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APOSTILA II ENGENHARIA DE SEGURANÇA DE TRABALHO #RUMOÀ CONVOCAÇÃO CONCURSO PÚBLICO Todos os direitos reservados. Este e-book ou parte dele, não pode ser reproduzido sem autorização expressa, por escrito do autor, sob pena de reclusão 2 a 4 anos, e multa, de acordo com Art. 184, § 1º do Código Penal Sumário Gerenciamento de Riscos ................................................................................................................................................. 5 FUNÇÃO E A ORIGEM DO GERENCIAMENTO DE RISCOS .................................................................................................. 8 FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS PARA GERÊNCIA DE RISCO NO TRABALHO ................................................................. 11 OUTROS SIGNIFICADOS DE PROBABILIDADE .................................................................................................................. 13 ANÁLISE E RISCOS ........................................................................................................................................................... 16 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS .................................................................................................................................... 18 TÉCNICAS DE INCIDENTES CRÍTICOS ............................................................................................................................... 21 NATUREZA DOS RISCOS EMPRESARIAIS, RISCOS PUROS E ESPECULATIVOS .................................................................. 23 SEGURANÇA DE SISTEMAS. SISTEMAS E SUBSISTEMAS ................................................................................................. 26 A EMPRESA COMO UM SISTEMA .................................................................................................................................... 29 RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO .............................................................................................................................. 32 CUSTOS DE ACIDENTES ................................................................................................................................................... 34 PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS ............................................................................................................................ 39 PLANOS DE EMERGÊNCIA ............................................................................................................................................... 45 ADOÇÃO DE RISCOS E AUTOSSEGURO. TRANSFERÊNCIA DE RISCOS ............................................................................. 49 ADMINISTRAÇÃO DE SEGUROS ....................................................................................................................................... 51 Conceitos de Análise de Riscos ....................................................................................................................................... 54 Prevenção de Riscos ........................................................................................................................................................ 57 Aplicabilidade da Gestão de Riscos ................................................................................................................................. 59 Bombas Industriais .......................................................................................................................................................... 60 Compressores Industriais ................................................................................................................................................ 62 Trocadores de Calor ........................................................................................................................................................ 64 Vasos de pressão ............................................................................................................................................................. 67 Fornos Industriais ............................................................................................................................................................ 69 Motores ........................................................................................................................................................................... 71 Máquinas de Elevação e Transporte ............................................................................................................................... 72 Ferramentas Manuais, Motorizadas e Pneumáticas ...................................................................................................... 74 Veículos Industriais ......................................................................................................................................................... 75 Equipamentos de Soldagem ........................................................................................................................................... 76 Proteção Mecânica ......................................................................................................................................................... 78 Utilidades ........................................................................................................................................................................ 80 Instalações e Edificações ................................................................................................................................................. 84 Construções e Obras ....................................................................................................................................................... 87 Prevenção de Acidentes na Construção Civil .................................................................................................................. 89 Sistemas Elétricos de Potência ....................................................................................................................................... 91 Sistemas Elétricos Internos ............................................................................................................................................. 93 Sistemas de Proteção Passiva ......................................................................................................................................... 95 Uso de Equipamentos Elétricos em Áreas Explosivas ..................................................................................................... 98 Choques Elétricos ............................................................................................................................................................ 99 Manutenção .................................................................................................................................................................. 101 Importância da proteção e combate contra incêndios (PCI) ........................................................................................ 103 Leis e normas regulamentadoras .................................................................................................................................. 107 Teoria do fogo e explosões (PCI). .................................................................................................................................. 110 Combustíveis e Incêndios ............................................................................................................................................. 113 Prevenção e combate a incêndios florestais ................................................................................................................ 116 Comportamento dos materiaisfrente a incêndios ....................................................................................................... 119 Métodos de extinção de incêndios ............................................................................................................................... 123 Fundamentos do programa de proteção contra incêndios .......................................................................................... 126 Sistemas de detecção contra incêndio ......................................................................................................................... 129 Sistemas fixos e portáteis de combate a incêndios ...................................................................................................... 132 Saídas de emergência, iluminação e sinalização........................................................................................................... 136 Brigadistas e Corpo de Bombeiros no combate e prevenção contra incêndios ........................................................... 139 O papel das empresas na PCI ........................................................................................................................................ 142 Inspecionando o Sistema de prevenção e combate a incêndios .................................................................................. 145 Rede de hidrantes ......................................................................................................................................................... 149 Equipe de combate a incêndio ...................................................................................................................................... 152 Segurança no Trabalho ................................................................................................................................................. 155 Acidentes de Trabalho .................................................................................................................................................. 157 Serviços Ligados à Higiene e Segurança do Trabalho ................................................................................................... 160 Equipamentos de Proteção Individual .......................................................................................................................... 163 Atividades e Operações Insalubres ............................................................................................................................... 164 Atividades e Operações Perigosas ................................................................................................................................ 171 Higiene, Ergonomia e Gestão ........................................................................................................................................ 175 Auditorias, Laudos e Perícias ........................................................................................................................................ 177 5 Gerenciamento de Riscos Diante de um cenário nacional preocupante, onde a estimativa média é que, a cada cinquenta e nove segundos, um trabalhador sofre um acidente de trabalho e, a cada três horas e trinta oito minutos, um trabalhador perde a vida em virtude do trabalho, é de extrema importância e relevância que a Gestão de Riscos de Segurança do Trabalho se torne uma rotina dentro das organizações. Os dias de trabalho perdidos com afastamentos previdenciários acidentários e os gastos da previdência social com benefícios acidentários crescem assustadoramente. Segundo o observatório digital de saúde e segurança do trabalho, no período de 2012 a 2017, mais de 305 milhões de dias já foram perdidos com afastamentos e mais de 66 bilhões de reais já foram gastos com benefícios acidentários ativos. Atualmente, observa-se que nos países desenvolvidos, as grandes empresas e muitas pequenas e médias se utilizam, com êxito, da gestão de riscos de segurança do trabalho, pois ela proporciona uma correta proteção dos ativos e do patrimônio dos acionistas, eliminando e/ou reduzindo, efetivamente, a grande maioria dos riscos ocupacionais. Portanto, a incorporação de práticas de gestão de segurança no trabalho contribui para a proteção contra os riscos presentes no ambiente laboral, prevenindo e reduzindo os acidentes. Dessa forma, os trabalhadores, a empresa e a produtividade do país só têm a ganhar. O QUE A ANÁLISE DE RISCOS CONTEMPLA: Para que o entendimento da análise de riscos aconteça de forma clara, é interessante que o entendimento da gestão de riscos seja definido como sendo a elaboração e a implantação de medidas e procedimentos, técnicos e administrativos, que têm por objetivo prevenir, reduzir e controlar os riscos bem como manter uma instalação operando dentro de padrões de segurança considerados toleráveis ao longo de sua vida útil. Considerando que o risco é a possibilidade de ocorrência de um evento (acidente) que pode causar danos (consequências) a uma empresa, a redução dos riscos pode ser conseguida por meio da implementação de medidas que visem tanto reduzir a possibilidade de ocorrência do acidente (ações preventivas) como as suas respectivas consequências (ações de proteção). Os danos podem ser humanos, patrimoniais, financeiros, de imagem, dentre outros. Ao contrário do perigo, o risco pressupõe uma medição da chance desse evento ocorrer e a estimativa da sua gravidade. Por exemplo, um terremoto é um perigo. Já a chance de um terremoto ocorrer em determinada localidade e seus impactos é o risco. Se uma localidade possui prédios adaptados para suportar os tremores da terra, o risco de danos será menor, ainda que o perigo seja o mesmo. Uma análise de risco bem elaborada consiste na avaliação da probabilidade de um perigo acontecer e na mensuração do seu possível impacto e consequente prejuízo para a organização. Algumas perguntas importantes devem ser respondidas numa análise de riscos de determinada instalação, tais como: Quais os riscos presentes no ambiente verificado e o que pode acontecer de errado? Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes devido aos riscos presentes? Quais os efeitos e as consequências destes acidentes? Como poderiam ser eliminados ou reduzidos estes riscos? 6 COMO REALIZAR A GESTÃO DE RISCOS? É necessário que todos os colaboradores estejam comprometidos (operadores, supervisores, técnicos, gerentes, diretores e presidência da organização) para que a gestão e redução de riscos ocorra, pois, desta forma será possível a formação de hábitos seguros e de uma cultura de gerenciamento de riscos exercida por todos da organização. A inspeção de segurança é um método preventivo de extrema importância, que identifica a possibilidade de eliminação de possíveis acidentes, seja ao patrimônio ou às pessoas. A importância da gestão de risco reflete nos benefícios que ela pode trazer para a empresa, tais como: a preservação de bens e vidas humanas, manutenção do fluxo produtivo e reputação da empresa, funcionários motivados, aumento da produção e competitividade, entre outros. Uma vez elaborada a análise de riscos, a gestão desse processo deverá ocorrer de forma natural. Segundo a norma OHSAS 18001:2007*, a organização deve estabelecer e manter procedimentos para a contínua identificação de perigos, avaliação de riscos e a implantação de medidas de controle necessárias. Assim, toda e qualquer empresa que desenvolva atividades que possam acarretar acidentes deve estabelecer um melhor gerenciamento de seus riscos, objetivando prover uma sistemática voltada para o estabelecimento de orientações gerais de gestão, com vistas à prevenção dos acidentes. O AVANÇO DE LEIS E NORMAS E A CRIAÇÃO DE PROCEDIMENTOS: Com o passar dos anos as leis concernentes a saúde e segurança do trabalhador têm se tornado cada vez mais rigorosas. Nesse sentido, implantar o gerenciamentode perigos e riscos visando a proteção do colaborador tornou-se uma obrigação das organizações que queiram manter-se corretamente diante da legislação e que também compartilham em seu estatuto, valores ligados à saúde e segurança da sua equipe. Provavelmente você já deve ter ouvido falar, pelo menos uma vez, algum caso de acidente de trabalho. As chances desse episódio ter ocorrido em uma obra da construção civil são muito grandes. Isso porque segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o ramo da construção civil é o setor onde mais apresenta risco ao trabalhador. Para minimizar casos de acidentes como esses, a Organização Internacional de Normatização (ISO) traz a norma OHSAS 18001 focada na Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional. Assim como a ISO 9001 e a ISO 14001, essa é mais uma norma passível de certificação, ou seja possibilita às empresas a aquisição do selo. Um dos principais requisitos da OHSAS 18001 é o gerenciamento de perigos e riscos que uma empresa pode proporcionar ao colaborador. A norma estipula a listagem de todas as ações ou itens da empresa que possam ser classificadas em um destes dois termos. Mas qual a diferença entre o conceito de perigo e risco? Discutiremos o significado de Perigo e Risco segundo a OHSAS 18001. Perigo, no requisito 3 da OHSAS 18001:2007, é definido como fonte, situação ou ato com potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes. Ou seja, de forma simples o termo perigo refere-se a fonte geradora do problema. Alguns exemplos são: andaime de uma construção, a atividade de carga e descarga de uma transportadora; as longas escadas na rotina diária de um pintor. 7 Já a definição de Risco no trabalho, segundo a OHSAS 18001, consiste na Combinação da Probabilidade da ocorrência de um acontecimento perigoso ou exposição (ões) e da severidade das lesões, ferimentos, ou danos para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões). Em linhas gerais, podemos entender o risco como os “efeitos da fonte geradora”. Utilizando-se dos exemplos citados no item perigo, fica mais fácil compreender o que significa risco. Por exemplo, se o andaime é o perigo, a queda do colaborador deste espaço, seria classificado como risco. No caso do pintor, se a escada é o perigo, o acidente com a escada seria denominado o risco. Portanto, o Perigo é a fonte, situação ou Ato, enquanto o Risco é a probabilidade X Gravidade. É importante destacar que muitos empresários vêem a importância da OHSAS 18001 apenas como um instrumento para evitar acidentes no local de trabalho como a fratura de um braço ou situações mais graves. No entanto, o gerenciamento de perigos e riscos da OHSAS 18001 pode evitar problemas ou doenças devido às ações repetitivas realizadas ao longo dos anos. Citamos como exemplo o ato de digitar incorretamente que pode provocar lesões tanto na coluna quanto nas mãos. Identificando os perigos e avaliando os riscos gerenciamento de perigos e riscos na saúde e segurança do trabalho. Para tornar o processo de identificação e avaliação o mais eficaz possível. É necessário que sejam observados e registrados tanto situações corriqueiras no ambiente de trabalho, quanto situações emergenciais ou atípicas. Nesse sentido, as operações como um todo da empresa precisam ser listadas e avaliadas. Recomenda-se que neste processo avaliem-se todas as fontes de perigos da organização, sobretudo aquelas que poderão proporcionar algum tipo de risco aos colaboradores ou pessoas presentes no ambiente. Para compreender melhor a terminologia, as fontes de perigo são todas aquelas fontes que de alguma maneira apresentem risco ao funcionário ou as outras pessoas presentes no local. Como explicado no tópico anterior, quando se avalia os processos dos riscos, consequentemente serão identificados os perigos, tendo em vista que o perigo é fonte geradora e os riscos são os efeitos da fonte geradora. Há locais de maior atenção no apontamento de perigo, como as das fontes de energia. Para cada empresa exigem-se cuidados e atenções específicas devido a singularidade de cada negócio. Uma dica importante é analisar os riscos segundo a severidade e probabilidade de ocorrência. MELHORIA CONTÍNUA DO SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL PERIGOS E RISCOS CONSTRUÇÃO CIVIL Toda mudança na empresa deve levar em conta o sistema de gestão de Saúde e Segurança Ocupacional, uma vez que deve ser observado se a mudança poderá apresentar algum perigo ou risco, segundo o levantamento que já foi realizado com a implementação da OHSAS 18001. Dessa maneira, o processo se tornará cada vez mais eficiente, evitando futuros problemas no SGSSO. Outra forma do aperfeiçoamento contínuo do sistema é a criação de novas listas de perigos e avaliação de riscos de tempos em tempos, segundo a necessidade dos processos da organização. A ideia é que as medidas de proteção se tornem cada vez mais minuciosas e eficientes no controle dos perigos e riscos no local de trabalho. Como criar o próprio sistema de gerenciamento de perigos e riscos? A OHSAS 18001 oferece as diretrizes necessárias para a análise e levantamento dos perigos e 8 riscos. Portanto, é possível seguir as orientações presentes na norma para implantar o gerenciamento. Todavia, os processos são bastantes minuciosos e exigem atenção extra para interpretação de possíveis ou futuras causas de acidentes. Sendo assim, recomenda-se que o trabalho seja feito por um profissional habilitado que possua experiência na área. Uma vez que para a implementação da norma com o objetivo da conquista do selo, exige-se que cada um dos requisitos da OHSAS 18001 sejam atendidos corretamente. Não apenas para contar com o sistema de gerenciamento de perigos e riscos, mas para estar em conformidade com a ISO e com a legislação em vigor, o acompanhamento de uma consultoria profissional é imprescindível. FUNÇÃO E A ORIGEM DO GERENCIAMENTO DE RISCOS A função do Gerenciamento de Riscos é reduzir perdas e minimizar os seus efeitos. Isso quer dizer que se assume a existência de perdas em todos os processos industriais, como um fato perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas, basicamente de inspeções e de análises, procura-se evitar que essas perdas venham a ocorrer com certa frequência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas, limitando-as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado pela empresa em seus orçamentos anuais. Não existe um método único de Gerenciamento de Riscos, ou uma metodologia padrão. Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor com procedimentos-padrão para aquele tipo de etapa, analisando as possíveis alterações existentes, através de um amplo conhecimento das várias etapas da atividade analisada. O Gerenciamento de Riscos é um contínuo processo de busca de defeitos, ou de quase-defeitos, com vistas à sua prevenção. Esses defeitos são chamados riscos. Risco é uma chance de perda e provavelmente, o mais importante degrau no processo de identificação e gerenciamento das perdas. Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas no Gerenciamento de Riscos e o emprego de metodologias específicas pode-se também quantificar riscos. A partir do momento que se qualifica e quantifica um risco tem-se a sua real magnitude ou sua expressão matemática. A qualificação é a identificação do tipo de risco ou da qualidade, se é que podemos assim dizer a respeito das características dos eventos que podem surgir. Trata-se de um risco de incêndio, ou de um risco de explosão, ou de um risco de danos elétricos, etc. A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em percentual do valor dos bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do prejuízo a se verificar no futuro. O risco, se ocorrer, poderá gerar uma perda que irá afetar 48% do patrimônio da indústria. A perda potencial é de cerca de $500,000. Como veremosadiante, tanto o tipo de risco quanto o valor da perda gerada são bastante importantes para a fixação do custo do risco, ou seja, do valor que a perda, se ocorrida, pode assumir. 9 Essa informação é muito importante para a execução de um programa de tratamento do risco. Em função do custo do risco, que pode vir a ser razoavelmente calculado por processos simples, consegue-se elaborar um plano de retenção das perdas ou de transferência para uma Seguradora, por intermédio de um contrato de seguros. Se as perdas são pequenas e a probabilidade de virem a ocorrer é baixa, com toda a certeza pode se tratar de um caso de retenção do risco, ou de um auto seguro. Por outro lado, se a perda tem características de vir a apresentar danos severos, é o momento de se pensar em transferi-la, por intermédio da contratação de uma apólice de seguros. Passaremos a entender que uma transferência de risco não é uma operação isolada. O fato de se transferir um risco não é um pressuposto de que todas as preocupações da empresa serão resolvidas, ou todos os prejuízos serão reembolsados, ou as perdas reparadas. Normalmente existem mecanismos dentro do contrato de seguros que transformam a empresa em corresponsável pelas perdas. Ou seja, se um sinistro vier a ocorrer, a empresa terá que bancar uma parte do mesmo e a seguradora a quem ela transferiu a responsabilidade será responsável pela diferença. Esse mecanismo de corresponsabilidade é o que denominamos de franquia ou participação obrigatória do segurado (POS). Assim, a empresa por não ter condições técnicas de repassar 100% tem que se preparar para evitar as ocorrências dos eventos. Uma das formas de prevenção se dá por intermédio da aplicação das técnicas corretas de Gerenciamento de Riscos, associada à adoção de mecanismos ou de sistemas de prevenção de perdas. No tocante a esses, destinaremos alguns momentos para tratar desse assunto especificamente. ORIGEM DO GERENCIAMENTO DE RISCOS A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de 1963, com a publicação do livro Risk Management in the Business Enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges. Seguramente uma das fontes de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol, divulgado na França em 1916. A origem da Gerência de Riscos é a mesma da Administração de Empresas, a qual, por sua vez, conduziu os processos de Qualidade e de Produtividade. Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação e adaptação pelos países variou de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros motivos mais. No Brasil o seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970, com aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas empresas do setor. Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os conceitos prevencionistas do Mercado Segurador Brasileiro, principalmente no que diz respeito ao risco de incêndio. Porém, com o intercâmbio entre os países e a melhor compreensão da técnica vislumbrou-se um melhor futuro para a mesma. Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia de Confiabilidade de Sistemas, ou a Engenharia de Segurança de Sistemas, alguns conceitos comuns passaram a se mesclar, dando nova configuração à Gerência de Riscos. Nas aulas a seguir faremos uma análise de alguns tipos de processos industriais, com destaque para os seus principais riscos e sugestões de formas ou de maneiras adotadas para o tratamento dos riscos. 10 Nos deteremos mais no tópico prevenção e combate a incêndios nessas análises, por ser esse o principal risco das empresas, sem, entretanto, descuidarmos da análise e da exemplificação de outros riscos. Existem inúmeros eventos que constantemente ameaçam o patrimônio das empresas. Porém, em linhas gerais, dos eventos geradores de danos que incidem em instalações industriais, tanto no que diz respeito à frequência de ocorrências, como também no tocante à severidade das perdas, o incêndio é o mais comum. Na ilustração a seguir apresenta-se um gráfico com os percentuais médios, aplicados aos riscos maiores ou geradores das ocorrências, verificados nos acidentes envolvendo indústrias. Figura 1 - Gráfico com os percentuais médios, aplicados aos riscos maiores ou geradores das ocorrências Na análise em questão abordaremos desde o conhecimento das características dos agentes extintores até o seu emprego, sempre com vistas à prevenção e ao controle dos riscos. Finalmente, cumpre ressaltar que muitas vezes a Gerência de Riscos é confundida com a Segurança Industrial. Ambas têm caráter preventivo. Entretanto, na Gerência de Riscos procura-se tratar o risco sob o prisma matemático de sua ocorrência, quase que para fins de estudos, enquanto que a Segurança Industrial parte direto para as medidas corretivas. A linha de trabalho que consideramos ideal é aquela que associa os métodos de análise empregados na Gerência de Riscos com os procedimentos da Segurança Industrial. 11 FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS PARA GERÊNCIA DE RISCO NO TRABALHO CONFIABILIDADE / PROBABILIDADE: CONCEITOS BÁSICOS Confiabilidade (C): é a probabilidade de um equipamento ou sistema desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado. Probabilidade de falha (P): é a possibilidade de ocorrência de um determinado número de falhas num período de tempo considerado. A probabilidade de falha, até certa data, é denominada “n~o confiabilidade” e é o complemento de C. Taxas de falhas (λ): é a frequência com que as falhas ocorrem, num certo intervalo de tempo, e é medida pelo número de falhas para cada hora de operação ou número de operações do sistema. Tempo médio entre falhas (TMEF): é o recíproco da taxa de falhas. TIPOS DE FALHAS A- Falhas prematuras - Ocorrem durante o período de depuração, devido a deficiências nas montagens ou a componentes abaixo do padrão, que falham logo após colocados em funcionamento. As falhas prematuras não são consideradas na análise de confiabilidade porque se admite que o equipamento foi depurado e as peças iniciais defeituosas foram substituídas. Para a maioria dos equipamentos, 200 horas é um período considerado seguro para que haja depuração. 12 B- Falhas casuais - São falhas que resultam de causas complexas, incontroláveis e, algumas vezes, desconhecidas. Ocorrem durante a vida útil do componente ou sistema. C- Falhas por desgaste - São falhas que ocorrem após o período de vida útil dos componentes. A taxa de falha aumenta rapidamente, nesse período, devido ao tempo e a algumas falhas casuais. CURVA DA TAXA DE FALHA X TEMPO (“Curva de Banheira”) Como podemos ver na Figura 1 abaixo temos diferentes comportamentos para falhas dependendo do período da vida útil do produto, equipamento ou processo. Figura 1 – Curva da Banheira CÁLCULO DA CONFIABILIDADE É dado pela expressão matemática que indica a probabilidade com que os componentes operarão, sem falhas, num sistema de taxa de falhas constante, até a data t. Onde: C= Confiabilidade; e= 2,718; λ = taxa de falhas, t= tempo de operaç~o e T=tempo médio entre falhas. SISTEMA DE COMPONENTES EM SÉRIE A característica principal do sistema de componentes em série é a de que uma falha de qualquer um dos componentes implica na quebra ou paralisação do equipamento ou sistema. Sejam C1, C2, C3.........Cn, as funções de confiabilidade dos componentes de um equipamento ou sistema: Figura 2 – Esquema de maquinas ligadas em série A confiabilidade C do sistema é dada pela expressão: C= C1. C2. C3.............Cn; que é, também, denominada LEI DO PRODUTO DE CONFIABILIDADE. A probabilidade de falha será: P = 1 – C. 13 SISTEMA DE REDUNDÂNCIA PARALELA Nesse caso, para que haja a paralisação do sistemaé necessário que todos os meios ou componentes do sistema falhem. Figura 3 – Esquema de máquinas ligadas em paralelo Sejam P1, P2, P3.......Pn, as probabilidades de falha dos componentes de um equipamento ou sistema. A probabilidade de falha do equipamento ou sistema é dada pela fórmula: P = P1, P2, P3.......Pn; A confiabilidade ou probabilidade de não falhar será: C = 1 – P. A redundância paralela é uma ferramenta de projeto para aumentar a confiabilidade de um sistema ou equipamento. Essa ferramenta apresenta, entretanto, algumas desvantagens tais como: aumento de custo, peso, volume, complexidade, exigindo maior manutenção. OUTROS SIGNIFICADOS DE PROBABILIDADE Pode parecer intuitivamente óbvio o significado de probabilidade, mas a palavra tem, de fato, vários significados. Veremos abaixo, três definições básicas de probabilidade: CHANCES IGUAIS Uma definição de probabilidade deriva do princípio da chance igual. Se uma situação tem n chances iguais e efeito mutuamente exclusivo e se nA representa os resultados ou efeitos para o evento A, a probabilidade P(A) do evento A ocorrer, é: P(A) = nA/A Essa probabilidade pode ser calculada ou não por intermédio de experiências. O exemplo usualmente dado é o lance de um dado não viciado, o qual apresenta seis possibilidades iguais de chances. A probabilidade de tirarmos o número 1 é de 1/6. Outro exemplo é a retirada de 1 bola de dentro de uma caixa contendo 04 bolas brancas e 2 vermelhas. A chance de retirarmos 1 bola vermelha é dada pela razão 1/3. O princípio das chances iguais também é aplicado ao 2º caso, porque, apesar da possibilidade de retirar uma bola vermelha e uma branca ser desigual, a chance de retirar uma bola é igual. Essa definição de probabilidade é muitas vezes de utilidade limitada na engenharia, principalmente pela dificuldade de definir situações com chances iguais e mutuamente exclusivas nas aplicações práticas. 14 FREQUÊNCIA RELATIVA – EXPERIMENTAÇÃO Uma segunda definição de probabilidade é baseada no conceito de frequência relativa. Se uma experiência é executada n vezes e se o evento A ocorre nA vezes nessas ocasiões, então a probabilidade P(A) do evento A ocorrer é: P(A) = Lim nA/n Essa probabilidade pode somente ser determinada por experiências. Essa definição de probabilidade é uma das mais largamente usadas em engenharia. Em particular, esta é a definição empregada na estimativa da probabilidade de falha. PROBABILIDADE PESSOAL Uma terceira condição de probabilidade é a condição de opinião. Ela é uma medida numérica de confiança na qual uma pessoa tem de que o evento poderá ocorrer. Muitas vezes ela corresponde a frequência relativa do evento. ALGUMAS RELAÇÕES DE PROBABILIDADE Chegou o momento de apresentarmos as ferramentas básicas para o desenvolvimento das relações de probabilidades. Afinal, é com estas ferramentas que procuramos desvendar os campos da Engenharia de Confiabilidade. ÁLGEBRA BOOLEANA Devemos o desenvolvimento de Álgebra Booleana a George Boole, que a criou para aplicação ao estudo da lógica. A mais notável aplicação da lógica booleana, foi na implantação de sistemas eletrônicos digitais que originaram os computadores eletrônicos (Hardware). Mas não é só na informática que encontramos aplicação para a Álgebra Booleana. Atualmente, além de uma infinidade de sistemas eletrônicos e eletromecânicos, a matéria está sendo empregada nas análises de probabilidade, em estudos que envolvem processos decisórios (Teoria da Decisão) e ou Segurança de Sistemas, principalmente. A principal vantagem da Álgebra Booleana é a simplificação de sistemas complexos, facilitando o seu entendimento e favorecendo a sua análise. A aplicação do assunto fica limitada a sistemas ou processos que puderem assumir dois estados discretos, como por exemplo: Sim ou Não; falso ou verdadeiro; Positivo ou Negativo; Alto ou Baixo; Zero ou 1 (um). Na matéria é utilizado o sistema binário como sistema de numeração e uma notação simbólica específica. O sistema binário, como sabemos, é empregado como linguagem de computação e nos proporciona duas condições apenas. (Ø ou 1). NOÇÕES DE CONJUNTOS Por conjunto entendemos qualquer coleção de objetos, elementos, eventos, símbolos, ideias ou entidades matemáticas. A totalidade do conjunto é expressa pela unidade e o conjunto vazio por zero (Ø). Devemos lembrar que esses valores não são quantitativos, são apenas símbolos. Utiliza-se comumente os diagramas de Venn para identificar os conjuntos. Os desenhos que se seguem representam algumas situações de interações entre conjuntos e o seu significado encontra-se explícito ao lado. 15 Figura 1 - Representa a união do conjunto A com o conjunto B, A U B ou A+B Figura 2 - Representa conjuntos mutuamente exclusivos ou disjuntos Figura 3 - Representa a diferença entre os conjuntos A e B Figura 4 - Representa o complemento de A, também chamado de Ᾱ ou NÃO.A Figura 5 - Representa a lei distributiva ou seja A(B+C) = AB +AC Figura 6 - Representa também a lei distributiva ou seja (A+B).(A+C) = A +BC Como já foi observado nas explicações anteriores a união e intersecção de conjuntos pode ser escrita respectivamente, através da notação: C= A U B = A+B & C= A ÇB = A.B 16 ANÁLISE E RISCOS A maioria dos acidentes é devida à falta ou deficiência de algo fundamental na execução das tarefas diárias. A segurança dos empregados nas áreas de risco é função direta do método de trabalho que, infelizmente, não tem recebido o carinho, atenção e respeito que merece! Havendo problema quanto ao método, a segurança sempre falha!... E quando a segurança falha, os resultados são catastróficos: - São as mortes; - São as mutilações físicas e/ou mentais; - São as perdas materiais; - São as interrupções brutais do trabalho com toda sorte de prejuízo! Revisaremos alguns conceitos básicos sobre acidente e segurança. Os conceitos sobre acidente são estudados isoladamente apesar de que, na prática, os acidentes ocorrem sempre em cadeia. Eles são classificados em caráter pessoal, material e administrativo. Gerenciar riscos depende fundamentalmente do claro entendimento desses conceitos. ACIDENTE Ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento que não prevemos ou, se prevemos, não sabemos precisar quando vai acontecer. Acidentes pessoais: Ocorrência com pessoas. Ex: Queda de pessoa Acidente Material: Ocorrência com material Ex: Queda de aparelho de medição Acidente Administrativo: Ocorrência com a empresa Ex: Falência, não programada. ACIDENTE DO TRABALHO Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e que tem a cobertura da seguradora. INCIDENTE CRÍTICO: É uma situação ou condição que se apresenta, mas não manifesta dano. É também chamado de quase-acidente. DANO Consequência negativa do acidente. É o produto ou resultado negativo do acidente (prejuízo), seja dano pessoal, lesão, como ferimento no braço, perturbação mental; dano material, como dano em aparelho, equipamento, etc; ou dano administrativo, como o prejuízo monetário e o desemprego em massa. RISCO Tudo que pode causar acidente, ou seja, que tem potencial ou probabilidade de causar acidente. De um modo geral, os riscos s~o mais “visíveis” nas tarefas e podem ser controlados. Por vezes ele está oculto no processo que envolve a realização das tarefas. Podemos descobri-lo preventivamente (através de conhecimento, estudo, pesquisa, testes, etc., o que é sempre difícil) ou corretivamente (após algum acidente). Um exemplo é o defeito de fabricação de um equipamento. Há riscos que nunca são descobertos. Lembre-se da m|xima “os inimigos ocultos s~o os mais perigosos!” RISCO PESSOAL 17 É o homem o maior risco da humanidade! Ele pode causar os mais variados acidentes a qualquer instante. RISCO MATERIAL Condição insegura é o risco verificadono ambiente, seja em máquinas, equipamentos, ferramentas, a presença (gás tóxico) ou a falta de pessoal treinado em primeiros socorros ou qualquer outra coisa no ambiente de trabalho. RISCO ADMINISTRATIVO A administração, a gerência, a supervisão ou quem os representar diretamente. É o risco mais crítico da Empresa. Quando o gerente é competente, o trabalho e a segurança funcionam a contento. Um grande número de acidentes na empresa indica sempre uma supervisão falha ou inexistente. CAUSA (DE ACIDENTE) Aquilo que provocou o acidente, que foi responsável por sua ocorrência, que permitiu a transformação do risco em acidente. Vale ressaltar que a causa só passa a existir após a ocorrência do acidente. A condição insegura (piso escorregadio, por exemplo) é um risco, antes de acontecer o acidente. Após o acidente a condição insegura é a causa do acidente (e continua sendo risco para outros acidentes). A classificação da causa de acidentes é descrita a seguir. Causa Pessoal: Ato inseguro, como, por exemplo, não seguir o fluxo padronizado das tarefas. Causa Material: Condição Insegura, como, por exemplo, o piso escorregadio. Causa Administrativa: Ato inseguro administrativo , como, por exemplo, a diretriz errada, uma ordem errada proveniente da chefia, de gerência, de supervisor. ATO INSEGURO Maneira pela qual, consciente ou inconscientemente, a pessoa física ou jurídica: em primeiro lugar se expõe ao risco; em segundo lugar expõe as pessoas (físicas ou jurídicas) e outras coisas ao risco. O ato inseguro (simplesmente) é aquele que é cometido por pessoa física, como por exemplo, o lançamento de cigarro aceso (pontas) pela janela. O ato inseguro administrativo é aquele que é cometido por pessoa jurídica, como, por exemplo, a ordem dada pela chefia para transportar mercadoria com carga superior à capacidade de um caminhão. CONDIÇÃO INSEGURA, OU CONDIÇÃO AMBIENTE DE INSEGURANÇA Condição de meio que pode causar ou favorecer a ocorrência de acidentes (risco) ou a condição do meio que causou ou favoreceu o acidente (causa). A condição insegura antes do acidente é risco e após o acidente é causa. FATOR PESSOAL (DE INSEGURANÇA) A condição que leva o ser humano a cometer o ato inseguro podendo ser inconsciente ou consciente, inerente ou não ao ser humano. Alguns exemplos são o medo e a insegurança. EXEMPLOS DE FATORES HUMANOS Os elementos abaixo são exemplos de fatores humanos que podem causar acidentes ou incidentes em processos. 18 Incompetência: física (surdez, daltonismo); mental (intelectual ou psíquico); falta de treinamento ou treinamento inadequados. Todos nós temos muita competência para algumas coisas e pouca competência para outras. Irresponsabilidade: omissão, indisciplina, vício (bebida, tóxico, etc.). Excesso de confiança: o “bom geral''. Falta de confiança: insegurança, dúvida, medo. Problemas pessoais: doenças, falta de dinheiro, preocupação, excesso de dinheiro, fome, doença na família, fadiga. Incompatibilidade: Com talento, com chefes, com colegas, com a vida. Bom seria se pudéssemos ter sempre “o homem certo no lugar certo”. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS EXEMPLOS DE ATOS INSEGUROS Podemos listar vários elementos como atos inseguros, dentre eles alguns nos parecem intuitivos, outros nos parecem menos comuns, mas precisam fazer parte da preocupação do gestor de segurança e risco. Podemos mencionar alguns atos inseguros, tais como: o não uso ou uso incorreto de EPI; o lançamento de pontas acesas de cigarro; a ligação de chave (elétrica) errada; o ato de dirigir sem habilitação; o ato desligar aparelhos sem conhecer ou seguir instruções; fumar em lugar proibido ou com risco de incêndio; o exercício de função administrativa só pelo cargo ou dinheiro (não tendo competência para exercê-la); o ato de emitir qualquer diretriz inadequada ou errada (chefia); fazer os empregados de cobaias, testando teorias utilizadas em outras civilizações, sem competência e conhecimento profundo do assunto e sem visão para medir consequências futuras; usar o cargo ou a função para impor ideias não aceitas pela totalidade dos empregados. EXEMPLOS DE CONDIÇÕES INSEGURAS A condição insegura pode ocorrer com qualquer funcionário desde o operador de chão de fábrica até a alta gerência da empresa. Dentre essas condições, podemos citar: piso defeituoso, escorregadio, com óleo; ambiente com produtos nocivos à saúde; ambiente com temperaturas extremas; ambiente mal iluminado; ambiente mal ventilado; materiais mal posicionados (sem arranjo físico); ferramentas e máquinas perigosas ou defeituosas; substâncias químicas e outros materiais no ar respirável; equipamentos energizados sem proteção e controle; falta de condições essenciais à realização do trabalho. SEGURANÇA Podemos dividir o estudo de segurança em alguns tópicos fundamentais, com essa estruturação reduzimos a possibilidade de confusão ou erros na criação de uma linha lógica de raciocínio. SEGURANÇA GERAL É a garantia de um estado de bem-estar físico e mental traduzido por saúde, paz e harmonia. SEGURANÇA DO TRABALHO 19 É a garantia de um estado satisfatório de bem-estar físico e mental do empregado, no trabalho para a empresa e, se possível, fora do ambiente dela (em viagem de trabalho, no lar, no lazer, etc.). SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO É a parte do planejamento, organização, controle e execução do trabalho, que objetiva reduzir permanentemente as probabilidades de ocorrência de acidentes (parte de administração com objetivo de reduzir permanentemente os riscos). LINHA DE ATUAÇÃO PARA ATINGIR A SEGURANÇA 1º) Administração correta (consciente), com pessoas capazes, planejamento, organização e métodos eficazes e eficientes, com supervisão atuante (consciente). Que acredite em segurança (e no trabalho); que apoie a segurança (e o trabalho). 2º) Conscientização dos empregados (e patrões) quanto à segurança no trabalho, pois como diz a m|xima “quando a pessoa acredita naquilo que faz, ela se torna mais produtiva e feliz”. 3º) Atuação na área de risco: identificação de riscos, eliminação de riscos, controle de riscos, proteção do trabalhador (EPC, EPI, Layout, etc.). 4º) Atendimento de acidentados: com os primeiros socorros médico-hospitalares, psicológicos, sociais. COMO FAZER SEGURANÇA NA ÁREA DE RISCO: 1º) Com prevenção: inspeção de segurança, análise de risco, métodos de Trabalho. 2º) Com correção: investigação de acidente e análise de acidentes TIPOS DE RISCOS: A criação de um conceito de tipos de riscos presentes no processo demonstra de maneira clara como os gestores se preocupam com a prevenção desses riscos e como é relevante essa gestão cuidadosa. CONSTANTES São aqueles que mantêm suas características de identificação inalteráveis em todos os períodos determinados, como, por exemplo, equipamentos fixos, máquinas de serrar, etc. VARIÁVEIS São aqueles que apresentam alterações substanciais por influência de fatores exógenos (que estão à superfície). Alguns exemplos são: incêndios de bosques, de acordo com a estação do ano, bem como acidentes de trânsito, de acordo com faixa de período. PROGRESSIVOS São aqueles que apresentam maior potencialidade na medida que transcorre o tempo, como, por exemplo, o risco de morte, o qual aumenta com a idade. NATUREZA DOS RISCOS: De onde podem se originar e como podem ser trabalhados os tipos de risco existentes. ESTÁTICOS (PUROS) Aqueles que causam somente prejuízos caso ocorram eventos associados. DINÂMICOS (IMPUROS/ESPECULATIVOS) 20 Aqueles que podem produzir lucros como prejuízos, na hipótese da ocorrência de eventos relacionados. Figura 1 - Mapa dos riscos estáticos presentes em uma empresa Figura 2 - Mapa dos riscos dinâmicos presentes em uma empresa RISCO x DANO x PERIGO Podemos definir o RISCO como uma ou mais condições de uma variável, com potencial necessário para causar danos. Já quando partimos para a definição de DANO costumamoscaracterizar como a severidade da lesão, perda física, funcional ou econômica, que pode ocorrer, caso o controle sobre um risco seja perdido. Já o PERIGO é expresso como uma exposição a um risco, que favorece a sua materialização em danos. 21 TÉCNICAS DE INCIDENTES CRÍTICOS AS INEVITÁVEIS LEIS DE MURPHY Qualquer operação pode ser feita de forma errada, não interessa o quanto essa possibilidade seja remota, ela algum dia vai ser feita desse modo. Não importa o quanto é difícil danificar um equipamento, alguém o fará de algum jeito. Se algo pode falhar, esta falha deve ser esperada para ocorrer no momento mais inoportuno e com o máximo dano. Mesmo na execução da mais perigosa e complicada operação, as instruções poderão ser ignoradas. FUNÇÃO EMPRESARIAL DE SEGURANÇA Porque devemos evitar a ocorrência de acidentes? Para manter a continuidade operacional de processos, para preservar a integridade física e mental de nossos trabalhadores e para garantir a salubridade e a segurança do público de uma forma geral. Quais as principais consequências de se manter o ambiente empresarial livres de acidentes? Garante maior racionalização do trabalho, gera bons aumentos na produtividade e leva a uma dramática redução nos custos de processo. DISTRIBUIÇÃO DAS RESPONSABILIDADES Conforme podemos ver na figura 1, os setores de engenharia e segurança do trabalho das empresas devem ficar de olho em todos e qualquer desvio de processo que venha a ocorrer nas áreas técnicas que incluem a produção, a construção, a manutenção, os serviços de apoio e ETC. Obter essas informações é fundamental para a melhora do processo e, em seguida, os processos de vigilância e treinamento aplicados visam manter a segurança atingida e ampliar a mesma através da conscientização dos profissionais envolvidos com o processo. Figura 1 – Determinação de ações coerentes para melhoria dos parâmetros de segurança em processos Podemos ver na figura 2 que o processo de prevenção passa por vários sistemas de análise. A relação entre o risco e a prevenção prevê ações de precaução que evitam acidentes de forma inteligente e menos custosa. Entretanto, a análise probabilística dos acidentes já ocorridos pode ajudar os modelos de precaução, tornando evitáveis futuras ocorrências dos mesmos acidentes. 22 Figura 2 – Análise Probabilística/estatística define o que fazer e o que evitar A figura 3 nos mostra que os índices mais altos de segurança estão intimamente relacionados com custos com perdas e que gastos efetivos com modelos de segurança podem gerar um ponto de equilíbrio entre os gastos com perdas e os gastos com segurança, impedindo, assim, desperdícios do processo com incidentes e acidentes. Figura 3 – Análise de gastos com segurança x gastos com perdas GERÊNCIA DE RISCOS O conceito de Gerência de Riscos é: “Conjunto de procedimentos que visam proteger a empresa das consequências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros”. A finalidade da Gerência de Riscos é prevenir todos os fatos negativos, que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, e que podem provocar danos e/ou perdas às pessoas e aos elementos materiais. O processo de gerência de riscos é composto de um passo a passo que direciona a tomada de decisão, facilitando como os gestores localizam e eliminam o risco (remetendo às etapas de identificação, análise, avaliação e tratamento de riscos), PREVENÇÃO: ELIMINAÇÃO, REDUÇÃO Toda gestão de risco é composta por um processo de prevenção sob sua ocorrência, processos de eliminação possível dos atos e condições inseguras e, caso seja inviável a solução, a redução ou mitigação dos fatores com responsabilidade. FINANCIAMENTO: REDUÇÃO (AUTO ADOÇÃO, AUTO SEGURO) e TRANSFERÊNCIA (SEM SEGURO; POR SEGURO). Podemos ver na figura 4 que três componentes serão de extrema importância para a gerência de risco em uma operação produtiva: a análise de riscos, processo através do qual serão levantadas as 23 possibilidades de ocorrerem falhas ou problemas em todas as áreas da firma e a tomada de ações para evitar tais falhas; a Engenharia de prevenção e controle de perdas, processo que vai acompanhar as atividades de projeto para executar ações de extirpação e controle de riscos ainda na prancheta dos processos e máquinas, além da correta indicação do uso de EPIs e EPCs (esse processo também criará uma rotina periódica de inspeção dos processos fabris, na tentativa de redução máxima dos possíveis riscos a funcionários e sistemas); e, por fim, a adoção de seguros que visam cobrir o que não podemos preservar de outras formas, afinal, imprevistos acontecem. Figura 4 – Itens componentes do gerenciamento de risco NATUREZA DOS RISCOS EMPRESARIAIS, RISCOS PUROS E ESPECULATIVOS PROCESSO DE DECISÃO NA GERÊNCIA DE RISCOS O processo de decisão na gerência de risco tem uma cartilha que deve ser seguida como forma mais simples e eficaz de pautar tal gerenciamento e tomada de decisão. Tais passos são sequenciados em: determinar a grandeza do risco, avaliar o risco, desenvolver alternativas para tratar o risco, selecionar a melhor alternativa de controle (justifique) e aplicar medidas de controle RESPONSABILIDADES DA GERÊNCIA DE RISCOS Os itens que são de foco e responsabilidade da equipe de gerenciamento de risco devem ser muito claros e objetivos, não faltando nenhum dos elementos que devem estar presentes, são eles: identificação dos riscos, classificação dos riscos, avaliação dos riscos, geração, atualização e 24 arquivamento de dados estatísticos e relatórios, estabelecimento de uma política de riscos, cooperação e busca da cooperação de todos os departamentos da empresa. IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS Dentre os itens necessários para uma provável identificação de riscos, alguns são elementos fundamentais e necessários para a correta relação de riscos possíveis. Consistem em elementos fundamentais nessa descrição: questionários (CHECKLISTS), inspeção de segurança, fluxogramas, técnica de incidentes críticos, análise preliminar de riscos, investigação de acidentes, entre outras técnicas. CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS A classificação de risco leva em consideração alguns elementos de extrema relevância para nosso processo de compreensão dos mesmos. Com essa divisão fica mais simples julgar o risco e evitá-lo. São elas: sobre propriedades; pessoais; de responsabilidade civil; sobre venda e/ou comercialização; financeiros; sobre produção e/ou operação; ao meio ambiente. AVALIAÇÃO DE RISCOS Existem várias ferramentas para ajudar no processo de avaliação dos riscos presentes em um processo industrial, dentre elas enumeramos as mais aplicadas e importantes para indústria atual: dano máximo provável (DMP); probabilidade de ocorrências do evento gerador do dano (PO); nível de exposição ao risco (classes de prioridades); eficiência das medidas de controle do risco; custo das medidas e controle do risco ASPECTOS DA GERÊNCIA DE RISCOS Figura 1 – Passo a Passo do modelo de previsão Como podemos ver na figura 1, o processo de previsão de riscos se divide em determinístico e probabilístico. É muito simples entender a diferença no processo determinístico, trabalhamos com um planejamento operacional, que permite que o processo rode no seu dia a dia, e são feitas e respondidas perguntas como: O que fazer? Como fazer? Onde fazer? Por que fazer? Para quem fazer? Em quanto tempo? Quem faz e quanto custará fazer? Já no planejamento probabilístico, trabalhamos com um planejamento prevencionista, ancorado em previsões de futuro que define aspectos muito relevantes, como, por exemplo, o que pode sair errado? Ou o que pode não dar tão certo assim? Como solucionar isso antes que aconteça? Existe forma melhor de fazer? Preciso de um sistema de backup? INOVAÇÃO – CRIATIVIDADE 25 Cada vez mais aparecem novastecnologias para prever falhas de sistemas de forma antecipada, reduzindo custos de processo e tornando as linhas mais confiáveis. RESPONSABILIDADE Disciplina ou Punição, nesse ponto devemos decidir, nossos funcionários que cometem falhas ou geram falhas como devemos tratá-los? PROCEDIMENTOS Como podemos ver na figura 2, temos um procedimento de inspeção de segurança sólido e estruturado para nos guiar quanto aos processos de tomada de decisão. Toda inspeção de segurança se inicia com um processo claro de observação que pode ser simples ou rigoroso. Essa inspeção analisa o ambiente de trabalho e sua relação com as pessoas, os materiais usados e a estrutura organizacional. O próximo passo é a identificação dos riscos, o que vem acompanhado da tentativa de propor medidas preventivas. É fato que tais ações fortalecem na equipe o sentimento do espírito protetivo, que deve imperar na organização. Figura 2 – Processo de inspeção de segurança Outra questão muito pertinente é a participação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) nos processos de segurança, principalmente na elaboração de medidas como semana de segurança e palestras educativas. Através dessas medidas, é comum vermos funcionários cada vez mais interessados no seu bem-estar físico e mental, utilizando de práticas laborais mais corretas e de procedimentos de trabalho mais seguros. PASSO A PASSO DA INSPEÇÃO DE SEGURANÇA Nesse momento é importante elaborar um passo a passo que descreva como deve ser dada a elaboração do processo de inspeção de segurança, indicando o que precisamos saber, de quem deve vir tais informações e como deve ser feito esse processo de inquérito. O QUE INSPECIONAR? Sistemas Estáticos (Materiais, equipamentos, ferramentas, antes do uso); Sistemas Dinâmicos (Atividades com os recursos necessários). COMO INSPECIONAR? Guia de Inspeção, Manuais de Segurança, Manuais de análise de Riscos. QUEM INSPECIONAR? Todos envolvidos direta ou indiretamente na tarefa, mantendo certos critérios. 26 ONDE INSPECIONAR? Estabelecer programação de locais a serem inspecionados. TIPOS DE INSPEÇÃO Em relação aos tipos de inspeção realizadas em processos industriais, é importante sabermos quem inspeciona, porque e quando as inspeções são feitas. Nesse sentido, temos os tipos de inspeção descritos abaixo. OFICIAL: uma inspeção oficial pode ser realizada por agentes de órgãos oficiais, como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), IBAMA ou Órgãos Ambientais Estaduais, a Vigilância Sanitária, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou, ainda, o corpo de bombeiros, além das próprias empresas de seguro. EVENTUAL: este tipo de inspeção não tem local ou período predeterminado. Pode ser executada por vários técnicos e tem como objetivo controlar problemas importantes que surgem nos diversos setores da empresa. ESPECIAL: por último, as inspeções especiais são realizadas em casos específicos ou excepcionais. Isso porque normalmente são mais minuciosas e técnicas, com necessidade de profissionais, equipamentos e aparelhos especiais. GERAL: Observaç~o “simples” de uma determinada |rea ou |reas de trabalho, instalações e atividades. PARCIAL: Observação rigorosa de uma área específica de trabalho ou de uma única atividade com os recursos necessários para executá-la. RESPONSABILIDADES: Quanto à questão da responsabilidade, é relevante indicar quais entes ou órgão governamentais, especializados ou pertencentes a empresa precisam estar envolvidos no processo de inspeção, identificando, assim, as responsabilidade pela execução. São eles: órgãos governamentais do trabalho ou securitários, órgãos especializados internos ou exteriores à empresa, chefes, supervisores, encarregados empreiteiros, engenheiros de segurança, médicos do trabalho, membros da CIPA, técnico de Segurança do Trabalho, engenheiros, encarregados, empregados que executam diretamente a tarefa, supervisores. SEGURANÇA DE SISTEMAS. SISTEMAS E SUBSISTEMAS ANÁLISE DE RISCOS (INCLUSIVE OS OCULTOS NO PROCESSO) Para a identificação de riscos ou falhas devemos ser capazes de responder às seguintes perguntas: O que é feito? É necessário? Quem é o responsável? Quem executa? Onde é realizada a tarefa? Quando é (será) realizada? Como é feita? O que está errado? Qual a probabilidade de sair errado? Qual a consequência de sair errado? 27 São itens importantes a serem destacados: Mudanças: Definição (padronização) de métodos de trabalho (procedimentos, normas e orientações para controle e proteção). Providências: Por em prática métodos de trabalho; conscientizar empregados quanto ao uso; acompanhar/avaliar o emprego dos métodos adotados. ANÁLISE DE RISCOS E MÉTODOS DE TRABALHO (PADRONIZAÇÃO) Para uma correta análise de riscos e método de trabalho, precisamos saber primeiramente o que é um processo de risco, o que é uma tarefa, quais são os seus riscos e como organizar uma atividade para otimizar a análise do processo. O processo consiste num conjunto de tarefas que visam atingir um objetivo. Alguns exemplos são a manutenção de iluminação pública, faturamento, compras e vendas. A tarefa constitui cada uma das partes distintas que compõem o processo. Alguns exemplos são a substituição de lâmpadas, a medição de obras executadas e a coleta de preços. A atividade, por sua vez, corresponde ao conjunto de ações necessárias à execução da tarefa. Alguns exemplos são: retirar escada do veículo, medir as obras, consultar terminal online. ANÁLISE DE RISCO É a procura, investigação, pesquisa, estudo e reconhecimento de riscos existentes nas operações, tarefas ou serviços (de modo detalhado e organizado), para posterior eliminação, controle de riscos e proteção do trabalhador. SEQUÊNCIA PARA ANÁLISE DE RISCO (OU FALHAS) A sequência para análise de risco é: decompor o serviço em tarefas; decompor com tarefa em atividade; evidenciar os riscos para cada atividade; propor medidas visando à eliminação ou ao controle de riscos e a proteção do trabalhador para cada operação. COMO FAZER (CONDUZIR) A ANÁLISE DE RISCO OU ANÁLISE DO TRABALHO Começando pela observação das tarefas, é preciso: escolher empregados qualificados para observar e registrar (pelo menos dois, em épocas diferentes, se possível); observar as tarefas e também aos empregados; não interferir na realização das tarefas (na 1ª observação); discutir as tarefas com os executantes (após 1ª observação); pedir a repetição de operações que deixem dúvidas (se possível); verificar a eficiência e deficiência da tarefa. Além disso, é necessário: identificar os riscos de acidentes e as deficiências, bem como chegar a um consenso (entre os observadores); emitir parecer global e enviá-lo à chefia; emitir orientações, procedimentos e normas de serviço, sem fugir da realidade (chefias). Depois, por meio da discussão em grupo, deve-se escolher empregados qualificados (os encarregados, executantes e aqueles que tenham maior conhecimento prático e teórico não podem faltar) e escolher um para conduzir a discussão. Cada participante deverá, pessoalmente, sem censura, desmembrar processos, tarefas e atividades, identificando os riscos ou deficiências dos mesmos, para em seguida propor a eliminação e controle de riscos (ou deficiências) das tarefas e a proteção dos empregados. Posteriormente, deve-se formar grupos de discussão e repetir os itens 28 acima, evitando-se abstrações sem sentido prático, e ressaltando que cada grupo tenha um representante. Depois é necessário formar novos grupos (com o representante de cada grupo final de discussão e repetir outra vez os mesmos itens chegando ao consenso final), bem como emitir parecer geral (global) com orientações e procedimentos escritos. Finalmente, chega-se à mentalização (análise mental). Na realização dos vários serviços existentes na empresa, os empregados deparam-se algumas vezes, com situações novas, sem nenhuma orientação verbal ou por escrito.A execução das tarefas, em tais casos, vai depender do conhecimento, da vivência e prática do encarregado e sua equipe. A situação deve ser estudada e analisada minuciosamente pelo encarregado e sua equipe, chegando a uma definição concreta, sem deixar dúvidas. ANÁLISE MENTAL É um estudo que cada funcionário faz sobre sua atividade de forma mental, junto de seu grupo de trabalho, a fim de compreender os riscos presentes na atividade e otimizar o processo de redução de riscos. Envolve o desmembramento mental da tarefa em atividades; discussão com a equipe; a escolha da sequência certa ou da melhor sequência; a identificação dos riscos ou deficiências existentes; a eliminaç~o e o controle dos riscos ou deficiências existentes; o uso correto dos EPI’s, EPC’s, assim como das ferramentas e dos materiais necess|rios { execuç~o da tarefa. Só deve ser executada a tarefa quando houver o perfeito conhecimento de que ela pode ser realizada sem acidentes ou falhas e, portanto, com eficácia e eficiência. ANÁLISE MENTAL INDIVIDUAL É um estudo que cada funcionário faz sobre sua atividade de forma a poder mentalmente, individualmente, compreender os riscos presentes na atividade e otimizar o processo de redução de riscos. Envolve o desmembramento mental da tarefa em atividades; a escolha da sequência certa ou a melhor sequência; a identificação dos riscos e deficiências existentes; a eliminação e o controle dos riscos e deficiências existentes; o uso correto dos EPI’s, EPC’s, ferramentas e materiais necess|rios { execução da tarefa. INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTE É a pesquisa dos fatos que envolvem um acidente e suas respectivas análises, visando aprimorar a Segurança do Trabalho. Seu objetivo é estabelecer critérios para investigação de acidentes, que orientem de maneira eficaz a busca de causas, a apuração de responsabilidades e adoção de recomendações preventivas (controles). TIPOS DE ACIDENTES É necessário entender os principais tipos de acidente para poder organizar como proteger os eventuais envolvidos. São tipos de acidente: o acidente com vítima; o acidente sem vítima; o acidente de trajeto; o acidente com terceiros; e o acidente com empreiteiros. CONCEITUAÇÃO DOS ACIDENTES O que pode ser classificado como acidente? Para gerenciar riscos é imperativo que saibamos claramente o que é e o que não é acidente. O acidente com vítima é aquele que causa lesão pessoal, resultando ou não em danos ao patrimônio da Empresa. O acidente sem vítima é aquele que não causa lesão pessoal, resultando ou não em danos ao patrimônio da empresa. O acidente de trajeto corresponde ao sofrido pelo empregado no percurso da residência para o trabalho, ou deste para 29 aquela. O acidente com terceiros ou empreiteiros constituem os eventos ocorridos com pessoas que não pertencem ao quadro de empregados da empresa, e nem de firmas contratadas. A EMPRESA COMO UM SISTEMA SISTEMAS Um sistema é um arranjo ordenado de componentes que estão inter-relacionados e que atuam e interagem com outros sistemas, para cumprir uma tarefa ou função (objetivos) num determinado ambiente. SUBSISTEMAS Subsistemas são unidades menores de sistemas complexos. Como exemplo podemos citar os subsistemas, a saber: 1. Subsistema potência; 2. Subsistema controle; 3. Subsistema sensor; 4. Subsistema operação; 5. Subsistema de comunicação; 6. Subsistema estrutural; 7. Subsistema ambiental; 8. Subsistema motriz. Dada a presença de vários subsistemas dentro de uma unidade fabril, temos a possibilidade de vários focos de incidentes e acidentes em todo o processo, desde a criação da ideia, até que o processo seja aposentado. Entretanto, um questionamento povoa a mente de todos os planejadores de segurança desde o início dos tempos: é certo realizar atividades de prevenção de acidentes somente em uma fase de todo o projeto? Conforme podemos ver na figura 1, durante as fases do sistema industrial temos durante a operação a preocupação para prevenção costumeira do trabalho. Figura 1 – Demonstração das fases de um sistema industrial comum 30 Figura 2 – A empresa vista como um sistema Na figura 2 podemos ver a empresa como um sistema dividida em níveis tarefas bem específicos. Se, por exemplo, seguirmos o modelo de três níveis simples de operação temos as decisões estratégicas, que são tomadas por poucas pessoas e tem impactos profundos em todo o sistema se estendendo ao longo prazo; as decisões táticas, que são fundamentais para o funcionamento da firma e muitas vezes traduzem em termos práticos o que o nível estratégico queria dizer; e as decisões de nível operacional, que são aquelas decisões do dia a dia, que mantêm a operação funcionando e o modelo rodando, fazendo a empresa funcional. É importante ressaltar que todos os setores de um sistema mais complexo são redivididos e revistos com certa frequência. Existe sempre a necessidade de setores internos capazes de negociar com regulações externas, tais como os setores de finanças e seu imediato externo, o mercado financeiro, vendas e o seu correspondente mercado de produtos, também chamado de demanda. O sistema produtivo tem um correspondente externo chamado de mercado de materiais e o pessoal, ou mão de obra produtiva, e está sempre relacionado com o mercado de trabalho. É importante a clara indicação de sistema da empresa versus o seu correspondente externo porque esse par se auto regula, definindo salários, preços, ofertas, parâmetros de qualidade, os níveis de juros pagos e etc. PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ANÁLISE E SEUS OBJETIVOS. Dentre as principais técnicas de análise de prevenção de risco e seus objetivos podemos elencar os itens que explicamos abaixo, deixando clara a importância de cada um deles. Análise Preliminar de Riscos: Permite o estudo durante a fase de concepção ou desenvolvimento de um novo produto ou sistema, da existência de riscos e falhas que poderão estar presentes na fase operacional. Análise de Modos de Falha e Efeitos: Permite analisar como podem falhar os componentes de um equipamento ou sistema, estimar suas taxas de falha, determinar os efeitos que poderão advir e estabelecer as mudanças necessárias para que o mesmo funcione satisfatoriamente. Análise de Árvores de Falhas: Permite a análise quantitativa de fatores que podem causar um evento indesejável (falha ou risco). 31 DETALHES DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO Para compreendermos melhor o processo de análise de riscos é muito importante detalhar as práticas mais usadas no mercado, assim como seus processos de aplicação, objetivos, metodologias e resultados. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) Consiste numa análise inicial, qualitativa, aplicada à fase de projeto ou desenvolvimento de qualquer novo processo, produto ou sistema. Tem como objetivo a determinação de riscos e medidas preventivas antes da fase operacional. A metodologia se dá pela revisão geral de aspectos de segurança através de um formato padrão, levando-se causas e efeitos de cada risco, medidas de prevenção ou correção e categorizando-se os riscos para priorização de ações. Tem como benefícios o fato de criar um elenco de medidas de controle de riscos desde o início operacional do sistema, além de permitir revisões de projeto em tempo hábil no sentido de maior segurança, bem como a definição de responsabilidade no controle de riscos. É de grande importância para novos sistemas de alta inovação. Apesar de seu escopo básico de análise inicial, é muito útil como revisão geral de segurança em sistemas já operacionais, revelando aspectos às vezes desaparecidos. ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E EFEITOS (AMFE) Consiste na análise detalhada, qualitativa e quantitativa, que aplica-se a riscos associados a falhas em equipamentos. Tem como objetivo a determinação de falhas de efeito crítico e componentes críticos, análise da confiabilidade de conjuntos, equipamentos e sistemas. A metodologia se dá pela determinação dos modos de falha decomponentes e seus efeitos em outros componentes e no sistema, além da determinação dos meios de detecção e compensação das falhas e reparos necessários, bem como a categorização de falhas para priorização das ações corretivas. Tem como benefícios o relacionamento das contramedidas e as formas de detecção precoce de falhas, muito úteis em emergências de processos ou utilidades, assim como o aumento da confiabilidade de equipamentos e sistemas através do tratamento de componentes críticos. É de grande utilidade na associação das ações de manutenção e prevenção de perdas. ANÁLISE DE ÁRVORES DE FALHAS (AAF) Consiste na análise quantitativa e qualitativa, que aplica-se a qualquer evento indesejado, especialmente em sistemas complexos. Tem como objetivo a obtenção, através de um diagrama lógico, do conjunto mínimo de causas (falhas) que levariam ao evento em estudo, além da obtenção da probabilidade de ocorrência do evento indesejado. A metodologia se dá pela seleção do evento, determinação dos fatores contribuintes; diagramação lógica, simplificação booleana; a aplicação de dados quantitativos; e a determinação de probabilidade de ocorrência. Tem como benefícios o conhecimento aprofundado do sistema e de sua confiabilidade, além da detecção de falhas singulares desencadeadas do E.C. e das consequências de eventos mais prováveis. Ademais, possibilita a tomada de decisões de tratamento de riscos baseados em dados quantitativos. Pode ser realizada em diferentes níveis de complexidade e provê ótimos resultados com a forma qualitativa da análise. Completa-se excelentemente com a AMFE. 32 RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO CONTROLE DE DANOS E PERDAS Em 1828, Baker escreveu a um empregador que lhe perguntava como deveria proteger seus empregados: “Coloque no interior de sua f|brica o seu próprio SESMT que servir| de intermedi|rio entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar sala por sala, área por área sempre que ali existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre estas pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele compete fazer tal prevenç~o”. Dessa forma, você poderá dizer: meu SESMT é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade, no que diz respeito à saúde e as condições físicas dos meus operários; e se alguns deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o SESMT a princípio e unicamente é que deve ser responsabilizado. O SESMT é o Serviço de Engenharia de Segurança, Medicina e Psicologia do Trabalho e na sua ausência alguém da empresa encarregado, superior ou gerente, devidamente treinado, fará este papel, buscando evidentemente apoio técnico e operacional para as medidas preventivas específicas. Conforme podemos ver na figura 1, os modelos prevencionistas tiveram sua evolução entre 1828 e 1972 e diferentes autores tiveram papéis diferentes nessa evolução e nesse processo. Conforme podemos ver na figura abaixo, a contribuição muito marcante ao tema veio de autores como Hammer, Fletcher & Gretener. Entretanto, o tema é discutido e analisado até os dias de hoje e ainda são realizadas melhorias às normas e diretrizes apresentadas anteriormente. Figura 1 – Evolução do prevencionismo 33 TIPOS DE INSPEÇÃO x RESPONSABILIDADE: É relevante uma análise cruzada entre os tipos de inspeção e o nível de responsabilidade exposta a elas; A oficial é realizada por Órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Já a especial é conduzida por Órgãos especializados internos ou externos à empresa. A inspeção geral consiste na observaç~o “simples” de uma determinada |rea ou |reas de trabalho, instalações e atividades por chefes, supervisores, encarregados, empreiteiros, engenheiros de segurança, médicos do trabalho, membros da CIPA. A inspeção parcial corresponde a uma observação rigorosa de uma área específica de trabalho ou de uma única atividade com os recursos necessários para executá-la pelo técnico de segurança do trabalho, por engenheiros, engenheiros de segurança, médicos do trabalho, encarregados, membros da CIPA, empregados que executam diretamente a tarefa, supervisores. ESTUDOS COMPARATIVOS Baseados em análises estatísticas e comparativas os autores Heinrich 1931 e Bird 1966, criando duas pirâmides de ocorrências que comprovam como ocorrem os acidentes dentro de uma organização. Enquanto Heinrich se concentrou em acidentes somente com lesão de seres humanos, Bird fez a mesma pesquisa levando em conta qualquer acidente que gerasse qualquer tipo de dano a propriedade da firma. Conforme podemos ver na figura 2 e 3, a pesquisa de Bird se mostra mais extensa, nos mostrando que mesmo se não ocorrer acidentes que vitimem um ser humano, para cada 500 acidentes com dano ao patrimônio teremos pelo menos um dano incapacitante ou mesmo a morte de funcionário. Já quando vemos os mesmos dados na pesquisa de Heinrich, que só classificou de acidentes aqueles que tivessem vitimado seres humanos de alguma forma, a relação é bem inferior, sendo necessários 300 acidentes para ocorrência de uma lesão incapacitante/morte. Figura 2 – Pirâmide de acidentes de Heinrich Figura 3 – Pirâmide de acidentes de Bird CONTROLE DE DANOS O senhor Frank Bird Jr. foi um engenheiro Norte Americano que publicou a maioria de suas descobertas no ano de 1968. Seu objetivo era procurar a identificação, o registro e a investigação de todos os acidentes com danos à propriedade, determinando seu custo para a empresa, e, ainda, as medidas preventivas. Ele criou uma REGRA CONVENCIONAL de que quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera qualquer acidente que resulte em lesão pessoal, mesmo de pequena importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, ao seu superior. Entretanto, 34 devido ao medo e a insegurança, essa regra sofreu algumas alterações, dando origem a REGRA ALTERADA, que define que quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera qualquer acidente que resulte em lesão pessoal ou dano à propriedade, mesmo de pequena importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, ao seu superior. CONCLUSÃO DA LUKEN’S STEEL SOBRE A TEORIA DE FRANK E. BIRD. A Administração reconheceu que a investigação efetuada na amostra de 75.000 acidentes com danos materiais, o que permitiria eliminar muitas ações e condições inseguras, as quais, por sua vez, eram causa frequente de acidentes com lesões, fortalecendo a ação de preservação dos recursos humanos da companhia. A Administração admitiu e reconheceu a importância desta ação para melhorar a qualidade dos produtos e evitar os atrasos na produção. A redução observada nos custos dos acidentes com danos materiais, produto da ação programada, permitia assegurar o financiamento de qualquer atividade prevenir relacionada ao assunto. A Administração comprovou e reconheceu a importância da participação dos especialistas na prevenção para lograr a melhor utilização dos recursos disponíveis e, portanto, para tornar mais eficiente a ação da companhia. As possibilidades reais de medir e avaliar a redução no custo dos danos materiais constituem ferramenta dinâmica para despertar o interesse da administração. Desta forma, o fornecedor de produtos e serviços deve ser responsável pelos produtos e serviços que são objetos de sua atividade nas relações de consumo. Para não restar dúvidas, trataremos da responsabilidade pelo defeito e a responsabilidade pelo vício. Defeito é tudo o que gera dano além do vício. Fala-se em "acidente de consumo" ou, como a própria lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) denomina: "fato do produto e do serviço". Defeito poderia ser ligado a "falha de segurança", enquanto que vício deve ser relacionado a "falha de adequação". O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, que causa um dano maior do que simplesmente
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