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Impactos da Crise Ambiental na Saúde e Bem-estar

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Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
TEMA 1 “Ambiente, Saúde e Bem-estar enquanto construções sociais espácio-temporalmente 
determinadas”. 
1. Problematizar o ambiente, a saúde e o bem-estar enquanto construções sociais espácio 
temporalmente determinados. 
 
 O homem sempre se moveu no seu território e na personalização do espaço que o rodeia de forma a 
personifica-lo para o seu bem-estar: 
1. envolve uma ação deliberada em modificar as características de um ambiente, para refletir a 
identidade de um grupo ou de um indivíduo, 
2. o indivíduo define um território ao projetar características particulares no espaço, 
3. regula as interações sociais 
4. fortalece o sentido de pertencimento a esse mesmo lugar, 
Consequências: 
1. Aquecimento Global, 
2. Desflorestação, 
3. Escassez de água, 
4. Poluição dos recursos e outros recursos naturais, 
5. O degelo. 
 
 todos estes fenómenos são de ampla discussão e impacto que, embora não haja ainda um 
consenso científico, tem gerado uma grande preocupação na sociedade, 
 a interação do ser humano com seus diversos ambientes, em prol do seu bem-estar, 
 por vezes a sua vontade de conforto e consumo supérfluo torna-se desmedido: 
 a construções sociais espácio, em zona de florestas e ou até em zonas protegidas, como 
Dunas, arribas, junto aos rios, não medindo os perigos para o ambiente, saúde e bem-estar 
da população global, consequentemente, influenciando mútua de fatores ambientais e 
comportamentais, em relação entre a qualidade dos ambientes e por sua vez prejudicial para 
a saúde humana, e para que muito tem contribuído negativamente o homem. 
O homem deve dedicar-se mais a causas naturais em defesa do ambiente como a redução da poluição 
e da desflorestação, bem como com a preservação dos recursos hídricos. 
 Afinal, o clima não é o único afetado pelas práticas predadoras geradas pelas atividades antrópicas, 
que podem acarretar graves problemas de saúde, falta de água e recursos de subsistência, entre 
outras ocorrências, o nosso bem-estar e do ambiente podem também estar em causa. 
 
Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
2. Conhecer, analisar e compreender os impactos da crise ambiental na organização social em geral 
e na saúde humana e bem-estar em particular, e vice-versa, compreender os impactos da 
organização social e dos modelos de desenvolvimento vigentes e da ação humana no ambiente e na 
saúde. 
 A era do consumo desqualificou massivamente a obrigação moral, 
 o dever deu lugar a uma cultura materialista e hedonista, baseada na exaltação do eu, onde é 
estimulada a exaltação do eu. 
 A felicidade sustentável relaciona-se com o respeito pelo ambiente e pelas gerações futuras. 
 A problemática da sustentabilidade tem desde final do séc. XX um papel central na reflexão em 
torno das dimensões de desenvolvimento. 
 O quadro socio-ambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela o impacto da 
ação humana sobre o meio ambiente. 
 Os problemas ambientais estão relacionados com saúde e práticas sanitárias. 
 A industrialização e urbanização ocorrida no séc. XIX teve impactos intensos sobre as condições 
sanitárias e de saúde. 
 Os problemas ambientais vão repercutir-se negativamente sobre a saúde das populações 
originando doenças e patologias. 
 A Direção Geral de Saúde informa que viver num ambiente de poluição atmosférica causa 
uma maior propensão ao desenvolvimento de complicações a nível pulmonar e 
cardiovascular que debilitam o sistema imunitário, causando por vezes a morte. 
As grandes metrópoles são as principais produtoras de gases tóxicos com efeito de estufa, é nas 
cidades que se concentra a maioria da poluição. 
 Todos os gases emitidos pelos veículos automóveis, fabricas, consumo doméstico e comercial 
polui o ambiente e afeta a saúde. 
O aumento das temperaturas é um problema em todo o Planeta, mas Portugal devido à sua 
localização geográfica sofrerá com as secas, ondas de calor cheias o que terá consequências diretas na 
saúde, a longo, médio e curto prazo 
 
O comportamento humano está na origem da emissão de gases com efeito de estufa: 
1. na queima de combustíveis fosseis, carvão, gás natural e petróleo, 
2. a ação de desflorestação vem agravar o cenário 
 
Em todas as áreas essenciais da vida humana levantam-se as questões das desigualdades sociais, a 
área da saúde não é exceção. 
Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
A saúde é afetada pelo ambiente: 
1. Ambiente natural relacionado com condições físicas e climáticas, questões geográficas e pelas 
condições do ar e água. 
2. Ambiente habitacional fundamental nas questões de saúde e doença. 
 
A alteração climática pode ter origem nos processos naturais ou decorrente da ação humana, sendo 
que diversos estudos têm revelado que a principal razão das alterações climáticas é de origem 
antropogénica, ou seja são da responsabilidade da ação humana. 
 
3. Problematizar as implicações éticas subjacentes à complexidade dos desafios que o mundo atual 
nos coloca. 
 Os recursos naturais que o ser humano necessita estão a escassear a um ritmo alarmante, estima-
se que brevemente o homem não tenha alimentos suficientes para o seu consumo, o homem não 
mede a gravidade do excesso de consumo e do seu desperdício, sendo esta situação muito gravosa 
para o meio ambiente 
Consequências visíveis - utilização abusiva destes recursos – que inclui petróleo, carvão, gás natural, 
minérios, água e alimentos: 
 Foi o que mostrou a estimativa da Global Footprint Network, que a cada ano calcula a cota de 
recursos naturais que a Terra é capaz de repor para manter o equilíbrio ambiental do planeta. 
 Neste ano, o chamado “Dia da Sobrecarga”, data na qual esta cota se esgotaria, foi em 20 de 
agosto, antecipado em dois dias com relação a 2012. 
 
A conta realizada pela ONG funciona da seguinte forma: 
1. primeiro estima-se a quantidade de terra, água e ar necessária para produzir os bens 
indispensáveis à vida durante um ano. 
2. Depois, transforma-se este número em hectares e divide-se o resultado pelo número de 
habitantes do planeta. 
 Os cálculos mostraram que cada habitante usa 2,7 hectares do planeta por ano, e que o 
número ideal para que o consumo não comprometa o meio ambiente é de, no máximo 2,1 
hectares. 
 Se a exploração dos recursos e o consumo global continuar neste ritmo, em 2030 serão 
necessários recursos equivalentes a dois planetas Terra para manter este padrão. 
 
 
Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
O “Dia da Sobrecarga” é calculado há 10 anos. - Segundo o diretor da entidade responsável pela 
estimativa, Juan Carlos Morales, a cada ano essa data é antecipada em dois ou três dias. 
 Para evitar que tais previsões se concretizem, o grande desafio é conciliar o desenvolvimento com 
a conservação dos recursos naturais: 
 soluções tecnológicas e políticas, 
 mudança de comportamento dos indivíduos, através do consumo consciente e atitudes 
ecologicamente sustentáveis. 
 
Os recursos naturais - são elementos da natureza úteis ao ser humano para a sua sobrevivência, 
conforto e desenvolvimento de diversas atividades. (Exemplos deles são os vegetais, os ventos, a água, 
a energia solar, o solo, as florestas, os minérios, dentre outros.) 
 Eles podem ser divididos em Recursos Naturais Renováveis e Não Renováveis. 
 Ambos, no início da história do homem, eram manejados de forma equilibrada. Porém, com o 
surgimento de técnicas modernas, os seres humanos passaram a utilizá-los de forma exagerada 
e descuidada. Das atividades que podem ser realizadas estão a agricultura, o extrativismo 
mineral e vegetal, a caça, a pesca, etc. 
 
Quando essesrecursos são usados em excesso, o país começa a operar “no vermelho”. 
 Por isso, surgiu O Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), uma data para lembrar 
que os seres humanos os utilizaram exageradamente, em relação a quanto o planeta pode se 
recuperar no mesmo ano. 
 Em 2014, esse dia aconteceu no mês de agosto. O cálculo é feito pela Global Footprint Network 
(GFN), uma organização internacional que luta pela sustentabilidade do planeta e possui 
escritórios na Ásia, Europa e América do Norte. 
 Com o aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera, consequentemente ocorre 
a falta de água, o desmatamento, a erosão do solo, a extinção da fauna e flora, dentre outros 
elementos. Nesse sentido, a missão dos países é evitar que esses problemas ocorram, além de 
preservá-los. 
 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Tipos de Recursos Naturais 
1. Recursos Naturais Renováveis - São classificados como os que podem ser renovados, ou seja que 
não se esgotam (água, o ar, madeira, etc.), 
 são dependentes de outros sistemas para transformá-los e deixá-los em condições de uso. 
(Energia eólica – força dos ventos / Energia solar – Painéis solares) 
2. Recursos Naturais Não Renováveis - São aqueles que devido a sua exploração, um dia poderão 
acabar. (carvão, petróleo, ferro, xisto, ouro, alumínio, etc.) 
3. Potencialmente renováveis, ou seja, que irão depender de como o homem cuidar deles. (devido 
ao desmatamento, a madeira se tornar escassa; a água potável poderá acabar, caso os seres 
humanos não a utilizem de forma correta e evitem a poluição dos rios) 
 
O Impacto do Esgotamento dos Recursos 
1. Água - O abastecimento de água doce do planeta está em risco, de acordo com a Organização das 
Nações Unidas. 
 Conforme dados do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos 
Recursos Hídricos de 2015 (Água para um Mundo Sustentável), se a população não mudar o 
uso, o gerenciamento e compartilhamento do recurso, este poderá não ser suficiente para 
suprir as necessidades da população mundial. 
 Cerca de 3% é a quantidade de água própria para o consumo, sendo que no mundo, existe uma 
desigualdade na distribuição de água potável. Um dos exemplos de má distribuição ocorre nos 
países localizados no Oriente Médio e também em algumas áreas da Ásia, África e das 
Américas. 
 O Brasil é um dos que sofrem com a crise da água. Apesar de ser um abundante nesse recurso, 
a maior parte está localizada na região Norte e as regiões com maior concentração 
populacional são o Nordeste e Sudeste. 
2. Alimentos - O aquecimento global é um dos fatores que podem prejudicar a produção agrícola dos 
países. 
 Esse fator é capaz de trazer prejuízos e deixar milhões de pessoas a passar fome. 
 De acordo com os dados da FAO, um em cada seis habitantes do planeta passa fome 
(aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo). 
3. Petróleo - também é um recurso que poderá acabar, quando atingir o seu ápice. Mas, não há um 
momento certo da história que isso ocorrerá, pois dependerá da descoberta de novas reservas. 
 O grande problema é que muitos países dependem dele para a realização das suas atividades. 
 
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Roberto Tavares 
4. Desertificação - O uso incorreto dos recursos pode provocar também a desertificação, que seria a 
degradação do solo, da água, da fauna e da flora. 
 Existem vários países afetados por esse problema, muitas vezes por causa das mudanças 
climáticas, do clima e também da ação humana. 
 No Brasil, um dos biomas afetados é o da caatinga, que sofre com desmatamentos e queimadas. 
Em áreas onde isso ocorre, há uma redução da qualidade de vida. 
 
Dicas práticas para conservar água, energia e ainda economizar dinheiro: 
Evite os vazamentos - Tenha cuidado com os vazamentos na sua casa, tais como torneiras pingando, 
canos furados, descargas do autoclismo desnecessárias. 
Evite Longas Horas no banho - Os termoacumuladores é um dos aparelhos com grande consumo de 
energia. 
 Além de controlar o tempo no banho, procure fechar a torneira para se ensaboar e evite tomar 
banho em horários de maior consumo (18h às 20h30min). 
 Outra dica é não fazer a barba ou escovar os dentes com a torneira aberta; 
Nas torneiras podem ser instalados redutores de pressão. 
 
Cuidados na Cozinha 
 Pode-se usar redutor nas torneiras para diminuir a vazão da água. 
 Uma dica ao lavar pratos, é ensaboar todos os utensílios, colocá-los num alguidar e depois 
enxaguá-los. 
 Caso utilize a máquina de lavar louça, procure ligar somente quando estiver com toda 
capacidade; 
 Compre um frigorífico ou arca frigorifica econômica A+++, evite colocá-lo próximo ao fogão, 
aquecedores, etc. 
 Não deixe a porta do frigorifico ou arca muito tempo aberta e não coloque líquidos ou 
alimentos quentes. 
 
 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Área de Serviço e Área Externa da Casa 
1. Deixe as roupas de molho e evite gastar água de forma exagerada durante a lavagem. A água que 
ficou de molho com sabão poderá ser usada para lavar o quintal; 
2. Na máquina de lavar roupas, use a capacidade máxima; 
3. Passe todas as roupas de uma única vez e evite ligar o ferro elétrico, quando outros aparelhos 
estiverem ligados; 
4. Sempre que puder aproveite a água da chuva, pois é possível guardá-la em recipientes para regar 
plantas e usar para lavar outros locais, como a calçada, o carro, etc. 
 
Lâmpadas, Televisão e Ar Condicionado 
1. Compre lâmpadas fluorescentes ou Lead (económicas) para as áreas da casa. 
 São mais duráveis e ótimas para economizar energia. 
 Evite acender lâmpadas de dia, abra as janelas e deixe a luz do sol entrar. 
 Procure pintar os móveis com cores claras que refletem melhor a luz e evitam a utilização da 
luz artificial. 
2. Procure desligar a televisão, quando não estiver em uso. 
 E, principalmente, não durma com ela ligada. Uma dica é usar o temporizador para que ela 
desligue sozinha, caso tenha adquirido o hábito de dormir com ela ligada. 
3. Sobre a utilização do ar condicionado, 
 mantenha as janelas fechadas, enquanto estiver ligado; 
 limpe os filtros para melhorar a circulação do ar 
 prefira a compra de um aparelho com maior eficiência e de acordo com o tamanho do seu 
ambiente. 
 
Coleta Seletiva 
1. Não deite lixo na rua e doe objetos que não estão em uso, ao invés de jogar no lixo; 
2. Leve saco próprio para realizar a compra no supermercado; 
3. Não deite lâmpadas, pilhas ou baterias no lixo, mas em locais de reciclagem próprio; 
4. Separe o lixo para a reciclagem ou procure cooperativas que trabalhem com isso. Evite gastar 
muito papel e aproveite melhor o seu uso. 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Sociologia do ambiente – Geneologia de uma dupla emergência 
 
Sociologia do ambiente: 
 Reequaciona e integra os factos naturais, técnicos e sociais 
 Surge através da confluência de diversas perspetivas, nomeadamente: 
1. Abordagem da nova ecologia humana (Dunlap e Catton) – Interação entre o ambiente físico, 
organização social e comportamento humano; 
2. Abordagem da Economia Politica (Schnaiberg) – formula um quadro de análise geopolítica das 
limitações entre os recursos e desenvolvimento; 
3. Escola do “Realismo” britânico – em confronto com o construtivismo e suas diversas 
gradações; 
4. Escola rural Europeia – trata do problema de reconversão ambientalista dos valores rurais. 
 
 Constitui-se na base de um duplo défice: 
1. Carece do saber positivo das ciências biofísicas 
2. Falta de um terreno de estruturação mais seguro, induzido pela sua própria problemática 
(âmbito das teoriasclássicas); 
 Teve contributos de Dunlap e Catton na década 70, com a integração de dados ambientais e 
dimensões sociológicas: 
1. Problematizar o ambiente, a saúde e o bem-estar enquanto dimensões sociológicas e não 
somente as ciências naturais e exatas 
2. Nova reflexão que olha para os problemas ambientais das sociedades pós-industriais enquanto 
elementos da modernidade, complexos, globais e que obrigam a uma nova relação entre o 
homem e o meio ambiente, com impactos nas dinâmicas societais: 
 O surgimento de problemas ambientais, não sendo novos, adquiriram dinâmica social e 
originaram movimentos civis ecológicos 
 Bem como repensar a adaptação do homem com a natureza 
 
 
 
 
 
 
 
Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
 
Proposta de Catton e Dunlap - Partem de uma dupla posição, propondo um novo paradigma (HEP1) e 
uma explicação crítica para a insuficiente integração dos fenómenos biofísicos nas ciências sociais 
 Debate epistemológico assente na premissa de Durkheim: 
 factos sociais explicados apenas por factos sociais - As questões ambientais e a relação do 
homem com a natureza questionam esta premissa. 
 
Premissas do Paradigma HEP1 (Human exceptionalism paradigm ) Catton e Dunlap 
1. Os homens têm uma herança acumulada à herança genética; 
2. Os fatores sociais e culturais são grandes determinantes das ações humanas; 
3. Os ambientes sociais e culturais são, por excelência, o contexto das ações humanas; 
4. A cultura é cumulativa. 
 
Novo paradigma ambiental, NEP (new environmental paradigma) Catton e Dunlap 
 
1. realça a dependência dos ecossistemas por parte das sociedades humanas, e, sem recusar a cultura, 
tecnologia, linguagem, organização social do homem. 
2. As ações humanas são influenciadas pelos fatores culturais e sociais, mas também pela sua relação 
com a natureza. A natureza surge simultaneamente como natural e social. 
3. Os problemas ambientais são considerados como manifestações das consequências da atividade 
humana e tem caraterísticas retroativas sobre as sociedades. 
 
Premissas do Novo Paradigma NEP 
1. os homens encontram-se no meio de muitas espécies do planeta, todas elas envolvidas num 
ecossistema global de forma interdependente; 
2. As ações humanas são influenciadas: 
 Pelos fatores sociais e culturais 
 Por intricadas relações causa-efeito e de feedback na natureza 
3. Os homens vivem e são dependentes de um ambiente biofísico limitado 
4. As leis ecológicas devem ser contempladas 
Esta proposta implica: 
 Fim da isenção do mundo 
 Conceção de fatores biofisicoas, sociais e culturais (população, tecnologia, sistema social, etc.) 
 
Ambiente, Saúde e Bem-estar – Resumos 2018/2019 
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Roberto Tavares 
Os Clássicos e Ambiente 
1. O “Excecionalíssimo” de Durkheim; 
2. Marx – Da dialética da natureza à natureza produtiva; 
3. A dustência “naturalista” de Weber; 
 
Ambiente e Modernidade 
1. Giddens – Da globalização à “Insegurança Ontológica”; 
2. Beck – Sociedade de risco e fabrico de incerteza; 
 
Equidade, Cidadania e Saúde 
 
Equidade – principio ético ligado ao cumprimento dos direitos humanos e subordinado à ideia de 
justiça social, encarada como um ideal que corresponde à repartição equitativa dos recursos materiais 
e simbólicos (poder, prestigio e reconhecimento social). 
 
Justiça e equidade têm sentidos próximos e referem-se a valores e a escolhas sociais 
 
Moralidade (Bauman) – tem a ver com a escolha 
 Ser moral 
1. é estar submetido à necessidade de fazer escolhas 
2. Corresponde à capacidade de enfrentar dilemas morais 
 
Igualdade de Direitos – quando todos os indivíduos são iguais perante a lei, e esta deve ser igual para 
todos – o contrário seria injusto. 
Igualdade não é igual a igualdade de oportunidades 
 
Justiça Social (Rawls) – em certas condições, as desigualdades podem ser justas e legitimas: 
1. se não reduzem a liberdade dos indivíduos, nem o acesso às posições, 
2. e se elas beneficiam os mais necessitados 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Saúde em Portugal 
Formas de desigualdade: 
1. Direitos 
2. Oportunidades 
3. Situações 
 
Equidade na saúde - Condicionada pela sustentabilidade do serviço nacional de saúde (tónica 
financeira). Com ênfase: 
1. Crescimento das despesas de saúde; 
2. Redução dos custos; 
3. Melhoria da eficiência da produção de cuidados de saúde; 
4. Melhoria da qualidade de serviços prestados; 
5. Discussão dos regimes de financiamento. 
 
Igualdade de direitos na saúde de hoje: 
 a saúde está mais cara e também mais condicionada por assimetrias geográficas na distribuição 
dos recursos de saúde; 
 Repartição da responsabilidade de prestação de cuidados entre o Estado e o privado 
 
Fontes de produção de riscos sociais na saúde: 
Geram condições de não cumprimento dos direitos sociais, na relação entre os saberes dos centros de 
saúde e hospitais: 
1. A excessiva concentração de recursos nos hospitais; 
2. A maior proximidade dos profissionais centros de saúde, do controlo burocrático e dos 
mecanismos de regulação politica -administrativa do estado; 
3. a destituição dos meios de produção da saúde comunitária dos profissionais dos centros de 
saúde (provocados pelo desinvestimento político na saúde pública), por contraste com o 
hospital, como lugar de cura, mas também de aconselhamento, de prevenção, de recuperação, 
de reabilitação, de paliação (Carapinheiro, 2006). 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Direitos sociais dos indivíduos são postos em risco: 
1. riscos epidemiológicos, dadas as especificidades de desenvolvimento da sociedade portuguesa e da 
persistência de velhos e novos problemas de saúde pública (tuberculose, malária, gripe das aves, 
gripe A), 
2. riscos sociais, centrados na experiência de viver novas formas de desigualdade e exclusão sociais, 
que decorrem do não cumprimento dos direitos sociais à saúde: 
 a não garantia do acesso de todos os indivíduos a todos os serviços de saúde, a todos os tipos 
de cuidados e a todas as tecnologias; 
 o acesso mais caro à totalidade dos bens de saúde; 
 a sobreresponsabilização individual da saúde coletiva. 
 
Os riscos ao nível das organizações 
1. nas suas disfuncionalidades organizativas, nas ambiguidades dos papeis dos seus profissionais 
e na desarticulação entre cuidados de saúde; 
2. ao nível económico, no aumento das ineficiências, das despesas de saúde do Estado e da 
comparticipação dos cidadãos; 
3. a o nível moral (no sentido do ethos profissional), na dessolidarização profissional e na 
dessolidarização com a perspetiva do doente. 
 
Resposta às necessidades dos doentes - nos centros de saúde 
 têm vindo a criar recentemente as unidades de saúde familiar e os agrupamentos de centros de 
saúde, 
 A privatização dos serviços, a mercadorização dos cuidados e a ascensão de um clima de gestão 
na administração das organizações de saúde geram: 
1. o encarniçamento dos mecanismos de racionalização dos custos de saúde, 
2. demoras médias de internamento cada vez mais curtas, 
3. a máxima rotatividade dos doentes por cama 
4. o uso crescentemente seletivo das tecnologias médicas. 
 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Saúde e ciência: para uma agenda alternativa 
 A visão prometeica da ciência acaba por ser uma ideia Kitsch, quando transposta para os imaginários 
coletivos e para as representações sociais que acreditam na sua efetividade. 
 
Tipos de risco (ex.): 
1. Cancro genético hereditário ganha mais visibilidade do que qualquer outro tipo de cancro: 
 porque se faz anunciar e exige a consciência individual e social da suainescapável maldição; 
 porque se traduz em novos modos existenciais de ser que nunca mais o podem expulsar do 
quadro que organiza a escolha reflexiva das suas escolhas e opções; 
 porque a experiência do medo ganha aqui modulações diversas e imprime impulsos 
estratégicos diferenciados. 
 Estendem-se do risco como oportunidade ao risco como fatalidade 
Modos diferenciados de gestão do tempo: 
1. agir a tempo quando o tempo é representado como redenção; 
2. agir contra o tempo, quando o tempo é representado como culpa; 
3. agir à espera do tempo, quando o tempo é representado como esperança 
 
2. Risco da infertilidade 
 para os casais o risco mais elevado reside nos tratamentos de infertilidade e nas técnicas de 
reprodução medicamente assistida (RMA), 
 para os médicos o risco mais importante é a infertilidade em si, visto que infringe o valor da 
maternidade biológica e ameaça a normalidade reprodutiva das famílias. 
 
 a perspetiva biomédica do risco desloca-se para uma sociogénese do risco e para a valorização do 
risco social, 
 normas são politizadas e inseridas no funcionamento da medicina como instituição social 
 a perspetiva leiga do risco desloca-se para o campo contrário, no sentido da ontogénese biomédica 
do risco e para a valorização do risco epidemiológico. 
 a norma da maternidade biológica e a norma médica do risco são dissocializadas das condições 
subjetivas e objetivas das suas vidas quotidianas e socializadas às relações sociais específicas, 
próprias do funcionamento deste campo de práticas médicas, 
 submete a racionalidade subjacente ao risco social à racionalidade subjacente do risco 
epidemiológico 
 
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Roberto Tavares 
“O crepúsculo do dever”, Giller Lipovetsky, tema 1 
O bem-estar como mundo e como representação 
 
Do bem ao bem-estar 
1. o autor destaca a forma como passamos de uma civilização do dever para uma civilização 
consumista, onde: 
 já não se reprime o prazer e sim estimula-se, 
 o bem-estar próprio, a cultura do eu é sobrevalorizada. 
2. A religião, o dever e a moral foram substituídos pelo consumismo e pela procura da felicidade 
individual. 
 Este processo foi influenciado por fatores intelectuais, filosóficos e sócio culturais. 
3. A moral e bons costumes, os valores que estavam presentes de uma forma repressiva da liberdade 
individual foram substituídos pela realização e libertação individual e coletiva 
 em substituição do rigor moral temos o psicologismo e a euforia do bem-estar. 
4. A época pós-moralista, segundo o autor, caracteriza-se por uma valorização da publicidade e do 
consumo. 
 Prestigia-se a relação do homem com os objetos em detrimento da relação entre os 
homens. 
 
O espetáculo pós-moralista da informação 
1. O autor faz referência ao que caracteriza esta época: 
 época esta conhecida e submissa aos objetos, ao “selflove” 
 condicionada pelo psicologismo e pela informação. 
2. Relativamente à informação, o autor define uma informação onde se excluem juízos de valor e 
opiniões e encontra-se uma informação imparcial e objetiva. 
 Um bom exemplo é a televisão e a forma como as notícias decorrem sem perspetivas nem 
opiniões deixando essa parte para o público. 
 A informação televisiva veio acentuar ainda mais esta dimensão pós-moralista. A informação é 
então, uma mercadoria que se vende. 
3. vive-se tudo intensamente sem, no entanto, sentir, envolvidos num misto de entretenimento e 
apreensão: 
 Valoriza-se o sensacionalismo, 
 o “aqui e agora”, 
 a notícia ao minuto, a emoção, a desgraça, o espetáculo, etc 
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A felicidade light 
1. o autor refere que apesar da liberdade individual existem normas para se obter esta suposta 
felicidade. 
2. De uma forma narcisista, o indivíduo procura corresponder a certos estereótipos impostos pela 
sociedade, nomeadamente a forma física, a beleza jovem, a alimentação saudável, entre outros. 
 Esta constante busca pela perfeição constitui fonte de stress e ansiedade. 
3. À parte desta situação temos uma sociedade com tendência para o prazer imediato e para o sobre 
endividamento. 
 A busca incessante pelo prazer imediato provoca a desvalorização do trabalho, a exclusão 
das minorias étnicas, e os desprezados dos subúrbios. 
4. Apesar do hedonismo, o autor refere que há de fato uma procura por qualidade de vida, 
nomeadamente ao nível do trabalho, em oposição ao prazer tão somente. 
 A felicidade light - o prazer é adequadamente gerido, sem ser influenciado pala moral, pela 
culpabilização, (há uma certa moderação, mas sem “culpabilidade moral”). 
 
O hedonismo dual, desordenado e desresponsabilizante para as novas minorias de massa, prudente e 
integrador para as maiorias silenciosas. 
 
Sociedade hedonista significa que os prazeres passaram a ser legítimos, o hedonismo pós-moderno já 
não é, nem agressivo nem diletante, é “gerido”, funcionalizado, prudentemente light. 
A cultura da felicidade leve induz uma ansiedade crónica de massa, mas faz desaparecer a 
culpabilidade moral. 
A cultura da autodeterminação individualista chegou à esfera moral: 
 a época da felicidade narcísica não é a do “tudo é permitido”, mas sim a época de uma moral 
“sem obrigação nem sanção”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Roberto Tavares 
Três Teorias sobre o Bem-Estar 
Há pelo menos três principais conceções acerca do bem-estar: 
1. Teorias da Experiência, cuja teoria principal é o hedonismo; 
2. Teorias da Preferência ou Desejos, cuja teoria principal é a da satisfação das preferências informadas 
3. Teorias Objetivas dentre as quais se destacam as teorias da lista objetiva e perfeccionismo. 
 
1 - Hedonismo clássico: Bentham & Mill 
As teorias subjetivas a respeito do bem-estar: 
1. Tese subjetiva fraca: o bem-estar é subjetivo no sentido de ser constituído por estados mentais (ou 
desejos ou preferências) - é a tese aceita pela maioria dos defensores de teorias subjetivas do bem-
estar; 
2. Tese subjetiva forte: o bem-estar é subjetivo no sentido de ser dependente da nossa valoração. 
 
Teoria hedonista Bentham 
Sua visão acerca do que seria a felicidade - consistia em afirmar que os seres humanos foram colocados 
(pela natureza) sobre dois senhores, quais sejam, o prazer e a dor (hedonismo psicológico) (BENTHAM, 
1979, p.10), sendo essa a base de toda a moralidade (hedonismo ético). 
1. O hedonismo psicológico é a tese segundo a qual os seres humanos são motivados pelo prazer 
e pela dor 
2. hedonismo ético é a tese segundo a qual toda a moralidade deve se basear em promoção de 
prazer e redução da dor. 
 
Bentham entendia: 
“utilidade” como aquela propriedade existente em qualquer coisa: 
 em virtude da qual o objeto tende a produzir ou proporcionar benefício, vantagem, prazer, bem 
ou felicidade (tudo isso, no presente caso, se reduz à mesma coisa), 
 ou a impedir que aconteça o dano, a dor, o mal ou infelicidade para a parte cujo interesse está 
em pauta. 
O prazer, por seu turno, tem seu valor mensurável através de critérios quantitativos: 
 duração, intensidade, certeza ou incerteza, proximidade ou afastamento, fecundidade, pureza 
e extensão. 
 
 
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Segundo a visão de Bentham, 
a) uma pessoa que tivesse todos os prazeres mais simples (comer, beber, ter relações sexuais 
etc.), 
b) teria uma vida melhor do que aquele que usufruísse de prazeres que parecem mais complexos 
como, (estudar, fazer artes, cultivar virtudes etc.) 
há uma diferença entre: 
 uma “noção substantiva de bem-estar” - queremos responder à pergunta (a) “o que faz da vida 
do indivíduo, boa?” uma “noção formal de bem-estar” - queremos responder à pergunta (b) “o que porta o valor que 
faz da vida de um indivíduo uma vida boa?”. 
 
As teorias subjetivas como o hedonismo e como a Teoria da Satisfação de Preferências (TSP), 
concordam na noção substantiva de bem-estar. 
1. Os defensores dessas duas teorias defendem que a resposta à pergunta (a) é “aprazibilidade”, 
 é a aprazibilidade (propriedade de ser prazeroso) que faz da vida de alguém melhor. 
2. Todavia, eles discordam na resposta da pergunta (b). 
 Os hedonistas defendem que o portador de aprazibilidade é um estado mental específico 
denominado “prazer”. 
 Enquanto que os defensores da TSP defendem que o portador da aprazibilidade é a satisfação 
das preferências. 
Assim, mesmo teorias do mesmo tipo (ou seja, subjetivas) podem discordar quanto ao que é 
substantivo e quanto à noção formal de bem-estar. 
 
 O grande problema da teoria de Bentham acerca da felicidade é que ela estabelece uma visão muito 
simples do que possui valor. 
 Os critérios quantitativos de avaliação do prazer sugerem que todos os prazeres são do 
mesmo tipo, variando somente em quantidade em cada ocorrência. 
 
 
 
 
 
 
 
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Felicidade - duas chaves interpretativas (Mill): 
1. a felicidade é igual à presença de prazer e ausência de dor. 
 Mill parece oferecer uma visão claramente hedonista de felicidade, assim como fez Bentham 
2. a felicidade é igual à presença de prazer, ausência de dor, e ao cultivo da autonomia, 
individualidade e virtudes. 
 pode ser defendida como uma teoria multicomponente (apesar de haver sérias dificuldades em 
atribuir a Mill tal teoria). 
 
teoria multicomponente é aquela que defende que o bem-estar (ou felicidade) é composto por dois 
ou mais elementos. 
1. subjetivos (como estado mentais ou satisfação de preferências) 
2. objetivos (como realizações, conhecimento, autonomia, etc.) 
3. um conjunto de elementos subjetivos e elementos objetivos. 
teorias de componente – consistem em teorias que envolvem apenas uma componente (como, por 
exemplo, o hedonismo) 
 
Então, a felicidade seria composta: 
1. não apenas por estados mentais, mas também por outros elementos que não são redutíveis a 
estados mentais como, por exemplo, virtudes. 
2. defende uma teoria subjetivista da felicidade, seguindo os passos de Bentham. 
3. possui uma especificidade que afasta a crítica de que a conceção de felicidade é digna de porcos. 
 
Grupos de prazer em termos de qualidade: 
1. Prazeres superiores - estão relacionados às capacidades humanas não compartilhadas por outros 
animais não humanos como, por exemplo, a intelecção, a virtuosidade, a contemplação etc,; 
2. prazeres inferiores - estão relacionados com as necessidades mais imediatas que compartilhamos 
com os outros animais não humanos como, (Ex. a necessidade de comer, beber, dormir, o desejo 
sexual etc. Os prazeres superiores. Enquanto que os prazeres inferiores 
 
 
 
 
 
 
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Pontos positivos do hedonismo 
1. A teoria tem força explicativa, pois explica porque os prazeres afetam o nosso bem-estar ou são 
constitutivos dele. 
 defende uma visão substantiva do bem-estar, fornecendo-nos a explicação que o que nos torna 
felizes é a “aprazibilidade”. 
 oferece uma visão formal do bem-estar, defendendo que o portador de “aprazibilidade” é o estado 
mental denominado ”prazer“. 
2. A teoria explica porque algumas coisas que consideramos boas ou ruins são, de fato, boas ou ruins 
conectando a explicação clara baseada em prazer e dor. 
 Todavia, ela enfrenta alguns problemas que parecem ser de difícil resolução - é extensionalmente 
inadequada: 
 Nem todos os prazeres parecem ter valor em si, ou seja, nem todos eles parecem ser bons 
para nós e; 
 Parece haver outras coisas além do prazer que são boas para nós. 
 
2 - Teoria da satisfação de preferências 
 é a tese segundo a qual o que compõe o bem-estar do indivíduo é a satisfação das suas 
preferências/desejos informados, então o defensor da TSP considera que a satisfação de nossas 
preferências é uma consideração necessária e suficiente para o bem-estar. 
1. O hedonismo - as preferências funcionam como indicativo daquilo que trará prazer ao indivíduo, 
2. Teoria da satisfação de preferências - as preferências constituem o bem-estar. 
 
Tipos de Teoria da satisfação de preferências: 
1. a teoria das preferências atuais: teoria segundo a qual um indivíduo tem seu bem-estar 
incrementado se e somente se seus desejos correntes são realizados; 
2. a teoria das preferências abrangentes: teoria segundo a qual o que importa para o bem-estar de 
um indivíduo é o nível total de satisfação dos desejos em sua vida como um todo e divide-se em 
duas vertentes: 
 a teoria das preferências abrangentes global: o que importa para o bem-estar do indivíduo é 
a satisfação dos seus desejos na sua vida como um todo, mas há certos desejos que possuem 
prioridades sobre outros; 
 a teoria das preferências abrangentes informadas: o que importa para o bem-estar do 
indivíduo é a satisfação de seus desejos informados na sua vida como um todo. 
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Roberto Tavares 
3 - Teoria da lista objetiva 
 Esta teoria defende, que há mais de um tipo de estado de coisas que incrementam nosso bem-estar 
e que algumas dessas coisas independem de nós as preferirmos ou auferirmos estados mentais 
positivos ao usufruirmos delas. 
 Tal teoria oferece uma lista de bens gerais que incrementam ou compõe nosso bem-estar e a lista 
pode conter elementos tanto objetivos quanto subjetivos. 
 Alguns desses bens gerais incrementam nosso bem-estar independentemente das nossas 
preferências para com eles. 
 Outros incrementam nosso bem-estar apenas enquanto temos uma atitude em relação a eles. 
 A lista contém, via de regra, bens gerais que fazem a vida de uma pessoa ir melhor. 
 
A TLO funciona em dois níveis (Lauinger): 
1. Nível Type - há vários bens gerais que são diretamente bons para alguém e seu valor é 
independente das atitudes de alguém para com eles. 
 O tipo de elementos serão chamados de “bem gerais”. Um “bem geral” é o nome dado a um 
conjunto de instanciações que compartilham a mesma propriedade fazedora-de-bondade 
(good-maker property). 
 Assim, um bem geral é um tipo enquanto é um conjunto de eventos, ou estados de 
coisas, ou estados relacionais que possuem similaridades, como, por exemplo, a mesma 
propriedade fazedora-de-bondade. 
 Bens tipo são bens universais, ou seja, eles são bons para todos os indivíduos dado a 
propriedade universal do bem geral (sua good-maker property). 
2. Nível Token. - é um bem para um indivíduo se, e somente se, ele é uma instância de um bem geral. 
 Então, um evento, ou estado de coisas, etc. é bom em si mesmo se, e somente se, ele instancia 
uma propriedade fazedora-de-bondade de algum bem geral. 
TLO estabelece, grosso modo: 
1. que o que é bom para nós não instrumentalmente, é composto por um conjunto de elementos que 
tem valor independentemente de nossos estados mentais ou preferências. 
2. defende que o que é importante para fazer nossa vida melhor não é apenas ter certo tipo de estados 
mentais, mas antes uma variedade de estado de coisas, eventos, ou estados relacionais que nós 
podemos aceder. 
3. O problema central para o proponente da TLO é explicar porque os estados de coisas, eventos ou 
estados relacionais são bons por si mesmos e como eles podem nos beneficiar diretamente. 
 
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Felicidade, Bem-Estar e Sustentabilidade: da globalização à adopção de formas de racionalidade(s) 
inclusiva(s)A Felicidade 
 A felicidade foi sendo preterida por noções como eficácia, produtividade e competitividade. 
 A busca da felicidade tornou-se uma prioridade nas sociedades atuais. 
 A “felicidade paradoxal” (Lipovetsky, 2010) parte do consumismo na sua dupla vertente de 
“alívio” e de “peso” (o “hiperconsumismo”). 
 
Face ao desencanto e mal-estar resultantes da globalização, várias correntes tentam o equilíbrio 
possível entre: 
1. O crescimento económico, o bem-estar e o desenvolvimento sustentável; 
2. O cumprimento de direitos humanos e laborais e as necessidades produtivas da economia de 
mercado; 
3. A manutenção dos direitos civis e as exigências das democracias representativas. 
 
Uma vida feliz de forma geral, é uma vida com significado, em que os sujeitos coabitam pacificamente 
consigo e com os outros e entendem que têm um lugar no mundo. 
 Para além do bem-estar que convoca, relaciona-se também com a sustentabilidade. 
Felicidade sustentável – entendida como não egoísta e define-se no respeito pelos outros, pelo 
ambiente e pelas gerações futuras. 
 
A felicidade - em termos gerais, podemos descrever a como “emoção básica caracterizada por um 
estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à perceção de 
sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo” (Ferraz, Tavares e & Zilberman, 2007, p.1). 
 varia em função das diferenças culturais e das mudanças históricas, tanto em termos dos 
estados subjetivos, como em termos coletivos (Exemplo: Ocidente e Oriente). 
 A inclusão da felicidade em escritos de cariz político iniciou-se na Declaração de Independência 
dos Estados Unidos da América, em 1776, a par com outros direitos inalienáveis e tem figurado 
desde essa altura. 
 O Bem-Estar - relaciona-se com uma vida feliz e preenchida e está frequentemente associado ao nível 
mínimo de conforto e dignidade de que os indivíduos devem usufruir. 
 Os estados e governos são impelidos a prover as ajudas necessárias para tal. 
 Esse papel é igualmente desempenhado por ONG´s e grupos religiosos e pelas solidariedades 
primárias. 
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 Embora compreenda uma vertente subjetiva, respeitante ao modo como as pessoas individualmente 
avaliam as suas vidas, tem sido medido também em termos coletivos, associado a parâmetros como a 
Qualidade de Vida (riqueza material; emprego; saúde física e mental; ambiente construído; educação; 
lazer; necessidade de pertença social). 
 O conceito de bem-estar aparece, frequentemente, unido ao de felicidade. 
 
A Sustentabilidade 
1. O termo sustentabilidade começou a delinear-se na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano, em Estocolmo (Junho de 1972). 
 O objetivo era promover políticas de alcance internacional e ações que ajudassem a reverter a 
degradação ambiental e a poluição e que minorassem as discrepâncias sociais e o fosso entre 
os países industrializados e os países em desenvolvimento. 
2. Em 1980, a IUCN, a UNEP, a WWF, e a UNESCO prepararam a World Conservation Strategy, Living 
Resource Conservation for Sustainable Development, traçando as linhas do desenvolvimento 
sustentável nos seus três eixos – económico, social e ambiental – e sublinhando a necessidade de 
conservação e de preservação dos recursos como forma de garantir a integridade do Planeta e a 
prossecução de vida na Terra. 
3. O Relatório Brundtland (1987) - preparou a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Humano – Rio-92. 
 A Agenda 21 foi resultado direto da Cimeira Rio-92. 
 A adoção dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, no ano 2000, veio complementar e 
ajustar o que tinha sido inicialmente delineado pela Agenda 21. 
 
As noções de bem-estar e de sustentabilidade estão relacionadas, contudo: 
1. o bem-estar está mais voltado para as necessidades do presente, 
2. a sustentabilidade dirige-se para o futuro - não é um conceito estático, mas um fenómeno 
complexo e multidisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
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Indicadores e índices de felicidade, bem-estar e sustentabilidade 
 
1. Indicadores de Felicidade 
1. Índice do Planeta Feliz (IPF - 2006) – avalia a eficiência com que o bem-estar humano e a 
felicidade são obtidos a nível global, por país ou grupo de países, a partir da gestão dos recursos 
finitos do Planeta. Cruza três indicadores per capita: 
1. Grau de satisfação dos habitantes em cada país; 
2. Esperança média de vida; 
3. Pegada ecológica. 
2. Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB - 2008) – mede a qualidade de vida e o progresso social 
de modo mais holístico e a longo prazo. 
 
2. Indicadores e índices de bem-estar 
1. Produto Interno Bruto (PIB) – é um dos indicadores mais usados. Traduz os bens e serviços finais 
produzidos no seio de uma determinada economia e assume-se como um dos principais 
indicadores de diagnóstico do desempenho global dessa economia. 
2. Produto Nacional Bruto (PNB) – compreende a soma de bens e serviços finais produzidos pelos 
cidadãos no seu país e no estrangeiro, normalmente no período de um ano civil. 
3. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH - 1990) mede o desenvolvimento humano e social 
de um país. 
 Os indicadores económicos revelaram-se, por vezes redutores e insuficientes, por não 
darem indicações precisas de sustentabilidade. 
 
3. Indicadores e Índices de sustentabilidade 
1. Pegada Ecológica (Wackernagel e Rees - 1995) - mede o impacto das atividades humanas 
relacionando-as com a área bioprodutiva requerida, equacionando os recursos disponíveis e os 
resíduos produzidos face à capacidade de regeneração da Terra. 
2. Poupanças Genuínas – indicador que demonstra a taxa de riqueza nacional, incluindo o capital 
natural e o capital humano, destruído ou criado. 
 Mede a taxa das poupanças numa determinada economia, depois dos investimentos no 
capital humano, depleção dos recursos naturais e danos causados pela poluição. 
 
 
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O Mundo Globalizado 
Sentidos e consequências da globalização 
 
 A globalização é um fenómeno atual, complexo e irreversível. 
 Gregory, Jonhston, Pratt, watts e Whatmore (2009) entendem a globalização como processo 
inevitável e incessante de integração, alimentado pelo capitalismo de mercado livre e pelo 
neoliberalismo. 
 Giddens (2006) considera que “estamos a viver um período histórico de transição muito importante” 
sendo que as mudanças dizem respeito a todo o Planeta. 
 A globalização é sobretudo dirigida pelo modelo tecnológico, científico e cultural ocidental e 
está a “reestruturar as nossas formas de viver” (Giddens, 2006, p.17). 
 Somos remetidos para ideias, conceções, valores e comportamentos massificados, que afetam a vida 
individual e social assim como os acontecimentos e decisões à escala planetária. 
 A globalização tanto permite o acesso a locais, bens e serviços e a conquista de direitos laborais, 
humanos e civis, como pode conduzir à perda de identidade, dos saberes e dos modos de vida 
tradicionais. 
 Segundo Santos (2006, p. 393) muitas das mudanças trazidas pela globalização a nível planetário 
traduzem-se: 
1. num aumento das desigualdades entre países e no interior dos mesmos, 
2. desastres ambientais, 
3. conflitos étnicos, 
4. migrações em massa, 
5. emergência de novos estados enquanto outros colapsam, 
6. proliferação de guerras civis, limpezas étnicas, crime organizado, terrorismo, militarismo, etc. 
 Baudrillard (2003) destacou que o terrorismo de hoje não é especialmente produto da tradição 
anárquica, nem do nihilismo ou do fanatismo; é antes parceiro da globalização. 
 Saad-Filho e Johnston (2005) sublinham a relaçãoestreita entre o neoliberalismo, a globalização e o 
imperialismo, por exemplo, no afã norte-americano de “civilizar” o mundo e dominá-lo 
economicamente, através das grandes corporações e empresas multinacionais. 
 Bourdieu e Wacquant (2001) denunciam um novo tipo de imperialismo. Este tipo de imperialismo, 
também cultural, apresenta-se como “violência simbólica”, na medida em que se universalizam 
pressupostos teóricos e modelos, que se “impõem” como ortodoxia. 
 
 
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Sociedades urbanizadas, massificadas, mestiças e de consumo 
Toda a segunda metade do século XX é marcada: 
1. pelo surgimento de uma população humana fortemente globalizada; 
2. o crescente êxodo rural transformou cidades da Ásia, África e América do Sul em metrópoles 
desordenadas, caóticas e sobrepovoadas (poluição, falta de condições de higiene, desemprego, 
crime organizado, redes de tráfico...). 
 Na reivindicação do espaço público sobressaem os pilares em que se em que assenta a nossa época: 
 cultura, democracia, consumo. 
 Multiplicam-se as iniciativas de promoção de uma cidadania ativa, de participação e de governança 
democrática. 
 As sociedades contemporâneas são, urbanas, massificas, mestiças e de consumo. 
 É difícil escapar à magia que a publicidade exerce sobre os indivíduos e as sociedades. Destaca-
se a importância de se cultivarem estilos de vida e padrões de consumo sustentáveis, que 
possam ir ao encontro das necessidades básicas e melhorar a qualidade de vida das populações, 
minimizando o uso dos recursos naturais e dos poluentes, e evitando os desperdícios – acções 
fundamentais para as gerações futuras. 
Teorias: 
1. Michel Serres (1994) assume que, na era global, o sujeito e a educação desenvolvem-se na 
abertura à descoberta da alteridade alargada, à diversidade cultural e à mestiçagem. 
2. Cuche (1999) refere que o processo de trocas culturais e a própria aculturação resultante, não 
significam a pura conversão de uma cultura a outra. 
3. Herskovits (1948, 1995) propõe um novo conceito, o de “reinterpretação” – que sintetiza o 
modo como cada grupo cria novas sínteses culturais a partir de influências exógenas. 
 
A criação de modelos de racionalidade(s) inclusiva(s): 
Na promoção da felicidade, do bem-estar e da sustentabilidade. 
 
Durante muito tempo, a confiança depositada na racionalidade hegemônica foi inabalável. 
Progressivamente, as promessas dessa razão e o excessivo otimismo relativamente às suas conquistas, 
culminaram na crise dos fundamentos ideológicos, políticos, económicos e técnico-científicos da 
atualidade. 
 A razão dominante, remeteu para o silêncio os saberes e práticas ancestrais, considerados fruto 
da ignorância e avessos ao progresso (conteúdos místico-religiosos, mágicos, a linguagem 
poética, os saberes populares e as racionalidades leigas). 
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Racionalidades leigas – um terreno amplo que admite formas de conhecimento oriundas de vários 
campos, num processo de compreensão e de produção de sentido(s), muitas vezes em paralelo com 
as formas de racionalidade e de poder dominantes, ou talvez, complementando-as. 
 
Saberes leigos - são encarnados nas experiências e vivências dos sujeitos, 
1. talvez pelo modo como afetam a ação individual e coletiva e as práticas; 
2. ou porque são criadores de sentidos plurais e de material com elevado interesse 
epistemológico, sociológico, cultural e até ambiental. 
 Samuel Phillips Huntington (1993, 1996) faz referência a uma nova ordem mundial pós Guerra Fria, 
salientando a identidade cultural e religiosa dos povos como fonte primária de conflito, ao invés das 
questões ideológicas. 
 Santos (2001) destaca: 
1. por um lado, os que comandam os processos de criação e de destruição, ou seja, os autores da 
globalização hegemónica; 
2. por outro lado, os que sofrem as consequências destes processos e modos de atuação. 
 Em contrapartida, aponta a necessidade imperativa de rejeitar e retirar importância ao consumo 
voraz e à economia de mercado, que dariam forma a uma sociedade de mercado, onde tudo tem 
um preço e se pode comprar ou vender. 
 
 Gilles Lipovetsky, uma nova modernidade surgiu ao longo da segunda metade do século XX, uma 
civilização assente no desejo e orientada pelo capitalismo de consumo. Contudo nas últimas décadas, 
essa sociedade de consumo deu origem a sociedades hiperconsumistas. 
 
 Lipovetsky refere que é a “Era do Vazio”. 
1. Vive-se a ilusão da evasão da realidade, a promessa de felicidade que a publicidade advoga e 
explora, mas rapidamente se esgota esse prazer de possuir, e por isso, há que eternizá-lo até ao 
limite. 
2. Mas essa felicidade nunca consegue ser completamente satisfeita. 
 Trata-se de dar espaço aos saberes plurais, rivais da racionalidade hegemónica, às racionalidades 
leigas e às “Epistemologias do Sul”, ou seja, todos aqueles pressupostos ontológicos, 
epistemológicos e existenciais remetidos para a “sombra” e ofuscados pela luz fulgurante da 
hegemónica racionalidade ocidental. 
 O “Norte” continua a ter prevalência hierárquica e a manter referências próximas do imperialismo de 
outros tempos. 
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 Se o mundo é diverso, há que promover um pluralismo epistemológico que reconheça as múltiplas 
visões que contribuem para o enquadramento racional global, as ações, práticas e políticas 
alternativas. 
 O monopólio da ciência e da técnica tem de consciencializar-se dos vários problemas criados e não 
impedir o reconhecimento de outras formas de conhecer, de fazer e de intervir no real. 
 A injustiça social global está amplamente ligada à injustiça cognitiva global, “de modo que a luta por 
uma justiça social global requer a construção de um pensamento ‘pós-abissal’” (Santos, 2007, p.3), 
cujos princípios possam assentar numa “ecologia de saberes” (idem). 
 A reação ao pensamento abissal e a criação de um “pensamento pós abissal”, faz-se acompanhar 
pela resistência política, cujo postulado é a resistência epistemológica. 
 Simultaneamente, deveriam rever-se os modelos e as estratégias da educação formal. Assim, a via 
para uma saudável articulação entre felicidade, bem-estar e sustentabilidade implica uma 
mudança paradigmática não apenas em termos políticos e económicos, mas também 
gnosiológicos, culturais e pedagógicos. 
 É fundamental apostar na educação formal e não formal, caminhando no sentido de uma 
globalização inclusiva e do reconhecimento de uma pluralidade epistemológica efetiva 
empoderando os indivíduos e os grupos, a nível local e regional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA 2 “Crise ambiental, organização social, modos de vida e desigualdades sócio-ambientais”. 
1. Conhecer e problematizar as diversas dimensões da crise ambiental e da saúde e suas relações 
com as sociedades e modos de vida. 
A crise ambiental que tem vindo a se desenvolver por todo o nosso planeta, e que afeta todas as 
geografias, todos os continentes, todos os povos e nações, de ano para ano tem demonstrado que 
estamos a ir pelo caminho errado há muito tempo. 
 Alguns exemplos: Desflorestação devido aos contantes incêndios e abate de árvores, excesso 
de poluição, enfim, tudo aquilo que agride o meio ambiente e faz com que ele sofra 
transformações como aquecimento global, destruição da camada de ozono, fazendo com que 
a camada de ozono não pare de aumentar e consequentemente o efeito de estufa. 
O meio ambiente, atualmente está a viver uma crise ambiental. 
 Existe um desequilíbrio ecológico, resultante de algumas catástrofes naturais outras provocadas 
pelohomem, sendo a tendência destas catástrofes serem cada vez mais frequentes: 
1. algumas coisas são do comportamento normal da natureza, 
2. algumas foram causadas pelo homem que só pensa no lucro e a produção e consumo 
(destruição da camada de ozônio e o super aquecimento da terra (aquecimento Global), não 
param de aumentar), 
 prevê-se que num curto espaço, a Natureza não irá dispor de matérias primas necessárias ou 
suficientes para as necessidades do homem (o homem conscientemente ou não, vai acabando com 
os recursos naturais e por sua vez a acabar com a natureza); 
 As alterações climáticas não afetam de igual forma todas as geografias do nosso planeta nem todos 
os grupos sociais. 
 hoje quem mais sofre na pele as consequências da crise em que vivemos são mesmo os povos 
mais desfavorecidos socialmente a nível mundial. Exemplos: 
1. a crise agrícola em áfrica derivada de secas prolongadas e da falta de políticas públicas 
de desenvolvimento de sistemas alternativos. 
2. desflorestação na Amazónia e nas florestas tropicais da América do Sul, dando lugar a 
extensas áreas de atividade pecuária por parte de grandes empresas mundiais, que 
visam a alimentação essencialmente do mundo desenvolvido, etc, 
 
 
 
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Caracterizar as desigualdades socioambientais enquanto expressão dos modelos socioeconómicos 
que condicionam a vulnerabilidade e riscos das populações. 
As desigualdades socio ambientais, enquanto modo de sobrevivência dos povos é enorme, 
 são os povos e as nações dessas geografias mundiais, que se encontram na linha da frente do 
combate às alterações climáticas e que clamam junto das autoridades mundiais, alterações 
drásticas e a aprovação de medidas para o combate a poluição mundial. 
1. Esses que sofrem na pele mais diretamente as consequências das alterações climáticas, são os 
mesmos que tomando consciência social do problema, lidam com fenómenos naturais cada 
vez mais frequentes como tempestades tropicais que alternam com grandes períodos de seca. 
2. São também os mesmos que tem na sua cultura enraizada a maneira de viver simples e com 
pouco, mas que hoje derivado da ganância do mundo desenvolvido, nem pouco tem, 
enfrentando a fome, epidemias para além dos já falados fenómenos tropicais. 
 O mundo á muito que alerta para estes problemas. 
1. Não só nos países e regiões menos desenvolvidas, mas também no chamado mundo ocidental, 
surgem cada vez mais vozes de protesto contra a ganância económica e empresarial, 
2. mas também pela forma como os modos de vida que nós todos hoje temos como garantidos e 
que sustentam o nosso bem-estar diário, são no pouco a pouco, atentados ambientais. 
 
O petróleo, existe zona do globo em que os seus terrenos não são férteis, mas em contrapartida, são 
muito ricos em energias fosseis como o petróleo, fazendo com que exista desequilíbrio ambiental e os 
recursos hídricos sejam cada vez mais escassos Primeiro: 
 
Os recursos hídricos no mundo e na Europa Apesar do nome Terra, 70% do planeta é composto por 
água. 
 No entanto, de toda esta água, apenas 2,5% constitui água doce e a sua maior parte encontra-
se inacessível nos calotes polares e em aquíferos de difícil acesso, deixando apenas cerca de 
0,26% de água doce disponível em rios, lagos e aquíferos de fácil acesso. 
 A quantidade de água existente no planeta é fixa, o que varia é o estado em que a mesma se 
encontra – sólido, gasoso ou líquido; bem como o local e qualidade da mesma. 
 O maior problema em termos hídricos é que a água se encontra a maior parte das vezes no 
sítio errado, à hora errada, com a qualidade errada. 
 
 
 
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Importância dos recursos hídricos – para governantes e governados/as. 
1. a água é vital para a vida humana (e para a vida no planeta) 
 Pode-se viver sem petróleo, contudo só se consegue viver um número finito de dias sem água, 
dependendo das condições físicas da pessoa e das características climatéricas do local onde ela 
se encontra. 
2. o carácter insubstituível da água 
 cria um misto de pânico e impotência perante situações de instabilidade por motivos de 
catástrofes naturais, convulsões sociais, económicas ou políticas, ou por se atingirem os limites 
de água disponíveis numa determinada região. 
 Toda e qualquer atividade económica e produto à venda, necessitam de água ou como 
componente ou como elemento no seu processo de produção e distribuição. Não foi ainda 
possível encontrar um substituto para a água. 
3. A escassez de água 
 Física - apesar da quantidade de água ser constante no planeta, a sua concentração física em 
determinadas regiões combinada com a existência de fronteiras políticas com repercussões ao 
nível de direitos de propriedade faz com que a água seja escassa em diferentes partes do 
planeta, distintos países e ainda em determinadas regiões dentro desses países. 
 económica - no sentido de não haver recursos económicos disponíveis para garantir a água 
necessária a uma existência humana digna e saudável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Desigualdades globais 
Multidimensionalidade das desigualdades em contexto de globalização 
Therborn sublinha com particular ênfase a pluralidade de desigualdades. 
 
Dimensões de desigualdade no mundo atual, 
1. Desigualdades vitais: abrange as desigualdades perante a vida, a morte e a saúde. 
 Indicadores como a esperança de vida à nascença ou a taxa de mortalidade infantil são alguns 
dos mais utilizados neste domínio, nomeadamente para analisar comparativamente 
desigualdades entre as populações dos diversos países ou para analisar evoluções no tempo 
dessas desigualdades vitais. 
2. Desigualdades existenciais: reportam-se ao “desigual reconhecimento dos indivíduos humanos 
enquanto pessoas” (Therborn, 2006: 7). 
 Mais concretamente, focam desigualdades de liberdade, direitos, reconhecimento e respeito 
de que os indivíduos e grupos podem usufruir em sociedade—por oposição às opressões e 
restrições de liberdade, às discriminações, estigmatizações e humilhações. 
 Fenómenos como o patriarcado, a escravatura ou o racismo são algumas das manifestações 
mais conhecidas das desigualdades existenciais na história das sociedades. 
3. Desigualdades de recursos: têm sido, mais frequentemente do que as anteriores, objeto de análise 
por parte da sociologia e de outras ciências sociais. 
 Em sentido lato, incluem dimensões como as desigualdades de rendimentos e de riqueza, de 
escolaridade e de qualificação profissional, de competências cognitivas e culturais, de posição 
hierárquica nas organizações e de acesso a redes sociais. 
 
Os mecanismos de desigualdade (Therborn): 
1. Distanciamento: geração de desigualdades como resultado de processos de competição ou 
concorrência em sistemas de interdependência, nomeadamente mercados ou quasemercados; 
2. Exclusão: geração de desigualdades por efeito de restrições seletivas que certos grupos 
colocam ao acesso de outros a recursos e oportunidades; 
3. Hierarquização: geração de desigualdades por efeitos de institucionalização de posições de 
superioridade ou inferioridade nas organizações formais; 
4. Exploração: geração de desigualdades por efeito da apropriação assimétrica por uns de bens e 
valores produzidos por outros. 
 
 
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Mecanismos de igualdade 
1. Convergência (catching-up): abrangendo processos de mudança sistémica, igualização de 
oportunidades, políticas compensatórias e ações afirmativas; 
2. Inclusão: estado de direito, cidadania, serviços públicos, possibilidades de migração, direitoshumanos; 
3. Compressão: ou encurtamento, das hierarquias institucionais e organizacionais, envolvendo 
processos de capacitação, empoderamento [empowerment], democratização organizacional 
ou associativismo; 
4. Redistribuição: estado-providência, fiscalidade progressiva, políticas sociais, mutualismo. 
 
Fatores explicativos fundamentais, a tomar em conta na análise das atuais situações e dinâmicas de 
desigualdade à escala mundial: 
1. História global: com destaque para as interações internacionais e para as sedimentações, 
institucionalizações e efeitos de percurso [path-dependency] por elas legados; 
2. Imbricações globais: entre estados e nações, por um lado, e movimentos e organizações 
transnacionais, por outro; 
3. Fluxos globais: de pessoas, capitais, mercadorias e informação. 
 
Desigualdades de desenvolvimento humano 
 Dificilmente se pode dispensar o contributo decisivo dos indicadores e medidas de desigualdade 
de caráter estatístico, suscetíveis de proporcionarem comparações internacionais e séries 
temporais a respeito de diversas dimensões de desigualdade. 
 Hoje em dia, as disponibilidades de informação a este respeito são já muito consideráveis. 
 Entre os instrumentos fundamentais para a caracterização e análise das desigualdades atuais 
numa perspetiva global contam-se os Relatórios do Desenvolvimento Humano (RDH), publicados 
anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU). 
 A ideia básica que preside a estes relatórios— e, em particular, à sua medida de desigualdades 
mais importante, o índice de desenvolvimento humano (IDH)— é que o desenvolvimento e as 
desigualdades de desenvolvimento são multidimensionais. 
O IDH combina três dimensões fundamentais: 
1. Vida - “vida longa e saudável” 
2. educação - “conhecimento” 
3. rendimento - “um padrão de vida digno”. 
 
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Para a operacionalização destas dimensões o IDH recorre atualmente aos seguintes indicadores: 
1. “esperança de vida à nascença”, para a primeira dimensão; 
2. “média de anos de escolaridade” e “anos de escolaridade esperados” à entrada da escola, para 
a segunda dimensão; 
3. “rendimento nacional bruto (RNB) per capita” (em PPC), para a terceira dimensão. 
 
Também são calculados valores do IDH: 
 para agregados de “níveis de desenvolvimento” 
 e de “grandes regiões mundiais”. 
 
Relações de desigualdade num mundo globalizado 
Recorrendo a propostas conceptuais e operatórias de Branko Milanovic (2007), é esclarecedor 
distinguir entre um conceito de: 
1. desigualdade internacional não ponderada, 
2. desigualdade internacional ponderada (pelo volume populacional dos países) 
3. desigualdade global. 
 Os dois primeiros referem-se a desigualdades entre países; as fontes de informação são as 
estatísticas nacionais. 
 O terceiro refere-se diretamente a desigualdades entre indivíduos, à escala mundial, e recorre, 
como fonte de informação, a inquéritos diretos às populações (indivíduos e grupos domésticos). 
 
Perceção das desigualdades 
Tipologia analítica das relações entre desigualdades objetivas e subjetivas (Louis Chauvel) 
1. Sociedade de classes: quando num contexto de elevadas desigualdades objetivas se 
desenvolve uma forte recusa subjetiva das desigualdades; 
2. Alienação: é o contrário, quando nesse género de contexto de elevadas desigualdades objetivas 
a recusa subjetiva das desigualdades é de baixa intensidade. 
3. Super conflitualidade: quando num contexto de desigualdades objetivas reduzidas se 
desenvolve forte recusa subjetiva dessas desigualdades; 
4. Sociedade sem classes: quando num contexto de desigualdades objetivas reduzidas se 
desenvolve fraca recusa subjetiva dessas desigualdades. 
 
 
 
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Desigualdades e justiça social num mundo globalizado 
A injustiça social manifesta-se segundo em três vertentes fundamentais: (Nancy Frazer), 
1. as injustiças económicas, 
2. as injustiças culturais 
3. e as injustiças políticas. 
Políticas desenvolvidas para combater as injustiças: 
1. Injustiças económicas: têm sido defendidas e desenvolvidas políticas de redistribuição. Ex: 
segurança social, educação pública, serviços públicos de saúde. 
 
2. Injustiças culturais: leva a injustiças de reconhecimento (nomeadamente, reconhecimento 
deficitário, distorcido ou estigmatizante de status ou de identidade). 
 Políticas de reconhecimento da “diferença” (ou melhor, de certas diferenças), ou do “direito à 
diferença”. 
 Nelas estão envolvidos processos de mudança de sensibilidade cultural, movimentos sociais, 
alterações de quadro legislativo e políticas públicas de “ação afirmativa”. 
 Visam obter respeito pela diferença e combater discriminações com base em atributos como 
o género, a orientação sexual, a raça, a etnia, a origem nacional, a deficiência, ou outros. 
3. Injustiças políticas: as injustiças que dela decorrem são injustiças de representação, logo as políticas 
implementadas são também de representação e reportam-se fundamentalmente à definição de 
âmbitos de inclusão dos atores sociais, assim como à justa tomada em consideração desses atores 
sociais. 
Principais teorias da justiça 
1. A teoria da justiça como equidade (fairness), de John Rawls: conceção geral de justiça como 
equidade, a de que “todos os bens sociais primários, liberdades e oportunidades, rendimentos e 
riqueza, e as bases do respeito por si próprio, devem ser distribuídos igualmente, a menos que 
uma distribuição desigual de algum desses bens, ou de todos, seja em vantagem dos menos 
favorecidos” 
2. A perspetiva das capacidades (capabilities), de Amartya Sem: relaciona-se diretamente com as 
problemáticas da justiça social e das desigualdades. 
 As capacidades são entendidas por Sen em sentido amplo, segundo uma perspetiva baseada 
nas liberdades, como oportunidades efetivas de fazer escolhas e realizar ações visando 
objetivos que cada um tem razões para valorizar. 
 Nesta conceção de capacidades há, pois, tanto um elemento de pré-condições (meios) como 
um elemento de realizações (fins). 
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O que são desigualdades sociais? 
 Os sociólogos sabem que as desigualdades sociais significam injustiça social, falta de oportunidades, 
danos para a coesão social e para a qualidade de vida humana, que merecem condenação. 
 não são meras diferenças sociais entre grupos ou populações com estilos de vida distintos ou culturas 
específicas. 
 não são diferenças de talentos, capacidades e desempenhos individuais 
 
As desigualdades sociais são diferenças sistemáticas e persistentes de acesso a bens, recursos e 
oportunidades, que se estabelecem entre pessoas, grupos sociais ou mesmo populações inteiras. 
 Essas diferenças de acesso a bens, recursos e oportunidades existem independentemente dos 
talentos, capacidades e desempenhos individuais. 
 As diferenças de recursos resultantes dos talentos e desempenhos individuais e as que resultam 
das desigualdades sociais e dos seus mecanismos geradores coexistem socialmente, e essa 
coexistência torna o estudo deste tema particularmente complexo. 
 
Na aceção de Pierre Bourdieu 
1. os estudantes de famílias com mais capitais económicos e culturais, estão mais bem equipados 
para enfrentarem a instituição escolar e os seus procedimentos de avaliação e certificação. 
 O capital cultural, em particular, seja o nível de escolaridade dos pais desses estudantes, 
sejam os bens culturais que eles têm em casa ou aqueles a que acedem fora de casa através 
das respetivas famílias, converte-se em capital escolar, o que significa que facilita trajetos 
escolares longos e bem-sucedidos. 
2. os jovens oriundos de minorias étnico-raciais desfavorecidas têm menos probabilidadede 
conseguir desempenhos escolares de alto nível, dadas as carências económicas e culturais que os 
limitam, carências que só doses altas de talento e esforço individual podem permitir superar. 
3. Ser rapaz ou rapariga pode ter um efeito decisivo nas carreiras escolares. 
 Se nos países mais ricos e desenvolvidos observamos já há algum tempo um padrão de 
vantagem feminina no que respeita aos desempenhos académicos, 
 em muitas outras partes do mundo as raparigas, por efeito de determinantes socioculturais 
ou outras razões, ficam sistematicamente para trás na escola quando não são pura e 
simplesmente impedidas de a frequentar. 
 estudantes de meios sociais ou étnico-raciais desfavorecidos abandonam mais 
precocemente o sistema de ensino do que os estudantes de origens privilegiadas. 
 
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Desigualdades sociais e categorias sociais 
Categorias sociais duradouras 
 classe, género, étnico-raciais, de status, de idade ou outras. 
 
Falar de cristalização das desigualdades, sejam elas vitais, existenciais ou de recursos, significa dizer 
que as linhas que separam as posições de vantagem e de desvantagem social se mantêm no tempo e 
que as pessoas, as famílias, os grupos e as populações inteiras que estão nessas posições tendem 
também a ser as mesmas. 
 É assim que se formam as categorias sociais mencionadas, categorias que ganham uma 
existência própria e se tornam socialmente visíveis e designáveis. 
 Essas categorias podem assumir a forma de comunidades fortemente sedimentadas, com um 
sentimento de pertença largamente partilhado entre os seus membros e uma imagem externa 
única junto do resto da sociedade. 
 A formação de comunidades deste tipo ocorre com minorias étnico-raciais em muitos países, 
mas também pode acontecer com classes sociais e outras categorias de pessoas. 
 
A pertença a categorias sociais condiciona o destino individual dos seus membros. 
A formação de categorias sociais duradouras introduz rigidez na sociedade, 
 No que respeita, em particular, às classes sociais, podemos, no plano teórico, imaginar um 
contínuo de situações em que: 
1. num extremo há mobilidade social total, ascendente e descendente, e a generalidade 
das pessoas muda de classe no curso da sua vida, 
2. no outro extremo a completa imobilidade social, como nos antigos sistema de castas 
em que uma dada condição de nascença permanecia inalterada para o resto da vida. 
Graus variáveis de circulação entre classes. 
 Quanto mais aberto for o acesso a diferentes tipos de recursos mais mobilidade social existirá 
 Quanto mais mobilidade social existir menos as classes se tornam categorias sociais fechadas e 
perenes. 
O acesso a recursos 
1. É o fator que mais influencia a imobilidade ou a mobilidade entre classes sociais 
2. é também o que mais favorece a possibilidade de categorias de género ou étnico-raciais 
desfavorecidas, entre outras, melhorarem a sua posição na sociedade. 
 
 
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A relação entre tipos de desigualdades sociais e categoriais sociais 
 é uma relação biunívoca, funciona nos dois sentidos. 
1. Por um lado, os vários tipos de desigualdades sociais podem conduzir, pela sua persistência, à 
formação de categorias sociais cristalizadas e duradouras. 
2. Por outro lado, sendo essas categorias inicialmente formadas com base na distribuição desigual 
de um determinado recurso ou de determinadas desigualdades vitais ou existenciais, a sua 
persistência contribuirá: 
 para manter a distribuição desigual desse recurso ou dessas desigualdades vitais e 
existenciais, 
 para criar ou acentuar desigualdades que não estavam inicialmente presentes na formação 
dessas categorias específicas. 
 
No caso de uma hierarquia social que de início se baseia no rendimento. 
 Assistiremos à formação de uma ou mais categorias de novos-ricos e, em contrapartida, haverá 
outras tantas categorias com rendimentos baixos e médios. 
 Com o tempo, esta hierarquia tende a alterar o seu aspeto originário porque os novos ricos, 
1. além do rendimento, irão acumular também poder, capital social e reconhecimento, 
2. irão proporcionar aos seus descendentes formações académicas elevadas e acesso a capital 
cultural, 
3. os seus nomes de família tornar-se-ão símbolos de prestígio, 
 
 
 
 
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As desigualdades de género. 
 As categorias de género formam-se historicamente a partir do que Therborn chama 
desigualdades existenciais. 
 É pela via dos direitos, do reconhecimento, da possibilidade de autonomia pessoal, que as 
mulheres têm sido historicamente discriminadas relativamente aos homens e colocadas numa 
posição de inferioridade. 
 
Esta matriz permite fazer uma cartografia geral das desigualdades sociais: 
O exemplo 1 é o da célula que resulta do cruzamento entre desigualdades de rendimento e categorias 
de classe. 
 Sabemos que os rendimentos, resultantes de salários, rendas, acções em empresas ou 
prestações sociais, entre outras fontes, constituem um indicador-chave das desigualdades de 
classe. 
 A desigualdade de rendimentos tem, por outro lado, uma grande visibilidade social porque se 
faz sentir, a múltiplos níveis, nas condições e estilos de vida das diferentes classes. 
O exemplo 2 assinala as desigualdades de poder entre homens e mulheres. 
O exemplo 3 - A idade, tal como o género ou a origem étnica, pode constituir um fator de discriminação 
social - Chama-se a esse tipo de discriminação idadismo, a partir do neologismo em língua inglesa 
“ageism” – frequente no mercado de trabalho, em termos de prestigio. 
O exemplo 4, - Voltamos ao terreno das desigualdades existenciais e, desta vez, ao reconhecimento e 
respeito pelas pessoas em função do grupo étnico-racial a que pertencem. 
 O racismo e a discriminação étnica significam o não reconhecimento e o desrespeito pelas 
pessoas em função desse atributo da sua identidade. 
O racismo e o preconceito étnico constituem-se a diferentes níveis. 
1. O preconceito é um desses níveis e pode ou não ser transposto para os comportamentos 
concretos. 
2. A discriminação é uma prática concreta que se manifesta em circunstâncias variadas da vida 
quotidiana, no emprego, na escola, no acesso à habitação, nas ruas. 
3. As ideologias da superioridade étnica ou racial, sistemas de ideias que procuram legitimar o 
preconceito e a discriminação. 
 
 
 
 
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Causas das desigualdades sociais e da igualdade de oportunidades 
O modo de funcionamento das instituições: 
1. Sistemas de ensino 
2. Economia e mercado de trabalho 
3. Estado e as políticas públicas 
4. Valores culturais. 
5. Família 
 
1. Sistemas de ensino - constituem o veículo por excelência de mobilidade social e, por essa via, de 
igualdade de oportunidades. 
 Nos países mais desenvolvidos o acesso à escola massificou-se, mesmo nos seus níveis 
superiores, e estamos longe do tempo em que a instituição escolar era só para alguns e se 
destinava a formar e reproduzir elites letradas. 
 O ensino acessível a todos permite que este elevador social funcione e ele tem funcionado. 
 os sociólogos, a partir dos anos 60 do século XX, com base em estudos empíricos concludentes, 
começaram a revelar o outro lado da escola, a escola que reproduz as desigualdades, a escola 
dos herdeiros - Bourdieu e Passeron provam que a escola pode transformar desigualdades 
sociais, que lhe são externas e estranhas, em desigualdades escolares. 
A escola coloca-se: 
1. em linha de continuidade com os estudantes das famílias com maior capital cultural, que estão a 
par dos códigos e linguagens escolares

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