Buscar

ALTERAÇÕES E INTERAÇÕES NA RELAÇÃO SEXUAL FEMININA

Prévia do material em texto

1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
ALTERAÇÕES E INTERAÇÕES NA RELAÇÃO SEXUAL FEMININA1 
 
KRINDGES CLADIS ROSANGELA2 
VIVAN, ALESSANDRA MELANIA GRESSANA3 
Faculdade de Pato Branco, Pato Branco, PR – Abril, 2015. 
 
RESUMO 
 
 
 
Palavras-chave: 
 
ABSTRACT: 
 
 
Key-words: 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O termo análise funcional é 
empregado inúmeras vezes por analistas do 
comportamento durante atividades científicas, 
didáticas, da prática clínica e outras, como 
método adotado para o estabelecimento de 
relações entre variáveis e comportamento, 
sendo assim, o presente artigo tem por objetivo 
ilustrar a importância da análise funcional em 
diferentes organizações, sendo estas no 
sistema prisional, especificamente uma 
Associação de Proteção e Assistência aos 
Condenados (APAC), na Turim e CAPS. 
Durante o desenvolver de um grupo, 
demonstrado através de grupos trabalhados na 
APAC, é possível observar as mudanças nas 
relações e a evolução comportamental dos 
participantes, na medida em que estão sendo 
modelados, reforçados, ou até mesmo punidos, 
pelos próprios membros do grupo, o 
comportamento vai respondendo às 
contingências em vigor e alterando muitas 
vezes a demanda ou a queixa da terapia. A 
maior parte do funcionamento do grupo, 
segundo Kerbauy (2008), é destinada a 
manutenção de alguns comportamentos já 
obtidos durante o processo terapêutico do 
grupo. Comportamentos estes que são 
evocados e modelados durante os encontros 
realizados, afim de que estes sejam 
generalizados para o ambiente natural do 
cliente. No grupo terapêutico a história de vida 
dos diferentes indivíduos pode ser 
evidenciada, questionada e utilizada como 
modelos para novos repertórios dos 
participantes do grupo, portanto, torna-se uma 
oportunidade de o indivíduo observar e refletir 
sobre suas próprias habilidades sociais e 
discriminar seus comportamentos. 
 
 
mailto:alessandra@fadep.br
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
A ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E 
ASSISTÊNCIA AOS CONDENADOS 
(APAC) 
A Associação de Proteção e 
Assistência aos Condenados (APAC) é uma 
entidade civil de direito privado, com 
personalidade jurídica própria, dedicada à 
recuperação e reintegração social dos 
condenados a penas privativas de liberdade. 
Amparada pela Constituição Federal para atuar 
nos presídios, possui seu Estatuto resguardado 
pelo Código Civil e pela Lei de Execução 
Penal. Essa instituição trabalha como entidade 
auxiliar do poder Judiciário e Executivo, 
respectivamente, na execução penal e na 
administração do cumprimento das penas 
privativas de liberdade nos regimes fechado, 
semiaberto e aberto (FARIA, 2011). 
A sua principal intenção é promover a 
humanização das prisões, não deixando de 
lado a punição, mas sempre frisando, que por 
traz de um delito existe sempre uma pessoa 
com uma história a ser investigada. Por meio 
de uma valorização mais humana, busca evitar 
a reincidência no crime, proporcionando 
opções para o recluso se recuperar. O trabalho 
da APAC dispõe de um método de valorização 
humana, vinculada à evangelização, para 
oferecer ao condenado condições de recuperar-
se. Além disso, busca uma perspectiva mais 
ampla, a proteção da sociedade, a promoção da 
justiça e o socorro às vítimas (FARIA, 2011). 
Dentre as inúmeras diferenças da 
APAC, e do sistema prisional comum, a 
diferença mais marcante é que na APAC, os 
recuperandos são co-responsáveis pela 
recuperação deles, além de receberem 
assistência espiritual, médica, psicológica e 
jurídica prestadas pela comunidade. A 
segurança e a disciplina são feitas com a 
colaboração dos recuperandos, tendo como 
suporte funcionários, voluntários e diretores 
das entidades, sem a presença de policiais e 
agentes penitenciários (FARIA, 2011). 
No Método APAC, o regime fechado 
é o tempo para a recuperação, o semiaberto 
para a profissionalização, e o aberto, para a 
inserção social. Neste sentido o trabalho 
aplicado em cada um dos regimes, deverá ser 
de acordo com a finalidade proposta. 
O semiaberto ainda é uma ‘cadeia’. A 
lei exige cercas ou muros altos, portão de ferro, 
controle de saída para estudar ou trabalhar pela 
manhã e para retornar no final da tarde. As 
celas geralmente não têm luxo nem mordomia, 
o banheiro é coletivo, e o chuveiro um simples 
cano de água fria. Fora do presídio, os presos 
também têm que se comportarem caso 
contrário perdem o benefício. Não podem ir, 
nem mesmo para almoçar, a mais de 100 
metros do local de trabalho ou da casa da 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
família, estão proibidos de consumir bebida 
alcoólica, não podem se envolver em conflito 
na rua ou com colegas de trabalho e ainda se 
perder o emprego, automaticamente, perdem o 
direito de sair. 
Por outro lado, o empregador também 
tem um compromisso ressocializador e de 
certa forma fiscalizador. Qualquer problema 
que o apenado der, ele tem o dever de 
comunicar a penitenciária que o preso cumpre 
pena. 
No método APAC, o semiaberto não 
fica distante das regras do sistema prisional, 
pois há o controle de saída e de chegada, 
também necessitam se comportar de maneira 
adequada, não ingerir bebidas alcoólicas, 
assim como o empregador também tem o 
compromisso de informar a instituição caso o 
apenado esteja lhe causando algum problema 
ou descumprindo alguma regra. O que 
diferencia o semiaberto da APAC do sistema 
prisional são as condições em que os presos 
permanecem, o local no qual permanecem é 
composto de um quarto com vários beliches, o 
banheiro é coletivo e dois chuveiros simples 
com cano de água quente, sala e cozinha 
conjugada, onde podem realizar suas refeições 
e ter um momento de lazer como assistir 
televisão, conversar com os integrantes do 
local e receber os voluntários. 
 
ANÁLISE FUNCIONAL NO CONTEXTO 
PRISIONAL 
 
Haynes e O'Brien (1990) apud 
Nero(2003) definem análise funcional como "a 
identificação de relações relevantes, 
controláveis, causais e funcionais aplicáveis a 
um conjunto específico de comportamentos-
alvo para um cliente individual" (p.654). 
Assim, embora um problema clínico possa ser 
relatado por um indivíduo, um grupo ou uma 
organização, em qualquer destes casos, o 
procedimento é o mesmo: decidir a qual 
informação coletar, delinear o problema, 
decidir que ações proceder e avaliar as 
mudanças. 
O principal instrumento conceitual 
adotado para a realização de análises 
funcionais é o conceito de contingência, 
introduzido por Skinner em 1938, e que 
aparece depois como central em toda a sua 
obra: 
"Uma formulação das interações entre um 
organismo e o seu meio ambiente, para 
ser adequada, deve sempre especificar 
três coisas: 1) a ocasião na qual ocorreu a 
resposta, 2) a própria resposta e 3) as 
consequências reforçadoras. As relações 
entre elas constituem as 'contingências de 
reforço'" (Skinner, 1975,p.182). 
O presente capítulo é referente a uma 
análise das intervenções realizadas na 
instituição APAC. Em um primeiro momento, 
foram realizadas entrevistas individuais com o 
objetivo de estar conhecendo um pouco mais 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
da história dos recuperandos. Posteriormente, 
foi realizada atividades em grupo, se utilizando 
de dinâmicas como ferramenta principal e 
discussões sobre filmes, vídeos, e assuntos que 
poderiam afetar o comportamento deles 
positivamente. As demandas e queixas que vão 
ser relatadas nesse momento foram obtidas de 
forma grupal. Visto que as atividades foram 
feitas sempre em grupo. As queixas que mais 
se destacaram por parte dos recuperandos, 
foram à saudade da família, o medo do 
preconceito e discriminação quando saírem da 
APAC, as fofocas que acontecem dentro da 
instituição. 
O grupo atendido na APAC de Pato 
Branco relata que chegaram nesse local devido 
as suas mudanças de comportamentos, ou seja, 
deixaram um repertório comportamental 
criminoso para trás, em troca de 
comportamentos éticos. Nas entrevistas 
individuais pode-se notar pelos relatos que a 
grande maioria não possui condições 
financeiras elevadas. Outro ponto importante é 
que muitos começaram a violar a lei antes da 
maioridade. As drogas, licitas e ilícitas estão 
presentes no histórico da grande maioria, seja 
pelo uso ou venda. Todos os recuperandos 
entrevistados se arrependem do ato ilegal que 
cometeram. Quando foram questionados sobre 
algum ponto negativo da APAC, afirmaram 
que a instituição só tem coisas boas, e que são 
valorizados nesse ambiente. 
Considerando a influência familiar, o 
estimulo mais reforçador para eles é a família. 
Nesse contexto, deve-se lembrar de que o 
abandono familiar é referido como um 
sentimento de sofrimento trazido pelo 
processo de aprisionamento, o que impede a 
pessoa de viver e conviver plenamente e de 
permanecer inserido na sua família, no seu 
grupo e na sua cultura, rompendo assim o 
contato vital com o mundo. O estar-indefeso, a 
falta de intimidade compartilhada e a pobreza 
de afetos e de comunicação tendem a mudar 
estímulos de interação social e de interesse 
com a própria vida. Identifica-se que a relação 
familiar é considerada de grande importância 
para os presidiários, capaz de minimizar a 
saudade e o sofrimento causados pelo 
encarceramento. Ainda o envolvimento com a 
criminalidade pode desencadear uma ruptura 
familiar que precede o encarceramento. Por 
compreender as dificuldades em manter os 
vínculos familiares, ao mesmo tempo em que 
os presidiários procuram desenvolver uma 
relação mais estreita com os membros da 
família, veem com ceticismo a possibilidade 
de reatar as relações ou os laços quando se 
encontrarem fora dos muros da prisão, 
significando muitas vezes solidão, isolamento 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
do “mundo externo” e incompreensão por 
parte dos familiares. 
Há ainda na maioria dos presos, uma 
realidade educacional baixa, a maioria não 
concluiu os estudos, alguns tiveram falta de 
oportunidades relacionadas à escolaridade no 
decorrer de sua vida, sendo um dos possíveis 
motivos que levam a entrada na criminalidade, 
parcialmente produto da marginalização que já 
sofriam desde a infância. Sem o respaldo 
necessário, muitas vezes da própria família 
preocupada em transmitir uma educação ética 
e cercado de “más influências”, facilmente 
recorre-se a crimes que garantem uma boa 
condição material. A ganância gerada pela 
sociedade de consumo independente do local 
no qual o preso está inserido é um grande 
motivador do crime, pois enquanto a 
construção de uma carreira requer tempo e 
dedicação, alternativas como tráfico e roubo 
podem trazer um retorno financeiro rápido, 
sem muito esforço. Pode-se notar que uma 
parcela dessa população apresenta falta de 
reforçadores em seus contextos, seja por uma 
carência afetiva por parte da família, ou pela 
condição financeira precária, buscando no 
crime um reforçador imediato, como por 
exemplo, o dinheiro fácil pelo roubo, ou pela 
venda de drogas. 
Sobre a realidade educacional deve-
se considerar que a criminalidade não está 
restrita aos pobres ou aos socialmente 
marginalizados, pois delitos graves ocorrem 
em todos os níveis econômicos e sociais. Mas 
os lares e as comunidades que sofrem as mais 
severas privações sociais e econômicas, e ao 
mesmo tempo não possuem tradição de 
ascensão econômica, também reproduzem em 
larga escala as formas mais visíveis de 
criminalidade juvenil. Tais comunidades não 
fornecem reforçadores para conversa sobre 
quaisquer assuntos que não sejam as 
necessidades básicas, não leem mais do que 
anúncios e manchetes de jornal, não escrevem 
nada além de suas assinaturas e talvez alguns 
palavrões próprios para pichação, ou não 
calculam mais do que as operações mais 
elementares com dinheiro. Nas regiões 
carentes, muitos jovens tornam-se adultos 
incapazes de conversar, ler, escrever ou fazer 
contas, o preenchimento de formulários e as 
entrevistas de emprego estão fora de cogitação. 
Além do fato que grande parte de alunos de 
áreas carentes abandonarem a escola muito 
cedo. Portanto, há uma necessidade de ter uma 
escola dentro APAC, pois a maioria não tem o 
ensino básico concluído. 
Pela experiência que tiveram no 
sistema prisional comum, muitos indivíduos 
relataram um tratamento desumano e punitivo 
nesse local. A maioria afirmou que o presídio 
comum é uma fábrica de monstros, muitas 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
pessoas são presas por crimes mais “leves”, e 
quando saem do presídio estão em condições 
piores, devido a influência de outros presos 
mais perigosos. Comparam o sistema prisional 
comum com a APAC, sendo o primeiro um rio 
sujo e o segundo um rio transparente e limpo. 
Ou seja, na APAC, eles falam que são 
valorizados, tratados com muito respeito, 
tendo uma boa alimentação, e um bom local 
para dormir. Os sistemas progressivos 
pretendiam uma administração carcerária 
voltada para a humanização e não para a 
punição. Por outra, a instituição penitenciária 
utiliza o trabalho prisional como estratégia de 
ressocialização, mas parece esquecer que uma 
estratégia focaliza finalidade e ação concreta 
como forma de se autodefinir como sistema 
pragmático e não teórico. Ao mesmo tempo, a 
estratégia está atenta às possibilidades de 
desenvolvimento e às formas de promovê-lo. E 
somente uma ação concreta pode promover as 
transformações no processo de 
desenvolvimento visando a atingir um objetivo 
determinado (Gaj, 1990) 
Muitos trouxeram relatos que tinham 
um preconceito com o profissional de 
psicologia. Pois no regime comum, viam o 
profissional trabalhando apenas com testes, 
dizendo se a pessoa estava apta para sair do 
presídio ou não. Na APAC esse preconceito 
foi desconstruído,pois viram que o trabalho do 
profissional não esta limitado a testes. E 
também pelo contato mais próximo com o 
profissional de psicologia e os estagiários. É 
importante esclarecer que o psicólogo no 
sistema comum, fica limitado a testes devido a 
uma demanda insuportável, tendo muitos 
presos para um psicólogo normalmente. 
Pensando nas demandas/dificuldades 
que surgiram durante as atividades, percebe-se 
que alguns comportamentos fortalecem e 
reforçam essas dificuldades. Como por 
exemplo, a falta de discriminação, a 
dificuldade de se colocar no lugar do outro, 
autopercepção, dificuldades de seguir regras. 
Outro ponto importante é o comportamento de 
esquiva que os recuperandos apresentam no 
momento de se responsabilizarem pelo ato 
ilegal que cometeram, assim como a esquiva 
ao se depararem com a “realidade”, como por 
exemplo, a companheira seguir em frente, a 
constituição de um vínculo a partir do respeito 
e a mudar o repertório de comportamento a 
partir de seus objetivos para uma nova vida. 
Não se expor a determinadas contingências é 
um fator que afeta negativamente o 
desenvolvimento de bons comportamentos. No 
início das intervenções em grupo, percebeu-se 
que a maioria tinha dificuldades em falar, 
principalmente em discussões. As dinâmicas 
auxiliaram muito, com um ambiente mais 
lúdico, os participantes acabaram 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
participando, do que em discussões abertas. 
Mesmo assim, todas essas dificuldades foram 
trabalhadas durante as idas a campo, por meio 
de dinâmicas de grupo e discussões 
construtivas. 
Contudo, percebe-se uma grande 
diferença no sistema comum e num sistema 
apaqueano. O reforçamento negativo, 
reforçamento positivo e punição são três fontes 
poderosas de controle comportamental. Os 
reforçadores negativos fortalecem quaisquer 
ações que os façam cessar ou desaparecer, os 
reforçadores positivos fortalecem quaisquer 
ações que os tenham produzido. Porém o único 
aspecto benéfico que o reforçamento negativo 
proporciona é um sentimento de alívio; alguma 
coisa ruim cessou ou foi-se embora, enquanto 
o reforçamento positivo deixa com algo que se 
deseja ou em condição de fazer ou obter algo 
vantajoso, com comportamentos e recursos 
que ocupam produtivamente e com 
sentimentos que não são de alívio, mas de 
satisfação. O reforçamento positivo realmente 
controla comportamento tanto quanto a 
coerção, que seria o controle por meio de 
reforçamento negativo e punição. Mas ele 
pode ensinar novas formas de agir ou manter 
aquilo que já se aprendeu, sem criar os 
subprodutos típicos da coerção — violência, 
agressão, opressão, depressão, inflexibilidade 
emocional e intelectual, autodestruição e 
destruição dos demais, ódio, doenças e estado 
geral de infelicidade. Sendo assim não se 
precisa punir para evitar ou impedir as pessoas 
de agirem mal. Pode-se alcançar o mesmo fim 
com reforçadores positivos, sem produzir os 
indesejáveis efeitos colaterais da coerção. 
Uma maneira de impedir que as pessoas façam 
algo sem puni-las é oferecer-lhes reforçadores 
positivos por fazerem alguma outra coisa. 
(SIDMAN, 2011) 
Há, portanto, uma grande diferença 
entre o Sistema Penitenciário comum e a 
APAC, que dá a possibilidade do sujeito 
ressocializar-se e ser inserido na sociedade. Os 
recuperandos são chamados pelo nome, são 
lembrados os aniversários, valorizam o 
indivíduo e a família, há uma individualização 
da pena, além de que não é focado no crime do 
indivíduo, mas da mudança de vida. Também 
é importante ressaltar que a comunidade local 
participa efetivamente, através do 
voluntariado, que servem de referências, para 
diversos recuperandos, além do apoio, em 
retornar a sociedade. Sendo assim, permitir 
olhar para si, para os outros e perceber que se 
pretende conquistar, e obter outras 
consequências, como ampliar o repertório de 
comportamento, adquirindo habilidades 
sociais trás uma grande mudança no 
comportamento humano, pode-se dizer que o 
sistema humanitário realmente torna-se 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
efetivo, ao contrário do sistema comum. A 
participação da comunidade é um dos desafios, 
pois, romper com os preconceitos demanda um 
preparo da equipe de trabalho, bem como dos 
voluntários, juntamente com uma discussão 
com a comunidade sobre qual a 
responsabilidade de cada um. Há muito se 
discute o aumento de pena para determinados 
crimes, a maioridade penal, punições mais 
severas para menores infratores, a construção 
de presídios de segurança máxima, dentre 
outras medidas que não apresenta na 
integralidade a eficácia almejada, porém este 
trabalho tem como finalidade reafirmar que o 
método apaqueano, reciclando valores e 
potencializando qualidades consegue ser de 
fato mais efetivo. 
 
INSTRUMENTO 
 
O analista do comportamento vai focar 
em unidades funcionais do comportamento 
como seu objeto de estudo. Investiga e usa 
unidades funcionais do comportamento. Seu 
método pode ser intitulado como determinista, 
pois vê o comportamento humano como um 
produto inevitável de características 
adquiridas da espécie humana, junto com 
eventos ambientes que ocorrem durante a vida 
de uma pessoa. Essas relações vão dar origem 
a causa do comportamento. O analista do 
comportamento vai estudar o comportamento 
operante, bem como eventos privados, e 
comportamentos encobertos; reconhece que a 
mudança no comportamento pode resultar de 
instrução e de descrições das contingências. 
Esse cientista vai rejeitar explicações internas 
inferidas, olhando sempre para a interação 
entre filogênese, ontogênese, e cultural/social 
como determinantes do comportamento 
(MATOS, 1999). 
A análise funcional é como um 
manual para o analista do comportamento, um 
instrumento básico para a atuação desse 
profissional. Buscam identificar quais 
contingencias que estão atuando na vida de 
determinado sujeito, ou grupo. Podem criar 
relações de contingência para desenvolver 
comportamentos novos, e assim, extinguir os 
que não têm mais utilidade para o sujeito. 
Lembrando que mudanças no comportamento 
só vão ocorrer quando houver mudanças das 
contingências (NETO e MEYER, 2001). 
São cinco passos básicos para a 
realização de uma análise funcional do 
comportamento: 
1- Definir precisamente o comportamento 
de interesse. 
2- Identificar e descrever o efeito 
comportamental. 
3- Identificar relações ordenadas entre 
variáveis ambientais e o comportamento de 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
interesse. Identificar relações entre o 
comportamento de interesse e outros 
comportamentos existentes. 
4- Formular predições sobre os efeitos de 
manipulações dessas variáveis e desses outros 
comportamentos sobre o comportamento de 
interesse. 
5- Testar essas predições 
(MATOS,1999). 
Para fazer uma boa análise funcional, 
é primordialo conhecimento dos conceitos 
básicos de Skinner. Essa relação vai promover 
uma prática científica de qualidade, prezando 
pelo sujeito que está sendo analisado. 
 
CONCLUSÃO 
 
Sidman (1995) afirma que a coerção é 
a principal forma de interação entre os 
indivíduos e entre os mesmos e a natureza. A 
coerção é considerada tão natural que provoca 
o descrédito e o desuso de outros meios de 
controle mais saudáveis, a saber, o controle 
exercido através de reforçamento positivo. 
Devido ao fato da coerção ser a 
principal forma de controle do comportamento 
social, é necessário entender porque os 
indivíduos se comportam juntos e como 
constroem e passa a ficar sob controle de suas 
práticas culturais. Para Baum (2006) os 
comportamentos em grupo foram selecionados 
porque foram mais eficazes para a 
sobrevivência da espécie. Em grupo, os 
indivíduos caracterizados pelo altruísmo 
praticavam ações como proteger uns aos 
outros e dividir os alimentos, pois, quando 
sozinhos, a eficiência para se proteger das 
ameaças presentes no ambiente diminuía 
muito. Quando se fala da sobrevivência de um 
indivíduo ou de um grupo, vê-se a emergência 
de práticas individuais e culturais que se 
chocam ou aproximam a interação com os 
demais indivíduos ou práticas grupais. 
O reforço social depende do 
comportamento verbal para ocorrer. Ele 
diferencia o comportamento entre indivíduos 
do comportamento de um indivíduo em 
ambiente mecânico. Isso é possibilitado 
porque esse comportamento origina 
repertórios comportamentais complexos e 
permite que, através da educação, os traços de 
uma cultura sejam passados de uma geração 
para a outra (SKINNER, 2001). A cultura 
poder ser entendida como um conjunto de 
práticas usuais de um determinado grupo, elas 
variam de um lugar para outro e sofrem 
variações ao longo do tempo. 
As práticas culturais são selecionadas 
por reforço e punição com a finalidade de 
estabelecer regras que guiam condutas morais 
necessárias a sobrevivência do grupo. Nesse 
sentido, as regras são entendidas como ações 
que formam a base do grupo (BAUM, 2006). 
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
Como o controle social exercido 
normalmente é um controle aversivo ou as 
relações de contingências que o estabelecem 
não são muito claras, a pessoas preferem 
acreditar que os homens são livres e que são 
guiados por valores de liberdade, felicidade e 
segurança (SKINNER, 2003). 
Skinner (2003) diz que a liberdade se 
refere aos comportamentos que livram o 
indivíduo da coerção. Pode-se observar que 
esses valores e sentimentos de liberdade, 
felicidade e segurança são apenas subprodutos 
dessas contingências e que o valor está em 
como essas contingências controlam o 
comportamento dos indivíduos. 
O sistema Prisional Brasileiro também 
se desenvolveu em um contexto de punições, 
repressão intensa e discriminação social e 
racial. Atualmente o sistema prisional é 
considerado uma instituição falida. Devido a 
sua estrutura física e funcional, ela não 
consegue atender aos fins a que se propõe, a 
saber, a recuperação e ressocialização dos 
indivíduos infratores da sociedade. 
Para aqueles que já cumprem penas em 
espaços de privação de liberdade, uma das 
possibilidades de se alcançar comportamento 
eficaz pode ser conseguida através do uso de 
técnicas de reforçamento positivo. Sabe-se que 
o ambiente prisional é extremamente 
complexo e que a criminalidade envolve 
fatores biopsicossociais. 
Porém, Sidman (1995) demonstra 
através de exemplo do uso dessas técnicas em 
algumas prisões, que elas obterão resultados 
bastante favoráveis. Os presos sentiram-se 
motivados a estudar e muitos aprenderam uma 
profissão que poderiam exercer fora dos 
estabelecimentos prisionais. Porém o uso da 
técnica é apenas uma das alternativas a ser 
utilizada, esta não é a solução para o problema 
prisional. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BAUM, Willian M. Compreender o Behaviorismo: Comportamento, cultura e evolução. 2. 
ed.São Paulo: Artemed,2006. 
FARIA, A. P.; APAC: Um Modelo de Humanização do Sistema Penitenciário. In: Âmbito 
Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 87, abr 2011. 
Disponível:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig
o_id=9296>. Acesso em maio 2017. 
 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9296
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9296
 
1 Artigo apresentado para a obtenção do título no Curso de Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, da Faculdade de Pato Branco – 
FADEP. Graduada em Psicologia. E-mail: cladisk@yahoo.com.br 
2 Professora orientadora. Graduado em Psicologia. Especialista em Análise do comportamento e terapia analítico 
comportamental /Mestre em Educação. E-mail: alessandra@fadep.br 
 
 
GOMIDE, Paula Inez cunha; NETTO, Rosecler; SEEGMUELLER, Veronicka; PRUST, Laisa 
Weber. Comportamento moral. CURITIBA: Juruá, 2011. 296p. 
Kerbauy, R. R. (2008). Terapia Comportamental de grupo. Em Terapia Analítico 
Comportamental de Grupos. Santo André, SP:ESETec Editores Associados 
MARINHO, Maria Luiza; COSTA, Silvana Elisa Gonçalves de Campos. Um modelo de 
apresentação de análise funcionais do comportamento. Estud. psicol. (Campinas) vol.19 no.3 
Campinas Sept./Dec. 2002 
MATOS, M., Análise funcional do comportamento. Vol.16, nº3, p. 8-18, setembro/dezembro 1999. 
Disponível em: http://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/39771626/ 
NENO, Simone. Análise funcional: definição e aplicação na terapia analítico-comportamental. 
Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.5 no.2 São Paulo dez. 2003 
NETO, M.; MAYER. P.; Skinner e a assimetria entre reforçamento e punição. Vol. 19, p. 21-32. 
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0188-
81452011000400005 
SIDMAN, Murray. Coerção. SÃO PAULO: Psy Workshppsy Eventos, 2011. 301p. 
SKINNER, B. F. (1975). Contingências de reforço: uma análise teórica. Coleção Os Pensadores, 
volume 51. 
SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. 11. ed. São Paulo : Martins Fontes, 2003.

Continue navegando