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APOSTILA-1-FASE-DIREITOS-AMBIENTAIS-XXXVII

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Profª Jaqueline Heimann 
 
1. MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 
A Constituição da República de 1988 foi a primeira da história brasileira a dedicar um capítulo 
ao meio ambiente. Por isso, dizemos que a CF/88 é a “CONSTITUIÇÃO VERDE” 
 O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se encontra no art. 225, “caput”, 
da Constituição Federal e tanto a doutrina quanto a jurisprudência do STF o consideram um direito 
fundamental do indivíduo, pois possui todas as características inerentes aos demais direitos 
fundamentais, tais como a indisponibilidade, a irrenunciabilidade, a imprescritibilidade e, 
especialmente, a autoaplicabilidade (art. 5º, I). 
. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 Representa, ainda, um direito fundamental de terceira dimensão/perspectiva, os chamados 
“direitos difusos” (art. 81, I, § 1º, da Lei n.º 8.078/90), cujas características são as seguintes: 
 
a) O direito é transindividual, o que significa que não é apropriável individualmente, ou seja, 
eventuais danos ao meio ambiente sempre acarretam consequências a uma coletividade. Mais 
ainda, a satisfação por um indivíduo do grupo, neste caso, importa a de todos (ex.: a qualidade do ar 
é experimentada pela população indistintamente); 
b) Indivisível, uma vez que tratamos aqui de um conjunto de fatores cujas interações formam o 
meio ambiente da coletividade, não é possível, daí, separar as partes integrantes do meio ambiente, 
por exemplo. 
c) Representa um interesse difuso (art. 81, I, § 1º, da Lei n.º 8.078/90), de titularidade 
indeterminada (ex.: a qualidade de vida urbana é devida a todos os seres humanos indistintamente) 
e ligada por uma situação de fato (ex.: a necessidade de qualidade de vida urbana, acesso à água, 
etc). 
 As consequências práticas dessas características podem ser observadas no acesso à 
proteção jurisdicional do meio ambiente, especialmente na possibilidade de ajuizamento de uma 
Ação Civil Pública ou, ainda, uma Ação Popular. Uma sentença que proteja o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, por exemplo, gerará efeitos a todos indistintamente (erga omnes), não 
somente às partes envolvidas diretamente 
 O art. 225 determina que todos possuem direito ao meio ambiente. Não há limitações quanto 
aos destinatários do direito ao meio ambiente. 
 
2. COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL 
 
 A Constituição Federal estabeleceu competências executivas, relacionadas ao exercício de 
políticas (diretrizes) ou ao poder de polícia ambiental, e também competências legislativas, relativas 
à capacidade de edição de normas acerca de determinado tema. 
a) A competência executiva em direito ambiental é comum, conforme o art. 23 da Constituição 
Federal. 
 Devido à natureza concomitante e indelegável da competência comum, houve uma 
insegurança jurídica muito grande especialmente em relação à qual órgão ambiental seria legítimo 
para fiscalizar. Somente em 2011, a Lei Complementar n.º 140/11 estabeleceu regras de cooperação 
entre os órgãos ambientais, especificamente em relação ao licenciamento ambiental e poder de 
polícia (a diante traremos mais detalhes quanto à essa Lei). 
b) A competência legislativa em direito ambiental retrata a possibilidade de a União, Estados e 
Municípios editarem normas para proteção e conservação do meio ambiente. Inicialmente, a 
competência legislativa concorrente é aquela prevista no art. 24 da Constituição Federal e estabelece 
a possibilidade de União, Estados e Distrito Federal legislarem acerca de matérias ambientais. 
 Os Municípios podem legislar em matéria ambiental, mesmo excluídos do rol previsto no art. 
24? Sim, segundo o art. 30, I, da Constituição Federal, ou seja, sempre que estivermos tratando de 
assuntos de interesse local. Como seria caracterizado esse interesse local? Um área da cidade, um 
ecossistema nos limites do Município, um grupamento humano específico em determinado bairro, o 
trânsito local, todos representam motivação suficiente para a edição de Lei pelos Municípios. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2015.2) O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no sentido 
de combater a poluição das vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela 
Constituição, assinale a afirmativa correta. 
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum, 
devendo leis complementares fixar normas de cooperação entre os entes. 
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União e nem 
pelo Estado, o Município pode exercê-la plenamente. 
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas 
estaduais sobre o tema. 
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão 
constitucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado. 
 
A assertiva “a” está correta. De fato, União, Estados, Distrito Federal e Municípios possuem 
competência material comum para proteção ambiental (art. 23, incisos III, VI e VII, da 
Constituição Federal). Além disso, o art. 23, parágrafo único, é claro em estabelecer a 
possibilidade de edição de Lei Complementar de cooperação entre os entes, cujo exemplo 
claro é o da Lei Complementar n.º 140/11. 
Por que a alternativa “b” estaria incorreta? Estamos tratando de competência material (art. 23), 
que é comum, ou seja, TODAS as pessoas jurídicas de direito público interno podem exercê-la 
ao mesmo tempo indistintamente e de forma plena. A assertiva afirma que o Município somente 
poderia exercer a competência material de forma plena caso a União e os Estados não a 
tivessem exercido. 
 Há uma confusão de competência material e legislativa na alternativa “c”, ao afirmar que os 
limites da competência material dos Municípios naquilo já realizado pelos Estados. O Município 
somente possui capacidade suplementar legislativa (art. 30, II, da Constituição Federal). 
 A alternativa “d" é duplamente equivocada. O Município possui capacidade material 
ambiental expressa pelo art. 23 da constituição Federal. 
 
 
A Lei Complementar n.º 140/11 foi promulgada para estabelecer regras mais claras para as 
competências administrativas dos órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), assim 
como o licenciamento ambiental que somente será feito por um único ente federativo, assistido pelos 
demais interessados (art. 13) e regras de conflito entre órgãos fiscalizadores (art. 17). Lembrando 
que o mesmo órgão que proceder o licenciamento ambiental, terá preferência (preferência e não 
exclusividade) para realizar a fiscalização das atividades daquele empreendimento. 
 
 
3. NORMAS DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA AMBIENTAL (LC 140/11) 
 
Especificamente quanto ao licenciamento ambiental, que é um procedimento administrativo, a 
LC140/11 especifica quais matérias serão de competência administrativa da União (art. 7º, XIV), dos 
Estados (art. 8º, XIV), dos Municípios (art. 9º, XIV) e do Distrito Federal (art. 10). 
 A Lei Complementar n.º 140/11 determinou que o licenciamento ambiental deverá ser 
realizado por somente um órgão do SISNAMA (art. 13), assistidos pelos demais órgãos (art. 13, § 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm
1º). É possível eventual interferência dos demais órgãos ambientais somente se consultivos e não 
vinculantes. Ex: se um determinado empreendimento, como um posto de gasolina, é licenciado pelo 
órgão ambiental do município, os demais órgão ambientais (estadual e federal) não podem interferir 
de forma direta, apenas sendo consultados. 
 O art. 17 da Lei Complementar n.º 140/11 estabelece a competência do mesmo órgão 
licenciador para lavratura de auto de infração e procedimento administrativo para apurar infrações 
contra o meio ambiente. Embora seja permitido aosdemais órgãos do SISNAMA realizar ações para 
evitar e mitigar eventual dano ambiental em curso (art. 17, § 2º), mediante provocação de qualquer 
pessoa legalmente identificada (art. 17, § 1º), sempre prevalecerá a autuação realizada pelo órgão 
licenciador perante qualquer outra realizada polos demais órgãos do SISNAMA, pois o órgão que 
procede o licenciamento tem também a preferência na autuação e fiscalização. 
Ex: retomando o exemplo do posto de gasolina que foi licenciado pelo órgão municipal, é esse 
mesmo órgão que deve, preferencialmente, realizar a fiscalização do posto e eventualmente aplicar 
alguma penalidade. No entanto, caso esse órgão não o faça, aí cabe aos demais órgão realizarem a 
fiscalização, é o que expressa o §3º do art. 17 da LC140. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2012.3) A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação 
entre os entes da federação nas ações administrativas decorrentes do exercício da 
competência comum relativas ao meio ambiente. Sobre esse tema, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em Áreas de Preservação Ambientais - APAs. 
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a introdução no País de espécies 
exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies 
nativas. 
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento 
tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais. 
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da 
flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos. 
 
A regra geral quanto à competência para aprovar manejo e supressão de vegetação em 
Unidades de Conservação (das quais a APA é uma categoria que veremos adiante), é de que o 
mesmo órgão que cria/institui a Unidade de Conservação é que tem a competência para 
aprovar manejo e suspensão. No entanto, a banca está cobrando a única exceção ao assunto, 
justamente as APA’s que, segundo o parágrafo único do art. 12, por vezes podem ser 
competência da União, por vezes do Estado ou do Município. Ou seja, assertiva “a” errada por 
afirmar que a competência sempre será da União. Assertivas “b” e “c” erradas, tratam-se de 
competências da União, conforme art. 7º, XVII e XXIII. Assertiva “d” correta. Art. 7º, XVIII. 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
XXXV – (FGV – OAB 2022_2) Após regular processo administrativo de licenciamento 
ambiental, o Estado Alfa, por meio de seu órgão ambiental competente, deferiu licença de 
operação para a sociedade empresária Gama realizar atividade de frigorífico e abatedouro de 
bovinos. Durante o prazo de validade da licença, no entanto, a sociedade empresária Gama 
descumpriu algumas condicionantes da licença relacionadas ao tratamento dos efluentes 
industriais, praticando infração ambiental. Diante da inércia fiscalizatória do órgão licenciador, o 
município onde o empreendimento está instalado, por meio de seu órgão ambiental 
competente, exerceu o poder de polícia e lavrou auto de infração em desfavor da sociedade 
empresária Gama. No caso em tela, a conduta do município é 
A) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual lavrar auto de infração 
ambiental, o município pode lavrar o auto e, caso o órgão estadual também o lavre, 
prevalecerá o que foi lavrado primeiro. 
B) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual licenciador lavrar auto de 
infração ambiental, o município atuou legitimamente, diante da inércia do órgão estadual. 
C) ilícita, pois compete privativamente ao órgão estadual responsável pelo licenciamento da 
atividade lavrar auto de infração ambiental, vedada a atuação do município. 
D) ilícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual licenciador lavrar auto de 
infração ambiental, em caso de sua inércia, apenas a União poderia suplementar a atividade de 
fiscalização ambiental. 
 
A alternativa “b” é a correta pois, conforme artigo 17 da LC 140 estabelece que o mesmo órgão 
que realiza o licenciamento deve proceder as ações fiscalizatórias, que neste caso foi o órgão 
estadual, porém, o §3º nos esclarece que “O disposto no caput deste artigo não impede o 
exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de 
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos 
naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental 
lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere 
o caput.”. Ou seja, se ambos autuarem, não prevalece o primeiro, mas o que detinha a 
competência para fazê-lo. 
 
 
 
4. RESPONSABILIDADES POR DANOS AO MEIO AMBIENTE 
 
Em matéria ambiental, um dano pode trazer efeitos nas três esferas de responsabilidade, de 
forma independentes e simultaneamente. Ou seja, uma pessoa física ou jurídica, de direito público 
ou privado que causa dano ao meio ambiente pode responder Civil, Administrativa e Penalmente 
pelo mesmo ato, sem que uma esfera influencie nas outras. 
 
4.2 RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
A responsabilidade civil ambiental busca sempre a reparação do dano causado ao meio 
ambiente. Assim “o poluidor fica obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou 
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. É a 
responsabilidade civil objetiva, fundamentada na Teoria do Risco Integral, ou no risco da 
atividade, não mais na culpa do agente. Bastaria, então, a existência do nexo causal entre a 
atividade desenvolvida e o dano para gerar o dever de reparação. 
 Poluidor é todo aquele “responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental”. 
A apuração da responsabilidade se dará por Ação Civil Pública, cujos legitimados para sua 
propositura são: Ministério Público; Defensoria Pública; União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios; autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; associação que, 
concomitantemente: esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; inclua, entre 
suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao 
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou 
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
 Por fim, a responsabilidade civil é imprescritível. Embora não haja uma previsão legal 
específica para isso, a doutrina e a jurisprudência determinam que o direito ao meio ambiente 
equilibrado como direito fundamental acarreta a imprescritibilidade da ação de reparação por danos 
ambientais. 
4.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA 
 
 A responsabilidade administrativa ambiental possui a natureza jurídica de poder de polícia 
administrativa. Mais ainda, representaria um formato preventivo de combate ao dano ambiental. 
 Infração administrativa ambiental é “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de 
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. 
Um ponto que deve ser analisado na conduta passível de responsabilização administrativa é 
que a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva. Esse entendimento é recente do STJ e 
muda todo o entendimento doutrinário sobre o assunto. 
 As penalidades administrativas mais comuns são: advertência, multa simples, multa diária, 
apreensão de materiais e equipamentos, embargos, perda da licença ambiental etc. 
4.3 RESPONSABILIDADE PENAL 
 
 O objetivo da responsabilidade penal ambiental é prevenir ou punir o infrator que causou um 
dano ambiental. 
 Deve ser notado que a lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98) apresenta tipos penais não 
somente vinculados ao meio ambiente natural (ex.: fauna, flora, etc.), mas protege outras 
perspectivas do meio ambiente, como o patrimônio cultural e urbano (ex.: crime de pichação(art. 65), 
assim como estabelece crimes contra a Administração dos órgãos do SISNAMA (arts. 66-69-A). 
 Ao contrário das responsabilidades civil por danos ao meio ambiente, a responsabilidade 
penal ambiental, assim como a administrativa, é subjetiva, pois há a necessidade de demonstração 
da contribuição do agente com dolo ou imprudência para o resultado. 
 Quanto ao sujeito passivo, a natureza do bem jurídico afetado (meio ambiente) permite 
afirmar que a coletividade representa o sujeito passivo dos crimes ambientais. 
 “Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas 
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o 
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa 
jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando 
podia agir para evitá-la”. 
Pessoas Jurídicas também podem responder criminalmente por danos ao meio ambiente, 
sendo permitida e sua desconsideração quando necessário. 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2017) Tendo em vista a infestação de percevejo-castanho-da-raiz, praga que 
causa imensos danos à sua lavoura de soja, Nelson, produtor rural, desenvolveu e produziu de 
forma artesanal, em sua fazenda, agrotóxico que combate a aludida praga. Mesmo sem 
registro formal, Nelson continuou a usar o produto por meses, o que ocasionou grave 
intoxicação em Beto, lavrador da fazenda, que trabalhava sem qualquer equipamento de 
proteção. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. 
A) Não há qualquer responsabilidade de Nelson, que não produziu o agrotóxico de forma 
comercial, mas para uso próprio. 
B) Nelson somente responde civilmente pelos danos causados, pelo não fornecimento de 
equipamentos de proteção a Beto. 
C) Nelson responde civil e criminalmente pelos danos causados, ainda que não tenha 
produzido o agrotóxico com finalidade comercial. 
D) Nelson somente responde administrativamente perante o Poder Público pela utilização de 
agrotóxico sem registro formal. 
 
 A partir do art. 225, § 3º, da Constituição Federal, que prevê a responsabilidade tríplice por 
danos ao meio ambiente, sabemos que as alternativas “b” e “d" são falsas. A primeira, pois, 
necessariamente, descumpriu a obrigação presente no art. 4º da Lei n. º 7802/89 (Lei de 
agrotóxicos), assim como praticou a conduta prevista no art. 15 da mesma Lei, acarretando 
responsabilidades administrativa e penal. A segunda, pois desconsiderou o tipo penal previsto 
no art. 15 da lei de agrotóxicos e a existência de dano ambiental ao haver a intoxicação de 
Beto. 
 A alternativa “a" também é falsa, uma vez que há a plena responsabilização de Nelson 
(civil, administrativa e penal) pela produção de agrotóxico sem registro e intoxicação de 
empregado. 
 Resta, então, a alternativa “c" como correta, pois relata a existência de responsabilidade 
civil e penal sem excluir a possibilidade de se raciocinar a responsabilidade administrativa no 
contexto da frase. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm
 
QUESTÃO COMENTADA 
XXXI – (FGV – OAB 2020_1) Seguindo plano de expansão de seu parque industrial para a 
produção de bebidas, o conselho de administração da sociedade empresária Frescor S/A 
autoriza a destruição de parte de floresta inserida em Área de Preservação Permanente, 
medida que se consuma na implantação de nova fábrica. 
Sobre responsabilidade ambiental, tendo como referência a hipótese narrada, assinale a 
afirmativa correta. 
a) Frescor S/A responde civil e administrativamente, sendo excluída a responsabilidade penal 
por ter a decisão sido tomada por órgão colegiado da sociedade. 
b) Frescor S/A responde civil e administrativamente, uma vez que não há tipificação criminal 
para casos de destruição de Área de Preservação Permanente, mas apenas de Unidades de 
Conservação. 
c) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente, sendo a ação penal pública, 
condicionada à prévia apuração pela autoridade ambiental competente. 
d) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente, sendo agravante da pena a 
intenção de obtenção de vantagem pecuniária. 
 
A primeira informação relevante para responder a questão é que destruir Área de 
Preservação Permanente – APP é sim um crime ambiental, não importa quem toma a decisão 
de destruir, terá que responder por isso. Com essas informações sabemos que as alternativas 
“a” e “b” são falsas. 
Como vimos, as três esferas de responsabilidade por danos ao meio ambiente são 
completamente independentes. Não existe vinculação da ação penal à prévia apuração da 
autoridade ambiental competente, pois isso se dá na esfera administrativa. Logo, a letra “c” 
também está incorreta. 
A letra “d” está correta, lembrando que agravantes como: cometer o crime aos fins de 
semana, a noite, para obtenção de vantagem pecuniária etc, se aplicam a crimes ambientais. 
 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
XXXV – (FGV – OAB 2022_2) A sociedade empresária Beta atua no ramo de produção de 
produtos agrotóxicos, com regular licença ambiental, e vem cumprindo satisfatoriamente todas 
as condicionantes da licença. Ocorre que, por um acidente causado pela queda de um raio em 
uma das caldeiras de produção, houve vazamento de material tóxico, que causou grave 
contaminação do solo, subsolo e lençol freático. Não obstante a sociedade empresária tenha 
adotado, de plano, algumas medidas iniciais para mitigar e remediar parte dos impactos, fato é 
que ainda subsiste considerável passivo ambiental a ser remediado. Tendo em vista que a 
sociedade empresária Beta parou de atender às determinações administrativas do órgão 
ambiental competente, o Ministério Público ajuizou ação civil pública visando à remediação 
ambiental da área. Na qualidade de advogado(a) da sociedade empresária Beta, para que seu 
cliente decida se irá ou não celebrar acordo judicial com o MP, você lhe informou que, no caso 
em tela, a responsabilidade civil por danos ambiental é 
A) afastada, haja vista que a atividade desenvolvida pelo empreendedor era lícita e estava 
devidamente licenciada. 
B) afastada, pois se rompeu o nexo de causalidade, diante da ocorrência de força maior. 
C) subjetiva e, por isso, diante da ausência de dolo ou culpa por prepostos da sociedade 
empresária, não há que se falar em obrigação de reparar o dano. 
D) objetiva e está fundada na teoria do risco integral, de maneira que não se aplicam as 
excludentes do dever de reparar o dano do caso fortuito e força maior. 
 
A alternativa correta é a “d” pois é a única que afirma que a responsabilidade civil por danos 
ambientais é objetiva, e ainda confirmou com a Teoria do Risco Integral, justamente o que diz 
que não aceitamos qualquer excludente de responsabilidade em matéria ambiental civil. 
 
5. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 
 
Podemos dizer que o Direito Ambiental é um ramo autônomo do Direito por ter seus próprios 
Princípios (o que não deve ser confundido com o fato de ser o um Direito Interdisciplinar, ou seja, se 
relacionar direta e indiretamente com outros ramos do direito). 
Alguns dos principais princípios próprio ao direito ambiental são os seguintes: 
Solidariedade intergeracional: a preservação ambiental é direcionada às presentes (direito) e futuras 
gerações (expectativa de direito). Grosso modo, significa que o acesso quantitativo e qualitativo aos 
recursos naturais deveria ser realizado na mesma proporção entre a geração atual e aquelas que 
ainda estão por vir, o que deve ser perseguido tanto pelo Estado quanto pelos particulares. 
Desenvolvimento Sustentável: esse princípio implica dizem que as nações continuarão se 
desenvolvendo, porém, sempre buscando meios mais eficientes de produção que evitem o desgaste 
exacerbado do meio ambiente. Desenvolvimento sustentável significa encontrar o equilíbrio no tripé: 
socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. 
Poluidor-pagador: representaa necessidade de gerenciamento e inserção dos custos de utilização e 
degradação dos recursos ambientais nas atividades econômicas (ex.: a instalação de unidade de 
tratamento da água utilizada no processo de fabricação de um bem representa essa internalização). 
Também possui caráter preventivo quando internalizamos os custos ambientais da atividade 
econômica, ou seja, o poluidor seria o “primeiro pagador” dos impactos resultantes. 
Usuário-pagador: é o princípio segundo o qual todo aquele que fizer uso econômico de recursos 
naturais, que integram o patrimônio social, deverá remunerar a sociedade titular destes bens. O 
principal exemplo é a cobrança pela extração e uso da água, instituída pela Política Nacional de 
Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), ou seja, a empresa de abastecimento capta a água e obtém lucro 
com a sua disponibilidade aos usuários, logo, deve recompensar a sociedade de alguma forma por 
isso. 
Princípio da responsabilização: o art. 225, § 3º, da Constituição Federal, por exemplo, estabelece a 
possibilidade de responsabilização tríplice por danos ambientais. Significa que um sujeito pode ser 
responsabilizado civilmente (reparação patrimonial do dano), penalmente (bem jurídico ambiental) e 
administrativamente (poder de polícia ambiental). 
Princípio da Precaução: Significa que a ausência de certeza científica acerca de um risco ambiental 
não seria um obstáculo a medidas de proteção ao meio ambiente. O princípio da precaução trata do 
gerenciamento de riscos ainda não totalmente conhecidos (risco em abstrato). Um segundo ponto 
que deve ser analisado é que a aplicação do princípio da precaução não significa restringir 
totalmente as atividades que criem o risco ambiental. Como a motivação para ação estatal é evitar os 
danos decorrentes do risco analisado, há, necessariamente, uma ponderação entre os benefícios da 
atividade e os riscos ambientais que poderá causar, mesmo que não totalmente sabidos. Estamos 
tratando de dúvida técnica e científica, não dúvida do senso comum. 
Princípio da Prevenção: adota a mesma linha de raciocínio do princípio da precaução, ou seja, a 
interpretação do ordenamento jurídico de forma a evitar a maior quantidade de danos ao meio 
ambiente possível. No entanto, há uma diferença crucial: enquanto no princípio da precaução o risco 
não é inteiramente sabido, abstrato, no princípio da prevenção, se busca eliminar ou minimizar os 
riscos conhecidos, concretos. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental, previsto no art. 225, § 1º, IV, e 
o licenciamento ambiental são exemplos claros de aplicação desse princípio: a partir de um banco de 
dados acerca da atividade em análise, será possível minimizar os danos ambientais prováveis. 
Mas o que é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental? é: a) uma medida preventiva para 
evitar o dano ambiental de uma atividade econômica; b) estabelece condições de exercício com base 
em conhecimento prévio dos impactos que determinadas atividades, substâncias ou modos de 
produção podem acarretar; c) esse conhecimento científico é baseado em um consenso e é 
estabelecido procedimentalmente nas instituições de ensino e órgãos ambientais. (voltaremos nesse 
assunto adiante para melhor explanação). 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2013.1) Na perspectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o 
ordenamento constitucional exigiu o estudo de impacto ambiental para instalação e 
desenvolvimento de certas atividades. Nessa perspectiva, o estudo prévio de impacto 
ambiental está concretizado no princípio 
a) da precaução. 
b) da prevenção. 
c) da vedação ao retrocesso. 
d) do poluidor-pagador. 
 
Embora o princípio da precaução também seja voltado a evitar o dano ambiental, é 
voltado ao perigo em abstrato, ou seja, não há completo conhecimento científico acerca dos 
riscos ambientais possíveis. Assim, o princípio da prevenção (alternativa “b”) é o mais indicado 
para esse instituto, pois se estamos falando que é necessário um estudo prévio de impacto 
ambiental é por já sabermos os riscos dessa atividade . 
 O princípio da vedação ao retrocesso (alternativa “c”) significa, grosso modo, a adoção 
paulatina de medidas que garantam de forma cada vez mais efetiva os direitos econômicos, 
sociais e culturais dos sujeitos (art. 1º do Protocolo de San Salvador), assim como a 
impossibilidade de eliminação desses avanços. Não se verifica qualquer retrocesso na 
afirmação da assertiva, o que a torna falsa. 
 Por fim, a alternativa “d” apresenta o princípio do poluidor-pagador, que representa a 
necessidade de gerenciamento e inserção dos custos de utilização e degradação dos recursos 
ambientais nas atividades econômicas. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
XXXIII – (FGV – OAB 2021_2) Determinado empreendedor requereu ao órgão ambiental 
competente licença ambiental para indústria geradora de significativa poluição atmosférica, que 
seria instalada em zona industrial que, contudo, já está saturada. Após a análise técnica 
necessária, feita com base nos riscos e impactos já de antemão conhecidos em razão de 
certeza científica, concluiu-se que os impactos negativos decorrentes da atividade não 
poderiam sequer ser mitigados a contento, diante da sinergia e cumulatividades com as 
atividades das demais fábricas já existentes na localidade. Assim, o órgão ambiental indeferiu o 
pedido de licença, com objetivo de impedir a ocorrência de danos ambientais, já que 
sabidamente a atividade comprometeria a capacidade de suporte dos ecossistemas locais. 
Assinale a opção que indica o princípio de Direito Ambiental em que a decisão de 
indeferimento do pedido de licença está fundada específica e diretamente. 
A) Princípio da precaução, eis que a operação do empreendimento pretendido causa riscos 
hipotéticos que devem ser evitados. 
B) Princípio da prevenção, eis que a operação do empreendimento pretendido causa perigo 
certo, com riscos previamente conhecidos. 
C) Princípio do poluidor-pagador, eis que a operação do empreendimento pretendido está 
condicionada à adoção das cautelas ambientais cabíveis para mitigar e reparar os danos 
ambientais. 
D) Princípio da responsabilidade ambiental objetiva, eis que a operação do empreendimento 
pretendido está condicionada ao prévio depósito de caução para garantir o pagamento de 
eventuais danos ambientais. 
 
A questão afirma que se trata de empreendimento gerador de significativa poluição, e ainda 
confirma que houve análise técnica com riscos conhecidos com certeza científica, ou seja, o 
princípio que afirma que ao conhecermos os riscos previamente, devemos estuda-los para 
buscar minimizar seus impactos, é o Princípio da Prevenção, alternativa “b”. 
 
6. LICENCIAMENTO E LICENÇA AMBIENTAL 
 
Vamos entender o Licenciamento através do mesmo exemplo do posto de gasolina, durante a 
construção e atividade de um posto de gasolina não é certo que ele vá causar danos ao meio 
ambiente, mas existe um risco (do tanque de combustíveis furar por exemplo e contaminar o solo). 
A Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) estabelece que todo empreendimento 
ou atividade que tenha um potencial, um risco, de poluir o meio ambiente, obrigatoriamente passarão 
por processo de licenciamento ambiental, é o caso do posto de gasolina. 
Em alguns casos, dentro do processo de licenciamento ambiental, será exigido o Estudo 
Prévio de Impacto Ambiental – EPIA (apenas quando estivermos tratando de risco de um dano 
SIGNIFICATIVO). 
 O Estudo Prévio de Impacto Ambiental é um documento técnico destinado à análise dos 
riscos ambientais sob as mais diversas perspectivas, por exemplo: se o tanque de combustíveis furar 
qual a área será atingida? Existe algum rio por perto que possa ser atingido por esse combustível 
que vazou? Que medidas serão tomadas para conter o vazamento? E assim por diante. 
O estudo é realizado por equipe multidisciplinar, ou seja, vários profissionais de diversas 
áreas do conhecimento (ex: advogados, biólogos, engenheiros florestais, geógrafos etc) 
 Deste estudo é publicado umRelatório de Impacto Ambiental (RIMA), um documento mais 
acessível e que descreve os detalhes do empreendimento em linguagem mais fácil e menos técnica. 
Possui a função de informar e servir de subsídios para uma maior participação da comunidade 
envolvida nos efeitos do projeto. 
 O Estudo Prévio de Impacto Ambiental pode ser apresentado em formas mais simples do que 
o EPIA/RIMA? Mesmo a atividade não apresentando o significativo impacto ambiental requerido pelo 
art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal, caso a atividade requeira licenciamento ambiental, as 
normas do órgãos do SISNAMA podem requerer formatos simplificados de licenciamento e 
apresentação de estudos ambientais. 
O Estudo bem como seu Relatório são públicos, mas nem sempre haverá a obrigação de que 
seja realizada Audiência Pública para debater os resultados do estudo. Existem 3 hipóteses que 
torna a Audiência Pública obrigatória: 1º Se o Ministério Público exigir; 2º Se o órgão ambiental 
exigir; 3º Se 50 ou mais cidadão requererem. 
 Quem licencia? órgãos do SISNAMA, de acordo com as regras estabelecidas na Lei 
Complementar 140 de 2011. O licenciamento ambiental será feito por um único ente federativo, 
assistido pelos demais interessados. 
 O licenciamento ambiental representa um ato administrativo que condiciona a atividade a ser 
desenvolvida a um consenso técnico para evitar a maiores impactos ambientais. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
XXXI – (FGV – OAB 2020_1) Efeito Estufa Ltda., sociedade empresária que atua no 
processamento de alimentos, pretende instalar nova unidade produtiva na área urbana do 
Município de Ar Puro, inserida no Estado Y. Para esse fim, verificou que a autoridade 
competente para realizar o licenciamento ambiental será a do próprio Município de Ar Puro. 
Sobre o caso, assinale a opção que indica quem deve realizar o estudo de impacto ambiental. 
A) O Município de Ar Puro. 
B) O Estado Y. 
C) O IBAMA. 
D) Profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. 
 
O EPIA-RIMA é u documento produzido por equipe técnica contratada e paga pelo 
empreendedor, não pelo órgão ambiental licenciador, cabendo àquele as custas e a este a 
análise a aprovação. Alternativa correta “d”. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2016.3) A sociedade empresária Xique-Xique S.A. pretende instalar uma unidade 
industrial metalúrgica de grande porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades 
industriais do mesmo porte em outras localidades. Sobre o licenciamento ambiental dessa 
iniciativa, assinale a afirmativa correta. 
A) Como a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte e da 
mesma natureza, não será necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade 
utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora. 
B) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou 
potencialmente poluidora, é necessária a obtenção da licença ambiental, por meio do 
procedimento administrativo denominado licenciamento ambiental. 
C) Se a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte, poderá 
ser exigido outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos 
ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, mas será dispensada a realização de 
qualquer estudo ambiental, inclusive o de impacto ambiental, no processo de licenciamento. 
D) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura municipal autorizando seu 
funcionamento, sendo incabível a exigência de licenciamento ambiental para atividades de 
metalurgia. 
Alternativa “a”: falsa. Cada empreendimento possui impactos ambientais próprios, o que torna 
necessário um novo procedimento de licenciamento ambiental; 
Alternativa “b”: verdadeira. Caso a atividade apresente impactos ambientais, será necessária 
uma licença ambiental, concedida por meio de um procedimento de licenciamento ambiental. 
Alternativa “c”: falsa. Cada nova unidade requer um licenciamento ambiental distinto, que 
determinará as condições de exercício mediante estudo ambiental próprio. 
Alternativa “d”: falsa. Caso haja impactos ambientais para a atividade a ser desenvolvida, há 
a obrigatoriedade de realização de um procedimento de licenciamento ambiental específico, o 
que não pode ser substituído pelo alvará de funcionamento concedido pelo Município. 
 
O Licenciamento Ambiental é único, porém se divide em três fases (NÃO são 3 licenças, mas 
3 etapas de uma mesma licença), sendo que as fases devem ser seguidas em ordem, sem a 
supressão de nenhuma: 
1. Licença Prévia: autoriza o local e o tipo de empreendimento. Quando exigido EPIA, SEMPRE 
será na fase de Licença Prévia. Tem prazo de validade de até 5 anos. 
2. Licença de Instalação: autoriza o início das obras de instalação necessárias para o 
empreendimento. Tem prazo de validade de até 6 anos. 
3. Licença de Operação: autoriza que o empreendimento inicie suas operações. Tem prazo de 
validade de 4 a 10 anos (o órgão ambiental que está cedendo a licença é que determina, 
dentro desse intervalo, qual o tempo de duração da licença, sempre levando em consideração 
o grau de risco do empreendimento e também o histórico do empreendedor). 
Mesmo após um empreendimento estar licenciado, se houver necessidade de uma nova 
construção ou ampliação, será exigido novo licenciamento ambiental. Assim como se uma empresa 
licenciada pretender abrir uma filial = novo licenciamento para essa filial. 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
(FGV – OAB 2019_1) A sociedade empresária Foice Ltda., dá início à construção de galpão de 
armazenamento de ferro-velho. Com isso, dá início a Estudo de Impacto Ambiental - EIA. No 
curso do EIA, verificou-se que a construção atingiria área verde da Comunidade de Flores, de 
modo que 60 (sessenta) cidadãos da referida Comunidade solicitaram à autoridade competente 
que fosse realizada, no âmbito do EIA, audiência pública. Sobre a situação, assinale a 
afirmativa correta. 
A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando 
houver solicitação do Ministério Público. 
B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando 
houver solicitação de associação civil legalmente constituída há pelo menos 1 (um) ano. 
C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a eventual licença ambiental 
concedida não terá validade. 
D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado Termo de Ajustamento de 
Conduta com o Ministério Público. 
 
Alternativas A e B incorretas por afirmarem que não será necessária audiência pública. 
Alternativa C correta, pois mais de 50 cidadão requereram a audiência pública, o que a torna 
obrigatória sob pena de invalidar todo o processo de licenciamento. Alternativa D incorreta por 
sugerir que um TAC pode substituir a Audiência Pública. 
 
XXXI – (FGV – OAB 2020_1) Efeito Estufa Ltda., sociedade empresária que atua no 
processamento de alimentos, pretende instalar nova unidade produtiva na área urbana do 
Município de Ar Puro, inserida no Estado Y. Para esse fim, verificou que a autoridade 
competente para realizar o licenciamento ambiental será a do próprio Município de Ar Puro. 
Sobre o caso, assinale a opção que indica quem deve realizar o estudo de impacto ambiental. 
a) O Município de Ar Puro. 
b) O Estado Y. 
c) O IBAMA. 
d) Profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. 
 
A questões buscou confundir os candidatos com relação à competência para realizar o 
licenciamento, que era municipal, com a obrigatoriedade de realização do Estudo Prévio de 
Impacto Ambiental, que sempre será feito pelo próprio empreendedor, que contrata uma equipe 
multidisciplinar para isso, ou uma consultoria especializada em EPIA. 
A única alternativa possível era a letra “d”. 
 
 
 
7. LEGISLAÇÃO FLORESTAL 
 
A legislação florestal segue a racionalidade determinada pela Constituição Federal de 
proteção florestal. Devemos observar a lei florestalgeral (Lei n.º 12.651/12), e a Lei que regulamenta 
as florestas públicas (Lei n.º 11.284/06). 
A Lei florestal geral traz dois conceitos legais que dão continuidade à proteção dos chamados 
“espaços territoriais especialmente protegidos”. São a Área de Preservação Permanente – APPs (art. 
4º) e a Reserva Legal (art. 12), cujos detalhes seguem abaixo: 
As APP’s são espaços urbanos ou rurais, com ou sem vegetação (nativa ou exótica), cuja 
proteção se dá por Lei ou ato do Poder Público, em que há a obrigação real de manutenção da 
vegetação da área. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm
Primeiramente, as áreas protegidas podem ser urbanas ou rurais, de domínio público ou 
particular e terem a origem da proteção por disposição expressa de Lei, seja pelos recursos naturais 
protegidos ou valor paisagístico e ecológico. 
Quais as obrigações do proprietários em que está situada a APP? Caso a área esteja coberta 
por vegetação, mantê-la e não interferir nesta. Em caso de danos posteriores à vegetação, é dever 
do proprietário recompô-la. A obrigação de manutenção da vegetação da APP é de natureza real, ou 
seja, é vinculada à propriedade do particular e é transmissível aos novos proprietários. 
Há exceções ao regime de não intervenção em APP? Sim, estão previstos nos arts. 8º-9º da 
Lei n.º 12.651/12 e se restringem a utilidade pública, interesse social, atividades de baixo impacto 
ambiental e obtenção de água por pessoas e animais. 
São consideradas Áreas de Preservação Permanente para a Lei Florestal: 
I – Matas Ciliares: faixas marginais de qualquer curso d’água natural desde a borda da calha do leito regular, a 
largura mínima da mata ciliar depende da largura do rio, conforme figura: 
II – Nascentes e dos olhos d’água permanentes num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; 
 
 
 
III – Lagos e Lagoas naturais, uma área no entorno de no mínimo: 
 
ÁREA OBJETO TAMANHO MÍNIMO 
Zona Rural Corpo d’água acima de 20 hectares de superfície 100 metros 
Zona Rural Corpo d’água abaixo de 20 hectares de superfície 50 metros 
Zona Urbana Sempre 30 metros 
 
IV – Barragens/represas artificiais, decorrentes do barramento de um curso d’água natural, a faixa será 
definida na licença ambiental do empreendimento; IMPORTANTE: 1. Se o barramento for de um curso d’água 
que não seja natural, não tem APP; 2. Se a acumulação de água que se forma do barramento não chega a 1 
hectare, não tem APP. 
V – Encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, ou seja, quando a montanha é tão inclinada que 
existe risco de tudo vir abaixo se a vegetação for retirada. 
VI – as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. 
VII – os manguezais, em toda a sua extensão; 
VIII – as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 
(cem) metros em projeções horizontais; 
IX – no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação 
média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura 
mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por 
planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da 
elevação; 
X – as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; 
XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a 
partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2015.3) João acaba de adquirir dois imóveis, sendo um localizado em área 
urbana e outro, em área rural. Por ocasião da aquisição de ambos os imóveis, João foi alertado 
pelos alienantes de que os imóveis contemplavam Áreas de Preservação Permanente (APP) e 
de que, por tal razão, ele deveria buscar uma orientação mais especializada, caso desejasse 
nelas intervir. Considerando a disciplina legal das Áreas de Preservação Permanente (APP), 
bem como as possíveis preocupações gerais de João, assinale a afirmativa correta. 
a) As APPs não são passíveis de intervenção e utilização, salvo decisão administrativa em 
sentido contrário de órgão estadual integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – 
SISNAMA, uma vez que não há preceitos legais abstratamente prevendo exceções à sua 
preservação absoluta e integral. 
b) As hipóteses legais de APP, com o advento do denominado “Novo Código Florestal” – Lei 
nº 12.651/2012 –, foram abolidas em âmbito federal, subsistindo apenas nos casos em que os 
Estados e Municípios assim as exijam legalmente. 
c) As APPs são espaços territoriais especialmente protegidos, comportando exceções legais 
para fins de intervenção, sendo certo que os Estados e os Municípios podem prever outras 
hipóteses de APP além daquelas dispostas em normas gerais, inclusive em suas Constituições 
Estaduais e Leis Orgânicas, sendo que a supressão irregular da vegetação nela situada gera a 
obrigação do proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título de promover a sua 
recomposição, obrigação esta de natureza propter rem. 
d) As APPs, assim como as reservas legais, não se aplicam às áreas urbanas, sendo certo 
que a Lei Federal nº 12.651/2012 (“Novo Código Florestal”), apesar de ter trazido significativas 
mudanças no seu regime, garantiu as APPs para os imóveis rurais com mais de 100 hectares. 
 
Alternativa A incorreta por afirmar que não há possibilidade de intervenção em APP, salvo 
por decisão administrativa. Na verdade é possível intervenção por utilidade pública (art. 3º, 
VIII), interesse social (art. 3º, IX), atividades de baixo impacto ambiental (art. 3º, X) e obtenção 
de água por pessoas e animais. Alternativa B incorreta por afirmar que não existe APP em 
âmbito federal. 
Alternativa C está correta. Sempre é possível novas hipóteses de APP quando declaradas 
de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6º). E a obrigação de 
recomposição em caso de degradação sempre acompanha o imóvel. 
Alternativa D incorreta, pois a Reserva Legal só se aplica em imóveis rurais, urbanos não. 
Além do que, as APPs se aplicam em imóveis menores que 10 hectares também. 
 
 
Já a Reserva Legal , representa porções da área de imóvel rural, sem prejuízo da área de 
APP, cobertos com vegetação nativa, que obriga o proprietário a mantê-la e conservá-la. 
Primeiramente, a Reserva Legal se diferencia da APP por se tratar de um percentual fixo da 
área do imóvel rural que deverá ser coberto com vegetação nativa. Mais ainda: o objetivo da Reserva 
Legal é proteger remanescentes de vegetação, uma vez que a Área de Preservação Permanente 
possui como objetivo principal proteger formações ecológicas de importância à manutenção da 
qualidade ambiental. Por fim, vale lembrar que a Reserva Legal é devida somente em propriedade 
rural. 
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem 
prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes 
percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: 
I – localizado na Amazônia Legal: 
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; 
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; 
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; 
II – localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). 
 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2014.2) A definição dos espaços territoriais especialmente protegidos é 
fundamental para a manutenção dos processos ecológicos. Sobre o instituto da Reserva Legal, 
de acordo com o Novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), assinale a afirmativa correta. 
a) Pode ser instituído em área rural ou urbana,desde que necessário à reabilitação dos 
processos ecológicos. 
b) Incide apenas sobre imóveis rurais, e sua área deve ser mantida sem prejuízo da aplicação 
das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente. 
c) Foi restringida, de acordo com a Lei n. 12.651/2012, às propriedades abrangidas por 
Unidades de Conservação. 
d) Incide apenas sobre imóveis públicos, consistindo em área protegida para a preservação 
da estabilidade geológica e da biodiversidade. 
Alternativa “a” está incorreta pois Reserva Legal apenas existem em propriedade rural; 
Alternativa “b” correta. Alternativas “c” e “d” incorretas pois a Reserva Legal se aplica à TODA 
propriedade rural e não apenas àquelas abrangidas por Unidade de Conservação; ou imóveis 
públicos. 
 
Cadastro Ambiental Rural é uma obrigação criada pela Lei 12.651/12 de que todo proprietário 
ou possuidor de imóvel rural, faça o preenchimento de um cadastro online apontando como é a 
cobertura do solo de sua propriedade, ou seja, se possui ou não APP, se a Reserva Legal está 
preservada, em processo de regeneração ou inexistente. O recibo gerado ao final do preenchimento 
do CAR não serve de título de propriedade para fins, por exemplo, de futuro pedido de Usucapião. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2018_2) Gabriela, pequena produtora rural que desenvolve atividade pecuária, é 
avisada por seu vizinho sobre necessidade de registrar seu imóvel rural no Cadastro Ambiental 
Rural (CAR), sob pena de perder a propriedade do bem. 
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. 
a) Gabriela não tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR por ser pequena produtora 
rural. 
b) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR, sob pena de perder a propriedade 
do bem, que apenas poderá ser reavida por ação judicial. 
c) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro não será considerado 
título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse. 
d) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro autoriza procedimento 
simplificado para concessão de licença ambiental. 
 
Alternativa “a” está incorreta pois o CAR é uma obrigação legal de TODA propriedade 
rural, independente de seu tamanho. Alternativa “b” incorreta, a Lei Florestal não estabeleceu 
quais as sanções para quem não realizar o cadastro, na prática algumas linhas de crédito 
bancário estão sendo cortadas dos proprietários que não realizam.. Alternativas “c” está 
correta, conforme art. 29, §2º da Lei 12.651. Alternativa “d” incorreta pois Cadastro Ambiental 
não autoriza processo simplificado de Licença Ambiental. 
 
 
A Lei Florestal ainda reafirmou um instrumento que já estava previsto na Política Nacional de 
Meio Ambiente (Lei 6.938/81), qual seja a “Servidão Ambiental”. 
O instrumento possibilita que o proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou 
jurídica, possa, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante 
órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para 
preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão 
ambiental. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). 
A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no 
mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. Porém, a servidão ambiental não se aplica às 
Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida, ou seja, é preciso que na 
propriedade haja um excedente de área preservada. 
Através da Servidão Ambiental é possível que o proprietário que cumpriu mais que sua 
obrigação legal, obtenha lucro, por isso se trata de um instrumento econômico. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2019_3) Pedro, proprietário de fazenda com grande diversidade florestal, decide 
preservar os recursos ambientais nela existentes, limitando, de forma perpétua, o uso de 
parcela de sua propriedade por parte de outros possuidores a qualquer título, o que realiza por 
meio de instrumento particular, averbado na matrícula do imóvel no registro de imóveis 
competente. Assinale a opção que indica o instrumento jurídico a que se refere o caso descrito. 
A) Zoneamento Ambiental. 
B) Servidão Ambiental. 
C) Área Ambiental Restrita. 
D) Área de Relevante Interesse Ecológico. 
 
Por se trata de área particular, que o proprietário quer gravar com caráter perpétuo 
(lembrando que poderia ser por tempo determinado, desde que no mínimo 15 anos) a limitação do 
uso da propriedade, Pedro deve negociar por meio de Servidão Ambiental. 
Alternativas “A” e “D” tratam de instrumento realizados exclusivamente pelo Poder Público 
e não pelo particular. Alternativa “C” apresenta um instrumento que inexiste no ordenamento 
jurídico ambiental. 
 
 
8. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Popularmente ao falarmos de “Resíduos Sólidos” estamos tratando de “Lixo”. Foi preciso uma 
política própria para tratar o assunto, uma vez que o lixo é um problema mundial, já tendo sido alvo 
de problemas diplomáticos entre nações. A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o 
enfrentamento dos principais problemas decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. 
Trata da prevenção e redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de 
hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da 
reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos 
rejeitos (rejeito é o lixo que não dá mais pra aproveitar, como exemplo de resto de comida). 
Institui a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de 
limpeza urbana. 
Com a PNRS, todos os lixões devem ser eliminados para darem lugar a aterros sanitários. A 
PNRS inova com a inclusão de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis na política, 
quando incentiva a criação e o desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação 
de catadores. 
São alguns dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 
• a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à 
implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
• o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas/associação de catadores de materiais 
reutilizáveis e recicláveis; 
• a pesquisa científica e tecnológica; educação ambiental; 
• os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; [...] 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm#art78
• a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o desenvolvimento de 
pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, 
reutilização, tratamento e disposição; 
 
QUESTÃO COMENTADA 
(FGV – OAB 2017) Bolão Ltda., sociedade empresária, pretende iniciar atividade de 
distribuição de pneus no mercado brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre 
outros elementos, avaliar sua responsabilidade pela destinação final dos pneus que pretende 
comercializar. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. 
A) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do consumidor final, no âmbito do 
serviço de regular limpeza urbana. 
B) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos produtos após o uso pelo 
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana. 
C) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do distribuidor e do consumidor 
final, se dará no âmbito do serviço público de limpeza urbana. 
D) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária deve celebrar convênio com o 
produtor, para estabelecer, proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos 
pneus. 
 
A questão gera uma certa dúvida,uma vez que a PNRS fala de responsabilidade 
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: fabricantes, importadores, distribuidores e 
comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana. Porém, a 
questão trata especificamente de Logística Reversa, e nesses casos, o consumidor final não 
encontra-se no rol de responsáveis, conforme art. 33 (abaixo). 
Assim, as alternativas “a” e “c” são eliminadas por conterem o consumidor. A alternativa “d” 
está incorreta por sugerir que produtor e distribuidor poder proporcionar suas responsabilidades, 
mas isso não é possível. A alternativa “b” está correta, pois independente de o serviço público de 
limpeza realizar ou não a coleta desses pneus, a logística reversa deve funcionar. 
 
Logística Reversa é fazer com que o produto retorne ao fabricante após o fim de sua vida útil. 
São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos 
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana 
e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; 
II - pilhas e baterias; 
III - pneus; 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 
 
A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos 
previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da 
União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza 
urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou 
financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. 
 
9. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00) 
 
A CF/88, art. 225, § 1º, inc. III, prevê que sejam definidas, em todas as unidades da 
federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos. 
A Lei 9.985 de 2000, regula o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Tal 
diploma legal vem preencher uma lacuna no relevante tema do Direito Ambiental, que é a disposição 
sobre o uso sustentável e gerenciamento das unidades de conservação brasileira. Para tanto o legislador 
adotou uma nova sistemática, dividindo as unidades de conservação em dois grupos. O primeiro é o das 
Unidades de Proteção Integral, e o segundo, da Unidade de Uso Sustentável. 
 
9.1 Unidade de Proteção Integral 
Essa categoria engloba estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, 
monumentos naturais e refúgios da vida silvestre. Nesses locais, qualquer atividade a ser realizada 
fica condicionada à autorização prévia do órgão responsável e deverá priorizar a manutenção do 
equilíbrio do ecossistema, sendo que as visitas públicas ficam restritas àquelas com objetivos 
educacionais e científicos. As áreas particulares incluídas em seus limites, com exceção dos 
monumentos naturais e refúgios da vida silvestre que podem ser constituídos também por áreas 
particulares, serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a Lei. 
9.1.1. Estações Ecológicas – são áreas com um ecossistema representativo, de posse e 
domínio públicos, que tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas 
científicas, sendo que esta última dependerá de autorização prévia do órgão responsável pela 
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como 
àquelas previstas em regulamento. 
9.1.2. Reservas Biológicas – são as florestas e demais formas de vegetação que têm como 
objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem 
interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação 
de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o 
equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. 
9.1.3. Parques Florestais – são áreas extensas e delimitadas que têm como finalidade a 
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando 
a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação 
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. 
Podem ser Parque Nacional, Parque Estadual ou Parque Municipal dependendo da esfera 
onde for criado. Tem uso e visitação sujeitos às normas estabelecidas no Plano de manejo da 
unidade, ou às normas estabelecidas pelo órgão responsável. 
9.1.4. Monumentos Naturais – são áreas que têm como objetivo básico preservar sítios 
naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica, podendo ser constituídos por áreas 
particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra 
e dos recursos naturais do local pelos proprietários. 
9.1.5. Refúgios de Vida Silvestre – são áreas que têm como objetivo proteger ambientes 
naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou 
comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Assim como os monumentos naturais, 
podem ser constituídos por áreas particulares nas mesmas condições do exposto no item anterior. 
 
9.2 Unidades de Uso Sustentável 
Têm o objetivo principal de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável 
de parcela dos seus recursos naturais. 
Encaixam-se nessa categoria as áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse 
ecológico, florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de 
desenvolvimento sustentável, e reservas particulares do patrimônio natural, onde, em tese, seria 
tolerado o uso racional dos recursos naturais existentes. Podem ser constituídas por terras públicas 
ou privadas, ficando condicionado o seu uso às normas estabelecidas pelo gestor público em 
unidades de domínio público e pelas condições estabelecidas pelo proprietário em unidades 
particulares. 
9.2.1. Áreas de Proteção Ambiental – são, em geral, áreas extensas, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente 
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, que têm a finalidade 
de proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a 
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. 
O SNUC prevê que as Áreas de Proteção Ambiental deverão dispor de um Conselho 
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos 
públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente. 
9.2.2. Áreas de Relevante Interesse Ecológico – são áreas, em geral, de pequena 
extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias 
ou que abrigam exemplares raros da biota regional, que têm como objetivo manter os ecossistemas 
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a 
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. 
9.2.3. Florestas Nacionais – são áreas com uma cobertura florestal de espécies 
predominantemente nativas e têm como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos 
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas 
nativas. 
A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas 
em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a Lei. 
Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam 
quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da 
unidade. 
9.2.4. Reservas Extrativistas – são áreas utilizadas por populações extrativistas tradicionais,cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na 
criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a 
cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. São de 
domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais. 
A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em 
situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, 
conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 
9.2.5. Reservas de Fauna – são áreas naturais com populações animais de espécies nativas, 
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre 
o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Nesses locais é vedado o exercício da 
caça amadorística ou profissional. 
9.2.6. Reservas de Desenvolvimento Sustentável – são áreas que abrigam populações 
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos 
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que 
desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade 
biológica. Têm como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as 
condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida 
e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e 
aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas 
populações. 
9.2.7. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – são áreas privadas, gravadas 
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. O gravame de que trata este 
artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a 
existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. 
Dentro da RPPN, será permitida a extração de recursos naturais, exceto madeira, que não 
coloque em risco as espécies ou os ecossistemas que justificaram a criação da unidade. 
 CATEGORIA DOMÍNIO VISITA 
PRESENÇA 
HUMANA* 
PROT. 
INTEGRAL 
Estação Ecológica Público Educacional NÃO 
Reserva Biológica Público Educacional NÃO 
Parque Nacional Público Permitida NÃO 
Monumento Natural Pub ou Priv Restrita SIM 
Ref. Vida Silvestre Pub ou Priv Restrita SIM 
USO 
SUST. 
 
Área de Proteção 
Ambiental 
Pub ou Priv Restrita SIM 
Relevante Interesse 
Ecológico 
Pub ou Priv Restrita Pouca 
FLONA – Floresta 
Nacional 
Público Restrita 
População 
Tradicional 
RESEX – Reserva 
Extrativista 
Público c/ uso Permitida 
População 
Tradicional 
Reserva de Fauna Público Permitida NÃO 
Reserva 
Desenvolvimento 
Sustentável 
Público 
Permitida e 
incentivada 
SIM 
RPPN – Reserva 
Particular do Patrimônio 
Natural 
Privado 
Pesquisa, 
Turismo, 
Recreação e 
Educação 
NÃO 
 
*Presença humana nesse caso significa que caso seja criada uma UC que permita 
presença humana, não será necessário desapropriar quem eventualmente já tenha uma 
propriedade nos limites da UC. 
 
QUESTÃO COMENTADA 
 
(FGV – OAB 2019_1) O Ministro do Meio Ambiente recomenda ao Presidente da República a 
criação de uma Unidade de Conservação em área que possui relevante ecossistema aquático 
e grande diversidade biológica. Porém, em razão da grave crise financeira, o Presidente 
pretende que a União não seja compelida a pagar indenização aos proprietários dos imóveis 
inseridos na área da Unidade de Conservação a ser criada. Considerando o caso, assinale a 
opção que indica a Unidade de Conservação que deverá ser criada. 
A) Estação Ecológica. 
B) Reserva Biológica. 
C) Parque Nacional. 
D) Área de Proteção Ambiental. 
 
Considerando que a União não quer ter gastos com desapropriação, a única categoria de 
unidade de conservação dentre as alternativas que permite a presença humana é a Área de 
Proteção Ambiental, alternativa D. 
 
10. A POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
A Lei 9.433/97, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e ainda cria o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), cuja menor parcela é exatamente a 
bacia hidrográfica, que é a área total de drenagem que alimenta uma determinada rede hidrográfica, 
em outras palavras, todos os pequenos córregos e rios que alimentam um rio principal. 
 
 
“Art. 1º. A Política Nacional dos Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: 
I - a água é um bem de domínio público; 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a 
dessedentação de animais; 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos 
Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder 
Público, dos usuários e das comunidades. 
 
A água é um bem de domínio público, ou seja, não pertence ao privado; como um recurso 
natural limitado é preciso estabelecer que a água possui valor econômico, só assim incentivamos o 
uso racional; tendo como uso prioritário, em caso de escassez, o consumo humano e animal, ou 
seja, se entrarmos em períodos de seca, o uso da água para indústria, lazer e etc pode ser suspenso 
para dar lugar ao uso humano e matar a sede dos animais; a gestão deve ser descentralizada e 
participativa do poder público, dos usuários e das comunidades. 
Inovação é a previsão de cobrança pelo uso da água, inclusive dos proprietários rurais, 
conforme estabelecido no art. 5º da Lei 9.433/97, que passam a ser denominados usuários de 
recursos hídricos. 
 
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
I - os Planos de Recursos Hídricos; 
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; 
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; 
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; 
V – vetado (art. 24 da Lei) 
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 
 
A cobrança pelo uso da água objetiva o reconhecimento do valor econômico deste recurso 
natural dando ao usuário uma indicação de seu real valor e incentivando a racionalização e 
proporcionando a obtenção de recursos financeiros para a financiamento dos programas e 
intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Por ter caráter de tarifa, os recursos 
arrecadados serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados. 
 
Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos 
Outorga significa autorização, concessão. Não se trata de alienação das águas (que são 
inalienáveis), mas de simples direito de seu uso. É uma autorização para aquele que precisa captar 
grande quantidade de água ou usar a água para diluir algo, ou ainda usar a força das águas para 
gerar energia, possa fazer mediante pagamento, pois a outorga não é gratuita. 
A outorga estará vigente enquanto houver interesse público, assim, não assiste qualquer 
direito à indenização ao outorgado quando suspenso o ato de outorga. 
A Lei 9.433/97 listou os usos sujeitos à outorga e os que independem dela, no art. 12. 
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos 
hídricos: 
I – derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, 
inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; 
II – extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; 
III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratadosou não, 
com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; 
IV – aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 
V – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de 
água. 
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: 
I – o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, 
distribuídos no meio rural; 
I – as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; 
III – as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. 
 
A outorga poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, 
nas seguintes circunstâncias: não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausência de 
uso por três anos consecutivos; necessidade premente de água para atender a situações de 
calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; necessidade de se prevenir 
ou reverter grave degradação ambiental; necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse 
coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; necessidade de serem mantidas as 
características de navegabilidade do corpo de água. 
Toda outorga terá prazo definido, não podendo ultrapassar 35 anos, mas podendo ser 
renovado. 
Em caso de empreendimento que necessita de licenciamento ambiental (por exemplo obra 
de saneamento), a outorga vem antes do licenciamento. art. 10, §1º Resolução 237 CONAMA. 
 
 
11. SANEAMENTO BÁSICO 
 
Saneamento básico se divide em 4 serviços essenciais: 
a) abastecimento de água potável, constituído pelas atividades, pela disponibilização, pela 
manutenção, pela infraestrutura e pelas instalações necessárias ao abastecimento público de água 
potável, desde a captação até as ligações prediais e os seus instrumentos de medição; 
b) esgotamento sanitário, constituído pelas atividades, pela disponibilização e pela 
manutenção de infraestrutura e das instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e 
disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até a sua destinação 
final para a produção de água de reuso ou o seu lançamento final no meio ambiente; 
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, constituídos pelas atividades, pela 
infraestrutura e pelas instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e 
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de 
limpeza urbanas; e 
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, constituídos pelas atividades, pela 
infraestrutura e pelas instalações operacionais de drenagem de águas pluviais, de transporte, 
detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das 
águas pluviais drenadas, contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes; 
 
 
 
Titularidade dos serviços de saneamento básico 
Os Municípios e o Distrito Federal são os titulares dos serviços públicos de saneamento 
básico, podendo delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços, 
nos termos do art. 241 da Constituição Federal e da Lei no11.107, de 6 de abril de 2005. 
Exceto os casos de controle acionário de companhia estatal prestadora de serviços públicos 
de saneamento básico. Os municípios que optarem pela não continuidade dos contratos de 
programa assumirão a prestação dos serviços públicos de saneamento básico e indenizarão as 
companhias em razão de investimentos realizados. 
 
Prestação dos serviços 
A prestação dos serviços de saneamento básico devem ser regionalizadas, realizadas por um 
único prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não. Deve ser realizada por órgão, 
autarquia, fundação de direito público, consórcio público, empresa pública ou sociedade de economia 
mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na forma da legislação; ou por empresa a que se 
tenham concedido os serviços. 
A fiscalização e remuneração devem ser uniformes e exercidas por órgão ou entidade de ente 
da Federação a que o titular tenha delegado o exercício dessas competências por meio de convênio 
de cooperação entre entes da Federação, ou ainda por consórcio público de direito público integrado 
pelos titulares dos serviços. 
 
Regulação 
A regulação dos serviços de saneamento tem como objetivos: I – estabelecer padrões e 
normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários; II - garantir o 
cumprimento das condições e metas estabelecidas; III - prevenir e reprimir o abuso do poder 
econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência; e IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico-financeiro dos 
contratos quanto a modicidade tarifária, por meio de mecanismos que induzam a eficiência e a 
eficácia dos serviços e que permitam o compartilhamento dos ganhos de produtividade com os 
usuários. 
A Agência Nacional de Águas - ANA instituirá normas de referência nacionais para a 
regulação da prestação dos serviços públicos de saneamento básico e por seus titulares e suas 
entidades reguladoras e fiscalizadoras, observada a legislação federal pertinente. 
É assegurado aos usuários de serviços públicos de saneamento básico: I - amplo acesso a 
informações sobre os serviços prestados; II - prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das 
penalidades a que podem estar sujeitos; III - acesso a manual de prestação do serviço e de 
atendimento ao usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva entidade de regulação; 
IV - acesso a relatório periódico sobre a qualidade da prestação dos serviços. 
 
Aspectos Sociais 
A estrutura de remuneração e de cobrança dos serviços públicos de saneamento básico 
considerará os seguintes fatores: I - categorias de usuários, distribuídas por faixas ou quantidades 
crescentes de utilização ou de consumo; II - padrões de uso ou de qualidade requeridos; III - 
quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço, visando à garantia de objetivos sociais, 
como a preservação da saúde pública, o adequado atendimento dos usuários de menor renda e a 
proteção do meio ambiente; IV - custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço em 
quantidade e qualidade adequadas; V - ciclos significativos de aumento da demanda dos serviços, 
em períodos distintos; e VI - capacidade de pagamento dos consumidores. 
Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento básico serão realizados 
observando-se o intervalo mínimo de 12 (doze) meses. Podem ser periódicas ou extraordinárias 
(fatos não previstos no contrato, fora do controle do prestador dos serviços, que alterem o seu 
equilíbrio econômico-financeiro). Sempre de forma clara e com antecedência mínima de 30 (trinta) 
dias com relação à sua aplicação. 
Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes hipóteses: 
I - situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens; 
II - necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas, 
respeitados os padrões de qualidade e continuidade estabelecidos pela regulação do serviço; 
III - negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água consumida, após ter 
sido previamente notificado a respeito; 
IV - manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do prestador, por parte 
do usuário; e 
V - inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das tarifas, após 
ter sido formalmente notificado. (A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por 
inadimplência a estabelecimentos de saúde, instituições educacionais e de internação coletiva de 
pessoas e a usuário residencial de baixa renda beneficiário de tarifa social deverá obedecer a prazos e 
critérios que preservem condições mínimas de manutenção da saúde das pessoas atingidas).

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