisinhas para a prevenção das 
doenças sexualmente transmissíveis; fornecimento de 
material de injeção descartável a usuários de drogas para 
reduzir a transmissão de aids e hepatites; controle de 
bancos de sangue para prevenir doenças transmitidas 
por sangue e hemoderivados; medidas ergonômicas 
no ambiente de trabalho para reduzir a ocorrência de 
acidentes; obrigatoriedade do uso do cinto de segurança 
para redução de morbi-mortalidade em acidentes de 
trânsito; adoção de legislação punitiva específica para 
coibir a violência doméstica dentre outras. 
A prevenção secundária atua no período patogênico, 
isto é, nas situações onde o processo saúde-doença 
já está instaurado. Ela visa, fundamentalmente, dois 
objetivos. Um deles é propiciar a melhor evolução 
clínica para os indivíduos afetados, conduzindo ao 
máximo o processo para os melhores desfechos, de 
preferência evitando a transposição do horizonte 
clínico ou, pelo menos, minimizando a sintomatologia. 
O outro é interromper ou reduzir a disseminação do 
problema a outras pessoas. Para atingir esses objetivos, são 
definidos também dois níveis de prevenção 
de fase secundária. 
DIAGNÓSTICO PRECOCE E TRATAMENTO IMEDIATO 
O primeiro nível de prevenção secundária está localizado no 
período anterior ao horizonte clínico, que 
se caracteriza pela fase de incubação. As medidas de 
diagnóstico precoce e tratamento imediato, como o 
próprio nome indica, devem detectar o mais rapidamente 
possível processos patogênicos já instalados. 
Assim, mesmo antes de um agravo em curso cruzar 
o horizonteclínico, já é possível, em muitos casos, 
diagnosticá-lo e adotar medidas protetoras para os 
indivíduos afetados e para terceiros. 
Exemplos de ações de diagnóstico precoce são os 
rastreamentos, ou screenings. A busca ativa de contactantes 
ou suscetíveis a partir de um diagnóstico de doença 
infecciosa é também uma relevante 
medida de prevenção secundária. 
Há ainda diversos outros rastreamentos, para além 
daqueles vinculados à vigilância epidemiológica de 
doenças infecciosas, que, com maior ou menor grau 
de evidência, demonstram beneficiar a prevenção 
de agravos entre indivíduos e comunidades, como 
o exame de Papanicolau entre mulheres sexualmente ativas, 
a mamografia em mulheres acima de 
cinquenta anos ou de alto risco (história prévia ou 
familiar próxima), dosagem de glicemia e colesterol em 
indivíduos obesos ou com história de risco 
aumentado para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, 
aferição da pressão arterial em adultos 
etc. É preciso lembrar que este nível de prevenção 
é extremamente importante para a saúde pública. 
Embora, em termos ideais, o período pré-patogênico 
constitua o melhor momento para a prevenção, o 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
3 
 
fato é que ações de prevenção primária são, muitas 
vezes, de uma amplitude e natureza tais que implicam 
investimentos caros e retornos de longo prazo. Nessas 
situações, a prevenção secundária pode assumir 
um caráter estratégico, permitindo focalizar locais 
e pessoas mais suscetíveis, o que favorece a efetividade das 
ações de saúde enquanto não se logra 
realizar os controles mais radicais, relacionados à 
prevenção primária. 
LIMITAÇÃO DE INCAPACIDADE 
Este nível de prevenção refere-se às medidas aplicadas aos 
casos que já ultrapassaram o horizonte clínico, encontrando-
se o processo de adoecimento 
plenamente instalado. O impacto das ações de prevenção 
neste nível tende a ser menor, mas nem por 
isto menos relevantes. Aqui o objetivo é cuidar dos 
casos com os mais eficazes e adequados recursos 
para que o curso clínico possa ter, com foco para 
a cura total ou com poucas sequelas, ou reduzir e 
retardar ao máximo as complicações clínicas, nos 
casos de condições crônicas (como hipertensão primária, 
diabetes mellitus, certos distúrbios mentais) 
ou cronificadas com recurso a suportes terapêuticos 
(como a aids ou algumas doenças autoimunes). Assim, 
um cuidado integral, de natureza interdisciplinar, com 
alta qualidade técnica, sensível às necessidades e 
condições físicas, emocionais e sociais dos indivíduos, 
famílias e comunidades torna-se um instrumento da 
maior relevância, demonstrando a estreita relação 
entre assistência à saúde e prevenção. 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
Este quinto nível de prevenção refere-se, finalmente, 
ao momento em que o processo saúde-doença alcançou um 
termo final ou uma forma estável de longo 
prazo, a cura com seqüelas ou a cronificação, as 
quais também reclamam cuidados preventivos específicos. 
Neste plano, o objetivo é conseguir que as 
limitações impostas pela condição provocada pelo 
adoecimento ou agravo prejudiquem o mínimo possível o 
cotidiano e a qualidade de vida das pessoas, 
famílias e comunidades afetadas. 
O alcance deste objetivo requer esforços que podem 
passar por medidas de reabilitação física, como no 
caso de restrições funcionais, sequelas neuromotoras ou 
necessidade de uso de próteses; apoios 
de caráter psico-emocional, como em mutilações 
físicas, alterações psicomotoras ou dificuldades 
emocionais que interfiram com a autoimagem, a 
identidade, o equilíbrio mental ou a sociabilidade 
dos afetados; até apoios de alcance social, como 
readaptação no trabalho, apoio previdenciário, 
ajustes no ambiente doméstico, suporte jurídico 
contra ações discriminatórias etc. 
Em relação às condições crônicas, destaca-se em 
particular a questão da difícil manutenção da adesão 
às ações de cuidado de longo prazo, assim como o 
desafio da acessibilidade e integração dos diferentes 
recursos necessários ao cuidado contínuo e integral. 
Como se vê, qualidade de vida é a expressão-chave 
aqui, e interdisciplinaridade e intersetorialidade 
são os meios indispensáveis para que se alcance 
esse ideal. 
PREVENÇÃO QUATERNÁRIA 
A prevenção quaternária é o último tipo de prevenção, 
não relacionada ao risco de doenças, e sim ao risco 
de adoecimento iatrogênico, ao excessivo intervencionismo 
diagnóstico e terapêutico e a medicalização 
desnecessária. Pode ser resumida como a prevenção 
de iatrogenias. 
Exemplos são excesso de programas de rastreamento, 
muitos deles não validados; medicalização 
de fatores de risco; solicitação de exames complementares 
em demasia; excessos de diagnósticos, 
com rotulagem de quadros inexplicáveis ou não 
enquadráveis na nosografia biomédica, medicalizações 
desnecessárias de eventos vitais ou adoecimentos benignos 
autolimitados (contusões, partos, 
resfriados, lutos etc.), pedidos de exames e ou 
tratamentos devido ao medo dos pacientes e ou 
pressão de pacientes muito medicalizados, intervenções em 
razão do medo dos médicos. Quando 
você faz educação em saúde e vacinação com pertinência, 
propõe medidas de rastreamento apenas 
se houver evidências científicas e custo-benefício 
comprovados, propõe terapias com eficácia comprovada, 
preocupa-se com a comunicação e com 
a individualização do cuidado, você está fazendo 
prevenção quaternária. 
 
3. CARACTERIZAR A EPIDEMIOLOGIA QUANTO SEU 
CONCEITO, HISTÓRIA, SUA APLICAÇÃO NA SAÚDE E NA 
ATUALIDADE. 
A Epidemiologia é definida como o estudo da distribuição e 
dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à 
saúde em populações especificadas. Mais recentemente, foi 
incorporada à definição de Epidemiologia a “aplicação 
desses estudos para controlar problemas de saúde”. 
Estudo inclui vigilância, observação, pesquisa analítica e 
experimento. Distribuição refere-se à análise por tempo, 
local e características dos indivíduos. Determinantes são 
todos os fatores físicos, biológicos, sociais, culturais e 
comportamentais que influenciam a saúde. Condições 
relacionadas à saúde incluem doenças, causas de 
mortalidade, hábitos de vida (como tabagismo, dieta, 
atividades físicas, etc.), provisão e uso de serviços de saúde 
e de medicamentos. Populações especificadas são aquelas 
com características identificadas, como, por exemplo, 
determinada faixa etária em uma dada população. 
Normalmente, os estudos epidemiológicos na área do 
envelhecimento centram-se nos seguintes temas: 
investigação dos determinantes da longevidade e das 
transições demográfica e epidemiológica; avaliação de 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
4 
 
serviços de saúde; e investigações da etiologia e história 
natural das doenças/condições relacionadas à saúde comuns 
entre idosos. 
“Os vapores nocivos, que causam doenças, são conhecidos 
como miasmas. O miasma se espalha pelo ar e, conforme o 
aspira, o ser humano é tomado pela enfermidade”. Essa era 
explicação que cientistas, no início do século 19, elaboraram 
para explicar a origem das doenças, como cólera e a peste 
negra. 
Jonh Snow: Aos 14 anos, virou aprendiz de um médico em 
Newcastle e foi lá que encontrou o fantasma que o 
assombraria pelo resto da vida: o cólera. 
O cólera é uma doença cruel. Nos casos mais graves, um 
paciente adulto pode perder 20 litros de água em apenas um 
dia, até sua pele inchar e seu sangue engrossar a ponto de 
não conseguir mais correr pelas veias e artérias, por conta 
de todo o líquido perdido. 
John Snow aplicou todo o conhecimento que recebeu na 
época de seu treinamento. Sangrias, ópio, ervas aromáticas 
para afastar o miasma, nada disso surtia efeito, e as pessoas 
continuavam morrendo. 
Mesmo sem estar contaminado com o cólera, John Snowsentia aquilo nas entranhas. Em 1836, foi a Londres para 
completar sua formação em medicina. Após receber o 
doutorado, um novo surto de cólera se espalhou por 
Londres. Ele sabia que o cólera não era resultado de um 
vapor maligno e estava determinado em prová-lo. Teorizou 
que a diarreia, causada pelo cólera, poderia não ser apenas 
um sintoma, mas também um meio de transmissão. 
A teoria microbiana, a ideia de que existem seres vivos 
pequenos demais para serem vistos a olho nu, não estava 
estabelecida na época e o termo “germes” era desprezado 
por muitos médicos. Para agradar a comunidade científica – 
e conseguir ser ouvido – ele começou escrevendo que a 
cólera era causada por um “veneno autorreplicante”, 
presente em água contaminada por matéria fecal. 
Para tentar provar sua hipótese, John fez um estudo de caso. 
Encontrou uma rua onde, num lado, todo o esgoto escorria 
para o poço de onde tiravam a água para beber. Enquanto, 
do outro lado, o esgoto escorria para longe do poço. 
Resultado? No lado onde a água se misturava com esgoto, 
quase todos os habitantes acabaram doentes. Do outro, 
apenas uma pessoa sucumbiu ao cólera. Empolgado, Snow 
mostrou seus resultados para seus colegas cientistas, que 
não concordaram com os achados. 
E mais outro surto de cólera atingiu Londres. Snow estava 
convencido de que fumaças imaginárias não causavam 
doenças, e desenhou um dos maiores experimentos 
estatísticos feitos até então. A capital inglesa recebia água 
de duas empresas: a Southwark & Vauxhall Cia. de Água – 
vamos chamá-la de S&V – e a Lambeth Cia. Ambas usavam 
água do rio Tâmisa, mas a S&V e a Lambeth tinham uma 
diferença chave, o que mudou o mundo para sempre. 
Na época, Londres não apenas tinha fossas sob as casas e 
detritos correndo pelas ruas, mas também um sistema de 
esgoto que escorria para o Tâmisa. Todo o esgoto da cidade 
era bombeado para o rio que até hoje corta a cidade, mas 
que felizmente não está mais poluído. E era do Tâmisa que a 
maioria dos habitantes obtinha água pra beber. 
Pois bem, a grande diferença entre a S&V e a Lambeth é que 
a primeira captava água no final do curso, onde o rio já 
estava saturado de esgoto. Já a Lambeth estava localizada 
em uma região rio acima, antes da contaminação começar 
para valer. John tinha o estudo de causa conhecido como A 
e B perfeito. Esse teste é uma maneira de comparar duas 
situações que diferem em um único ponto. No estudo 
liderado por Snow, a diferença seria a presença, ou não, de 
esgoto na água. Essa era a única grande variação entre as 
águas, pois ambas eram coletadas do rio Tâmisa. 
Tudo que precisava fazer para testar sua hipótese sobre a 
causa do cólera era comparar as taxas de infecção dos 
abastecidos pela S&V à dos abastecidos pela Lambeth. 
Uma parcela grande dos moradores de Londres também não 
tinha a menor ideia de qual companhia abastecia a própria 
residência. Ir de porta em porta perguntando não estava 
deixando nosso herói mais sábio. Seria mais fácil perguntar 
para a água de onde ela vinha. E foi exatamente o que Snow 
fez. 
Analisando amostras d’água da empresa S&V, Snow 
descobriu que esta continha 4 vezes mais sal do que a água 
da Lambeth. Ele poderia coletar um pouco de água de cada 
residência e realizar as análises em seu laboratório. Seus 
relatórios estavam completos. Trinta e oito das 44 mortes 
por cólera ocorridas no mês tinham sido de clientes da água 
da S&V. Isso significava que você tinha 93% de chance de 
morrer, só tendo a empresa errada abastecendo sua casa. 
John estava convencido de que o cólera era transmitido pela 
água. 
E mais um surto atingiu Londres, no ano de 1854. Dessa vez 
John decidiu criar um mapa e anotar todas as mortes 
causadas pela doença, para verificar se alguma região 
específica do bairro de Soho estava sendo mais afetada do 
que outra. Então percebeu que a bomba de Broad Street era 
praticamente a arma do crime com fumaça saindo do cano. 
O que chamou a atenção de John é que, se a teoria do 
miasma estivesse correta, os trabalhadores que eram 532 
num mesmo alojamento deveriam encontrar muito mais 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
5 
 
casos de cólera entre esses trabalhadores, contudo poucos 
casos de morte haviam sido reportados lá. O que era de se 
esperar, uma vez que a casa ficava bem próxima à bomba de 
Broad Street e muitos dos trabalhadores passavam por lá 
todos os dias. Snow descobriu que a casa possuía 
abastecimento próprio e não recebia na água contaminada. 
Um bebê infectado que sobreviveu por pelo menos quatro 
dias de muita diarreia e vômito, segundo sua mãe, teria sido 
o caso nº1 dessa epidemia. As fraldas teriam sido jogadas em 
uma fossa, que ao ser analisada possuía rachaduras, dessa 
forma o material infectado teve contato com as águas da 
bomba. 
4. DISCUTIR AS FERRAMENTAS E OS MÉTODOS DE 
INVESTIGAÇÃO UTILIZADAS NA EPIDEMIOLOGIA. 
Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em 
observacionais e experimentais. 
De uma maneira geral, os estudos epidemiológicos 
observacionais podem ser classificados em descritivos e 
analíticos. 
➜ ESTUDOS DESCRITIVOS 
Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a 
distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, 
segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos 
indivíduos. Ou seja, responder à pergunta: quando, onde e 
quem adoece? A epidemiologia descritiva pode fazer uso de 
dados secundários (dados pré-existentes de mortalidade e 
hospitalizações, por exemplo) e primários (dados coletados 
para o desenvolvimento do estudo). 
A epidemiologia descritiva examina como a incidência (casos 
novos) ou a prevalência (casos existentes) de uma doença ou 
condição relacionada à saúde varia de acordo com 
determinadas características, como sexo, idade, 
escolaridade e renda, entre outras. Quando a ocorrência da 
doença/condição relacionada à saúde difere segundo o 
tempo, lugar ou pessoa, o epidemiologista é capaz não 
apenas de identificar grupos de alto risco para fins de 
prevenção (por exemplo: na cidade de Bambuí, verificou-se 
que idosos com renda familiar inferior a três salários 
mínimos ingeriam menos frutas e legumes frescos e 
praticavam menos exercícios físicos do que aqueles com 
renda familiar mais alta), mas também gerar hipóteses 
etiológicas para investigações futuras. 
➜ ESTUDOS ANALÍTICOS 
Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a 
existência de associação entre uma exposição e uma doença 
ou condição relacionada à saúde. Os principais 
delineamentos de estudos analíticos são: a) ecológico; b) 
seccional (transversal); c) caso-controle (caso-referência); e 
d) coorte (prospectivo). Nos estudos ecológicos, tanto a 
exposição quanto a ocorrência da doença são determinadas 
para grupos de indivíduos. Nos demais delineamentos, tanto 
a exposição quanto a ocorrência da doença ou evento de 
interesse são determinados para o indivíduo, permitindo 
inferências de associações nesse nível. As principais 
diferenças entre os estudos seccionais, caso-controle e de 
coorte residem na forma de seleção de participantes para o 
estudo e na capacidade de mensuração da exposição no 
passado 
➜ ESTUDOS ECOLÓGICOS 
Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da 
doença/condição relacionada à saúde e a exposição de 
interesse entre agregados de indivíduos (populações de 
países, regiões ou municípios, por exemplo) para verificar a 
possível existência de associação entre elas. Em um estudo 
ecológico típico, medidas de agregados da exposição e da 
doença são comparadas. Nesse tipo de estudo, não existem 
informações sobre a doença e exposição do indivíduo, mas 
do grupo populacional como um todo. Uma das suas 
vantagens é a possibilidade de examinar associações entre 
exposição e doença/condição relacionada na coletividade. 
Isso é particularmente importante quando se considera quea expressão coletiva de um fenômeno pode diferir da soma 
das partes do mesmo fenômeno. Por outro lado, embora 
uma associação ecológica possa refletir, corretamente, uma 
associação causal entre a exposição e a doença/condição 
relacionada à saúde, a possibilidade do viés ecológico é 
sempre lembrada como uma limitação para o uso de 
correlações ecológicas. O viés ecológico – ou falácia 
ecológica – é possível porque uma associação observada 
entre agregados não significa, obrigatoriamente, que a 
mesma associação ocorra em nível de indivíduos. 
➜ ESTUDOS SECCIONAIS 
Nos estudos seccionais, a exposição e a condição de saúde 
do participante são determinadas simultaneamente. Em 
geral, esse tipo de investigação começa com um estudo para 
determinar a prevalência de uma doença ou condição 
relacionada à saúde de uma população especificada (por 
exemplo, habitantes idosos de uma cidade). As 
características dos indivíduos classificados como doentes 
são comparadas às daqueles classificados como não 
doentes. 
➜ ESTUDOS CASO-CONTROLE 
Os estudos caso-controle e os estudos de coorte podem ser 
utilizados para investigar a etiologia de doenças ou de 
condições relacionadas à saúde entre idosos, determinantes 
da longevidade; e para avaliar ações e serviços de saúde. Os 
estudos de coorte também podem ser utilizados para 
investigar a história natural das doenças. 
Nos estudos caso-controle, primeiramente, identificam-se 
indivíduos com a doença (casos) e, para efeito de 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
6 
 
comparação, indivíduos sem a doença (controles). Depois, 
determina-se (mediante entrevista ou consulta a 
prontuários, por exemplo) qual é a Odds da exposição entre 
casos (a/c) e controles (b/d). Se existir associação entre a 
exposição e a doença, espera-se que a Odds da exposição 
entre casos seja maior que a observada entre controles, 
além da variação esperada devida ao acaso. 
➜ ESTUDOS DE COORTE 
Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a 
população de estudo e os participantes são classificados em 
expostos e não expostos a um determinado fator de 
interesse. Depois, os indivíduos dos dois grupos são 
acompanhados para verificar a incidência da 
doença/condição relacionada à saúde entre expostos (a/a + 
d) e não expostos (c/c + d). Se a exposição estiver associada 
à doença, espera-se que a incidência entre expostos seja 
maior do que entre não expostos, além da variação esperada 
devida ao acaso. Nesse tipo de estudo, a mensuração da 
exposição antecede o desenvolvimento da doença, não 
sendo sujeita ao viés de memória como nos estudos caso-
controle. Além disso, os que desenvolveram a doença e os 
que não desenvolveram não são selecionados, mas sim 
identificados dentro das coortes de expostos e não expostos, 
não existindo o viés de seleção de casos e controles. Os 
estudos de coorte permitem determinar a incidência da 
doença entre expostos e não expostos e conhecer a sua 
história natural. 
A principal limitação para o desenvolvimento de um estudo 
de coorte, além do seu custo financeiro, é a perda de 
participantes ao longo do seguimento por conta de recusas 
para continuar participando do estudo, mudanças de 
endereços ou emigração. Os custos e as dificuldades de 
execução podem comprometer o desenvolvimento de 
estudos de coorte, sobretudo quando é necessário um 
grande número de participantes ou longo tempo de 
seguimento para acumular um número de doentes ou de 
eventos que permita estabelecer associações entre 
exposição e doença. 
Os estudos experimentais ou de intervenção têm por 
objetivo tentar mudar uma variável em um ou mais grupos 
de pessoas. Isso pode signifcar a eliminação de um fator 
alimentar relacionado a uma causa alérgica ou o teste de um 
novo tratamento para um grupo selecionado de pacientes. 
Os efeitos de uma intervenção são medidos através da 
comparação do desfecho nos grupos experimental e 
controle. Uma vez que são determinados estritamente pelo 
protocolo de estudo, considerações éticas são de extrema 
importância nesse tipo de estudo. Por exemplo, a nenhum 
paciente deveria ser negado o tratamento apropriado em 
função de sua participação em um experimento, e o 
tratamento a ser testado deve ser aceitável à luz dos 
conhecimentos atuais. Nesse tipo de estudo, o 
consentimento informado por parte dos participantes é 
sempre necessário. 
➜ ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO 
O ensaio clínico randomizado é um experimento 
epidemiológico que tem por objetivo estudar os efeitos de 
uma intervenção em particular. Os indivíduos selecionados 
são aleatoriamente alocados para os grupos intervenção e 
controle, e os resultados são avaliados comparando-se os 
desfechos entre esses grupos. 
➜ ENSAIOS DE CAMPO 
Ensaios de campo, em contraste com os ensaios clínicos, 
envolvem pessoas que estão livres de doença, mas sob risco 
de desenvolvê-la. Os dados são coletados “no campo”, 
usualmente entre pessoas da população geral não 
institucionalizadas. Uma vez que os participantes estão livres 
da doença e o propósito é prevenir a ocorrência de doenças 
mesmo entre aquelas de baixa frequência, os ensaios de 
campo envolvem um grande número de pessoas, o que os 
torna caro e logisticamente complicados. Um dos maiores 
ensaios de campo já realizados foi para testar a vacina Salk 
para prevenção da poliomielite, que envolveu mais de um 
milhão de crianças. 
Os ensaios de campo podem ser utilizados para avaliar 
intervenções que objetivam reduzir a exposição sem 
necessariamente medir a ocorrência dos efeitos sobre a 
saúde. Por exemplo, diferentes métodos para proteção a 
exposição de pesticida têm sido testados dessa forma. Outro 
exemplo é a medida de chumbo sérico em crianças. Ensaios 
de campo mostraram que a exclusão do chumbo na 
composição das tintas utilizadas para pintar domicílios 
forneceu proteção às crianças. Esse tipo de estudo de 
intervenção pode ser realizado em pequena escala e com 
custos menores quer seja porque não envolvem 
acompanhamentos de longo período, quer seja porque não 
exigem a medida de doença como desfecho. 
➜ ENSAIOS COMUNITÁRIOS 
Nesse tipo de experimento, os grupos de tratamento são 
comunidades ao invés de indivíduos. Esse delineamento é 
particularmente apropriado para doenças que tenham suas 
origens nas condições sociais e que possam ser facilmente 
infuenciadas por intervenções dirigidas ao comportamento 
do grupo ou do indivíduo. As doenças cardiovasculares são 
um bom exemplo de uma condição apropriada para ensaios 
comunitários, muitas das quais estão, agora, sob 
investigação. 
Limitações dos ensaios comunitários: Uma limitação desse 
tipo de delineamento é que somente um pequeno número 
de comunidades pode ser incluído e a alocação aleatória das 
comunidades não é muito prática. Assim, outros métodos 
são requeridos para assegurar que quaisquer diferenças 
encontradas ao fnal do estudo possam ser atribuídas à 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
7 
 
intervenção e não a diferenças inerentes às comunidades. 
Além disso, é difícil isolar as comunidades onde a 
intervenção está sendo conduzida devido a mudanças 
sociais em curso. 
5. PESQUISAR SOBRE O DATASUS, COMO CONSULTA -LÓ 
E SUA RELAÇÃO COM OS PROCESSOS DE GESTÃO NA 
SAÚDE. 
O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde 
(DATASUS) surgiu em 1991 com a criação da Fundação 
Nacional de Saúde (Funasa), pelo Decreto 100 de 
16.04.1991, publicado no D.O.U. de 17.04.1991 e retificado 
conforme publicado no D.O.U. de 19.04.1991. Na época, a 
Fundação passou a exercer a função de controle e 
processamento das contas referentes à saúde que antes era 
da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência 
Social (DATAPREV). Foi então formalizada a criação e as 
competências do DATASUS, que tem como responsabilidade 
prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e 
suporte deinformática, necessários ao processo de 
planejamento, operação e controle. 
Em quase 25 anos de atuação, o DATASUS já desenvolveu 
mais de 200 sistemas que auxiliam diretamente o Ministério 
da Saúde no processo de construção e fortalecimento do 
SUS. Atualmente, o Departamento é um grande provedor de 
soluções de software para as secretarias estaduais e 
municipais de saúde, sempre adaptando seus sistemas às 
necessidades dos gestores e incorporando novas 
tecnologias, na medida em que a descentralização da gestão 
torna-se mais concreta. 
O DATASUS dispõe de duas salas-cofre, uma em Brasília e 
outra no Rio de Janeiro, nas quais são mantidos os servidores 
de rede que hospedam a maioria dos sistemas do Ministério 
da Saúde. A estrutura de armazenamento de dados 
(STORAGE) do Departamento tem condições de armazenar 
informações sobre saúde de toda população brasileira. Além 
disso, disponibiliza links espalhados em várias cidades 
brasileiras com conexões com todos os Núcleos Estaduais do 
Ministério da Saúde, Funasa, Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA), Casa do Índio e com as 27 secretarias 
estaduais de saúde. 
O DATASUS está presente em todas as regiões do país por 
meio das Regionais que executam as atividades de fomento 
e cooperação técnica em informática nos principais estados 
brasileiros. 
MISSÃO 
Promover modernização por meio da tecnologia da 
informação para apoiar o Sistema Único de Saúde – SUS. 
 
São estas as competências definidas para o DATASUS pelo 
Decreto: 
I. fomentar, regulamentar e avaliar as ações de 
informatização do SUS, direcionadas para a manutenção e 
desenvolvimento do sistema de informações em saúde e dos 
sistemas internos de gestão do Ministério; 
II. desenvolver, pesquisar e incorporar tecnologias de 
informática que possibilitem a implementação de sistemas e 
a disseminação de informações necessárias às ações de 
saúde; 
III. definir padrões, diretrizes, normas e procedimentos para 
transferência de informações e contratação de bens e 
serviços de informática no âmbito dos órgãos e entidades do 
Ministério; 
IV. definir padrões para a captação e transferência de 
informações em saúde, visando à integração operacional das 
bases de dados e dos sistemas desenvolvidos e implantados 
no âmbito do SUS; 
V. manter o acervo das bases de dados necessárias ao 
sistema de informações em saúde e aos sistemas internos de 
gestão institucional; 
VI. assegurar aos gestores do SUS e órgãos congêneres o 
acesso aos serviços de informática e bases de dados, 
mantidos pelo Ministério; 
VII. definir programas de cooperação técnica com entidades 
de pesquisa e ensino para prospecção e transferência de 
tecnologia e metodologias de informação e informática em 
saúde; 
VIII. apoiar Estados, Municípios e o Distrito Federal, na 
informatização das atividades do SUS; e 
IX. coordenar a implementação do sistema nacional de 
informação em saúde, nos termos da legislação vigente. 
6. DISCORRER SOBRE OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM 
SAÚDE (SIS) NA ATENÇÃO BÁSICA, (CONCEITO, QUAIS 
SÃO ELES, OBJETIVOS, O CICLO, A IMPORTÂNCIA). 
O sistema utilizado atualmente em parte dos municípios 
para o acompanhamento das ESF é o SIAB (Sistema de 
Informação da Atenção Básica), porém, outro sistema irá 
substitui-lo, o e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), vamos 
conhecê-lo em linhas gerais, para depois focarmos no atual 
sistema, o SIAB. 
Na intenção de melhorar o uso das informações do SIAB para 
gestores, profissionais e cidadãos, o Departamento da 
Atenção Básica (DAB) adotou uma estratégia que foi 
denominada "e-SUS AB", cujos sistemas de captação de 
dados, Coleta de Dados Simplificada (CDS-AB) e Prontuário 
Eletrônico do Cidadão (PEC), que alimentará o Sistema de 
Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB) em 
substituição ao sistema vigente, SIAB (BRASIL, MS, 2014). 
Este sistema tem em sua formulação a proposta de registro 
das informações em saúde em caráter individual do cidadão, 
permitindo o acompanhamento do usuário em cada acesso 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
8 
 
à rede de atendimento, não esquecendo o registro da 
produção de cada profissional da AB. O sistema ainda 
permite a interface com outros sistemas utilizados no SUS, 
evitando o retrabalho na alimentação de dados comuns na 
fichas/sistemas. 
O SISAB faz a integração de outros programas na AB, pois 
permite a inserção de informações relacionadas às equipe de 
Saúde da Família (ESF), às equipes dos Núcleos de Apoio à 
Saúde da Família (NASF), equipe de Consultório na Rua 
(CnaR), equipes da Atenção Domiciliar (AD), também 
incluído informação relacionada às ações de outros 
programas do MS, tais como: Programa Saúde na Escola, no 
Programa Academia da Saúde e desenvolvidas pelas Equipes 
de Saúde no Sistema Prisional (ESP), (BRASIL, MS, 2014). 
As fichas propostas (dispostas nos anexos) captam 
informações relevantes para compor os indicadores de 
monitoramento e avaliação da assistência na atenção básica, 
as fichas propostas são: 
• Cadastro Domiciliar – utilizada pelo ACS para 
registrar as caraterísticas sociossanitárias dos 
domicílios no território, ou ainda fora de domicílios 
convencionais, por exemplo, o morador de rua; 
• Cadastro Individual – utilizada pelo ACS para 
registrar as características sociodemográficas, 
problemas e condições de saúde dos usuários no 
território, ressaltando que estas informações são 
autorreferidas; 
• Ficha de atendimento individual – cada 
profissional de nível superior tem sua ficha para 
registrar os atendimentos realizados, não 
substituindo a evolução clínica no papel, esta ficha 
não será utilizada pela Equipe de Saúde Bucal (ESB); 
• Ficha de atendimento odontológico individual – 
registra as informações do atendimento realizado 
pela ESB na atenção básica; 
• Ficha de procedimentos – utilizada pelos 
profissionais de nível superior e médio, exceto para 
coleta de dados dos procedimentos ambulatoriais 
realizados; esta ficha não será utilizada pela ESF e 
ACS; 
• Ficha de atividade coletiva – utilizada por todos os 
profissionais para registrar toda e qualquer 
atividade que tenham propósito organizar os 
processos de trabalho das equipes e ações voltadas 
para a comunidade (ex.: atividade de educação em 
saúde, atendimento em grupo, mobilizações 
sociais, entre outras); 
• Ficha de visita domiciliar – utilizada por todos os 
profissionais para registrar a visita domiciliar 
realizada ao usuário adscrito no território da 
unidade básica de saúde.

Outros materiais