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Profa. Ma. Mônica Bortolassi UNIDADE II Bases Procedimentais da Administração Pública 1) Conceito: Para Hely Lopes Meirelles, serviço público é: “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades sociais essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado” (MEIRELLES, 2006, p. 316). 2) Dever de Prestar: O dever de prestar o serviço público é da Administração Pública, ou de quem lhe faça as vezes. 3) Fundamento: O art. 175 da CF dispõe: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.” 4) Titular da prestação do serviço público: Administração Pública. Serviços Públicos 5) Princípios aplicáveis aos serviços públicos a) Princípio da continuidade do serviço público: O serviço público não pode ser interrompido, sem qualquer justificativa. b) Princípio da mutabilidade: A Administração Pública pode realizar mudanças na execução do serviço, em razão do interesse público. c) Princípio da modicidade das tarifas: Os serviços públicos devem ser acessíveis aos usuários. O custo do serviço não pode ser proibitivo. d) Princípio da generalidade: Decorre do princípio da impessoalidade. Não se admite qualquer forma de discriminação tanto pelo titular do serviço, como por aquele que o esteja executando. Serviços Públicos 6) Classificação dos serviços públicos 6.1) Quanto à entidade a que foram atribuídos a) federais: art. 21, X a XII da CF; b) estaduais: art. 25, § 2º da CF; c) distritais: art. 25, § 2º e art. 30, V da CF; d) municipais: art. 30, V da CF. 6.2) Quanto à forma de execução: a) Execução direta: São os oferecidos diretamente pela Administração Pública por seus órgãos e agentes. Os serviços essenciais (em tese) devem ser prestados diretamente pela Administração Pública. Serviços Públicos b) Execução indireta: São serviços prestados por terceiros. Ex.: entidades da administração indireta, concessionárias ou permissionárias de serviço público. 6.3) Quanto à essencialidade: a) essenciais: São indispensáveis à sobrevivência do ser humano. Não podem faltar. Necessários à vida e à nossa convivência em sociedade. Em regra não se admite a delegação destes serviços. b) utilidade pública (não essenciais): São serviços “úteis, mas não essenciais. São os que atendem ao interesse da comunidade, podendo ser prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiros, mediante remuneração paga pelos usuários e sob constante fiscalização (transporte coletivo, telefonia etc.). São nominados de pro-cidadão” (ROSA, 2018, p. 87). Serviços Públicos 6.4) Quanto aos usuários: a) Gerais, ou de fruição geral (uti universi): “não possuem usuários ou destinatários específicos e são remunerados por tributos (calçamento público, iluminação pública)” (ROSA, 2018, p. 88). São considerados indivisíveis. b) Individuais, ou de fruição individual (uti singuli): “(...) são os que possuem de antemão usuários conhecidos e predeterminados, como os serviços de telefonia, de iluminação domiciliar. São remunerados por taxa ou tarifa” (ROSA, 2018, p. 88). Estes serviços satisfazem usuários específicos que os utilizam individualmente, sendo possível mensurá-los. São designados por alguns autores de divisíveis. São delegáveis. Serviços Públicos 6.5) Quanto à obrigatoriedade da utilização: a) Compulsórios: São serviços obrigatórios. O usuário do serviço não possui a opção entre contratar ou não contratar este serviço. Ex.: coleta de lixo. b) Facultativos: São colocados à disposição dos usuários que poderá contratar ou não estes serviços. Ex.: serviços de transporte coletivo. 7) Formas de prestação de serviços públicos: os serviços públicos são de titularidade do Poder Público, a sua execução pode ser transferida a terceiros. Os serviços públicos podem ser prestados de duas formas, a saber: 7.1) Centralizada: quando a prestação do serviço é executada pela própria Administração Pública. Serviços Públicos 7.2) Descentralizada: A Administração pública transfere a execução do serviço público para terceiros (entidade da Administração indireta ou um particular). A descentralização administrativa pode ser feita sob duas modalidades: a) por outorga – ocorre quando a Administração Pública transfere, por lei, a execução do serviço público para uma pessoa jurídica de direito público. Ex: autarquia ou fundação pública de direto público. b) por delegação – ocorre quando a Administração Pública transfere a execução do serviço público para uma pessoa jurídica de direito privado que integra a Administração indireta e para particulares. Ex: concessionárias, permissionárias, empresa pública e sociedade de economia mista. Serviços Públicos 8) Concessão: no entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, a concessão “é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um serviço público a alguém que aceite prestá-lo em nome próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico- financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço” (MELO, 2015, p. 725-726). 8.1) Características da concessão: a) a concessão possui natureza contratual; b) prazo determinado no contrato; c) não precária; d) Concedente: UF, Estados, Municípios e DF; e) Concessionário: pessoa jurídica ou consórcio de empresas; f) O contrato de concessão deve ser precedido de licitação; g) a remuneração na concessão comum é paga pelos usuários dos serviços públicos, através de tarifa. Delegação dos serviços públicos 8.2) Extinção da Concessão: I) Advento do Termo Contratual – com o término do prazo contratual. II) Encampação ou Resgate – “Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização (...).” (37 da Lei 8.987/95). III) Caducidade – trata-se de inexecução total ou parcial do contrato que poderá acarretar, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão e, em consequência, a sua extinção. IV) Rescisão – é a extinção da concessão, por iniciativa da concessionária; V) Anulação – por ilegalidade na licitação ou no contrato administrativo; VI) Falência ou Extinção da concessionária, falência e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual. Delegação dos serviços públicos 8.3) Permissão: para Maria Sylvia Zanella di Pietro, a permissão de serviço público “é, tradicionalmente, considerada ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público transfere a outrem a execução de um serviço público, para que o exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário” (DI PIETRO, 2016). 8.3.1) Características da permissão: a) na permissão o Poder público poderá contratar tanto uma pessoa física, como uma pessoa jurídica; b) depende de prévia licitação; c) será formalizada através de um contrato de adesão; d) A permissão é precária. “Precário é ato que pode ser desfeito sem que ao particular se assegure o direito à indenização” (NOHARA, 2020, p. 541). Delegação dos serviços públicos 8.4) Autorização: segundo Irene Patrícia Nohara (2020), “trata-se de categoria muito controvertida na doutrina. Dos doutrinadores que a aceitam, há apenas o consenso de que é ato administrativo discricionário e precário. Assim, por ser ato unilateral, não demanda prévia realização da licitação. Há também uma certa tendência a admitir-se que o serviço será autorizado para que seja desempenhado no interessedo particular (NOHARA, 2020, p. 578). 8.4.1) Características: a) a autorização é delegada através de ato unilateral e discricionário; b) precariedade; c) na autorização a licitação é inexigível. Delegação dos serviços públicos Assinale a alternativa que não corresponde a uma característica da concessão: a) Natureza contratual. b) Prazo determinado no contrato. c) Precariedade. d) O contrato de concessão deve ser precedido de licitação. e) A concessão deve ser remunerada por tarifa paga pelos usuários dos serviços públicos. Interatividade Assinale a alternativa que não corresponde a uma característica da concessão: a) Natureza contratual. b) Prazo determinado no contrato. c) Precariedade. d) O contrato de concessão deve ser precedido de licitação. e) A concessão deve ser remunerada por tarifa paga pelos usuários dos serviços públicos. Resposta: alternativa C (a concessão não é precária) Resposta 1) Conceito: Os bens públicos são bens que integram a dominialidade pública ou o domínio público. A respeito o art. 98 do CC dispõe: “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. Dominialidade pública: conjunto de bens afetados à satisfação das necessidades públicas. 2) Regime jurídico dos bens públicos: a) Inalienabilidade: os bens públicos não podem ser alienados; b) Imprescritibilidade: os imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião (CF, art. 183, § 3o, e art. 191, parágrafo único; Súmula 340 do STF; CC, art. 102). c) Impenhorabilidade: os bens públicos não podem ser penhorados. Bens públicos 3) Classificação dos bens públicos a) Bens de uso comum do povo: São bens utilizados por todos os administrados, indiscriminadamente. Ex: mares, rios, estradas. b) Bens de uso especial: Segundo Hely Lopes Meirelles (2006, p. 520), os bens de uso especial são “os que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços; não integram propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais como os edifícios das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os matadouros, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do público, mas com destinação especial. Tais bens, como têm uma finalidade pública permanente, são também chamados de bens patrimoniais”. Bens públicos c) Bens dominicais: são bens do patrimônio disponível da União, dos Estados, DF ou dos Municípios. Para Hely Lopes Meirelles (2006, p. 520-521) os bens dominicais “são aqueles que, embora integrando o domínio público como os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem também a denominação de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio fiscal”. São todos os bens que pertencem ao Estado, em sua qualidade de dominus proprietário (Bens do domínio privado do Estado). Os bens dominicais não são afetados ao serviço público e podem ser alienados. Art. 101 do CC: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” Bens públicos 4) Afetação e desafetação a) Afetação: destinação, consagrar algo a determinado fim. Segundo Fabio Bellote Gomes (2012, p. 235) a afetação é “(...) a destinação específica de um bem à satisfação do interesse público”. b) Desafetação: retirar a destinação, desconsagrar. Segundo José Cretella Júnior, a desafetação é o “fato ou a manifestação de vontade do poder público mediante a qual o bem do domínio público é subtraído à dominialidade pública para ser incorporado ao domínio privado, do Estado ou do administrado” (apud DI PIETRO, 2020, p. 866). Bens públicos A Administração Pública realiza um controle dos seus próprios atos e também está sujeita ao controle pelo Poder Executivo e Judiciário. 1) Controle Interno: controle realizado pela própria Administração Pública, no exercício da autotutela. 1.1) de ofício: controle realizado pela própria Administração Pública, independente de provocação. A Administração Pública pode anular um ato administrativo em caso de ilegalidade ou revogá-lo por razões de conveniência ou oportunidade. Observação: anulação não se confunde com revogação. 1.2) provocado: A Administração Pública realiza o controle dos seus próprios atos mediante provocação de terceiros. Esta provocação geralmente se dá através de: Controle da administração pública a) Pedido de Reconsideração (arts. 106 e seguintes da Lei 8.112/90): trata-se de pedido de reexame da decisão dirigido à mesma autoridade que a proferiu. b) Recurso administrativo hierárquico (arts. 56 a 65 da Lei 9.784/99): trata-se de “(...) pedido de reexame dirigido inicialmente à mesma autoridade que proferiu a decisão, que, se optar por sua não reconsideração, encaminhará o pedido à autoridade superior” (Celso Spitzcovsky. Esquematizado Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2021, 4ª ed., p. 432) c) Representação: “trata-se de denúncia acerca de irregularidades feita perante a Administração Pública, o Ministério Público ou o Tribunal de Contas (...)” (SPITZCOVSKY, 2021, p. 432). d) Reclamação (art. 103-A, § 3º da CF) trata-se de instrumento utilizado na hipótese de um ato administrativo contrariar uma Súmula do STF. Controle da administração pública 2) Controle Externo: controle de legalidade realizado pelo Legislativo e pelo Judiciário. a) Controle político: realizado pelo Legislativo. Convocação de autoridades para prestar informações (art. 50 da CF) CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito (art. 58, § 3º da CF) Julgamento pelo Senado de processo de crime de responsabilidade (art. 52, I e II da CF) b) Controle financeiro: realizado pelo Poder Legislativo com auxílio do Tribunal de Contas (art. 71 da CF). c) Controle judicial: trata-se de controle de legalidade realizado pelo Judiciário. O Judiciário, se provocado, poderá anular um ato ou uma decisão administrativa por ilegalidade (art. 5º, XXXV da CF). Controle da administração pública As hipóteses que tipificam a improbidade administrativa encontram-se previstas na Lei de Improbidade Administrativa – Lei n. 8.429/92 com as alterações introduzidas pela Lei n. 14.230/2021. De acordo com o art. 1º, § 1º da Lei n. 8.429/92, “consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.” Espécies de improbidade administrativa: os atos que configuram improbidade administrativa estão previstos nos arts. 9º a 11 e podem ser classificados da seguinte forma: 1) Ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito: art. 9º da Lei n. 8.429/92. 2) Ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário: art. 10 da Lei n. 8.429/92. 3) Ato de improbidade administrativa que viola os princípios da administração pública: art. 11 da Lei n. 8.429/92. Improbidade administrativa O Princípio do devido processo legal se aplica tanto aos processos judiciais, quanto aos processos administrativos, de modo que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º, inciso LIV da CF). A Lei n. 9.784/99 estabelece normas gerais para os processos administrativos em geral no âmbito da Administração pública federal, direta e indireta. Fases do Processo administrativo 1) Instauração: a instauração do processo administrativo pode se dar através de portaria, da lavratura de um auto de infração, de representação de terceiro ou de despacho da autoridade competente. 2) Instrução. 3) Defesa (art. 5.º, inciso LV da CF). 4) Relatório. 5) Julgamento. Processo administrativo São bens públicos de uso comum e de uso especial, respectivamente: a) Praça do Pôr do Sol e Praia Vermelha. b) Biblioteca municipal e escola pública municipal. c) Avenida D. Pedro I e escola pública estadual. d) Prédio do Tribunal de Justiça e Palácio do Governo. e) Avenida Presidente Tancredo Neves e Rua da Glória. Interatividade São bens públicos de uso comum e de uso especial, respectivamente: a) Praça do Pôr do Sol e Praia Vermelha. b) Biblioteca municipal e escola pública municipal. c) Avenida D. Pedro I e escola pública estadual. d) Prédio do Tribunal de Justiça e Palácio do Governo. e) Avenida Presidente Tancredo Neves e Rua da Glória. Resposta: alternativa C Resposta DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 29. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016. GOMES, Fabio Bellote. Elementos de Direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo, 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. MELO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo. São Paulo: Grupo GEN, 2020. ROSA, Marcio Fernando Elias. Direito administrativo, Parte II. São Paulo: Saraiva, 2018. SPITZCOVSKY, Celso. Esquematizado Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 432. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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