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PMSUS - Oficina 4 (3 Período)

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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
Página | 1 
 
PMSUS - Oficina 4 
AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE 
1) CONCEITUAR AS REDES, SUAS ESTRUTURAS, 
OBJETIVOS E DIRETRIZES; 
Pode-se definir as RASs como organizações 
poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, 
vinculados entre si por uma missão única, por objetivos 
comuns e por uma ação cooperativa e 
interdependente, que permitem ofertar uma atenção 
contínua e integral a determinada população, 
coordenada pela atenção primária à saúde – prestada 
no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com 
a qualidade certa, de forma humanizada e com 
equidade – e com responsabilidades sanitária e 
econômica e gerando valor para a população. 
Conteúdos básicos das RASs: 
• Apresentam missão e objetivos comuns; 
• Operam de forma cooperativa e 
interdependente; 
• Intercambiam constantemente seus recursos; 
• São estabelecidas sem hierarquia entre os 
pontos de atenção à saúde, organizando-se de 
forma poliárquica; 
• Implicam um contínuo de atenção nos níveis 
primário, secundário e terciário; 
• Convocam uma atenção integral com 
intervenções promocionais, preventivas, 
curativas, cuidadoras, reabilitadoras e 
paliativas; 
• Funcionam sob coordenação da APS; 
• Prestam atenção oportuna, em tempos e 
lugares certos, de forma eficiente e ofertando 
serviços seguros e efetivos, em consonância 
com as evidências disponíveis; 
• Focam-se no ciclo completo de atenção a uma 
condição de saúde; 
• Têm responsabilidades sanitárias e 
econômicas inequívocas por sua população; 
• Geram valor para a sua população. 
Os objetivos de uma RAS são melhorar a qualidade da 
atenção, a qualidade de vida das pessoas usuárias, os 
resultados sanitários do sistema de atenção à saúde, a 
eficiência na utilização dos recursos e a equidade em 
saúde. 
As redes são relações não hierárquicas de 
compartilhamento de objetivos comuns entre vários 
atores, com troca de recursos entre si, no suposto de 
que a cooperação é a melhor forma de alcançar esses 
objetivos. 
Nas RASs, a concepção de hierarquia é substituída pela 
de poliarquia e o sistema organiza-se sob a forma de 
uma rede horizontal de atenção à saúde. Assim, nas 
redes de atenção à saúde não há uma hierarquia entre 
os diferentes pontos de atenção à saúde, mas a 
conformação de uma rede horizontal de pontos de 
atenção à saúde de distintas densidades tecnológicas e 
seus sistemas de apoio, sem ordem e sem grau de 
importância entre eles. Todos os pontos de atenção à 
saúde são igualmente importantes para que se 
cumpram os objetivos das redes de atenção à saúde; 
apenas se diferenciam pelas diferentes densidades 
tecnológicas que os caracterizam. Vistas de outra 
forma, as organizações hierárquicas ou piramidais 
corresponderiam a redes em árvore que se 
caracterizam pela limitação das conexões entre seus 
diversos ramos e onde predominam os fluxos 
hierárquicos, de um centro menor para seu superior e, 
não havendo caminhos alternativos, podem ocorrer 
pontos de estrangulamento, impedindo o acesso da 
população aos níveis superiores da hierarquia. Ao 
contrário, as redes poliárquicas ou redes em malha, em 
que cada nó se liga a vários outros, permitem percorrer 
caminhos variados entre esses nós de forma que os 
diversos ramos estão interconectados. 
As RASs constituem-se de três elementos 
fundamentais: uma população, uma estrutura 
operacional e um modelo de atenção à saúde. 
A população de responsabilidade das RAS não é a 
população dos censos demográficos, mas a população 
cadastrada e vinculada a uma unidade de APS. Essa 
população vive em territórios sanitários singulares, 
organiza-se socialmente em famílias e é cadastrada e 
registrada em subpopulações por riscos sociais e 
sanitários. 
As RASs estruturam-se para enfrentar uma condição de 
saúde específica, por meio de um ciclo completo de 
atendimento, o que implica a continuidade da atenção 
à saúde (atenção primária, atenção secundária e 
atenção terciária à saúde) e a integralidade da atenção 
à saúde (ações de promoção da saúde, de prevenção 
das condições de saúde e de gestão das condições de 
saúde estabelecidas por meio de intervenções de cura, 
cuidado, reabilitação e paliação). 
A estrutura operacional das RASs compõe-se de cinco 
componentes: 
1. O centro de comunicação, a APS; 
2. Os pontos de atenção à saúde secundários e 
terciários; 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
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3. Os sistemas de apoio (sistema de apoio 
diagnóstico e terapêutico, sistema de 
assistência farmacêutica e sistema de 
informação em saúde); 
4. Os sistemas logísticos (cartão de identificação 
das pessoas usuárias, prontuário clínico, 
sistemas de acesso regulado à atenção e 
sistemas de transporte em saúde); e 
5. O sistema de governança. 
Os três primeiros correspondem aos nós das redes e, o 
quarto, às ligações que comunicam os diferentes nós. 
O subsistema de transporte em saúde de pessoas 
opera com ações primárias e secundárias. O transporte 
em saúde primário faz-se da residência ou do local de 
adoecimento ou do trauma até uma unidade de saúde; 
o transporte secundário faz-se entre duas unidades de 
saúde distintas. 
O terceiro elemento constitutivo das RAS são os 
modelos de atenção à saúde. 
Os modelos de atenção à saúde são sistemas lógicos 
que organizam o funcionamento das RAS, articulando, 
de forma singular, as relações entre os componentes 
da rede e as intervenções sanitárias, definidos em 
razão da visão prevalecente da saúde, das situações 
demográfica e epidemiológica e dos determinantes 
sociais da saúde, vigentes em determinado tempo e em 
determinada sociedade. 
Os modelos de atenção à saúde são de dois tipos: os 
modelos de atenção aos eventos agudos e os modelos 
de atenção às condições crônicas. 
 
2) COMPREENDER A CLASSIFICAÇÃO DAS REDES 
(CEGONHA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL, DEFICIÊNCIA E DOENÇAS CRÔNICAS) E 
ESPECIFICAR SEUS PROBLEMAS; 
Após a publicação da Portaria GM/MS n. 4.279/2010 
que organiza no SUS as RAS, cinco redes temáticas 
prioritárias foram pactuadas para serem implantadas 
nas regiões de saúde do país: 
• Rede Cegonha, por meio da Portaria n. 1.459 
de 24 de junho de 2011 (BRASIL, 2011b); 
• Rede de Urgência e Emergência (RUE), por 
meio da Portaria GM/MS n. 1.600 de 7 de julho 
de 2011(BRASIL, 2011c); 
• Rede de Atenção Psicossocial para as pessoas 
com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas (Raps), pela Portaria 
GM/MS n. 3.088 de 23 de dezembro de 2011 
(BRASIL, 2011d); 
• Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiências 
(Viver Sem Limites), Portaria GM/MS n. 793 de 
24 de abril de 2012 (BRASIL, 2012a); 
• Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com 
Doenças Crônicas, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde, Portaria GM/ MS n. 483 de 1o de 
abril de 2014. 
A Rede Cegonha, primeira rede a ser pactuada, 
consiste em uma rede de cuidados que visa assegurar 
à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e 
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao 
puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento 
seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento 
saudáveis e tem como objetivo, além de fomentar a 
implementação de novo modelo de atenção à saúde da 
mulher e à saúde da criança, reduzir a mortalidade 
materna e infantil com ênfase no componente 
neonatal. 
A portaria da Rede Cegonha prevê que a 
operacionalização se dá em cinco fases: 
(1) adesão e diagnóstico; 
(2) desenho regional da Rede Cegonha; 
(3) contratualização dos Pontos de Atenção; 
(4) qualificação dos componentes; e 
(5) certificação. 
A organização da Rede Cegonha se dá a partir de 
quatro componentes: 
(1) Pré-Natal; 
(2) Parto e Nascimento; 
(3) Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança; 
(4) Sistema Logístico. 
A Rede de Urgência e Emergência(RUE), também 
chamada Rede Saúde Toda Hora, tem como diretrizes 
a ampliação do acesso e o acolhimento aos casos 
agudos demandados aos serviços de saúde em todos 
os pontos de atenção, contemplando a classificação de 
risco e a intervenção adequada e necessária aos 
diferentes agravos, com garantia da universalidade, 
equidade e integralidade no atendimento às urgências 
clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, 
pediátricas e às relacionadas a causas externas 
(traumatismos, violências e acidentes). 
As prioridades dessa rede temática são as linhas de 
cuidados cardiovasculares, cerebrovasculares e 
traumatológicos. 
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Os Componentes da RUE são: 
(1) Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde; 
(2) Atenção Primária à Saúde; 
(3) Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-
192) e suas Centrais de Regulação Médica das 
Urgências e emergências; 
(4) Sala de Estabilização; 
(5) Força Nacional de Saúde do SUS; 
(6) Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o 
conjunto de serviços de urgência 24 horas; 
(7) Hospitalar; 
(8) Atenção Domiciliar. 
A Rede de Atenção Psicossocial, possui finalidade de 
criação, ampliação e articulação de pontos de atenção 
à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno 
mental e com necessidades decorrentes do uso de 
crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. 
Essa rede tem como diretrizes para o seu 
funcionamento: 
(1) o respeito aos direitos humanos, garantindo a 
autonomia e a liberdade das pessoas; 
(2) a promoção da equidade, reconhecendo os 
determinantes sociais da saúde; 
(3) o combate a estigmas e preconceitos; 
(4) a garantia do acesso e da qualidade dos serviços, 
ofertando cuidado integral e assistência 
multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; 
(5) atenção humanizada e centrada nas necessidades 
das pessoas; 
(6) diversificação das estratégias de cuidado; 
(7) desenvolvimento de atividades no território, que 
favoreça a inclusão social com vistas à promoção de 
autonomia e ao exercício da cidadania. 
Tem como componentes: 
(1) Atenção Primária em Saúde; 
(2) Atenção Psicossocial Especializada (Os CAPS); 
(3) Atenção a Urgência e Emergência; 
(4) Atenção Residencial de Caráter Transitório; 
(5) Atenção Hospitalar; 
(6) Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação 
Psicossocial. 
Os pontos de atenção da Atenção Primária em Saúde 
são formados pelas Unidades Básicas de Saúde; equipe 
de atenção básica para populações específicas, que são 
formadas pelas Equipes de Consultório na Rua e 
Equipes de apoio aos serviços do componente Atenção 
Residencial de Caráter Transitório; e Centros de 
Convivência. 
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência faz parte 
do Programa Viver Sem Limites (VSL). 
Os objetivos dessa rede são ampliar o acesso e 
qualificar o atendimento às pessoas com deficiência 
temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou 
estável, intermitente ou contínua, no âmbito do SUS. 
Tem como uma das diretrizes gerais o respeito aos 
direitos humanos, com garantia de autonomia, 
independência e de liberdade às pessoas com 
deficiência para fazerem as próprias escolhas. 
As fases de operacionalização são: 
(1) diagnóstico e desenho regional da Rede de 
Cuidados à Pessoa com Deficiência; 
(2) adesão; 
(3) contratualização dos pontos de atenção; 
(4) implantação; 
(5) acompanhamento pelo grupo condutor. 
O Componente Atenção Especializada em Reabilitação 
Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e em 
Múltiplas Deficiências conta com os seguintes pontos 
de atenção: estabelecimentos de saúde habilitados em 
apenas um Serviço de Reabilitação (auditiva, física, 
intelectual, visual, ostomia ou múltiplas deficiências, 
que já existiam na data da publicação da portaria); 
Centros Especializados em Reabilitação (CER); e 
Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Esses 
pontos de atenção poderão contar com serviço de 
Oficina Ortopédica, fixo ou itinerante. 
A Oficina Ortopédica constitui-se em serviço de 
dispensação, de confecção, de adaptação e de 
manutenção de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de 
Locomoção (OPM). 
A Triagem Auditiva Neonatal é uma estratégia que 
permite identificar os neonatos e lactentes para 
diagnóstico da deficiência auditiva. O diagnóstico e a 
intervenção precoces são determinantes para a 
aquisição da linguagem oral dessas crianças, sendo 
necessário ampliar a integração e articulação dos 
serviços de reabilitação com a APS e outros pontos de 
atenção especializados, bem como ampliar o acesso de 
neonatos e lactentes à atenção à saúde auditiva no 
País. 
São objetivos gerais da Rede de Atenção às Doenças 
Crônicas: realizar a atenção integral à saúde das 
pessoas com doenças/condições crônicas, por meio da 
realização de ações e serviços de promoção e proteção 
da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, 
tratamento, reabilitação, redução de danos e 
manutenção da saúde. 
Consideram-se doenças crônicas as doenças que 
apresentam início gradual, com duração longa ou 
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incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e 
cujo tratamento envolva mudanças de estilo de vida, 
em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, 
não leva à cura. Exemplos: Hipertensão Arterial, 
Diabetes Mellitus, Obesidade, Doença Renal Crônica e 
Câncer. 
Os componentes dessa rede são: 
(1) Atenção Primária em Saúde; 
(2) Atenção Especializada (Ambulatorial, Hospitalar, 
Urgência e Emergência; 
(3) Sistemas de Apoio; 
(4) Sistemas Logísticos; 
(5) Regulação; 
(6) Governança. 
A implantação da Rede dá-se por meio da organização 
e da operacionalização de linhas de cuidado 
específicas, considerando os agravos de maior 
magnitude. 
3) ENTENDER A ESTRUTURAÇÃO DAS RAS EM TORNO D A 
ATENÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA; 
As RASs apresentam uma singularidade: seu centro de 
comunicação situa-se na APS. 
O centro de comunicação das redes de atenção à saúde 
é o nó intercambiador no qual se coordenam os fluxos 
e os contrafluxos do sistema de atenção à saúde e é 
constituído pela APS (Unidade de APS ou equipe do 
PSF). 
As dificuldades de entender o papel protagonista da 
APS envolvem as dimensões política, cultural e técnica. 
Mas há de se reconhecer que a hegemonia dos 
sistemas fragmentados de atenção à saúde, voltados 
prioritariamente para a atenção às condições agudas e 
aos eventos agudos das condições crônicas, está na 
base da desvalorização da APS. O que é fortalecido por 
um sistema de pagamento por procedimentos baseado 
na densidade tecnológica dos diferentes serviços. 
A interpretação da APS como estratégia de organização 
do sistema de atenção à saúde implica entendê-la 
como uma forma singular de apropriar, recombinar, 
reorganizar e reordenar todos os recursos do sistema 
para satisfazer as necessidades, demandas e 
representações da população, o que resulta em sua 
articulação como centro de comunicação das redes de 
atenção à saúde. 
Atributos da APS nas RAS: 
• Primeiro contato; 
• Longitudinalidade; 
• Integralidade; 
• Coordenação; 
• Focalização na família; 
• Orientação comunitária; 
• Competência cultural. 
Funções da APS nas RAS: 
• Resolubilidade: A função de resolubilidade, 
inerente ao nível de atenção primária, significa 
que ela deve ser resolutiva, capacitada, 
portanto, cognitiva e tecnologicamente, para 
atender mais de 85% dos problemas de sua 
população. A função de responsabilização 
implica o conhecimento e o relacionamento 
íntimo, nos microterritórios sanitários, da 
população adscrita e o exercício da 
responsabilização econômica e sanitária em 
relação a ela. 
• Comunicação: A função de comunicação 
expressa o exercício, pela APS, de centro de 
comunicação das RASs, o que significa ter 
condições de ordenar os fluxose contrafluxos 
das pessoas, dos produtos e das informações 
entre os diferentes componentes das redes. 
• Responsabilização: A função de 
responsabilização implica o conhecimento e o 
relacionamento íntimo, nos microterritórios 
sanitários, da população adscrita e o exercício 
da responsabilização econômica e sanitária em 
relação a ela. 
Trazendo essas considerações para a realidade 
brasileira do SUS, a implantação dessa nova APS 
significará superar o modelo atual da atenção básica e 
instituir, em seu lugar, um novo modelo, o da atenção 
primária à saúde. 
As RASs determinam a estruturação dos pontos de 
atenção à saúde, secundários e terciários. Esses são os 
únicos elementos temáticos das RASs e, por isso, são 
considerados como serviços de atenção especializada. 
Esses pontos de atenção à saúde se distribuem, 
espacialmente, de acordo com o processo de 
territorialização: os pontos de atenção secundária, nas 
microrregiões sanitárias, e os pontos de atenção 
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terciária, nas macrorregiões sanitárias. Além disso, 
articulam-se com os níveis de atenção à saúde: os 
pontos de atenção secundária compõem o nível de 
atenção secundária (“média complexidade”) e os 
pontos de atenção terciária integram o nível de 
atenção terciária (“alta complexidade”). 
Conceitualmente, os pontos de atenção secundária e 
terciária são nós das RASs em que se ofertam 
determinados serviços especializados, gerados através 
de uma função de produção singular. Eles se 
diferenciam por suas respectivas densidades 
tecnológicas, sendo os pontos de atenção terciária 
mais densos tecnologicamente que os pontos de 
atenção secundária e, por essa razão, tendem a ser 
mais concentrados espacialmente. Contudo, na 
perspectiva das redes poliárquicas, não há, entre eles, 
relações de principalidade ou subordinação, já que 
todos são igualmente importantes para se atingirem os 
objetivos comuns das RASs. 
A partir desse conceito pode-se concluir que os pontos 
de atenção à saúde não são, necessariamente, iguais a 
estabelecimentos de saúde. Por exemplo, um hospital, 
por ser uma unidade de saúde que oferta muitos 
produtos diferenciados, pode conter vários pontos de 
atenção à saúde: a unidade de terapia intensiva de 
neonatologia e a maternidade são pontos de atenção à 
saúde de uma rede de atenção à mulher e à criança; o 
centro cirúrgico e as enfermarias de clínica médica são 
pontos de atenção à saúde de uma rede de atenção às 
doenças cardiovasculares; a unidade de quimioterapia 
e radioterapia são pontos de atenção de uma rede de 
atenção às doenças oncológicas; a unidade de terapia 
intensiva de adultos é um ponto de atenção da rede de 
atenção às urgências e às emergências etc. 
Conforme a natureza da rede temática de atenção à 
saúde, definem-se os pontos de atenção secundária e 
terciária: os Centros de Apoio Psicossocial (CAPSs), nas 
redes de atenção à saúde mental; os Centros de 
Especialidades Odontológicas (CEOs), nas redes de 
atenção à saúde bucal; as Unidades de Terapia Renal 
Substitutiva (TRSs), nas redes de atenção às doenças 
renais; o Centro de Referência de Atenção aos Idosos, 
nas redes de atenção aos idosos; as maternidades nas 
redes de atenção às mulheres e às crianças etc 
Em geral, os pontos de atenção secundária e terciária 
são constituídos por unidades hospitalares e por 
unidades ambulatoriais, estas últimas, podendo estar 
situadas no hospital ou fora dele. 
O sistema de pagamento dos centros de especialidades 
médicas é, em geral, realizado por procedimentos. Esse 
sistema de pagamento traz incentivos perversos aos 
prestadores, induzindo-os a produzir mais 
procedimentos, especialmente os de maior densidade 
tecnológica, para que maximizem suas rendas. Nos 
pontos de atenção secundária de uma RAS, o sistema 
de pagamento deve ser por orçamento global ou por 
capitação ajustada por gênero e idade, já que essas 
formas de pagamento invertem o sinal do incentivo e 
fazem com que os prestadores apliquem mais esforços 
nas ações de promoção, prevenção e de contenção do 
risco evolutivo em condições de saúde de menores 
riscos. 
Os hospitais, como integrantes de uma RAS, 
desempenham funções diferenciadas em relação aos 
hospitais nos sistemas fragmentados de atenção à 
saúde. A razão é clara: as RASs caracterizam-se pela 
poliarquia, o que é incompatível com 
hospitalocentrismo que marca os sistemas 
fragmentados. 
Os hospitais, nas RASs, devem cumprir, 
principalmente, a função de responder às condições 
agudas ou aos momentos de agudização das condições 
crônicas, conforme estabelecido em diretrizes clínicas 
baseadas em evidências. Para isso, os hospitais em 
redes devem ter uma densidade tecnológica 
compatível com o exercício dessa função e devem 
operar com padrões ótimos de qualidade. 
Nas RASs, construídas com o centro de comunicação na 
atenção primária à saúde, os acessos interníveis para 
os procedimentos eletivos serão regulados, 
principalmente, por esse nível de atenção à saúde, 
articulados com centrais de agendamento eletrônico. 
4) DIFERENCIAR O MODELO HEGEMÔNICO DO MODELO 
DE REDES; 
Os sistemas fragmentados de atenção à saúde, 
fortemente hegemônicos, são aqueles que se 
organizam através de um conjunto de pontos de 
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atenção à saúde, isolados e incomunicados uns dos 
outros, e que, por consequência, são incapazes de 
prestar uma atenção contínua à população. Em geral, 
não há uma população adscrita de responsabilização. 
Neles, a atenção primária à saúde não se comunica 
fluidamente com a atenção secundária à saúde e, esses 
dois níveis, também não se articulam com a atenção 
terciária à saúde, nem com os sistemas de apoio, nem 
com os sistemas logísticos. 
Diferentemente, os sistemas integrados de atenção à 
saúde, as RASs, são aqueles organizados através de um 
conjunto coordenado de pontos de atenção à saúde 
para prestar uma assistência contínua e integral a uma 
população definida. 
5) DIFERENCIAR A DENSIDADE E COMPLEXIDADE 
TECNOLÓGICA; 
Confunde-se frequentemente complexidade com 
densidade tecnológica. Muitos acreditam que, quanto 
maior o aparato tecnológico aplicado a um 
determinado nível de atenção, mais complexo ele é. Na 
realidade, em saúde, essa fórmula não se aplica. 
Não é verdade que a APS seja menos complexa que os 
cuidados ditos de média e alta complexidades. É a APS 
que deve atender mais de 85% dos problemas de 
saúde; é aí que situa a clínica mais ampliada e onde se 
ofertam, preferencialmente, tecnologias de alta 
complexidade, como aquelas relativas a mudanças de 
comportamentos e estilos de vida em relação à saúde: 
cessação do hábito de fumar, adoção de 
comportamentos de alimentação saudável e de 
atividade física etc. 
Os níveis de atenção secundários e terciários 
constituem-se de tecnologias de maior densidade 
tecnológica, mas não de maiores complexidades. Tal 
visão distorcida de complexidade leva, consciente ou 
inconscientemente, os políticos, os gestores, os 
profissionais de saúde e a população, a uma 
sobrevalorização, seja material, seja simbólica, das 
práticas que são realizadas nos níveis secundários e 
terciários de atenção à saúde e, por consequência, a 
uma banalização da APS. 
6) EXPLICAR A INFLUÊNCIA DA TRIPLA CARG A NA REDE 
DE ATENÇÃO (DOENÇAS CRÔNICAS E AGUDAS); 
A análise da carga de doença, medida em anos de vida 
perdidos ajustados por incapacidade, demonstra que 
14,7% dessa carga são por doenças infecciosas, 
parasitárias e desnutrição; 10,2% por causas externas; 
8,8% por condições maternas e perinatais; e 66,3% por 
doenças crônicas. O somatório das suas últimas, que 
são condições crônicas, revela que 75% da carga de 
doença no país são determinados por condições 
crônicas. 
A situação epidemiológica brasileira se define poralguns atributos fundamentais: a superposição de 
etapas, com a persistência concomitante das doenças 
infecciosas e carenciais e das condições crônicas; as 
contratransições, movimentos de ressurgimento de 
doenças que se acreditavam superadas, as 
reemergências de doenças como a dengue e febre 
amarela; a transição prolongada, a falta de resolução 
da transição num sentido definitivo; a polarização 
epidemiológica, representada pela agudização das 
desigualdades sociais em matéria de saúde; e o 
surgimento das novas doenças ou enfermidades 
emergentes. 
Essa complexa situação tem sido definida, 
recentemente, como tripla carga de doenças porque 
envolve, ao mesmo tempo: uma agenda não concluída 
de infecções, desnutrição e problemas de saúde 
reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus 
fatores de riscos, como o tabagismo, o sobrepeso e a 
obesidade, a inatividade física, o estresse e a 
alimentação inadequada; e o forte crescimento da 
violência e das causas externas. 
Essa situação de saúde de tripla carga de doença, com 
predomínio das condições crônicas não pode ser 
enfrentada com sucesso por sistemas de atenção à 
saúde fragmentados e voltados para a atenção às 
condições agudas. 
O modelo de atenção (terceiro elemento constitutivo 
das RAS) à saúde é um sistema lógico que organiza o 
funcionamento das redes de atenção à saúde, 
articulando, de forma singular, as relações entre a 
população e suas subpopulações estratificadas por 
riscos, os focos das intervenções do sistema de atenção 
à saúde e os diferentes tipos de intervenções 
sanitárias, definidos em função da visão prevalecente 
de saúde, das situações, demográfica e epidemiológica, 
e dos determinantes sociais da saúde vigentes em 
determinados tempo e sociedade. 
Os modelos de atenção à saúde são de dois tipos: os 
modelos de atenção aos eventos agudos e os modelos 
de atenção às condições crônicas. 
A necessidade de se mudarem os sistemas de atenção 
à saúde para que possam responder com efetividade, 
eficiência e segurança a situações de saúde dominadas 
pelas condições crônicas levou ao desenvolvimento 
dos modelos de atenção à saúde. Por isso, eles têm sido 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
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dirigidos, principalmente, para o manejo das condições 
crônicas. 
Esse modelo compõe-se de seis elementos, 
subdivididos em dois grandes campos: o sistema de 
atenção à saúde e a comunidade. No primeiro, as 
mudanças devem ser feitas na organização da atenção 
à saúde, no desenho do sistema de prestação de 
serviços, no suporte às decisões, nos sistemas de 
informação clínica e no auto-cuidado apoiado. Na 
comunidade, as mudanças estao centradas na 
articulação dos serviços de saúde com os recursos da 
comunidade. Esses seis elementos apresentam inter-
relações que permitem desenvolver usuários 
informados e ativos e equipe de saúde preparada e 
pró-ativa para produzir melhores resultados sanitários 
e funcionais para a população. 
Há evidências abundantes e robustas, na literatura 
internacional, sobre os efeitos positivos do modelo de 
atenção crônica, seja na sua avaliação conjunta, seja na 
avaliação de seus elementos separadamente. 
7) EXPLICAR O FUNCIONAMENTO DO COAP E SUAS 
DIRETRIZES. 
O COAP é um acordo entre os gestores dos municípios 
de uma mesma região de saúde, do estado e da União, 
definindo-se de forma colaborativa as 
responsabilidades e os recursos financeiros de cada 
signatário para a organização e a integração das ações 
e serviços em uma Região de Saúde, garantindo a 
integralidade da assistência aos usuários. Além disso, 
são pactuados indicadores e metas de saúde, critérios 
de avaliação de desempenho, forma de controle e 
fiscalização de sua execução e demais elementos 
necessários ao cumprimento do acordo. 
O COAP é: 
• Instrumento jurídico que explicita os 
compromissos pactuados em cada região de 
saúde; 
• Instrumento que retrata a situação atual e as 
intervenções necessárias para uma situação 
futura e expressa a programação geral de 
ações e serviços de saúde para a região; 
• Instrumento de alocação de recursos das três 
esferas de Governo. 
O COAP deve ser elaborado de acordo com a realidade 
local e com as competências de cada ente federado, 
fortalecendo a governança regional, dando destaque: 
• à garantia de efetividade do direito à saúde da 
população brasileira mediante novos arranjos 
organizacionais no âmbito do SUS, discutidos e 
pactuados nas comissões intergestores; 
• à definição e compartilhamento das 
responsabilidades sanitárias de forma solidária 
e cooperativa, de modo a regular as relações 
de interdependência dos entes na rede de 
atenção à saúde, consolidando acordos 
interfederativos, com base no planejamento 
em saúde e nas diretrizes dos planos nacional 
e estaduais de saúde aprovadas pelos 
respectivos conselhos de saúde; 
• à segurança jurídica, com definição das 
responsabilidades sanitárias dos entes 
federados na divisão de suas competências 
constitucionais e legais; 
• ao financiamento integrado e adequado às 
necessidades de saúde da população nos 
territórios regionalizados; 
• ao avanço no debate da saúde com 
envolvimento e comprometimento político 
dos chefes do Executivo, de forma a 
estabelecer e articular estratégias para 
reorganizar o SUS; 
• à maior transparência e publicidade dos 
compromissos e gastos com a saúde; 
• à melhoria da gestão pública, na medida em 
que permite uma nova forma de se relacionar 
no interior da própria Administração Pública 
com o intuito de torná-la mais eficiente. 
O ponto de partida para a discussão e elaboração do 
COAP é a manifestação da vontade política dos entes 
federados por meio do consenso na Região de Saúde. 
Essa vontade política deve estar acompanhada de 
condições técnico-administrativas que alicercem a sua 
futura celebração. 
O COAP será assinado pelos chefes do executivo 
(Prefeitos e Governador), Secretários Municipais e 
Estadual da Saúde e Ministro da Saúde. 
As Regiões de Saúdesão “espaços geográficos 
contínuos, constituídos por agrupamento de 
municípios limítrofes, delimitados a partir de 
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes 
de comunicação e infraestrutura de transportes 
compartilhados, com a finalidade de integrar a 
organização, o planejamento e a execução de ações e 
serviços de saúde”, garantindo ao cidadão o direito 
igual a essas ações e serviços próximos de onde sua 
vida acontece, independentemente do lugar onde se 
encontre, diminuindo assim as diferenças territoriais 
municipais e gerando solidariedade sistêmica no SUS. 
Dentre os objetivos para a organização de uma Região 
de Saúde, destacam-se: 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
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• garantir o acesso resolutivo da população, em 
tempo oportuno e com qualidade, às ações e 
serviços de promoção, proteção e recuperação 
da saúde, organizados em redes de atenção à 
saúde, assegurando-se um padrão de 
integralidade; 
• efetivar o processo de descentralização de 
ações e serviços de saúde entre os entes 
federados, com responsabilização 
compartilhada, favorecendo a ação solidária e 
cooperativa entre os gestores, evitando a 
duplicação de meios para atingir as mesmas 
finalidades; 
• buscar a racionalidade dos gastos, a otimização 
de recursos e eficiência na rede de atenção à 
saúde, por meio da conjugação interfederativa 
de recursos financeiros entre outros, de modo 
a reduzir as desigualdades locais e regionais. 
Para tanto, a Região de Saúde deve conjugar serviços 
de vários níveis de densidade tecnológica e ofertar um 
mínimo de ações e serviços de: 
• Atenção primária. 
• Urgência e emergência. 
• Atenção psicossocial. 
• Atenção ambulatorial especializada e 
hospitalar. 
• Vigilância em saúde. 
Cabe ao estado e à União o papel de promover a 
equidade regional, minimizando asdiferenças, 
transferindo recursos de acordo com as necessidades e 
as características regionais. 
O planejamento regional integrado ocorre na Região 
de Saúde e parte do reconhecimento da região como o 
território para a identificação das necessidades de 
saúde da população, com base no perfil 
epidemiológico, demográfico, socioeconômico; a 
articulação e coordenação interfederativa; a 
organização das ações e serviços de saúde em rede de 
atenção; e a alocação dos recursos de custeio e 
investimentos. 
A produção resultante desse processo compõe o COAP 
e expressa: 
• a identificação das necessidades de saúde da 
população e a análise da situação de saúde do 
território; 
• as diretrizes, os objetivos plurianuais e as 
metas anuais, bem como os prazos de 
execução, indicadores e responsabilidades dos 
entes federados; 
• a Programação Anual de Ações e Serviços de 
Saúde (PGASS), incluindo os componentes de 
promoção, proteção, recuperação e 
reabilitação em saúde, (assistência, vigilância 
em saúde - epidemiológica, sanitária e saúde 
ambiental - e assistência farmacêutica); 
• as responsabilidades pelo financiamento.

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