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Atividade Orientada VIII: Análises Clínicas Módulo Microbiologia CASO CLÍNICO 2 Letícia Guedes Morais Gonzaga de Souza | 26/01/2022 Um homem de 35 anos de idade foi encaminhado à sala de emergência devido à ocorrência de febre e dor no lado esquerdo do tórax ao tossir. Cinco dias antes, apareceram sinais de infecção viral das vias respiratórias superiores com dor de garganta, coriza e aumento da tosse. A dor no tórax ao tossir e respirar profundamente surgiu um dia atrás. Doze horas antes de chegar à emergência, acordou com calafrios intensos, sudorese e tremores. A anamnese revelou que o paciente consome quantidades moderadas a intensas de álcool e fuma um maço de cigarros por dia há 17 anos. Tem um histórico de internação para tratar abstinência de álcool há 4 anos e há 2 anos para bronquite aguda. As manifestações clínicas no momento da chegada à emergência eram: temperatura de 39°C, respiração de 28/min e pressão arterial de 120/80 mmHg. O exame físico revelou um homem com peso ligeiramente acima do normal e tosse frequente, colocando a mão do lado esquerdo do tórax ao tossir. O escarro, em pequena quantidade, era espesso, cor de ferrugem e tinha aspecto purulento. Constatou-se macicez à percussão na parte postero-lateral esquerda do tórax, sugerindo consolidação do pulmão. Foram percebidos sons respiratórios tubulares (brônquicos) na mesma área, juntamente com sons crepitantes secos (estertores), compatíveis com consolidação pulmonar e presença de muco viscoso nas vias respiratórias. O restante do exame físico mostrou-se normal. As radiografias de tórax mostraram infiltrado denso no lado inferior esquerdo. O hemograma não mostrou alteração na série vermelha, entretanto, a contagem de leucócitos atingiu 16000/uL com 80% de PMN (12000/uL) e desvio à esquerda, 12% de linfócitos e 8% de monócitos. A coloração do escarro pelo Gram revelou numerosos PMN e diplococos Gram positivos lanceolados (em forma de lanceta). 24 horas depois a hemocultura e a cultura do escarro tornaram-se positivas, revelando os mesmos diplococos Gram positivos lanceolados do Gram. Foi instituída terapia com penicilina G logo após o Gram e o paciente recebeu líquidos parenterais. Após as culturas, a penicilina G foi mantida durante 7 dias. Em 48 horas houve normalização da temperatura e o paciente começou a expectorar grande quantidade de escarro purulento. Houve resolução da consolidação pulmonar no acompanhamento feito 4 semanas após a internação do paciente. QUESTIONÁRIO 1. Qual o possível diagnóstico clínico? Pneumonia pneumocócica adquirida na comunidade (ANVISA, 2013a). 2. Após a bacterioscopia do escarro, qual o micro-organismo suspeito? O microrganismo suspeito é o Streptococcus pneumoniae, que se apresenta em diplococos gram positivos lanceolados. Figura 1: S. pneumoniae dispostos em diplococos gram positivos lanceolados em gram (CDC (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION), 2020). 3. Por que o escarro apresenta cor de ferrugem? Em resposta à infecção, hemácias, neutrófilos e líquidos de tecido circundante preenchem os alvéolos, o que explica a cor ferrugem do escarro vindo com a tosse (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 4. Descreva como foi realizada a cultura do escarro e quais meios foram utilizados para o isolamento deste micro-organismo? Como é feita a identificação do agente isolado? Para a cultura do escarro, faz-se uma homogeneização do material e escolhe-se a porção mais purulenta. Com o auxílio de um swab, semeia-se por esgotamento a porção selecionada em ágar sangue e MacConkey. Destaca-se que, o paciente em questão forneceu amostra de escarro purulento, portanto os meios de cultura utilizados são ágar-sangue e ágar MacConkey (ANVISA, 2013c). Quanto a identificação do agente, a partir da colônia formada no ágar sangue – pois se trata de um microrganismo gram positivo-, faz-se o teste de catalase. Como se trata de um estreptococo, o teste de catalase será negativo, resultando em alfa-hemólise. Em seguida, faz-se o teste de sensibilidade com a optoquina e, ao ser detectado que o microrganismo é sensível ao fármaco, conclui-se que se trata de S. penumoniae. O teste de solubulidade em bile também identifica o microrganismo (ANVISA, 2013b). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada á Assistência á Saúde | Módulo 3: Principais Síndromes Infecciosas. Agência Nacional De Vigilância Sanitária, v. 9, p. 1–150, 2013a. Disponível em: <https://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_labor atorio_microbiologia.pdf>. ANVISA. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde | Módulo 6: Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Agência Nacional De Vigilância Sanitária, v. 9, p. 1–150, 2013b. Disponível em: <https://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_labor atorio_microbiologia.pdf>. ANVISA. Microbiologia Clínica Para O Controle De Infecções Relacionada À Assistencia À Sáude | Módulo 4: Procedimentos Laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica e laudo final. Agência Nacional de Vigilancia Sanitaria, v. 9, p. 100, 2013c. CDC (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION). Streptococcus pneumoniae: For Clinicians. Disponível em: <https://www.cdc.gov/pneumococcal/clinicians/streptococcus-pneumoniae.html>. Acesso em: 26 jan. 2022. TORTORA, Gerard; FUNKE, Berdell; CASE, Christine. Microbiologia. 12a ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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