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Livro Texto - Unidade II

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46
Unidade II
Unidade II
5 OS ESTADOS MODERNOS E AS FORMAS DE GOVERNO NO MUNDO 
MODERNO E CONTEMPORÂNEO
O Estado liberal era muito bom, com uma teoria ótima; porém, na prática, não foi bom para a 
população. Sua decadência deu-se, a grosso modo, porque o Estado liberal não era titulado a cuidar da 
sociedade, nem era equitativo (redistribuição de renda – tirar de quem tem mais, com tributos legais, e 
aplicar em setores carente, onde há necessidade fundamental).
O Estado liberal revelou-se absolutista, voltou ao status quo ante (estado anterior à questão tratada); 
ficou insuficiente, não mais bem administrava. Posto isso, o Papa Leão XXIII publicou uma encíclica, a 
Rerum Novarum, e no século XIX temos o Estado Liberal-Social.
Sobre o tema “O liberalismo e sua decadência”, bem como sobre a encíclica Rerum Novarum, 
analisaremos o Estado liberal, seus erros e sua decadência, finalizando com a leitura da carta papal.
Será feito aqui um breve estudo para compreender a história, particularmente levando em conta 
a solução apontada por Leão XII e como, em vista das medidas tomadas, o Estado liberal se salvou da 
destruição total. O assunto é fundamental para que possamos ter um conhecimento aprofundado a fim 
de nos ajudar no estudo do curso de Direito, na disciplina de Organização do Estado.
Historicamente, o liberalismo aparece ligado à ascensão da burguesia, quando esta, tendo crescido 
economicamente, quis também conquistar o poder político, o que efetivamente o conseguiu. O marco 
da sua concretização histórica está ligada diretamente a Revolução Francesa, baseada nos preceitos 
Iluministas, quais sejam: igualdade, liberdade e fraternidade.
Porém, em menos de meio século, tudo o que o liberalismo havia prometido ao povo redundou em 
conquistas e privilégios apenas das classes economicamente dominantes. Com toda essa injustiça social, 
o povo sem lar, sem comida e sem fé, começou a reagir violentamente, levando o Estado liberal ao dilema 
de reformar-se ou perecer. Ocorreu então uma cadeia de fatos que influenciaram na decadência do 
liberalismo primitivo, este é ligado à ausência do Estado atuando nas relações econômicas e de trabalho.
5.1 Conceito
O liberalismo é uma corrente política que abrange diversas ideologias históricas e presentes, que 
proclama como o único objetivo do governo a preservação da liberdade individual. Tipicamente, 
o liberalismo favorece também o direito à discordância dos credos ortodoxos e das autoridades 
estabelecidas em termos políticos ou religiosos. Neste aspecto é o oposto do conservadorismo, e vai 
contra o absolutismo.
47
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
É um modo de entender a natureza humana e uma proposta destinada a possibilitar que todos 
alcancem o mais alto nível de prosperidade de acordo com seu potencial (em razão de seus valores, 
atividades e conhecimentos), com o maior grau de liberdade possível, em uma sociedade que reduza 
ao mínimo os inevitáveis conflitos sociais. Ao mesmo tempo, se apoia em dois aspectos vitais que dão 
forma a seu perfil: a tolerância e a confiança na força da razão.
Este sistema parte do princípio de que o homem nasce livre, tem a propriedade dos bens que extrai 
da natureza ou adquire por via de seu mérito ou diligência e, quando plenamente maduro e consciente, 
pode fazer sua liberdade prevalecer sobre as reações primárias do próprio instinto e orientar sua 
vontade para a virtude. Uma pessoa madura e livre está à altura de perseguir sua felicidade a seu modo, 
porém respeitada uma escala de valores discutida e aprovada por todos, ou seja, ela deve reconhecer 
sua responsabilidade em relação ao seu próprio destino e ao objetivo da felicidade coletiva em sua 
comunidade ou nação. Será contraditório que alguém ou algum grupo tenha naturalmente poderes 
para cercear essa liberdade sem que parta do próprio indivíduo uma concordância para tal.
Uma excelente definição é a de Fernando Pessoa, que definiu o liberalismo como: a doutrina que 
mantém que o indivíduo tem o direito de pensar o que quiser, de exprimir o que pensa como quiser, 
e de pôr em prática o que pensa como quiser, desde que essa expressão ou essa prática não infrinja 
diretamente a igual liberdade de qualquer outro indivíduo.
5.2 Liberalismo e o Estado
Assim como os liberais têm suas próprias ideias sobre a economia, também possuem sua visão 
particular do Estado: os liberais são, inequivocamente, democratas, acreditando no governo eleito 
pela maioria dentro de parâmetros jurídicos que respeitem os direitos inalienáveis das minorias. Tal 
democracia, para que faça jus ao nome, deve ser multipartidária e organizar-se de acordo com o 
princípio da divisão de poderes.
O Estado liberal espera que as coisas se modifiquem sem uma intervenção individual, ou de grupo, 
e ao mesmo tempo se ajustem de tal forma que as coisas se relacionem de forma natural, sem que o 
Estado tenha a sua intromissão direta no processo de produção, como também no consumo, visto que 
as liberdades individuais devem ser respeitadas para que tudo se acomode de forma comum e simples.
Embora esta não seja uma condição indispensável, os liberais preferem o sistema parlamentar de 
governo porque este reflete melhor a diversidade da sociedade e é mais flexível no que se refere à 
possibilidade de mudanças de governo quando a opinião pública assim o exigir.
Neste sistema, a autoridade do Homem, isto é, o poder pessoal é substituído pela autoridade da Lei, 
constituindo um dos aspectos essenciais do Estado Liberal: o princípio da legalidade.
5.3 Consequências do liberalismo
O liberalismo tem três enfoques: político, ético e econômico. O político constitui-se contra o 
absolutismo e busca nas teorias contratualistas, a legitimação do poder, que não deve ficar sob o direito 
48
Unidade II
dos reis, mas no consentimento dos cidadãos. O ético, com a garantia dos direitos individuais: liberdade 
de pensamento e expressão, religião e estado de direito e que rejeita todo tipo de arbitrariedades.
O econômico se opõe a intervenção do poder nos negócios, exercida com procedimentos típicos da 
economia mercantilista, como a concessão de monopólios e privilégios. Essas ideias foram desenvolvidas, 
na defesa da propriedade privada dos meios de produção baseada na livre iniciativa e competição.
“Temos por testemunho as seguintes verdades: todos os homens são iguais. Foram aquinhoados 
pelo Criador com direitos inalienáveis e entre eles o da vida, da liberdade e da busca da felicidade” 
(Trecho da Declaração da Independência dos Estados Unidos, de 1776, que foi baseada em fundamentos 
iluministas.)
Porém, essa liberdade do homem, defendida pelos liberalistas, não pode ser ilimitada, pois isso 
significa a anarquia. A lei é o meio de conciliar a autonomia individual com a disciplina exigida pela 
sociedade. Portanto, o Estado Liberal é o Estado limitado pela lei. Daí a expressão pela qual também é 
conhecido: Estado de Direito.
O liberalismo e, por conseguinte, o Estado Liberal, é o coroamento de toda luta do indivíduo contra a 
tirania. Ele tem dois fundamentos básicos. O primeiro é a história política da Inglaterra, principalmente, 
quando ocorre a eliminação do absolutismo através Revolução Gloriosa em 1668, onde Guilherme III é 
proclamado rei, após aceitar a Declaração de Direitos que limitava sua autoridade dando mais poderes 
ao parlamento e exigia do rei a convocação regular do parlamento, sem o qual ele não pode fazer leis 
ou revogá-las, cobrar impostos ou manter o exército. Outro fundamento é o iluminismo francês do 
século XVIII, que defendia os princípios “igualdade, liberdade e fraternidade”, servindo como filosofia 
para muitas revoluções e movimentos por todo o mundo, como vimos, por exemplo, no parágrafo 
antecedente, a Declaração de Independência dos Estados Unidos.
5.4 Consequências reais do liberalismo
O liberalismo que se apresenta perfeito em suas ideias e em sua teoria se tornou irrealizável. Tendo 
em vista a solução dos problemas reais e sociais da sociedade, é inadequado.O Estado liberal perdeu de 
vista a realidade da sociedade.
A estratégia excessivamente liberal, delegava ao mercado a capacidade de se “autogerir” sem 
qualquer intromissão por partes dos governantes, de acordo com as teses defendidas por Adam Smith e 
David Ricardo, criadores dessa doutrina econômica. Um Estado limitado pela lei, no qual o governo não 
poderia intervir nas negociações.
Dentro dos instrumentos desse Estado de Direito está a constituição e a divisão dos poderes. O 
homem é livre, porém este é submetido à lei. A lei seria a expressão da vontade de cada cidadão. Mas 
não é o que ocorria na prática, na sociedade liberal daquela época.
Os governantes de então ignoraram a revolução industrial, sendo esta considerada uma das mais 
importantes revoluções da história política. Foi na Revolução industrial que surgiram os operários de 
49
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
fabricas, em sua maioria pessoas que vinham de uma vida camponesa para trabalhar na cidade. Com o 
surgimento das fabricas, surgia então uma nova classe social: o proletariado.
Sem qualquer forma de proteção, essa classe viva à mercê dos grandes capitalistas. E não raras 
vezes viam seus sonhos desabarem por falta de empregabilidade, principalmente com o surgimento das 
máquinas. A cada máquina nova que uma fábrica adquiria, milhares de pessoas eram postas na rua, em 
nome da produtividade e do lucro.
Para produzir mais as fábricas necessitavam de contratar uma grande 
quantidade de mão de obra e encontravam o contingente que precisavam 
nas cidades, que passaram a receber um número cada vez maior de 
camponeses que vinham do campo para a cidade em busca de um sustento 
para si e para seus familiares.
Para que houvesse aumento de lucros era necessário que a fábrica tivesse 
um padrão organizacional, para que o trabalho dos operários rendesse o 
máximo possível. Funcionários eram designados nas fábricas com o objetivo 
de vigiar o restante, infligindo penas e castigos àqueles que se portassem de 
maneira considerada fora dos padrões de trabalho na fábrica.
Até os corpos dos funcionários eram vigiados, cada movimento era controlado1.
O trabalho humano passou então a ser menosprezado e negociado, submetido assim à lei da oferta 
e da procura. Trabalhadores operários sendo possuíam salários mínimos e altíssimas jornadas, mulheres 
eram obrigadas a deixar seus lares para tentar suprir o que o salário do marido não cobria, crianças não 
frequentavam escolas e também eram atiradas ao trabalho indevido, muitas vezes prejudicial ao seu 
corpo ainda não formado.
As más condições de trabalho prejudicavam a saúde dos trabalhadores 
e somada ao cansaço dos mesmos só poderia resultar em queda de 
rendimento. A solução encontrada pelos capitalistas era de contratar ainda 
mais funcionários, tornando o ambiente de trabalho insuportavelmente 
cheio e sufocante.
Eu tive frequentes oportunidades de ver pessoas saindo das fábricas e 
ocasionalmente às atendi como pacientes. No último verão eu visitei três 
fábricas de algodão com o Dr. Clough, da cidade de Preston, e com o sr. 
Barker, de Manchester e nós não pudemos ficar mais do que dez minutos 
na fábrica sem arfar para respirar. Como é possível para aquelas pessoas 
que ficam lá por doze ou quinze horas aguentar essa situação? Se levarmos 
em conta a alta temperatura e também a contaminação do ar; é alguma 
1 Cf. PINA, A.; SOARES, B.; RODRIGUES, M. Os miseráveis do século XIX: cotidiano e condições de trabalho da classe operária na 
Revolução Industrial. Hi7. [s.d.]. Disponível em: http://historia-do-brasil-e-do-mundo.hi7.co/os-miseraveis-do-seculo-xix--cotidiano-
e-condicoes-de-trabalho-da-classe-operaria-na-revolucao-industrial-56c655d431085.html. Acesso em: 2 mar. 2021.
50
Unidade II
coisa que me surpreende: como os trabalhadores aguentam o confinamento 
por tanto tempo (Depoimento de Dr. Ward, de Manchester, entrevistado a 
respeito da saúde dos trabalhadores do setor têxtil em março de 1919).
No que diz respeito às crianças, sabemos que eram colocadas para trabalhar 
em minas menores onde os adultos não conseguiam entrar. Nas fábricas 
ocupavam funções nas quais delicadeza era necessária. Suas pequenas 
mãos eram usadas para alcançar recantos de máquinas onde outros não 
conseguiriam atingir2. 
Com isso, o liberalismo trouxe consigo a desintegração familiar e também o descontentamento da 
população prejudicada. Por outro lado a riqueza se concentrava nas mãos dos poucos dirigentes do 
poder econômico. A vontade que ganhar cada vez mais criou o conflito entre as distintas classes sociais 
dos patrões e dos assalariados, vindo a causar um total desequilíbrio social.
5.5 A decadência do liberalismo
O principal fator da queda do liberalismo se deu por causa das falhas que suas consequências 
geraram por causa da baixa presença do Estado na economia. No liberalismo, o Estado não podia sequer 
interferir na relação entre patrão e empregado, isso produziu um dos mais importantes fatores para sua 
queda: a extrema desigualdade social e o abuso de poder.
O capital surgia como uma nova forma de propriedade, e o trabalho passou a ser considerado como 
mera mercadoria, sujeito à lei da oferta e da procura, cujo preço era ajustado sem se levar em conta o 
mínimo necessário para o sustento do trabalhador e de sua família. Caso fosse obtido um emprego, as 
regras seriam a da efetividade e da produção, visando ao lucro, sem levar em conta a capacidade e os 
limites humanos da mão de obra. E caso a pessoa não conseguisse “vender” essa “mercadoria”, não teria 
nenhuma forma de auxilio, tendo inclusive que enfrentar a ameaça da fome e da penúria.
A base da mentalidade dos burgueses de tal época era a exploração máxima da classe trabalhadora, 
o proletariado, de maneira que pudessem garantir o lucro e manter a massa operária dependente. Os 
trabalhadores, submetidos a esta nova ordem, muito sofreram em busca de melhorias de vida que nunca 
chegavam, devido ao salário extremamente baixo. Acabavam, assim, realizando seus serviços pela própria 
subsistência, sob péssimas condições de trabalho, em jornadas extremamente longas (chegando até 16 
horas diárias) trabalhando até o limite das forças e, não raro, tidos por negligentes e insubordinados 
pelos seus empregadores, ainda que tal se desse pela exaustão física. Ademais, tiveram que aprender a 
trabalhar de maneira regular e ininterrupta, de forma que o trabalho rendesse.
Dessa forma, a miséria e a fome não tardaram a aparecer, assim como doenças como a cólera e o tifo 
nas humildes regiões habitacionais, devido às péssimas condições de higiene, escassez do fornecimento 
de água e pelo fato de não terem como se protegerem do frio. Tal quadro levou à morte inúmeros 
trabalhadores pobres.
2 Idem. 
51
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Apesar de todos esses fatores, a classe dominante mantinha-se insensível, ignorando fatos que 
pareciam não atingi-los e tratando seus trabalhadores como se não fossem ser humanos.
A natureza verdadeiramente catastrófica da Revolução Industrial, que se 
concretizava na exploração econômica e na opressão política, tem grande 
peso no processo de formação da classe operária. Essas formas de ataque ao 
trabalhador (exploração econômica e opressão política) estavam intimamente 
ligadas. O caráter da exploração se dá a partir das novas formas de relação 
de trabalho, que se tornam mais duras e impessoais. A opressão política 
por sua vez, se dava no momento que o operário tentava de alguma forma 
resistir às formas de exploração apresentadas anteriormente. Os principais 
agentes dessa eram os próprios patrões e o Estado3.
O fim de tanta desigualdade acabou em revolta e rebeliões. Fizeram-se greves, formaram-se sindicatos 
em busca de melhores condições de emprego juntamente com a melhoria da vida. Quando tomam 
consciência do seu papel na sociedade, reconhecessem-se como agentes sociais e transformadores, 
ou seja, não seria mais ou “pobre” enfrentando o “rico”, e sim a classe operária explorada e consciente 
enfrentandoo seu explorador.
Com base nos resultados, sem dúvida, os conceitos liberais de igualdade eram anti-humanos. Em 
menos tempo do que se esperava, tudo o que o liberalismo pregava e defendia, sucumbiu e apenas a 
classe economicamente superior conquistou e obteve privilégios.
A sociedade ficou dividida em duas classes, separadas por um abismo. Isso ocasionou o surgimento 
de ideologias radicais visando à solução, mas por meios conflituosos, o que por sinal era extremamente 
perigoso justamente porque não existiam regras nem diretrizes que conduzissem a bom termo 
qualquer querela.
E por mais que a crise ameaçasse a ordem por toda a parte, o Estado liberal assistia a tudo de 
braços cruzados, inerte, apenas se limitando a solucionar tumultos por meio da polícia, caracterizando 
assim o dito “L’Etat Gendarme”, ou Estado-polícia. Nos dizeres de Sahid Maluf, “eram anti-humanos os 
conceitos liberais de igualdade e liberdade. Era como se o Estado reunisse num vasto anfiteatro lobos 
e cordeiros, declarando-os livres e iguais perante a lei, e propondo-se a dirigir a luta como árbitro, 
completamente neutro”.
5.6 Considerações sobre o liberalismo
Não se pode negar e ignorar a importância da teoria liberal no estudo da Teoria Geral do Estado. 
Ela foi revolucionária, pois era a realização plena do direito natural, do humanismo e do igualitarismo 
político e jurídico, fatos antes praticamente inexercidos nas diversas nações.
3 Ibidem.
52
Unidade II
No entanto, tal teoria não atendia devidamente a realidade. Era como se o Estado liberal fosse 
realizável em uma coletividade de deuses, nunca numa coletividade de homens. Isso porque a principal 
ideia pregada pelo liberalismo era a da igualdade entre os homens.
Mas, por natureza, os indivíduos são desiguais. Como no caso de animais em uma floresta. Nele é 
natural a existência de seres mais fortes que dominam os mais fracos, ficando os primeiros no topo 
da cadeia alimentar. No caso humano, a força é medida pela riqueza e status social. Há aqueles mais 
poderosos que detêm a economia de seus países, e também aqueles que dominam politicamente, ficando 
no topo da pirâmide social.
É em função disso que os Estados devem tratar seus súditos com desigualdade, em função do justo 
objetivo de igualá-los no plano jurídico. Além disso, não basta ele somente proclamar o direito de 
liberdade, como também deve proporcionar aos cidadãos a possibilidade de serem livres.
A Constituição Federal de 1988 preceitua várias normas em favor da igualdade jurídica e da 
solidariedade. Dentre os princípios fundamentais, estabelece a cidadania e a dignidade da pessoa 
humana. Dentre os objetivos fundamentais, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, bem 
como a promoção do bem de todos, sem distinção. E no caput do artigo 5º, estabelece que todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Sem dúvida, nossa Lei Maior é um fruto indireto 
das questões morais que convulsionaram o século XIX.
Assim, nosso estudo se finaliza em duas grandes conclusões, quais sejam: da gratidão que se deve 
dar à memória de Leão XIII devido à sua atitude com a “Rerum Novarum”, e da necessidade de um 
estado que interfere, em favor da justiça, nas relações social-econômicas de sua população.
A primeira conclusão se fundamenta no fato de tal Encíclica ter apontado, “com segurança e 
descortínio, os rumos pelos quais se salvaria a nau do Estado democrático prestes a naufragar em mar 
tempestuoso”. Foi sem dúvida utilizada como fundamento na elaboração de constituições e legislações, e 
hoje ainda possui uma forte importância, em decorrência de ter feito surgir a forma social-democrática 
de governo. Nos lugares onde os preceitos dessa carta foram menosprezados, viu-se surgir mais tarde 
aquilo que conhecemos como “Estados totalitários”, que foram frutos de uma reação antiliberal, porém 
com traços desumanos e radicais. Nesses casos, o remédio foi pior do que a doença. Os principais 
exemplos dentre estes são a Alemanha nazista e a Rússia comunista.
A segunda conclusão, por sua vez, se fundamenta no fracasso da teoria do liberalismo quando posta 
em prática. Isso porque um Estado que vise realmente ao Bem comum, não pode somente policiar a ordem 
pública, assistido a tudo com braços cruzados. Deve-se ter em mente que esse tipo de Estado procura 
harmonizar as verdades parciais e inegáveis que existem tanto o individualismo como no socialismo.
A dignidade do ser humano concretiza-se na promoção da justiça, e esta nunca poderá se realizar se 
aquele necessitado for visto como um peso a ser carregado.
Só esta consciência dará a coragem para enfrentar o risco e a mudança implícita em toda a tentativa 
de ir em socorro do outro homem. De fato, não se trata apenas de “dar o supérfluo”, mas de ajudar 
53
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
povos inteiros, que dele estão excluídos ou marginalizados, a entrarem no círculo do desenvolvimento 
econômico e humano. Isto será possível não só fazendo uso do supérfluo, que o nosso mundo produz 
em abundância, mas sobretudo alterando os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as 
estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades.
Não se trata de destruir instrumentos de organização social que deram boa prova de si, mas 
principalmente de orientá-los segundo uma concepção adequada do bem comum dirigido a toda a 
família humana. Hoje está-se a verificar a denominada “mundialização da economia”, fenômeno este 
que não deve ser desprezado, porque pode criar ocasiões extraordinárias de maior bem-estar.
Mas é sentida uma necessidade cada vez maior de que a esta crescente internacionalização da 
economia correspondam válidos organismos internacionais de controle e orientação que encaminhem 
a economia para o bem comum, já que nenhum Estado por si só, ainda que fosse o mais poderoso da 
terra, seria capaz de o fazer.
Quadro 2 – O liberalismo e seus críticos: fases do liberalismo
I – Protoliberalismo (1690-1780) II – Liberalismo clássico (ético) (1780-1860)
T. Hobbes (1588-1679)
J. Locke (1632-1704)
B. Spinoza (1632-1677)
J.-J. Rousseau (1712-1778)
I. Kant (1721-1804)
A. Humboldt (1767-1835)
Montesquieu (1689-1755)
B. Constant (1767-1830)
A. Tocqueville (1805-1859)
Condorcet (1743-1794)
D. Hume (1711-1776)
A. Smith (1723-1790)
S. Mill (1806-1873)
J. Bentham (1748-1873)
III – Liberalismo conservador (social) (1860-1945) IV – Neoliberalismo (1945-)
E. Burke (1729-1787)
T. Green (1836-1882)
H. Spencer (1820-1903)
L. Hobhouse (1864-1929)
E. Durkheim (1858-1914)
M. Weber (1864-1920)
J. M. Keynes (1883-1946)
J. Dewey (1859-1952)
H. Kelsen (1881-1973)
F. Hayek (1899-1992)
Von Mises (1881-1973)
K. Popper (1902-1994)
M. Friedmann (1912-)
I. Berlin (1909-)
R. Aron (1905-1984)
J. Rawls (1921-2002)
N. Bobbio (1909-)
R. Nozick (1938-)
Liberalismo clássico (1780/1860) – principais teses
• Liberdade individual – individualismo.
• Igualitarismo (de direitos).
• Contratualismo.
54
Unidade II
• Utilitarismo.
• Não intervenção do Estado.
• Limitação do poder (legalismo/constitucionalismo).
• Livre-mercado (ordem espontânea).
• Contratos livremente elaborados.
• Pluralismo nas concepções do bem.
• Neutralidade do Estado. 
• Representação política.
Liberalismo conservador (social) – 1860/1945
• Propõe uma sociedade cooperativa de indivíduos mutuamente desenvolvendo-se: dá lugar a 
grupos com interesses conflitantes.
• A busca sem limites do lucro permite a existência de monopólios que destroem a competitividade 
e a liberdade de mercado.
• Reconhecem a necessidade de um Estado ético.
• Pluralismo.
Neoliberalismo (1954 -)
Sob a sua forma contemporânea, o liberalismo inclinou-se para a defesa da atividade econômica 
dos agentes sociais segundo a ótica da liberdade econômica e da eficácia das soluções de mercado. Sem 
menosprezar as teses políticas, mas relegando-as à interpretação do utilitarismo e do pragmatismo, o 
liberalismo econômico acabou dando prioridade à atividade econômica como instrumento derealização 
e consolidação dos ideais políticos de uma sociedade liberal regulada pela liberdade do mercado.
Liberalismo econômico
• Defesa da propriedade privada.
• Não intervenção do Estado.
• Defesa da livre-iniciativa/empresa/concorrência.
55
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
• Crença no mercado (espontaneísmo).
• Lucro como motor da economia.
Liberalismo político
• Liberdade individual.
• Valorização do progresso.
• Antropocentrismo universalista.
• Multiculturalismo.
• Constitucionalismo/legalismo.
• Pluripartidarismo.
• Valorização da sociedade civil.
• Valorização do contrato.
• Distinção público/privado.
O liberalismo político de J. Rawls
De acordo com Rawls, o liberalismo político caracteriza uma concepção política da justiça por 
três aspectos: 
• Aplica-se, em primeira instância, à estrutura básica da sociedade. Esta estrutura consiste nas 
principais instituições políticas, econômicas e sociais, e como elas se organizam entre si para 
constituir um sistema unificado de cooperação social. 
• Ele pode ser formulado independentemente de qualquer doutrina compreensiva de caráter 
filosófico, religioso ou moral. 
• Suas ideias fundamentais – tais como a de uma sociedade política entendida como um sistema 
equitativo de cooperação social, ou a ideia de entender os cidadãos como racionais e razoáveis, 
livres e iguais – pertencem à categoria do político e são familiares à cultura política de uma 
sociedade democrática e às suas tradições de interpretação da constituição e das leis básicas, bem 
como a seus documentos históricos capitais e a seus mais conhecidos escritos políticos.
56
Unidade II
Principais elementos do liberalismo político
• A limitação do Estado e sua subordinação aos interesses dos indivíduos da sociedade civil.
— Legitimidade e a extensão do poder da sociedade política, vinculando a sua finalidade à 
questão do alcance da ação livre dos homens diante desse poder.
— O fundamental para o liberalismo não é tanto a análise da natureza do poder e da política, mas 
o seu alcance.
— O que é essencial é a vida privada dos indivíduos que necessitam organizar uma sociedade 
adequada aos seus fins.
— o abandono do ideal de comunidade política de indivíduos que compartilham fins últimos.
— Depreciação o valor político e cívico do homem em favor em favor da existência social e 
econômica (como proprietário, produtor e consumidor de mercadorias) que se desenvolve na 
esfera da sociedade civil burguesa.
• O contratualismo e a representação política.
— A ideia básica do contratualismo é a de que os princípios que devem regular a vida política são 
legítimos apenas quando eles podem racionalmente ser validados e consentidos por todos os 
indivíduos que a eles se vinculam.
— Uma teoria do contrato social encara o pacto original como o estabelecimento de um sistema 
de leis públicas comuns que define e regula a autoridade política e se aplica a todos os cidadãos.
— A ideia de que o interesse privado deve buscar a sua proteção na esfera pública reduz a 
dimensão política à noção de representação dos cidadãos, os quais, em troca da estabilidade 
do poder e da paz, delegam ao Estado as ações políticas.
• A concepção (negativa) da liberdade individual como direito subjetivo.
— Os indivíduos serão livres se forem deixadas para si a escolha das suas decisões, definidas e 
decididas num campo não arbitrário de interferência.
— A liberdade passa a ser chamada de negativa: a ausência de ações que podem criar impedimentos 
arbitrários e indevidos à livre atividade dos sujeitos.
— A relação entre a lei e a liberdade é externa, pois a primeira não promove a última. Ela é apenas 
um instrumento de proteção da liberdade como direito fundamental.
57
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
• Individualismo, pluralismo e neutralidade do poder político.
— A constituição de mecanismos (políticos, institucionais) de defesa e proteção do indivíduo 
contra o Estado e, também, contra as massas ou grupos, ou mesmo outros indivíduos.
— Em razão do fato do pluralismo ético, cultural e religioso, as leis tornam-se neutras, e o Estado 
surge como instância imparcial para arbitrar conflitos que resultam de interesses e de direitos 
divergentes, mediante uma concepção pública da justiça.
— Uma sociedade concebida de forma pluralista ampara a diversidade de concepções sobre a 
ideia de melhor vida e diferentes estilos de comportamento.
— Essa sociedade pode cumprir as exigências de um sistema político aberto e democrático, no 
qual vários modos de vida competem.
• A cidadania como intitulação de direitos.
— O cidadão é designado pelo seu status de pertencimento ao Estado como indivíduo portador 
de direitos, anteriores à esfera política.
— A cidadania é um meio pelo qual o indivíduo faz valer esses bens jurídicos e a sua condição de 
titular dos mesmos, sobretudo, frente ao Estado.
— Regramento adequado da ação segundo a regras jurídicas.
— O indivíduo passa a usufruir direitos na sua condição de homem visando à garantia da sua 
pessoa com privilégios e imunidades como forma de compensação pela renúncia ao político, o 
qual passa a ser instrumento para a proteção dos direitos naturais ou morais.
Críticas ao liberalismo
Hegel chamou atenção para a confusão, presente nas teorias contratualistas do seu tempo, entre a 
sociedade civil-burguesa - regida pelos princípios do contrato do direito privado, subordinada à lógica da 
associação contingente de pessoas voltadas para os interesses particulares -, e o Estado governado pelo 
princípio da universalidade e da necessidade do direito público que transcende os interesses privados e 
independe da vontade associativa e contratual dos indivíduos.
A autoridade pública deve intervir na sociedade civil-burguesa para assegurar os direitos da pessoa 
(universalmente estatuídos como pressupostos emanados da ideia de liberdade) e o bem-estar daqueles 
que são prejudicados pelo funcionamento “liberal” do sistema econômico desta sociedade.
A sociedade liberal burguesa contém o núcleo mistificador da opressão econômica, razão pela qual 
a crítica da economia política revela-se, também, como uma crítica da política.
58
Unidade II
A crítica comunitarista
À doutrina política do individualismo ou do atomismo liberal, Taylor opõe a tese do concernimento 
social que remonta a Aristóteles e a Hegel.
O liberalismo político desconsidera a presença subjacente de valores comunitários historicamente 
construídos e de necessários pressupostos culturais.
Para o comunitarismo, as capacidades propriamente humanas são desenvolvidas apenas em 
sociedade, condição necessária para o desenvolvimento da racionalidade, ou uma condição necessária 
para tornar-se um agente moral no sentido pleno do termo, ou para tornar-se um ser autônomo e 
plenamente responsável.
5.7 A reação antiliberal
5.7.1 O socialismo e a Revolução Russa
A primeira reação antiliberal organizada foi o socialismo. Sua doutrinação começou no campo literário, 
no século XVIII, intensificando-se logo depois da implantação do Estado liberal, a par com a crítica da 
revolução francesa, até atingir o seu clímax com o Manifesto comunista de Marx e Engels, em 1848.
Até então, as ideias socialistas ou comunistas (ambas tinham o mesmo sentido) permaneciam no 
plano literário. Era o socialismo utópico, como agora se denomina. No terreno político, confundiam-se 
socialistas e anarquistas, por esposarem a mesma ideia da extinção do Estado, tanto que os principais 
líderes socialistas que doutrinaram em Paris nos meados do século XIX foram Louis Blanc, Joseph 
Proudhon, Miguel Bakunin, Natal Babeuf e outros qualificados por alguns autores como expoentes do 
anarquismo. Desse mesmo grupo heterogêneo, aliás, saíram Marx e Engels.
A partir da segunda metade do século XIX as correntes socialistas se cristalizaram no marxismo, que 
dá início ao chamado socialismo científico.
A obra de Marx, intitulada O Capital, condensa a doutrina marxista, enquanto o Manifesto comunista, 
assinado por Marx eEngels, foi o grito de guerra que ecoou pelo mundo inteiro, inspirando o socialismo 
revolucionário, e com este o socialismo de Estado.
As ideias marxistas proliferaram como sementeira lançada em terreno fértil. O Estado liberal, eivado 
de erros doutrinários, superado pelas realidades sociais, se tornara impotente para resolver o conflito, 
cada vez mais grave, entre as classes obreiras e patronais. Tal situação se agravara de maneira alarmante 
nos primeiros anos do século XX, ameaçando a estabilidade dos governos democráticos, os quais 
passaram a adotar medidas excepcionais de autodefesa.
A guerra de 1914-1918, chamando aos setores da defesa externa as forças militares e as atenções dos 
estadistas, criou ambiente propício à transformação violenta da ordem constituída. Foi o que ocorreu 
na Rússia: enquanto o grosso do exército se desviara para as frentes de batalha, sofrendo os reveses 
59
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
impostos pelas armas alemãs, encontrando-se o país desorganizado, debatendo-se numa tremenda 
crise social e econômica, valeu-se a corrente socialista da confusão reinante, para suprimir a velha 
autocracia dos Czares.
A revolução que se desencadeia nos centros industriais de Petrogrado e Moscou é inspirada no 
Manifesto comunista, tendo por objetivo a inversão fundamental da ordem política, com a destruição 
da sociedade burguesa, a abolição da propriedade privada, a nacionalização das fontes de produção e a 
instauração da ditadura do proletariado.
Vitoriosa a revolução, abdicou o Czar em 15 de março de 1917. De acordo com o Comitê Executivo, 
a Duma nomeou o governo provisório, composto de representantes de todos os partidos. Tal solução de 
emergência, porém, não contentou o Conselho de Operários e Soldados, o que levou a assumir o poder 
o chefe do Partido Socialista Revolucionário, Kerenski, que foi um dos vultos mais proeminentes e de 
real mérito em toda a história da revolução russa.
A princípio a revolução socialista caminhava num sentido mais ou menos horizontal, tendendo para 
a estruturação de um Estado liberal proletarista, mas o governo provisório era idealista e fraco, o que 
permitiu que as correntes extremistas desfechassem a contrarrevolução e organizassem o sovietismo.
Contra o Partido Socialista Revolucionário levantara-se o Partido Operário Russo Social Democrático, 
que desde logo se viu dividido em duas facções: Menchevique e Bolchevique. O grupo Bolchevique 
(maioria), dirigido por Wladimir Ilitch Ulianov, conhecido mundialmente pelo nome de Lenin, apoderou-se 
do governo através da sua Guarda Vermelha, sob o comando de Trotsky, em novembro de 1917.
Assumiu o poder o Conselho de Operários, sob a denominação Congresso Nacional de Operários, 
Camponeses e Soldados, confiando-se o poder executivo a um Conselho de Comissários do Povo, sob a 
presidência de Lenin.
O Estado, que se diz comunista, anuncia a nova ordem como ditadura do proletariado. Em verdade, 
porém, é a ditadura do Partido Bolchevista que se instaura, inaugurando o reino do terror: eliminação 
sumária dos adversários, luta feroz pelo extermínio da religião, estatização da economia, subordinação 
da justiça ao controle do executivo, concentração de poderes nas mãos do Presidente do Conselho e um 
simulacro de representação, consistente em conselhos, comitês, comissariados etc., cujos membros são 
eleitos segundo a vontade do partido único.
A convocação de uma Assembleia Constituinte, prevista e anunciada pela revolução bolchevista, 
realizou-se efetivamente, logo em dezembro de 1917, mas como Kerensky obtivesse esmagadora 
maioria, a Constituinte foi dissolvida por decreto de Lenin, em 18 de janeiro de 1918.
O comunismo de guerra, que se instaura, passa por sucessivas modificações, para dar lugar à chamada 
Nova Política Econômica, cujo arcabouço vem delineado nas Leis Fundamentais de 1918, 1925 e 1936. 
Sucederam-se as medidas governamentais de alcance econômico, tais como a abolição da propriedade 
da terra, a nacionalização dos bancos, a organização do comércio privado etc.
60
Unidade II
Em fevereiro de 1918 foi criado o Exército Vermelho de Operários e Camponeses. Em março foi 
transladada a capital, de Petrogrado para Moscou. Em julho o Partido Bolchevista determinou a execução 
do Czar e de toda a família imperial. Durante o período do comunismo de guerra, Lenin enfrentou com 
pulso de aço a guerra civil, o bloqueio estrangeiro, a desarticulação completa da indústria, do comércio, 
da lavoura, de todas as fontes de produção, sobretudo a calamidade da fome. Depois de 1921 entra o 
país numa fase de recuperação nacional, com o renascimento da indústria, a organização dos sindicatos, 
a fundação do Banco do Estado etc. Na ordem jurídica, foi promulgada a Declaração de Direitos do Povo 
Operário e Explorado, publicado o Código Civil, sendo ainda elaboradas diversas leis fundamentais.
 Saiba mais
Para conhecer melhor detalhes sobre a Revolução Russa, leia:
SOUSA, R. G. Antecedentes da Revolução Russa. Brasil Escola. [s.d.]. 
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/antecedentes-revolucao 
-russa.htm. Acesso em: 17 fev. 2020.
5.8 Considerações finais sobre o Estado Socialista Russo
Segundo o ideal comunista, o Estado seria um mal necessário, uma organização transitória, devendo 
extinguir-se por etapas. Atingido o estágio superior da ordem comunista, extinguir-se-ia o governo de 
pessoas, para dar lugar a um sistema de simples administração das coisas comuns.
Até 1936, pelos menos, essa era a doutrina. O Estado desapareceria como consequência do 
nivelamento das classes. Suprimidas estas, ao ser atingido o estágio superior da ordem comunista, 
cessariam as lutas, e com elas, a razão de ser do Estado.
Posteriormente, porém, o bolchevismo resolveu cancelar essa parte programática, mandando 
liquidar sumariamente os que a defendiam, notadamente o líder Pashunkanis, que foi um dos mais 
destacados teóricos do comunismo. Assim, o sovietismo, firmando-se como uma ditadura classista, é 
uma negação do ideal comunista. Tornou-se ainda uma negação do marxismo, desde que se degenerou 
num sistema de capitalismo de Estado e numa ditadura que Marx só previa como período de transição 
para a implantação da ordem socialista ideal.
A ideologia soviética se diz essencialmente dinâmica; seria uma Revolução em marcha. Por isso 
mesmo estaria sujeita a contínuas transformações, para atender aos novos fatores e adaptar-se aos 
novos fenômenos sociais. A tática de recuos, disse Lenin, faz parte dessa revolução em marcha para a 
conquista do mundo.
O Estado soviético era essencialmente ecumênico, transcendendo do campo interno para o 
internacional; pregava a união dos trabalhadores do mundo inteiro, açulando as reivindicações proletárias 
61
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
além das suas fronteiras e criando uma atmosfera de instabilidade e de agitação social, como convinha 
aos seus objetivos de expansão.
Nos últimos anos, porém, a história registrou a falência do modelo marxista corporificado pela extinta 
URSS. Mikhail Gorbachev assumiu em março de 1985 a secretaria geral do Partido Comunista, disposto 
a modernizar o modelo então vigente, cujos sinais de exaustão já eram mais do que visíveis. Lançou, 
logo nos meses seguintes, o programa da “Perestroika” (reestruturação) e da “Glasnost” (transparência), 
compromissos de reforma da economia e das estruturas políticas.
Em outubro de 1988, ampliou o seu poder político e foi eleito Presidente da URSS, cargo que em 
maio de 1989 acumulou com a presidência do novo Parlamento Soviético. Em fevereiro de 1990, o 
Partido Comunista da União Soviética (PCUS) renuncia ao monopólio do poder, ao mesmo tempo em 
que começam a cair governos comunistas de países vizinhos do Leste Europeu.
Em 19 de agosto de 1991 ocorre uma tentativa frustrada de golpe por parte dos setores militaristas 
ortodoxos da URSS. Esse golpe frustrado acaba por consolidar os poderes políticos dos reformistas mais 
radicais, liderados por Boris Yeltsin, primeiro presidenteda Rússia eleito por voto direto em junho de 
1991, e precipita irremediavelmente o fim do modelo marxista então praticado e da própria URSS.
5.9 Reação antiliberal e antimarxista
5.9.1 O fascismo e a sua doutrina
O fascismo italiano, depois do comunismo russo, foi a mais notável tentativa levada a efeito no 
sentido de reformar as bases do Estado moderno. Apresentou-se como um movimento de dupla 
reação: contra a desintegração socioeconômica do liberalismo decadente e contra a infiltração do 
comunismo internacionalista. No campo da filosofia política situou-se numa posição intermediária, 
entre o coletivismo e o individualismo, formulando a concepção de que o Estado é união de grupos 
ou corporações.
Eminentemente nacionalista, apresentou-se com as características do velho cesarismo romano, 
sonhando com o restabelecimento das glórias do passado imperial. Mais radical do que o bonapartismo, 
amparou-se na teoria do poder absoluto, segundo a fórmula do Leviatã de Hobbes.
Colocando-se, portanto, em posição diametralmente oposta à concepção liberal proclama Mussolini 
que a nação não é elemento integrante do Estado. Ao revés, é criada pelo Estado, cabendo a este dar 
ao povo, consciente da sua unidade moral, uma vontade, consequentemente, uma existência efetiva. 
Nos termos da filosofia alemã hegeliana, afirmou que o Estado é o absoluto, diante do qual, indivíduos 
e grupos são o relativo. Daí a sua célebre divisa: Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada 
contra o Estado.
A esse extremismo monista Pio XI deu a denominação de estatolatria — endeusamento do Estado. 
É evidente a afinidade entre o fascismo e a doutrina do famoso secretário florentino, exposta no livro 
62
Unidade II
O príncipe, tanto que o próprio Mussolini, escrevendo Prelúdios a Maquiavel, em 1924, mencionou que 
na atualidade italiana o maquiavelismo estava mais vivo do que na época do seu aparecimento.
Na ordem econômica o fascismo condenou formalmente o liberalismo e o socialismo marxista. 
Pretendeu pôr fim à luta de classes pela organização sindicalista, agrupando nas mesmas corporações 
todos os membros de cada ramo da produção, sem distinção entre patrões e operários. Esse corporativismo 
mussoliniano lançava suas raízes nas antigas corporações medievais e seguia, particularmente, a teoria 
de Georges Sorel, de quem Mussolini se dizia discípulo.
O sistema permitia um rígido controle partidário, pois as corporações funcionavam como órgãos do 
partido único e ninguém poderia exercer uma atividade qualquer sem prévia autorização corporativa. 
Entretanto, não correspondia a uma doutrina preestabelecida: o sistema corporativo fascista foi 
idealizado e posto em prática posteriormente, isto é, no período de adaptação e consolidação da ordem 
revolucionária.
 Observação
Fascismo é uma ideologia política ultranacionalista e autoritária 
caracterizada por poder ditatorial, repressão da oposição por via da força e 
forte arregimentação da sociedade e da economia.
O fascismo é definitivamente e absolutamente oposto às doutrinas do liberalismo, tanto na esfera 
econômica quanto na política, sustenta Mussolini positivamente. Desdenhando dos profetas liberais dos 
últimos séculos, ele chama o liberalismo de “religião desconhecida” e enaltece Bismarck e o estatismo 
como vitoriosos; para ele, o século XX assistia aos templos do liberalismo se fechando, aos fiéis desertando, 
e ao alvorecer glorioso da alternativa fascista.
5.10 Organização do Estado fascista
Mantém o fascismo como órgãos constitucionais a Coroa, o Chefe do Governo, o Grande Conselho 
do Fascismo, o Senado, a Câmara e os Ministros. A Câmara de representação nacional, que aceitara a 
nova ordem fascista, transforma-se em Câmara Corporativa, órgão técnico e consultivo, constituído de 
400 membros eleitos pelas associações profissionais.
Toda a organização estatal, porém, se apoiava na milícia civil e voluntária, mantida pelo Partido, 
que lhe deu a denominação ORDEM pela lei de 9 de dezembro de 1928. Aliás, como cita Pedro Calmon, 
quando em 1924 se falou na Câmara sobre a conveniência de dissolver a milícia de Camisas Negras, 
advertiu o Duce em tom enérgico: quem tocar nas milícias receberá chumbo. No tocante ao Rei, agiu o 
fascismo com inteligência e perspicácia.
Não convinha ao Partido, certamente, romper de pronto com as tradições monárquicas imanentes 
na consciência do povo. Por isso, a exemplo do Parlamento inglês que se harmonizou perfeitamente 
63
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
com a monarquia segundo o princípio de que o rei reina mas não governa, o Estado fascista manteve a 
Coroa como um símbolo, fato que lhe valeu, sem dúvida, o apoio da população italiana e lhe possibilitou 
a realização pacífica de uma notável obra social e econômica.
5.11 O Estado Nazista Alemão
Assim como o fascismo italiano, surgiu o nazismo na Alemanha com o duplo objetivo de combater 
o liberalismo democrático decadente e de reagir contra a infiltração comunista. Duas outras finalidades 
integravam o programa de ação do Partido Nacional Socialista: desvencilhar a Alemanha das cláusulas 
asfixiantes do Tratado de Versalhes e impor a supremacia da raça ariana.
Desenvolveu-se o nazismo à sombra das instituições democráticas, sob a égide da Constituição de 
Weimar, ascendendo ao poder através das eleições de maio de 1933.
A república alemã de Weimar era excessivamente liberal, o que propiciou o rápido desenvolvimento 
de um partido declaradamente subversivo, totalitarista e revestido de caráter militar. Aliás, a corrente 
nazista exaltava as tradições e reunia os expoentes do antigo militarismo prussiano. Por decreto de 6 de 
fevereiro de 1933, o governo da federação alemã dissolveu o Landtag (câmara de deputados) da Prússia, 
província que já se encontrava sob intervenção federal.
Consequentemente, o Comissário do Reich foi investido de plenos poderes para realizar ali novas 
eleições, conjuntamente com as do Reichtag. Na renovação de ambas as assembleias o Partido 
Nacional Socialista, liderado por Adolph Hitler, obteve esmagadora vitória. Diante do triunfo dos 
nacional-socialistas, o Presidente Hindenburg nomeou Hitler Chanceler do Reich, iniciando-se uma 
profunda transformação política.
Foram desde logo elaboradas pelo novo governo diversas leis de uniformização, pelas quais se 
extinguiram os laços da antiga federação, tornando-se os Estados-Membros simples províncias 
diretamente subordinadas ao governo central. O sistema republicano parlamentarista, regido pela 
famosa Constituição de Weimar, de 1919, foi abolido por etapas, rapidamente, caminhando o Estado a 
passos largos para a plena integração da ditadura hitleriana.
Investido de poderes ditatoriais, Hitler extinguiu os demais partidos políticos, dissolveu todos os 
grupos nacionais considerados perigosos, subordinando-os à disciplina férrea do Partido Nacional 
Socialista e lançou as bases estruturais do Terceiro Reich, que iria reconstruir a Grande Alemanha sobre 
os escombros da primeira grande guerra mundial.
Adolph Hitler, antigo oficial subalterno, de nacionalidade austríaca, iniciara a luta pela posse do 
governo fundando um partido militarizado à maneira fascista com a sua milícia de Camisas Pardas. 
Possuindo extraordinário poder de domínio sobre as massas, adquiriu imenso prestígio e tornou-se um 
semideus, aureolado pela pretensão de um destino místico, qual fosse o de realizar o pangermanismo 
pregado pelas teorias caducas de Chamberlain e Gobineau.
64
Unidade II
O Regime Nazista durou de 1933 a 1945, e foi instituído por Hitler por meio do Terceiro Império – ou 
Reich. Foi marcado por uma série de características muito próprias da filosofia política nazista. Uma das 
questões mais importantes do regime era a propaganda feita pelo Nazismo, dentro e fora da Alemanha.
Como em todo regime autoritário, o governo censurava e controlava emissoras de rádio, a imprensa, 
produtos artísticos – músicas, artes visuais, teatro – e buscava também utilizar esses meios como uma 
forma de impulsionara imagem do próprio regime. O famoso ministro da propaganda de Hitler, Joseph 
Goebbels, foi utilizado como referência para diversos regimes totalitários que vieram depois do nazista.
Uma das maiores características do nazismo foi a militarização. Acreditava-se no uso do poder 
militar, que era assumido pela polícia, chamada SS, e pela Gestapo, uma polícia secreta do regime. A 
Gestapo era uma polícia política que decidia as penas que iria aplicar, sem o intermédio de um tribunal. 
Investigavam também possíveis afrontas ao regime por meio de agentes infiltrados em fábricas e lugares 
comuns e, quando queriam descobrir certas informações úteis ao regime ou mesmo sabiam de pessoas 
que eram ideologicamente contra ele, essas pessoas eram presas e torturadas.
É importante salientar que no início do regime, o povo alemão apoiava o regime nazista e acreditava 
na ideologia pregada por Hitler – que sempre entoava um discurso de salvação nacional, de melhorias 
na economia, de superioridade racial e cultural germânica. Portanto, quanto à perseguição da polícia 
com comunistas e judeus, a própria população por vezes contribuía ao delatar uma ou outra pessoa. 
Conforme os anos foram evoluindo, principalmente no início da Segunda Guerra Mundial, o terror 
gerado pela polícia foi generalizado.
As características do nazismo
O nazismo é considerado um regime fascista por contar uma série de similaridades, como: ser 
autoritário, prever a concentração total do poder, glorificação de um líder, exaltação da coletividade 
nacional, expansão de territórios, controle dos meios de comunicação. O nazismo é, portanto, uma 
forma de manifestação do fascismo. Algumas das principais características da filosofia nazista 
desenvolvida por Hitler era o racismo, a xenofobia, o nacionalismo e o antissemitismo. Vamos entender 
como e por quê?
1) Unidade nacional
Por meio do nazismo, buscava-se uma unidade nacional, contendo também características do 
nacionalismo. Criaram uma “comunidade do povo”, com o intuito de unir todos os alemães e excluir 
os povos estrangeiros. Essa ideia se aplicava a todas as pessoas que não fossem germânicas e, por 
isso, ela era xenofóbica: visava a afastar todas as pessoas, culturas, ideais e pensamentos diferentes do 
germânico. Buscava-se a criação de uma sociedade homogênea. Além disso, defendia-se uma hierarquia 
racial, em que povos germânicos eram vistos como uma “raça superior”, a chamada “raça ariana”.
65
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
2) Antissemitismo
Outro ponto elementar para entendermos o nazismo é compreender a importância do antissemitismo 
dentro desse regime, isto é, o preconceito e ódio contra judeus. Uma lei que separava os “arianos” 
dos judeus foi criada, chamada Leis de Nuremberg, que determinavam institucionalmente essa 
segregação racial.
O regime perseguiu, torturou, expulsou do território alemão e matou judeus – além de muitas 
outras pessoas, como homossexuais, ciganos e pessoas com deficiência. Os negros, alemães ou não, mas 
residentes no país, também sofreram com a segregação, foram hostilizados e expulsos.
Essa perseguição se tornou um extermínio sistemático organizado pelo regime nazista na Alemanha, 
que veio a se chamar Holocausto – o assassinato de milhões de judeus num verdadeiro genocídio. Na 
época do nazismo, foram criados campos de concentração para colocar quem se opunha ao regime e 
para lá foram muitos judeus, mortos então pela polícia. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de 
judeus foram deportados do país para guetos e campos de extermínio.
Lá, eram levados a câmaras de gás, em que morriam por asfixia. Em 1945, dois em cada três judeus 
europeus tinham sido mortos, em torno de 6 milhões de pessoas. Foram assassinadas mais de 1,5 milhão 
de crianças com idade inferior a 12 anos, sendo mais de 1,2 milhões de crianças judias, dezenas de 
milhares de crianças ciganas e milhares de crianças deficientes.
3) Teoria do Espaço Vital
A Teoria do Espaço Vital é uma ideia que surgiu da revolta pela Alemanha ter perdido territórios 
depois da Primeira Guerra Mundial. É uma ideia relacionada a todas as outras, de que a raça ariana 
deveria ter um único território e expandi-lo ao máximo, formando “um guia, um império, um povo”, 
conforme dizia Hitler. Foi um dos pontapés para a invasão da Polônia em 1939, fato que eclodiu na 
Segunda Guerra Mundial.
O nazismo é de direita ou de esquerda?
No blog do jornalista Guga Chacra no site do Estadão, o professor Michel Gherman, da Universidade 
Hebraica de Jerusalém e coordenador do Centro de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, escreveu a respeito, buscando esclarecer dúvidas das redes sociais acerca do espectro ideológico 
do Nazismo. Confira um trecho da coluna que resume bem essa questão!
O Nazismo não acreditava em políticas universalistas e descentralizadas. O 
Estado Nazista, contrário a (sic) luta de classes, se aproximava de grandes 
empresas, tinha um discurso antiespeculativo (sic) e tinha como objetivo a 
expansão racial, militar e territorial.
66
Unidade II
Mais uma vez, ao contrário de perspectivas socialdemocratas, socialistas 
ou marxistas, a centralização estatal não tinha intenções distributivas, 
não pretendia combater a desigualdade econômica ou diferenças sociais. 
Ao contrário, a razão de existência do Estado era manter as diferenças, 
diferenças raciais. Estabelecer um estado racialmente hegemônico, escravizar e 
eliminar raças inferiores. Combater e exterminar a oposição que falava em 
classes sociais.
(…) Mas não se enganem, nada mais distante, também, de qualquer posição 
de direita liberal. O nazismo era um movimento de extrema–direita, o que 
em sua natureza é distinto da direita liberal e democrática.
Depois de polêmicas nas redes sociais, a BBC Brasil fez uma reportagem buscando elucidar essa 
questão: afinal, o nazismo é de esquerda ou de direita? Em entrevista para o veículo, a professora de 
História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), Denise Rollemberg, afirma o seguinte:
Não era que o nazismo fosse à esquerda, mas tinha um ponto de vista 
crítico em relação ao capitalismo que era comum à crítica que o socialismo 
marxista fazia também. O que o nazismo falava é que eles queriam fazer 
um tipo de socialismo, mas que fosse nacionalista, para a Alemanha. Sem a 
perspectiva de unir revoluções no mundo inteiro, que o marxismo tinha. (…)
Eles rejeitavam o que era a direita tradicional da época e também a 
esquerda que estava se estabelecendo. Eles procuravam se mostrar como 
um terceiro caminho.
Na mesma reportagem da BBC Brasil, há também o ponto de vista da antropóloga Adriana Dias, da 
Unicamp, que estuda os movimentos neonazistas.
Os comícios hitleristas eram profundamente antimarxistas. (…) O nazismo 
e o fascismo diziam que não existia a luta de classes – como defendia o 
socialismo – e, sim, uma luta a favor dos limites linguísticos e raciais. As escolas 
nacional-socialistas que se espalharam pela Alemanha ensinavam aos jovens 
que os judeus eram os criadores do marxismo e que, além de antimarxistas, 
deveriam ser antissemitas.
Mas o nome do partido nazista não é Nacional-Socialista? Não seria, portanto, de uma ideologia 
de esquerda? Bom, na reportagem da BBC Brasil, Izidoro Blikstein, professor de Linguística e Semiótica 
da USP e especialista em análise do discurso nazista e totalitário, busca responder essa indagação: “Me 
parece que isso é uma grande ignorância da História e de como as coisas aconteceram. (…) O que é 
fundamental aí é o termo ‘nacional’, não o termo ‘socialista’. Essa é a linha de força fundamental do 
nazismo – a defesa daquilo que é nacional e ‘próprio dos alemães’.”
67
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Sobre essa questão, Thiago Tanji, editor na revista Galileu, escreve um texto sobre o fenômeno de 
notícias falsas, da pós-verdade e de como é importante conhecer a história por trás do regime nazista. 
Um trecho sobre a dicotomia esquerda x direita:
E é justamente a partir desse ponto que desfazemos onó entre a ideologia 
nazista e sua associação às palavras “socialista” e “trabalhadores”. Inspirado 
em ideias ultra-nacionalistas e de supremacia racial, Adolf Hitler se 
mostrava como a figura política que lutava “contra tudo o que está aí”. Ao 
mesmo tempo em que expunha as ameaças de uma revolução comunista 
em território alemão, atacava o sistema financeiro e a ganância dos bancos 
— personificados na população judaica (MERELES, 2017).
5.12 O totalitarismo do tipo fascista
O Estado fascista criado por Benito Mussolini, na Itália, em 1922, foi o ponto de partida do chamado 
totalitarismo da direita, que teve notável incremento na Europa depois da primeira guerra mundial 
(1914-1918) e atingiu a América Latina a par dos movimentos de exaltação nacionalista.
A liberal democracia, em franca decomposição, não podia fazer face à terrível crise social que 
assolava o mundo, nem podia oferecer resistência eficaz à ameaça do imperialismo russo.
Nessa conjuntura perigosa para a liberdade dos povos e para a sobrevivência da civilização ocidental, 
foi que se deu o aparecimento dos homens providenciais, ousados condutores das massas que sabiam 
explorar não só o descontentamento do proletariado como também os sentimentos nacionalistas, 
arvorando-se em salvadores das nações.
Como bem acentuou Pedro Calmon, em todas as épocas a ruptura do equilíbrio entre um método 
clássico de governo e a inquietação social que impõe outras formas políticas, proporcionou o advento 
de homens providenciais.
As novas organizações políticas que surgem, inspiradas pela vontade onipotente desses líderes ou 
detentores eventuais do poder, constituem esse conjunto heterogêneo de Estados Novos, no panorama 
confuso do após-guerra, todos eles adaptados arbitrariamente, em cada país, às contingências 
transitórias de um dado momento histórico. São todos galhos de um mesmo tronco, que é o fascismo, 
do qual recebem a seiva de que precisam para a sua floração doutrinária.
6 FORMAS DE ESTADO
Como fato social o Estado caracteriza-se pela reunião dos seus três elementos morfológicos — 
população, território e governo. As variações típicas de cada um desses elementos sugerem diversas 
classificações do Estado. Assim, quanto ao seu primeiro elemento — população —, o Estado pode ser 
nacional, como o Japão, ou plurinacional, como a Grã-Bretanha. Quanto ao seu segundo elemento — 
território —, levando em conta a sua posição geográfica, o Estado pode ser central, como o Paraguai, ou 
marítimo, como o Chile.
68
Unidade II
6.1 Estados imperfeitos e perfeitos
Primeiramente, cumpre-nos avisar que afastamos de cogitação a classificação dos Estados em 
soberanos e semissoberanos, precisamente porque não admitimos a existência de semissoberania. 
O conceito de soberania, já exposto, não admite meio-termo: a soberania é ou não é soberania. O 
Estado semissoberano, admitido por muitos autores, provavelmente pela maioria, equivale a um Estado 
não soberano.
E chegamos à conclusão de que essa figura esdrúxula de Semiestado entra como cavalo de Troia no 
recinto do direito público para provocar sérias confusões. Para que se enquadre como objeto de estudo 
esse Estado não soberano, criado para servir como moeda de troca nos negócios das grandes potências, 
abrimos aqui uma classificação de Estados em perfeitos e imperfeitos.
Estado perfeito é aquele que reúne os três elementos constitutivos — população, território 
e governo —, cada um na sua integridade. O elemento governo entende-se como poder soberano 
irrestrito. É característica do Estado perfeito, sobretudo, a plena personalidade jurídica de direito público 
internacional.
Estado imperfeito é aquele que, embora possuindo os três elementos constitutivos, sofre restrição 
em qualquer deles. Essa restrição se verifica, com maior frequência, sobre o elemento governo. O Estado 
imperfeito pode ter administração própria, poder de auto-organização, mas não é Estado na exata 
acepção do termo enquanto estiver sujeito à influência tutelar de uma potência estrangeira. Não sendo 
soberano, não é pessoa jurídica de direito público internacional. Logo, não é Estado perfeito.
São tipos de Estados imperfeitos os vassalos e os protegidos.
Os Estados-vassalos existiram em toda a Idade Média, principalmente sob o império turco. Os 
Estados protegidos, chamados protetorados, foram criados pela diplomacia de após-guerra, no jogo das 
grandes potências vitoriosas. O Pacto da Sociedade das Nações, de 1919, criou diversos protetorados, 
notadamente a Síria e a Palestina. Foi a França o país que mais se valeu desse processo para manter o 
seu vasto império colonial, abrangendo Taiti, Madagascar, Tunísia, Marrocos, Tonkin etc.
Estado imperfeito é também aquele que, num dado momento, perde o seu território, mas subsiste 
pelo reconhecimento do direito internacional. Essa figura de Estado sui generis foi criada pela diplomacia 
do século XX, principalmente nos casos da Abissínia e dos outros Estados invadidos pelo chamado 
eixo Roma-Berlim, cujos governos se refugiaram em Londres, onde continuaram a exercer as suas 
prerrogativas de Estado soberano.
6.2 Estados simples e compostos
No plano do direito público internacional os Estados se dividem em simples e compostos. Note-se 
que o direito público interno dá outra divisão (unitários e federais) porque vê o Estado por dentro, na sua 
estrutura interna, enquanto o direito público internacional vê o sujeito como unidade ou pluralidade, 
isto é, como Estado único ou como união de Estados.
69
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
 Observação
Estado simples é aquele que corresponde a um grupo populacional 
homogêneo, com o seu território tradicional e seu poder público constituído 
por uma única expressão, que é o governo nacional. Exemplos: França, 
Portugal, Itália, Peru etc.
Estado composto é uma união de dois ou mais Estados, apresentando 
duas esferas distintas de poder governamental, e obedecendo a um regime 
jurídico especial, variável em cada caso, sempre com a predominância do 
governo da união como sujeito de direito público internacional.
É uma pluralidade de Estados, perante o direito público interno, mas no exterior se projeta como 
uma unidade. São tipos característicos de Estado composto:
• união pessoal;
• união real;
• união incorporada;
• confederação.
A federação é Estado simples perante o direito público internacional.
União pessoal
É uma forma própria da monarquia, que ocorre quando dois ou mais Estados são submetidos ao 
governo de um só monarca. Resulta esse fato, em regra geral, do direito de sucessão hereditária, pois um 
mesmo Príncipe, descendente de duas ou mais dinastias, poderá herdar duas ou mais Coroas. Entretanto, 
pode resultar também de eleição ou de acordo internacional.
Na união pessoal os Estados conservam a sua autonomia interna e internacional, esta última 
personificada no Rei. Ligam-se apenas pela pessoa física do imperante. Como ensina Pedro Calmon, 
a união pessoal é um acidente de ordem dinástica: segue a sorte das famílias reais. Cessada a razão 
política ou jurídica que determinou a união, cessa o fato. Foram exemplos deste tipo de união: Espanha 
e Portugal, sob Felipe d’Áustria; Inglaterra e Hanover, sob Jorge I; Inglaterra e Escócia, sob Jayme I; 
Castela e Aragão, sob D. Joana, a louca.
70
Unidade II
União real
É também uma forma tipicamente monárquica. Consiste na união íntima e definitiva de dois ou mais 
Estados, conservando cada um a sua autonomia administrativa, a sua existência própria, mas formando 
uma só pessoa jurídica de direito público internacional. Foram exemplos de união real: Escócia, Irlanda 
e Inglaterra, até 1707; Suécia e Noruega; Áustria e Hungria.
União incorporada
É uma união de dois ou mais Estados distintos para a formação de uma nova unidade. Neste caso, os 
Estados se extinguem; são completamente absorvidos pela nova entidade resultante da incorporação. 
A Grã-Bretanha é exemplo clássico de união incorporada. Os reinos, outrora independentes, Inglaterra, 
Escócia e Irlandado Norte, formaram união pessoal, depois união real, e, finalmente, fundiram-se 
formando um só Estado com a denominação de Grã-Bretanha.
Confederação
É uma reunião permanente e contratual de Estados independentes que se ligam para fins de defesa 
externa e paz interna (Jellinek). Esta forma de Estado composto requer maior explicação. Na união 
confederativa os Estados confederados não sofrem qualquer restrição à sua soberania interna, nem 
perdem a personalidade jurídica de direito público internacional. A par dos Estados soberanos, unidos 
pelos laços da união contratual, surge a Confederação, como entidade supraestatal, com as suas 
instituições e as suas autoridades constituídas.
Nos tempos antigos, existiram as Confederações dos pequenos Estados gregos — Alianças 
panhelênicas, Ligas Anfitionais, Ligas Hanseáticas etc. — com os objetivos de realizarem conjuntamente 
o culto dos deuses ou jogos olímpicos. Tais confederações, porém, eram provisórias; faltava-lhes o 
requisito de durabilidade por tempo indeterminado, que caracteriza os contratos dessa natureza no 
direito público atual.
Conquanto fossem as uniões confederativas contratadas em caráter permanente, eram instáveis, 
de fato, notadamente pela inconstância dos motivos que determinavam a união. A Suíça foi uma das 
mais antigas Confederações. Conserva ainda a denominação histórica de Confederação Helvética, mas 
evoluiu para a estrutura federativa. O mesmo fato ocorreu nos Estados Unidos da América do Norte e 
na Alemanha, o que vem confirmar que a tendência da Confederação é caminhar para uma penetração 
mais íntima, sob a forma federativa, ou dissolver-se.
6.3 Estado federal
Sob o ponto de vista do direito público interno, mais precisamente do Direito Constitucional, os 
Estados dividem-se em unitários e federais.
71
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Estado unitário
É aquele que apresenta uma organização política singular, com um governo único de plena 
jurisdição nacional, sem divisões internas que não sejam simplesmente de ordem administrativa. 
O Estado unitário é o tipo normal, o Estado padrão. A França é um Estado unitário. Portugal, Bélgica, 
Holanda, Uruguai, Panamá, Peru são Estados unitários. Embora descentralizados em municípios, 
distritos ou departamentos, tais divisões são de direito administrativo. Não têm esses organismos 
menores uma autonomia política.
6.3.1 Estado federal
É aquele que se divide em províncias politicamente autônomas, possuindo duas fontes paralelas de 
direito público, uma nacional e outra provincial. Brasil, Estados Unidos da América do Norte, México, 
Argentina e República Bolivariana da Venezuela são Estados federais. O que caracteriza o Estado federal 
é justamente o fato de, sobre o mesmo território e sobre as mesmas pessoas, se exercer, harmônica e 
simultaneamente, a ação pública de dois governos distintos: o federal e o estadual.
Estado unitário
Sociedade de Estados
Puro
Descentralizado 
administrativamente
Descentralizado 
administrativa e 
politicamente
Confederação
Federação
Formas de Estado
Figura 3 
O Estado federal — define Queiroz Lima — é um Estado formado pela união de vários Estados; é 
um Estado de Estados. Denominam-no os alemães staatenstaat. A forma federativa moderna não se 
estruturou sobre bases teóricas. Ela é produto de uma experiência bem-sucedida — a experiência norte-
americana. As federações ensaiadas na antiguidade, todas elas, foram instáveis e efêmeras.
Os exemplos históricos foram experiências de descentralização administrativa, não de descentralização 
política, que é característica primacial do sistema federativo. A simples descentralização administrativa 
consistente na autonomia de circunscrições locais (províncias, comunas, conselhos, municípios, cantões, 
departamentos ou distritos), como ocorria na Grécia antiga e ocorre na Espanha atual, é sistema 
municipalista, e não federativo.
72
Unidade II
Características do Estado Federal
São características fundamentais do sistema federativo, segundo o modelo norte-americano:
• Distribuição do poder de governo em dois planos harmônicos: federal e provincial (ou central 
e local): o governo federal exerce todos os poderes que expressamente lhe foram reservados na 
Constituição Federal, poderes esses que dizem respeito às relações internacionais da união ou 
aos interesses comuns das unidades federadas. Os Estados-Membros exercem todos os poderes 
que não foram expressa ou implicitamente reservados à União, e que lhes não foram vedados na 
Constituição Federal. Somente nos casos definidos de poderes concorrentes, prevalece o princípio 
da superioridade hierárquica do Governo Federal.
• Sistema judiciarista: consistente na maior amplitude de competência do Poder Judiciário, tendo 
este, na sua cúpula, um Supremo Tribunal Federal, que é órgão de equilíbrio federativo e de 
segurança da ordem constitucional.
• Composição bicameral do Poder Legislativo: realizando-se a representação nacional na 
Câmara dos Deputados e a representação dos Estados-membros no Senado, sendo esta última 
representação rigorosamente igualitária. d) Constância dos princípios fundamentais da Federação 
e da República, sob as garantias da imutabilidade desses princípios, da rigidez constitucional e do 
instituto da intervenção federal.
6.4 O federalismo no Brasil
O federalismo brasileiro é diferente; é muito mais rígido. O nosso sistema é de federalismo orgânico. 
Essa diversidade tem um fundamento histórico. O Brasil-Império era um Estado juridicamente unitário, 
mas, na realidade, era dividido em províncias. O ideal da descentralização política, no Brasil, vem desde 
os primórdios da nossa existência, desde os tempos coloniais.
Os primeiros sistemas administrativos adotados por Portugal, as governadorias gerais, as feitorias, 
as capitanias, traçaram os rumos pelos quais a nação brasileira caminharia fatalmente para a forma 
federativa. A enormidade do território, as variações climáticas, a diferenciação dos grupos étnicos, toda 
uma série imensa de fatores naturais ou sociológicos tornaram a descentralização política um imperativo 
indeclinável da realidade social, geográfica e histórica.
Quadro 3 - Comparativo: federalismos norte-americano x brasileiro
Americano Brasileiro
Ponto de partida Separação para União União para autonomia
Motivação Defesa comum Sentimento de autonomia
Sentido Concentração Dispersão
Situação das partes Simetria (relativa) Assimetria
73
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Características 
da federação
Guardião da 
Constituição
Repartição de 
receitas
Descentralização
política
Repartição de
competências
Constituição rígida 
como base jurídica
Inexistência de 
direito de sucessão
Soberania do
Estado Federal
Intervenção
Auto-organização 
dos Estados-membros
Órgão representativo 
dos Estados-membros
Figura 4
Pontos comuns em toda federação:
• Descentralização política: a própria constituição prevê núcleos de poder político, concedendo 
autonomia para os referidos entes.
• Constituição rígida como base jurídica: tal constituição visa garantir a distribuição de 
competências entre os entes autônomos, surgindo, então, uma verdadeira estabilidade institucional.
• Inexistência do direito de secessão: não se permite, uma vez criado o pacto federativo, o direito 
de separação, de retirada.
A título de exemplo, a CF/88 estabeleceu em seu art. 34, I, que a tentativa de retirada ensejará a 
decretação da intervenção federal no Estado “rebelante”. Eis o princípio da indissolubilidade do vínculo 
federativo. Ademais, a forma federativa de Estado é cláusula pétrea.
• Soberania do Estado federal: a partir do momento em que os Estados ingressam na federação, 
perdem a soberania, passando a ser autônomos. A soberania é característica do todo, do país, do 
Estado Federal no caso do Brasil, a República Federativa do Brasil.
74
Unidade II
• Auto-organização dos Estados-membros: através da elaboração das constituições estaduais 
(art. 25, CF/88).
• Órgão representativo dos Estados-membros: no Brasil,de acordo com o art. 46 da CF/88, a 
representação se dá através do Senado Federal.
No caput do art. 1º da CF, temos que a República Federativa do Brasil é formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático 
de Direito, sendo que o caput de seu art. 18 complementa, estabelecendo que a organização 
político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios. A constituição aí quis destacar as entidades que integram a estrutura federativa 
brasileira: os componentes do nosso Estado Federal.
O art. 1º enumera os fundamentos da República Federativa do Brasil.
O art. 2º trata da separação dos poderes.
O art. 3º traça os objetivos fundamentais e o art. 4º, os princípios que regem o Brasil nas relações 
internacionais.
Vejamos:
Constituição da República Federativa do Brasil
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário.
75
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, 
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações.
O idioma oficial da República Federativa do Brasil é a língua portuguesa, e os símbolos 
são: a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais, podendo ainda os Estados, Distrito 
Federal e os Municípios ter seus símbolos próprios (art. 13, §§ 1º e 2º).
 
76
Unidade II
 Saiba mais
Consulte a Constituição Federal, uma das principais leis de nosso 
ordenamento jurídico:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Supremo 
Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2019. Disponível em: 
https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf. 
Acesso em: 2 mar. 2021.
6.5 Entes federativos
6.5.1 União
A União possui “dupla personalidade”, pois assume papel interno e outro internacionalmente. 
Internamente, ela é uma pessoa jurídica de direito público interno, componente da Federação Brasileira 
e autônoma na medida em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e 
autoadministração, configurando-se assim, autonomia financeira, administrativa e política.
Internacionalmente, a União representa a República Federativa do Brasil. Observe-se que a soberania 
é da República Federativa do Brasil, representada pela União Federal.
 Observação
Brasília é a capital federal (art. 18, § 1º, da CF/88).
• Bens da União: o art. 20 da CF/88 define os bens da união. Dentre os bens, o inciso mais relevante 
atualmente é o que fala sobre as ilhas, inciso IV, inovação de emenda constitucional de 2005. 
O inciso citado menciona que são bens da União as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes 
com outros países, as praias marítimas, as ilhas oceânicas e costeiras, excluídas destas, as que 
contenham sede de Municípios, exceto aquelas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental 
federal, e as referidas no art. 26, II.
• Competências da União:
— Competência não legislativa (administrativa ou material): exclusiva – art. 21 da CF, e 
comum (cumulativa, concorrente) – art. 23 da CF.
— Competência legislativa: privativa – art. 22 da CF, e concorrente – art. 24 da CF.
77
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
De acordo com o parágrafo único do art. 22, à União pode, por meio de lei complementar, autorizar os 
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias previstas no art. 22. Tal possibilidade também 
se estende ao Distrito Federal, por força do art. 32, § 1º, CF.
A competência concorrente do art. 24, por sua vez, define as matérias de competência concorrente 
da União, Estados e Distrito Federal (não Municípios), limitando-se a União a estabelecer normas gerais.
6.5.2 Estados-membros
Constituem pessoas jurídicas de direito público interno, autônomos, dotados de auto-organização 
(25 caput) se organizando e sendo regidos pelas leis e constituições que adotarem, observando sempre 
as regras estabelecidas na CF; autogoverno (27,28 e 125 CF), estabelecendo regras para a estruturação 
dos poderes e autoadministração (18 e 25 a 28 CF) regras de competência legislativa e não legislativa.
Formação do Estado-membro
A formação do Estado-membro pode realizar-se como indicado a seguir:
• Fusão: incorporar-se entre si.
• Cisão: um Estado que já existe subdivide-se, formando dois ou mais Estados-membros novos, 
com personalidades distintas.
• Desmembramento: os estados podem ceder uma parte de seu território geográfico para formar 
um novo Estado ou Território que não existia ou se anexar (a parte desmembrada) a outro Estado 
que já existia.
 Observação
Os bens dos Estados-membros estão listados no art. 26 da CF/88.
6.5.3 Municípios
Podem ser definidos como pessoas jurídicas de direito público interno, ademais são autônomos nos 
termos e de acordo com a CF. São dotados de autonomia própria, materializada na sua capacidade de 
auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação.
Ainda mais diante do art. 34, VII, c, que estabelece a intervenção federal na hipótese de o Estado não 
respeitar a autonomia municipal.
• Auto-organização: segundo art. 29, caput, da CF, os municípios organizam-se através de Lei 
Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços 
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Unidade II
dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na 
CF, na Constituição do Estado e os preceitos estabelecidos nos incisos I a XIV do art. 29, CF/88.
• Autogoverno: incisos do art. 29, elege diretamente prefeito, vice-prefeito e vereadores.
• Autoadministração e autolegislação: art. 30, CF.
• Formação dos Municípios: art. 18, § 4º, CF.
• Competências não legislativas: comum, art. 23; privativa, art. 30, III a IX, da CF/88.
• Competências legislativas: expressa, art. 29, caput; interesse local, art. 30, I; suplementar, art. 
30, II; e plano diretor, art. 182, § 1º.
6.5.4 Distrito Federal
Na atual Constituição não é mais capital federal, vez que a capital é Brasília. É unidade federada 
autônoma, visto que possui capacidade de auto-organização, autogoverno e autolegislação.
• Auto-organização: art. 32, caput, se rege por lei orgânica.
• Autogoverno: art. 32, §§ 2º e 3º, eleição de governador, vice e deputados distritais. Ademais é 
impossível sua divisão em municípios, art. 32, caput.
• Tem sua autonomia parcialmente tutelada pela União: art. 32, § 4º.
• Competências não legislativas: art. 23, CF.
• Competência legislativa: expressa,

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