Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ACTINGS OUT E PASSAGEM AO ATO E INTERPRETAÇÃO Disciplina: Técnica Psicanalítica. Profa Msc. PATRICIA NUNES LIMA AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Não atinge concordância conceitual. A atuação é um comportamento marcado por um ato impulsivo e inconsciente que surge com o intuito de substituir uma angústia que não consegue ser verbalizada. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Ação impulsiva com o intuito de substituir uma recordação, uma verbalização, um pensamento. A resolução do conflito não é permeada pela reflexão e elaboração. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Alguma forma de atuação surge em toda e qualquer analise, seja de forma benéfica ou maléfica, manifesta ou oculta, discreta ou acintosa (malévola), dentro (acting-in) ou fora (acting-out) do consultório. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Para Freud esses atos não são inocentes, não são meros movimentos, têm uma significação e são interpretáveis, do mesmo modo que um sonho o é. Acting out é uma atuação simbólica que porta uma mensagem cifrada. Um ato dirigido ao outro, um apelo, uma demanda de amor, de reconhecimento. O sujeito cria a cena e se inclui nela. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Freud (1914): quanto maior for a resistência, “mais extensivamente a atuação (acting-out) (repetição) substituirá o recordar (p. 166). Pacientes resistentes em recordar: ao não recordar, o paciente expressa o conteúdo esquecido e recalcado por meio de atuações (actings out). AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Em relação à transferência, Freud aponta ainda que se ela se mantém positiva é possível desenterrar lembranças e manter os sintomas inativos durante o tempo do tratamento. A transferência se torna hostil ou excessivamente intensa, o recordar imediatamente abre caminho à atuação (acting out). Daí por diante, as resistências determinam a sequência do material que deve ser repetido. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) “O paciente retira do arsenal do passado as armas com que se defende contra o progresso do tratamento – armas que lhe temos que arrancar, uma por uma” (Freud, 1914/1996b, p. 167), pois ele repete (actings out) suas atitudes, inibições e todos seus demais sintomas sob as condições da resistência. Nestes casos, a tática a ser adotada pelo analista é a de manter na esfera psíquica todos os impulsos que o paciente gostaria de dirigir para a esfera motora, ou seja, que algo que o paciente deseja descarregar seja utilizado no trabalho de recordar. AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Dizer que o acting out ocorre na esfera da neurose de transferência significa situá-lo como endereçado ao analista, como sendo um processo que é produzido como artefato do dispositivo analítico. Lins e Rudge (2012): “o acting out” não é pura expressão da repetição, ele também possui o valor de um endereçamento. Trata-se de uma mensagem dramatizada para o outro” (p. 47). AS ATUAÇÕES (ACTINGS) Lins e Rudge (2012): É uma demanda de simbolização, é o momento em que o sujeito, sem saber que o faz, clama pela interpretação. Etchegoyer: a atuação é capaz de perturbar a tarefa de aquisição do insight. ACTING OUT E PASSAGEM AO ATO Há uma linha divisória clara entre o acting out e a passagem ao ato. (ZIMERMAN, 2008). Sujeito se identifica com o resto, o dejeto do mundo. O sujeito não pode se manter na cena – a angustia é insuportável. ACTING OUT E PASSAGEM AO ATO Na passagem ao ato, o sujeito visa separar-se do Outro, não havendo aqui uma demanda de simbolização ao Outro, mas um rompimento, uma busca de separação, há um não endereçamento ao Outro. INTERPRETAÇÃO Laplanche e Pontalis (2002): O termo “interpretação” é definido em 2 direções diferentes e mais ou menos paralelas: 1) Ligada à noção de sentido, “fazer emergir (ou liberar, desembaraçar) pela investigação analítica o sentido latente na fala e nas condutas de um sujeito”; 2) Refere-se àquilo que comunica o analista ao paciente e que faz com que este tenha acesso ao sentido latente. INTERPRETAÇÃO Segundo a concepção freudiana, a interpretação visa essa liberação do sentido latente que estaria presente na fala do paciente durante a sessão analítica, explicitando o conflito defensivo ligado ao desejo inconsciente. Este modelo é teorizado na Interpretação do sonho (Freud, 1900/2004). INTERPRETAÇÃO oEm seguida, o modelo é expandido para as diversas formações do inconsciente (os atos falhos, os lapsos, os esquecimentos, os chistes, o cômico, etc.) INTERPRETAÇÃO oFreud: não se pode esquecer que esse sentido só é alcançado a partir da fala associativa do paciente. oAssim, podemos notar que toda a teorização de Freud quanto ao papel mutativo da interpretação se fundamenta na possibilidade de que uma fala e uma escuta associativa possam ocorrer na sessão. INTERPRETAÇÃO oA interpretação surgiu em psicanálise ligada ao primeiro conceito de transferência. Neste, Freud afirmava que os pacientes substituíam figuras e modelos importantes da sexualidade infantil pela figura substituições tinham o caráter do médico. Estas de obstáculos, e à interpretação caberia estabelecer, através da palavra, as relações entre as figuras parentais e do médico, e os tempos passado e presente. oA transferência era, então, algo inevitável e indesejável, mas que recebe de Freud, ao mesmo tempo, o caráter de algo útil para, a seguir, se alcançar o objetivo da recordação. INTERPRETAÇÃO Em 1920, em Além do princípio do prazer a compulsão à repetição, até então um fenômeno clínico, passa a ser conceituada como característica inerente as pulsões; surgem daí dificuldades com o conceito de interpretação. Por estar ligado a pulsão de morte, o que é repetido compulsivamente não integra as cadeias associativas e, portanto, há toda uma área que não pode ser atingida pela interpretação. INTERPRETAÇÃO A transferência, estando a serviço da compulsão à repetição, coloca o analista frente a grandes problemas para obter as recordações. Esbarre, num limite e perde parte de sua força, pois esta se dá num registro diverso das forças que levam o intelectual paciente a versus repetir: pulsional, compreensão versus ação. Talvez em função das dificuldades enfrentadas com a almejada elaboração, no artigo “Recordar, repetir, elaborar” (1914/1969a) Freud começa a falar numa arte da interpretação. INTERPRETAÇÃO Em “Construções em análise” Freud sugere, além da interpretação, que o analista utilize um outro instrumento: a construção, algo que o analista coloca frente ao paciente quando a este faltam as recordações. A construção seria uma conjectura que aguarda exame, e “só o curso ulterior capacita decidir se a construção é correta ou inútil” (Freud, 1937/1969b, p. 300). Mesmo que a construção não dê lugar à recordação, seu resultado é semelhante, afirma ele. Isto quer dizer que as mudanças que ocorrem com o paciente não se dão por uma promoção de conhecimento. E mais: que o analista participa do processo, mas não mais como aquele que desvela e revela. Continua-se usando o termo interpretação, mas como se vê seu significado mudou muito. INTERPRETAÇÃO Mais do que uma decodificação do conflito pulsional, a interpretação consiste na construção de novos sentidos, significados e na nomeação das velhas, bem como as novas, difíceis experiências emocionais. BIBLIOGRAFIA oFREUD, S. A dinâmica da Transferência (1912). FREUD, S. Fundamentos da Clínica Psicanalítica, 1ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. Obras Incompletas de Sigmund Freud. oFREUD, S. Observações Sobre o amor transferencial (1914). FREUD, S. Fundamentos da Clínica Psicanalítica, 1ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. Obras Incompletas de Sigmund Freud. oFROCHTENGARTEN, Julio. A interpretação: limites e rupturas de um conceito e de uma prática. J. psicanal., São Paulo , v. 40, n. 73, p. 121-131, dez. 2007 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 58352007000200011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 out. 2020. oVocabulário de Psicanálise, de Laplanche e Pontalis (1967/1996, p. 492)oZIMERMAN, D. Manual de Técnica Psicanalítica.
Compartilhar