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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.2 Página | 1 PMSUS - Oficina 01 DCNT E REDE DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA 1. CONHECER OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DE NEOPLASIAS NO BRASIL E NO MUNDO (CÂNCER DE MAMA E COLO DE ÚTERO); Em 2019, foram registrados, no Brasil, 120.994 óbitos por neoplasias malignas, cujos indivíduos estavam na faixa etária de 30 a 69 anos. Na população masculina, as neoplasias malignas de brônquios e pulmões foram responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade em todo o período, apresentando decréscimo em sua magnitude a partir de 2004. Entre as mulheres, as neoplasias de brônquios e pulmões estavam em terceiro lugar entre as causas de morte por neoplasias malignas até 2005, passando para o segundo lugar a partir de então. Ao contrário dos homens, as mulheres vêm apresentando aumento na taxa de mortalidade por neoplasia malignas dos brônquios e pulmões. Contudo, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que a mortalidade por esta causa entre mulheres se estabilizará a partir de 2030, em consequência direta da diminuição da prevalência de tabagismo na população feminina. Essa mudança tardia em relação à população masculina pode decorrer do fato de as maiores prevalências de tabagismo entre mulheres terem sido observadas, historicamente, em momentos posteriores àqueles em que ocorreram as maiores prevalências entre homens. A neoplasia de mama foi responsável pela maior taxa de mortalidade por neoplasia malignas em mulheres em todo o período analisado, sendo verificado acréscimo em sua magnitude ao longo dos anos. Câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres, depois das neoplasias de pele não melanoma, correspondendo a quase 30% dos novos casos de câncer diagnosticados anualmente nas brasileiras, sendo também a maior causa de morte na população feminina. A evolução no aumento de casos no Brasil segue a tendência mundial, com estimativas do Instituto Nacional do Câncer de 66.280 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. São necessárias ações de promoção à saúde da mulher relacionadas ao câncer de mama, para potencializar o diagnóstico precoce da doença. Somente com ações de promoção em saúde preventiva e educação em diagnóstico precoce, conseguiremos reduzir as taxas de diagnóstico em estágios avançados, que ainda superam os 50% no Brasil. Os dados deste dashboard nos mostram alguns pontos importantes: • Aumento de casos de câncer de mama no Brasil segue a tendência mundial, com cerca de 66.280 novos casos para cada ano entre 2020-2022, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). • Houve aumento de pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), devido às milhões de pessoas que migraram dos planos de saúde para a saúde pública nos últimos anos. • Altos índices de diagnóstico em estágio II e III. • Necessidade de intervenções em promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco, assim como políticas públicas visando o rastreamento e diagnóstico precoce. Quanto à neoplasia maligna do colo do útero, observa- se pouca variação na mortalidade por esta causa no período de 2000 a 2019, permanecendo como a terceira causa de morte por neoplasias malignas entre mulheres desde 2005. O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes tumores na população feminina e a principal causa da doença é a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.2 Página | 2 alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na quase totalidade dos casos. O câncer de colo do útero é o terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil (exceto pele não melanoma) com estimativa de 16.590 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, segundo a mais recente estimativa do INCA. Os dados deste dashboard nos mostram alguns pontos importantes: • Nos últimos oito anos, houve pouca alteração na incidência do câncer de colo do útero. A quantidade de centros de tratamento teve um tímido aumento no período de 2012 para 2019, passando de 298 para 318 centros no país. Porém, o número de óbitos vem crescendo desde 2012. • Desde 2016, houve aumento de pacientes de câncer de colo do útero em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), devido às pessoas que migraram dos planos de saúde para a saúde pública nos últimos anos. • Entre os pacientes que realizaram quimioterapia no SUS, em 2019: 61% estavam em estadiamento inicial e 39% avançado. • Necessidade de aumentar a cobertura dos exames de Papanicolau de 25 a 64 anos. Em 2019, apenas na faixa etária de 30 a 64 anos, ultrapassa o número de 4 mil pacientes com câncer de colo uterino em tratamento no SUS, conforme demonstra o terceiro gráfico. 2. ESTUDAR OS FATORES DE RISCO QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS NEOPLASIAS E A PREVENÇÃO: A) CÂNCER DE MAMA ; O câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, tais como: idade, fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores genéticos/hereditários. Mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, têm maior risco de desenvolver câncer de mama. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias alterações biológicas com o envelhecimento aumentam, de modo geral, esse risco. Os fatores endócrinos/história reprodutiva estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico, seja endógeno ou exógeno, com aumento do risco quanto maior for a exposição. Esses fatores incluem: história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade, uso de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona) e terapia de reposição hormonal pós- menopausa (estrogênio-progesterona). Os fatores comportamentais/ambientais bem estabelecidos incluem a ingesta de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade, inatividade física e exposição à radiação ionizante. O tabagismo, fator estudado ao longo dos anos com resultados contraditórios, é atualmente classificado como agente carcinogênico com limitada evidência para câncer de mama em humanos. São evidências sugestivas, mas não conclusivas, de que ele possivelmente aumenta o risco desse tipo de câncer. A exposição a determinadas substâncias e ambientes, como agrotóxicos, benzeno, campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos, compostos orgânicos voláteis (componentes químicos presentes em diversos tipos de materiais sintéticos ou naturais, caracterizados por sua alta pressão de vapor sob condições normais, fazendo com que se transformem em gás ao entrar em contato com a atmosfera, hormônios e dioxinas (poluentes orgânicos altamente tóxicos ao ambiente e que demoram muitos anos para serem eliminados, oriundos de subprodutos de processos industriais e de combustão) pode também estar associada ao desenvolvimento do câncer de mama. Os profissionais que apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença são os cabeleireiros, operadores de rádio e telefone, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, comissários de bordo e trabalhadores noturnos. As atividades econômicas que mais se relacionam ao desenvolvimento da doença são as da indústria da borracha e plástico, química e refinaria de petróleo. O risco de câncer de mama devido à radiação ionizante é proporcional à dose e à frequência. Dosesaltas ou moderadas de radiação ionizante (como as que ocorrem nas mulheres expostas a tratamento de radioterapia no tórax em idade jovem) ou mesmo doses baixas e frequentes (como as que ocorrem em mulheres expostas a dezenas de exames de mamografia) aumentam o risco de desenvolvimento do câncer de mama. Os fatores genéticos/hereditários foram relacionados à presença de mutações em determinados genes. Essas mutações são mais comumente encontradas nos genes Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.2 Página | 3 BRCA1 e BRCA2, mas também são frequentes em outros genes como: PALB2, CHEK2, BARD1, ATM, RAD51C, RAD51D e TP53. Mulheres que possuem vários casos de câncer de mama e/ou pelo menos um caso de câncer de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou câncer de mama em homem também em parente consanguíneo, podem ter predisposição hereditária e são consideradas de risco elevado para a doença. O câncer de mama de caráter hereditário corresponde, por sua vez, a apenas 5% a 10% do total de casos. B) CÂNCER DE COLO DE ÚTERO (HPV) . Sabe-se que as taxas de incidência e diagnóstico podem variar conforme a implementação e o acesso a programas de prevenção e controle efetivos do câncer de colo uterino. Além disso, as taxas podem ser impactadas por mudanças no comportamento da população. De acordo com dados do INCA (2019), fatores que aumentam o risco de desenvolver esse tipo de câncer são: • Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. • Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros consumidos). • Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais. O controle do câncer de colo de útero compõe o Plano de Ações Estratégicas no Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), do Ministério da Saúde. Em 2016, foram lançadas as Diretrizes de Rastreamento do Câncer de Colo de Útero, que incluem a realização de citologia oncótica (Papanicolau) em mulheres assintomáticas na faixa etária de 25 a 64 anos, a cada 3 anos, desde que tenham dois exames realizados anualmente com resultados normais. Em casos de lesão de baixo grau detectada, deve-se realizar um novo exame no intervalo de seis meses. É muito importante ressaltar que o câncer de colo de útero é altamente prevenível e, quando as alterações (lesões precursoras) que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, a porcentagem de prevenção da doença é alta. Desde 2014, a vacina tetravalente contra o HPV (tipos 6, 11, 16 e 18) faz parte do Calendário Oficial de Vacinação do Ministério da Saúde, para meninas na faixa etária de 9 a 13 anos. A partir de 2017, passou a fazer parte para os meninos de 11 a 13 anos. A vacinação das crianças, em idade antes do início da atividade sexual, é uma excelente forma de evitar o contágio pelo HPV (vírus sexualmente transmissível) e com potencial de erradicar o câncer de colo de útero no futuro. Porém, a cobertura vacinal ainda é baixa. Para melhoria deste cenário no Brasil, são necessárias políticas públicas baseadas em evidências e que incluam no seu desenvolvimento programas de detecção e rastreamento de câncer na população, além da educação em saúde. 3. COMPREENDER AS LINHAS DE CUIDADO VOLTADAS PARA O RASTREAMENTO, O DIAGNÓSTICO PRECOCE E O TRATAMENTO DOS CANCERES DE MAMA E DE COLO DE ÚTERO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA; O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico (exame de Papanicolau), que deve ser oferecido às mulheres ou qualquer pessoa com colo do útero, na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. Isso pode incluir homens trans e pessoas não binárias designadas mulher ao nascer. A priorização desta faixa etária como a população-alvo do Programa justifica-se por ser a de maior ocorrência das lesões de alto grau, passíveis de serem tratadas efetivamente para não evoluírem para o câncer. Segundo a OMS, a incidência deste câncer aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos de idade e atinge seu pico na quinta ou sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações clínicas. Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical é reduzido dada a sua lenta evolução. A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A repetição em um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a possibilidade de um resultado falso-negativo na primeira rodada do rastreamento (BRASIL, 2016). A periodicidade de três anos tem como base a recomendação da OMS e as diretrizes da maioria dos países com programa de rastreamento organizado. Tais diretrizes justificam-se pela ausência de evidências de que o rastreamento anual seja significativamente mais efetivo do que se realizado em intervalo de três anos. O rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas constitui uma situação especial, pois, em função da defesa imunológica reduzida e, Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.2 Página | 4 consequentemente, da maior vulnerabilidade para as lesões precursoras do câncer do colo do útero, o exame deve ser realizado logo após o início da atividade sexual, com periodicidade anual após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo semestral. Por outro lado, não devem ser incluídas no rastreamento mulheres sem história de atividade sexual ou submetidas a histerectomia total por outras razões que não o câncer do colo do útero. O êxito das ações de rastreamento depende dos seguintes pilares: • Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada; • Alcançar a meta de cobertura da população alvo; • Garantir acesso a diagnóstico e tratamento; • Garantir a qualidade das ações; • Monitorar e gerenciar continuamente as ações. É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática assistencial, a anamnese bem realizada e a escuta atenta para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento. Sinais e sintomas associados com possível diagnóstico de câncer de Colo do útero → Dor e sangramento após relação sexual, corrimento vaginal excessivo. As mulheres diagnosticadas com lesões intraepiteliais do colo do útero no rastreamento devem ser encaminhadas à unidade secundária para confirmação diagnóstica e tratamento, segundo as diretrizes clínicas estabelecidas. Rastreamento de câncer de mama. Recomenda-se o rastreamento de câncer de mama bianual por meio de mamografia para mulheres entre 50 e 74 anos. A decisão de começar o rastreamento bianual com mamografia antes dos 50 anos deve ser uma decisão individualizada, levando em consideração o contexto da paciente, os benefícios e os malefícios. Sinais e sintomas associados com possível diagnóstico de câncer de Mama → Nódulo mamário, assimetria, retração da pele, recente retração do mamilo, descarga papilar sanguinolenta, alterações eczematosas na aréola. O câncer de mama, quando identificado em estádios iniciais (lesões menores que 2 cm de diâmetro), apresenta prognóstico mais favorável e a cura pode chegar a 100%. Em países que implantaram programas efetivos de rastreamento, a mortalidade por esse tipo de câncer vem apresentando tendência de redução. Estima-se que cerca de 25% a 30% das mortes por câncerde mama na população entre 50 e 69 anos podem ser evitadas com estratégias de rastreamento populacional que garantam alta cobertura da população-alvo, qualidade dos exames e tratamento adequado. As evidências de impacto do rastreamento na mortalidade por essa neoplasia justificam sua adoção como política de saúde pública, tal como recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Os critérios para o rastreamento são, entretanto, alvo de permanente debate na comunidade científica, tendo em vista a necessidade de se definir o uso mais adequado dos recursos para o alcance dos melhores resultados. A estratégia brasileira para controle do câncer de mama está definida no Documento de Consenso, elaborado pelo INCA, em parceria com gestores do SUS, sociedades científicas e universidades. Conforme o Consenso, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento de câncer de mama na rotina de atenção integral à saúde da mulher. O risco de câncer de mama aumenta com a idade e o rastreamento populacional para essa doença deve ter como alvo as mulheres na faixa etária de maior risco. Mulheres de 40 a 49 anos → ECM anual e, se este estiver alterado, mamografia. Mulheres de 50 a 69 anos → ECM anual e mamografia de dois em dois anos. Mulheres de 35 anos ou mais com risco elevado → ECM e mamografia anual. Vale ressaltar que, em contextos em que a mamografia não é de acesso universal para o rastreamento, o ECM passa a ser alternativa importante para a detecção substancial de casos de câncer de mama. É recomendável que o resultado do exame clínico seja descrito seguindo as etapas de inspeção visual, palpação das axilas e regiões supraclaviculares e tecido mamário. É considerado exame normal ou negativo quando nenhuma anormalidade for identificada e anormal quando achados assimétricos demandarem investigação especializada. As alterações podem ser desde alterações na cor da pele da mama até massas, nódulos, retração da pele da mama e/ou do mamilo, feridas e descarga papilar espontânea. A descarga papilar espontânea deve sempre ser investigada. Quando o exame clínico das mamas é normal, a mulher Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.2 Página | 5 deve ser orientada para seguir a rotina do rastreamento. Quando detectadas anormalidades, é necessária a investigação diagnóstica com exames complementares, tais como mamografia, ultrassonografia, punções e biópsias e, eventualmente, encaminhamento para especialista focal. Em relação à mamografia, para cada resultado de categoria BI-RADS®, é prevista uma conduta, desde o retorno à rotina do rastreamento até o encaminhamento para investigação diagnóstica e/ou tratamento em unidades de referência. O tipo de procedimento de investigação diagnóstica complementar depende da lesão encontrada nos achados clínicos (lesões palpáveis e lesões não palpáveis) e/ou dos resultados radiológicos. Resultados da mamografia e condutas da atenção básica no rastreamento de câncer de mama 0) Inconclusivo → Avaliação adicional 1) Sem achados → Rotina de rastreamento* 2) Achado benigno → Rotina de rastreamento 3) Achado provavelmente benigno → Controle radiológico em seis meses (eventualmente biópsia) 4) Achado suspeito → Encaminhamento para seguimento em unidade de referência 5) Achado altamente suspeito → Encaminhamento para seguimento em unidade de referência 6) Achado com diagnóstico de câncer, mas não tratado → Encaminhamento para seguimento em unidade de referência de alta complexidade. 4. DISCUTIR O PAPEL DA APS: A) NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DAS NEOPLASIAS ; A atenção primária à saúde tem um papel fundamental na detecção precoce do câncer, principalmente os cânceres de mama e colón uterino. As ações de prevenção precoce podem reduzir a incidência e a mortalidade do câncer em diferentes proporções para alguns tipos de câncer mais comuns. A promoção à saúde na atenção primária tem sua relevância na redução da exposição e agentes cancerígenos relacionados a fatores ambientais e comportamentais. Os fatores de riscos conhecidos são: tabagismo, álcool, inatividade física, dieta pobre em frutas, legumes e verduras e rica em gordura animal, obesidade, radiação solar e agentes cancerígenos ambiental e ocupacional. Na linha de cuidado do câncer, a atenção primária à saúde tem responsabilidade quanto a ações de promoção, prevenção, detecção precoce e cuidados paliativos, ou seja, em todos os níveis de prevenção da história natural da doença. Compete ao componente Atenção Básica na Rede Oncológica: a) realizar ações de promoção da saúde com foco nos fatores de proteção relativos ao câncer, tais como alimentação saudável e atividade física, e prevenção de fatores de risco, tais como agentes cancerígenos físicos e químicos presentes no ambiente; b) desenvolver ações voltadas aos usuários de tabaco, na perspectiva de reduzir a prevalência de fumantes e os danos relacionados ao tabaco no seu território, conforme o Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer ou conforme diretrizes definidas localmente; c) avaliar a vulnerabilidade e a capacidade de autocuidado das pessoas com câncer e realizar atividades educativas, conforme necessidade identificada, ampliando a autonomia dos usuários; d) realizar rastreamento de acordo com os protocolos e as diretrizes federais ou de acordo com protocolos locais, baseado em evidências científicas e na realidade locorregional; e) implementar ações de diagnóstico precoce, por meio da identificação de sinais e de sintomas suspeitos dos tipos de cânceres passíveis desta ação e o seguimento das pessoas com resultados alterados, de acordo com as diretrizes técnicas vigentes, respeitando-se o que compete a este nível de atenção; f) encaminhar oportunamente a pessoa com suspeita de câncer para confirmação diagnóstica; g) coordenar e manter o cuidado dos usuários com câncer, quando referenciados para outros pontos da rede de atenção à saúde; h) registrar as informações referentes às ações de controle de câncer nos sistemas de informação vigentes, quando couber; i) realizar atendimento domiciliar e participar no cuidado paliativo às pessoas com câncer, de forma integrada com as equipes de atenção domiciliar e com as UNACON e os CACON, articulada com hospitais locais e com demais pontos de atenção, conforme proposta definida para a região de saúde; j) desenvolver ações de saúde do trabalhador por meio da capacitação das equipes para registro do histórico ocupacional, tanto a ocupação atual quanto as anteriores, contendo atividades exercidas e a exposição a agentes cancerígenos inerentes ao processo de trabalho, otimizando as ações de vigilância do câncer relacionado ao trabalho; B) NO RASTREAMENTO E NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DOS CANCERES DE MAMA E DE COLO DE ÚTERO NO BRASIL .
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