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Avaliação do Consumo Alimentar Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª M.ª Fernanda Trigo Costa Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais • Compreender a importância da aplicação de inquéritos alimentares para o estudo do consumo alimentar de indivíduos e populações; • Conhecer os principais inquéritos de abrangência nacional, para interpretar adequadamente os dados e utilizar as informações nas diversas condutas nutricionais. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • A Evolução da Alimentação Brasileira; • Conceitos e Objetivos dos Inquéritos Alimentares; • Principais Investigações Nacionais Sobre Alimentação. UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Contextualização Como é a alimentação da população brasileira? Variada, multicultural, farta, tradicional, moderna, carente... São muitas as classificações possíveis. Mas de onde vêm as informações e os dados para que se determine essas classificações? Atualmente, os paradoxos entre escassez e excessos, o global e o local, o desenvolvi- mento e a desigualdade são constantes contradições da Sociedade e têm interferido na forma na qual as pessoas se comportam, comem, relacionam-se e adoecem. A obesidade, a anemia e outras carências nutricionais convivem no mesmo corpo e em todas as classes sociais, mas se diferenciam pelo contexto sociocultural em que essas pessoas estão inseridas, e é justamente esse contexto que pode ser fator determinante na forma de enfrentamento do problema em virtude do acesso, conhecimento e outras condições, ou a ausência delas (SOUZA et al., 2017). O artigo “A (des)nutrição e o novo padrão epidemiológico em um contexto de desenvolvi- mento e desigualdades” aborda aspectos relacionados à nutrição, contemplando as dimensões de escassez e excessos, e sua evolução ao longo do tempo, além de sua conexão com o novo pa- drão epidemiológico do Brasil. Vale a pena conferir. Disponível em: https://bit.ly/399tVAQ São muitos os interesses envolvidos nas questões relacionadas à saúde e à nutrição na Sociedade contemporânea. Por isso, é fundamental explorar os diferentes cenários e as relações que determinam os padrões alimentares para compreendermos e monito- rarmos as práticas e a evolução dos hábitos de consumo alimentar contemporâneo, suas variações em relação às diferenças regionais ou globais e direcionar as ações em saúde para cada população. No Brasil, bem como em outros países, as pesquisas destacam o “aumento exponen- cial da participação de produtos ultraprocessados e prontos para o consumo na rotina alimentar das pessoas, além da redução no consumo de alimentos in natura e minima- mente processados” (ROMEIRO et al., 2020). Essa realidade está intimamente ligada à globalização dos sistemas agroalimentares, que interferiu na diversificação da oferta de alimentos, modificando o padrão de consumo alimentar no contexto mundial contemporâneo, trazendo impactos à saúde dos indivíduos. Conhecer o padrão alimentar populacional e compreender e continuar observando a transição nutricional que vem ocorrendo no Brasil subsidiam a implementação de políti- cas específicas para promover a segurança alimentar e nutricional e para a elaboração de possíveis intervenções que garantam a promoção e a proteção da saúde, possibilitan- do a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano com qua- lidade de vida e cidadania. Para tanto, é necessária a realização frequente e sistemática de pesquisas de representatividade populacional sobre o consumo alimentar, mesmo 8 senac Realce senac Realce 9 sabendo-se que a concretização de estudos de avaliação do consumo alimentar, em nível nacional, seja complexa (MENEZES; OSÓRIO, 2009; SANTANA; SARTI, 2019). Nesta Unidade, iremos estudar os Inquéritos Alimentares de maior representatividade nacional, bem como os métodos utilizados para a coleta de dados e a abrangência dessas informações em relação à caracterização da alimentação brasileira e sua evolução ao longo do tempo. Para este momento, as principais questões são: quais são os conceitos e os objetivos dos Inquéritos Alimentares? De que forma as pesquisas de avaliação do consumo ali- mentar podem fornecer informações para as tomadas de decisão em relação à saúde dos indivíduos? Como podemos utilizar essas informações em nossa prática profissional? Bons estudos! 9 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais A Evolução da Alimentação Brasileira Mesmo dentro de um contexto de turbulências econômicas, políticas e sociais, o Brasil mudou substancialmente nos últimos cinquenta anos, seja por conta de fatores externos, derivados de um mundo progressiva- mente globalizado, seja pelo desenvolvimento autônomo de circunstân- cias e processos históricos e culturais próprios do que se pode chamar de “modelo brasileiro”. (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003, p. 182) A citação acima continua atual, diante dos acontecimentos que ocorreram e ainda presenciamos na história brasileira. Somos um país em transição? A alimentação brasileira é um reflexo dessa transição? Segundo Escoda (2002), em seu artigo Para a Crítica da Transição Nutricional, a transição, entendida como processo, supõe a evolução e/ou a distensão movida por forças sociais no interior de um sistema político: O termo transição pode ser entendido como o ato ou efeito de transitar. O verbo indica um trajeto, uma trajetória. Passagem de um lugar, de um assunto, (...) para outro. (...) Para a epidemiologia, a transição consiste na existência de um primeiro estágio que fora marcado pelas doenças pestilenciais e pela fome epidêmica; um segundo, pelo declínio das pan- demias; e um terceiro, caracterizado pelas doenças degenerativas e pro- duzidas pelo homem. (ESCODA, 2002, p. 221-2) Sendo assim, não é possível avaliar o consumo alimentar ou determinar o padrão ali- mentar, seja da população, seja de um indivíduo, de forma isolada. Isso porque seria um olhar “supostamente isolado”, pois tanto a população quanto um indivíduo pertencem a um contexto, um tempo, uma cultura etc., ou seja, são componentes sociais. Partindo-se deste pressuposto, vamos observar a evolução e/ou mudanças na alimen- tação brasileira. Na década de 1940, aproximadamente 69% dos brasileiros residiam na zona rural e a maior parte da população economicamente ativa trabalhava na agricultura, pecuária, silvicultura, atividades domésticas e escolares (73,6%). Já em 2012, 84,8% da popula- ção se encontrava concentrada nas áreas urbanas do país, com diferenças importantes dentro do território nacional. Essas mudanças ao longo do tempo transformaram as relações de trabalho e as estruturas geradoras de renda e geraram impacto no estilo de vida e estado nutricional. O número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva passou de 6,3 para 1,8, em 1940 e 2012, respectivamente. Por outro lado, a taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida reduziu de 124 óbitos para cada mil nascidos vivos, em 1960, para 16 em 2010, e alcançou o objetivo do milênio antes do tempo previsto (2015). Ao mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou de 42,7 anos, na década de 40, para 74,5 anos, em 2012 e, segundo projeções, alcançará 81,29 anos em 2050. 10 senac Realce 11 Em relação ao consumo alimentar, quando os dados das pesquisas nacionais de 1970, 1980 e 1990, foram comparados, observou-se aumento no consumo de refrigerantes, biscoitos, embutidos e refeições industrializadas em 425%, 218%, 173% e 77% respec- tivamente. Por outro lado, reduziu-se o consumo de ovos, gordura animal, peixes, raízes e tubérculos em 83%, 63%, 38% e 33%, respectivamente. O consumo médio de sal no Brasil (12g/dia) alcançou o dobro da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (SOUZA et al., 2017). Embora tenha sido observado aumento na presença de alimentos ultraprocessados, os alimentosmais presentes continuam a ser o arroz, feijão e carnes (Figura 1), embora observe-se um declínio na aquisição de feijão quando se comparam os índices atuais com as pesquisas anteriores. O artigo Incerteza sobre alimentação diminui, mas qualidade ainda preocupa comenta, ainda, a insegurança alimentar que atinge mais de 25% da população brasileira. Figura 1 Fonte: PARADELLA, 2018 Incerteza sobre alimentação diminui, mas qualidade ainda preocupa. Disponível em: https://bit.ly/398Zvyz Entre 2014 e 2015, conforme VIGITEL (2014) e IBGE (2016), a prevalência de exces- so de peso entre adolescentes foi de 23,7% nos meninos e 23,8% nas meninas, enquan- to 52,5% dos adultos brasileiros estavam acima do peso e 17,9% obesos. 11 senac Realce UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Pode-se destacar como mudanças positivas nos últimos anos o aumento da prática de atividade física em 18% (2009/2014) e a redução de 19,3% no número de pessoas que assistiam televisão três ou mais horas por dia (2006/2014), além da tendência à estabilização da obesidade nos últimos três anos (2012-2014). Práticas desfavoráveis em relação à dieta e à atividade física têm sido associadas a fatores contribuintes na prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade. No Brasil, verifica-se um declínio acelerado na ocorrência da desnutrição entre crianças e adultos e, simultaneamente, elevação da prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira. As projeções dos resultados de estudos efetuados nas últimas três décadas colocam holofotes no aumento das taxas de sobrepeso e obesi- dade no Brasil, uma das características marcantes do processo de transição nutricional do país (SANTANA; SARTI, 2019). Em outra perspectiva, as Pesquisas de Orçamentos Familiares trazem um dado que reflete as mudanças na forma como as pessoas direcionam os gastos com alimentação, identificando que as participações percentuais da despesa média mensal familiar com a alimentação têm apresentado alterações significativas nos seus dois grupos: despesas com aquisições de alimentos para consumo no domicílio e despesas com aquisições de alimentos consumidos fora do domicílio, conforme gráfico a seguir: Figura 2 – Percentual da despesa monetária e não monetária mensal familiar com alimentação fora do domicílio, segundo a situação do domicílio – Brasil – 2002/2018 Fonte: IBGE, 2019 Para a identificação da evolução das características do consumo alimentar brasileiro, a realização de inquéritos populacionais com produção de informações de relevância para a saúde coletiva, bem como a qualificação profissional para utilização dessas informações, constituem meios essenciais de aprimoramento para o planejamento em saúde e elabo- ração de intervenções mais eficientes, eficazes e efetivas (SPERANDIO; PRIORI, 2017). Importante! Quando utilizamos dados populacionais provenientes de Inquéritos Alimentares para avaliar adequações nutricionais, comparamos esses dados às recomendações nutricionais por meio de análise estatística. Por outro lado, quando obtemos informações sobre o consumo alimen- tar de um indivíduo, a comparação deve ser feita com base nas necessidades nutricionais espe- cíficas. Para ambos os casos, as referências são as DRIs (Dietary Reference Intakes). 12 senac Realce senac Realce senac Realce 13 Conceitos e Objetivos dos Inquéritos Alimentares Os hábitos alimentares, num conceito ampliado, estão intimamente relacionados aos aspectos culturais, antropológicos, socioeconômicos e psicológicos no contexto em que as pessoas estão inseridas. Neste cenário, a análise do consumo alimentar tem papel decisivo e não se restringe à mera quantificação dos nutrientes consumidos. Muito pelo contrário, busca-se, em conjunto com o indivíduo, a identificação dos determinantes demográficos, sociais, culturais, ambientais e cognitivo emocionais da alimentação cotidiana para que sejam estabelecidos planos alimentares mais adequados à realidade, o que resultará em melhor adesão ao tratamento nutricional (FISBERG; MARCHIONI; COLUCCI, 2009). Os inquéritos alimentares são uma relação de perguntas ou itens a serem avaliados que podem fornecer informações qualitativas, quantitativas ou ambas sobre a ingestão de alimentos e nutrientes, em nível individual ou populacional (MUSSOI, 2015). Esses inquéritos constituem uma forma de avaliação indireta da condição nutricional de indivíduos e grupos populacionais e permitem conhecer o consumo de energia e de nutrientes que, ao se comparar aos padrões de referência, podem identificar os indivídu- os em risco de inadequação alimentar. As investigações epidemiológicas realizadas nos inquéritos alimentares e nutricionais utilizam procedimentos metodológicos que possibilitam estimar o perfil nutricional e fatores determinantes dos agravos que possam estar relacionados à nutrição, documen- tando estas questões de forma técnica e científica, fornecendo, assim, informações para as ações de saúde pública (MENEZES; OSÓRIO, 2009). A análise representativa do consumo alimentar possibilita, também, a coleta e a adequa- da interpretação dos dados antropométricos nos diferentes grupos etários (SPERANDIO; PRIORE, 2017). Figura 3 Fonte: Getty Images 13 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Os objetivos dos inquéritos alimentares, sejam eles aplicados ao estudo da alimenta- ção de populações, seja no estudo individualizado, fomentam: • Planejamento alimentar para: » Adequação da oferta de alimentos; » Produção e distribuição de alimentos; » Regulação de produtos alimentícios. • Interesses nutricionais de forma a: » Estimar a adequação da ingestão de nutrientes em populações; » Identificar grupos de risco nutricional; » Investigar a relação dieta-saúde-estado nutricional; » Avaliar programas de intervenção e educação nutricional; » Investigar ingestão de alimentos fortificados. • Levantamento dos Aspectos toxicológicos no sentido de: » Estimar e verificar a ingestão média de aditivos alimentares e substâncias contaminantes; » Investigar uso de suplementos. Inquéritos populacionais que incluem variáveis antropométricas e de consumo ali- mentar são relevantes para a avaliação e o monitoramento das condições de saúde, alimentação e nutrição da população, norteando, com as evidências coletadas, a defini- ção de prioridades internacionais, nacionais e regionais, como também para tomada de decisão política (SPERANDIO; PRIORE, 2017). No desenho de um estudo populacional, o que é preciso determinar antes de escolher o tipo de inquérito alimentar a ser aplicado? Principais Investigações Nacionais Sobre Alimentação Os primeiros inquéritos nutricionais no país foram realizados nas décadas de 1930 e 1940, coordenados por Josué de Castro. Em 1946, foram analisados os hábitos ali- mentares e o estado nutricional dos brasileiros, nas diferentes áreas geográficas, con- siderando as suas causas naturais, os fenômenos sociais e a estrutura econômica que condicionavam o tipo de alimentação dos diferentes grupos populacionais, identificando claramente as áreas de fome no país. 14 senac Realce senac Realce senac Realce 15 Josué de Castro foi autor de vários livros que discutem a fome como uma questão política, também representou o Brasil em vários órgãos internacionais, como a FAO, mas acabou sendo exilado pela ditadura militar. No filme Josué de Castro – Cidadão do Mundo é pos- sível conhecer um pouco mais sobre vida e a obra do médico pernambucano e intelectual engajado em um dos maiores e eternos problemas da humanidade: a fome. Disponível em: https://youtu.be/LFzNVo8KIKg No Brasil, não são muitas as experiências de realização de inquéritos alimentares e nutricionais com representatividade nacional. Contudo, apesar de não haver periodi- cidade definida, esses inquéritos têm possibilitado a visualização do estado de saúdee nutrição da população. Tabela 1 – Síntese dos principais inquéritos antropométricos e alimentares da população brasileira Pesquisa Amostra Objetivos Consumo alimentar Antropometria Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF – 1974) 55 mil domicílios; 267.446 pessoas. Avaliar as condições de vida e a situação nutricional da população. Pesagem direta de alimentos durante sete dias consecutivos. Peso (kg) altura (cm) Perímetro do Braço (cm) Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 1987 e de 1995 1987: 13.707 domincílios; 1995: 19.816 domicílios. Traçar o perfil das condições de vida da população a partir da análise de seus orçamentos domésticos. Aquisição domiciliar de alimentos. Não foi avaliado Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN – 1989) 14.455 domicílios; 63.213 indíviduos. Descrever o estado nutricional da população brasileira, além de caracterizar as condições de saúde e a estrutura socioeconômica nos domicílios. Não foi avaliado Peso (kg) Altura (cm) Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV – 1997) Nordeste e Sudeste; 5.000 domicílios. Identificar panorama do bem estar social da população, assim como os fatores determinantes. Questionário de frequência com 28 tipos de alimentos. Peso (kg) Altura (cm) Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS de 1996 e 2006) 1996: 13.283 domicílios; 12.612 mulheres, 2.949 homens e 4.782 crianças menores de 5 anos; 2006: 14.617 domicílios; 15.575 mulheres e 5.461 crianças menores de 5 anos. Caracterizar a população feminina em idade fértil e as crianças abaixo de 5 anos de idade, segundo fatoires demográficos, socioeconômicos e culturais. 2006: Questionário de frequência com 20 tipos de alimentos. 1996: Peso(kg) Altura (cm) 2006: Peso (kg) Altura (cm) Perímetro da cintura (cm) das mulheres POF - 2002/03 48.470 domicílios; 182.333 pessoas. Fornecer informações sobre a composição dos orçamentos domésticos e as condições alimentares e nutricionais da população. Aquisição domiciliar de alimentos. Peso (kg) Altura (cm) 15 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Pesquisa Amostra Objetivos Consumo alimentar Antropometria POF - 2008/09 55.970 domicílios; 159.941 pessoas; Análise do consumo alimentar: 34.003 pessoas Idem POF 2002-2003 Aquisição domiciliar de alimentos; Moradores com mais de 10 anos preencheram 2 registros alimentqares em dias não consecutivos. Peso (kg) Altura (cm) Pesquisa Nacional de Saúde (PNS - 2013) 62.986 domicílios Coletar dados sobre a situação de saúde e os estilos de vida da população brasileira. Marcadores positivos e negativos do consumo alimentar (questões sobre o consumo de determinados alimentos). Peso (kg) Altura (cm) Perímetro da Cintura (cm) Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PNSE de 2009 e 2012) Escolares do 9º ano do Ensimo Fundamental de escolas públicas e privadas das capitais brasileiras e do Distrito Federal. 2009: 6.780 escolas; 60.973 escolares. 2012: 42.717 escolas; 109.104 escolares. Conhecer a prevalência dos fatores de risco e a proteção à saúde dos adolescentes, e orientar intervenções em saúde adequadas. Marcadores de alimentação saudável e de não saudável. 2009: Peso (kg) Altura (cm) 2012: sem antropometria. Estudo de Riscos Cardiovas- culares em Adolescentes (ERICA/2014) Adolescentes de 12 a 17 anos; Total de 1.251 escolas; 75 mil estudantes. Conhecer a proporção de adolescentes com diabetes melitus e obesidade, assim como traçar o perfil dos fatores de risco de doenças cardiovasculares. Recordatório de 24 horas. Peso (kg) Altura (cm) Perímetro da cintura (cm) Vigilância dos fatores de risco e proteção para doenças crônicas por in- quérito telefônico (Vigitel 2006; 2014). Adultos com mais de 18 anos residentes nas capitais dis 26 estado e Distrito Federal; Entrevistas por inquérito telefônico. Monitorar a magnitude das doenças e dos agravos não transmissíveis e de seus determinantes. Marcadores positivos e negativos do consumo alimentar. Dados autodeclarados de peso e altura. Fonte: SPERANDIO; PRIORE, 2017, p. 502-503; IBGE, 1990; 2016 Considerando a importância nacional e a continuidade da aplicação dos inquéritos, vamos conhecer de forma mais aprofundada o Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e o Sistema de Vigilância de Fa- tores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) O primeiro e mais amplo estudo nacional que apresentou a situação alimentar e nutricional da população do país foi o Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF, 1974/75), realizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concebido como um estudo de objetivos múltiplos, para atender às necessidades de pla- nejamento dos setores público e privado (IBGE, 1976). O ENDEF (1974/75) é considerado um clássico de valor histórico, cujo acervo de da- dos inclui registros de 1374 variáveis, coletadas em 55.000 domicílios. Foram descritas 16 17 as características socioeconômicas, alimentares e nutricionais, identificando a situação das famílias em risco nutricional nas diferentes regiões e classes sociais do país. Constituiu o primeiro inquérito de análise do consumo alimentar da população, uti- lizando uma metodologia de pesagem direta dos alimentos a ser empregada para estabelecer o preparo das refeições diárias, registrando-se sua quantidade, preço, origem, resíduos e os restos não aproveitados, pelo período de uma semana, com duas ou três visitas domiciliares por dia. Os alimentos consumidos fora de casa e as aquisições alimentares não monetárias também foram registrados (SOUZA et al., 2017). Apesar de sua abrangência, o ENDEF (1974/75) não forneceu dados sobre a divisão dos alimentos entre os membros da família, não permitindo, portanto, conclusões sobre a adequação nutricional dos indivíduos (MENEZES; OSÓRIO, 2009). Em 2014, como comemoração dos 40 anos de realização do ENDEF, o IBGE pu- blicou um livro em que são reproduzidos alguns dos relatórios semestrais apresentados pelas equipes que realizaram a pesquisa, manuscritos em que são narradas as experiên- cias vividas no campo de pesquisa. Esses relatórios foram divididos conforme as regiões brasileiras estudadas e são muito ricos no que concerne às características socioculturais brasileiras (IBGE, 2014). Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) Os propósitos principais das Pesquisas de Orçamentos Familiares - POFs, realizadas pelo IBGE, são disponibilizar informações sobre a composição orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, in- cluindo a percepção subjetiva da qualidade de vida, bem como gerar bases de dados e estudos sobre o perfil nutricional da população. (IBGE, 2019) A primeira Pesquisa de Orçamento Familiar (POF, 1961/63) foi realizada pela Fun- dação Getúlio Vargas, em áreas urbanas e rurais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. Nessa pesquisa foi estimada, indiretamente, a quantidade de alimentos consu- mida em domicílio, por meio da estimativa do gasto familiar com alimentação. A segunda POF (1987/88), conduzida pelo IBGE, investigou nove regiões metropo- litanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Salvador, Belém, além das cidades de Goiânia e Brasília, e teve como objetivo pesquisar as despesas referentes aos gastos com alimentação, habitação, ves- tuário etc., considerando como unidade de consumo a família que realizou um conjunto de despesas comuns e visando à atualização dos índices de preços ao consumidor do IBGE. Caracterizou-se por conter grande variedade de dados, investigando o consumo alimen- tar, características dos domicílios e dos moradores, rendimentos e despesas coletivas e indi- viduais, de forma a atender objetivos acadêmicos, planejamentos governamentais nasáreas demográficas e socioeconômicas e realização de estudos comparativos do consumo alimen- tar, da adequação do consumo e das alterações ocorridas desde o ENDEF (1974/75). 17 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Da mesma maneira que a POF (1961/63), sua metodologia, de custo mais baixo, comparada à do ENDEF (1974/75), não contemplou a obtenção dos dados de consumo alimentar de forma direta. Na metodologia indireta, para cálculo da estimativa do consumo alimentar, utilizou-se o preço médio dos produtos adquiridos, o peso dos alimentos e a população residente. O resultado, obtido a partir destas variáveis, constituiu uma estimativa de consumo e quantificação dos produtos adquiridos dentro e fora do domicílio, ou seja, estimasse a aquisição e não especificamente o consumo. Importante! Limitações metodológicas da POF (1987/88): não consideração do consumo alimentar proveniente da autoprodução ou obtido por doações, não realização de inferências sobre o consumo alimentar individual e a não avaliação do estado nutricional dos indivíduos por meio de dados antropométricos e bioquímicos. Na POF (1995/96), os instrumentos de coleta de dados foram adaptados, no sentido de aperfeiçoar o estudo como um todo. A quantidade e medida de cada produto ad- quirido foi registrada diariamente, durante sete dias consecutivos, de forma a se obter diretamente todas as despesas efetuadas pelo grupo familiar. A POF de 2002/03 (IBGE, 2004), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, traça o perfil das condições de vida da população brasileira, a partir da análise do orçamento doméstico familiar, investigando os hábitos de consumo, a alocação de gastos e a distribuição dos rendimentos. Inclui, também, informações sobre as medidas antropométricas (peso e altura de todos os residentes presentes no momento da coleta dos dados), permitindo avaliar o estado nutricional da população. Uma inovação da POF (2002/03) em relação às anteriores é o fato de incluir as famí- lias residentes nas áreas rurais, além das áreas urbanas, em suas diferentes classes de rendimentos, segundo as cinco grandes regiões do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste), bem como as diversas formas de aquisição dos alimentos: monetária (me- diante pagamento) e não monetária (que não tenha passado pelo mercado) (IBGE, 2005). Na POF (2007/08), com o objetivo de investigar os orçamentos familiares combi- nados a outras informações sobre as condições de vida das famílias brasileiras, com destaque para a Antropometria e o estudo sobre consumo alimentar efetivo, envolveu a investigação de 65.000 domicílios nas áreas urbanas e rurais de todo o território brasilei- ro, trazendo, pela primeira vez, um módulo sobre o consumo efetivo de alimentos para a população a partir de 10 anos, obtido em uma subamostra, mediante recordatório de 24 horas por dois dias alternados. Além disto, a POF 2007-2008 traz informações sobre a amamentação e a alimentação na escola (IBGE, 2011). 18 19 Figura 4 – Exemplo de Gráfi cos da POF Fonte: Adaptado de IBGE, 2009 Fig ura 5 – Exemplo de Gráfi cos da POF Fonte: Adaptado de IBGE, 2009 Em Síntese As edições anteriores da POF (1987/88; 1995/96; 2002/03) trouxeram informações sobre a disponibilidade de alimentos para consumo nos domicílios. A edição de 2008/09, além dos dados de disponibilidade, avaliou o consumo alimentar individual de uma sub amostra da população. É importante ressaltar que a POF é um inquérito domiciliar, o que significa que a coleta dos dados acontece nos domicílios que são selecionados a partir de processo de amostragem. É o inquérito de maior frequência para efeitos com- parativos, embora a metodologia tenha sofrido alterações ao longo do tempo. Na edição de 2017/2018, ainda divulgada parcialmente, o IBGE também estabeleceu o convênio com o Ministério da Saúde e manteve a metodologia similar à POF 2007/2008. Contudo destaca-se, no contexto da POF 2017-2018, a introdução da Escala Brasileira de 19 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Insegurança Alimentar – EBIA, possibilitando, agora, avaliações que levem em consideração as informações de consumo das famílias, além de outras características (IBGE 2019; 2020). A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA é uma escala psicométrica – cujo ob- jetivo é estabelecer uma relação de função entre estímulos ambientais (físicos, sociais) e o comportamento do indivíduo, que avalia de maneira direta uma das dimensões da seguran- ça alimentar e nutricional em uma população, por meio da percepção e experiência com a fome. Disponível em: https://bit.ly/2Yg3fIf Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) O Vigitel compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde, juntamente com outros inquéritos, como os domiciliares e os voltados para a população escolar. Desde 2006, implantado em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, o Vigitel vem cumprindo, com grande eficiência, seu objetivo de monitorar, por inquérito telefônico e informações autodeclaradas, a frequência e a distribuição dos principais determinantes das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A pesquisa Vigitel é realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Mi- nistério da Saúde. Entre as doenças crônicas não transmissíveis monitoradas por esse sistema estão: diabetes, câncer e doenças cardiovasculares, cujos indicadores tabagismo, alimentação não saudável, inatividade física e o uso nocivo de bebidas alcoólicas são os fatores de risco modificáveis em comum e monitorados pelas pesquisas. Para o monito- ramento desses fatores de risco, a pesquisa é dividida nos assuntos: tabagismo, excesso de peso e obesidade, consumo alimentar, atividade física, consumo de bebidas alcoóli- cas, condução de veículo motorizado após consumo de qualquer quantidade de bebidas alcoólicas, autoavaliação do estado de saúde, prevenção de câncer e morbidade referida. O monitoramento dos fatores de risco e das principais doenças crônicas fornece informações importantes para o planejamento de políticas públicas de promoção e pre- venção, além da avaliação de intervenções realizadas. O Vigitel, dentro do sistema de vigilância, apoia também o monitoramento das metas do Plano Regional de DCNT (Or- ganização Pan-Americana da Saúde – OPAS) e do Plano Global para o Enfrentamento das DCNT (Organização Mundial da Saúde). Dados do Vigitel mostram que, em 2019, 9,8% da população entrevistada declarou que ainda é fumante. O índice é 0,5% mais alto que o valor apurado há um ano. Ainda assim, a queda é de 38% em um período de 13 anos. Em 2006, 15,6% dos brasileiros declaravam-se fumantes. A pesquisa também mostrou que, no período entre 2006 e 2019, a prevalência de diabetes passou de 5,5% para 7,4%, e a hipertensão arterial, subiu de 22,6% para 24,5%. O maior aumento, porém, está relacionado à obesidade, que passou de 11,8%, 20 21 em 2006, para 20,3% em 2019 (variação positiva de 72%). Isso significa que dois em cada 10 brasileiros estão obesos. Considerando o excesso de peso, metade dos brasilei- ros está nesta situação (55,4%) (BRASIL, 2019). Todas as publicações do VIGITEL. Disponível em: https://bit.ly/3joLcrv Tabela 2 – Comparativo 2006-20019 VIGITEL – Frequência anual dos indicadores do Vigitel que apresentam variação temporal estatisticamente signifi cativa. População adulta (≥ 18 anos), de ambos os sexos, das capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal (2006-2019) Indicadores 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 % de fumantes 15,7 15,6 14,8 14,3 14,1 13,4 12,1 11,3 10,8 10,4 10,2 10,1 9,3 9,8 % de fumantes de ≥ 20 cigarros por dia 4,6 4,7 4,6 4,1 4,3 4,0 4,0 3,4 3,0 3,1 2,8 2,6 2,4 2,3 % de fumantes passivos no domicílio * * * 12,7 11,5 11,3 10,210,2 9,4 9,1 7,3 7,9 7,6 6,8 % de fumantes passi- vos no trabalho * * * 12,1 10,5 11,2 10,4 9,8 8,9 8,0 7,0 6,7 6,8 6,6 % com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) 42,6 43,4 44,9 45,9 48,2 48,8 51,0 50,8 52,5 53,9 53,8 54,0 55,7 55,4 % com obesidade (IMC ≥ 30kg/m2) 11,8 13,3 13,7 14,3 15,1 16,0 17,4 17,5 17,9 18,9 18,9 18,9 19,8 20,3 % com consumo recomendado de frutas e hortaliças * * 20,0 20,2 19,5 22,0 22,7 23,6 24,1 25,2 24,4 23,7 23,1 22,9 % com consumo regular de feijão (≥ 5 dias/semana) * 66,8 65,6 64,9 65,6 67,6 67,5 66,9 66,1 64,8 61,3 59,5 * 59,7 % com consumo regu- lar de refrigerantes (≥ 5 dias/semana) * 30,9 26,4 26,0 26,8 27,5 26,0 23,3 20,8 19,0 16,5 14,6 14,4 15,0 % de ativos no lazer * * * 30,3 30,5 31,6 33,5 33,8 35,3 37,6 37,6 37,0 38, 39,0 % de ativos no deslocamento 10,8 10,8 11,3 17,0 17,9 14,8 14,2 12,1 12,3 11,9 14,4 13,4 14,4 14,1 % de insuficientemente ativos * * * * * * * 49,4 48,7 47,5 45,1 46,0 44,1 44,8 % de inativos * * * 15,9 15,3 14,9 14,9 16,2 15,4 16,0 13,7 13,9 13,7 13,9 % com consumo abusivo de álcool 15,7 16,5 17,2 18,5 18,1 16,5 18,4 16,4 16,5 17,2 19,1 19,1 17,9 18,8 % com diabetes 5,5 5,8 6,2 6,3 6,8 6,3 7,4 6,9 8,0 7,4 8,9 7,6 7,7 7,4 *Dado não disponível para o ano de levantamento. Nota: as estimativas para a evolução de alguns indicadores poderão apresentar pequenas variações com relação às estimativas divulgadas em relatórios anteriores do Vigitel em função de aperfeiçoamento metodológicos quanto a fatores de ponderação e imputação de dados faltantes. Fonte: Adaptado de BRASIL, 2019, p. 105 21 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Ao longo da História, como vimos, foram realizados diversos tipos de Inquéritos Alimenta- res cujas informações são utilizadas para fins comparativos e de análise das mudanças que vêm ocorrendo em relação aos hábitos e padrões alimentares da população. Considerando que os procedimentos metodológicos dos inquéritos diferem entre si, quais são os impactos dessas diferenças na comparação dos dados? Nesta Unidade, vimos os Inquéritos Alimentares de maior representatividade nacio- nal e pudemos analisar de forma mais aprofundada os métodos utilizados para a coleta de dados do ENDEF, POFs e VIGITEL. Além disso, discutimos a representatividade dessas informações em relação à caracterização da alimentação brasileira, além das mo- dificações que foram ocorrendo ao longo do tempo, reflexo da transição epidemiológica e nutricional do Brasil, bem observadas nos resultados das pesquisas. Por fim, foi possível identificar que as pesquisas de avaliação do consumo alimentar são importantes fontes de informações para o planejamento de ações de promoção da saúde da população e devem ser sempre acompanhadas pelos profissionais das áreas evolvidas. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Nossa Experiência na Pesquisa da Balança: O Brasil sob a ótica dos pesquisadores do Estudo Nacional da Despesa Familiar https://bit.ly/3iPR928 Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil https://bit.ly/3plxiu1 Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Primeiros Resultados https://bit.ly/2MlbpMJ Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil https://bit.ly/3ojJ4Ug Relatório Vigitel Brasil 2019 https://bit.ly/2YfD3NT Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel): mudança na metodologia de ponderação https://bit.ly/3pmFVnV 23 UNIDADE Alimentação Brasileira Inquéritos Alimentares Nacionais Referências BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, supl. 1, p. S181-S191, 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X200 3000700019&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 03/08/2020. BERNAL, R. T. I. et al. Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel): mudança na metodologia de ponderação. Epi- demiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 26, n. 4, p. 701-712, dez. 2017. Disponível em <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222017000400701&lng=en &nrm=iso>. Acesso em: 05/08/2020. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: MS, 2019. 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Acesso em: 01/08/2020. 24 25 ________. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo ali- mentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <https://bibliote- ca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50063.pdf>. Acesso em: 01/08/2020. ________. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97870.pdf>. Aces- so em: 03/08/2020. ________. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Primeiros Resultados. Rio de Janeiro: IBGE; 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/li- vros/liv101670.pdf>. Acesso em: 01/08/2020. ________. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Dis- ponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf>. Acesso em: 01/08/2020. MENEZES, R. C. E.; OSÓRIO, M. M. 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