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1 /;.////L,/ FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DAS ARTES 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua for- mação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DAS ARTES ................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 SIGNIFICADO DE ARTE ................................................................................... 6 O QUE É A HISTÓRIA DA ARTE ....................................................................... 8 HISTÓRIA DA ARTE, PERÍODOS HISTÓRICOS, MODELOS SOCIAIS E CULTURAIS ..................................................................................................... 11 HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL .................................................................... 25 TIPOS DE ARTES ............................................................................................ 26 FILOSOFIA DA ARTE EM PLATÃO ................................................................. 38 FILOSOFIA DA ARTE EM ARISTÓTELES ...................................................... 40 O QUE É ESTÉTICA NA FILOSOFIA .............................................................. 41 CRÍTICA DE ARTE .......................................................................................... 50 Crítico de Arte ............................................................................................... 54 Crítica de arte no Brasil ................................................................................ 57 REFERÊNCIA .................................................................................................. 59 file:///C:/Users/b_bic/OneDrive/Área%20de%20Trabalho/facuminas/MODELO%20NOVO%20-%20APOSTILA%20(Recuperação%20Automática).docx%23_Toc77627039 4 INTRODUÇÃO A História da Arte é muito vasta e complexa, pois acompanha todo o de- senvolvimento do ser humano. Sendo assim, ela está dividida em vários perío- dos, nos quais se verificam as variadas formas de produção artística de inúmeras civilizações ao longo da história humana. Alguns historiadores entendem que a História da Arte, desde a Pré-História até os nossos dias, traduz a própria história da humanidade, isto é, revela o processo de auto compreensão humana. Um dos temas iniciais em história da arte, por exemplo, é “A Arte na Pré- História”, período no qual podem ser colhidas informações sobre os sistemas simbólicos desenvolvidos pelos homens primitivos, suas técnicas (como a arte rupestre) e os principais lugares do mundo onde esse tipo de arte pode ser en- contrado atualmente. A arte desenvolvida pelas grandes civilizações da Antiguidade no Oci- dente e no Oriente Médio, como a arte da Mesopotâmia, a arte do Egito Antigo, a Arte Persa, a Arte Grega, a Arte Romana, a Arte Bizantina e a Arte Cristã Pri- mitiva, essa última divide-se entre a fase da produção artística oficial e a produ- ção nas catacumbas romanas. Seguindo cronologicamente, temos a arte no período da Idade Média, com temas como a Arte Gótica, que pode ser esmiuçada no estudo dos vitrais góticos e na especificidade do gótico alemão, além das catedrais medievais e as técnicas de pinturas que estabeleceram as bases para os artistas do Renasci- mento. Entre os artistas do Renascimento, destacam-se os italianos, como Mi- chelangelo. Além disso, temos ainda a fase pós-renascentista, destacando-se a arte barroca (em especial, a pintura barroca em que foram empregadas com maestria as técnicas de luz e sombra) e a variação do mesmo período, conhe- cida como Rococó. Outros temas também estão inseridos no campo da História da Arte, como aqueles dos séculos XVIII e XIX, isto é, o Romantismo, o Simbo- https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-pre-historia.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-pre-historia.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-pre-historia.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-rupestre.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-rupestre.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-mesopotamica.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-egipcia.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-persa.htm https://brasilescola.uol.com.br/artes/a-arte-grega.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-romana.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-bizantina.htm https://brasilescola.uol.com.br/artes/arte-crista-primitiva-1.htm https://brasilescola.uol.com.br/artes/arte-crista-primitiva-1.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-crista.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-gotica.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/os-vitrais-goticos.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/os-vitrais-goticos.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-gotica2.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/artistas-renascimento-italiano.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/artistas-renascimento-italiano.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-michelangelo.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-michelangelo.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/barroco.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-barroca-na-pintura.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/rococo.htm 5 lismo e o Impressionismo; bem como os temas relacionados com a arte mo- derna, ou seja, a arte de vanguarda do século XX, sendo o surrealismo um dos exemplos prementes. A filosofia da arte, ou estética, é uma das disciplinas filosóficas que tem merecido cada vez mais interesse, sobretudo em países de tradição analítica. Por isso, é hoje possível encontrar, em língua inglesa, obras de filosofia da arte escritas com grande rigor e profissionalismo. Rigor e profissionalismo que habi- tualmente andam associados a disciplinas mais técnicas como a lógica, a epis- temologia ou a ética. Isso também começa a acontecer com as boas obras de introdução à filosofia da arte que têm surgido ultimamente. São obras em que os principais problemas, teorias e argumentos aparecem claramente formulados, discutidos e avaliados. A crítica de arte diz respeito a análises e juízos de valor emitidos sobre as obras de arte que, no limite, reconhecem e definem os produtos artísticos como tais. Envolve interpretação, julgamento, avaliação e gosto. A crítica de arte nesse sentido específico surge no século XVIII, num ambiente caracterizado pelos sa- lões literários e artísticos, acompanhando as exposições periódicas, o surgi- mento de um público e o desenvolvimento da imprensa. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/artistas-da-arte-moderna.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/artistas-da-arte-moderna.htmhttps://brasilescola.uol.com.br/historiag/surrealismo.htm 6 SIGNIFICADO DE ARTE Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente. A arte está ligada à estética, porque é considerada uma faculdade ou ato pelo qual, trabalhando uma matéria, a imagem ou o som, o homem cria beleza ao se esforçar por dar expressão ao mundo material ou imaterial que o inspira. Na história da filosofia tentou se definir a arte como intuição, expressão, proje- ção, sublimação, evasão, etc. Aristóteles definiu a arte como uma imitação da realidade, mas Bergson ou Proust a veem como a exacerbação da condição atí- pica inerente à realidade. Kant considera que a arte é uma manifestação que produz uma "satisfação desinteressada". De acordo com o Romantismo, Vitalismo, Fenomenologia, Marxismo, sur- gem também outras e novas interpretações de "arte". A dificuldade de definir arte está na sua direta relação e dependência com a conjuntura histórica e cultural que a fazem surgir. Isso acontece porque quando um estilo é criado e estabili- zado, ele quebra com os sistemas e códigos estabelecidos. 7 Arte é um termo que vem do latim, e significa técnica/habilidade. A defini- ção de arte varia de acordo com a época e a cultura, por ser arte rupestre, arte- sanato, arte da ciência, da religião e da tecnologia. Atualmente, arte é usada como a atividade artística ou o produto da atividade artística. A arte é uma cria- ção humana com valores estéticos, como beleza, equilíbrio, harmonia, que re- presentam um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras. Para os povos primitivos, a arte, a religião e a ciência andavam juntas na figura, e originalmente a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. Para os gregos, havia a arte de se fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. A arte é um reflexo do ser humano e muitas vezes representa a sua con- dição social e essência de ser pensante. Tipo de artes A arte apresenta-se através de diversas formas como, a plástica, música, escultura, cinema, teatro, dança, arquitetura etc. Existem várias expressões que servem para descrever diferentes manifestações de arte, por exemplo: artes plásticas, artes cênicas, arte gráfica, artes visuais, etc. Alguns autores (como Hegel e Ricciotto Canudo) e pensadores organiza- ram as diferentes artes em uma lista numerada. A inclusão de algumas formas de arte não foi muito consensual, mas com a evolução da tecnologia, esta é a lista mais comum nos dias de hoje: 1ª Arte - Música; 2ª Arte - Dança / Coreografia; 3ª Arte - Pintura; 4ª Arte - Escultura / Arquitetura; 5ª Arte - Teatro; 6ª Arte - Literatura; 7ª Arte - Cinema; 8ª Arte - Fotografia; 9ª Arte - Histórias em Quadrinhos; 8 10ª Arte - Jogos de Computador e de Vídeo; 11ª Arte - Arte digital. O QUE É A HISTÓRIA DA ARTE Fonte: Google História da arte é uma área de estudo que aborda as diversas manifesta- ções artísticas produzidas pelo homem com o propósito estético ou comunicativo para expressar ideias, emoções e formas de ver o mundo. Ela acompanha o desenvolvimento da história da humanidade, se relaci- onando com a cultura dos mais variados povos existentes no mundo, buscando compreender as manifestações que foram e estão sendo realizadas até hoje. A história da arte, assim como os fatos históricos, ajuda a compor a his- tória das sociedades. Muitos pesquisadores de diversas áreas tentam desvendar as origens da humanidade e dentre tantas pesquisas, a conclusão que se obtém 9 é a de que o aparecimento do homem está diretamente associado ao apareci- mento de formas simbólicas, que ajudam a construir possíveis depoimentos so- bre a origem e evolução do ser humano. Desta forma, a história da arte geralmente é organizada em períodos que acompanham o próprio desenvolvimento das civilizações e é um processo con- tínuo, que nunca chega ao fim, pois está sendo vivida a cada dia. Períodos da história da arte Os períodos equivalem à uma espécie de linha do tempo da história da arte, ou a uma ordem cronológica do percurso da humanidade. Podemos então encontrar manifestações artísticas presentes na Pré-História, na Antiguidade e nas Idade Média, Moderna e no século XX. Arte na Pré-História A Pré-História foi o primeiro período da evolução humana a deixar vestí- gios das primeiras formas simbólicas da humanidade. As formas pioneiras de expressão artística desta época são as pinturas rupestres, onde os homens daquela época deixavam desenhado nas paredes das cavernas onde viviam, sua forma de viver e ver o mundo e através destas pinturas rústicas, registrou suas crenças e a maneira como percebia a natureza. Os vários locais onde foram descobertas estas pinturas são chamados de sítios arqueológicos. Outros elementos que também revelam a maneira de viver do homem pré- histórico, e que podem ser considerados importantes vestígios históricos, são as esculturas e artefatos feitos em osso, pedra ou madeira. Arte na Antiguidade Este período foi marcado pela descoberta da escrita e os egípcios foram os mais influenciados por esta evolução. A criação de símbolos e sinais hieróglifos são os destaques desta época. Suas habilidades foram manifestadas através dos túmulos de faraós, estátuas de divindades, e outros artefatos de seu cotidiano. 10 Os gregos também desenvolveram a aptidão por meio das pinturas, mo- numentos e edificações, que tinham o homem como principal referencial, por ser considerado o centro da perfeição. Arte na Idade Média Este período é marcado pela influência religiosa. Destacam-se as expres- sões artísticas celta, gótica e romana. O povo romano também teve importante destaque para as atividades ar- tísticas da época, com célebres construções que impactaram a arquitetura e tam- bém por meio da arte paleocristã, que se baseava nos ensinamentos de Cristo e através da Arte Bizantina. Arte na Idade Moderna A Idade Moderna foi marcada por um período de intensa expansão, de- vido às descobertas geográficas. As obras artísticas da época fundamentavam- se sobretudo na natureza. Tiveram grandes destaques: Renascimento – Ressurgiu a arte greco-romana e destacou-se a pintura. Barroco – Valorizou sentimentos e emoções. O estilo sofreu influência da Reforma Protestante e contrarreforma. Rococó – Fase de valorização dos traços decorativos. O ponto de desta- que era decoração e ornamentação dos ambientes. Arte na Idade Contemporânea Também chamado de arte contemporânea, este período foi de grandes conflitos, como a Revolução Francesa, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. As expressões artísticas da época manifestavam-se através de movimen- tos como o neoclassicismo, o romantismo, o realismo e o impressionismo, que revolucionaram a arte do século XX. Arte do século XX 11 Este período é marcado pelo surgimento de grandes tendências artísticas como o expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo, abstracionismo, dada- ísmo e surrealismo, movimentos que representam muito para o mundo das artes. No decorrer de cada uma destas expressões, grandes artistas surpreenderam e obras notórias foram criadas. HISTÓRIA DA ARTE, PERÍODOS HISTÓRICOS, MO- DELOS SOCIAIS E CULTURAIS A História da Arte, está dividida em vários períodos, onde se pode analisar as várias formas de produzi-la, e a diversidade de civilizações. Cultura Genial A História da Arte é muito vasta e complexa, porque acompanha a história da humanidade e suas inúmeras civilizações. No período paleólogo,por exem- plo, os artistas eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e 12 com ela modelavam, de forma primitiva, as formas de desenhos rústicos e regis- travam momentos do dia-a-dia. Hoje, alguns compram suas tintas e desenham cartazes para tapumes. Neste sentido, e de acordo com historiadores da arte, a palavra “arte” pode sig- nificar coisas muito diversas em tempo e lugares diferentes. Portanto, levando esta complexidade em conta, podemos analisar a his- tória da arte como uma rede de civilizações e com ela uma infinidade de expres- sões, dentro do conceito de arte. Ou seja, a História da Arte está dividida em vários períodos, onde se pode analisar as várias formas de produzi-la, espalha- das pela diversidade de civilizações. Principais Períodos da arte Admitindo toda complexidade da arte, e de sua conceituação, podemos dividi-la em períodos mais ou menos abrangentes. Neste sentido, considerando a imensa variedade de culturas e civilizações no espaço e no tempo, podemos elencar alguns períodos mais importantes dentro da história da arte, que vere- mos depois, mais detalhadamente: Pré-história: Definida pela Arte Rupestre do período paleolítico; Egito; Grécia; Período Romano e Período Bizantino; Idade Média; Renascença, Barroco e Rococó; Idade contemporânea; Novos padrões; Impressionismo, cubismo, expressionismo, surrealismo e modernismo brasileiro; Arte contemporânea. https://conhecimentocientifico.r7.com/primeiras-civilizacoes/ 13 A Pré-História 14 O período pré-histórico da arte é definido como período paleolítico e de- signa a arte produzida durante o primeiro período da pré-história e abrange o surgimento da humanidade, por volta de 4,4 milhões de anos, até 8000 a, C. Assim, é considerado o período mais longo da história, sendo dividido em : Paleolítico Inferior ( 2000000 à 40000 a, c.) e Paleolítico Superior ( 4000 a 1000 a.c.). No entanto, a arte pré-histórica é focada no período paleolítico superior, e foi descoberta por escavações arqueológicas que foram realizadas a partir do século XX. Essas escavações estão localizadas ,na Ásia, África, Europa e Amé- rica Latina (inclusive no Brasil). Essas pinturas estão, geralmente, em cavernas, espaço utilizado pelos homens desta época para proteção e abrigo. Vale salientar que estudos antropológicos foram feitos, além dos arqueo- lógicos, determinando alguns costumes culturais dessas civilizações. Nesse sentido, chegou-se a conclusão que as pinturas nas cavernas eram feitas para proteção dos espíritos da chuva, do sol, do vento (como os homens daquela época definiam as intempéries), e para a apropriação da imagem obje- tivando o sucesso na caça, portanto a suas concepções eram mágicas. Egito https://conhecimentocientifico.r7.com/idade-da-pedra/ https://conhecimentocientifico.r7.com/asia-continente/ https://conhecimentocientifico.r7.com/africa-continente/ https://conhecimentocientifico.r7.com/europa-continente/ https://conhecimentocientifico.r7.com/america-latina/ https://conhecimentocientifico.r7.com/america-latina/ 15 A arte egípcia é voltada para a alusão ao faraó, tido como ser divino. Po- demos perceber esta veneração na forma das pirâmides que eram ascendentes em direção ao céu e tinha, no seu intuito, fazer o faraó voltar para junto dos deuses. 16 Além disso, a arte egípcia focava na essência dos personagens retratados e esculpidos. Neste sentido, nessa arte havia uma combinação de regularidade geométrica e penetrante observação da natureza. Portanto, podemos ver estas características nas paredes que adornavam os túmulos dos faraós. Porém, a arte do Egito não era uma arte que tinha o objetivo de provocar deleites, mas se destinava em manter vivo o faraó sepul- tado. Além das alusões ao faraó, existiam nos túmulos outras imagens humanas que representam a ideia de fornecer serviços para a sua alma no outro mundo. Os pintores egípcios tinham um modo de representar a vida bem dife- rente do nosso, o que mais importava não era o belo, mas a plenitude, Neste sentido, a tarefa do artista consistia em preservar tudo com maior clareza e per- manência possível. Além do mais, as pinturas respeitavam a lei da frontalidade, a qual deter- minava que o tronco das pessoas deveria ser representado de frente, enquanto a cabeça, pernas e pés de perfil. A arte Grega 17 18 Já a arte grega era concebida mais livremente da influência de reis e sa- cerdotes, e centrada no ser humano de forma universal. Passou pelos períodos arcaicos, clássicos e helenístico. Portanto, dentre as cidades-estados gregas, Atenas tornou-se de longe a mais famosa e a mais importante na História da Arte. Assim, foi nessa região que surgiu a maior revolução no campo artístico, por volta do século VI a.c. Influenciada no seu início pela técnica egípcia, a arte grega se diferenciou, no que diz respeito aos objetivos dos artistas. Ou seja, enquanto os artistas egíp- cios baseavam sua arte no conhecimento, os gregos utilizavam mais a própria visão. Dessa forma, algumas técnicas que objetivavam a perfeição realística eram pautadas na observação. Além disso, as esculturas objetivavam retratar o ser humano com simplicidade e beleza. Os escultores em suas oficinas ensaiavam novas ideias e novos modos de representação da figura humana. Neste sentido, cada inovação era adotada por outros, que adicionavam suas próprias descobertas. Assim, quando um artista tivesse aprendido como cinzelar um tronco, ou- tro ficava encarregado de criar uma estátua que ficaria mais viva, caso os pés não estivesse firmemente plantados no chão. Portanto, podemos ver, que havia muita liberdade na representação da figura humana. Período Romano e Bizantino https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-grega/ https://conhecimentocientifico.r7.com/atenas-historia/ https://conhecimentocientifico.r7.com/tipos-de-conhecimento-quais-sao-definicoes-e-importancia/ 19 20 A arte romana foi muito influenciada pela arte grega, isto está explícito nas ruínas de Pompeia. Contudo, os Romanos se destacaram bastante na en- genharia e arquitetura, uma grande representação dessa aptidão romana é o Coliseu. Neste sentido, a arte romana, a princípio, se destacou em seu repertório arquitetônico: arcos, abóbadas, anfiteatros, colunas, são alguns de seus elemen- tos. Dentro da História da Arte, a Arte Bizantina começou a se impor no perí- odo do Império Romano, quando o Imperador Constantino estabeleceu a igreja cristã como um poder de Estado. Nesse sentido, seguindo os preceitos cristãos, não era permitido a produ- ção de esculturas, pois as figuras esculpidas lembravam as estátuas de mitos pagãos, o que a bíblia condenava. A partir daí, se deu uma grande polêmica, entre os defensores das ima- gens enquanto pinturas e iluminuras e os iconoclastas que não queriam imagem de nenhuma forma, mas, por fim, as pinturas foram aceitas. Com isso, a igreja bizantina ajudou a preservar as ideias gregas de repre- sentatividade nos modelos de faces, vestes e gestos, os quais, tinham a neutra- lidade e a sobriedade requeridas pela igreja, para a sua aceitação. História da Arte medieval https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-bizantina/ https://conhecimentocientifico.r7.com/imperio-romano/ 21 A Idade Média compreende um longo período histórico que começa no século V e termina no século XIV, e se seguiu com a queda do Império Romano. Contudo, no que diz respeito ao estilo artístico, a Idade Média possui dois estilos marcantes: O Românico (XII) e o Gótico (XIII). Além disso, vale ressaltar que a arte do século V era uma arte estrita- mente religiosa que se caracterizava pelo seu objetivo didático, ou seja, era usada para a compreensão da bíblia.Características do estilo Românico ( século XII) na arquitetura: Arcos redondos; Construções maciças; A planta das igrejas era em forma de cruz. Características do estilo Gótico ( século XIII) na arquitetura Construções não maciças e mais leves; Arco ogival (pontiagudos); Igrejas mais altas. https://conhecimentocientifico.r7.com/idade-media/ 22 História da Arte Renascentista 23 O renascimento artístico foi um movimento intelectual e cultural que teve início no século XIV e foi mais concentrado na Itália. Contudo, foi um movimento artístico que surgiu com a ascensão das cidades ou burgos, e a decadência do feudalismo. Basicamente, este período se caracterizou por reviver os ideais greco-romanos, perfil que foi marcante nas artes e na literatura. No entanto, este período vai até o século XVII o que compreende a idade moderna. São características desta época, os valores humanistas e o antropo- centrismo, colocando o ser humano no centro do universo. Portanto, no que concerne às artes visuais, os principais objetivos são a busca de harmonia, simetria e equilíbrio, além do desenvolvimento da perspec- tiva e profundidade. A obra que representa esse período com maior abrangência é a Mona Lisa ( 1503) de Leonardo da Vinci. Porém, podemos citar outros artistas que marcaram esta época como : Michelangelo, Donatello e Sandro Botticelli. A Arte Barroca e o Rococó surgiram após a renascença, ainda na idade moderna, como seu desdobramento característico. Além do mais, este desdo- bramento teve forte relação com a rivalidade entre a doutrina católica e protes- tante. História da Arte na idade contemporânea Esta época da arte teve início a partir do século XVIII, tendo como seu marco a Revolução Francesa. Sendo assim, foi um longo período que integrou o Neoclassicismo, o Romantismo, Realismo, Art Nouveau, Impressionismo e Pós-impressionismo. As transformações e concepções artísticas deste período acompanharam principalmente as transformações filosóficas como o Iluminismo, Positivismo até o idealismo de Hegel. Algumas características das várias escolas artísticas: Neoclassicismo: Aparece no final do século XVIII, tem o objetivo de re- tomar os valores clássicos gregos Romantismo: Surge no século XIX, rompe com a regras clássicas, e va- loriza a imaginação, o sentimentalismo e a individualidade do artista Realismo: Busca exibir a realidade de maneira objetiva e sem idealiza- ções, período que vai de 1850 a 1900 https://conhecimentocientifico.r7.com/caracteristicas-do-renascimento/ https://conhecimentocientifico.r7.com/o-que-e-literatura/ https://conhecimentocientifico.r7.com/michelangelo-quem-foi/ https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-barroca/ https://conhecimentocientifico.r7.com/rococo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/revolucao-francesa/ https://conhecimentocientifico.r7.com/romantismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/realismo-o-que-e/ https://conhecimentocientifico.r7.com/impressionismo/ 24 Art Nouveau: Faz, referências a arte oriental e medieval, e já se relaciona a produção industrial Movimento impressionista: Impressão de cores e iluminação natural, fi- éis a imagem que se enxerga Período Moderno e contemporâneo As investigações posteriores ao Impressionismo, como o Pós-impressio- nismo, suscitaram outras descobertas artísticas e estilos. Portanto, no começo do século XX, manifestou-se a vanguarda europeia. Assim, os estilos desse período são chamados respectivamente de Ex- pressionismo, Fauvismo, Futurismo , Dadaísmo e Surrealismo. Porém, são marcantes nesse período, as correntes filosóficas como a fenomenologia e o estruturalismo. No entanto, a arte contemporânea já está relacionada com o período his- tórico, posterior à Segunda Guerra Mundial, e traz outras influências filosóficas. Assim, nesse período, se destacou o pós-estruturalismo e o pós-moder- nismo francês influenciando o conceito artístico. Por fim, são ícones desse perí- odo, os movimentos da Pop Art, minimalismo e ações performáticas. https://conhecimentocientifico.r7.com/vanguardas-europeias/ https://conhecimentocientifico.r7.com/expressionismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/expressionismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/fauvismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/futurismo-2/ https://conhecimentocientifico.r7.com/dadaismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/surrealismo/ https://conhecimentocientifico.r7.com/politica-nacional-de-residuos-solidos-pnrs/ https://conhecimentocientifico.r7.com/politica-nacional-de-residuos-solidos-pnrs/ 25 HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL A história da arte no Brasil surgiu da mistura de outros estilos e tem início desde o período da Pré-História, com vários sítios arqueológicos espalhados pelo território. Também se destaca a arte indígena, que é notada desde a época do descobrimento do Brasil, com expressões artísticas muito características das tribos, como danças, rituais, objetos, etc. A chegada dos portugueses e dos europeus também trouxeram com eles grandes transformações, como o estilo barroco, ligado ao catolicismo. A pintura acadêmica, também no século XIX, na arte brasileira, retrata a riqueza clássica, sendo que era refletido um padrão de beleza ideal (padrões propostos pela Academia de Belas Artes). Já no início do século XX, presenciamos o Modernismo Brasileiro, mar- cado inicialmente pela Semana de Arte Moderna. E, antes disso, o Expressio- nismo já começa a chegar ao Brasil e fazer história com Lasar Segall (1891- 1957) que contribui para o Modernismo. 26 TIPOS DE ARTES A arte é um tipo de comunicação que acompanha a humanidade desde os primórdios. Já na época das cavernas os seres humanos se comunicavam por meio dela, a chamada arte rupestre. Atualmente, há 11 tipos de arte: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos (HQ), jogos eletrônicos e arte digital. Vejamos então todos eles e como se apresentam. 1ª arte – Música Esse tipo de arte tem o poder de despertar sentimentos variados, favore- cendo o equilíbrio mental e o bem-estar. A música está presente em nosso dia a dia a partir do momento em que nascemos. Desde as canções de ninar que cantarolavam para nós, até os ritmos dançantes que ouvimos em uma festa, por exemplo. 27 Pode-se dizer que a linguagem musical é formada por diversos sons que se apresentam em espaços de tempo pré-determinados, formando assim - ritmo, harmonia e melodia. O ritmo é dado pela marcação de tempo entre um som e outro. A harmonia trata-se da combinação dos elementos musicais simultâneos. Já a melodia, refere-se à sequência de sons que se apresentam na mú- sica, sendo percebida em nossa mente como uma unidade. Por isso que conse- guimos assobiar uma canção, por exemplo, mesmo que não saibamos tocar um instrumento. No Brasil, temos como exemplo de grandes nomes da música os artistas Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Tom Jobim, entre outros. 2ª arte – Dança A dança é a arte do movimento corporal. Usando o corpo como instru- mento, as pessoas podem exteriorizar seus sentimentos fazendo gestos caden- ciados por um ritmo. 28 É uma das formas mais antigas de manifestação artística, tendo origem ainda na pré-história. As pessoas dançavam em rituais de celebração, agradeci- mento, cerimônias fúnebres e para pedir proteção. Ou seja, a dança tinha um caráter sagrado. Geralmente esse tipo de arte vem acompanhado da música, sendo quase sempre inseparáveis, entretanto é possível também expressar-se nessa lingua- gem sem que haja som. É uma maneira muito saudável de expressão, pois além de favorecer a criatividade, também auxilia na vitalidade corporal e psicológica, trazendo inú- meros benefícios. Como exemplos de grandesdançarinos brasileiros, temos: Ana Botafogo, Carlinhos de Jesus e Ivaldo Bertazo. Segundo Isadora Duncan, importante coreógrafa e bailarina norte-ameri- cana: "Dançar é sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar... Tu amas, sofres e sentes. Dança!" 3ª arte – Pintura 29 Podemos definir a pintura como a técnica de depositar pigmentos colori- dos que podem ser pastosos, líquidos ou em pó - sobre uma superfície, gerando imagens figurativas ou abstratas. Essa é uma atividade que permite às pessoas se comunicar e demonstrar sentimentos por meio de formas, cores e texturas. A história da pintura remonta o período pré-histórico, quando os seres hu- manos usavam as cavernas como suporte para seus desenhos. Esse tipo de arte era feito com pigmentos extraídos de óxidos minerais, ossos carbonizados, vegetais, carvão, sangue e gorduras de animais. É uma manifestação artística que possibilita aos homens conhecer melhor o seu passado, costumes e crenças, pois pode revelar muito sobre a cultura de determinada época e lugar. Além disso, é considerada uma das formas de arte mais tradicionais e boa parte das grandes obras da humanidade são pinturas com tinta a óleo. Aqui no Brasil, a pintura por muito tempo seguiu as tendências europeias e alguns pintores responsáveis por uma maior valorização de temas genuina- mente brasileiros são: Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Caribé, entre outros. 4ª arte – Escultura Escultura Pietá de Michelangelo (1499) 30 Compreende-se escultura como a arte de modelar ou desgastar matérias brutas (como a argila, mármore, madeira e pedra) e convertê-las em objetos com significados, expressando ideias e sentimentos. Usando formas, espaços e volumes, o artista cria obras tridimensionais, ou seja, que têm altura, largura e profundidade. Assim como as outras formas de artes que vimos até agora, a escultura também é muito antiga e começou a ser feita ainda nas sociedades primitivas. É curioso que nesses primeiros trabalhos em escultura, não existiam re- presentações de figuras masculinas. Prevaleciam as formas femininas com ven- tres e seios volumosos. Um exemplo é a estatueta da Vênus de Willendorf, en- contrada na Áustria e esculpida há mais de 25 mil anos. Alguns importantes escultores brasileiros, sem dúvida, são: Aleijadinho (1730-1814) e Victor Brecheret (1894-1955). 5ª arte – Teatro 31 O teatro é a linguagem artística em que as pessoas, no caso os atores e atrizes, representam uma história para um público. A manifestação teatral mais parecida com a que conhecemos hoje no Oci- dente surgiu na Grécia Antiga, no século VI a.C. Nessa época, o teatro mesclava temas sagrados e profanos e era feito em homenagem ao deus Dionísio, considerado o deus do vinho, das festas e da fertilidade. Nessas encenações, não era permitida a participação de mulheres, sendo apenas homens a desempenhar os papéis. Os gêneros teatrais que haviam na Grécia Antiga eram somente a comé- dia e a tragédia. Com o tempo, o teatro foi se transformando e avançou também por outros territórios. Hoje existem muitas maneiras e estilos de se fazer teatro, entre eles: mu- sical, ópera, fantoches, teatro de sombras, drama, comédia, teatro de rua, teatro de palco, entre outros. No Brasil, podemos citar Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Bibi Fer- reira e Raul Cortez como alguns nomes de destaque nessa arte. 6ª arte – Literatura 32 Na literatura, a escrita é a ferramenta utilizada para se expressar. A invenção da escrita foi um dos acontecimentos mais importantes para a humanidade. Ela figurou um marco e delimita o fim da chamada “pré-história” e o início da “história”. Com o passar do tempo e sua evolução, ela passou a ser não só um meio de comunicação simples e direta, mas também uma ferramenta para transmis- são de ideias, sentimentos, reflexões, pensamentos e para narrar histórias. O desenvolvimento da literatura aconteceu gradualmente e cada época e lugar possui características literárias distintas. Entretanto, podemos dizer que a literatura sempre representou uma importante fonte de conhecimento histórico acerca das sociedades. São muitas as maneiras de escrever e tipos de textos literários, por exem- plo: prosa, ficção, romance, poesia e cordel. Alguns nomes importantes no cenário literário nacional são: Carlos Drum- mond de Andrade, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispec- tor. 7ª arte – Cinema 33 O cinema é um tipo de arte que surgiu após a invenção da fotografia, como desdobramento dela. Utilizando várias imagens - fotografias - que são pro- jetadas muito rapidamente em uma tela, o olho humano enxerga essa sequência de fotos como um filme, ou seja, com movimento. Dessa forma é possível contar histórias, transmitindo assim sensações e aguçando sentimentos como alegria, medo, tristeza e amor. A origem dessa linguagem artística se deu no final do século XIX. Na época, muitas pessoas estavam buscando maneiras de criar algo semelhante ao cinema. Mas foram os irmãos Auguste e Louis Lumière que fizeram a primeira pro- jeção cinematográfica ao público, em 1895, na França. O filme exibido tinha 40 segundos de duração e intitulou-se "A chegada do trem à estação de La Ciotat" ou "A saída dos operários da fábrica". O público ficou bastante surpreso e intrigado. Conta-se que algumas pessoas inclusive correram assustadas para o fundo da sala de projeção, com medo da movimen- tação do trem. A partir de então, essa técnica foi muito aprimorada e hoje podemos apre- ciar e nos divertir com filmes em 3D, que dão a ilusão de estarmos de fato dentro da história contada. Podemos citar como diretores notáveis do cinema brasileiro os nomes: Walter Salles, Fernando Meirelles, Hector Babenco, e outros. 8ª arte – Fotografia 34 A palavra fotografia tem origem grega e significa escrever com a luz, sendo que foto quer dizer luz e grafia exprime a noção de escrita. É uma arte que se utiliza de máquinas para captar imagens por meio de reações obtidas através da iluminação. O ano de 1826 é considerado um marco na história da fotografia, quando o francês Joseph Niépce conseguiu fixar a primeira representação fotográfica em uma placa de estanho. Niépce posicionou seu invento uma câmera escura em frente a uma janela e deixou a luz solar entrar no interior da máquina por 8 horas. O resultado foi uma imagem um tanto quanto borrada do telhado da casa vizinha. A partir de então, a fotografia sofreu muitos avanços. Atualmente, com o progresso tecnológico e as redes sociais, essa linguagem vem ganhando cada vez mais espaço em nossas vidas e despertando o interesse das pessoas. No início de sua invenção, a fotografia não era considerada arte propria- mente. Entretanto, com o passar do tempo foi possível compreender que essa linguagem também possui características e potencialidades criativas. Fotografar é como fazer um “recorte” do mundo, optar por exibir um ponto de vista, um determinado olhar. Contudo, também possibilita a criação de “novas 35 realidades”, fazendo uso de cenários, figurinos e poses, explorando ao máximo toda a capacidade imaginativa do ser humano. Um dos fotógrafos brasileiros mais importantes e reconhecidos mundial- mente é Sebastião Salgado. Outros nomes importantes no cenário nacional, são: German Lorca, Claudia Andujar e Maureen Bissiliat. 9ª arte – História em quadrinhos A história em quadrinhos, ou HQ, é definida por uma sequência de dese- nhos feitos em quadros que juntos contam uma história. Normalmente se utiliza de balões e textos escritos dentro deles a fim de contar o que as personagens estão conversando ou pensando. https://www.todamateria.com.br/historia-em-quadrinhos/ 36 Essa maneira de narrar histórias surgiu entre 1894 e 1895. Seu inventorfoi o americano Richard Outcault, que publicou em jornais o que foi considerada a primeira história em quadrinhos. Yellow Kid (Menino Amarelo), era uma tirinha que trazia como persona- gem uma criança de origem humilde, que vivia nos guetos americanos, falava gírias e vestia uma camisola amarela. Essa HQ tinha como propósito criticar a sociedade de consumo e trazer à tona assuntos como a questão racial. Atualmente, as HQs estão presentes em todo o mundo e representam um importante meio de comunicação de massa. Os suportes escolhidos pela maioria dos desenhistas de quadrinhos - tam- bém chamados cartunistas - são os livros, gibis ou tiras publicadas em jornais e revistas. No Brasil, a HQ que mais se destaca é Turma da Mônica, criada por Mau- rício de Souza, em 1959. 10ª arte - Jogos eletrônicos (games) 37 Os jogos eletrônicos - ou games - são programas nos quais as pessoas interagem com objetos virtualmente, tendo que ultrapassar desafios, cumprindo metas e se divertindo. Foram apresentados ao público na década 1970, fruto de experimenta- ções de acadêmicos em torno de pesquisas na área da ciência da computação. A partir do lançamento do Atari, em 1977 nos EUA, o universo dos games ganhou impulso. Com o Atari, era possível entreter-se com diferentes jogos uti- lizando o mesmo console, ou seja, a mesma máquina – ou videogame. Por conta da evolução tecnológica, esse tipo de arte está sendo constan- temente aprimorado, sendo uma das formas mais populares de diversão e en- tretenimento em todo o mundo. 11ª arte – Arte digital Have a Seat (2010), obra digital da artista sueca Carulmare 38 Toda a forma realizada por meio de computadores pode ser chamada de arte digital. Trata-se de um tipo de arte que evoluiu concomitante ao desenvolvimento tecnológico. Ela teve seu crescimento na década de 1980 e foi impulsionada pela música do francês Pierre Henry, considerado o precursor da música eletrônica. Hoje em dia, essa forma de expressão - também chamada de ciberarte - engloba muitas linguagens além da música, como o vídeo, fotografia, desenho, cinema e até mesmo a literatura. É uma arte relativamente nova que está se expandindo bastante. Os su- portes escolhidos normalmente são as telas de computadores, smartphones, ta- blets, televisores, projeções e impressões gráficas. Como exemplo, temos as ilustrações digitais, vídeo mappings, gifs e ani- mações. FILOSOFIA DA ARTE EM PLATÃO Fonte: Google 39 De acordo com Jimenez, para Platão a arte grega assume, na civilização ateniense, papel eminentemente político e pedagógico. Daí o filósofo grego olhar com desconfiança a arte e os artistas e elencar uma série de critérios rigorosos a serem obedecidos, pelos artistas, caso queiram permanecer na “cidade ideal” e não serem expulsos. Tal expulsão dos poetas é relatada no livro III de A Re- pública, a exemplo: os músicos que preferem o ouvido ao espírito. E isso se jus- tifica haja vista a arte para Platão, dever refletir o real, não a imitação das paixões e emoções humanas que, a seu ver, deturpariam o real. Para Platão, a pintura e a escultura eram as formas mais degradáveis da mimese (imitação): cópia da cópia de cópia, e assim sucessivamente, de onde nunca chegaríamos a conhecer a realidade primeira (essência) do real, mas có- pias imperfeitas de cópias. A representação desse conceito platônico que distingue essência e apa- rência no mundo das artes fica evidente na famosa obra do belga René Magritte (1898-1967) “Isso não é um cachimbo”(Ceci n’est pas une Pipe) em que o artista faz questão de relembrar a distinção entre a representação pictórica de um ca- chimbo e o próprio cachimbo. Indo além, o filósofo Platão distinguiria ainda um outro nível de veracidade que seria a ideia de cachimbo da qual surgiu o ca- chimbo instrumento para só depois dar origem à obra do pintor Magritte. Daí o filósofo entender a pintura como cópia da cópia de cópia, ou seja, uma simulacro da realidade presente no mundo inteligível. No limite, O artista, para Platão, não faz nada mais do que duplicar a rea- lidade sensível já duplicada. Todavia, cumpre ressaltar que o filósofo não quer negar a arte, pelo contrário, justamente por ver nessa a sua importantíssima fun- ção ele estabelece critérios rigorosos para que os artistas produzam suas artes a serem exibidas na Polis. Ainda de acordo com Jimenez, em Hípias Maior Sócrates ao interrogar O que é o belo? Chega à conclusão que não sabe defini-lo em si mesmo, haja vista o belo em si não pode ser encontrado no mundo sensível, mas habitar o supras- sensível. O belo imanente (sensível) é para Platão um simulacro, cópia debilitada da realidade. Isso, impõe-nos um problema: como detectar o belo se o que nos é apresentado é apenas fragmentos frágeis do denominado belo em si presente 40 no mundo suprassensível? Uma pergunta certamente retórica, mas que pode conduzir a profundas reflexões sobre a relação do homem contemporâneo com a criação artística. FILOSOFIA DA ARTE EM ARISTÓTELES Aristóteles, contrário ao seu mestre Platão, se coloca resolutamente a fa- vor da imitação. Não concebe a arte como submissa à Filosofia, nem pretende “expulsar” os poetas da cidade. No limite, a concepção de arte que Aristóteles terá se dá, guardadas as devidas proporções, em oposição à de Platão. Todavia, ao contrário do que se possa pensar, Aristóteles não contribuiu para a autonomia da arte, mas antes empreendeu, como assinala Jimenez: “a desvalorização se- cular da criação artística e da minoração do papel social do artista” (p. 211). Na Poética, Aristóteles, entende que imitar é legítimo, uma tendência na- tural a todos os homens que possibilita-nos construir uma gama muito diversa 41 de significados a longo da existência. Pela imitação, nos distinguimos dos de- mais animais e ainda obtemos diversos conhecimentos desde a infância, a sa- ber: linguagens, as línguas, os modos de comportamento, etc. Daí o filósofo não ver motivo para desprezar o papel da imitação no processo de criação artística. O QUE É ESTÉTICA NA FILOSOFIA Fonte: Google A Estética, também chamada de Filosofia da Arte, é uma das áreas de conhecimento da filosofia. Tem sua origem na palavra grega aisthesis, que sig- nifica "apreensão pelos sentidos", "percepção". É uma forma de conhecer (apreender) o mundo através dos cinco senti- dos (visão, audição, paladar, olfato e tato). Importante saber que o estudo da estética, tal como é concebido hoje, tem sua origem na Grécia antiga. Entretanto, desde sua origem, os seres humanos mostram possuir um cuidado estético em suas produções. 42 Das pinturas rupestres, e os primeiros registros de atividade humana, ao design ou à arte contemporânea, a capacidade de avaliar as coisas estetica- mente parece ser uma constante. Mas, foi por volta de 1750, que o filósofo Alexander Baumgarten (1714- 1762) utilizou e definiu o termo "estética" como sendo uma área do conhecimento obtida através dos sentidos (conhecimento sensível). A estética passou a ser entendida, ao lado da lógica, como uma forma de conhecer pela sensibilidade. Desde então, a estética se desenvolveu como área de conhecimento. Hoje, é compreendida como o estudo das formas de arte, dos processos de cri- ação de obras (de arte) e em suas relações sociais, éticas e políticas. A Beleza entre os Gregos A filosofia grega, a partir de seu período antropológico, buscou perceber os motivos pelos quais as atividades humanas possuem um comprometimento com um valor estético: a beleza. Desde o início dos tempos, a ideia de beleza e de bem fazer estão interli- gadas à produção e transformação da natureza. Com isso, o filósofo grego Platão (427-347) buscou relacionar a utilidade com a ideia da beleza. Ele afirmou a existência do "beloem si", uma essência, presente no "mundo das ideias", responsável por tudo o que é belo. Muitos dos diálogos platônicos têm como discussão o belo, sobretudo O Banquete. Nele, Platão se refere ao belo como uma meta a ser alcançada por todo o tipo de produção. 43 Entretanto, o filósofo une o belo à sua utilidade e ataca a poesia e o teatro grego. No pensamento platônico, esse tipo de atividade não possuía utilidade e gerava confusão acerca dos deuses e dos objetivos das ações humanas. Detalhe de um vaso grego. Na Grécia antiga, beleza e utilidade estavam relacionadas Em seu livro A República, Platão deixa claro que na formulação de sua cidade ideal, a poesia grega seria afastada da formação dos homens por desvir- tuar os indivíduos. Em Aristóteles, há a compreensão de arte como técnica destinada à pro- dução. O filósofo busca definir os termos gregos: práxis (ação), poiesis (criação) e techné (regras e procedimentos para se produzir algo). Sendo assim, passa a ser entendido como arte, tudo o que passa por essas três dimensões, todo o tipo de trabalho e tudo aquilo que produz algo novo. Entretanto, há uma forte hierarquia entre as artes gregas. As artes da ra- zão, que trabalham com o intelecto, são entendidas como superiores às artes mecânicas, que trabalham com as mãos. https://www.todamateria.com.br/republica-platao/ 44 O trabalho com as mãos é compreendido como um trabalho menor, des- valorizado, destinado aos escravos. Cabia ao bom cidadão grego as atividades do intelecto como a matemática e a filosofia. A Beleza ao Longo da História da Filosofia A beleza era entendida pelos gregos em sua objetividade. Essa concep- ção foi mantida durante toda a Idade Média e estendida em sua relação com a religião. A ideia de perfeição e beleza estiveram relacionadas à manifestação da inspiração divina. Durante o período, a arte foi utilizada como um instrumento a serviço da fé. Seu principal objetivo era revelar o poder da Igreja e expandir a religião cristã. A beleza em si mesma passou a ser relacionada ao pecado. Com o fim da Idade Média, o Renascimento buscará separar-se da visão religiosa da beleza. A ideia da beleza passa a se relacionar com a reprodução mais fiel possível da realidade. O artista passa a assumir o protagonismo, sua qualidade técnica passa a ser valorizada. A beleza, entendida em sua objetividade, vai estar relacionada com as proporções, formas e harmonia das representações da natureza. Essas caracte- rísticas tornam-se expressões matematicamente presentes nas obras de arte. O Homem Vitruviano (c.1490). A produção de Leonardo da Vinci mostra a estreita relação entre arte e matemática no período. Na imagem, observam-se diversas invenções e ao centro, um corpo humano inscrito em figuras geométri- cas 45 Definiu-se, então, um campo relativo às sete artes (pintura, escultura, ar- quitetura, música, dança, teatro e poesia) ou, belas artes. Essa concepção de arte se mantém até os dias atuais, apesar de terem surgido novas formas de expressão artística (fotografia, cinema, design, etc.). Baumgarten e a Origem da Estética O filósofo alemão Alexander Baumgarten inaugurou a estética como área de conhecimento da filosofia. Buscou compreender os modos de reprodução da beleza pela arte. Em boa parte, isso se deu pelo fato da arte ter se estabelecido como um ato de produção que pode estar associada a um valor econômico. 46 Para atribuir um valor a uma obra é necessária uma compreensão da arte que vai além do simples gosto. Baumgarten buscou estabelecer regras capazes de julgar o valor estético da natureza e da produção artística. As bases definidas pelo filósofo propiciaram que ao longo do tempo a arte fosse concebida para além de sua relação com a beleza. A arte passa a se rela- cionar com outros sentimentos e emoções, que influenciam a identificação do que é belo e de seu valor. Kant e o Juízo de Gosto O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) propôs uma importante mudança no que diz respeito à compreensão da arte. O filósofo tomou três aspectos indis- sociáveis que possibilitam a arte como um todo. É a partir do pensamento do filósofo que a arte assume o seu papel como instrumento de comunicação. Para ele, a existência da arte depende de: o artista, como gênio criador; a obra de arte com sua beleza; o público, que recebe e julga a obra. Kant desenvolve uma ideia de que o gosto não é tão subjetivo como se imaginava. Para haver gosto, é necessário que haja educação e a formação desse gosto. O artista, por sua vez, é compreendido como gênio criador, responsável por reinterpretar o mundo e alcançar a beleza através da obra de arte. Seguindo a tradição iluminista, que busca o conhecimento racional como forma de autonomia, o filósofo retira a ideia do gosto como algo indiscutível. Ele vai contra a ideia de que cada pessoa possui o seu próprio gosto. Para Kant, apesar da subjetividade do gosto, há a necessidade de univer- salizar o juízo de gosto a partir da adesão de outros sujeitos a um mesmo julga- mento. O filósofo buscou resolver essa questão através da ideia de que para al- guma coisa ser considerada bela, é necessário antes, compreender o que ela realmente é. Sendo assim, a educação seria responsável pela compreensão da arte e, a partir daí, a formação do gosto. https://www.todamateria.com.br/immanuel-kant/ 47 A Liberdade Guiando o Povo (1830), Eugène Delacroix. O quadro re- monta o espírito da Revolução Francesa, inspirado pelo Iluminismo e que influ- enciou as artes, a política e a filosofia Fonte: Google O juízo de gosto une a universalidade da apreciação da beleza às singu- laridades e particularidades do artista, da obra e do público. Escola de Frankfurt Um importante ponto de mudança no estudo da estética foi introduzido por uma série de pensadores da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Dentre esses pensadores destacam-se Walter Benjamin, Theodor Adorno e Max Horkheimer, que influenciados pelo pensamento de Karl Marx, tecem du- ras crítica ao capitalismo e seu modo de produção. 48 A partir desse pensamento, Walter Benjamin (1892-1940) publica uma im- portante obra chamada A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Téc- nica (1936). Nela, o filósofo afirma que a possibilidade de reproduzir obras de arte faria com que ela perdesse sua "aura" de originalidade, unicidade e de exclusividade das aristocracias. Essa mudança poderia permitir o acesso à obra de arte pela classe traba- lhadora, que antes estaria completamente excluída. Por outro lado, dentro do sistema capitalista, a reprodução técnica da arte centraria seus esforços no lucro gerado pela distribuição massiva de reprodu- ções. O valor da obra é transportado para sua capacidade de ser reproduzida e consumida. Benjamin chama a atenção para o apelo à exposição e fala sobre uma nova forma de cultura que busca reproduzir a estética da arte. A política e a guerra, por exemplo, passam a suscitar emoções, e paixões, que antes eram próprias da arte, através da propaganda e dos espetáculos de massa. Esse tipo de força estética pode ser observado na propaganda, nas para- das militares e nos discursos que continham uma multidão de pessoas presentes realizados pelo partido nazista. Folheto de propaganda da Exposição “Arte degenerada” em 1938. Nela, nazistas ridicularizavam a arte moderna e expunham concepções estéticas pro- ibidas https://www.todamateria.com.br/walter-benjamin/ 49 Com o fim da segunda guerra mundial, o nazismo foi derrotado, mas sua forma de propaganda e a massificação de elementos estéticos permaneceu e desenvolveu-se na chamada indústria cultural. A Estética nos dias de Hoje A estética, desde sua relação com o belo entre os gregos, sua definição como área do conhecimento por Baumgarten,até os dias de hoje, vem se trans- formando e buscando compreender os principais fatores que levam os indivíduos a possuírem um "pensamento estético". A filosofia e a arte encontram-se na estética. Muitos são os pensadores que, ao longo do tempo, fizeram essa união como modo de compreender uma das principais áreas de conhecimento e atividade humana. Hoje em dia, boa parte das teorias estéticas são produzidas, também, por artistas que visam unir a prática e a teoria na produção do conhecimento. 50 É o caso de Ariano Suassuna (1927-2014), dramaturgo, poeta e teórico da estética. No vídeo abaixo, ele fala do valor da arte popular e sua relação com a dominação cultural. CRÍTICA DE ARTE 51 Em sentido estrito, a noção de crítica de arte diz respeito a análises e juízos de valor emitidos sobre as obras de arte que, no limite, reconhecem e definem os produtos artísticos como tais. Envolve interpretação, julgamento, avaliação e gosto. A crítica de arte nesse sentido específico surge no século XVIII, num ambiente caracterizado pelos salões literários e artísticos, acompa- nhando as exposições periódicas, o surgimento de um público e o desenvolvi- mento da imprensa. Os escritos de Denis Diderot (1713-1784) exemplificam o feitio da crítica de arte especializada, que se ancora em formulações teórico- filosóficas, mas traz a marca do comentário feito no calor da hora sobre a produ- ção que se apresenta aos olhos do espectador. Nesse momento, observam-se as primeiras tentativas de distinguir mais nitidamente crítica de arte e história da arte, que aparecem como domínios distintos: o historiador voltado para a arte do passado e o crítico comprometido com a análise da produção do seu tempo. A despeito desse esforço em marcar diferenças, as dificuldades em estabelecer limites claros entre os dois campos se mantêm até hoje. Embora distintos, os campos da história e da crítica de arte encontram-se imbricados; afinal o juízo crítico é sempre histórico, na medida em que dialoga com o tempo, e a reconsti- tuição histórica, inseparável dos pontos de vista que impõem escolhas e princí- pios. As meditações sobre o belo, no domínio da estética, alimentam as formu- lações da crítica e da história da arte. Numa acepção mais geral, escritos que se ocupam da arte e dos artistas são incluídos na categoria crítica de arte, como é possível observar nos dicioná- rios e enciclopédias dedicados às artes visuais. A história da arte compreende a história da crítica, dos estudos e tratados que emitem diretrizes teóricas, históri- cas e críticas sobre os produtos artísticos. Os primeiros escritos sobre arte re- metem à Antiguidade grega. Biografias de artistas (como as escritas por Duride di Samo, século IV a.C.), tratados técnicos sobre escultura e pintura, de Seno- crate di Sicione e Antigono di Caristo, século III a.C., aos quais se junta, na época romana, o tratado de arquitetura de Vitrúvio, De Architectura, e "guias" artísticos (como o escrito por Pausaniam, século II a.C.) estão entre os primeiros textos dedicados à arte. Nesse contexto, o pensamento estético de Platão e Aristóteles levanta problemas fundamentais sobre o fazer artístico: a questão da fantasia http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo402/belo 52 (ou imaginação criadora), do prazer estético, do belo e da imitação da natureza (mimesis). O período medieval não oferece uma teoria da arte ou crítica de arte sis- temática, dominam as meditações de ordem teológica, as formulações técnicas e os repertórios iconográficos, com a indicação de exemplos a seres copiados. Na Itália florentina do século XIV, as condições econômico-sociais renovadas se exprimem em um ambiente artístico mais rico e em escritos sobre arte originais. Filippo Villani escreve um livro em homenagem a sua Florença natal, 1381-1382, em que destaca a vida de artistas da Antigüidade. Cenino Cennini (ca.1370- ca.1440), com descrições detalhadas da pintura a têmpera e do afresco, abre possibilidades para análises do material artístico. A época renascentista traz in- terpretações científicas da natureza, apoiadas na matemática e na geometria. Leon Battista Alberti (1404-1472) e Leonardo da Vinci (1452-1519) são os prin- cipais teóricos do período, notáveis pelas tentativas de conferir fundamento teó- rico e base científica às obras. Também se esboçam histórias da arte construí- das pelo filão da vida de artista, como Comentários, de Lorenzo Ghiberti (ca.1381-1455), e As Vidas dos mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquite- tos, de Giorgio Vasari (1511-1574), que se tornam modelares para a produção de Andréa Palladio (1508-1580). O surgimento das academias de arte coincide com a crise dos ideais re- nascentistas expressa no maneirismo - teorizado por Giovanni Pietro Bellori (1613-1696) e Luigi Lanzi (1732-1810) - e marca uma mudança radical no status do artista, personificada por Michelangelo Buonarroti (1475-1564). Não mais ar- tesãos das guildas e corporações, os artistas são considerados a partir de então teóricos e intelectuais, o que altera o caráter dos escritos sobre arte. As novas instituições têm papel fundamental no controle da atividade artística e na fixação de padrões de gosto. Na academia francesa, fundada em 1648, observa-se uma associação mais nítida entre o órgão e uma doutrina particular, com base no classicismo e na obra do pintor francês Nicolas Poussin (1594-1665). Contro- vérsias têm lugar no interior das academias, por exemplo, aquela que envolve Roger de Piles (1635-1709), admirador de Rubens (1577-1640), contra os de- fensores de Poussin. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo26/afresco http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo348/academias-de-arte http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3189/maneirismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5355/classicismo 53 Nos séculos XVIII, apogeu das academias, e XIX, os teóricos do neoclas- sicismo Anton Raphael Mengs (1728-1779) e, sobretudo, Joachim Johann Win- ckelmann (1717-1768) rompem definitivamente com o modelo fornecido pela "vida de artista", apoiando suas interpretações em testemunhos históricos e no esforço de compreensão da linguagem artística propriamente dita. Tanto o clás- sico quanto o romântico são teorizados entre a metade do século XVIII e meados do século XIX. O contexto em que as novas idéias se enraízam é praticamente o mesmo: as contradições ensejadas pela Revolução Industrial e Revolução Francesa. O romantismo é sistematizado histórica e criticamente pelo grupo reunido com os irmãos Schlegel na Alemanha, a partir de 1797, ao qual se ligam Novalis, Tieck, Schelling e outros. A filosofia de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) está na base das formulações românticas alemãs e tem forte impacto no pré- romantismo do sturm und drang [tempestade e ímpeto]. O século XIX assiste à expansão das exposições de arte e à ampliação do campo de atuação do crítico. Vale lembrar que os pintores, estão envolvidos no debate crítico com suas obras e escritos, por exemplo, Eugène Delacroix (1798-1863) e suas considerações sobre o romântico, e Gustave Courbet (1819- 1877), responsável pelo estabelecimento de um padrão de arte realista. A partir daí, os literatos passam a ocupar papel de ponta nas discussões sobre arte em geral, entre eles Stendhal (1783-1842), os irmãos Edmond Goncourt (1822- 1896) e Jules Goncourt (1830-1870) e Émile Zola (1840-1902), o crítico do im- pressionismo. Mesmo nos movimentos de vanguarda dos primeiros decênios do século XX, escritores e poetas mantêm suas posições de críticos de arte atuan- tes - Apollinaire (1880-1918), cujas formulações são fundamentais para o cu- bismo, e André Breton, escritor e teórico do surrealismo. A crítica de Charles Baudelaire (1821-1867), em especial seu célebre ensaio O Pintor da Vida Mo- derna, sobre Constantin Guys (1805-1892),mostra-se fundamental para a defi- nição de arte moderna e da própria idéia de modernidade. O moderno, declara Baudelaire, não se define pelo tempo presente - nem toda a arte do período moderno é moderna -, mas por uma nova atitude e consciência da modernidade. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo361/neoclassicismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo361/neoclassicismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3640/romantismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3638/impressionismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3638/impressionismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3781/cubismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3781/cubismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3650/surrealismo http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo355/arte-moderna 54 Acompanhar a história da crítica de arte no século XX obriga à considera- ção detida de diversas perspectivas teórico-metodológicas, que informam tanto a crítica propriamente dita quanto a história da arte, assim como o levantamento da crítica mais militante, veiculada pelos jornais e revistas especializadas. No Brasil, o surgimento da crítica de arte liga-se à criação da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro, em 1826, que inaugura o ensino artístico formal no país. Seu primeiro representante é o pintor, crítico e historiador de arte Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), que a dirige entre 1854 a 1857. Porto-Alegre confere importância destacada à pintura de paisagem que deveria, segundo ele, sair da cópia de estampas e dos quadros da pinacoteca e voltar-se para o registro da natureza nacional, no entanto ele defende o estabelecimento de uma tradição de pintura histórica brasileira. Crítico de Arte O crítico de arte atua no grupo social no sentido de executar um estudo pormenorizado e crítico da criação artística em pauta no período em que ele exerce o seu ofício. As pesquisas em torno da produção de artistas mais antigos pertencem a outro universo, o da História da Arte. Em uma visão panorâmica, os textos que abrangem a arte e seus criado- res são enquadrados na esfera da crítica de arte, conforme consta na bibliografia referente a esta categoria do conhecimento. Na acepção literal a crítica das artes visuais está relacionada à ação de determinar o significado preciso das obras criadas pelos artistas e aos juízos de valor expressos sobre as mesmas. Esta prática identifica as criações destes artífices como resultantes de elaborações artísticas. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao511920/academia-imperial-de-belas-artes-aiba http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao511920/academia-imperial-de-belas-artes-aiba http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18773/manuel-de-ara%C3%BAjo-porto-alegre http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo363/pintura-de-paisagem http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo6179/pinacoteca http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo327/pintura-historica 55 O crítico dá sentido, emite pareceres, analisa e manifesta seu gosto pelo produto do ofício criador. Normalmente ele opina sobre as obras em importantes canais da mídia ou nos veículos especializados no tema. É muito comum a liga- ção destas críticas com os grupos social e economicamente mais elevados, par- ticularmente no mundo ocidental. Talvez por esta razão ela seja geralmente ro- tulada de retrógrada, embora seu papel principal seja o de atuar como um poder revolucionário. A crítica nasceu por volta do século XVIII, tendo como cenários os salões literários e artísticos. Ela também pontuava em meio a mostras regulares e se desenvolvia paralelamente ao crescimento dos consumidores de arte e da pró- pria mídia. É mais ou menos nessa ocasião que se tenta inicialmente diferenciar com clareza a crítica e a história da arte. Um campo pertence ao historiador, profissional que se volta para épocas passadas; o outro está ao alcance do crítico de arte, o qual se preocupa em avaliar as obras que lhe são contemporâneas. Apesar de tudo, ainda é difícil fixar https://www.infoescola.com/artes/historia-da-arte/ https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2012/12/cr%C3%ADtico-de-arte_742171720.jpg 56 fronteiras nítidas entre as duas esferas de atuação, pois ambas estão inevitavel- mente entrelaçadas. As reflexões sobre o belo, no campo estético, nutrem tanto as concepções críticas quanto as investigações da história da arte. Em nosso país o despertar da crítica de arte está vinculado à instituição da Academia Imperial das Belas Artes, a Aiba, no Rio de Janeiro, em 1826. Este evento introduz a aprendizagem do estilo artístico oficial no Brasil. Seu primeiro destaque é o pintor, crítico e historiador de arte Manuel de Araújo Porto-Alegre, o qual esteve à frente da instituição entre 1854 e 1857. A crítica tem quase sempre um caráter polêmico, e dificilmente alcança a unanimidade. Geralmente o parecer do crítico destoa da opinião formada pelo público, e às vezes cria-se um mal-estar entre esta atividade analítica e a do artista. Com o que se preocupa o crítico de arte Algumas questões bem simples podem facilitar a compreensão acerca de uma determinada obra de arte, sendo elas também utilizadas no trabalho dos críticos de pintura, teatro, cinema, obras de arte, inspiradas em diferentes movi- mentos artísticos e assim por diante. São eles: • Quem foi o artista responsável por essa obra de arte? • De quando data a obra e o que ela tem a ver com o contexto atual da história da arte? • Existem fatores históricos que a circundam? Por quê? • Nesse momento, qual o cenário que imperava? • Quais são as influências pelas quais o artista se baseou para criação da obra? Quando surgiu a crítica A crítica surgiu logo com o início do século XVIII, em um cenário que dava destaque para os salões artísticos e literários. 57 Dessa forma, a crítica se especializou para atender exposições periódi- cas, criando o seu público alvo em meio ao cenário midiático e o consumo cada vez mais alto das artes, principalmente no eixo-europeu. O campo da arte ficou então dividido entre o estudo da história da arte, marcado principalmente pelos historiadores e antropólogos e com o estudo da arte contemporânea, ou seja, a avaliação do que é produzido agora. Mesmo as- sim não é certo criar uma barreira entre os dois campos de atuação, uma vez que eles acabam se entrelaçando de uma maneira ou de outra. Crítica de arte no Brasil No Brasil, o despertar desse interesse foi em 1826, na famosa Academia Imperial das Belas Artes, localizada no Rio de Janeiro. O local foi o primeiro a introduzir o ensinamento específico sobre o estilo artístico que é produzido em nosso território, o que alcançou os primeiros interessados na crítica de arte. Certamente o primeiro nome que nos vem à cabeça no que se refere à atuação crítica no setor artístico é o de Manuel de Araújo Porto-Alegre, historia- dor da arte e pintor que posteriormente também se especializou na crítica. Podemos concluir que a crítica de arte é sempre dotada de aspectos po- lêmicos, o que faz com que dificilmente chegue a uma resposta conclusiva e unanime. Um determinado crítico pode se identificar com uma obra, enquanto outro pode simplesmente não encontrar referências que a tornem positiva. 58 É muito comum também que a opinião dos críticos de arte esteja bem distante daquelas formadas pelo público que o consome. Muitas vezes também se instaura um “mal-estar” entre a atividade do artista e a análise realizada acerca de sua obra, mesmo que a crítica esteja sempre voltada para o objeto da arte e não diretamente para o seu autor. No Brasil, a crítica profissional visa principalmente criar uma referência para o público, deixando de lado os estereótipos de que o crítico deve diminuir a grandezada obra ou criar defeitos para ela. Alguns nomes que merecem desta- que são: Angelo Agostini, Daniel Piza, Ferreira Gullar, Sérgio Milliet, Ronaldo Brito, Pardal Mallet, Mário Schenberg e outros. 59 REFERÊNCIA ___________________. Arte-educação: Leitura no subsolo. 2 ed. São Paulo: Ed. Cortez, 1999. 199 p. ARGAN, Giulio Carlo & FAGIOLO, Maurizio. Guida a la storia dell'arte. Firenze, Sansoni, 1974, 190 pp. BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. 432 p. BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo, Perspec- tiva, 2007. BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspec- tiva, 1991. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares nacionais para o ensino de arte. Brasília, 1996. BUORO, Anamélia. O olhar em construção. São Paulo: Cortez, 1996. CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Bran- dão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FELDMAN, E. In: BARBOSA, Ana Mae. 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