Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Geologia de Engenharia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Francieli Sant’ana Marcatto Revisão Textual: Jaquelina Kutsunugi Plasticidade e Consistência dos Solos • Plasticidade e consistência dos solos; • Limites de consistência dos solos; • Limite de liquidez (LL); • Limite de Platicidade (LP); • Limite de contração (LC); • Índice de consistência dos solos; • Atividade das argilas. • Conhecer a consistência dos solos; • Classificar os solos de acordo com os seus limites de consistência. ObjetivO de aprendizadO Plasticidade e Consistência dos Solos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. 9 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos Plasticidade e Consistência dos Solos Os solos com presença de argila, quando úmidos, possuem propriedades plásti- cas que permitem serem moldados sem esfarelar. Segundo Caputo (1988, p. 52), “a plasticidade é definida como uma propriedade dos solos, que consiste na maior ou menor capacidade de serem eles moldados, sob certas condições de umidade, sem variação de volume”. Além do teor de umidade, a plasticidade relaciona-se com a forma do mineral de argila e a sua composição química e mineralógica. Já a consistência de um solo refere-se ao grau de resistência a forças que tendem a romper o solo e o grau de adesão entre as partículas dos solos. A consistência é uma propriedade de solos coesivos e refere-se à rigidez de um solo quando em con- tato com diferentes níveis de umidade. A resistência do solo possui relação inversa com o teor de umidade, pois à medida que a umidade aumenta, a argila se torna menos resistente e mais mole. Limites de Consistência Os limites de consistência são muito utilizados na identificação e classificação dos solos coesivos, e são a base para a avaliação preliminar das propriedades dos solos. A quantidade de umidade de um solo define o seu limite de consistência. Se o solo estiver em estado líquido, ele não apresentará resistência, e, à medida que a água for retirada, ficará mais rijo e irá adquirir a capacidade de ser moldado. A definição de limites de consistência de um solo argiloso parte de que ele apre- senta aspectos muito distintos de acordo com a umidade. Dependendo do teor de umidade, pode ser dividido em quatro estados: líquido, plástico, semissólido e sólido. Para cada um dos estados de umidade, define-se um limite de consistência, con- forme pode ser visualizado na figura 1. Quando o solo passa do estado sólido para o semissólido, é chamado de limite de contração (LC); do estado semissólido para o plástico, de limite de plasticidade (LP) e do estado plástico para o líquido, limite de liquidez (LL). Figura 1 - relação entre a umidade do solo e os limites de consistência Fonte: adaptado de Caputo (1988) Os limites de consistência também são conhecidos como Limites de Atterberg, por terem sido desenvolvidos pelo químico sueco Albert Atterberg, que estudou diversos parâmetros dos solos, contribuindo substancialmente com a definição da consistência dos solos. Limite de liquidez (LL) O limite de liquidez refere-se ao teor de umidade do solo ao passar do estado plástico para o líquido. Para determiná-lo, é utilizado o aparelho de Casagrande, que consiste em uma concha de latão e uma manivela: quando girada, movimenta a concha de latão, que bate contra uma base de borracha. O limite de liquidez corresponde ao teor de umidade de 25 golpes. A norma téc- nica que rege a determinação do limite de liquidez é a NBR 6459 (ABNT, 2016). Segundo a NBR 6459 (ABNT, 2016), para a determinação do LL a amos- tra deve ser colocada em uma cápsula de porcelana, adicionando água destilada, aos poucos, amassando e revolvendo o solo até obter uma massa homogênea (Figura 2). 98 11 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos Figura 2 - acréscimo de água destilada na amostra, e revolvimento para a determinação do limite de liquidez Fonte: atterberg… (2004, on-line) Em seguida, parte do material deve ser transferido para a concha, moldando-o de forma que a espessura seja de 10 mm. Dentro da concha, o material deve ser dividido em duas partes, e se deve passar o cinzel no meio, de modo a abrir uma ranhura na parte central (Figura 3). Após esse procedimento, é necessário golpear a concha contra a base e anotar o número necessário de golpes para que as bordas da ranhura se unam ao longo de 13 mm. Após o fechamento da ranhura, o ma- terial das bordas que se uniram deve ser coletado para determinação da umidade. Figura 3 - amostra colocada na concha de metal do aparelho de Casagrande e ranhura realizada na parte central da amostra Fonte: atterberg… (2004, on-line Como existe dificuldade no ajuste da umidade necessária do solo, para que a ranhura se feche em 25 golpes, definido como o limite de liquidez, o ensaio deve ser repetido de modo a obter, pelo menos, mais três pontos de ensaio, cobrindo o intervalo de 35 a 15 golpes, com diferentes teores de umidade. Assim, por meio de um gráfico semilogarítmico com a representação do teor de umidade do solo e o número de golpes, traça-se uma linha reta chamada de curva de fluidez, pela qual é possível determinar o teor de umidade correspondente a 25 golpes (Figura 4). Figura 4 – Curva de fluidez para a determinação do limite de liquidez de um solo Fonte: Caputo (1988) a University of texas disponibiliza, em seu website, diversos roteiros ilustrativos para a de- terminação de alguns atributos físicos dos solos. Os limites de atterberg estão entre os ma- teriais que podem ser consultados em https://bit.ly/2XqoOnr. Ex pl or Estudos realizados pela Federal Highway Administration determinaram uma equação cujo limite de liquidez pode ser obtido a partir de um único ponto do grá- fico, conhecido por “um só ponto” (CAPUTO, 1988). A fórmula é expressa por: LL = em que h= umidade, em porcentagem, correspondente a n golpes. O denominador da fórmula foi tabulado para diferentes valores de n, conforme apresentado na tabela 1. 1110 https://bit.ly/2XqoOnR 13 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos tabela 1 – denominador da fórmula da Federal Highway administration para diferentes valores de n n 1,419 – 0,3 log n n 1,419 – 0,3 log n 15 1,066 28 0,985 16 1,059 29 0,980 17 1,050 30 0,976 18 1,043 31 0,972 19 1,036 32 0,968 20 1,029 33 0,964 21 1,023 34 0,960 22 1,017 35 0,956 23 1,011 36 0,952 24 1,005 37 0,948 25 1,000 38 0,945 26 0,995 39 0,94227 0,990 40 0,939 Fonte: Caputo (1988, p. 55) Segundo Caputo (1988), o número necessário de golpes para fechar a ranhura na determinação do limite de liquidez refere-se a sua resistência ao cisalhamento na umidade correspondente. O limite de liquidez do solo também pode ser determinado por um método chamado de cone de penetração. nesse ensaio, o limite de liquidez baseia-se no teor de umidade em que um cone padrão com ângulo de 30° e peso de 0,78 n penetra em uma distância de 20 mm, em 5 segundos, deixando cair da posição de contato com a superfície de determinado solo (daS, 2006). no caso do cone de penetração, quatro ou mais ensaios devem ser realizados. O estudo intitulado “Comparação entre os valores do limite de liquidez obtidos pelos métodos de Casagrande e cone para solos argilosos brasileiros” está disponível em https://bit.ly/2ntpnbp, em que é possível conhecer um pouco mais sobre esse método. Ex pl or Limite de Plasticidade (LP) O limite de plasticidade é o estado de umidade em que um solo começa a se quebrar quando se tenta moldar um cilindro com 10 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro. A metodologia para a determinação do limite de plasticidade é descrita na NBR 7180 (ABNT, 2016), cujos procedimentos requerem que uma amostra de solo seja colocada em uma cápsula de porcelana, sob adição de água destilada, amassando, até obter uma pasta homogênea. Após esse procedimento, coleta-se cerca de 10 g de amostra, que deverá ser moldada no formato de uma bola e rolada sobre uma placa de vidro (com uma face esmerilhada) com a palma da mão, de maneira a formar um cilindro (Figura 5). Mede-se a umidade quando o cilindro se fragmentar com diâmetro de 3 mm e com- primento de 10 cm, transferindo o material para um recipiente para determinação da umidade. Figura 5 - O solo umedecido é rolado sobre a placa de vidro até que o cilindro se fragmente com 3 mm de diâmetro e comprimento de 10 cm Fonte: Molina junior (2017) Caso a amostra se fragmente antes de atingir os 3 mm, ou atinja os 3 mm sem se fragmentar, é necessário repetir o procedimento inicial de homogeneização da amos- tra e reiniciar o ensaio. A repetição do ensaio deve ocorrer, no mínimo, três vezes. O estado de umidade quando a amostra se fragmenta é o seu limite de plasti- cidade. Com base nos resultados de umidade obtidos com a repetição do ensaio, retira-se uma média da umidade e descarta-se os valores que diferem acima de 5% dessa média. Definidos os limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP), é possível obter um outro parâmetro do solo, chamado de índice de plasticidade (IP), representado pela equação: IP= LL – LP O índice de plasticidade deve ser expresso em % e indica a quantidade de água necessária para acrescentar no solo a fim de que ela mude do estado plástico para o estado líquido. 1312 https://bit.ly/2NtpnbP 15 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos Quanto maior o índice de plasticidade de um solo argiloso, maior será a sua plasticidade. Em um solo arenoso, considera-se o índice de plasticidade igual a não- -plástico (IP= NP). Segundo Burmister (1949), os solos poderão ser classificados em relação a sua plasticidade em: • não-plástico: 0; • ligeiramente plástico: 1 a 5; • plasticidade baixa: 5 a 10; • plasticidade média: 10 a 20; • plasticidade alta: 20 a 40; • muito plástico: > 40. Como vimos no início desta unidade, os limites de consistência dos solos têm relação com a estrutura cristalina do mineral. Assim, os limites de liquidez e de plasticidade apresentam valores distintos, de acordo com o argilomineral de deter- minado solo. Mitchell e Soga (2005) atribuíram limites de liquidez e de plasticidade para di- ferentes minerais de argila. Na tabela 2 são apresentados os principais grupos de argilominerais encontrados em solos tropicais e seus respectivos índices. tabela 2 – Limite de liquidez e limite de plasticidade dos principais grupos de argilominerais de solos tropicais Mineral Limite de liquidez (%) Limite de plasticidade (%) Montmorilonita 100 – 900 50 – 100 ilita 60 – 120 35 – 60 Caulinita 30 – 110 25 – 40 Fonte: adaptado de Mitchell e Soga (2005) Conforme verificado na tabela 2, os diferentes minerais se comportam de ma- neira distinta em relação aos seus índices de consistência, isso decorre da atividade da fração de argila do solo, tema que será discutido mais adiante. Gráfico de plasticidade Com base em estudos realizados por Casagrande em diversos solos naturais, foi proposto um gráfico para a classificação dos solos, considerando o índice de plasticidade e o limite de liquidez do material fino. Os solos foram divididos em 8 grupos: argilas inorgânicas de baixa, média e alta plasticidade, siltes inorgânicos de baixa, média e alta compressibilidade, argilas orgânicas e siltes orgânicos, que estão representados na figura 6. Figura 6 – Gráfico de plasticidade proposto por Casagrande para diferentes solos Fonte: adaptado de Caputo (1988) A “linha A” do gráfico é dada pela equação IP = 0,73 (LL-20) e separa as argi- las inorgânicas que se situam nos valores que constam acima da linha A dos siltes inorgânicos que se situam abaixo dessa linha. As informações contidas no gráfico de plasticidade são de fundamental impor- tância, pois partem delas a base para a classificação de solos com textura fina no Sistema Unificado de Classificação de Solos, que será discutido na 5. Limite de contração (LC) O limite de contração é o teor de umidade em que ocorre a mudança do estado semissólido para o sólido. À medida que a umidade é perdida, o solo se contrai até que um equilíbrio é atingido e a perda da umidade não resulta mais em perda de volume. Tal estado é chamado de limite de contração. O ensaio de limite de contração é regido pela NBR 7183 (1982), cujos pro- cedimentos consistem em colocar a amostra em uma cápsula de contração com volume conhecido (determinado com mercúrio), acrescentando água para saturar o solo até obter uma massa fluida. As paredes da cápsula devem ser lubrificadas com vaselina para impedir a aderência do solo. 1514 17 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos No centro da cápsula são colocados 1/3 do volume de solo necessário para enchê-la, batendo-a contra uma superfície firme. Esse procedimento deve ser re- petido até a cápsula estar completamente cheia e sem bolhas de ar, formando uma superfície plana. Após esse procedimento, o solo deve ser secado em estufa e possuir a determi- nação do peso do solo seco contido na cápsula. O volume da pastilha seca deve ser determinado colocando a cuba de vidro dentro da placa de porcelana cheia de mercúrio e retirando a cápsula de contração, colocando-a no mercúrio. Após esse procedimento, deve-se pressionar a placa de vidro com os três pinos até que a pas- tilha mergulhe completamente no mercúrio, medindo na proveta o volume de mer- cúrio deslocado pela pastilha, que é chamado de volume de solo seco (Figura 7). Figura 7 - determinação do limite de contração dos solos: em (a) a vista de cima da cápsula; (b) vista lateral da cápsula com a pastilha de solo úmida; (c) vista lateral da cápsula com a pastilha de solo seca; (d) imersão da pastilha no mercúrio para determinação do volume Fonte: Molina junior (2017) O limite de contração é dado pela fórmula: em que M1 = massa do solo úmido; M2 = massa do solo seco; Vi = volume do solo úmido; Vf = volume do solo seco = massa específica da água. Além do limite de contração, é possível determinar o grau de contração de uma amostra, que consiste na razão da diferença entre o volume inicial e final da amostra pelo volume inicial expresso em porcentagem, conforme descrito por Caputo (1988): Em que Vi = volume inicial (volume da cápsula de contração); Vf = volume do corpo de prova após contração. Índice de consistência dos solos O índice de consistência estabelece a relação entre o limite de liquidez (LL) para a umidade natural (h) e o índice de plasticidade (IP).É determinado por: A partir do valor de IC, os solos finos podem ser classificados em muito moles, moles, médios, rijos e duros, conforme a tabela 3. tabela 3 - Classificação do material fino a partir dos seus índices de consistência Classificação Índice de consistência Muito moles iC < 0 Moles 0 < iC < 0,50 Médias 0,50 < iC < 0,75 rijas 0,75 < iC < 1,00 duras iC > 1,00 Fonte: Caputo (1988) A classificação do material fino nas classes muito moles, moles, médios, rijos e duros (tabela 3) também é utilizada para os índices de resistência à penetração do solo, de acordo com a NBR 6484 (ABNT, 2001). 1716 19 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos Importante! nem sempre o solo com maior conteúdo de argila apresentará limites de consistência superior quando comparado a um solo com teor de argila menor. isso ocorre devido à composição mineralógica dos argilominerais, indicando uma argila de atividade alta. O percentual de areia de uma amostra também tem relação com os índices. assim, os solos que contenham o mesmo argilomineral, mas que apresentem teores de areia distintos terão os índices de consistência menores, quanto maior for o teor de areia. importante! Os índices de consistência dos solos são fundamentais para a sua identificação e classificação, sendo possível prever o comportamento do solo. Segundo Sousa Pinto (2006), os solos são mais compressíveis e sujeitos a recalques quanto maior for o seu índice de liquidez. Assim, os índices de Atterberg são uma importante indicação das partículas existentes no solo. Atividade das argilas Os Índices de Atterberg são influenciados também pelos tipos de argilominerais presentes no solo e pela sua quantidade proporcional. Como vimos na tabela 2, os diferentes minerais de argila apresentam limites de liquidez e de plasticidade distintos. Isso ocorre devido à estrutura mineralógica dos minerais, que alteram a quantidade de água que circunda as partículas de argila e sua absorção. A atividade das argilas é uma indicação da influência das características mi- neralógicas das frações finas nas propriedades geotécnicas de solos com textura argilosa. É possível determinar a atividade da fração de argila dos solos, conforme a equação: em que IP = índice de plasticidade. Exercícios resolvidos 1. Para a determinação do limite de liquidez de um solo, utilizando o aparelho de Casagrande, foram realizadas cinco repetições do ensaio em diferentes teores de umidade, conforme a tabela a seguir. Qual o limite de liquidez do solo representado? tabela 4 Ensaio Umidade (%) Nº de golpes 1 52,8 36 2 54,3 29 3 56 22 4 57 19 5 57,9 16 Fonte: Marcatto (2019). Solução Para definir o limite de liquidez, é necessário construir um gráfico que represente o teor de umidade no eixo Y e o nº de golpes necessários para fechar a ranhura no eixo X. A partir da construção do gráfico, obtém-se a umidade correspondente a 25 golpes, conforme o gráfico a seguir. Figura 8 Fonte: Marcatto (2019) Assim, a umidade correspondente ao limite de liquidez será de, aproximadamen- te, 55,5%. 2. A determinação da umidade de um cilindro de 3 mm de diâmetro, quando se fragmentava ao ser moldado, está representada na tabela a seguir. tabela 5 Ensaios Umidade (%) 1 32,8 2 33,4 3 34,1 4 34,4 Fonte: Marcatto (2019) 1918 21 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos a) Qual o limite de plasticidade desse solo? b) Considerando que o limite de liquidez desse solo seja 48,3%, qual o índice de plasticidade? Solução: a) Para determinar o limite de plasticidade, calcula-se um valor médio da umida- de obtida nas repetições do ensaio. Assim: LP = (32,8 + 33,4 +34,1 + 34,4)/4 LP = 33,675% Como é necessário desconsiderar os valores que estiverem acima ou abaixo de 5% dessa média, temos: 33,675 + 5% = 35,36% 33,675 - 5% = 31,99% Como os resultados de umidade estão entre o intervalo de do valor médio, o limite de plasticidade será 33,675%, não sendo necessário descartar nenhum valor de umidade obtido com as repetições. b) O índice de plasticidade é dado por IP = LL - LP IP = 48,3 - 33,67 = 14,6% 3. Uma amostra de um solo residual fino foi utilizada para a determinação do limite de contração do solo. O peso úmido da amostra contida na cápsula de porcelana foi de 66,3 g, com volume de 28,7 cm³, e o peso seco de 51,7 g, com volume de 19,2 cm³. Qual o limite de contração dessa amos- tra? Solução: O limite de contração é dado por: LC = (M1 - M2)/M2 × (100) - (Vi - Vf)/M2 × (ya) × (100) M1 = 66,3g M2 = 51,7g Vi = 28,7% Vf = 19,2% ya = 1g/cm³ LC = (66,3 - 51,7)/51,7 x (100) - (28,7 - 19,2)/51,7 x (1) x (100) LC = 9,8% Importante! Conhecemos, nesta unidade, a consistência e a plasticidade e os limites de consistência dos solos em diferentes teores de umidade. É importante relembrar: 1) a consistência dos solos refere-se a sua resistência a forças que tendem a romper o solo; 2) a plasticidade refere-se a uma propriedade dos solos finos, que permitem que eles sejam moldados sem esfarelar; 3) os limites de consistência são definidos pela umidade de um solo. de acordo com o estado de umidade dos solos, eles apresentam um limite de contração, plasticidade e liquidez; 4) o limite de liquidez é definido como o teor de umidade correspondente a 25 gol- pes do aparelho de Casagrande; 5) o limite de plasticidade é o estado em que o solo começa a se quebrar quando tenta se moldar um cilindro de 3 mm de diâmetro e 10 cm de comprimento; 6) a partir do limite de liquidez e do limite de plasticidade, determina-se o índice de plasticidade; 7) os valores de LL e Lp têm relação direta com a estrutura cristalina do mineral e com a atividade da argila; 8) gráfico de plasticidade é a representação do limite de liquidez e do índice de plastici- dade de diferentes solos, sendo muito utilizado nos sistemas de classificação dos solos; 9) limite de contração é o teor de umidade em que ocorre a mudança do estado semis- sólido para o sólido, e significa dizer que, nesse estado, o solo não perde mais volume; 10) o índice de consistência dos solos é definido pelo limite de liquidez, pela umi- dade e pelo índice de plasticidade dos solos, sendo classificados nas classes: muito moles, moles, médios, rijos e duros. em Síntese Os limites de consistência dos solos são mais um dos parâmetros fundamentais para compreender o comportamento dos solos, como vimos ao longo desta. Junta- mente com a composição granulométrica dos solos, são utilizados como referência na classificação dos solos em diferentes grupos, como veremos na 5. 2120 23 Unidade Plasticidade e Consistência dos Solos Material Complementar indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Virtual Soil Science O website da Virtual Soil Science disponibiliza materiais sobre diversos parâmetros dos solos, que podem ser estudados. Os Limites de Atterberg estão entre os materiais, contendo vídeos que demonstram de que maneira o ensaio de limite de liquidez e limite de plasticidade são determinados no laboratório. https://bit.ly/2Svieio Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica O website da Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica disponibiliza um grande volume de materiais em diferentes formatos (vídeos, artigos, livros) sobre a área. https://bit.ly/2GzrUoi Leitura Determinação do Limite de Liquidez em dois tipos de Solo, utilizando-se diferentes Metodologias Conhecer a eficiência das metodologias aplicadas no estudo dos solos torna os resultados mais confiáveis. No artigo intitulado “Determinação do limite de liquidez em dois tipos de solo, utilizando-se diferentes metodologias”, os autores aplicaram a metodologia do aparelho de Casagrande e a metodologia do cone de penetração, a fim de verificar qual foi mais eficiente na determinação do limite de liquidez do solo. SOUZA, C. M. A.; RAFULL, L. Z. L; VIEIRA, L. B. Determinação do limite de liquidez em dois tipos de solo, utilizando-sediferentes metodologias. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 4, n. 3, 2000. https://bit.ly/2C3vpH9 The Colloidal “Activity’ of Clays A atividade da fração fina do solo tem relação direta com a sua consistência, como vimos nesta Unidade. O artigo “The colloidal “Activity’ of clays” é um clássico na abordagem sobre a atividade da fração coloidal dos solos. Pela leitura, é possível adquirir mais conhecimento a respeito do comportamento dos argilominerais e de que maneira influenciam na plasticidade do solo. https://bit.ly/2t1zia1 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459: determina- ção do limite e relação de contração de solos. Rio de Janeiro, 1982. ________. NBR 6484: Solo: sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001 ________. NBR 7180: Solo: determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 2016 ________. NBR 7183: Solo: determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 2016. ATTERBERG Limit Tests (LL & PL). University of Texas at Arlington Geotech- nical Engineering Laboratory Test Procedure. Disponível em: < http://www.uta. edu/ce/geotech/lab/Main/Soil%20Lab/05_atterberg%20Limit%20tests/atter- berg%20limit%20test.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2019. BICALHO, K. V.; GRAMELICH, J. C; CUNHA, C. L. S. Comparação entre os valores do limite de liquidez obtidos pelos métodos de Casagrande e cone para so- los argilosos brasileiros. Comunicações Geológicas, v. 101, n. III, 2014. BURMISTER, D. M. Principles and techniques of soil identification. Proceedings, Annual Highway Research Board Meeting, National Research Council, Washington DC, v. 29, 1949. CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2007. MITCHELL, J. K.; SOGA, K. Fundamentals of Soil Behavior. Nova York: Wiley, 2005. MOLINA, J. W. F. Comportamento mecânico do solo em operações agrícolas. Piracicaba: ESALQ/USP, 2017. PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de tex- tos, 2006. 2322 http://www.uta.edu/ce/geotech/lab/Main/Soil Lab/05_atterberg Limit tests/atterberg limit test.pdf http://www.uta.edu/ce/geotech/lab/Main/Soil Lab/05_atterberg Limit tests/atterberg limit test.pdf http://www.uta.edu/ce/geotech/lab/Main/Soil Lab/05_atterberg Limit tests/atterberg limit test.pdf
Compartilhar