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LEHMAN BROTHERS - MONOGRAFIA

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1 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU 
 
 
RAPHAEL FREITAS TANNURI 
 
 
 
 
 
 
LEHMAN BROTHERS E A MODERNIDADE DO MERCADO FINANCEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAPHAEL FREITAS TANNURI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEHMAN BROTHERS E A MODERNIDADE DO MERCADO FINANCEIRO 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade São Judas 
Tadeu como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Ciências Econômicas. 
 
Orientador: Prof. Carlos Alberto Penha Filho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Freitas Tannuri, Raphael. 
 
Lehman Brothers e a Modernidade do Mercado Financeiro / Raphael Freitas 
Tannuri. – São Paulo: [s.n.], 2021. p. 33 
 
Orientador: Prof. Carlos Alberto Penha Filho 
 
Monografia – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2021 
Título em inglês: Lehman Brothers and the Modernity of the Financial Market 
 
1. Mercado de Capitais. 2. Crise Bancária. 3. Especulações. 4. Títulos Hipotecários 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAPHAEL FREITAS TANNURI 
 
 
 
“LEHMAN BROTHERS E A MODERNIDADE DO MERCADO FINANCEIRO” 
 
 
MONOGRAFIA 
 
 
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU 
 
 
 
São Paulo, 15 de dezembro de 2021 
 
 
 
______________________________________ 
Prof. Carlos Alberto Penha Filho 
Orientador – Departamento de Economia – USJT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“It's funny how the colors of the real world only 
seem really real when you watch them on a 
screen.” 
― Anthony Burgess 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Os bancos de investimentos tiveram um dinâmico e intenso percurso durante a segunda 
metade da década de 2000, em especial o gigante Lehman Brothers que se deparou no meio de 
uma onda de descensão, sofrendo efeitos anteriores ao passo em que causou eventos 
subsequentes. De modo que explore a crise de 2008 em seus detalhes, a análise será baseada 
em diversos trabalhos elaborados por aqueles que participaram e foram afetados pela bolha. 
Com passagens críticas e explicações pouco simplistas e mais simplificadas, apresenta uma 
análise fundamentalista desde o início do mercado de títulos hipotecários no final da década de 
70, coletando explicações para eventos consecutivos e esclarecendo os produtos financeiros 
mais cogitados no mercado imobiliário e de capitais. Explorando a história do banco Lehman e 
as consequências do impacto da bolha, é possível formular um senso argumentativo em relação 
não só à causa e efeito que a crise proporcionou, mas também formas de evitar pequenos erros 
sem deixar de investir nos campos alavancados do mercado financeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The investment banks had a dynamic and intense ride during the second half of the 2000s, 
especially the great Lehman Brothers which found itself in the midst of a downturn, suffering 
previous effects while causing subsequent ones. In order to explore the 2008 crisis in its details, 
the analysis will be based on several works written by those who participated and were affected 
by the bubble. With critical passages and less simplistic but more simplified explanations, it 
presents a fundamentalist analysis since the beginning of the mortgage bond market in the late 
70s, collecting explanations for consecutive events and clarifying the most popular financial 
products in the real estate and capital markets. Exploring the history of the Lehman bank and 
the consequences of the bubble's impact, it is possible to formulate an argumentative sense 
regarding not only the cause and effect that the crisis provided, but also ways to avoid small 
mistakes without ceasing to invest in the leveraged fields of the financial market. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍGLAS 
 
MBS – Mortgage-backed Securities 
CDO – Collateralized Debt Obligation 
FDIC – Federal Deposit Insurance Corporation 
FGC – Fundo Garantidor de Crédito 
CRI – Certificado de Recebíveis Imobiliários 
US$ - Dólar Americano 
CDS – Credit Default Swap 
IJAR – International Journal of Advanced Research 
ABS – Asset-backed security 
BTO – Bespoke Tranche Opportunity 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 
CAPÍTULO I - A CRISE DE 2008 ...................................................................................... 11 
I.I Produtos Financeiros .................................................................................................... 11 
I.I.I Mortgage-backed Securities .......................................................................................... 11 
I.I.II Collateralized Debt Obligation .................................................................................... 13 
I.II Subprime .................................................................................................................... 14 
I.III Credit Default Swap .................................................................................................. 16 
I.IV O Momento em que a Música Parou de Tocar ........................................................... 18 
CAPÍTULO II – O BANCO LEHMAN BROTHERS .......................................................... 20 
II.I Os Irmãos Lehman ...................................................................................................... 20 
II.II A Lei Glass-Steagall .................................................................................................. 21 
II.III Lehman Brothers no Período Pré-Crise .................................................................... 22 
II.IV A Relação Bear Stearns e Lehman Brothers ............................................................. 23 
CAPÍTULO III – A QUEDA DOS BANCOS ...................................................................... 25 
III.I A Falência ................................................................................................................. 25 
III.II Retaguardas.............................................................................................................. 27 
III.II.I Os Big Five ................................................................................................................. 27 
III.II.II O Oráculo de Omaha ................................................................................................ 28 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 30 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Na Grécia, cerca de 300 a.C., Hegestratos resolveu contratar uma apólice de um seguro 
comumente negociada chamada de “bodemeria” onde o titular recebe um montante em dinheiro 
pago à vista e que deve ser devolvido ao credor posteriormente, e por outro lado assegura ao 
credor um ativo do próprio titular caso a quantia não seja devolvida. Nesse caso, Hegestratos 
tomou um empréstimo como garantia de que faria a entrega de uma carga de milho, e caso não 
devolvesse ao credor, tanto a carga quanto o barco seriam tomados. A ideia do comerciante foi 
afundar o barco e vender a carga de milho, porém, na execução do plano, foi pego em flagrante 
e acabou morrendo afogado ao tentar fugir da tripulação. 
Hegestratos nos mostra que a história das fraudes financeiras é mais antiga do quepensávamos. Já no mundo moderno, no período pré-crise em 2007, o mercado financeiro e em 
especial os principais atuantes de Wall Street tiveram uma ideia semelhante à de Hegestratos, 
com a diferença de que alguns conseguiram “afundar o navio” sem que o fizessem por conta 
própria, e carregando o dinheiro. Por outro lado, empresas vieram à falência em meio a uma 
série de eventos que surgiam como corrente, e o banco Lehman Brothers, registrado como a 
maior falência bancária da história, foi um dos principais afetados, e causadores desses eventos. 
Dentre as interpretações sobre as causas e origens da crise de 2008, a maioria dos 
argumentadores apontam a oferta de derivativos como principal causador do colapso, enquanto 
outros preferem culpar o desgoverno e a liberdade do mercado americano. Nesse sentido, é 
interessante dissecarmos a crise pouco a pouco, em especial seus produtos e principais atuantes, 
para que tenhamos um senso crítico e o direito à liberdade para que atuemos no mercado 
alavancado. 
A pesquisa tem como objetivo e foco o desenvolvimento do banco Lehman Brothers 
com breves passagens em determinadas empresas e produtos financeiros, também o modo em 
que se comportaram perante o mercado hipotecário. Será realizada com base em trabalhos e 
publicações de diversos escritores experientes no mercado financeiro e com citações de pessoas 
ou personagens fortemente atrelados à causa e em meio à bolha imobiliária. A princípio, é 
necessário o entendimento dos principais produtos financeiros e como eles passaram a reagir 
até que fossem criados outros produtos como uma forma de contrarresposta. Com o tempo, 
estudar a história do banco Lehman e ter uma visão sobre como se envolveu na oferta destes 
 
 
 
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produtos, e por fim, a reação não só do mercado e do banco, mas também do governo no pico 
da crise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I - A CRISE DE 2008 
No final da década de 1970 o mercado de títulos imobiliários inaugurou-se inovador e 
um tanto conservador. Sempre foi, de fato, "por sua própria conta em risco", mas tinha como 
foco os tomadores de empréstimos que obtinham baixo risco de crédito e alta capacidade de 
pagamento, o ponto de virada deu-se à medida em que esse mercado cresceu envolto dos lucros 
obtidos e, como consequência, o lastro se expandiu para quem carregava menos crédito. 
Em 2008, por conta dessa bolha envolta nesse mercado, o mundo sofreu uma recessão 
em nível global deixando cerca de 30 milhões de desempregados, custando quase 8 trilhões de 
dólares e atingindo continentes terceiros, em especial a Europa. 
Tanto pelo desabono por parte do governo quanto dos grandes bancos e dos 
investidores, o banco Lehman Brothers se encontrou em um beco sem saída e decretou falência 
no dia 15 de setembro de 2008. O banco foi um dos maiores entre os big banks ofertantes desses 
títulos e consequentemente, no final da crise, seu setor mais corrompido foi o próprio setor 
imobiliário. 
 
I.I Produtos Financeiros 
 
I.I.I Mortgage-backed Securities 
Para entender o funcionamento do mercado hipotecário precisamos, primeiramente, 
compreender qual é o objetivo esperado por um investidor ao adquirir uma dívida de terceiros. 
Quando um título é emitido por um agente, sua intenção primária é arrecadar capital, 
seja para financiar um projeto, quitar suas dívidas ou até mesmo alocar recursos a curto prazo, 
com isso passa a ser o agente deficitário em busca de um credor, ou como muitos consideram, 
também um stakeholder (em sua tradução literal, um “detentor de carne”). Em teoria, o 
investidor como agente superavitário1 detém a carne, ou melhor, o dinheiro que aquele agente 
precisa. Ao emprestá-lo, recebe uma recompensa, assim a rentabilidade do título depende do 
 
1 Por ser um agente superavitário, não necessariamente você tem um "superávit" em suas finanças. Foi divulgado 
pela Forbes (2020) que, em abril de 2007, alguns meses antes do estouro da bolha, 65% dos americanos obtinham 
ações em suas carteiras. Em contrapartida, segundo a Reserva Federal do Banco de Nova Iorque (2021), a dívida 
das famílias representou mais de 75% no mesmo período. Isso nos traz uma alíquota de, no mínimo, 53% de 
endividados investindo no mercado de ações. 
 
 
 
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risco que o investidor está disposto a correr. Nesse caso, é a chance de o investidor não receber 
o que realmente espera no final da aplicação. Se analisarmos de acordo com a relação risco-
retorno do mercado financeiro, quanto maior o risco assumido, maior será a recompensa, e isso 
é aplicável também à situação oposta. No final, ele tem duas intenções, uma é alavancar o 
capital no futuro, isto é, no vencimento do título recebendo uma taxa de juros como uma forma 
de alíquota do seu capital investido (ou uma gordurinha a mais para sua carne), e o outro é para 
deter a posterior perda do devido valor de seu ativo (ou que sua carne estrague com o tempo), 
e de forma a evitar com que isso aconteça, o investidor tem intenção de proteger seu capital, 
isso tem o nome de hedge, e alguns títulos como os do governo podem oferecer essa proteção 
através de indexadores atrelados à taxa de juros, à inflação ou até mesmo ao câmbio. 
Nesse caso, quando os tomadores de empréstimo buscam o financiamento de uma 
residência à vista, o Banco como agente fiduciário e que tem o dinheiro necessário o oferece 
em troca de um acordo que conta com duas obrigações por parte do tomador, uma é a de pagar 
uma taxa de juros variável continuamente até o final do contrato, e a outra consiste em oferecer 
um lastro, que no caso poderia ser o próprio imóvel do cliente. Em teoria, para o banco, a 
liquidação completa da negociação será apenas no final do contrato, e por inúmeros motivos 
pode ter a necessidade de receber esse dinheiro antes, assim são criados os títulos hipotecários 
como formas de securities (ou títulos), onde um título pode ser transferido para outro. Nesse 
caso, por se tratar de valores mobiliários lastreados em imóveis, duas grandes clearing houses 
chamadas Fannie Mae e Freddie Mac transferem essa dívida para o novo credor, ou agente 
superavitário, (que receberá o valor, acrescido dos juros da aplicação periodicamente, no 
vencimento pós determinado) e fica com a liquidação de imediato. 
O título hipotecário, diferente dos títulos de dívida comuns, trata de uma participação 
nos fluxos de caixa de milhares de hipotecas, isso com a simulação de um risco elevado e, 
simultaneamente, com a ideia histórica que corre nos Estados Unidos desde a Segunda Guerra 
Mundial de que é consideravelmente raro um cidadão norte americano não honrar com o 
pagamento de seus imóveis. 
Os investidores têm interesse nesse título em específico justamente pela ideia de que 
os devedores poderiam quitar com o banco a qualquer momento (e o faziam quando a taxa de 
juros caía), assegurando a referida taxa ao aplicador. Por mais que isso acarrete, na maioria das 
vezes, em deságio no recolhimento da aplicação, o investidor tem a garantia da liquidação do 
 
 
 
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título a juros compostos. A princípio, os títulos contavam com o FDIC (equivalente ao FGC 
que é utilizado no Brasil) caso o banco quebre ou o investidor tome um calote, mas passaram a 
ser negociados sem a garantia do governo, levando a uma exposição maior perante o risco. 
Como um amante de filme de terror que decide assistir a um thriller no cinema, o fato 
de correr o risco de levar um susto acaba garantindo mais entretenimento, e o mercado 
financeiro como um todo não é muito diferente, a busca por mais risco é o que atrai os 
investidores mais arrojados, justamente pela alta recompensa que a alavancagem carrega. 
E são as mortgage-backed securities, ou em português, “títulos lastreados em 
hipotecas”, que dão a partida para a crise de 2008. No Brasil, os mesmos títulos de captaçãosão chamados de CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), com a diferença que existem 
dois tipos de classificação de MBS, residencial ou corporativo. Os CRIs passam a ser híbridos, 
e uma utilização sua muito comum é o financiamento de shoppings centers ou lojas. 
 
I.I.II Collateralized Debt Obligation 
“Quem diabos não paga hipotecas?” disse o personagem de Lewis Ranieri interpretado 
por Rudy Eisenzopf no filme A Grande Aposta, 2015. 
A incerteza sobre a data da liquidação dos títulos é uma característica muito comum 
nesse mercado, e devido a essa incerteza, durante a gestão no Salomon Brothers, Lewis Ranieri 
criou uma prática inovadora de securitização que consiste em coletar um apanhado enorme de 
empréstimos e dividir seus pagamentos em tranches, de modo que os interessados se 
beneficiassem de acordo com a busca pela rentabilidade. As tranches eram niveladas, quem 
quisesse optar por receber maiores taxas de juros passavam a receber o título liquidado antes 
do restante, já o último a receber teria a menor taxa, como uma cadeia, e para grande parte dos 
investidores desses títulos era muito mais interessante receber o título o mais tarde possível 
justamente pelos períodos contínuos onde a alíquota se desenvolve exponencialmente, contando 
com o famoso “juros sobre juros”, isto é, a alíquota que o investidor receberia estaria atrelada 
ao valor do título em tempo real, e não ao valor aplicado. “O comprador da primeira tranche 
era como o proprietário de um imóvel no piso térreo em uma enchente: era atingido pela 
primeira onda de pagamentos antecipados de hipotecas. Em troca, recebia uma maior taxa de 
juros.” Como indica Lewis (2010, p. 28), “O investidor no último andar do prédio recebia a 
 
 
 
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menor taxa de juros, mas tinha a maior garantia de que seu investimento não terminaria antes 
que desejasse”. 
Essa inovação foi apelidada de CDO, e esse mercado garantiu uma maior alavancagem 
no mundo de capitais. Em 2019, a Reuters, agência de notícias americana fundada pelo alemão 
Paul Reuters, estimou que o mercado de CDOs alcançou acumulado um valor estimado de US$ 
640 bilhões de dólares apenas em 2007. 
Com o tempo, ao reconhecer a importância da taxa de juros para a liquidação do valor, 
as partes interessadas (que, no caso, são a oferta e a demanda direta ou indireta desses títulos) 
concordaram com a expansão dos empréstimos imobiliários para um público que possivelmente 
passasse a quitar em algum momento futuro, e esse público era formado tanto pela a população 
mais vulnerável financeiramente, quanto pelos imigrantes, e esse último é um tanto especial 
devido ao fato de que as chances de compreenderem de fato os contratos e sua linguagem 
jurídica seriam menores, logo receberiam um choque ao ver o real valor após a fatura chegar, 
podendo alcançar 3 vezes mais. 
Embora tenha sido divulgada como uma inovação, a ideia de CDO já não era mais uma 
inovação com promessas de alta rentabilidade, mas passou a ser o pesadelo dos investidores, e 
posteriormente dos grandes bancos. 
Toda aplicação financeira tem risco, seja de crédito, de mercado ou de liquidez (e isso 
também se aplica aos títulos públicos). Um ponto importante dos CDO’s é o fato de que você 
se expõe com mais intensidade ao risco de mercado, que nesse caso é o risco de arcar com os 
prejuízos antecipadamente, como um efeito dominó, e aquele que recebe o valor líquido por 
último é também o último a ser atingido pela onda de inadimplências. (LEWIS, 2010). 
 
I.II Subprime 
Prime, que vem do verbo “primar”, que possui prioridade ou destaque em excelência 
e qualidade, é como é referenciada a modalidade ofertada à clientela de uma instituição credora 
com alta capacidade de saldar suas obrigações financeiras, ou em poucas palavras, aquele que 
tem condições de pagar. 
 
 
 
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Em meados de 2002 começam a suceder as primeiras empresas a conceder 
empréstimos para um público mais desfavorecido (os famosos “subprime”), em especial a 
Household Financial Corporation, adquirida posteriormente pelo HSBC por mais de 15 bilhões 
de dólares, que tinha como promessas aos seus clientes a oferta de concessão sob alíquotas em 
torno de 7%, não obstante o pagamento real beirava um pouco abaixo do que o dobro. 
Deveria ter ficado claro desde o início que muitos destes devedores subprime se 
encontrariam em dificuldades no final, isso se as taxas de juros, habitualmente muito baixas 
nos primeiros anos, fossem aumentadas de acordo com o contrato. No entanto, por outro lado, 
pelo fato de que mesmo que os devedores não pudessem mais pagar suas prestações, o credor 
ainda teria o imóvel com o qual os empréstimos foram garantidos, e essa visão foi 
compartilhada junto à experiência americana de que, embora venha a queda regional de preços 
dos imóveis, nunca será em todo o país. Os credores teriam apenas que assegurar uma ampla 
diversificação regional dos empréstimos que concedem para controlar seus riscos. 
No entanto, os primeiros especialistas alertaram sobre o rápido crescimento da bolha 
imobiliária nos EUA no começo da década de 2000, e os preços dos imóveis realmente 
atingiram o pico em meados de 2006 caindo rapidamente um pouco depois. Isso tornou obsoleta 
a ideia do mercado estável e o boom do subprime rapidamente veio à tona trazendo aqueles que 
começaram a apostar contra. 
Nas décadas anteriores à crise, a política dos Estados Unidos desregulamentou os 
mercados financeiros. Os bancos foram capazes de explorar brechas com instituições não 
regulamentadas no exterior para assumir cada vez mais riscos e obter lucros elevados. A 
desregulamentação do sistema financeiro aliado a extensão da produção imobiliária foi 
impulsionada pelas consequências econômicas dos ataques terroristas de 11 de setembro de 
2001 e a queda dos preços das ações das novas empresas de Internet na virada do milênio. Esses 
eventos ameaçaram mergulhar o país em uma crise econômica. O banco central, o Fed, para 
evitar isso, passou a imprimir cada vez mais dinheiro desde 2001, enquanto as taxas de juros 
caíam ao mesmo tempo. 
Isso permitiu que pessoas de baixa renda contraíssem empréstimos e comprassem 
casas, embora muitos não pudessem apresentar as garantias que os bancos obteriam em caso de 
inadimplência. 
 
 
 
16 
 
 
 
A ideia dos tomadores de empréstimos se baseava em utilizar o lastro e suas casas, que 
em potencial contavam com pagamentos atrasados, como aluguel de modo que pudessem 
refinanciar suas dívidas anteriores, e isso com uma motivação por parte dos funcionários dos 
grandes bancos, tanto os de varejo em concordar com o financiamento quanto os de 
investimento em vender os produtos financeiros sem fazer uma análise precisa sobre o perfil do 
cliente. O "sonho americano" de possuir uma casa passou a se tornar realidade para o maior 
número possível, os bancos achavam que isso era bom porque ganhavam dinheiro com cada 
empréstimo que davam. 
 O fato de as taxas de juros serem fixadas por pouco tempo nos EUA não os incomodou 
no início, pois era possível agrupar os empréstimos com outros produtos melhores em títulos, 
assim como os CDOs, e vendê-los no mundo todo. O risco de um empréstimo não ser pago, na 
teoria, era do mutuante, ou seja, dos bancos. 
Porém, na verdade, a restrição desses negócios arriscados fica por conta das agências 
de classificação que passaram a dar notas extremamente otimistas para produtos financeiros 
que na verdade eram inseguros, em sua grande maioria, avaliavam como “AAA” (ou triple A), 
a nota mais alta de uma análise de risco, o que significava que o risco de crédito seria o menor 
possível. Antes da crise financeira, as grandes agências classificavam os pacotes de 
empréstimos imobiliários como de “baixo risco” mesmo que não estivessem cobertos. Muitos 
empréstimos “ruins” entraram em circulação e a bolha imobiliária se desenvolveu. 
Posteriormente, o governo dos Estados Unidoschegou a processar a Standard & Poor's, uma 
das principais agências de classificação de risco, por classificações incorretas que teriam 
contribuído para a crise. 
 
I.III Credit Default Swap 
Entre 2004 e 2006, o banco central americano sob a administração de Ben Bernanke 
aumentou a taxa básica de juros, o que também fez com que as taxas hipotecárias subissem e 
muitos mutuários não pudessem mais pagar suas hipotecas. Eles não tiveram escolha a não ser 
vender sua nova casa novamente, porque muitos não tinham nenhum outro seguro. No início 
foi fácil porque os preços dos imóveis ainda estavam em alta. Com a venda da casa, o 
empréstimo poderia ser pago sem grandes perdas, abaixo um gráfico indicando os preços de 
 
 
 
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vendas das hipotecas nos Estados Unidos elaborado por Mariana Fix, professora de Arquitetura 
e Urbanismo: 
Preços medianos de vendas das moradias novas e usadas em milhares de dólares 
Gráfico: FIX, M. de A. B. Financeirização e Transformações Recentes no Circuito Imobiliário no Brasil. 
2001. 288 p. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas, 2011. 
No entanto, quanto mais os devedores tiveram de vender suas casas, mais os preços 
dos imóveis caíram em todo o país. A venda da propriedade, portanto, não trouxe mais dinheiro 
suficiente para pagar os empréstimos. 
Isso deu espaço para que os especuladores do mercado conectassem as notícias e 
tabelas enormes de dados disfarçados de modo a acreditar que o mercado entraria em colapso, 
foi então que Michael Burry sugeriu ao banco JP Morgan uma criação de um seguro atrelado 
ao mercado imobiliário, com a promessa de que o banco transferiria essa dívida para uma 
seguradora e, caso os CDS em específicos por escolha de Burry ficassem inadimplentes a ponto 
dos tomadores dos títulos deixarem de receber seu dinheiro, a AIG, a contraparte por meio da 
negociação, deveria depositar o valor acordado referente aos mesmos títulos. E esse seguro foi 
nomeado como “CDS”. (LEWIS, 2010) 
Um credit default swap (CDS) é um contrato de derivativo de crédito no qual um 
 
 
 
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beneficiário paga uma taxa periódica (spread de CDS) à outra parte, que garantiria um valor 
cheio de compensação em caso de inadimplência ou evento de crédito semelhante. Não é 
necessário que o comprador de proteção realmente sofra uma perda em um evento de crédito 
incorrido, o que muitas vezes era o caso. Os CDS não são um seguro clássico de inadimplência, 
eles não exigem que você seja um parceiro de contrato de crédito. 
Esses contratos são interessantes porque os especuladores apreciam a enorme 
alavancagem. Se você o contrata cedo o suficiente, o valor do CDS é relativamente inferior, e 
somente quando o que foi assegurado ameaça perder valor é que o valor do CDS aumenta. O 
especulador obtém, posteriormente, um lucro considerável na saída e só teve que pagar um 
certo prêmio durante o período de detenção. 
Quando o banco central dos EUA aumentou as taxas de juros em 2006, muitos 
proprietários de casas americanos começaram a entrar em default, os preços das casas caíram e 
esses títulos se revelaram, de fato, muito arriscados e estava claro que havia perdas 
consideráveis no sistema. Mas não estava claro onde estavam todos esses títulos tóxicos e cujos 
balanços foram destruídos por dívidas incobráveis. Os bancos começaram a cobrar altas taxas 
de juros para emprestar a outros bancos e instituições com a suspeita de que poderiam estar 
enfrentando enormes perdas não reconhecidas. Essa foi a fase de “crise de crédito”. 
 
I.IV O Momento em que a Música Parou de Tocar 
“Chuck Prince disse que temos que dançar até que a música pare. Na verdade, a música 
já havia parado quando ele disse isso.” Frase dita por George Soros enquanto estava sendo 
entrevistado para o documentário Inside Job, publicado em 2010. 
A principal seguradora americana, a AIG, acabou se revelando o marco zero da crise 
como a mais interconectada de todas as empresas de serviços financeiros, em grande parte 
porque havia decidido bancar muitos desses riscos arcando com os CDS. 
Após determinado período os próprios bancos passaram a emitir CDS e comprar de si 
mesmos, inclusive negociando a compra dos mesmos CDS que venderam aos especuladores, e 
sem informar a AIG, passou a buscar rentabilidade às custas da seguradora. 
 
 
 
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 O colapso da AIG em 16 de setembro de 2008 pegou quase todos de surpresa. Na 
verdade, o desmoronamento do setor mobiliário sob a administração de Henry Paulson Jr. como 
Secretário do Tesouro foi um terremoto de tal magnitude que o conselho do Fed decidiu resgatar 
muitas das contrapartes comerciais da AIG por completo. Quem eles eram e quanto receberam 
foi mantido em segredo de Estado2 por meses. 
A combinação da falência do Lehman Brothers Holdings e as experiências de quase 
falência da AIG e da Merrill Lynch & Co. naquele fim de semana de setembro de 2008 levaram 
diretamente à decisão de Bernanke, presidente do Federal Reserve, e Paulson, então secretário 
do Tesouro, para exigir que o Congresso dos EUA promova o que ficou conhecido como 
Troubled Assets Relief Program (ou Programa de Alívio de Ativos Problemáticos) de 700 
bilhões de dólares. “De todos os eventos e todas as coisas que fizemos nos últimos 18 meses, o 
único que me deixa mais furioso, o que mais me angustia, é a intervenção com a AIG”, disse 
Ben Bernanke no programa de televisão 60 Minutes da rede CBS transmitido em março de 2009 
e disponível para assistir no serviço de streaming “Paramount+”. “Aqui estava uma empresa 
que fazia todos os tipos de apostas inescrupulosas, então, quando essas apostas derem errado, 
tivemos uma situação em que o fracasso dessa empresa teria derrubado o sistema financeiro”. 
Bernanke, 2009. 
Os primeiros grandes bancos hipotecários dos EUA faliram no início de 2007 e a crise 
atingiu seu primeiro clímax em fevereiro de 2008 com a falência do poderoso banco de 
investimentos de Wall Street Bear Sterns, que foi adquirido pelo grande banco JP Morgan com 
auxílio estatal. Os bancos nunca recuperaram o dinheiro emprestado e uma quebra de banco 
seguiu-se à outra. 
 
 
 
 
2 Um outro fato interessante que destaca o papel do estado na crise foi ressaltado por Cláudio César de Paiva em 
sua tese sobre a diáspora do mercado imobiliário em 2007 “o Estado tem um papel fundamental no processo de 
acumulação do capital financeiro imobiliário, tendo em vista que o mesmo é cooptado tanto para promover a 
flexibilização da legislação urbana em nome de uma pseudo modernização, maximizadora da atratividade local 
para o investimento capitalista, que transformaria áreas urbanas num espaço de empreendedores e a cidade numa 
‘máquina de crescimento’, quanto para manter a estabilidade macroeconômica, de modo que não ocorram grandes 
flutuações na taxa de câmbio e na taxa de juros. Em outras palavras, o Estado assume o papel de viabilizador de 
interesses privados sobre os ativos imobiliários e de sancionador de lucros no circuito imobiliário.” (PAIVA, 2007: 
PÁGINA 56) 
 
 
 
20 
 
 
 
CAPÍTULO II – O BANCO LEHMAN BROTHERS 
 
II.I Os Irmãos Lehman 
Lehman Brothers começou com a família Lehman em Rimpar, na Bavaria, perto de 
Würzburg. No início do século 19, os judeus alcançaram a igualdade com a população cristã 
em muitas áreas da vida pública, mas cada vila e cidade só tinha permissão para ter um número 
limitado de judeus assentados. Isso não apenas dificultou a escolha de um lugar para morar, 
mas também dificultou o casamento e o planejamento familiar. Por volta de 1830, isso se tornou 
um problema tão urgente para a geração mais jovem que uma verdadeira onda de emigração 
percorreu a Bavaria. Milhares de judeus deixaram sua pátria alemã, entre eles os três irmãos 
Henry, Emanuel e Mayer Lehman, três filhos do comerciante de gado Abraham Löw Lehmann. 
HenryLehman tinha 23 anos na época. 
Em 1844, após a chegada nos Estados Unidos, Henry Lehman fundou um armazém 
com seus irmãos no Alabama. Poucos anos depois, a “Lehman Brothers” entrou no comércio 
de matéria-prima aceitando o algodão como meio de pagamento em seu negócio e vendendo-o 
ou trocando-o por terceiros. Isso criou uma corretora de algodão muito lucrativa. Em 1858, um 
escritório foi aberto em Nova York. Sem dinheiro, os imigrantes ashkenazes se tornaram ricos 
empresários. Após o fim da Guerra Civil Americana em 1865, o número de americanos ricos 
que queriam investir no comércio de títulos ferroviários disparou com o boom da expansão da 
ferrovia em todo o país. O Lehman Brothers viu a oportunidade e entrou no mercado de valores 
mobiliários. 
Em 1889 , o Lehman Brothers mergulhou e expandiu seus negócios em todo o mundo 
no início do século XX. Nos anos seguintes, o Lehman Investment Bank trouxe empresas como 
a Woolworth para a bolsa de valores. Os negócios floresceram e os descendentes dos Lehman 
Brothers não apenas ganharam fama como empresários de sucesso, mas também entraram na 
política. Em 1932, Herbert Lehman foi eleito governador de Nova Iorque. 
Em 1969 , morreu Bobby Lehman, o último da família que cuidava da fortuna do 
banco. A empresa tradicional inicialmente permaneceu no caminho do sucesso. Em 1977, o 
Lehman Brothers fundiu-se com o Kuhn, Loeb & Co, outro banco de investimento americano 
com sede em Nova York. O novo CEO, Peter Peterson, trouxe tempos prósperos para o 
Lehman. 
 
 
 
21 
 
 
 
Após o sucesso inicial, a maré mudou e o Lehman Brothers ameaçou ser esmagado 
entre as disputas de corretores e banqueiros de investimento. Durante a primeira crise sob o 
sucessor de Peterson, Lewis Glucksman, o banco foi vendido a uma ramificação do grupo 
American Express em 1984. Mas o Lehman Brothers recuperou sua independência apenas dez 
anos depois, quando a American Express decidiu se desfazer de seus negócios de corretagem e 
bancos. 
 
II.II A Lei Glass-Steagall 
À medida que a economia dos Estados Unidos crescia e prosperava, o Lehman 
Brothers crescia e prosperava com ela, embora todo crescimento tenha seus desafios. 
Lehman Brothers sobreviveu a muitos dos maiores desastres do mundo moderno, 
incluindo duas guerras mundiais, a Grande Depressão e diversas outras crises. No entanto, foi 
seu empreendimento excessivamente alavancado e pesado em empréstimos subprime que 
causou sua queda final. 
Muitos especialistas financeiros acreditam que o primeiro fator que contribuiu para o 
fim do Lehman Brothers foi a revogação da Lei “Glass-Steagall”, aprovada na esteira da Grande 
Depressão da década de 1930, que separou os interesses dos bancos comerciais e de 
investimento impedindo que as corretoras de valores e bancos de investimento recebessem 
depósitos, e os bancos comerciais membros do Federal Reserve de se afiliarem a empresas 
envolvidas em atividades de investimentos. 
De acordo com essa legislação, os bancos comerciais geralmente administravam 
investimentos de capital intensivo como investimentos corporativos e imobiliários, enquanto os 
bancos de investimento administravam investimentos de alta liquidez e poucos ativos. 
Isso basicamente evitou a concorrência entre bancos comerciais e de investimento e 
protegeu seus balanços, permitindo que todos se concentrassem em suas áreas mais fortes. 
Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel, argumenta em seu artigo Capitalist Fools 
publicado na Vanity Fair em 2008 que "quando a revogação do Glass-Steagall uniu os bancos 
comerciais e de investimento, a cultura do banco de investimento saiu vitoriosa. Havia uma 
 
 
 
22 
 
 
 
demanda pelo tipo de alto retorno que só poderia ser obtido por meio de alta alavancagem e 
grande risco”. 
Além de separar os interesses dos bancos comerciais e de investimento, o Glass 
Steagall Act foi uma forma de proteger a economia do colapso em massa. Se um setor falhasse, 
essa legislação mantinha o outro forte e arrastava para baixo, evitando o colapso de toda a 
economia. 
Em 1999, entretanto, o presidente Clinton assinou a Lei Gramm-Leach-Bliley, que 
mais uma vez permitiu que bancos comerciais e de investimento competissem diretamente entre 
si suspendendo algumas das severas restrições financeiras impostas pela Lei Glass-Steagall, 
mudando fundamentalmente as regras bancárias nos Estados Unidos e expandindo a capacidade 
de criar e operar conglomerados financeiros. A competição resultante seria desastrosa não 
apenas para o Lehman Brothers, mas também para a economia global. 
 
II.III Lehman Brothers no Período Pré-Crise 
Depois que a Lei Glass-Steagall foi revogada, o Lehman Brothers se voltou com 
grande intensidade ao mercado imobiliário dos EUA, que estava em alta na virada do século. 
Em meados dos anos 2000, o boom imobiliário estava com força total, e o Lehman, 
como muitas outras empresas, estava se tornando cada vez mais envolvido na emissão de MBSs 
e CDOs. No entanto, o banco avançou para o próximo nível entre 2003 e 2004, estendendo-se 
à originação de empréstimos adquirindo, entre três outros credores, BNC Mortgage e Aurora 
Loan Services, ambos especializados em empréstimos subprime. 
Entre 2004 e 2006, o mercado de capitais cresceu devido aos negócios imobiliários do 
Lehman, fazendo com que a empresa se tornasse um dos negócios de banco de investimento e 
gestão de ativos de crescimento mais rápido do que qualquer outro. Em 2007, o Lehman 
registrava grandes números, com US$ 19,3 bilhões em receitas e uma receita líquida recorde de 
US$ 4,2 bilhões. (IJAR, 2016). 
Porém, por várias razões, incluindo credores inadimplentes em empréstimos de risco 
e hipotecas subprime insustentáveis, o mercado imobiliário começou a quebrar em 2006, mas, 
 
 
 
23 
 
 
 
sem se intimidar, o Lehman Brothers continuou a aumentar, chegando a dobrar sua participação 
no bolo imobiliário ao longo de US$ 111 bilhões em ativos e valores mobiliários em 2007. 
(HISTORY, 2008) 
Em fevereiro de 2007, o preço das ações da empresa disparou para uma alta histórica 
de US$ 86,18 por ação, e apesar dos ganhos extraordinários e da alta no preço das ações do 
Lehman Brothers, ficou claro que o mercado imobiliário dos EUA estava à beira de estourar 
uma bolha. 
No primeiro trimestre de 2007, a inadimplência das hipotecas subprime atingiu seu 
nível mais alto em 7 anos. Em 13 de março de 2007, apenas um dia antes do Lehman Brothers 
registrar receita e lucro recorde no primeiro trimestre de 2007, a ação registrou sua maior queda 
diária em cinco anos, em meio a preocupações crescentes com o aumento das taxas de 
inadimplência das hipotecas subprime. 
No entanto, o CFO da empresa garantiu aos acionistas que as inadimplências foram 
bem contidas e que as inadimplências no mercado subprime não se espalhariam para o resto do 
mercado imobiliário. 
À medida que ficava cada vez mais claro, esses empréstimos eram mal aconselhados 
e prejudiciais à saúde das empresas, o Bear Stearns descobriu primeiro da maneira mais difícil. 
 
II.IV A Relação Bear Stearns e Lehman Brothers 
Apesar do lucro recorde do Lehman no primeiro trimestre de 2007, o ano foi dinâmico 
para as empresas financeiras do ramo imobiliário. 
Em agosto de 2007, dois fundos de hedge operados pelo banco Bear Stearns faliram 
completamente, o “Bear Stearns High-Grade Structured Credit Fund” e o “Bear Stearns High-
Grade Structured Credit Enhanced Leveraged Fund”. 
Stearns era o maior rival do Lehman Brothers em Wall Street na época. O fracasso de 
dois fundos de hedge minou a confiança dos investidores no mercado, e as ações do Lehman 
caíram drasticamente. 
 
 
 
24 
 
 
 
Naquele mesmo mês, o Lehman Brothers fechou sua unidade BNC Mortgage, cortou 
cerca de 2.500 empregos relacionados aos setores de hipotecas e fechou os escritórios da antiga 
financiadora Aurora em 3 estados. (BBC, 2009) 
Embora as condições do mercadonão pareçam promissoras, o Lehman Brothers não 
diminuiu o ritmo de seus títulos lastreados em hipotecas, naquele ano, a empresa era a maior 
seguradora de títulos lastreados em hipotecas, resultando em uma carteira de US$111 bilhões 
de dólares, quase quatro vezes o patrimônio da empresa (HISTORY, 2008). Ao mesmo tempo, 
os chefes da empresa repetidamente tranquilizaram a imprensa e os acionistas sobre a força 
financeira da empresa e minimizaram os temores de que as economias doméstica e global 
estivessem ameaçadas. 
No quarto trimestre de 2007 ocorreu uma recuperação temporária do mercado. Os 
preços de renda fixa se recuperaram, os mercados de ações globais atingiram novos máximos e 
as ações do Lehman se recuperaram, este foi o momento perfeito para a empresa reduzir seu 
portfólio de ativos ilíquidos de alto risco. 
Infelizmente, a empresa falhou em fazê-lo e, em retrospecto, esta deve ser a última 
chance do banco reduzir sua enorme carteira de hipotecas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
CAPÍTULO III – A QUEDA DOS BANCOS 
Quando o concorrente do Lehman Brothers, o Bear Stearns, afundou, sendo comprado 
pelo JP Morgan Chase em um negócio apoiado pelo Federal Reserve em 2008, o destino do 
Lehman foi colocado em questão. Enfraquecido por sua dependência de acordos de recompra 
que lhes deu financiamento de curto prazo para operações diárias, o Lehman teve que aumentar 
a confiança de seus investidores em um curto espaço de tempo, e tentou fazer isso levantando 
cerca de US$ 6 bilhões em patrimônio em junho de 2008. Mas isso não foi tão convincente 
quanto a empresa esperava. 
 
III.I A Falência 
O colapso do Bear Stearns gerou temores de que o Lehman Brothers seria a próxima 
empresa de Wall Street a quebrar, e suas ações caíram até 48%. No segundo trimestre de 2007, 
o Lehman Brothers registrou prejuízo de US$ 2,8 bilhões. (CFI, 2007) 
Para Lehman Brothers, a fase de negação e stress já havia passado, seu próximo passo 
foi a barganha. 
Dadas as perspectivas sombrias, o Lehman Brothers emitiu ações preferenciais que 
poderiam ser convertidas em ações do Lehman com um prêmio de 32%, ao fazer isso, a empresa 
levantou cerca de US$ 6 bilhões, ajudando a aumentar ligeiramente a confiança dos investidores 
na empresa, embora essa confiança tenha durado pouco. 
As condições do mercado de crédito continuaram a deteriorar-se e, no final do primeiro 
semestre de 2008, o preço das ações do Lehman Brothers havia caído 73% em comparação com 
o mês de janeiro do ano. (MANTELL, 2013) 
Pouco antes do prazo final do relatório do terceiro trimestre, o banco anunciou a 
estimativa de demissão de 1.500 funcionários, cerca de 6% da força de trabalho, assim como 
foi publicado pelo site de notícias Insider em agosto de 2008. 
Em 22 de agosto de 2008, houve relatos de que um acordo estava em andamento para 
a compra do Lehman Brothers pelo Banco de Desenvolvimento da Coreia, controlado pelo 
 
 
 
26 
 
 
 
estado. Esses relatórios fizeram com que as ações do Lehman subissem 5%. 
Infelizmente, esses ganhos foram rapidamente revertidos quando o Banco de 
Desenvolvimento da Coreia anunciou que estava lutando para se associar ao negócio e manter 
os reguladores felizes, em especial pelas incessantes ofertas dos ativos relacionados ao setor 
imobiliário do banco por parte de Richard Fuld, CEO de Lehman Brothers desde 1994. O setor 
corrompido era muito temido pelo time gestor, com a certeza de que não teria uma instituição 
sequer que arcaria com os prejuízos. Foi então que, em 9 de setembro, o Banco de 
Desenvolvimento da Coreia anunciou que havia suspendido as negociações, fazendo com que 
as ações do Lehman caíssem para US$ 7,79 dólares. 
Quando chegou a hora de divulgar suas demonstrações financeiras do terceiro 
trimestre fiscal, o banco registrou perdas adicionais de US$ 3,9 bilhões de dólares (The New 
York Times, 2008). O lançamento das demonstrações financeiras da empresa para o terceiro 
trimestre fez com que o preço das ações da empresa despencasse para US$ 3,64, uma queda de 
94% em relação a janeiro do mesmo ano. 
Quando Richard Fuld viu que a empresa estava em apuros, ele tentou mantê-la à tona 
anunciando um plano para vender seus ativos imobiliários. Infelizmente, não houve 
compradores dispostos. 
Para piorar a situação, o Departamento do Tesouro dos EUA deixou claro que não 
interviria para salvar o Lehman Brothers. Por Lehman ser um banco de investimento, o governo 
não poderia nacionalizá-lo como fez com as empresas governamentais Fannie Mae e Freddie 
Mac. Em vez disso, incentivou outras instituições financeiras, como o Bank of America e o 
Barclays, a adquirir o Lehman Brothers e salvá-lo do colapso iminente. 
Nenhum comprador em potencial concordou com uma transação e, em última análise, 
o Lehman Brothers admitiu a derrota no domingo, 15 de setembro de 2008, e a conselho do 
Departamento do Tesouro dos EUA, a empresa entrou com um pedido de proteção contra 
falência Capítulo 11 antes da abertura do mercado na segunda-feira. 
O gráfico a seguir expressa tanto o valor das ações do Lehman Brothers (azul) quanto 
as do Bear Stearns (vermelho). 
 
 
 
27 
 
 
 
Gráfico: MANTELL, R. From 2008 to Now: Charts of the Financial Crisis. Market Watch, 2013. Disponível 
em: <https://www.marketwatch.com/story/from-2008-to-now-charts-of-the-financial-crisis-2013-09-18>. Acesso 
em: 3 de dezembro de 2021. 
 
III.II Retaguardas 
 
III.II.I Os Big Five 
Naquela semana que antecedia a falência do banco, Henry Paulson sabia que, se em 
algum momento resolvesse abrir as portas para salvar um único banco, os próximos viriam em 
seguida pedindo pela retaguarda do governo americano, e por 2008 ser um ano eleitoral, não 
demorou muito para que o reflexo da revolta da população ao ver o Departamento do Tesouro 
dos EUA salvando empresas financeiras “às custas do dinheiro público” como era muito falado, 
trouxesse as pessoas às ruas e, assim, era certeira que a ajuda do governo não era mais uma 
opção para Richard Fuld. 
Timothy F. Geithner, presidente do Federal Reserve de Nova York, convocou uma 
reunião às 18h, sob a liderança de Henry Paulson, para que os funcionários dos big five, ou os 
cinco maiores bancos de Nova Iorque pudessem revisar suas exposições financeiras ao Lehman 
Brothers e elaborar planos de contingência sobre a possibilidade de que o governo precisasse 
 
 
 
28 
 
 
 
orquestrar uma liquidação ordenada de a empresa na segunda-feira. Entre eles estavam, Lloyd 
Blankfein do Goldman Sachs, James Dimon do JPMorgan Chase, John Mack do Morgan 
Stanley, Vikram Pandit do Citigroup e John Thain do Merrill Lynch. Representantes do Royal 
Bank of Scotland e do Bank of New York Mellon também estiveram presentes, já o Lehman 
Brothers, ausente nas negociações. 
O cenário era positivo, com as negociações à frente junto ao Bank of America e o 
britânico Barclays, Lehman comemorou antes da vitória, e sob pressão, os representantes dos 7 
grandes bancos na mesa estavam prestes a fechar a compra dos ativos imobiliários corrompidos, 
porém se depararam com imprevistos. Bank of America já havia fechado negociações com 
Merril Lynch, que era previsto para ser o próximo a ver seus ativos “incendiarem” após 
Lehman, abandonando, assim, a proposta que negociava com Lehman Brothers, já Barclays, 
que carregava a imagem de um banco britânico que, apesar de dizer que sim, não fecha acordos, 
de fato, assim foi feito. 
 
III.II.II O Oráculo de Omaha 
Um texto foi publicado na revista Time em referência à entrevista em que Warren 
Buffet teve com a jornalista Carol Loomis descrevendo a história em paralelo à segunda semana 
de setembro de 2008. O texto, publicado exatamente 1 ano após o decreto de falência do banco 
Lehman Brothers, explica com as mais precisas palavras sobre a última chance que o banco 
teve de não quebrar. 
Buffett ouvia muitas pessoas naquele fim de semana louco, exatamenteum ano atrás, 
quando o mundo financeiro estava desmoronando. A AIG, desesperada para conseguir 
US$ 18 bilhões, implorou por sua ajuda. "Não perca seu tempo comigo", disse ele. 
"Eu não vou ser capaz de fazer nada por você." E por volta das 18h00 Naquela noite 
de sábado, quando Buffett estava correndo para um compromisso social em 
Edmonton, Alberta, ele recebeu um telefonema de Bob Diamond, o chefe do Barclays 
Capital. Diamond estava tentando comprar o Lehman Brothers e resgatá-lo do 
esquecimento, mas estava tendo problemas com as autoridades britânicas. Então, ele 
bolou outro plano, em que Buffett forneceria um seguro que faria tudo funcionar. Era 
muito complicado para Buffett atender a um telefonema rápido, então ele pediu a 
Diamond que lhe enviasse os detalhes por fax. Buffett voltou ao seu quarto de hotel 
por volta da meia-noite e ficou surpreso ao não encontrar ... nada. O Lehman afundou 
e, em poucos dias, o mundo estava em plena crise financeira. 
Avanço rápido de 10 meses. Buffett, que admite que nunca aprendeu o básico sobre 
seu telefone celular, perguntou a sua filha Susan sobre um pequeno indicador que ele 
notou na tela: "Você consegue descobrir o que está lá?" Era a mensagem de Diamond 
que ele estava esperando naquela noite. 
 
 
 
29 
 
 
 
Conversei com Buffett depois e perguntei-lhe se, em retrospecto, ele aceitaria o 
acordo. Ele puxou o pequeno telefone Samsung simples do bolso e ponderou por um 
momento. É totalmente possível, ele sugeriu. "Eu não sei." 
E nunca saberemos. (TUMULTY, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante de sucessivas tentativas, Lehman Brothers enfrentava obstáculos financeiros, 
sociais, governamentais e comunicativos. Há um certo pessimismo na fala de Warren Buffet, 
as chances possivelmente seriam baixas de que um acordo seria feito, trazendo exemplos de 
diversas empresas que passaram horas, ou até mesmo dias buscando um investimento preciso 
em ativos específicos, que como conclusão, as tentativas acabaram malsucedidas. Muitas delas 
possivelmente pelo desincentivo por parte do governo ou legislações que passam a impedir a 
subscrição legal, outras por interesses próprios ou até de forma a evitar mais efeitos 
catastróficos, mas as chances, por si só, foram mínimas, em especial pela forte exposição do 
banco frente ao mercado imobiliário que já dava indícios de colapso bem no início do século. 
Levando em conta a crise e seus produtos, hoje em dia existem diversos investimentos 
semelhantes às MBS, na zona do Euro são muito utilizadas as ABS, já no Brasil, o mais 
semelhante é o CRI como foi destacado, e há décadas que o mercado imobiliário é utilizado, 
alavancado e “hedgeado”. 
No que diz respeito à causa da crise, é importante apontar a certa instabilidade política 
que existe não só no território brasileiro, mas nos Estados Unidos inclusive. No caso do governo 
americano, a busca pela apreciação e poder político é incessável, o que passa a comprometer, 
em grande parte, a economia doméstica e o mercado financeiro como um todo, e 
consequentemente, o mercado mundial justamente pela forte interconexão e interdependência 
que os países possuem, principalmente em relação aos EUA quando mencionamos o mercado 
de capitais. É valioso para uma economia financeirizada hoje em dia não apenas a busca pela 
liberdade financeira, mas sim que, ao mesmo tempo existem regras claras e supervisionadas de 
compliance. 
É interessante mencionar que, hoje em dia, um produto em que é constantemente 
comparado aos CDOs no mercado norte-americano chamado de Bespoke CDO, ou BTO que, 
de certa forma, está fortemente atrelado ao mercado de CDOs, com a diferença de que, ao invés 
de várias tranches, ao investir nesse produto, você pegaria apenas uma específica tranche. 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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de 2009. Programa de TV. Paramount. 
BBC News. Lehman Brothers: Your Stories. 15 de setembro de 2009. Disponível em: 
<http://news.bbc.co.uk/2/hi/talking_point/8256409.stm>. Acesso em: 3 de dezembro de 2021. 
CFI. Lehman Brothers – A Fall from Grace. 30 de novembro de 2021. Disponível em: 
<https://corporatefinanceinstitute.com/resources/knowledge/finance/lehman-brothers>. Acesso em: 3 
de dezembro de 2021. 
CHADHA, P. What Caused the Failure of Lehman Brothers? Could it have been Prevented? How? 
Recommendations for Going Forward. International Journal of Accounting Research, Kuwait, 2016, 
p. 1. Disponível em: <https://www.longdom.org/open-access/what-caused-the-failure-of-lehman-
brothers-could-it-have-beenprevented-how-recommendations-for-going-forward-2472-114X-S1-
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DOWBOR, L. Financeirização: nova ordem econômica e social. Disponível em 
<https://ecofalante.org.br/blog/economia-2020/>. Acesso em: 26 de agosto de 2021. 
NEW YORK FED. Household Debt and Credit Report. Nova Iorque, Estados Unidos, 2021. 
Disponível em <https://www.newyorkfed.org/microeconomics/hhdc>. Acesso em: 3 de outubro de 
2021. 
FIX, M. de A. B. Financeirização e Transformações Recentes no Circuito Imobiliário no Brasil. 
2001. 288 p. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas, 
2011. 
FORBES. Most Americans Don’t Have A Real Stake In The Stock Market. Disponível em 
<https://www.forbes.com/sites/teresaghilarducci/2020/08/31/most-americans-dont-have-a-real-stake-
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HISTORY. Lehman Brothers Declares Bankruptcy. 19 de janeiro de 2018. Disponível em: 
<https://www.history.com/this-day-in-history/lehman-brothers-collapses>. Acesso em: 15 de setembro 
de 2021. 
INSIDE Job. Direção: Charles Ferguson. Produção: Representational Pictures. Estados Unidos: Sony 
https://ecofalante/
https://www.newyorkfed.org/microeconomics/hhdc
 
 
 
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Pictures Classics, 2010. YouTube Filmes. 
INSIDER. Lehman To Fire 1,500 By Mid-September. 28 de agosto de 2008. Disponível em: 
<https://www.businessinsider.com/2008/8/lehman-to-fire-1-500-by-mid-september>. Acesso em: 10 de 
novembro de 2021. 
LEWIS, M. Liar's Poker: Rising through the Wreckage on Wall Street. Nova Iorque, Estados 
Unidos: W. W. Norton & Company, 1989. 
LEWIS, M. The Big Short: Inside the Doomsday Machine. Nova Iorque, Estados Unidos: W. W. 
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PAIVA, C. C. A Diáspora do Capital Mobiliário, sua Dinâmica de Valorização e a Cidade no 
Capitalismo Contemporâneo: A Irracionalidade em Processo. 2007. 215 p. Tese (Doutorado) – 
Universidade de Campinas, Campinas, 2007. 
REUTERS. Booming securitised loan market has echoes of financial crisis, BIS warns. 23 de 
setembro de 2019. Disponível em: <https://www.reuters.com/article/uk-bis-survey-
idUKKBN1W80CU>. Acesso em: 2 de setembro de 2021. 
SORKIN, A. R. Too Big to Fail: Inside the Battle to Save Wall Street. Nova Iorque, Estados Unidos: 
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SUBRAMANIAN, R. Bank Fraud: Using Technology to Combat Losses. Hoboken, Estados Unidos: 
John Wiley & Sons, 2014. 
STIGLITZ, J. E. Capitalist Fools. Vanity Fair, Nova Iorque, Estados Unidos. 2008. Disponível em: 
<https://www.vanityfair.com/news/2009/01/stiglitz200901-2> Acesso em: 26 de novembro de 2021. 
THE NEW YORK TIMES. Lehman Said to Be Looking for a Buyer as Pressure Builds. 10 de 
setembro de 2008. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2008/09/11/business/11lehman.html>. 
Acesso em: 31 de agosto de 2021. 
 
TOO Big to Fail. Direção: Curtis Hanson. Produção: Ezra Swerdlow. Estados Unidos: HBO, 2011. 
HBO Max. 
TUMULTY, K. If Only Warren Buffett Knew How to Work His Cellphone…. Time, Nova Iorque, 
https://www.vanityfair.com/news/2009/01/stiglitz200901-2
 
 
 
33 
 
 
 
Estados Unidos, 15 de setembro de 2009. Disponível em: 
<https://swampland.time.com/2009/09/15/warren-buffett-could-have-saved-lehma/>.Acesso em: 10 de 
setembro de 2021. 
 
 
	INTRODUÇÃO
	CAPÍTULO I - A CRISE DE 2008
	I.I Produtos Financeiros
	I.I.I Mortgage-backed Securities
	I.I.II Collateralized Debt Obligation
	I.II Subprime
	I.III Credit Default Swap
	I.IV O Momento em que a Música Parou de Tocar
	CAPÍTULO II – O BANCO LEHMAN BROTHERS
	II.I Os Irmãos Lehman
	II.II A Lei Glass-Steagall
	II.III Lehman Brothers no Período Pré-Crise
	II.IV A Relação Bear Stearns e Lehman Brothers
	CAPÍTULO III – A QUEDA DOS BANCOS
	III.I A Falência
	III.II Retaguardas
	III.II.I Os Big Five
	III.II.II O Oráculo de Omaha
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	REFERÊNCIAS

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