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Módulo de Contabilidade Financeira I Curso de GEL Moçambique INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIAS E GESTÃO Ensino Superior a Distância ii FICHA TÉCNICA Maputo, Julho de 2013 © Guia de Estudo para o Curso de Gestão de Empresas e Liderança (Ensino a Distância) Todos os direitos reservados ao Instituto Superior de Tecnologias e Gestão Título do Módulo: Contabilidade Financeira I 1ª Edição Organização e Edição Instituto Superior de Tecnologias e Gestão (Ensino Superior à Distância) Autor: Aquilino Mabunda Revisor de EaD: Nilsa Cherinda Revisor Linguístico: Elisio Arnança Revisor Científico: Aurélio Magaia iii ÍNDICE APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ VI Objectivos do Módulo.................................................................................................2 RECOMENDAÇÕES PARA O ESTUDO .............................................................................................. 2 ÍCONES DA ACTIVIDADE ................................................................................................................. 3 DICAS DE APOIO ............................................................................................................................ 4 TESTES/AVALIAÇÕES ...................................................................................................................... 4 UNIDADE DIDÁCTICA Nº 1: INTRODUÇÃO A CONTABILIDADE FINANCEIRA ................................... 5 1.Conceitos contabilísticos Fundamentais ..................................................................6 1.1 A Normalização Contabilística .............................................................................6 1.2 Objectivos da normalização contabilística............................................................7 1.3 Vantagens da normalização contabilística ............................................................7 1.4 Desvantagens da normalização contabilística .......................................................8 1.5 Obstáculos à Normalização Contabilística ...........................................................8 1.6 Normas Internacionais de Contabilidade (NICs) ..................................................8 1.7 O Raciocínio Contabilístico ................................................................................11 1.8 Pressupostos básicos da Contabilidade Financeira .............................................12 Auto-avaliação ..........................................................................................................14 Chave-de-correcção ..................................................................................................15 Bibliografia ...............................................................................................................15 UNIDADE DIDÁCTICA Nº 2: O BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS ............................. 17 1. O Balanço..............................................................................................................18 1.1 Conceito ..............................................................................................................18 1.2 Equação do Balanço ou Expressão Geral do Balanço ........................................19 1.3 Géneros de Balanços ...........................................................................................19 1.4 A Demonstração de Resultados .....................................................................21 Auto-avaliação ..........................................................................................................24 Chave-de-correcção ..................................................................................................27 Bibliografia ...............................................................................................................28 UNIDADE DIDÁCTICA Nº 3: ESTUDO DAS CONTAS ....................................................................... 29 1. Partes Constitutivas da Conta ...............................................................................30 2. Compreensão (Título) ...........................................................................................30 3. Extensão (Valor) ...................................................................................................30 4. Requisitos essenciais que uma conta deve obedecer ............................................30 5. Representação Gráfica ..........................................................................................31 iv 6. Classificação e Caracterização das Contas ....................................................32 6.1 Classificação das Contas .....................................................................................32 6.2 Caracterização das Contas ..................................................................................33 7. Métodos de Registo Contabilístico .......................................................................34 7.1 Caracterização .....................................................................................................34 7.2 O Método Digráfico ou de Partida Dupla ...........................................................35 7.3 Regras de Funcionamento ou de Registo Contabilístico em Partidas Dobradas (Partida Dupla) .......................................................................................................................35 8. Introdução ao PGC – NIRF a Normalização Contabilística no Sector Empresarial Em Moçambique .............................................................................................................36 8.1 O PGC –NIRF ................................................................................................37 8.2 O Quadro Conceptual ....................................................................................38 Auto-avaliação ..........................................................................................................38 Chave-de-correcção ..................................................................................................38 Bibliografia ...............................................................................................................39 UNIDADE DIDÁCTICA Nº 4: ESCRITURAÇÃO COMERCIAL ............................................................. 40 1.Peças Fundamentais da Escrituração Comercial ....................................................41 2. Modelo Básico da Contabilização das Operações .........................................41 3. Livros de Escrituração Comercial ..................................................................42 4. Diário .............................................................................................................42 5. Razão..............................................................................................................43 6. Inventário e Balanços .....................................................................................45 7. Requisitos ou Formalidades Legais de Escrituração dos Livros ...................45 8. Lançamentos ..................................................................................................45 8.1 Noção ..................................................................................................................45 8.2 Elementos de Lançamentos................................................................................45 8.3 Lançamento Contabilístico .................................................................................46 8.4 Classificação dos Lançamentos ..........................................................................46 8.5 Estornos...............................................................................................................478.6 Balancete .............................................................................................................48 Auto-avaliação ..........................................................................................................49 Chave-de-correcção ..................................................................................................53 UNIDADE DIDÁCTICA Nº 5: ANÁLISE DOS PRINCIPAIS IMPOSTOS ................................................ 65 1. Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) .................................................66 2. Incidência .......................................................................................................67 3. O IVA Dedutível e Liquidado ........................................................................67 4. Esquematização de algumas operações que envolvem do IVA .....................68 Chave-de-correcção ..................................................................................................72 Bibliografia ...............................................................................................................75 v vi Apresentação Caro(a) estudante! Está nas suas mãos o módulo de Contabilidade Financeira I que integra a grelha curricular do Curso de Gestão de Empresas e Liderança, oferecido pelo Instituto Superior de Tecnologias e Gestão na modalidade de Educação a Distância. Este módulo que serve de guião de estudo, coadjuvado com outros saberes vinculados nos outros módulos do seu curso, irá dotá-lo de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes fundamentais para o seu sucesso na carreira estudantil e profissional. Caro estudante! Lembre-se sempre que o sucesso na aprendizagem depende de si. Desta forma, deve planificar-se para estudar todos os dias, do período lectivo, para que possa alcançar os resultados da aprendizagem pré-determinados no módulo. Com a esperança de que este módulo constitua um verdadeiro guia de estudos, a equipa de professores que se dedicou à sua elaboração, adaptação e organização deseja a si muita aprendizagem activa, que poderá materializá-la através de diálogos e debates nos foruns e nas sessões presenciais, visto que o desenvolvimento do País depende da qualidade de serviço de cada um de nós, nos diferentes sectores sócio-económicos. Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convívio. A Equipa do EaD 1 Introdução Bem vindo ao módulo de Contabilidade Financeira I Depois de estudar o módulo de Introdução a Contabilidade, tem de seguida a Contabilidade Financeira I, onde vamos fazer o estudo detalhado das contas, com as suas correspondentes contrapartidas e os princípios da normalização contabilística. O módulo da Contabilidade Financeira I está inserido nos módulos curriculares deste curso e é de maior interesse para os gestores das empresas, assim como para os contabilistas. A contabilidade é uma das ciências mais antigas estudadas pelo Homem e sempre foi utilizada como instrumento de aplicação prática. Na verdade, esta ciência não foi fruto de conceitos filosóficos, nem de legislação fiscal ou societária. Ela tem os seus primórdios desde que o Homem se tornou sedentário, e mais tarde pela necessidade prática dos gestores do património das entidades, geralmente dos seus proprietários preocupados em ter um instrumento que lhes permite, entre outros benefícios, conhecer e controlar os Activos (bens e direitos) e Passivos (obrigações); conhecer os resultados da empresa ao longo das operações e no fim do exercício. Neste módulo serão chamados designações que não são familiares para o seu quotidiano que os gestores empregam na apresentação de resultados de uma entidade. Para se trabalhar de maneira efectiva numa entidade económica, as pessoas precisam constantemente de informações a respeito do montante de recursos envolvidos e utilizados, da situação da dívida contraída para financiá-los e dos resultados econômicos obtidos com a utilização destes recursos. Esperamos que este módulo desperte-lhe mais atenção sobre o mundo real dos negócios. 2 Objectivos do Módulo Caro estudante, quando terminar o estudo do módulo de Contabilidade Financeira I deverá ser capaz de: Aplicar os pressupostos contabilísticos e interpretar as normas de contabilidade geralmente aceites e as normas internacionais de contabilidade. Aplicar as regras, princípios, técnicas de captação e de registo da informação económico- financeira de uma unidade sócio-económica; Efectuar o preenchimento de folha de caixa e elaborar reconciliação de bancos numa organização; Apurar o IVA mensalmente e evidenciar o valor a recuperar ou a pagar; Registar as operações com as entidades que envolvem transacções de actividade operacional da empresa; Registar operações com desfasamentos temporais em contas de Gastos e Rendimentos; Recomendações para o estudo O Módulo de Contabilidade Financeira I será ministrado com recurso à seguinte metodologia: Tratando-se de um curso a distância, as aulas teóricas e práticas serão fornecidas com recurso a meios tecnológicos e apoiadas por tutorias presenciais e virtuais. Periodicamente haverá espaço para o estudante entrar em contacto com o docente a fim de esclarecer as dúvidas pontuais. A resolução das aulas práticas é de carácter obrigatório, só assim é que poderá ter o domínio dos conteúdos da disciplina pelo que é aconselhável a resolução de todos os exercícios de aplicação, práticos e as tarefas de auto-avaliações. 3 Ícones da Actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de siglas nas margens das folhas. Estas siglas servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de um texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Para melhor orientação a seguir se coloca o conjunto completo de siglas deste manual. Cada sigla descreve o seu significado e a forma como deve ser interpretadoesse significado para representar as várias actividades ao longo deste Módulo. Introdução Desenvolvimento do conteúdo Objectivos Resumo Tempo para completar o tema Definições importantes Tarefas Auto-avaliação Para investigar Texto de leitura 4 Dicas de Apoio Se tiver dificuldades poderá consultar ao seu tutor, usando vários meios que serão definidos no início do curso. Tempo para o estudo Este módulo tem a duração de 8 semanas e tem uma carga horária de 150 horas, o que significa que deve estudar de forma independente 118 horas e ter contacto com o docente em média 8 horas presencialmente e 24 horas virtualmente. Testes/Avaliações Neste módulo você vai realizar duas avaliações presenciais (AP’s) e várias avaliações a distância (AD’s). 5 Unidade Didáctica nº 1: Introdução a Contabilidade Financeira Introdução A Contabilidade Financeira, também designada por Contabilidade Externa tem por missão, o registo de operações que uma entidade económica, governamental ou não, com fins lucrativos ou não, realiza com terceiros, com a finalidade de apuramento do redito, mediante a elaboração de demonstrações financeiras finais, nomeadamente, balanço final, mapa de demonstração de resultados e o mapa de fluxo de caixa. A sua aplicação é datada de meados do século XX e surgiu nos Estados Unidos como uma vertente da contabilidade geral. A Contabilidade Financeira é de maior interesse para os gestores das organizações e das empresas, porque permite que com base nos dados das operações correntes, e o seu tratamento em obediência ao instrumento jurídico do país onde a empresa ou organização se encontra circunscrita elaboram-se as demonstrações financeiras. As demonstrações financeiras são elaboradas com base numaobrigação jurídica do país em que a empresa encontra-se inserida, seja com ou sem fins lucrativos, demonstrando toda a situação patrimonial de uma entidade. Actualmente a Contabilidade Financeira é aplicada a nível global na apresentação da situação patrimonial da empresa, numa contabilização virada para os usuários externos à empresa e regulada por leis em defesa dos interesses sociais e da ordem jurídica estabelecida num determinado país. Objectivos da unidade Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 6 Descrever os pressupostos contabilísticos fundamentais aplicados na elaboração das demonstrações financeiras; Aplicar os conceitos contabilísticos fundamentais da contabilidade financeira; Interpretar os contornos da normalização contabilística, as suas vantagens e desvantagens a nível global; Descrever as instituições encarregues na elaboração das normas de contabilidade. Desenvolvimento de Conteúdos 1.Conceitos contabilísticos Fundamentais 1.1 A Normalização Contabilística Recorrendo ao dicionário da língua portuguesa, o significado da palavra normalização diz respeito à definição de especificações técnicas, de normas e de métodos relativos a um produto. Normalização contabilística é o processo que consiste em criar uma metodologia uniforme a ser seguida pelas unidades económicas Ferreira (1984). Para Borges & Ferrão (1999), normalização contabilística “ é um processo dinâmico que visa a adequação da realidade contabilística face às mutações do meio envolvente económico- financeiro que rodeia as organizações ou unidades económicas” Rodrigues & Pereira (2004) definem normalização contabilística como um processo de aumento de comparabilidade das práticas contabilísticas estabelecendo-se limites ao seu grau de variação). Ao falar-se de normalização contabilística não se pode perder de vista a noção de Harmonização Contabilística, que consiste num processo de redução de diferenças nas práticas contabilísticas entre os países, Weffort (2003). A Harmonização Contabilística é o processo através do qual vários países de comum acordo realizam mudanças nos seus sistemas e normas contabilísticas, para torná-las compatíveis, 7 partindo de uma teoria geral de contabilidade e um marco conceitual comum que fundamente as suas normas, respeitando as características de cada país” Amenabar (2000) A partir dos conceitos acima arrolados pode-se concluir o seguinte: A normalização contabilística é um processo dinâmico que visa criar uma metodologia comum, a ser seguida pelas diversas unidades económicas com o objectivo fundamental de permitir a universalidade, compreensibilidade e comparabilidade das informações entre os diversos agentes económicos. 1.2 Objectivos da normalização contabilística Segundo (Borges, 2007), a normalização contabilística prossegue objectivos bem definidos, assentes na definição de um conjunto de regras e princípios que visam a: Elaboração de um quadro de contas que devem ser seguidas pelas unidades económicas; Definição de regras de mensuração e de reconhecimento dos elementos das demonstrações financeiras; Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação das contas; Concepção de mapas - modelo para as demonstrações financeiras a serem divulgadas pelas unidades económicas; Definição de princípios contabilísticos que devem ser seguidos na contabilidade das diversas entidades económicas. 1.3 Vantagens da normalização contabilística Segundo Laines at all (2004), a Normalização Contabilística traz as seguintes vantagens: Facilita a análise, interpretação e compreensão da informação elaborada em diferentes países, fortalecendo deste modo a credibilidade da informação por parte dos seus usuários; Elimina barreiras, a livre circulação de capitais a nível internacional; Simplifica o trabalho das empresas multinacionais de auditoria pelo facto de poderem aplicar princípios equivalentes em todos os países; 8 Facilita as autoridades fiscais na medição do lucro empresarial sobre o qual tributam as empresas estrangeiras de acordo com normas uniformes de reconhecimento de custos e proveitos; Contribui para a redução dos custos operacionais, uma vez que, elimina a necessidade de elaboração de múltiplos conjuntos de demonstrações financeiras por parte das instituições com actuação internacional; Facilita os processos de fusões. 1.4 Desvantagens da normalização contabilística Embora a Normalização Contabilística seja vantajosa em todos os domínios (registo, análise e estudo), ela comporta em si um grande inconveniente, que é o de poder ser excessiva. Ela é vantajosa até ao ponto em que possa ser aplicada na empresa, sendo nefasta quando não se adapte às características e necessidades reais das unidades económicas, nos aspectos que se proponha uniformizar, Borges (2007). Neste contexto, deve-se concordar com alguns autores ao concluírem que “ sempre haverá discordâncias sobre o que deve ser divulgado e de que forma deve ser divulgado” Hendiksen at all (2002). 1.5 Obstáculos à Normalização Contabilística O impacto económico das práticas contabilísticas, na medida em que a harmonização contabilística tende a diminuir a importância dos interesses de grupos específicos dos países; Ausência de organismos profissionais fortes em diversos países, que influenciam o processo de desenvolvimento da contabilidade internacional; A resistência dos países em abdicar do seu normativo nacional a favor de uma regulamentação internacional definida exteriormente. 1.6 Normas Internacionais de Contabilidade (NICs) Numa tentativa de lidar com alguma subjectividade e para alcançar a comparabilidade nas contas de entidades diferentes, foram desenvolvidas as Normas de Contabilidade. Estas normas são 9 desenvolvidas tanto ao nível nacional, como a nível internacional. Neste contexto, irá-se singir nas Normas Internacionais de Contabilidade (NICs). 1.6.1 Estrutura do International Accounting Standards Board (IASB) As Normas Internacionais de Relato Financeiro são produzidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). O IASB é um organismo independente, financiado pelo sector privado cuja missão é formular normas de Contabilidade com a sua sede em Londres. O IASB foi constituído em 1973 (como Internacional Accounting Standards Committee) para trabalhar no melhoramento e harmonização do relato financeiro. O IASB desenvolve as IFRS através dum processo internacional que envolve toda profissão de Contabilidade e Auditoria, os preparadores e utentes das demonstrações financeiras e organismos nacionais de formulação de normas de Contabilidade. O IASB é composto por 14 membros provenientes de nove países e possuem experiência vasta em tais áreas como auditores, preparadores de demonstrações financeiras, utentes de demonstrações financeiras e académicos. A partir de Abril de 2001, o IASB assumiu as responsabilidades de formulação de normas do seu predecessor, o IASC (International Accounting Standards Committee). 1.6.2 Objectivos do IASB a) Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas de Contabilidade que sejam de alta qualidade, fáceis de entender, cuja aplicação possa ser requerida a nível global; b) Promover o uso e aplicação rigorosa destas normas; c) Trabalhar activamente com organismos nacionais de formulação de normas como forma de convergência de normas nacionais e IFRS para o alcance de soluções de alta qualidade. Contudo, falaremos um pouco mais sobre o IASB nas Contabilidades seguintes. 10 1.6.3 Outras influências internacionais Existem alguns organismos internacionais que merecem uma referenciação os quais serão objecto de estudo em ocasiões futuras. O IASB e a Comissão Europeia A Comissão Europeia já reconheceu o papel do IASB na harmonizaçãode normas contabilísticas a nível mundial e representantes da Comissão Europeia participam nas reuniões do IASB assim como participam em comités do IASB trabalhando na elaboração de novas normas. Isto eliminará a existência de normas diferentes. A Comissão Europeia estabeleceu um comité para investigar áreas de conflito entre as suas normas e as do IASB com vista a alcançar a comparabilidade. O IASB, por seu turno, tem usado as directivas da União Europeia no seu trabalho. Todas empresas cotadas em bolsa na Europa tem vindo a aplicar as IFRS nas suas contas desde Janeiro de 2005. 1.6.4 Nações Unidas O IASB também trabalha em conjunto com as Nações Unidas. As nações unidas apoiam a harmonização de normas contabilísticas e o melhoramento do relato financeiro, por mais que não sejam em si uma entidade que formula normas de Contabilidade. As Nações Unidas por isso dependem do trabalho do IASB, por exemplo ao adoptarem Estrutura Conceptual de Relato Financeiro do IASB como o exemplo a seguir a nível internacional. 1.6.5 International Federation Accounting Committee (IFAC) O IFAC é um organismo do sector privado e foi constituído em 1977. Tem presentemente mais de 100 organismos profissionais de contabilistas de cerca de 80 países. O objectivo principal do IFAC é coordenar a Contabilidade numa escala global através da emissão e do estabelecimento de normas internacionais de auditoria, gestão financeira, ética, educação e formação contínua. O IFAC também organiza o Congresso Mundial de Contabilistas que acontece uma vez de quatro em quatro anos. O IASB está afiliado no IFAC. 11 1.6.6 Princípios de Contabilidade Geralmente Aceites (GAAP) GAAP constitui o conjunto de regras oficialmente reconhecidas pelos organismos internacionais de contabilidade e que tem por missão orientar a gestão ordenada da contabilidade. Em cada país o GAAP constitui a combinação dos seguintes elementos: Código comercial; Normas contabilísticas nacionais; Requisitos da bolsa de valores; Normas Internacionais de Relato Financeiro; Requisito das leis de outros países. 1.7 O Raciocínio Contabilístico Ao falar-se deste tópico, é imperioso apresentar uma analogia dos outros factos decorrentes da vida social agricultor em plena actividade todo o seu raciocínio está impregnado em questões que lhe conduzam ao sucesso dos seus objectivos. O estudante em plena sessão de estudo, o seu raciocínio não foge a esta regra, também está impregnado no objecto do seu estudo com vista a alcançar cabalmente a sua meta que deverá consistir na apreensão da matéria. Assim, o Método Contabilístico tem adoptado o raciocínio contabilístico da seguinte forma: 1º Quais as contas que variam pela análise de facto. 2º Quais as contas que devem ser debitadas e creditadas Pela aplicação das regras de funcionamento, é imperioso ter em conta o âmbito da movimentação das contas envolventes no facto, relativamente a cada conta: a) Se é de Activo, Passivo, Situação Líquida Inicial e Retida ou Situação Líquida Adquirida – Resultados (Gastos e Perdas ou Rendimentos e Ganhos); b) Se aumentou ou diminuiu. 3º Quais os valores desses débitos e créditos: Para determinar quais as contas que devem ser debitadas e creditadas, podemos recorrer ao princípio da dualidade, com as seguintes vantagens: 12 a) Nas variações simples, há uma economia de esforço, pois não será necessário levar até ao fim o raciocínio contabilístico – logo que se saiba que uma conta deve ser debitada, também logo se fica a saber que a outra há-de ser creditada, e vice-versa; b) Nas variações complexas, uma economia do tipo anterior, no que respeita à última conta considerada, ou então, e preferivelmente, um controlo do nosso raciocínio contabilístico, o qual estará errado caso não se verifique a necessária igualdade entre as somas dos débitos e dos créditos. 1.8 Pressupostos básicos da Contabilidade Financeira Como já foi referenciado anteriormente que a contabilidade financeira, surge na necessidade de apresentar ao exterior o patrimônio das empresas, a estrutura de apresentação exige que as Demonstrações Financeiras (DFs), sejam apresentadas tomando em consideração os pressupostos dos princípios de Acréscimo e de Continuidade. O princípio de acréscimo prevê que as transacções e eventos devem ser reconhecidos no período em que ocorrem, independentemente do recebimento ou pagamento em numerário ou seu equivalente e devem ser registados e reportados nas demonstrações financeiras nos períodos a que dizem respeito. O princípio de continuidade pressupõe que as empresas uma vez estabelecidas devem continuar a desenvolver-se normalmente as suas actividades no futuro, assumindo-se deste modo, que a entidade não tem intenção, nem necessidade de cessar as suas operações ou de reduzir significativamente o seu volume de negócio ou transacções. 1.8.1 Características qualitativas das Demonstrações Financeiras A estrutura conceptual identifica as características qualitativas que tornam úteis as informações nas demonstrações financeiras, nomeadamente: 13 a) Compreensibilidade A informação deve ser compreensível para os utentes que tendo um razoável conhecimento da envolvente empresarial e da contabilidade as estudem com razoável diligência. b) Relevância A informação é relevante quando for útil para a tomada de decisões económicas dos utentes das demonstrações financeiras, ou seja, sempre que tenha prestado algum apoio na avaliação dos acontecimentos passados, presentes e futuros ou na confirmação ou ainda correcção das suas avaliações passadas. A relevância da informação financeira é influenciada pela natureza, materialidade e pela oportunidade dos factos patrimoniais relatados. c) Materialidade Está relacionada com a alteração do sentido da decisão económica resultante do seu conhecimento, ou seja, é material toda a informação que quando omissa ou inexacta influencie as decisões que possam ser tomadas com base nas demonstrações financeiras. d) Oportunidade A informação deve ser fornecida no momento em que é necessária, pois, caso contrário será mais que inútil. De facto, o valor duma informação contabilística decresce com o quadrado do tempo decorrido até à sua recepção pelo destinário. e) Fiabilidade Uma informação é fiável se fôr digna de confiança pelos seus usuários, devendo para o efeito, estar isenta de erros materiais. Para que a fiabilidade da informação seja conseguida, é necessário que se verifiquem os seguintes requisitos: Plenitude, Representação fidedigna, Substância sobre a forma, Neutralidade, Prudência, 14 f) Comparabilidade Os utilizadores devem ser capazes de comparar demonstrações financeiras de uma empresa através do tempo, com vista a poder identificar tendências na posição financeira e no desempenho, e ou, comparar demonstrações financeiras de diferentes empresas, com vista a poder avaliar de forma relativa a sua posição financeira, seu desempenho e alterações na sua posição financeira. É importante realçar que a comparabilidade da informação está associada ao princípio de consistência, segundo o qual os factos patrimoniais da mesma natureza devem ser tratados de forma idêntica, ainda que em momentos diferentes, e, sempre que não se possa assegurar a contabilização coerente, os utentes devem ser informados desse facto e das razões que estiveram subjacentes a essa mudança. Auto-avaliação 1. Um dos objectivos do IASB é promover a preparação das demonstrações financeiras usando o Euro Verdadeiro Falso 2. Uma estrutura conceptual é: a) Uma expressão teórica das normas de Contabilidade b) Uma lista de termos importantes usados pelo IASB c) Um documento que engloba os princípios teóricos geralmente aceites que formam a estrutura de referência para o relato financeiro.d) Uma proforma das demonstrações financeiras 15 3. Quais dos seguintes argumentos não são a favor da padronização das normas de Contabilidade mas sim de escolha livre de normas? a) Reduzem variações nos métodos usados para produzir as demonstrações financeiras b) Obrigam as empresas a divulgar as suas políticas contabilísticas c) Constituem uma alternativa menos rígida do que a legislação d) Pode haver uma tendência à rigidez na aplicação das regras 4. Algumas pessoas sugerem que o organismo de formulação de normas é desnecessário pois as próprias normas de Contabilidade são desnecessárias. Outras são de opinião de que tais normas devem ser produzidas pelo governo, de modo a que sejam legisladas. Comente as afirmações acima evidenciando de forma clara tendo em a essência da normalização Contabilística. Chave-de-correcção 1. Alínea b) Falso 2. C) Uma estrutura conceptual é um documento que engloba os princípios teóricos geralmente aceites que formam a estrutura de referência para o relato financeiro; 3. B e C 4. O organismo da formulação das normas é necessário, tendo em conta que a normalização contabilística visa facilitar a análise, interpretação e compreensão da informação elaborada em diferentes países, fortalecendo deste modo a credibilidade da informação por parte dos seus usuários elimina barreiras e a livre circulação de capitais a nível internacional. Resposta Facultativa. Bibliografia Normas Internacionais de Contabilidade, revistas em 2008 16 PLANO GERAL DE CONTABILIDADE PARA O SECTOR EMPRESARIAL EM MOÇAMBIQUE Dec /20……… Borges, A., Rodrigues, A., rodrigues, r. Elementos de contabilidade geral. 24ª edição/2010Áreas Editoras, SA. Lisboa, Portugal 17 Unidade Didáctica nº 2: O Balanço e Demonstração de Resultados Introdução Na disciplina de Introdução à Contabilidade uma das abordagens foi tipificada relacionando-se com o Balanço e o Mapa de Demonstração de Resultados, que devido à sua importância no estudo da Contabilidade, torna-se forçosa uma revisão circunstancial antes de entrar no estudo de contas propriamente dito. O Balanço e a Demonstração de Resultados fazem parte das demonstrações financeiras que são publicadas com a finalidade de proporcionar informação acerca da posição financeira e do desempenho financeiro da empresa ou entidade durante um determinado tempo de actividade económica. Estes dispositivos, são colocados à disposição dos principais utentes ou interessados pela informação financeira que lhes permitirão a tomada de decisões económicas. As demonstrações financeiras também mostram os resultados da condução do negócio por parte da gerência relativo aos recursos a ela confiados. Os utentes que desejam avaliar a condução dos negócios ou a responsabilidade da gerência fazem-no a fim de que possam tomar decisões económicas. Estas decisões podem incluir, por exemplo, deter ou vender parte do seu investimento na empresa ou reconduzir ou substituir a gerência ou ainda mudar de actividade, descontinuar actividade centrada num certo produto, etc.. Contudo, as demonstrações financeiras não proporcionam toda a informação que os utentes necessitam para tomarem decisões económicas uma vez que retrata largamente os efeitos financeiros de acontecimentos passados e não proporcionam necessariamente informação não financeira. Objectivos da unidade Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 18 Elaborar o Balanço de uma unidade económica com base em elementos patrimoniais concretos, designadamente o Activo, o passivo e os Fundos Próprios; Interpretar a situação patrimonial de uma unidade económica com base no Balanço; Elaborar e interpretar os resultados correntes e extraordinários de uma empresa baseando-se na Demonstração de Resultados; Apurar o valor do imposto a pagar ou a recuperar do Estado em cada exercício económico. Desenvolvimento de conteúdos 1. O Balanço 1.1 Conceito Quando explicitamente através de um documento se compara os elementos patrimoniais do Activo e do Passivo, fazendo realçar a diferença entre ambos, através da determinação da Situação Líquida, também designada, muitas vezes, de Capital Próprio está-se perante uma peça contabilística chamada BALANÇO, que tem como principal finalidade relatar a situação patrimonial de uma entidade, num determinado momento. Definições importantes Balanço é a comparação entre o Activo e Passivo dum Património, evidenciando a respectiva Situação Líquida. A designação de Balanço, poderá etimologicamente basear-se no facto de que estamos perante uma comparação (balanceamento) entre o Activo e o Passivo com evidência do resultado dessa comparação pela Situação Líquida. Este facto traduz-se esquematicamente pela chamada 19 1.2 Equação do Balanço ou Expressão Geral do Balanço Por definição: ACTIVO (A) – PASSIVO (P) = SITUAÇÃO LÍQUIDA (SL) Sendo portanto que: ACTIVO (A) = PASSIVO (P) + SITUAÇÃO LÍQUIDA (SL) Isto é, o Activo é igual à soma algébrica do Passivo e da Situação Líquida. Esta equação é a base de toda a técnica contabilística, cujo princípio é a chamada dupla entrada, em que os registos são apresentados sempre balanceados. 1.3 Géneros de Balanços Qualquer que seja o momento considerado, quando se compara o Activo (A) e o Passivo (P) de um património (na elaboração de um Balanço) são possíveis três casos distintos: a) O Activo (A) é maior que o Passivo (P) pelo que a Equação do Balanço será: A = P + SL, neste caso diz-se que a Situação Líquida Activa, o que equivale a existência de Capitais Próprios (Balanço do 1º.Género). b) O Activo (A) é igual ao Passivo (P), sendo então a Equação do Balanço: A = P, nesta situação embora rara, não é impossível. Existe Situação Líquida denominada (Situação Líquida Nula), sendo o valor dos bens existentes na empresa, exactamente igual ao valor das obrigações que a empresa tem para com os terceiros (Balanço do 2º.Género). c) O Passivo (P) é superior ao Activo (A), neste caso, diz-se que estamos perante uma Situação Líquida com sinal negativo e que se designa por Situação Líquida Passiva. A Equação do Balanço passa a ser: A = P – SL (Balanço do 3º.Género). Um balanço que apresenta esta estrutura reflecte uma situação em que a empresa com os seus activos não pode fazer face às obrigações com terceiros, isto é está numa situação de Passivo 20 descoberto ou Déficit. Trata-se de uma situação de falência em que o valor dos bens possuídos é inferior ao valor das dívidas assumidas. Esquematicamente teremos: CASOS SITUAÇÃO LÍQUIDA BALANÇO Designação Símbolo Valor Expressão Género A > P Activa Sla SL > 0 A=P+SLa 1º A = P Nula SLn SL = 0 A=P 2º A > P Passiva SLp SL > 0 A=P+SLp 3º 1.3.1 Classificação dos balanços 1.3.1.1 Quanto à representação gráfica O Balanço é representado graficamente em quadros ou mapas, nos quais as massas patrimoniais de cada um dos membros da expressão geral se dispõe-se horizontalmente ou verticalmente. Representação Horizontal Os elementos do Activo são colocados ao lado esquerdo da representação gráfica, os elementos patrimoniais do Passivo e os da Situação Líquida ao lado direito. Representação Vertical Os elementos patrimoniais do Activo encontram-se dispostos segundo uma linha vertical, ocupando em primeiro lugar, seguido do Passivo e da Situação Líquida. 1.3.1.2 Quanto à Extensão Outra distinção que por vezes se faz entre os diversos tipos de Balanço, é entre Balanços Sintéticos e Balanços Analíticos sendo estes últimos mais detalhados no que se refere ao grau de agregação dos diferentes bens patrimoniais. O extremo de um Balanço sintético é aquele em que apenas se mencionam os totais do Activo, do Passivo e da Situação Líquida. Deste modo definimos: 21 Balanços Sintéticos – Os que apresentamapenas os valores globais do Activo, do Passivo e da Situação Líquida. Balanços Analíticos - Aqueles que apresentam o desenvolvimento de algumas contas, isto é, que apresentam os seus valores desdobrados em várias parcelas, correspondentes a determinados subconjuntos de valores patrimoniais com características comuns e específicas (subcontas ou contas divisionárias). 1.3.1.3 Quanto à Periodicidade Balanços Ordinários – aqueles que são elaborados anualmente, no fim de cada exercício económico (Balanço Anual) ou que possa obedecer aos desígnios pré-definidos pela administração da empresa. Balanços Extraordinários – aqueles que se elaboram acidentalmente, e classificam-se em Balanço de: Inicial ou de Fundação – é o primeiro Balanço da empresa, elaborado no momento da sua criação. Balanço de Liquidação – o último Balanço da empresa, elaborado no momento da sua extinção. Qualquer momento da vida da empresa, e por diversos motivos (cessão de quotas, falecimento do sócio, etc.) 1.4 A Demonstração de Resultados 1.4.1 Noção A Demonstração de Resultados é uma das peças das demonstrações financeiras de grande importância. A sua importância deve-se, não só porque é obrigatória a sua entrega ao fisco, aquando da entrega da declaração de rendimentos, quer em sede de IRPC quer em sede de IRPS, quando for o caso, como também pela informação que faculta aos principais interessados pela informação financeira. 22 É um mapa que tem por finalidade evidenciar os rendimentos (proveitos) e os gastos (custos), tornando possível a comparabilidade entre essas duas grandezas, consequentemente fornece informação sobre a natureza dos resultados obtidos num determinado período, quer em valor quer na sua natureza, ou seja, quanto a empresa ganhou ou perdeu, dando assim a ideia do lucro ou do prejuízo. Normalmente essa evidência é efectuada tendo em conta: a) Natureza dos factores positivos (rendimentos) e negativos (gastos) e do rédito Demonstrações dos Resultados por Natureza; b) Afectação funcional dos referidos valores positivos (rendimentos) e negativos (gastos) Demonstrações dos Resultados por Funções. 1.4.2 Demonstrações dos Resultados por Natureza – PGC-NIRF São quadros demonstrativos dos resultados apurados pela empresa, evidenciando os gastos e os rendimentos segundo a sua natureza. Das várias classificações de resultados, apresentam-se as que mais significado têm para apreciar a situação económica da empresa: a) Resultado Operacional ou Económica Diz respeito aos lucros ou prejuízos obtidos na actividade principal da empresa, ou seja, aquela para a qual os seus recursos foram mais vocacionados. São, em geral, produção, venda de bens e prestação de serviços. Esta demonstração permite evidenciar a capacidade do negócio da empresa em gerar excedentes, independentemente da forma de financiamento dos seus recursos. Traduz a viabilidade ou inviabilidade económica do negócio. b) Resultado Financeiro Evidencia os lucros ou prejuízos decorrentes das decisões financeiras, quer no que concerne à aplicação dos excedentes, quer no que toca ao financiamento das necessidades financeiras. 23 A soma algébrica dos resultados operacionais com os resultados financeiros designa-se resultado corrente ou de exploração. 1.4.3 Demonstração dos Resultados por Funções Neste caso, os resultados são apurados por via indirecta das classes 6 e 7; discriminam-se os seus componentes positivos e negativos por origem ou afectação e, em particular, de acordo com as funções empresariais (produção, comercial, administrativa, financeira, etc.). A estrutura destas demonstrações dos resultados deverá ser bastante flexível para uma fácil adaptação e adequação à actividade de cada empresa. Ao carácter universal das demonstrações dos resultados por natureza, deverão contrapor-se Ao carácter particular das demonstrações dos resultados por funções. O termo demonstrações dos resultados por funções não parece o mais adequado, na medida em que estando orientada para o interior da empresa, a sua estrutura deveria ser o mais próximo possível das necessidades e interesses de informação e da gestão. Isto porque nem sempre a segmentação das informações nas empresas se processa ao nível funcional, face à preocupação em adequar às necessidades e interesses da gestão e do apoio à tomada de decisão. Assim, os resultados podem ser segmentados para além do mero funcional por áreas ou actividades, nomeadamente centros de responsabilidade, produtos ou serviços, actividades, segmentos de mercado, canais de distribuição, etc. Daí ser possível e aconselhável a elaboração de demonstrações dos resultados de acordo com a segmentação escolhida, como forma de analisar cada uma das parcelas da empresa ou da sua actividade. Na determinação dos resultados por funções há a possibilidade de evidenciar seis níveis de resultados, a saber: 1º nível: Resultado bruto (vendas e prestações de serviços deduzidas do custo das vendas e das prestações); 24 2º nível: Resultados operacionais (resultado bruto acrescido dos outros proveitos e ganhos operacionais, a que subsequentemente se deduz os custos de distribuição, os custos administrativos e outros custos e perdas operacionais); 3º nível: Resultados correntes (resultados operacionais abatido do custo líquido de financiamento, a que subsequentemente se soma aritmeticamente os ganhos (perdas) em filiais e associadas, os ganhos (perdas) em outros investimentos e os resultados não usuais ou não frequentes; 4º nível: Resultados correntes após impostos (resultados correntes deduzidos dos impostos sobre os resultados correntes); 5º nível: Resultados líquidos (resultados correntes após impostos acrescidos (deduzidos) dos resultados de operações em descontinuação líquidos de impostos, das alterações nas políticas contabilísticas líquidas de impostos e, bem assim, dos resultados extraordinários, a que subsequentemente se deduz os impostos sobre os resultados extraordinários; 6º nível: Resultados por acção (resultados líquidos a dividir pelo número médio ponderado de acções em circulação). Auto-avaliação Exercicio nº 1 1. Em 07 de Outubro de 2013, foi criada em Maputo a Empresa Samba & Dança, vocacionada a compra e venda de Instrumentos Musicais com os seguintes elementos patrimoniais em meticais: - 20 Guitarras acústicas cada 10.000,00; - Saque da Konga Produções 52.000,00; - Marcas e Patentes 60.000; 25 - 8 Violas cada 5.000,00 - Numerário em cofre 48.000,00; - Depósitos no BBM 112.000,00; - Viatura 150.000,00; - Aceite da Xima Eventos 32.000,00 - Cheques em carteira 15.000,00; - Facturas sobre Beng 36.000,00; - Vales de correios 7.000,00; - Nosso Aceite ao Grupo RM 23.000,00 - Créditos bancários concedidos pelo BBM 315.000,00; - Débitos diversos 10.000,00 Pretende-se: Balanço Patrimonial da Empresa Samba & Dança. Exercicio N o 2 Balanço Final da Empresa Tiva-Tako 31 de Dezembro de 2009 ACTIVOS Notas 2009 Activos não Correntes Activos Tangíveis 90 000,00 Activos Intangíveis Depreciação (38 000,00) Total de Activos não Correntes 78 000,00 Activos Correntes Inventários 45 500,00 Clientes Caixa e Bancos 1 500,00 Total de Activos Correntes 72 000,00 Total dos activos CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVOS 26 Capital Próprio Capital Social 58 050,00 Total do capital próprio 58 050,00 Passivos não Correntes Empréstimos obtidos 22 950,00 Total do Passivos não Correntes 22 950,00 Passivos CorrentesFornecedores Outros passivos correntes 47 000,00 Total do Passivos Correntes 69 000,00 Total dos passivos 91 950,00 Total do capital próprio e dos passivos Nota: a depreciação acumulada do activo tangível é de 38 000,00. a) Complete os espaços em branco do Balanço da Empresa Tiva-Tako Exercício N o 3 Dadas as dificuldades financeiras que os seus encarregados de educação se encontram mergulhados, um grupo de três estudantes decidiu constituir uma Sociedade Comercial que se dedica à compra e venda de material Escolar, cuja denominação é: SMA - Sociedade Melhor Assim SA. No dia 2 de Maio de 2010, os estudantes entregaram a Sociedade as seguintes pertenças para constituir o património. O estudante, Tomás Bila, contribuiu com: - Sua mesada no valor de 3.500,00; - 1 Computador avaliado em 13.500,00; - 4 Caixas de esferográfica BIC para venda no valor de 2.000,00; - 2 Livros (Contabilidade Financeira 7ª Edição 2008) para venda no valor de 6.000,00. O estudante, Pedro Maria, contribuiu com: - 1 Balcão de venda móvel avaliado em 7.500,00; - 5 Livros de Contabilidade Aplicada para venda avaliados em 5.000,00; 27 - Cheques correspondentes à mesada totalizando o montante de 12.500,00. O estudante, José Miguel, contribuiu com: - 2 Dicionários para venda no valor de 2.500,00; - Letra que tinha por receber do Sr. Pereira 8.000,00; - Títulos a pagar ao Sr. F. Luís no valor de 32.500,00; - Depósito efectuado na conta da Sociedade no montante de 47.000,00. a) Elabore o Balanço Inicial da SMA - Sociedade Melhor Assim SA. Chave-de-correcção Exercicio :01 Balanço Final da Empresa Samba & Danca 07 de Outubro de 2013 ACTIVOS Notas N N-1 Activos não Correntes Activos Tangíveis 150,000.00 Activos Intangíveis 60,000.00 Total de Activos não Correntes 210,000.00 Activos Correntes Inventários 240,000.00 Clientes 68,000.00 Caixa e Bancos 182,000.00 Total de Activos Correntes 490,000.00 Total dos activos 700,000.00 CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVOS Capital Próprio Capital Social 300,000.00 Total do capital próprio 300,000.00 Passivos não Correntes 28 Empréstimos obtidos 315,000.00 Total do Passivos não Correntes 315,000.00 Passivos Correntes Fornecedores 75,000.00 Outros passivos correntes 10,000.00 Total do Passivos Correntes 85,000.00 Total dos passivos 400,000.00 Total do capital próprio e dos passivos 700,000.00 Exercicio :02 Siga as dicas do modelo de Balanço apresentado no PGC-NIRF para o preenchimento da tabela Exercicio :03 Total do activo = 107.500,00 Total do Passivo = 32.500,00 Capital Próprio = 75.000,00 Bibliografia Borges, A. R.A. & Rodrigues. R. (1998). Elementos de Contabilidade Geral. 22ª Edição. Áreas Editora Conselho de Ministros. República de Moçambique. Plano Geral de Contabilidade. Decreto70/2009. Imprensa Nacional. Maputo; Pereira, J. M. E. (s/d). Contabilidade Geral. Vols. I e II. Plátano Editora. Lisboa; Sozinho. C. (2004). Contabilidade Geral e Financeira: Texto de Apoio Xiphefu. Maputo Mendes, J. (s/d). Contabilidade Geral e Financeira. Plátano Editora Lisboa 29 Unidade Didáctica nº 3: Estudo das Contas Introdução Em cada massa patrimonial, os respectivos elementos podem ser agrupados em diversos subconjuntos com determinadas características comuns e específicas, de acordo com a sua natureza e/ou função que desempenham na empresa. Ora, são precisamente esses subconjuntos que se designam por contas. Assim, conta é um conjunto de elementos patrimoniais expresso em unidades de valor ou, classe ou grupo que integra elementos patrimoniais de natureza e características idênticas. Objectivos da unidade Ao completar esta unidade, o estudante, deverá ser capaz de: Identificar os elementos constituintes de uma conta e as respectivas classe em que ela está inserida; Movimentar as contas de acordo com a classe patrimonial onde se encontram aferidas (debitar e creditar) Determinar o saldo da conta de acordo com a sua natureza, (que pode ser devedor ou credor); Aplicar o PGC-NIRF de acordo com as nomas vigentes, segundo o Dec 70/2009. 30 Desenvolvimento de Conteúdos 1. Partes Constitutivas da Conta Em qualquer conta haverá sempre a considerar o seu aspecto qualitativo e quantitativo, ou seja, a sua compreensão (título) e a sua extensão (valor). 2. Compreensão (Título) A compreensão de uma conta é determinada pelas características comuns e específicas dos elementos nela agrupados, devendo ser evidenciada, o mais claramente possível, pelo título (expressão ou palavra por que se designa a conta). A compreensão de uma conta tem como finalidade identificar a conta e distingui-la de todas as outras, pelo que, deve ser fixa e imutável. 3. Extensão (Valor) A extensão ou valor representa a quantidade expressa em unidades monetárias contidas na conta no momento em que se analisa. Na conta, este elemento é variável, na medida em que os elementos patrimoniais que engloba estão sujeitos a variações contínuas provocadas pelas operações realizadas como consequência da dinâmica patrimonial. 4. Requisitos essenciais que uma conta deve obedecer A conta constitui a base de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se desenvolve todo o trabalho contabilístico. Como tal, a conta deve obedecer a requisitos próprios, para que o trabalho se processe com fundamento e regularidade, os quais são: A homogeneidade – uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à característica comum que ela define. Exemplo: A conta Caixa só deve conter: 31 Notas e moedas metálicas de curso legal (moeda nacional ou estrangeira); Cheques (nacionais e estrangeiros). Vales postais A integralidade – a conta deve incluir todos os elementos que gozam da característica comum por ela definida. Ou seja: A conta Caixa deverá incluir toda a moeda, quer nacional quer estrangeira, que a empresa possui bem como todos os cheques (em moeda nacional e/ou moeda estrangeira), que a empresa recebeu, dos seus clientes, para pagamento dos bens ou serviços que tenha transacionado. 5. Representação Gráfica A conta representa-se graficamente por um dispositivo chamado T. Sobre o traço horizontal indica-se o título da conta, um lado esquerdo e um lado direito. O lado esquerdo é designado de “Débito” ou “Deve” e o lado direito de “Crédito” ou “Haver”. Portanto, os valores registados no débito denominam-se débitos e os registados no crédito denominam-se créditos. Graficamente, temos: Deve (Débito) Título da conta Haver (Crédito) Debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito com um certo significado específico dependendo da classe patrimonial adstrita à conta (aumento ou diminuição); Creditar uma conta é efectuar o registo de um valor no lado do crédito com um certo significado específico dependendo da classe patrimonial adstrita à conta (aumento ou diminuição); 32 Saldo de uma conta A diferença entre o débito e o crédito de uma conta, no momento considerado, chama-se saldo dessa conta. Numa conta, ao comparar o seu débito com o seu crédito, podem ocorrer três hipóteses: Débito > Crédito → o saldo diz-se devedor (Sd); Débito = Crédito → o saldo diz-se nulo (Sn); Débito < Crédito → o saldo diz-se credor (Sc). Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendo-se assim um equilíbrio entre os dois lados da conta. Uma conta sem saldo diz-se saldada. O saldo da conta correspondeà sua extensão, ou valor, num determinado momento. Fechar uma conta corresponde ao apuramento do saldo colocando as colunas dos valores a débito e a crédito em equilíbrio sublinhando com dois traços (trancando) cada soma. Reabrir uma conta é inscrever o saldo na representação gráfica da conta na coluna dos débitos, se na conta fechada o mesmo era devedor; ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na conta fechada o mesmo era credor. 6. Classificação e Caracterização das Contas 6.1 Classificação das Contas Sendo a conta uma classe de valores patrimoniais com denominação própria e com extensão numérica, estes valores podem ser concretos e abstractos. Assim, a conta terá por objecto os seguintes elementos: Elementos concretos – os que compõem o Activo e o Passivo; Elementos abstractos – os correspondentes a Situação Líquida. 33 Sendo assim, as contas podem ser: Contas do Activo – as que compreendem todos os elementos patrimoniais tangíveis e intangíveis (elementos patrimoniais com a característica de serem propriedades do titular do património); Contas do Passivo – as que compreendem todos os elementos patrimoniais exigíveis (as obrigações pecuniárias que o titular do património terá de satisfazer junto de terceiros); Contas de Situação Líquida (Capital Próprio) – as que englobam os valores patrimoniais intangíveis ou abstractos que se traduzem numa diferença entre o Activo e o Passivo. Quanto ao âmbito, as contas podem ser: Contas Colectivas, Complexas ou Gerais, as que se encontram subdivididas noutras contas de menor grau, chamadas divisionárias, estas, englobam várias contas simples ou elementares; Contas Divisionárias ou Subcontas, as que agrupam contas singulares, simples ou elementares, ou seja, as divisões das contas colectivas; Contas Singulares, Elementares ou Simples, as que agrupam elementos com características muito comuns e, portanto, não comportam maior divisão, ou seja, não se encontram subdivididas noutras; 6.2 Caracterização das Contas Para a caracterização elementar de contas, tradicionalmente agrupam-se segundo as classes a que pertencem: Classe 1 – Meios Financeiros; Classe 2 – Inventários e Activos Biológicos; Classe 3 – Investimentos de Capital; Classe 4 – Contas a Receber, Contas a Pagar, Acréscimos e Diferimentos; Classe 5 – Capital Próprio; Classe 6 – Gastos e Perdas; Classe 7 – Rendimentos e Ganhos; 34 Classe 8 – Resultados Para uma familiarização e compreensão das contas de cada classe patrimoniais recomenda-se um estudo pormenorizado do PGC-NIRF, Dec 70/2009, orientado pelo docente Tutorial, que deverá culminar com uma interacção prática. É de todo interesse que o estudante de contabilidade conheça este instrumento, com pena de transformar-se num condutor que só sabe estar no volante sem conhecer as regras de condução de um veículo na estrada. 7. Métodos de Registo Contabilístico 7.1 Caracterização As primeiras contabilidades conhecidas, datam o século XIII, comportavam, somente, as contas de devedores, credores e banqueiros, ou seja, contas de «pessoas». Em cada uma destas contas, inscreviam-se os movimentos que diziam respeito a um certo indivíduo, sem qualquer interligação com outras contas. A este método de registo contabilístico ficou conhecido por Método das Partidas Simples ou Unigrafia. O desenvolvimento histórico da técnica contabilística conduziu à adopção de contas de coisas, numa primeira fase e de contas de factos, numa segunda fase. Na primeira fase, as contas de coisas eram movimentadas sem correspondência noutras contas patrimoniais(Método das Partidas Mistas), era da Contabilidade empírica. Lucca Pacioli, frade franciscano, em 1494, na época do Iluminismo, não se fez rogado, pois, não satisfeito com a Unigrafia contabilística, inspirou-se e defendeu a tese de que um facto contabilístico terá um efeito em pelo menos duas contas de igual valor e estabeleceu o Princípio de Partidas dobradas ou método Digráfico, dando o início a uma nova fera da História da Contabilidade, a da Contabilidade Científica. O método digráfico preconiza a interligação de registos pelo mesmo facto, isto é, um registo numa conta é repetido noutra ou noutras contas com aquela interligadas pelo mesmo facto, 35 tornando uma duplicidade de registo e por conseguinte, este procedimento foi apelidado de Método de Partidas Dobradas ou Digrafia (Dualismo Patrimonial). 7.2 O Método Digráfico ou de Partida Dupla Segundo este método (que data do século XV), todo o débito numa conta origina um crédito ou créditos noutras de igual valor e vice-versa. Portanto, cada facto patrimonial determina um registo em duas ou mais contas, por forma a que ao valor de cada débito (ou débitos) corresponda sempre um crédito (ou créditos) de igual valor. O princípio das partidas dobradas está intimamente ligado à Equação Fundamental da Contabilidade e da qual não se pode dissociar. 7.3 Regras de Funcionamento ou de Registo Contabilístico em Partidas Dobradas (Partida Dupla) Conhecidas, pela análise do facto patrimonial, as contas que variam e qual o sentido da variação de cada conta (aumento ou diminuição), facilmente se poderá saber qual a conta que deve ser debitada e qual a conta que deve ser creditada de acordo com o seu âmbito. 7.3.1 Regras de movimentação de Contas A seguir se mencionam as regras basilares sobre a movimentação de contas que norteiam a operacionalização do Princípio de Partidas Dobradas de Lucca Pacioli. Contas do activo, de contas a receber e de custos As contas do Activo, de Contas a Receber e de Custos, debitam-se pelos valores iniciais e pelos aumentos, e creditam-se pelas diminuições ou ajustamentos. Estas, devem apresentar um saldo devedor ou nulo. Contas do passivo, fundos próprios, de proveitos e de resultados As contas do Passivo, de Fundos Próprios, de Proveitos e de Resultados creditam-se pelos valores iniciais e pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições; este grupo de contas deve apresentar como regra geral saldos credores ou nulos. 36 Para o estabelecimento destas regras são fundamentais os aumentos e diminuições das massas patrimoniais gerais e não das contas, na medida em que nem sempre são paralelas as respectivas variações: Por exemplo, os aumentos das contas de gastos e perdas correspondem a diminuições da Situação Líquida (Capital Próprio). Referindo os termos “aumentos” e “diminuições” às contas, teremos de prevenir esse antagonismo, dizendo: 1. As contas do Activo são debitadas pelos aumentos e creditadas pelas diminuições; 2. As contas do Passivo e de Fundos Próprios são creditadas pelos aumentos e debitadas pelas diminuições; 3. As contas de Gastos e Perdas são debitadas pelos aumentos e creditadas pelas diminuições; 4. As contas de Rendimentos e Ganhos são creditadas pelos aumentos e debitadas pelas diminuições. 8. Introdução ao PGC – NIRF a Normalização Contabilística no Sector Empresarial Em Moçambique Até a independência nacional, apenas os sectores de seguros e da banca estavam obrigados a uma normalização contabilística. Face à ausência de normas que estabelecessem terminologia de contas, a sua ordenação, os critérios valorimétricos uniformes e princípios contabilísticos que permitissem a determinação dos resultados para uma tributação justa, verificada nos restantes sectores de actividades e em 1977 foi reconhecida a necessidade duma normalização contabilística para o sector empresarial no país, segundo apontam as directivas económicas e sociais do IIIº Congresso da Frelimo, realizado em 1977, Frelimo (1978). Esta intenção só se efectivou em 1984 através do decreto nº 13/84 de 14 de Dezembro que aprova o Plano Geral de Contabilidade (PGC), obrigatoriamente aplicável a todas as unidadeseconómicas com excepção das que exercem actividades nos ramos bancários e de seguros. 37 O Dec 13/84, promulgou o PGC, foi concebido para servir de instrumento de direcção e controlo do Estado sobre a economia. Pois, nesta altura, a contabilidade geral foi definida como sendo “ sistema de informação destinado a exercer o papel jurídico e de controlo”, em Moçambique, Conselho de Ministros (1984). Pelo facto de este instrumento ter se revelado insuficiente face às transformações verificadas no ambiente económico, político e social ao longo do tempo, e com o objectivo de adoptar aos novos desafios de gestão, o PGC ora aprovado sofreu ligeiras alterações e ajustamentos que culminaram com a publicação do decreto nº 36/2006 de 25 de Julho. Com o decorrer do tempo, este instrumento foi se mostrando desajustado, e registou a sua última alteração em 2009 através do Decreto nº 70/2009 de 22 de Dezembro. Esta alteração marca o momento mais importante da evolução da normalização contabilística no sector empresarial moçambicano, pois, para além de prever a criação de um Organismo Regulador da Normalização Contabilística que velará pela revisão, ajustamentos, interpretação e actualização do Sistema, aprova o novo sistema de contabilidade para o sector empresarial em Moçambique que integra: O Plano Geral de contabilidade para empresas de grande e média dimensão baseado nas IFRS, o qual se designa PGC – NIRF, incluindo o calendário de implementação obrigatória pelas grandes e médias empresas a partir de 1 de Janeiro de 2010 e 1 de Janeiro de 2011, respectivamente. 8.1 O PGC –NIRF O Plano Geral de Contabilidade (PGC- NIRF), foi elaborado com base nas Normas Internacionais de Relato Financeiro, designadas por NIRF´s, referenciadas no primeiro tema, que constituem um conjunto de princípios, regras e procedimentos, que constituem o normativo contabilístico aplicável na república de Moçambique. É baseado nas Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) e nas Normas Internacionais de Relato Financeiro emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board). As NICs e NIRF´s aprovadas em Outubro de 2008, foram as que serviram de base para a elaboração do PGC-NIRF. Estes documentos são susceptíveis de alterações devido à introdução de novos negócios e das condições económicas mundiais aliadas à Globalização. 38 8.2 O Quadro Conceptual A estrutura conceptual pode ser entendida como sendo uma interpretação da teoria geral da contabilidade, mediante a qual se estabelecem os fundamentos conceptuais em que se apoia a preparação e divulgação da informação financeira” Borges (2007). Em Moçambique não existia uma Estrutura conceptual formalmente definida. Sendo que o PGC constituía o núcleo das normas a seguir no âmbito da contabilidade empresarial e fazia referência aos objectivos das Demonstrações Financeiras(DF’s), características qualitativas da informação financeira, reconhecimento e mensuração dos elementos da DF’s. No entanto, há que salientar que com a convergência para os padrões internacionais de contabilidade, já existe no país uma estrutura conceptual, que consta do PGC-NIRF, designado por Quadro Conceptual e que refere a existência de todos níveis da estrutura conceptual do IASB. Auto-avaliação 1. Indique as partes constitutivas da conta 2. Quais são os requisitos essências de uma conta? 3. As contas de activo são de natureza a) Credora b) Devedora 4. A homogeneidade significa a) A conta deve conter os elementos que obedeçam à característica b) A conta deve conter elementos de características diferentes 5. O que significa debitar uma conta? 6. O que significa creditar uma conta? 7. Quais as possíveis situações a obter ao comprar o débito e o crédito? Chave-de-correcção ´ 39 1. Título e Extensão 2. A homogeneidade e integralidade 3. Devedora 4. A conta deve conter os elementos que obedeçam à Característica 5. Debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito 6. Creditar uma conta é efectuar o registo de um valor no lado do crédito Débito > Crédito → o saldo diz-se devedor (Sd); Débito = Crédito → o saldo diz-se nulo (S0); Débito < Crédito → o saldo diz-se credor (Sc). Bibliografia Borges, A. R.A. & Rodrigues. R. (1998). Elementos de Contabilidade Geral. 22ª Edição. Áreas Editora Conselho de Ministros. República de Moçambique. Plano Geral de Contabilidade. Decreto70/2009. Imprensa Nacional. Maputo; Pereira, J. M. E. (s/d). Contabilidade Geral. Vols. I e II. Plátano Editora. Lisboa; Sozinho. C. (2004). Contabilidade Geral e Financeira: Texto de Apoio Xiphefu. Maputo Mendes, J. (s/d). Contabilidade Geral e Financeira. Plátano Editora Lisboa. 40 Unidade Didáctica nº 4: Escrituração Comercial Introdução Na unidade Didáctica n° 3, foi abordado o Raciocínio Contabilístico e tem como corolário deste, o registo da operação nos livros. Ao falar de livros importa fazer uma destinção entre livros obrigatórios e livros facultativos. São livros obrigatórios aqueles cuja adopção nas empresas é por lei imposta pela autoridade tributária. A não adopção implica uma repressão pecuniária. São livros facultativos aqueles que sendo de grande utilidade para normal curso de actividades nas empresas, estas adoptam-nas de forma voluntária. O património, como conjunto de valores activos e passivos sujeitos a uma gestão, está sujeito a variações como consequência da própria actividade da empresa. Sendo assim, além da representação dos valores patrimoniais, existe a necessidade de representar e inscrever em documentos, livros e registos de vária natureza, os factos patrimoniais que provocaram a sua variação. Ao procedermos os registos contabilísticos de uma entidade estamos perante a uma Escrituração Comercial, que é o conjunto de documentos e livros que historiam a evolução patrimonial de qualquer empresa. Também se designa escrituração, aos actos de registo das operações nos livros e documentos. Para se proceder à escrituração comercial é necessário conhecer as contas, regras de movimentação e sistematização, critérios valorimétricos, etc. Para o efeito, as empresas deverá dispor de um plano de contas e conhecer os conceitos contabilísticos. 41 Objectivos da unidade Ao completar esta unidade você deverá ser capaz de: Proceder os registos das transações comerciais em documentos contabilísticos obrigatórios e facultativos; Aplicar os critérios práticos de movimentação das contas de acordo coma sua natureza; Elaborar o diário, o razão, o balancete, o mapa de demonstração de resultados e o balanço; Fazer o estorno das operações contabilísticas em caso de erro. Desenvolvimento de conteúdos 1.Peças Fundamentais da Escrituração Comercial Constituem peças fundamentais da escrituração comercial os seguintes: Os Livros onde se registam as operações ou variações patrimoniais; Os Documentos que representam essas operações e comprovam os lançamentos efectuados nos mesmos 2. Modelo Básico da Contabilização das Operações O modelo básico da contabilização das operações traduz o caminho a percorrer na contabilização dos factos patrimoniais que é o seguinte: FACTOS PATRIMONIAIS DIÁRIO DOCUMENTOS RAZÃO 42 3. Livros de Escrituração Comercial Os livros de escrituração comercial ou de contabilidade classificam-se em dois grupos: Livros Obrigatórios; Livros Facultativos a) Os Livros Obrigatórios são os que a lei enumera como sendo indispensáveis a qualquer comerciante. São, também, designados por Livros Selados, designadamente: O Livro de Inventário e Balanços; O Diário; O Copiador de Correspondência; Os Livros de Actas (para as sociedades) b) Os Livros Facultativos são os que se utilizam normalmente como auxiliares de registo. O seu número e utilizaçãodependem da natureza, características e dimensão das empresas ou das operações que elas efectuam. Servem para completar, desenvolver e controlar o que se escritura nos livros obrigatórios. São usualmente denominados de livros auxiliares. Como livros de contabilidade auxiliares, podem apontar-se, entre outros, os seguintes: Balancetes do Razão Geral; Razões auxiliares ou de desenvolvimento do Razão Geral; Diários auxiliares (Caixa, Compras, Vendas, etc.); Balancetes dos razões auxiliares. 4. Diário O Diário serve para os comerciantes registarem, dia a dia, por ordem de datas, em assento separado, cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar o seu património. Portanto, no Diário, os factos patrimoniais são registados por ordem de datas. Trata-se de um registo cronológico 43 O traçado ou riscado do Diário (Modelo Clássico) é o seguinte: Tendo para cada coluna a seguinte finalidade: a) Número de Ordem do Lançamento b) Preposição a que preserve as contas a creditar c) Cabeçalho e Descrição do Lançamento (indicação da data de lançamento, da conta a debitar e a creditar, incluindo o código e título da conta) d) Número dos fólios do Razão Geral referentes as contas movimentadas e) Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar somente nos lançamentos compostos, ou seja, da 2ª, 3ª e 4ª fórmulas) f) Coluna principal das importâncias O uso técnico do diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva primeiramente a conta debitada e depois a creditada, esta numa linha imediatamente inferior àquela, antecedido o respectivo título da preposição a, abreviatura de “deve a”. 5. Razão O Razão serve para escriturar o movimento de todas as operações do Diário, ordenados a débito e crédito, em relação a cada uma das respectivas contas, para se conhecer o estado e a situação de qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame de todos os lançamentos do Diário. Neste a) b) c) d) e) f) 44 livro, os factos patrimoniais são registados por ordem de contas. Trata-se, portanto, de um registo sistemático. É, também, conhecido por Livros das Contas. O Razão na sua forma clássica, apresenta-se como um livro de folhas cosidas designadas fólios. Cada fólio é reservado a uma conta, em cuja página esquerda se escreve o “Deve” ou “Débito” da mesma e na direita o “Haver” ou “ Crédito”. Os registos a débito levam a preposição a, significando “Deve a”; os a crédito levam a preposição de, significando “Haver de”. O Razão (Modelo Clássico) tem o formato seguinte: Significando cada coluna: a) Registo do Ano e Mês das operações b) Registo do Dia c) Preposição “a” (lado esquerdo) ou preposição “de” (lado direito) d) Contrapartida da conta movimentada e) Número do lançamento no Diário f) Importância DEVE TÍTULO DA CONTA HAVER a) b) c) d) e) f) a) b) c) d) e) f) 45 6. Inventário e Balanços O Livro de Inventário e Balanços serve para nele se lançarem, dentro dos prazos legais, os balanços a que tem de proceder. Começará pelo arrolamento de todo o activo e passivo do comerciante, fixando a diferença entre aquele e este, o capital com que entra em comércio. 7. Requisitos ou Formalidades Legais de Escrituração dos Livros Os livros de Diário, Razão e de Inventário e Balanços, serão, antes de escritos, apresentados ao Ministério das Finanças (Repartição de finanças onde a empresa está vinculada) e ao Tribunal Administrativo para que sejam por eles, numeradas e rubricadas as folhas, e depois lançados por um escrivão na primeira página um termo de abertura e outro de encerramento na última página, sendo referenciados ambos os termos por estas entidades. 8. Lançamentos 8.1 Noção Chama-se lançamento ou assento, à anotação de qualquer facto patrimonial nos livros de contabilidade. 8.2 Elementos de Lançamentos O lançamento compõe-se dos seguintes elementos: Data: dia, mês e ano; Título ou cabeçalho, que é a indicação da(s) conta(s) a debitar e da(s) conta(s) a creditar; usualmente escreve-se em caracteres mais destados; Descrição ou histórico, que consiste na explicação sucinta do facto patrimonial que dá origem ao lançamento; Importância ou valor, que é o montante correspondente às variações provocadas nas contas. Em regra, apenas no Diário se encontram todos estes elementos. 46 8.3 Lançamento Contabilístico Designa-se por lançamento contabilístico a anotação ou registo de um facto patrimonial num livro de contabilidade 8.4 Classificação dos Lançamentos Os lançamentos podem classificar-se da seguinte forma: a) Quanto ao número de contas movimentadas: 1ª fórmula: um débito = um crédito 2ª fórmula: um débito = vários créditos 3ª fórmula: vários débitos = um crédito 4ª fórmula: vários débitos = vários créditos Aos lançamentos da 1ª fórmula dá-se o nome de lançamentos simples, em virtude de o lançamento agregar apenas duas contas.Estão a coberto desta classificação as operações simples. Os das demais dizem-se lançamentos complexos ou compostos e estão a coberto desta classificação as operações complexas. b) Quanto a natureza ou momento da sua elaboração: Lançamentos de abertura: respeitam ao registo dos valores iniciais das contas de um comerciante, no início da sua escrita; Lançamentos correntes: respeitam ao registo das operações realizadas e dos acontecimentos ocorridos ao longo de cada exercício económico; Lançamentos de estorno: têm por finalidade rectificar as omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos efectuados; Lançamentos de regularização: visam rectificar o saldo das contas que não correspondem a realidade; normalmente, efectuam-se no fim de cada exercício económico antes de se proceder ao apuramento de resultados e à elaboração do balanço; Lanaçamentos de transferência ou de apuramento de resultados: têm por finalidade transfeerir os saldos das contas de custos e proveitos para as contas de resultados, permitindo a posterior determinação dos resultados da empresa; 47 Lançamentos de encerramento ou fecho: são efectuados depois do apuramento de resultados e da elaboração do Balanço e permitem fechar as contas que apresentam saldos (devedores ou credores); Lançamentos de reabertura: registam, no início de cada exercício económico, os valores iniciais das contas (saldos finais das contas no exercício anterior). 8.5 Estornos O estorno é um lançamento destinado a anular ou rectificar um outro lançamento, ou a preencher uma lacuna. Os estornos podem ser motivados por: a) Omissão de lançamento; b) Duplicação de lançamento; c) Inversão de contas (debitar a conta que se devia ter creditado e/ou vice-versa); d) Substituição de contas (debitar e/ou creditar contas diferentes das que se deviam ter debitado e/ou creditado); e) Alteração de quantias (lançar uma importância diferente da variação sofrida pela conta). 8.5.1 Estorno Diário Quando o erro é cometido no Diário, o estorno consistirá, na forma mais simples de um lançamento inverso ao errado. 8.5.2 Estornos no Razão No Razão podem verificar-se dois tipos de erros: Erros que correspondem à transcrição de erros já cometidos no Diário; Erros apenas cometidos no Razão. 48 No primeiro caso, os erros são corrigidos com a passagem ao Razão dos lançamentos de estornos efectuados no Diário. No segundo caso serão, apenas, emendados no Razão. Esta rectificação será efectuada por meio de um traço a tinta de cor diferente, sobre os elementos que careçam de emenda,
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