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 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
 VANDERSON ROSA DA SILVA
POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL POR DANO MORAL A PESSOA JURIDICA
 Tubarão SC
 2022
 VANDERSON ROSA DA SILVA
POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL POR DANO MORAL A PESSOA JURIDICA
Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.
Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade 
Orientadora: Prof. Terezinha Damian Antonio, Msc
 Tubarão SC
 2022
 VANDERSON ROSA DA SILVA
POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL POR DANO MORAL A PESSOA JURIDICA
Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Tubarão, (dia) de (mês) de (ano da defesa).
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Professora e orientadora Terezinha Damian Antônio, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Prof. Nome do Professor, Dr./MSc./Bel./Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Prof. Nome do Professor, Dr./MSc./Bel./Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Aos meus familiares e amigos.
 Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus que me deu sabedoria durante esta caminhada. Agradeço também à minha família que de forma especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades.
E não deixando de agradecer de forma grata e grandiosa minha mãe e meu pai, Vanderlei e Neide a quem orou e sempre torceu por mim, pois estão em todos os momentos, me apoiando e incentivando os meus projetos. Aos meus colegas de classe que fizeram parte dessa minha trajetória, dividindo momentos de descontração, estudos, experiências e conquista.
Agradeço aos meus professores que seus ensinamentos foram muito além dos conteúdos em sala de aula. Tive muito aprendizados importantes para a vida. A sua missão vai muito além da missão de um professor, vocês souberam despertar a minha admiração de um modo único, e se tornou uma inspiração para mim.
Muito obrigado pela sua dedicação, paciência e carinho ao lecionar. Só tenho agradecer por ter feito parte da minha vida, e tenha certeza de que tudo o que aprendi, vou levar por toda a minha vida. A vocês, toda a minha gratidão e carinho!
Por fim, agradeço à Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, por me proporcionar mais um sonho a ser realizar. Há pessoas que marcam a nossa vida, que despertam algo especial em nós, que abrem nossos olhos de modo irreversível e transformam a nossa maneira de ver o mundo. Vocês foram uma dessas pessoas!
Obrigado!
“O senhor é meu pastor e nada me faltará”
 Salmos 23
 resumo
Na busca da evolução social via da adequação da norma legal, o Novo Código Civil, em seu artigo 52, na ampliação da proteção aos direitos da personalidade também às pessoas jurídicas, buscou adequação aos novos parâmetros sociais. Propôs-se à resolução dessa problemática de nosso ordenamento jurídico, pois apesar de ser uma matéria já sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça, o fato é que não se encontrava um ambiente na doutrina brasileira para este assunto assim como havia para a pessoa física. O respaldo constitucional pela admissão da legitimidade da pessoa jurídica para a postulação ativa de reparação por danos morais. O instituto do dano moral vai além da personalidade jurídica da pessoa física, ainda que seja difícil visualizar a aplicabilidade do dano moral da pessoa jurídica. Ou seja, é possível entender que o nome de uma empresa quando depredado necessita de reparação moral sendo, portanto, uma compensação monetária ao dano imaterial imediato. Por se tratar de importante inovação legal, causa a pacificação da jurisprudência, é entendido o custo elevado da pessoa jurídica na construção de sua fama, ou nome. A compensação monetária ao dano imaterial imediato, vem como um mecanismo para a proteção a pessoa jurídica, assim como foi determinado para pessoa física.
Palavras-chave: Pessoa jurídica. Dano imaterial. Parâmetros Sociais.
 abstract 
In the search for social evolution through the adequacy of the legal norm, the New Civil Code, in its article 52, in the expansion of the protection of personality rights also to legal entities, sought to adapt to the new social parameters. It was proposed to solve this problem of our legal system, because despite being a matter already summed up by the Superior Court of Justice, the fact is that there was not an environment in the Brazilian doctrine for this matter as there was for the individual. The constitutional support for the admission of the legal entity's legitimacy for the active claim of compensation for moral damages. The moral damage institute goes beyond the legal personality of the individual, although it is difficult to visualize the applicability of the moral damage of the legal entity. In other words, it is possible to understand that the name of a company, when depredated, needs moral reparation, being, therefore, a monetary compensation for the immediate immaterial damage. Because it is an important legal innovation, it causes the pacification of jurisprudence, it is understood the high cost of the legal entity in the construction of its fame, or name. Monetary compensation for immediate immaterial damage comes as a mechanism for the protection of legal entities, as determined for individuals.
Keywords: Legal entity. Immaterial damage. Social Parameters.
 sumário
1	introdução	11
2	O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL	15
2.1	CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELEMENTOS	15
2.2	Pressupostos DE RESPONSABILIDADE CIVIL	16
2.3	EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL	25
2.4	TIPOS DE RESPONSABILIdADE CIVIL	27
3	NOÇÕES GERAIS SOBRE A PESSOA JURÍDICA	34
3.1	PESSOA FISICA, PESSOA NATURAL, PESSOA JURÍDICA	34
3.2	CAPACIDADE DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES NA ORDEM CIVIL	36
3.3	DIREITOS DE PERSONALIDADE E DIREITOS EXTRAPATRIMONIAIS	39
3.4	PESSOA JURÍDICA: TEORIAS, CONCEITO E PERSONALIDADE	42
3.5	CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: DE DIREITO PÚBLICO E DE DIREITO PRIVADO	43
3.6	PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA	44
4	POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA	46
4.1	o artigo 52 do código civil e a aplicabilidade dos direitos de personalidade à pessoa jurídica	46
4.2	SUMULA 227 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E A EXTENSÃO DO DANO MORAL À PÉSSOA JURÍDICA	47
4.3	ENUNCIADO 286 DO CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL E A (IN) APLICABILIDADE DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE À PESSOA JURÍDICA	49
4.4	entendimentos jurisprudenciais sobre a POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL POR DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA	51
5	conclusão	54
referências	46
1
	
	
	
	
	
	
introdução
Essa monografia trata possibilidade de responsabilização civil por dano moral a pessoa jurídica.O dano moral ofende o direito da personalidade, o íntimo individual, a moral, a honra, dentre outros. Este controverso instituto, não é moderno, pois desde o século XVIII a.C, o assunto já era, de certa forma, abordado. 
O Código de Hamurabi, um conjunto de leis criadas pelo sexto rei da Suméria Hamurábi, da primeira dinastia babilônica (1728 a.C. a 1513 a.C), foi um polêmico decreto até mesmo para a Antiguidade. Baseado nas Leis de Talião (“olho por olho, dente por dente”), a ofensa era reparada com outra ofensa e o código surgiu para controlar e organizar a sociedade. Antes disso, as leis que regulamentavam os direitos e deveres dos babilônicos eram transmitidas de boca em boca. Este formato estabelecido pela tradição oral causava conflitos, pois as leias não eram registradas, sendo possível modificá-las gerando discórdia entre a população (ANDRADE, 2016).
No início do direito romano, a responsabilidade era do tipo objetiva, a qual era satisfeita somente com o dano e o nexo de causalidade, sendo considerada como uma mera reação da vítima contra o responsável pelo dano. O Direito Romano consagrou a responsabilidade civil por qualquer espécie de dano. Não questionava se o dano era material ou moral. Contentava-se, apenas, com a sua ocorrência. Na Idade Média, sempre houve divisões de classes e situações onde o mais forte oprimia o mais fraco, o que em muitos casos trazia o direito de uma reparação pelo dano moral à situação vexatória sofrida.
Para Farias (2020), os danos passaram a ser mensurados e os valores adequados ao tipo específico de lesão. Durante o Império Romano (27 a.C.- 476 d.C.), quando se imputava responsabilidade a alguém por determinado fato ou ato, havia a imputação de uma pena e a correspondente reparação, muito embora se sustente que o “termo” responsabilidade ainda não existisse.
Na legislação civil brasileira, o dano é elemento indispensável para caracterização da responsabilidade civil. O dano como toda lesão ocorrida ao patrimônio, portanto, o dano é caracterizado por uma deterioração a um bem. Percebe-se, então, que o dano provoca uma diminuição a um bem jurídico de outrem, motivada por uma ação do causador. A doutrina brasileira é imprecisa quanto a caracterização dos pressupostos necessários para a configuração dessa responsabilidade, diversas são as conclusões sobre os elementos indispensáveis a ser considerados (FARIAS, 2020). 
No estudo da responsabilidade civil, um dos assuntos mais controvertidos a ser tratado se refere à reparação por dano moral. O tema gera múltiplos posicionamentos tanto de ordem doutrinária como de ordem jurisprudencial. Na doutrina ou na jurisprudência, sempre houve argumentos diversos no tocante ao dano moral; inclusive, havia parcela da doutrina que inadmitia a reparação por este tipo de dano.
Com o advento da Constituição Federativa de 1988, a discussão sobre existência ou não da reparação por dano moral restou superada, já que em seu art. 5º, V e X, reconhece expressamente a sua existência. Em 2002, o Código Civil de 2002, diferente do Código Civil anterior (1916), também reconhece a possibilidade de reparação por dano moral, consagrando, de vez, o instituto em nosso ordenamento jurídico (AMARANTE, 2010).
Em um contexto em extrema e dinâmica mutação, iniciamos considerações intimamente ligadas a responsabilidade civil, visto que todos nós buscamos o equilíbrio entre o justo e do injusto; a equidade pacífica e difusa entre o que é justo e o que é direito. No curso da evolução legal, o próprio conceito de “pessoa”, sofre alteração face à ocorrência e criação da figura da pessoa jurídica pela pessoa física, pois para primeira existir, adquirir direitos e personalidade jurídica; carece de atuação da segunda (AMARANTE, 2010).
Por adquirir direitos, possuir personalidade jurídica e patrimônio próprio; e mesmo assim ser subjetiva e abstrata, a pessoa jurídica pode sofrer em tese muitos dos danos que até então eram inerentes as pessoas físicas.
De acordo com Gonçalves (2015), embora a discussão sobre a existência ou não da reparação por dano moral esteja ultrapassada, o instituto ainda gera discussão na doutrina e na jurisprudência no sentido de se buscar uma reparação que seja justa, já que, diferentemente da reparação por dano material, em que se pode calcular de forma objetiva o valor do dano. No dano moral a quantificação do prejuízo é algo bem mais complexo pois atinge os direitos da personalidade, desta forma, seu cálculo se torna dificultoso, devendo ser realizado de forma cautelosa e criteriosa.
Em regra, não há critérios definidos ao arbitrar o dano. Desta forma, para que se chegue o mais perto possível de uma reparação justa e coerente, imperioso é o estudo do instituto a fundo, de forma a observar técnicas, elementos, métodos e natureza jurídica para que auxiliem nos critérios para o seu arbitramento. É importante observar como a jurisprudência vem agindo na aplicação dessas técnicas. Portanto, surge da livre convicção dos magistrados de primeira instância em seus julgados, reconhecendo a legitimidade ativa das pessoas jurídicas para demandarem a devida reparação por danos morais que lhe forem causados (FIUZA, 2012). Via de hermenêutica interpretação de cada caso em concreto a ser julgado; paulatinamente serão fixados conceitos mais exatos a serem utilizados para a pacificação do tema.
Também é imprescindível a busca por mecanismos que possam auxiliar por uma adequada quantificação. É imprescindível que se discuta o instituto e busque meios de evitar decisões contraditórias e discrepantes. Com a aceitação da reparação por dano moral em nosso ordenamento jurídico, o número de processos referente ao tema cresce exponencialmente, de forma que muitos se aproveitam do instituto para tentar tirar proveito de alguma situação, prejudicando a celeridade da Justiça (FIUZA, 2012). 
Ademais, há doutrinadores que negam ser cabível o fato da pessoa jurídica sofrer dano moral, expõem que indeniza-se somente se ocorrer um dano patrimonial. Tal teoria encontra uma grande dificuldade em esclarecer o dano moral a uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, estando essas pessoas completamente desprotegidas pelo direito somente porque não visam ao lucro, e seus agressores poderiam ficar absolutamente tranquilos, sem medo de serem obrigados a indenizar ou de serem punidos por suas atitudes antissociais. 
 Os entendimentos expostos não têm prevalecido na doutrina brasileira, bem como, na legislação e jurisprudência. Isto porque, a pessoa jurídica, não pode experimentar dor ou emoção, mas sofrerá sempre será os danos objetivos, por ser titular somente de honra objetiva. Portanto, é necessário maior entendimento e flexibilidade é necessário que as resoluções buscadas para solucionar problemas.
Desse modo, busca-se resposta para a seguinte pergunta de pesquisa: É possível a reparação civil por dano moral à pessoa jurídica? 
Nessa perspectiva, essa monografia encontra justificativas para a sua realização, como as que se expõem. Tamanho saber que é extrema necessidade a aplicabilidade de leis sobre o dano moral da pessoa jurídica, levando em questão o conhecimento técnico para os operadores do direito, fazendo jus o estudo que por razão a de ser quanto a lesão à pessoa jurídica a sua honra objetiva, ao seu nome, à sua imagem diante do meio social, pois, sendo certo que uma empresa tem uma reputação perante a coletividade. Esse estudo é relevante para a sociedade em geral que tem vivenciado cada vez mais com as relações do dano moral não só à pessoa física, como também à pessoa jurídica, nos aspectos que puderem ser enquadrados nos direitos de personalidade, notadamente, quanto à fama, à reputação e à privacidade das empresas e sociedades. 
Também se justifica esse projeto para o meio acadêmico, por se tratar de um assunto novo, que tem sido discutido e causado cizânia na doutrina e na jurisprudência, quanto à possiblidade ou não da reparação civil por dano moral à pessoa jurídica, mas que possui grande valia para que ocorra a preservação dos direitos inerentes aosenvolvidos. Ante ao assunto exposto, nota-se sua importância, e justificativa, visto todos os questionamentos e possíveis soluções em órbita ao tema proposto. Ademais, esse estudo é importante, porque em pesquisas realizadas no Scielo e no Runa, a de se evidenciar poucos artigos relacionados ao tema ao dano a pessoa, desta forma, levando-se a importância a discussão gerada sobre o tema.
Ante o exposto, essa monografia tem por objetivo geral: Analisar a possibilidade de reparação civil por dano moral à pessoa jurídica. Para se alcançar esse propósito, foram elencados os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar o instituto da responsabilidade civil. b) Saber sobre a capacidade de direitos e obrigações da pessoa na ordem civil. c) Entender sobre direitos de personalidade ou direitos extrapatrimoniais. d) Descrever sobre a pessoa jurídica e seus tipos. e) Esclarecer sobre o disposto na legislação civil a respeito da proteção dos direitos de personalidade da pessoa jurídica. f) Destacar o entendimento da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça e do Enunciado 286 do Conselho de Justiça Federal a respeito da extensão dos direitos de personalidade à pessoa jurídica. f) Mostrar os entendimentos jurisprudenciais sobre a possibilidade de responsabilidade civil por dano moral à pessoa jurídica.
Destaca-se que o delineamento dessa monografia apresenta as seguintes características, como se expõem. 
Quanto ao nível, esse projeto utiliza a pesquisa exploratória. Esse tipo de pesquisa objetiva facilitar familiaridade do pesquisador com o problema objeto da pesquisa, para permitir a construção de hipóteses ou tornar a questão mais clara. Os exemplos mais conhecidos de pesquisas exploratórias são as pesquisas bibliográficas. Pesquisa exploratória é desenvolvida com a finalidade de adequar visão geral sobre determinado fato, sendo realizado principalmente quando o tema é complexo de formular hipótese. Quanto à abordagem, trata-se de pesquisa qualitativa. Essa pesquisa visa a compreensão dos dados, com base em dados qualificáveis e determinados fatos, com a percepção dos diversos atores. 
Quanto aos procedimentos de coleta de dados, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica, baseada a partir de material já publicado, como livros, artigos, periódicos, internet, são feitas a partir de materiais já publicados; e a pesquisa documental, baseada em documentos que ainda não foram publicados; nesse caso, foram utilizadas a legislação específica e a jurisprudência. Pesquisa bibliográfica é o estudo desenvolvido a partir de material já elaborado, como: livros e artigos científicos... Sendo a pesquisa documental valer-se-á de materiais que não receberam ainda análise. Quanto à pesquisa bibliográfica, foram empregadas as principais doutrinas relacionadas ao tema, destacando-se os seguintes autores e livros: AMARANTE, Aparecida. Responsabilidade civil por dano à honra. 4 Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. ANDRADE, André Corrêa de. Dano moral e indenização punitiva: os punitive damages na experiência do common Law e na perspectiva do Direito Brasileiro. 3 Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. Quanto à pesquisa documental, destacam-se as legislações pertinentes e algumas decisões dos Tribunais de Justiça brasileiros. Destacam-se as seguintes leis: Constituição Federal/1988 e Código Civil.
Desse modo, essa monografia conta com cinco capítulos. O primeiro traz a Introdução, onde se expõem o tema, o problema, a hipótese, a justificativa, os objetivos e o delineamento da pesquisa. O segundo capítulo trata sobre o instituto da responsabilidade civil, conceito, pressupostos, tipos e abrangência dos direitos extrapatrimoniais e dano moral. O terceiro capítulo traz noções gerais sobre a pessoa jurídica, conceitos, teoria e classificação.
O quarto capítulo trata da possibilidade de reparação de dano moral à pessoa jurídica e entendimentos jurisprudenciais sobre a possibilidade de responsabilização civil por dano moral à pessoa jurídica e, por fim, traz a conclusão do acadêmico sobre o estudo e as referências pertinentes.
O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Esse capítulo trata do instituto da responsabilidade civil.
CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELEMENTOS
Para vivermos em sociedade, o ordenamento jurídico estabelece regras, que caso violadas configuram o ilícito, e consequentemente o dever jurídico de reparar, caso haja dano. Assim, para entender melhor esse capítulo, faz-se necessário compreender o conceito de responsabilidade civil, analisar sua evolução histórica, classificação e elementos necessários à configuração.
Desde os tempos mais remotos, a ideia de responsabilidade civil está presente no dia-a-dia das civilizações. Indenizar, é, sem dúvidas, uma ocorrência natural da vida social. Esta obrigação não se mostrava da forma como é tratada atualmente. Muitas vezes, a responsabilidade daquele que errou perante a sociedade era realizada através de torturas, mutilações e até mesmo a morte do causador do dano. Com a evolução das sociedades, a forma de responsabilização por danos foi tomando outros contornos (BEVILAQUA, 2008).
O vocabulário “responsabilidade” é oriundo do verbo latino ‘respondere’, designando o fato de ter alguém se constituído garantidor de algo. A responsabilidade serviria, portanto, para traduzir a posição daquele que não executou o seu dever. No cotidiano dos tribunais, existem diversas discussões sobre responsabilidade civil. Desta forma, é importante saber detalhes da temática para atuar com precisão nessa seara.
O conceito de responsabilidade civil está intimamente relacionado ao conceito de não prejudicar o outro. A responsabilidade pode ser definida como a tomada de medidas para forçar alguém a reparar os danos causados ​​a terceiros por suas ações ou omissões.  De acordo com Frota (2008), a responsabilidade civil requer prejuízo a terceiro, particular ou Estado, de modo que a vítima poderá pedir reparação do dano, traduzida na recomposição do statu quo ante ou um valor monetário. Nesse sentido, quando se transgride normas, causando uma perturbação da ordem, tem-se a necessidade de ressarcir os danos causados. Esta é uma reação natural do homem, de ver seus prejuízos de alguma forma reparados.
As fontes das obrigações previstas no Código Civil são: a vontade humana que abraça (os contratos, as declarações unilaterais da vontade e os atos ilícitos) e a vontade do Estado que envolve. O Código Civil brasileiro dedicou poucos dispositivos à responsabilidade civil. Na parte geral, nos arts. 186, 187 e 188, consignou a regra geral da responsabilidade e algumas excludentes. Na parte especial, estabeleceu a regra básica da responsabilidade contratual no art. 389 dedicando dois capítulos, um à “obrigação de indenizar” e outro à “indenização”, sob o domínio “Da Responsabilidade Civil”. (ARAUJO JUNIOR, 2014, p. 81).
Em um primeiro momento, toda ação que acarreta prejuízo gera responsabilidade ou dever de indenizar, entretanto, é necessário entender a diferença entre obrigação e responsabilidade. A obrigação, é sempre um dever originário; a responsabilidade, é um dever sucessivo, consequente à violação do primeiro. Os conceitos se relacionam, mas se divergem em deveres originários ou sucessivos.  Para Araújo Junior (2014), a responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano causado a terceiro em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal.
Pressupostos DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Para configurar a responsabilidade civil, é necessário: ação ou omissão, culpa ou dolo, dano ou prejuízo e nexo causal, de acordo com Venosa (2019).
Ação ou omissão: 
Refere-se à conduta do agente que pode ser positiva (ação) ou negativa (omissão) e deve ser voluntária, no sentido de existir consciência da ação cometida. A responsabilidade civil decorre de uma ação ou omissão que gera violação de uma norma jurídica legal ou contratual; a responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que se originouda violação de dever jurídico originário. A negligência também é uma omissão, como por exemplo, no caso, se um médico deixar de atender um paciente, ou fizer um tratamento inadequado ao problema que o paciente apresenta, a atitude pode ser enquadrada como negligência médica; do mesmo modo, qualquer pessoa, leiga ou da área da saúde, tem o dever de prestar socorro a um acidentado ou necessitado, contudo não coloque sua própria vida em risco, segundo consta no artigo 135 do Código Penal.
A omissão própria é como é chamado o tipo de crime, de acordo com o Código Penal brasileiro, em que não é preciso um resultado negativo da ação para se constitua o delito. A omissão de socorro é um dos crimes omissivos próprios, pois mesmo que o quadro da vítima não piore, ou até mesmo melhore, só o fato de ter deixado de prestar socorro já é tido como crime. Por sua vez, a omissão imprópria, ou também chamado de crimes comissivos por omissão, é quando a omissão é realizada de forma a impedir uma ação indesejável. As omissões legislativas, também conhecidas por omissão inconstitucional, são quando o poder legislativo de um país se abstém ou tem demora para elaborar leis ou consolidar normas que garantam os direitos previstos pela constituição federal. Existem dois instrumentos do Supremo Tribunal Federal para tentar resolver as omissões: o Mandado de Injunção e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ARAUJO JUNIOR, 2014).
A omissão é quando algo não é contado ou feito. Enquanto que a mentira é dizer ou fazer algo que não é verdadeiro. Chama-se de omissão da verdade quando se sabe de determinada coisa, mas não se fala, seja para proteger interesse próprio ou de outro. Cita-se, como exemplo, o fato de alguém que fala mal de você nas redes sociais, com o intuito de lhe prejudicar; isso não se caracteriza como um dano material, no entanto, pode ser base para uma ação de danos morais, pois afeta sua honra e reputação. Desse modo, responsabilidade civil é o direito que toda pessoa tem de ser reparada quando tiver seus bens materiais, físicos ou morais violados, conforme dispõe o Código Civil/2002 (arts. 186 e 927) (AUTOR, ANO).
Culpa do agente: 
A culpa é pressuposto da responsabilidade civil, nos termos do art. 186 do Código Civil/2002, o que significa que ninguém pode ser levado a responder por um dano sem que tenha agido com a falta do dever de cuidado. Desse modo, o ato ilícito se configura pela culpa; geralmente, se não houver culpa, não surge o dever de indenizar, exceto para os casos legais de responsabilidade objetiva. A culpa em sentido estrito, caracteriza-se pela imperícia, imprudência ou negligência e imputabilidade do agente; em sentido amplo, abrange o dolo, que constitui a violação intencional do dever jurídico (AUTOR, ANO).
No estudo da responsabilidade civil, a culpa assume duas concepções. A primeira se desdobra em dolo e culpa, chamada de lato sensu. A segunda, stricto sensu, tem fundamento numa determinada posição ou situação psicológica do agente para com o fato. Quanto à concepção lato sensu, o dolo surge como tipo mais grave da culpa. Modernamente, a ideia de culpa abrange toda a espécie de comportamento contrário ao direito, seja intencional ou não, porém imputável, por qualquer razão ao causador do dano. É certo que essa concepção genérica de culpa, violação de uma obrigação preexistente, que confina com o dever geral negativo deve ser completada por um elemento concreto, positivado no erro de conduta, e então a ideia se comporta em definitivo, dizendo-se que a culpa importa em um erro de conduta, que leva o indivíduo a lesar o direito alheio (VENOSA, 2019).
Há a culpa contratual, se se trata de dever oriundo do contrato. Em caso contrário, chama-se culpa extracontratual ou aquiliana, nome este último preso à tradição do direito romano, uma vez que naquele direito o dever de reparar o dano por fato culposo não contratual decorria da lei Aquilia. Para Araújo Junior (2014), a culpa em sentido amplo, como violação de um dever jurídico, imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de omissão de diligência e cautela, compreende o dolo, que é a violação intencional ou de omissão de diligência e cautela, compreende: o dolo, que é a violação intencional que é a violação intencional ou de omissão do dever jurídico, e a culpa e sentido estrito, caracterizada pela imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer deliberação de violar um dever.
Tanto no dolo como na culpa há conduta voluntária do agente, só que no primeiro caso a conduta já nasce ilícita, porquanto a vontade se dirige à concretização de um resultado antijurídico – o dolo abrange a conduta e o efeito lesivo dele resultante, enquanto no segundo a conduta nasce lícita, tornando-se ilícita na medida em que se desvia dos padrões socialmente adequados. O juízo de desvalor no dolo incide sobre a conduta, ilícita desde a sua origem; na culpa, incide apenas sobre o resultado. Em suma, no dolo o agente quer a ação e o resultado, ao passo que na culpa ele só quer a ação, vindo a atingir o resultado por desvio acidental de conduta decorrente de falta de cuidado (VENOSA, 2019).
Dano ou prejuízo:  
É a lesão a um interesse jurídico tutelado, seja material ou moral, devendo estar presente a certeza do dano. O dano a ser reparado não será necessariamente da ordem patrimonial, ainda que, para fins de indenização, possa ser expresso em valores monetários. Desse modo, o dano pode ser material, quando decorrer de direito patrimonial, ou dano moral, quando surgir da violação de direito extrapatrimonial. Par Bevilaqua (2008), dano é toda lesão a um bem juridicamente protegido, causando prejuízo de ordem patrimonial ou extrapatrimonial. Sem que tenha ocorrido dano a alguém, não há que se cogitar em responsabilidade civil. Ao contrário do que ocorre na esfera penal, aqui o dano sempre será elemento essencial na configuração da responsabilidade civil; não há responsabilidade civil por ‘tentativa’, ainda que a conduta tenha sido dolosa.
Araújo Junior (2014), comenta que hipóteses tais como de não pressupõem dano, estando mais ligadas à ideia de penalidade do que de ressarcimento de um dano, daí estarem fora do âmbito da responsabilidade civil. Ocorre que todas essas situações são tratadas pela legislação como ‘danos presumidos’ mostrando o cuidado do legislador em manter a distinção apontada acima entre o caráter punitivo da sanção penal e o caráter reparatório da sanção civil. 
Indenização sem dano importaria enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena para quem a pagasse, porquanto o objetivo da indenização, sabemos todos, é reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, não haverá o que ressarcir. Daí a afirmação, comum praticamente a todos os autores, de que o dano é não somente o fato constitutivo, mas, também, determinadamente do dever de indenizar (VENOSA, 2019). 
Então, o dano como sendo a subtração ou diminuição de um bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima, como a sua honra, a imagem, a liberdade etc. Em suma, dano é lesão de um bem jurídico, tanto patrimonial como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e moral. De acordo com Bevilaqua (2008), o dano corresponde à lesão de certo bem, que conduz ao dano concreto, ou real e acrescenta ainda que aspecto das situações jurídicas ele se insere: se consiste na violação do direito subjetivo, ou na ofensa ao bem, ou na lesão à disponibilidade deste, ou na ofensa ao interesse do titular.
O mecanismo da ofensa-lesão a situações vantajosas; ora, o prejuízo só existe quando, havendo essa lesão, o respectivo titular não consegue, na realidade, usufruir as utilidades do bem, ou só o consegue com maior esforço, hipótese em que o prejuízo consiste nesse maior esforço. Assim, o dano surge, assim, emrelação a qualquer situação vantajosa, mesmo de facto, e não se reporta necessariamente à lesão de um direito subjetivo; mas só é relevante para efeitos de responsabilidade civil, quando resulta da lesão de uma situação vantajosa tutelada pelo direito. Deste modo, o prejuízo não se confunde com a lesão do direito ou, em geral, da situação vantajosa. Se alguém danifica ou se apropria de coisa alheia, lesa o direito de propriedade; mas, se a conserta ou restitui antes que dela necessite o dono, não provoca prejuízos a este, pelo que não haverá responsabilidade civil (ARAUJO JUNIOR, 2014).
Assim, são patrimoniais os danos a interesses avaliáveis em dinheiro; não patrimoniais ou morais são os que se verificam em relação a interesses insusceptíveis de avaliação pecuniária. A distinção entre dano patrimonial e extrapatrimonial (moral) não se faz apenas com base no direito ofendido, visto que a ofensa a bens da personalidade (bens imateriais) frequentemente gera prejuízos de ordem patrimonial, como a perda de capacidade laborativa em razão de ofensa corporal, ou a perda de clientela provocada por violação da honra. Contudo, nem todo dano é indenizável; existem os que se reúnem, como em certos requisitos: alienidade (ou alteridade), certeza e mínimo de gravidade. A primeira exigência que se faz é que os prejuízos tenham sido suportados por outra pessoa que não o agente; somente haverá antijuridicidade na lesão a patrimônio alheio, não havendo que se falar em dever de reparar dano infligido a si próprio ou ao seu próprio patrimônio (BEVILAQUA, 2008). 
Outrossim, o dano deve ser certo, isto é, não se indeniza o prejuízo hipotético ou eventual, de verificação duvidosa. Quanto aos lucros cessantes e aos prejuízos futuros, baseia-se "na evolução normal e dos acontecimentos. A contemporaneidade do dano com a responsabilização, apesar de frequentemente ser listada como requisito da reparabilidade do dano, não se faz essencial. Não é correto, assim, excluir definitivamente o dano futuro, uma vez que também ele será indenizável "desde que, ao tempo da responsabilização, já se possam verificar os fatos que, com certeza ou com razoável probabilidade darão ensejo a prejuízos projetados no tempo (VENOSA, 2019).
Dano patrimonial ou material é aquele que pode ser avaliado pecuniariamente por critérios objetivos, podendo ser reparado, diretamente – mediante restauração natural ou reconstituição específica da situação anterior à lesão, ou indiretamente – por meio de pode ser entendido como "o conjunto de relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro (CAVALIERI FILHO, 2008; BEVILAQUÁ, 2008).
Por sua vez, o dano extrapatrimonial ou dano moral se refere às violações aos direitos da personalidade, não se limitando à dor, tristeza e sofrimento, mas compreendendo a violação do direito à dignidade, da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem (VENOSA, 2019). Para Bevilaqua (2008, p. 373), é a lesão de interesses de ordem espiritual, consistindo na "dor ou desgosto que deriva da perda de um ente querido, da ofensa corporal que provoca um sofrimento ou deformação física, de quem atinge a honra ou a reputação". Venosa (2019, p. 271-272), por outro lado, conceitua-o por exclusão: aquilo que não pode ser considerado dano patrimonial é dano extrapatrimonial. Assim, a distinção "não decorre da natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter de sua repercussão sobre o lesado", de modo que "tanto é possível ocorrer dano patrimonial em consequência de lesão a bem não patrimonial, como dano moral por efeito da ofensa a bem material. Portanto, a característica principal do dano extrapatrimonial seria não o bem protegido, mas a impossibilidade de se efetuar uma avaliação objetiva do dano.
Nexo casual: 
O nexo causal é a ligação entre a conduta do agente e o resultado danoso; é o liame que une a conduta humana ao seu efeito danoso; ou seja, é preciso que o ato ensejador da responsabilidade seja a causa do dano e que o prejuízo sofrido pela vítima seja decorrência desse ato. Impõe-se que se prove a ligação causal entre a conduta do agente e o resultado danoso. O nexo causal cumpre uma dupla função: determinar o autor do dano, e verificar a extensão a sua extensão, pois serve como medida de indenização. No campo da responsabilidade civil, o nexo causal cumpre uma dupla função: permite determinar a quem se deve atribuir um resultado danoso e é indispensável na verificação da extensão do dano a se indenizar, pois serve como medida da indenização (ARAÚJO JUNIOR, 2014).
O nexo causal está presente em qualquer modalidade de responsabilização civil, mesmo aquelas fundadas na teoria do risco - o nexo causal está presente na própria atividade portanto independente do elemento subjetivo culpa ser necessário, a prova do nexo causal entre o fato e o dano se faz necessária para que haja a responsabilização de quem pretenda se imputar o resultado. O nexo causal é o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. O nexo causal é o liame que liga o dano ao causador ou ao responsável pela atividade de risco. O nexo causal vem tomando força nas últimas décadas, principalmente com o advento da responsabilidade objetiva que retirou o foco do princípio da culpa, antes o definidor de responsabilidade (VENOSA, 2019).
As demandas de reparação do dano, e, muito embora o princípio da culpa não se confundisse com o princípio do nexo causal, a concepção dominante à época resultava que, uma vez demonstrada a ocorrência da culpa, se encontravam presentes todos os outros elementos da responsabilização, e sendo a prova do nexo causal uma etapa meramente formal, por muitas vezes resolvida de forma empírica no interior da própria discussão da culpa. Durante muito tempo, era a ideia de culpa que determinava a responsabilidade do agente causador do dano, o nexo causal tinha um papel secundário, muitas vezes, nem mesmo se fazia a avaliação do nexo causal entre as partes (ARAÚJO JUNIOR, 2014).
A regra geral existente hoje no direito civil é que, o agente somente responde pelos danos que efetivamente deu causa. Não obstante tenha algumas previsões de solidariedade nos códigos de direito civil, bem como seja crescente o sistema de garantias e seguros, é fato que em princípio somente responde pelo dano quem efetivamente o causou. Assim, são recorrentes os casos em que os agentes se envolvem em determinado evento danoso sem que tenha lhe dado causa, mas seu envolvimento foi de tal forma, que aparentemente foi responsável pelo dano. Ocorre que nestes casos o agente não pode ser responsabilizado por indenizar a vítima, haja vista que apenas é o responsável aparente pelo dano. Portanto, neste enredo ocorre a interrupção do nexo causal, pois fatores externos interferiram nas sequências causais, afastando a responsabilidade do agente (AUTOR, ANO).
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
As excludências da responsabilidade civil têm como função fulminar o nexo de causalidade, extinguindo a conduta em relação ao dano, descaracterizando a responsabilidade civil. Para haver o dever de reparar o dano deve o agente atuar de forma ilícita, ou com um ato emulativo, conforme os artigos 186 e 187, do Código Civil de 2002: 
Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito;
Art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito, que ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (BRASIL, 2010).
Para Gagliano; Pamplona (2018), as causas de excludentes de responsabilidade civil são definidas como situações que a partir do momento que é atacado um dos elementos ou pressupostos da responsabilidade se rompe o nexo de causalidade, não gerando direito, em regra, a uma indenização por parte de quem sofreu o dano, em razão de uma determinada situação. Nesse sentido, a legislação e a doutrina estabelecem as causas de exclusãode ilicitude, pelas quais não surge o dever de indenizar. são elas: legítima defesa; estado de necessidade; culpa exclusiva da vítima; exercício regular do direito; força maior (fato ou ocorrência difícil ou imprevisível de prever que gera efeitos inevitáveis); fato de terceiro; estrito cumprimento do dever legal, dentre outras. 
Segundo os ensinamentos de Coelho (2019), as excludências visam estabelecer regras gerais, envolvendo todas as formas de responsabilidade, conforme o que entende sobre cada uma das principais causas de exclusão da responsabilidade civil, que se passa a expor.
Legítima defesa: A legítima defesa possui fundamento no art. 188, I do Código Civil, pelo qual:
Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo (BRASIL, 2002).
A legítima defesa pode ser definida de acordo com a situação atual ou iminente de injusta agressão em que o agente se encontra que pode ser dirigida tanto para si como para um terceiro que não é capaz ou obrigado a suportar. E em razão disso o agente irá agir de forma a repulsar os atos do autor contra ele ou contra terceiros. 
Estado de necessidade: Possui previsão no art. 188, I, do Código Civil. 
O estado de necessidade pode ser definido como a violação de um direito alheio, no qual o valor jurídico poderá ser igual ou inferior do que aquele que se pretende proteger, a fim de remover ameaça iminente e não se tem outros meios possíveis de atuação para proteger o bem.
Exercício regular de direito: O artigo 188 inciso I do Código Civil estabelece que: “Não constituem atos ilícitos: I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido” (BRASIL, 2002). O agente que atua respaldado no direito não poderá sofrer sanção alguma relacionado ao próprio direito, não gerando assim, uma pretensão indenizatória contra o agente que está exercitando regulamente seus direitos. Por exemplo, imagina-se uma situação na qual está X andando tranquilamente pela rua e avista o Y que se encontra com a intenção de pular da ponte, X imediatamente o segura e impossibilita que o mesmo pule, este fato claramente constitui exercício regular de direito, pois possui previsão no art. 146 do Código Penal como se vê a seguir: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda” (BRASIL, 1940). Outra forma de exercício regular de um direito é a violência esportiva, todos os participantes têm conhecimento que ao praticar determinado esporte podem se ferir ou se machucar. Sendo assim, o praticante de artes maciais que fere moderadamente seu parceiro de luta não será obrigado a indenizá-lo e principalmente, não haverá responsabilização penal por isso. Porém, caso o exercício desse direito não seja regular, ou seja, possua um abuso em seu ato, esse abuso gera responsabilização por parte do agente que cometeu o ato e consequentemente indenização para o prejudicado. Portanto, o exercício regular de um direito deve ser de direito conhecido, não podendo excluir a responsabilidade. 
Estrito cumprimento do dever legal: O estrito cumprimento do dever legal parte do pressuposto de que ele tenha ocorrido o dano, dano este que não poderá gerar pretensão indenizatória. Este fundamento é ligado diretamente ao exercício regular de um direito, pois o agente que age em estrito cumprimento do dever legal está sem sombra de dúvidas exercendo regularmente seu direito. É muito comum a aplicação desse instituto por agentes públicos, pois devem atuar em nome do interesse público onde em grande parte de seus serviços é necessário restringe ou afetar direitos dos particulares e o motivo de não poderem ser responsabilizados é porque agiram no estrito cumprimento do dever legal. Por exemplo: o policial que se utiliza de arma de choque (teaser) para realizar a prisão de um indivíduo que oferece resistência, tal ato possui previsão legal no art. 292 do Código de Processo Penal, que diz o seguinte: “Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas” (BRASIL, 1940). Sendo assim, a autoridade que faz uso da arma de choque na situação elencada acima não comete abuso de autoridade e tortura, estão apenas no estrito cumprimento do dever legal.
Culpa exclusiva da vítima: Quando um dano ocorre por culpa exclusiva da vítima, se torna causa de exclusão do próprio nexo causal, pois o agente causador do dano é um mero meio do acidente. Por exemplo, se uma pessoa com a intenção de suicidar se atira debaixo de um veículo de um terceiro em movimento, neste caso o dono do veículo não possui qualquer responsabilidade neste atropelamento, pois seu veículo foi um simples instrumento, afastando assim o nexo causal em relação ao motorista.
Força maior: O art. 393 do Código Civil estabelece que: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado” (BRASIL, 2002). O caso fortuito constitui um fato imprevisível e inevitável. Por sua vez, a força maior se refere aos fatos humanos ou naturais, que até podem ser previsíveis, mas não podem ser impedidos, como guerras, revoluções, tempestades, enchentes, furacões etc. 
Fato de terceiro: Pode ser definido como qualquer pessoa que não seja vítima ou o agente que causou o dano e não possua nenhuma ligação com o agente e a vítima. Este terceiro no caso que é responsável pelo evento danoso que houve entre autor e vítima, afastando assim a relação de causalidade sobre a conduta do agente e vítima. Importante salientar que só se exclui a responsabilidade quando há o rompimento do nexo causal entre o agente e a vítima, ou seja, é necessário um terceiro destruir a relação causal entre as partes envolvidas.
Cláusula de não indenizar: Trata-se de uma previsão contratual que não elimina a responsabilidade, mas afasta a obrigação, que é derivada da responsabilidade, isto é, a reparação. Ela também pode ser conhecida como cláusula de irresponsabilidade ou cláusula de excludente de responsabilidade. A diferença entre cláusula de irresponsabilidade e cláusula de excludente de responsabilidade é que a primeira exclui a responsabilidade e a segunda afasta apenas a indenização. Pois a causa de irresponsabilidade, não depende da vontade das partes, provindo sempre de lei. 
TIPOS DE RESPONSABILIdADE CIVIL
São vários os tipos de responsabilidades no ordenamento jurídico brasileiro, podendo sê-las de ordem administrativa, de ordem civil, de ordem fiscal e, ainda, de natureza criminal. 
Segundo Tependino (2018), o Direito Civil brasileiro contempla duas teorias quanto aos fundamentos da responsabilidade civil: a teoria da responsabilidade subjetiva, que considera como fundamento da responsabilidade a culpa em sentido lato e a responsabilização pelo dano, onde o requerente deverá provar a culpa do agente.
Nesse sentido, ao se pensar em responsabilidade civil, faz-se uma ligação com a ideia de culpa, de modo que ninguém pode ser levado a responder por um dano sem que tenha agido com a falta do dever de cuidado. A culpa é pressuposto da responsabilidade civil, nos termos do art. 186 do Código Civil de 2002. Desse modo, a responsabilidade civil é dividida em função de uma conduta voluntária violadora de um dever jurídico, qualificada a depender da origem deste dever jurídico e do elemento subjetivo de conduta (COMPARATO,2016). 
Nessa perspectiva, a responsabilidade civil é classificada pela doutrina tanto em função da culpa (responsabilidade objetiva e subjetiva), como também em função da natureza (responsabilidade contratual e extracontratual). 
Segundo Cavalieri Filho (2018), quem viola o direito fica obrigado a indenizar, cujo dever jurídico pode ser oriundo de uma obrigação por lei ou um contrato. Desse modo, na responsabilidade civil contratual, preexiste um vínculo obrigacional e, por consequência, o dever de indenizar; já, na responsabilidade extracontratual, o dever de indenizar decorrer da infração à lei. Desse modo, a diferença entre responsabilidade civil contratual e extracontratual está na sua divisão de acordo com a natureza do dever jurídico violado. 
Ainda, segundo Diniz (2009, p. 91) “a responsabilidade contratual, configura o dano causado em decorrência do que consta em contrato ou negócio jurídico unilateral”. A responsabilidade extracontratual é aquela que deriva de um ilícito extracontratual, isto é, da prática de um ato ilícito por pessoa capaz ou incapaz, consoante o art. l56 do CC, não havendo vínculo anterior entre as partes, por não estarem ligados por uma relação obrigacional ou contratual. 
Para Diniz (2009), à caracterização da responsabilidade contratual não basta a ocorrência de inadimplemento contratual, pois deve haver estipulação de cláusula contratual que preveja as hipóteses danosas e modo de reparação dos prejuízos, pois que, ainda que se trate de inadimplemento contratual, se não houver estipulação reguladora da responsabilidade reparatória, ela será extracontratual: far-se-á na forma de previsão legal e não contratual. Sem estipulação da ocorrência dos danos e do modo de repará-los, o simples inadimplemento contratual acarretará as consequências previstas no Código Civil e, em razão da reparação se dar na forma da lei, a responsabilidade correspondente será extracontratual. 
Destaca-se que nem todo ramo do Direito admite a livre negociação de cláusula de reparação. Assim, no campo do Direito Social (Direito do Trabalho e Direito do Consumidor), inadmite-se qualquer estipulação que seja prejudicial ao trabalhador ou ao consumidor, tidos como hipossuficientes. Na proibição se incluem estipulações que agravem as consequências do inadimplemento quanto ao trabalhador ou consumidor, bem assim que excluam ou minorem os efeitos da reparação que desfavoreça o empregador ou fornecedor. Já nos campos dos Direitos Civil e Empresarial as limitações são mínimas e constam das regras do Código Civil, parâmetros que limitam a estipulação contratual da reparação nos ramos jurídicos em geral (FIUZA, 2012).
No campo jurídico, o conceito responsabilidade extracontratual parte de um princípio geral: aquele que causar qualquer tipo de dano ao outro será obrigado a indenizá-lo. Denomina-se extracontratual porque o dano causado a alguém não está associado a um contrato prévio. Em alguns casos, o conceito extracontratual é compatível com a existência de um contrato porque apesar de haver um contrato estabelecido, o dano causado não tem nenhuma relação com o conteúdo do contrato (AUTOR, ANO).
Outrossim, têm-se a responsabilidade objetiva e a responsabilidade subjetiva. Na responsabilidade civil subjetiva, não existe o dever de indenizar por parte do ofensor. É necessário estar presente a violação de um dever jurídico mediante uma conduta voluntária; o elemento subjetivo (culpa ou dolo) e o elemento causal-material (no nexo de relação entre a conduta e o dano). A responsabilidade civil subjetiva encontra sua base legal nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil, sendo estes dispositivos legais a cláusula geral deste modo de responsabilização. 
Por sua vez, a responsabilidade objetiva é aplicada em certos casos de presunção de culpa e de responsabilidade sem culpa. Esse tipo de responsabilidade independe da culpa, embora exija a presença da atividade ilícita, o dano e o nexo causal, é também chamada de responsabilidade pelo risco (CAMILO NETO, 2012). 
São hipóteses de Responsabilidade Objetiva: o abuso de direito (art. 187); o exercício da atividade de risco ou perigosa (art. 927, parágrafo único); danos causados por produtos (art. 931); responsabilidade por fato de outrem (art. 932 c/c art. 933), responsabilidade por fato de coisa ou animal (art. 936), responsabilidade pelas coisas caídas ou lançadas de prédio (art. 938), responsabilidade do dono de edifício (art. 937), etc. (COELHO, 2019, p. 172).
A responsabilidade objetiva descarta a existência de culpa, sustentando para possível reparação apenas o nexo causal. Desse modo, na teoria clássica da culpa, não basta que uma pessoa sofra um dano injusto na sua pessoa, ou seu patrimônio para que o autor da ofensa fique obrigado a reparar o prejuízo, é necessário que o dano seja oriundo de um fato doloso ou culposo, sem a presença deles não há que se falar em responsabilidade. Trata-se de uma questão de socialização do risco, o dano decorrente da atividade de risco recairá, no seu causador. Para que haja a obrigação de reparar o dano, em se tratando de responsabilidade objetiva, faz-se a demonstração, pela vítima, do nexo de causalidade entre a conduta ilícita do autor do fato danoso e o dano por ela sofrido. Sendo assim, diferente da responsabilidade civil subjetiva, na responsabilidade civil objetiva não se investiga a culpa, mas apenas a atividade ilícita, o dano e o nexo causal. A responsabilidade civil subjetiva difere da objetiva quando a vítima necessita provar a culpa do agente, enquanto na responsabilidade civil objetiva não há necessidade comprobatória de culpa (GONÇALVES, 2015).
Feitas essas considerações, passa-se ao capítulo 3
NOÇÕES GERAIS SOBRE PESSOA JURÍDICA E direitos de personalidade
Esse capítulo visa analisar as características da pessoa jurídica, entidade constituída por homens e bens, com direitos, obrigações e patrimônio próprios. Podem ser de direito público externo (outras nações e organismos internacionais) ou interno (a União, os Estados, Municípios), ou de direito privado (sociedades civis, associações, sociedades de economia mista, empresas públicas, serviços sociais autônomos, partidos políticos, fundações privadas entre outras). Outrossim, busca-se analisar as características dos direitos de personalidade e sua a possibilidade de aplicação à pessoa jurídica.
PESSOA FISICA, PESSOA NATURAL, PESSOA JURÍDICA: CONCEITOS
A chamada pessoa física é todo ser humano enquanto indivíduo, do seu nascimento até o seu falecimento. Nesse sentido, a certidão de nascimento é o seu primeiro registro legal, não sendo necessário, inclusive, possuir um cadastro (CPF) para ser considerado uma pessoa física. Caso a pessoa física seja membro de uma pessoa jurídica, como sócio de uma empresa, seus direitos e deveres serão diferentes e independentes. Assim, um sinônimo de Pessoa Física é Pessoa Natural. 
Pessoa Natural é o termo utilizado, no Código Civil (Lei 10.406/02), que estabelece as regras, com direitos e deveres, sob o ponto de vista legal no Brasil. Trata-se do ser humano, sem discriminação de qualquer tipo como: idade; sexo, cor; raça, nacionalidade; saúde etc. É todo ser humano, seja: recém-nascido, criança; adolescente; idoso; absolutamente incapaz; relativamente incapaz; ou seja, nascido com vida (LOPES, 2011).
A pessoa jurídica representa uma entidade formada por uma ou mais pessoas físicas, registrados sob um cadastro (CNPJ), reconhecido pelo Estado. Além disso, também apresentam direitos e obrigações específicos e possuem uma “personalidade jurídica” independente em relação aos seus membros. Podem ser citados como exemplos de pessoas jurídicas: ONGs; empresas; Sociedades; partidos políticos; Igrejas e fundações.
De acordo com Diniz (2009), o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) é a forma como a Receita Federal identifica empresas e organizações e acompanha suas movimentações financeiras, verificando se elas estão pagando os tributos da forma correta. De forma análoga ao Cadastro da Pessoa Física (CPF) no caso das Pessoas Físicas,o CNPJ é essencial para que as pessoas jurídicas consigam realizar atividades como abertura de contas bancárias, emissão de notas fiscais, contratação de fornecedores e pessoal, obtenção de financiamentos, dentre outros. Além do cadastro CNPJ, as pessoas jurídicas são compostas por diversas outras informações, tais como: data de abertura; endereço; razão social (o nome jurídico da empresa); nome fantasia (o nome pelo qual todo mundo conhece a empresa); descrição das atividades econômicas; situação cadastral e o código e descrição da natureza jurídica (por exemplo, Sociedade Anônima (DINIZ, 2009).
Diniz (2009), ainda comenta que em relação às obrigações fiscais, as empresas precisam lidar com impostos e contribuições tais como: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS); imposto sobre serviços (ISS); contribuição para o programa de integração social (PIS); Imposto sobre produtos industrializados (IPI); Imposto de importação; Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).
Devido a importância do conceito de Pessoa Jurídica para o Estado, o Direito Civil se comprometeu a legislar sobre essa personalidade jurídica e suas características. Portanto, de acordo com o Código Civil existem três tipos de pessoa jurídica. De acordo com Lopes (2011, p. 01), estes tipos diferem na forma como são criadas e nas leis que respondem:
Pessoa Jurídica de direito público interno: parte das vezes, esse tipo de pessoa jurídica pode ser criado mediante a formulação de novas leis. Portanto, ele inclui somente entidades que representam juridicamente a União, Estados, municípios e outros órgãos que formam a administração pública. São exemplos de pessoas jurídicas de direito público interno: União; Estados, o Distrito Federal e os Territórios; Autarquias, inclusive as associações públicas; Municípios e demais entidades de caráter público criadas por lei.
Pessoa Jurídica de direito público externo: refere-se a organizações de direito público regidas pelas normas do Direito Internacional Público. Ou seja, são entidades como os Estados estrangeiros, organizações, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul)
Pessoa Jurídica de direito privado: aqui encaixam-se as demais entidades, sejam elas particulares ou estatais. Nesse sentido, ela é criada por iniciativa de seus membros e precisa ser registrada em órgãos para passar a existir perante a lei. No Brasil, existem seis tipos de pessoa jurídica de direito privado: sociedade, associação e fundações e Organizações religiosas.
Destaca-se que, dentre as sociedades, tem-se a Sociedade Limitada Unipessoal formada por um único titular, que substituiu a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, modalidade transformada na primeira, independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo, a partir da Lei 14.195/2021.
classificações da PESSOA JURÍDICA
Escrever três página sobre os tipos de pessoa jurídica de direito público e de direito privado, aprofundando o texto que vc escrever a seguir.
Conforme o artigo 40 do Código Civil de 2002, as pessoas jurídicas são de direito público, como fundações públicas e autarquias, e de direito privado, a exemplo das associações e organizações religiosas (BRASIL, 2010).
O art. 41 do Código Civil elenca quais são as pessoas jurídicas de direito público interno, dividindo-as em entes da administração direta (União, Estados, Distrito Federal e Territórios e Municípios) e da administração indireta (autarquias como o INSS e demais entidades de caráter público criadas por lei).
Silva (2016), comenta que, conforme o art. 42 do Código Civil de 2002, sem equivalência no Código Civil de 1916, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. São exemplos de pessoas jurídicas de direito público externo as nações estrangeiras, a Santa Sé e os organismos internacionais (ONU, OEA, União Europeia, Mercosul, UNESCO, FAO etc).
Em seu art. 44, o Código Civil dispõe que são pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada (BRASIL, 2010).
Instituídas por iniciativa de particulares, as pessoas jurídicas de direito privado dividem-se em duas categorias: as estatais e os particulares, de acordo com a origem dos recursos empregados em sua constituição. As estatais são aquelas para cujo capital houve contribuição do Poder Público (sociedades de economia mista, empresas públicas).
DIREITOS DE PERSONALIDADE
Toda pessoa, a partir do nascimento com vida, tem todos os direitos garantidos pela Constituição Federal e pelo Código Civil. Entretanto, nem todos podem exercê-los por si só, como é o caso dos incapazes, que necessitam ser representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores. 
Nesse sentido, a expressão, capacidade de direito corresponde à possibilidade de exercer todos os atos da chamada vida civil, como cumprir deveres e receber direitos para si mesmo. A capacidade de direito é inerente ao ser humano que possui personalidade jurídica, comum a toda pessoa humana, só se perde com a morte. É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres, ou seja, de ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada (SILVA, 2016). 
Em suma, a capacidade de direito consiste na aptidão genérica da pessoa para adquirir direitos e praticar os atos da vida civil decorrente da personalidade jurídica e se adquire com esta, e consiste no grau de aptidão da pessoa para adquirir direitos. Quem só tem a capacidade de direito possui uma capacidade limitada e será denominado como relativamente incapaz ou absolutamente incapaz para a prática, por si só, dos atos da vida civil. (FRONTA, 2008, p. 99).
Há, ainda, segundo Silva (2016), a capacidade de fato que constitui a aptidão para o exercício dos direitos de personalidade, adquirida na maioridade. 
Os direitos de personalidade são direitos extrapatrimoniais, em que o objeto não possui valor econômico mensurável, não podendo ser comercializado, penhorado e não possui valor monetário. Eles são necessários para realização da personalidade e para sua inserção nas relações jurídicas. Juridicamente, a personalidade é ligada a ideia de pessoa, do latim ‘persona’, por isso, entende-se que a personalidade não é exatamente um direito; é um conceito básico sobre o qual se apoiam os direitos e constituem o mínimo necessário da substância da própria personalidade (FARIAS, 2020).
Os direitos da personalidade são subjetivos, se aplicando a todas as pessoas. São aqueles direitos que a pessoa tem para defender o que é seu, como: a vida, a integridade, a liberdade, a sociabilidade, a honra, a privacidade, a autoria, a imagem e outros.
A personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. A personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano tem direito à personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens. (ARAUJO JUNIOR, 2014, p. 144).
Os direitos da personalidade atribuem ao seu titular uma série de poderes jurídicos, os quais recaem imediatamente sobre o bem jurídico tutelado. Tais poderes, em contrapartida, geram em todos os demais integrantes da sociedade uma obrigação universal negativa, um dever geral de abstenção. Assim os direitos da personalidade têm natureza de direitos absolutos, são indisponíveis, ou seja, o direito indisponível é aquele que está imune à vontade do titular quanto ao seu destinado, direito que não pode ser extinto ou modificado pela vontade, conjugado com o caráter extrapatrimonial(AMARANTE, 2010).
Os direitos da personalidade podem sofrer, por igual, limitações quando atentem contra a boa-fé objetiva e aos bons costumes. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana: “Art. 11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.” (BRASIL, 2010).
Desta feita, a possibilidade de impor, aos direitos da personalidade, uma limitação em face da boa-fé-objetiva e aos bons costumes, nada mais representa que a consonância entre eles, pois não poderíamos entender como possível um exercício de direito de personalidade que violasse estes dos institutos de direito civil. Mesmo tempo, diante da possibilidade de colisão entre os integrantes da cláusula geral dos direitos da personalidade, no caso concreto, assiste ao julgador a possibilidade de impor ao feito a aplicação da técnica da ponderação, que alguns autores entendem como “cedência”, mas que chegam ao mesmo resultado, qual seja: a prevalência de um sobre o outro no caso específico, sem que com isso ocorra a revogação daquele que “cedeu” sua prevalência no caso concreto (FIUZA, 2012).
Evidencia-se que nos artigos 11 a 21, o Código Civil/2002 traz as disposições sobre os direitos da personalidade da pessoa, podendo-se considerar que se referem à pessoa natural e à pessoa jurídica. Nesses dispositivos, tem-se a proteção dos direitos da personalidade, depois da morte do titular, por seus parentes (art. 12, parágrafo único), direito ao próprio corpo (arts. 13, 14 e 15), direito ao nome (arts. 16 e 17, este último vedando a utilização que o exponha “ao desprezo público”, e o 18, vedando a utilização sem autorização), direito ao pseudônimo (art. 19), direito aos escritos, à voz, à honra, imagem e boa-fama (art. 20), vida privada e intimidade, artigo 21 (BRASIL, 2010).
Escrever três páginas sobre os direitos de personalidade previstos no CC, direito de imagem, direito de privacidade, direito intimidade, nome, integridade física e outros.
DIREITOS EXTRAPATRIMONIAIS
Os direitos extrapatrimoniais tratam-se dos danos cometidos contra a subjetividade psicológica ou emocional de um indivíduo. Algum transtorno muito grande que o afete, mas não fisicamente ou financeiramente; sendo assim, não se pode mensurar precisamente “qual o tamanho” desse tipo de dano. Para Camilo Neto (2012) compreendem os danos extrapatrimoniais o dano moral, o dano estético e o dano existencial. 
O dano moral é o mais conhecido entre os danos extrapatrimoniais; refere-se a uma gama de prejuízos de ordem imaterial que pode vir a sofrer uma pessoa. O dano moral é concebido pela doutrina nacional como o resultante de lesões que afetem a honra subjetiva ou objetiva do ser humano, por isso, é considerado uma espécie de dano extrapatrimonial.  Situações que turbem o ânimo psíquico, moral e intelectual do indivíduo, seja por ofensa à sua honra, à sua privacidade, intimidade, imagem, enfim, são comumente tratadas como danos morais.
O dano estético é menos abrangente que o moral. Camilo Neto (2012, p. 33) “os danos estéticos são entendidos como uma ofensa à aparência física da vítima”. Ademais para a caracterização desta modalidade de dano extrapatrimonial deve ser levado em consideração aspectos pessoais da vítima, como o estilo de vida, profissão, idade e sexo. O dano estético se refere a um prejuízo causado à imagem subjetiva de uma pessoa, ou seja, à forma como ela mesma se enxerga ou como a sociedade a enxerga. A ofensa aqui está relacionada a um traço físico da pessoa, que é usado para agredi-la.
O dano existencial é aquele que lesiona algum direito fundamental da pessoa e a leva a alterar o modo como vive e convive em sociedade. O dano existencial consiste no resultado de qualquer dano que ocasione prejuízo à qualidade de vida da vítima, acarretando mudanças no modo de vida, nas relações, entre outros projetos de vida, de modo negativo, seja permanente ou temporariamente. Trata-se de normalmente de uma humilhação ou de um constrangimento tal que, abalado em seu estado emocional, o indivíduo perde vitalidade ou tem seu convívio social significativamente turbado (VENOSA, 2019).
PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA
A pessoa jurídica é uma entidade constituída por um grupo de indivíduos, a quem a lei confere personalidade jurídica para atuar na ordem civil, tendo direitos e obrigações, como uma pessoa natural. São basicamente duas as teorias explicativas da existência da pessoa jurídica: a teoria negativista e a teoria afirmativista. 
As teorias ditas clássicas coincidem em um ponto: buscavam o substrato sociológico, a essência ontológica do que em direito se denomina pessoa jurídica. Já as doutrinas contemporâneas, cansadas do dogmatismo das teorias clássicas, veem a questão sob novo prisma, mormente porque os instrumentos jurídicos tradicionais não são aptos a enfrentar a conformação atual da pessoa jurídica. São características das doutrinas contemporâneas: o abandono da ultrapassada concepção unitária e absoluta da personalidade, a não-aceitação de construções apriorísticas e gerais, e a consideração da personalidade jurídica como meio técnico-jurídico de se alcançar certos objetivos. A teoria negativista apenas nega a existência da pessoa jurídica. A teoria afirmativista, por sua vez, desdobra-se em outras três correntes: teoria da ficção, teoria da realidade objetiva e a teoria da realidade técnica (ANDRADE, 2016).
Segundo Gagliano; Pamplona (2018), na teoria da ficção a pessoa jurídica não tem existência social, apenas existência ideal, sendo produto da técnica jurídica, ou seja, a pessoa jurídica seria uma abstração, sem realidade social. Para a teoria da realidade social objetiva, a pessoa jurídica teria existência social e consiste em um organismo vivo na sociedade e negando a personalidade técnica. A teoria da realidade técnica, equilibra as anteriores, reconhecendo a atuação social da pessoa jurídica, admitindo ainda que a sua personalidade é fruto da técnica jurídica. Reconhece-se a adoção desta terceira teoria afirmativista pelo novo Código Civil ao dispor sobre a tecnicidade jurídica deste ente no artigo 45:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. (BRASIL, 2010).
A existência de pessoa jurídica subordina-se à presença de duas condições, que ao mesmo tempo são elementos do direito subjetivo: a) um interesse coletivo e permanente, e b) a possibilidade de o grupo materializar uma vontade coletiva que o possa representar. O reconhecimento estatal é tão-somente declaratório. Assim, titular de direito é um ser individual ou coletivo, cujo interesse é garantido juridicamente, pelo poder de representação e defesa, concedido a uma vontade (CAVALIERI, 2018).
A atribuição de personalidade à pessoa jurídica possibilita o alcance de resultados mais consistentes, uma vez que a junção de forças financeiras e físicas aliadas ainda à separação das responsabilidades é de grande importância ao fomento da atividade mercantil. Entretanto, há quem se utilize dessa separação de patrimônio e de responsabilidades para fraudar credores, fazendo da personificação um instrumento para encobrir a prática de atos lesivos.
Nesse sentido, o ataque à imagem e ao nome de uma organização pode ser considerado abusivo e sujeitar o seu autor a uma condenação de reparação por danos morais, inclusive quando se trata de consumidor insatisfeito com produto ou serviço.O objetivo é ser informativo e ser um alerta, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, sendo que a pessoa jurídica pode ser vítima de dano moral (COELHO, 2019). Para isso, é importante entender como essa proteção é estendida à pessoa jurídica alertando sobre os cuidados que as partes devem ter para se evitar problemas em relação a esse tema.
Assim, segundo Farias (2020), a personalidade jurídica é o atributo reconhecido a toda pessoa para que possa atuar no plano jurídico e reclamar uma proteção jurídica, mínima, básica, reconhecida pelos direitos da personalidade.
A pessoa jurídica é detentora de personalidade jurídica, por conseguinte, como corolário de sua personalidade, uma capacidade jurídica para relações patrimoniais, no entanto, pode não ser titular de direitos da personalidade, o que não impede que seja alcançada por eles, naquilo que couber e que sua falta de estrutura biopsicológica lhe permitir. Nesse sentido, o Código Civil dispõe que: “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade” (BRASIL, 2010). 
Outrossim, o Enunciado da súmula do Superior Tribunal de Justiça 227 dispõe que: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” (BRASIL, 1999). 
Todavia, o Enunciado 286 do Conselho de Justiça Federal entende que não se aplicam os direitos de personalidade à pessoa jurídica, uma vez que são inerentes à pessoa natural.
Desta forma, analisa-se a possibilidade de reparação civil por danos morais à pessoa jurídica, considerando-se os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais.
Feitas essas considerações, passa-se ao capítulo 4. 
POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA
Esse capítulo trata sobre a possibilidade de dano moral à pessoa jurídica. 
o artigo 52 do código civil e a aplicabilidade dos direitos de personalidade à pessoa jurídica
O Código Civil de 2002, no artigo 52, consolidou no Direito brasileiro a categoria do direito geral de personalidade da pessoa jurídica, albergando doutrina que vinha se afirmando entre nós, desde meados do século XX.
Personalidade jurídica é a ideia de que uma pessoa, seja física (pessoa natural), seja jurídica (empresa, ente público, associação sem fins lucrativos) tenha capacidade de adquirir direitos e contrair deveres na sociedade. Apesar de forte tendência jurisprudencial no sentido da possibilidade da pessoa jurídica ter legitimidade para o pleito de danos morais, antes do Código Civil, havia uma discussão se tal corrente era a que deveria prevalecer ou não, principalmente na doutrina (COMPARATO, 2016).
A ideia de a pessoa jurídica ser merecedora de tutela, diante da prática de atentados contra sua personalidade por terceira pessoa, natural ou jurídica, que pratique danos ao seu nome, à sua honra objetiva e à sua imagem, não é recente.
Destaca-se, nesse sentido, que muitos relutaram para aceitar a possibilidade de uma pessoa jurídica ser titular de direitos extrapatrimoniais. É certo que tal oposição se deve em grande parte à visão de que o dano extrapatrimonial se restringe a um aspecto ‘moral’, ou ‘psicológico’, que certamente as pessoas jurídicas não têm; somente as pessoas físicas sentem ‘dor’. 
Porém, não estando a não-patrimonialidade ligada necessariamente à dor, óbice algum há para que a pessoa jurídica possa pleitear a compensação por danos extrapatrimonial. A violação aos direitos da personalidade, assegurados também às pessoas jurídicas, não possui como elemento a inflição de dor na vítima, mas tão somente a violação objetiva do direito.
Há autores que, já não se opondo totalmente à essa tese, mas também não estando confortáveis o suficiente para adotá-la sem restrições, adotam uma linha intermediária, admitindo que a pessoa jurídica possa sofrer lesões extrapatrimoniais em certas situações. Bevilaqua (2008), argumenta que a pessoa jurídica não recebe a mesma proteção atenção constitucional à sua dignidade concedida à pessoa física, entende que só haverá ditas lesões quando, p.ex., a empresa não tiver fins lucrativos ou "quando estiver sendo atacada em aspectos não-avaliáveis, direta e imediatamente, em dinheiro. O autor ainda defende a necessidade de comprovação de um ‘potencial prejuízo’ patrimonial, batizando ainda de dano institucional a lesão sofrida nessas circunstâncias.
Assim, por exemplo, na elaboração do chamado dano institucional, nada impediria que se levasse em consideração as condições econômicas da vítima ou que se pensasse em termos de aposição de tetos indenizatórios, ou, ainda, que o delineamento dos lucros cessantes, nesse caso, fosse uma categoria específica que teria por base a imagem institucional de que a empresa é (ou era) detentora. Há inúmeras vantagens em se diferenciar, no âmbito da responsabilidade civil, a pessoa jurídica da pessoa humana, especialmente no que tange à especialíssima tutela de quês esta última é credora (AUTOR, ANO).
Desse modo, tal restrição à responsabilidade em face de danos extrapatrimoniais causados à pessoa jurídica parece infundada, pois a lesão extrapatrimonial não está necessariamente ligada a sofrimento psicológico ou físico, de modo que não há qualquer fundamento, e muito menos fundamento jurídico, que justifique tal restrição. Ademais, limitar a proteção contra lesões patrimoniais somente às instituições sem fins lucrativos é injustificável, e reminiscente da lamentável interpretação feita por parte da doutrina consumerista, que somente admite que pessoa jurídica ocupe a posição de consumidora quando não tiver finalidade lucrativa. Veremos esse assunto com mais detalhes em tópico específico (AUTOR, ANO).
Nessa perspectiva, há algum tempo os tribunais vêm reconhecendo às pessoas jurídicas a possibilidade de serem vítimas de lesão por danos morais quando o atentado à sua personalidade resultar em repercussão social. A reiterada jurisprudência dos tribunais inferiores levada ao conhecimento do Superior Tribunal de Justiça resultou na prolação da Súmula 227, a qual expressamente declara que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, assim como o que dispõe o Código Civil (art. 52), pelo qual: “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.” (BRASIL, 2010).
Deve-se lembrar que a codificação dos direitos da personalidade é alvo de intenso debate, principalmente por sua característica de direito ilimitado, mas, isso não tem sido obstáculo suficiente para a sua não positivação. Embora tardiamente, o legislador civil contemplou o Código Civil brasileiro com um dispositivo legal destinado a tutelar a personalidade da pessoa jurídica de modo análogo ao empregado na proteção dos direitos de personalidade da pessoa natural, respeitadas as peculiaridades da categoria, alinhando-se ao atual entendimento da jurisprudência e com o pensar da nossa mais abalizada doutrina.
Podia acrescentar aqui, umas quatro decisões dos Tribunais acatando a responsabilização civil por dano moral à pessoa jurídica com base no art. 52 CC. Colocar a ementa da decisão e fazer um comentário, podiam ser duas favoráveis e duas desfavoráveis.
SUMULA 227 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E A EXTENSÃO DO DANO MORAL À PÉSSOA JURÍDICA
A sumula do 227 do Supremo Tribunal Federal dispõe que a honra objetiva da pessoa jurídica pode ser ofendida pelo protesto indevido de título cambial, cabendo indenização pelo dano extrapatrimonial daí decorrente.
Segundo Farias (2020), o dano moral não possui caráter patrimonial e que afeta os direitos da personalidade do lesado. A reparação deste dano objetiva compensar o sofrimento da vítima com o pagamento de uma indenização. O dano moral, refere-se à ofensa ou violação. Na natureza da indenização por danos morais, pode-se ver que existem três correntes que defendem naturezas jurídicas distintas das indenizações por danos morais.
Uma primeira corrente sustenta que as indenizações por danos morais têm natureza reparatória ou compensatória, despida de qualquer finalidade punitiva ou pedagógica. Uma segunda corrente assinala que as indenizações por danos morais têm

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