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6 Sistemas Regionais de Proteção de Direitos Humanos

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MENTORIA 
 DIREITOS HUMANOS 
 Polícia Civil MG – 
 Todos os cargos 
 
 
 
1 
CAPÍTULO 06 – SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS (Europeu, Americano e Africano) 
 
 
 
1. Sistemas Regionais de Proteção Internacional de Direitos Humanos 
Ao lado do sistema global, surgem sistemas regionais de proteção, que buscam 
internacionalizar os direitos humanos no plano regional. Surgem com a finalidade 
de garantir um controle mais eficaz dos direitos humanos, especialmente na 
América, Europa e África. Os autores mencionam ainda dois incipientes sistemas 
de proteção regional de direitos humanos: o árabe e o regional asiático. 
Os sistemas regionais convivem com o sistema global, numa relação de 
independência, possuindo cada um deles um aparato jurídico próprio. 
O Sistema Africano é formado pela Carta Africana dos Direitos Humanos e 
dos Povos de 1981 (Carta de Banjul), que estabelece a Comissão Africana de 
Direitos Humanos, com sede em Gâmbia. Posteriormente, em 1998 foi criada, 
mediante protocolo, a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos. 
O Sistema Europeu é o mais antigo e o mais avançado sistema de proteção. 
Em 1950, foi adotada a Convenção Europeia de Direitos Humanos (Tratado de 
Roma). Posteriormente, em 1998, através de um protocolo, foi reestruturada a 
Corte Europeia de Direitos Humanos. Atualmente, é o único sistema de proteção 
que permite, com previsão em tratado, o acesso judicial direto do indivíduo 
perante tribunais internacionais. 
 
 
 
 MENTORIA 
 DIREITOS HUMANOS 
 Polícia Civil MG – 
 Todos os cargos 
 
 
 
2 
2. Sistema Europeu – A Convenção Europeia dos Direitos Humanos, 1950 
 A Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades 
Fundamentais foi elaborada pelo Conselho da Europa (organização que 
representava a Europa ocidental, criada em 1949 para promover a unidade 
europeia, fomentar o progresso econômico e social e proteger direitos humanos) e 
celebrada em Roma, em 04 de janeiro de 1950. 
 O texto da Convenção não trouxe grandes novidades e apenas prevê a proteção 
dos direitos individuais, o que significou um retrocesso, se comparado à Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Um Protocolo Adicional, de 1952, 
acrescentou à Convenção os direitos de propriedade (sem previsão da função 
social), instrução e o direito a eleições livres. O protocolo também não inovou se 
comparado a Constituição de Weimar, de 1919. 
 Os direitos sociais, econômicos e culturais foram previstos na Carta Social 
Europeia, celebrada em Turim, em 1961, que entrou em vigor em 1965. O texto 
foi completado por um protocolo adicional, em 1988, que entrou em vigor em 
1992, com quatro novos direitos: 
1) direito à igualdade de tratamento em matéria de emprego e profissão; 
2) direito dos trabalhadores à informação e à consulta no seio das empresas; 
3) direito dos trabalhadores de participarem da determinação e da melhoria das 
condições de trabalho e do ambiente de trabalho; 
4) direito das pessoas idosas a uma proteção social. 
 Em 1996, surgiram novos direitos sociais, como o direito à dignidade no trabalho, 
proteção contra a pobreza e a exclusão social e direito à moradia, com a Carta 
Social Europeia Revista. 
 Quanto à Convenção Europeia, ressalta-se que seus artigos 5.º, 6.º e 7.º 
reforçaram as medidas tradicionais de proteção da liberdade e da segurança 
pessoal. O texto prevê as condições de legalidade da prisão, direitos do acusado 
em processos criminais (de forma ampliada), o princípio nullum crimen sine lege, 
com a possibilidade de punição por crimes que, embora não previstos em lei ou 
tratados internacionais, sejam assim reconhecidos pelos princípios gerais de direito 
reconhecidos pelas nações civilizadas. 
 A Convenção trouxe novidades que contribuíram muito para o desenvolvimento 
do sistema internacional de proteção dos direitos humanos: criou órgãos com a 
função de fiscalizar violações de direitos humanos e reconheceu o indivíduo 
como sujeito do direito internacional (mudando o foco do direito 
internacional, que girava em torno dos Estados apenas). 
 O texto trouxe um órgão intermediário entre o indivíduo queixoso e o 
tribunal, a Comissão Europeia de Direitos Humanos, com a função de analisar 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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 Todos os cargos 
 
 
 
3 
as denúncias formuladas, investigar os fatos e apresentar sua conclusão acerca da 
violação ou não dos direitos humanos. As denúncias contra o Estado-parte 
poderiam ser feitas por qualquer pessoa, organização não-governamental ou 
grupo de pessoas. Também um Estado-parte poderia formular denúncia contra 
outro Estado-parte. Para conciliar tais novidades com a soberania estatal, o texto 
determina que tais denúncias só podem ser aceitas contra um Estado que, 
previamente, reconheceu a competência da Comissão para analisá-las (ver artigos 
24 e 25 da Convenção). 
 Além disso, a Comissão pode poderia propor uma ação contra um Estado-
parte, perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (art. 48, a), se o Estado 
tivesse previamente reconhecido a jurisdição do Tribunal (cláusula de 
reconhecimento facultativo da jurisdição obrigatória, prevista no artigo 46). 
 Essa cláusula foi posteriormente revogada, pelo Protocolo n. 11 à 
Convenção, de 11 de maio de 1994, passando a ser obrigatório a todos os 
Estados-partes se submeterem às decisões do Tribunal Europeu. O mesmo 
protocolo trouxe uma previsão que extinguiu a Comissão Europeia de Direitos 
Humanos, transferindo suas atribuições para o Tribunal, o que gerou uma 
sobrecarga de trabalho e a diminuição da eficácia da sua atuação. 
 Por outro lado, houve um grande avanço já que, a partir do Protocolo n. 11, os 
indivíduos, organizações não governamentais e grupos de indivíduos 
passaram a ter acesso direto à Corte Europeia, podendo, inclusive, iniciar um 
processo diretamente perante ela. Mais do que permitir às vítimas, seus 
familiares ou representantes legais participarem do processo em todas as suas 
etapas (locus standi), permitiu-se o ingresso direto dos indivíduos ante a Corte 
Europeia (jus standi) para ali interpor-se uma demanda. 
 Infelizmente, ainda não tivemos esse avanço no sistema interamericano de 
direitos humanos, no qual os indivíduos apenas têm acesso direto à Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos. 
 Seguem trechos do texto da Convenção Europeia: 
Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades 
Fundamentais 
Os Governos signatários, Membros do Conselho da Europa, 
Considerando a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclamada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, 
Considerando que esta Declaração se destina a assegurar o reconhecimento e 
aplicação universal e efetiva dos direitos nela enunciados, 
Considerando que a finalidade do Conselho da Europa é realizar uma união mais 
estreita entre os seus Membros e que um dos meios de alcançar esta finalidade é 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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 Todos os cargos 
 
 
 
4 
a proteção e o desenvolvimento dos direitos do homem e das liberdades 
fundamentais, 
Reafirmando o seu profundo apego a estas liberdades fundamentais, que 
constituem as verdadeiras bases dajustiça e da paz no mundo e cuja preservação 
repousa essencialmente, por um lado, num regime político verdadeiramente 
democrático e, por outro, numa concepção comum e no comum respeito dos 
direitos do homem, 
Decididos, enquanto Governos de Estados Europeus animados no mesmo 
espírito, possuindo um património comum de ideais e tradições políticas, de 
respeito pela liberdade e pelo primado do direito, a tomar as primeiras 
providências apropriadas para assegurar a garantia coletiva de certo número de 
direitos enunciados na Declaração Universal, 
Convencionaram o seguinte: 
Artigo 1.º 
(Obrigação de respeitar os direitos do homem) 
As Altas Partes Contratantes reconhecem a qualquer pessoa dependente da sua 
jurisdição os direitos e liberdades definidos no título I da presente Convenção. 
TÍTULO I 
(Direitos e liberdades) 
Artigo 2.º 
(Direito à vida) 
1. O direito de qualquer pessoa à vida é protegido pela lei. Ninguém poderá ser 
intencionalmente privado da vida, salvo em execução de uma sentença capital 
pronunciada por um tribunal, no caso de o crime ser punido com esta pena pela 
lei. 
2. Não haverá violação do presente artigo quando a morte resulte de recurso à 
força, tornado absolutamente necessário: 
a) Para assegurar a defesa de qualquer pessoa contra uma violência ilegal; 
b) Para efetuar uma detenção legal ou para impedir a evasão de uma pessoa 
detida legalmente; 
c) Para reprimir, em conformidade com a lei, uma revolta ou uma insurreição. 
Artigo 3.º 
(Proibição da tortura) 
Ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos 
ou degradantes. 
Artigo 4.º 
(Proibição da escravatura e do trabalho forçado) 
1. Ninguém pode ser mantido em escravidão ou servidão. 
2. Ninguém pode ser constrangido a realizar um trabalho forçado ou obrigatório. 
3. Não será considerado "trabalho forçado ou obrigatório" no sentido do presente 
artigo: 
a) Qualquer trabalho exigido normalmente a uma pessoa submetida a detenção 
nas condições previstas pelo artigo 5.º da presente Convenção, ou enquanto 
estiver em liberdade condicional; 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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b) Qualquer serviço de carácter militar ou, no caso de objetores de consciência, 
nos países em que a objecção de consciência for reconhecida como legítima, 
qualquer outro serviço que substitua o serviço militar obrigatório; 
c) Qualquer serviço exigido no caso de crise ou de calamidade que ameacem a 
vida ou o bem-estar da comunidade; 
d) Qualquer trabalho ou serviço que fizer parte das obrigações cívicas normais. 
Artigo 5.º 
(Direito à liberdade e à segurança) 
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade e segurança. Ninguém pode ser privado 
da sua liberdade, salvo nos casos seguintes e de acordo com o procedimento 
legal: 
a) Se for preso em consequência de condenação por tribunal competente; 
b) Se for preso ou detido legalmente, por desobediência a uma decisão tomada, 
em conformidade com a lei, por um tribunal, ou para garantir o cumprimento de 
uma obrigação prescrita pela lei; 
c) Se for preso e detido a fim de comparecer perante a autoridade judicial 
competente, quando houver suspeita razoável de ter cometido uma infracção, ou 
quando houver motivos razoáveis para crer que é necessário impedi-lo de cometer 
uma infracção ou de se pôr em fuga depois de a ter cometido; 
d) Se se tratar da detenção legal de um menor, feita com o propósito de o educar 
sob vigilância, ou da sua detenção legal com o fim de o fazer comparecer perante 
a autoridade competente; 
e) Se se tratar da detenção legal de uma pessoa susceptível de propagar uma 
doença contagiosa, de um alienado mental, de um alcoólico, de um toxicómano 
ou de um vagabundo; 
f) Se se tratar de prisão ou detenção legal de uma pessoa para lhe impedir a 
entrada ilegal no território ou contra a qual está em curso um processo de 
expulsão ou de extradição. 
2. Qualquer pessoa presa deve ser informada, no mais breve prazo e em língua 
que compreenda, das razões da sua prisão e de qualquer acusação formulada 
contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou detida nas condições previstas no parágrafo 1, 
alínea c), do presente artigo deve ser apresentada imediatamente a um juiz ou 
outro magistrado habilitado pela lei para exercer funções judiciais e tem direito a 
ser julgada num prazo razoável, ou posta em liberdade durante o processo. A 
colocação em liberdade pode estar condicionada a uma garantia que assegure a 
comparência do interessado em juízo. 
4. Qualquer pessoa privada da sua liberdade por prisão ou detenção tem direito a 
recorrer a um tribunal, a fim de que este se pronuncie, em curto prazo de tempo, 
sobre a legalidade da sua detenção e ordene a sua libertação, se a detenção for 
ilegal. 
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou detenção em condições contrárias às 
disposições deste artigo tem direito a indemnização. 
Artigo 6.º 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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(Direito a um processo equitativo) 
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e 
publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, 
estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos 
e obrigações de carácter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em 
matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso à 
sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade 
ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou da 
segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de 
menores ou a proteção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na 
medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias 
especiais, a publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça. 
2. Qualquer pessoa acusada de uma infracção presume-se inocente enquanto a 
sua culpabilidade não tiver sido legalmente provada. 
3. O acusado tem, como mínimo, os seguintes direitos: 
a) Ser informado no mais curto prazo, em língua que entenda e de forma 
minuciosa, da natureza e da causa da acusação contra ele formulada; 
b) Dispor do tempo e dos meios necessários para a preparação da sua defesa; 
c) Defender-se a si próprio ou ter a assistência de um defensor da sua escolha e, 
se não tiver meios para remunerar um defensor, poder ser assistido gratuitamente 
por um defensor oficioso, quando os interesses da justiça o exigirem; 
d) Interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e obter a 
convocação e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições 
que as testemunhas de acusação; 
e) Fazer-se assistir gratuitamente por intérprete, se não compreender ou não falar 
a língua usada no processo. 
Artigo 7.º 
(Princípio da legalidade) 
1. Ninguém pode ser condenado por uma ação ou uma omissão que, no momento 
em que foi cometida, não constituía infracção, segundo o direito nacional ou 
internacional. Igualmente não pode ser imposta uma pena mais grave do que a 
aplicável no momento em que a infracção foi cometida. 
2. O presente artigo não invalidará a sentença ou a pena de uma pessoa culpada 
de uma ação ou de uma omissão que, no momento em que foi cometida, constituía 
crime segundo os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações 
civilizadas. 
Artigo 8.º 
(Direito ao respeito pela vida privada e familiar) 
1. Qualquer pessoa tem direito ao respeito da sua vida privada e familiar, do seu 
domicílio e da sua correspondência.2. Não pode haver ingerência da autoridade pública no exercício deste direito 
senão quando esta ingerência estiver prevista na lei e constituir uma providência 
que, numa sociedade democrática, seja necessária para a segurança nacional, 
para a segurança pública, para o bem-estar económico do país, a defesa da 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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ordem e a prevenção das infracções penais, a proteção da saúde ou da moral, ou 
a proteção dos direitos e das liberdades de terceiros. 
Artigo 9.º 
(Liberdade de pensamento, de consciência e de religião) 
1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de crença, assim 
como a liberdade de manifestar a sua religião ou a sua crença, individual ou 
coletivamente, em público e em privado, por meio do culto, do ensino, de práticas 
e da celebração de ritos. 
2. A liberdade de manifestar a sua religião ou convicções, individual ou 
coletivamente, não pode ser objeto de outras restrições senão as que, previstas 
na lei, constituírem disposições necessárias, numa sociedade democrática, à 
segurança pública, à proteção da ordem, da saúde e moral públicas, ou à proteção 
dos direitos e liberdades de outrem. 
Artigo 10.º 
(Liberdade de expressão) 
1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão. Este direito compreende 
a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de transmitir informações ou 
ideias sem que possa haver ingerência de quaisquer autoridades públicas e sem 
considerações de fronteiras. O presente artigo não impede que os Estados 
submetam as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um 
regime de autorização prévia. 
2. O exercício desta liberdades, porquanto implica deveres e responsabilidades, 
pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções, 
previstas pela lei, que constituam providências necessárias, numa sociedade 
democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança 
pública, a defesa da ordem e a prevenção do crime, a proteção da saúde ou da 
moral, a proteção da honra ou dos direitos de outrem, para impedir a divulgação 
de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade do 
poder judicial. 
Artigo 11.º 
(Liberdade de reunião e de associação) 
1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de 
associação, incluindo o direito de, com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos 
para a defesa dos seus interesses. 
2. O exercício deste direito só pode ser objeto de restrições que, sendo previstas 
na lei, constituírem disposições necessárias, numa sociedade democrática, para 
a segurança nacional, a segurança pública, a defesa da ordem e a prevenção do 
crime, a proteção da saúde ou da moral, ou a proteção dos direitos e das 
liberdades de terceiros. O presente artigo não proíbe que sejam impostas 
restrições legítimas ao exercício destes direitos aos membros das forças armadas, 
da polícia ou da administração do Estado. 
Artigo 12.º 
(Direito ao casamento) 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de se casar e de constituir 
família, segundo as leis nacionais que regem o exercício deste direito. 
Artigo 13.º 
(Direito a um recurso efetivo) 
Qualquer pessoa cujos direitos e liberdades reconhecidos na presente Convenção 
tiverem sido violados tem direito a recurso perante uma instância nacional, mesmo 
quando a violação tiver sido cometida por pessoas que atuem no exercício das 
suas funções oficiais. 
Artigo 14.º 
(Proibição de discriminação) 
O gozo dos direitos e liberdades reconhecidos na presente Convenção deve ser 
assegurado sem quaisquer distinções, tais como as fundadas no sexo, raça, cor, 
língua, religião, opiniões políticas ou outras, a origem nacional ou social, a 
pertença a uma minoria nacional, a riqueza, o nascimento ou qualquer outra 
situação. 
Artigo 15.º 
(Derrogação em caso de estado de necessidade) 
1. Em caso de guerra ou de outro perigo público que ameace a vida da nação, 
qualquer Alta Parte Contratante pode tomar providências que derroguem as 
obrigações previstas na presente Convenção, na estrita medida em que o exigir a 
situação, e em que tais providências não estejam em contradição com as outras 
obrigações decorrentes do direito internacional. 
2. A disposição precedente não autoriza nenhuma derrogação ao artigo 2.º, salvo 
quanto ao caso de morte resultante de atos lícitos de guerra, nem aos artigos 3.º, 
4.º (parágrafo 1) e 7.º 
3. Qualquer Alta Parte Contratante que exercer este direito de derrogação 
manterá completamente informado o Secretário-Geral do Conselho da Europa das 
providências tomadas e dos motivos que as provocaram. Deverá igualmente 
informar o Secretário-Geral do Conselho da Europa da data em que essas 
disposições tiverem deixado de estar em vigor e da data em que as da Convenção 
voltarem a ter plena aplicação. 
Artigo 16.º 
(Restrições à atividade política dos estrangeiros) 
Nenhuma das disposições dos artigos 10.º, 11.º e 14.º pode ser considerada como 
proibição às Altas Partes Contratantes de imporem restrições à atividade política 
dos estrangeiros. 
Artigo 17.º 
(Proibição do abuso de direito) 
Nenhuma das disposições da presente Convenção se pode interpretar no sentido 
de implicar para um Estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de se dedicar a 
atividade ou praticar atos em ordem à destruição dos direitos ou liberdades 
reconhecidos na presente Convenção ou a maiores limitações de tais direitos e 
liberdades do que as previstas na Convenção. 
Artigo 18.º 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
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9 
(Limitação da aplicação de restrições aos direitos) 
As restrições feitas nos termos da presente Convenção aos referidos direitos e 
liberdades só podem ser aplicadas para os fins que foram previstas. 
[...] 
 
3. Sistema Regional Africano 
 O grande documento deste sistema regional é a Carta Africana dos Direitos 
Humanos e dos Direitos dos Povos, conhecida como Carta de Banjul, por ter 
sido aprovada em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981. Foi adotada na 18ª 
Conferência de Chefes de Estado e Governo, em Nairóbi, Quênia, em junho de 
1981. 
Trouxe como novidade a afirmação que os povos são também titulares de 
direitos humanos, além de serem titulares do direito à autodeterminação, 
como previsto nos Pactos da ONU. Prevê ainda os direitos dos povos à sua 
existência (art. 20), à livre disposição de suas riquezas e recursos naturais 
(art. 22), à paz e à segurança (art. 23) e à preservação do meio ambiente sadio 
(art. 24). 
Persiste a dificuldade na definição de povo. O termo é utilizado, com diferentes 
sentidos, em vários documentos internacionais. O mais prudente parece ser 
considerar o termo povo como um conceito que depende do contexto. Assim, pode 
ter diferentes signficados, a depender da situação concreta. 
Surge uma outra questão: povo não é unidade jurídica autônoma, não tem 
personalidade. Assim, quem iria representar o povo? Quem teria legitimidade para 
exercer os direitos do povo? Comparato lembra a figura processual da substituição, 
que poderia ser a solição adequada. É o que ocorre, por exemplo, nas class actions 
norte-americanasou na possibilidade prevista no protocolo ao PIDCP, de terceiros 
apresentarem ao Comitê de Direitos Humanos, denúncias por violação de direitos 
de indivíduos. Esse mesmo mecanismo deveria ser criado para o exerício dos 
direitos do povo, no cenário internacional. 
O documento não menciona o direito à própria identidade cultural, o direito 
à diferença. Entretanto, tal direito foi afirmado na Declaração sobre Raça e 
Preconceito Racial, aprovada pela UNESCO, em 1978, segundo o qual: “Todos os 
povos têm o direito de ser diferentes, de se consideraram diferentes e de serem 
vistos como tais”. 
O direito à existência, previsto no artigo 20, não se confunde com o direito 
à autodeterminação dos povos, que é meramente político. O direito à existência 
é o direito fundamental dos povos de não ser vítima de ações genocidas. 
O direito ao desenvolvimento, no artigo 22, envolve o direito de participar de 
um processo, de longo prazo, que envolve políticas públicas nos campos 
 
 
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econômico (crescimento sustentável), social (condições básicas de igualdade) e 
político (realização da vida democrática). Esbarramos aqui no problema da 
realização efetiva desse direito, já que, a organização constitucional dos Estados 
não prevê uma representação popular que viabilize o exercício do direito. 
Também são necessários mecanismos para o controle judicial de políticas 
públicas, à luz do direito ao desenvolvimento, a exemplo do tradicional mecanismo 
de controle de constitucionalidade das leis. 
O direito à paz e à segurança, previsto no artigo 23, é outro direito que carece 
de definição do seu objeto. O texto teria sido mais eficaz, para reforçar o alcance 
desse direito, se indicasse a ligação entre segurança e regime democrático e 
impusesse, para manutenção da paz, mecanismos de controle do comércio de 
armamentos, inspeção internacional sobre gastos militares e obrigação 
incondicional de se recorrer à arbitragem para solucionar conflitos. 
É a primeira convenção internacional a resguardar o direito dos povos à 
preservação do equilíbrio ecológico (art. 24), afirmando a tese do 
desenvolvimento sustentável. 
Considerando desestruturação social do continente, consequência do 
colonialismo, a Carta Africana tem um capítulo dedicado aos deveres. 
Seguem trechos do texto da Carta Africana: 
CARTA AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS 
E DOS POVOS 
Carta de Banjul 
 
Aprovada pela Conferência Ministerial da Organização da Unidade Africana 
(OUA) em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981, e adotada pela XVIII Assembleia 
dos Chefes de Estado e Governo da Organização da Unidade Africana (OUA) em 
Nairóbi, Quênia, em 27 de julho de 1981. 
Preâmbulo 
Os Estados africanos membros da Organização da Unidade Africana, partes na 
presente Carta que tem o título de "Carta Africana dos Direitos Humanos e dos 
Povos", 
Lembrando a decisão 115 (XVI) da Conferência dos Chefes de Estado e de 
Governo, na sua XVI sessão ordinária realizada em Monróvia (Libéria) de 17 a 20 
de julho de 1979, relativa à elaboração de "um anteprojeto de Carta Africana dos 
Direitos Humanos e dos Povos, prevendo nomeadamente a instituição de órgãos 
de promoção e de proteção dos Direitos Humanos e dos Povos"; 
Considerando a Carta da Organização da Unidade Africana, nos termos da qual "a 
liberdade, a igualdade, a justiça e a dignidade são objetivos essenciais para a 
realização das legítimas aspirações dos povos africanos"; 
 
 
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Reafirmando o compromisso que eles solenemente assumiram, no artigo 2º da dita 
Carta, de eliminar sob todas as suas formas o colonialismo da África, de coordenar 
e de intensificar a sua cooperação e seus esforços para oferecer melhores 
condições de existência aos povos da África, de favorecer a cooperação 
internacional tendo na devida atenção a Carta das Nações Unidas e a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos; 
Tendo em conta as virtudes das suas tradições históricas e os valores da civilização 
africana que devem inspirar e caracterizar as suas reflexões sobre a concepção 
dos direitos humanos e dos povos; 
Reconhecendo que, por um lado, os direitos fundamentais do ser humano se 
baseiam nos atributos da pessoa humana, o que justifica a sua proteção 
internacional, e que, por outro lado, a realidade e o respeito dos direitos dos povos 
devem necessariamente garantir os direitos humanos; 
Considerando que o gozo dos direitos e liberdades implica o cumprimento dos 
deveres de cada um; 
Convencidos de que, para o futuro, é essencial dedicar uma particular atenção ao 
direito ao desenvolvimento; que os direitos civis e políticos são indissociáveis dos 
direitos econômicos, sociais e culturais, tanto na sua concepção como na sua 
universalidade, e que a satisfação dos 
direitos econômicos, sociais e culturais garante o gozo dos direitos civis e políticos; 
Conscientes do seu dever de libertar totalmente a África cujos povos continuam a 
lutar pela sua verdadeira independência e pela sua dignidade, e comprometendo-
se a eliminar o colonialismo, o neocolonialismo, o apartheid, o sionismo, as bases 
militares estrangeiras de agressão e quaisquer formas de discriminação, 
nomeadamente as que se baseiam na raça, etnia, cor, sexo, língua, religião ou 
opinião política; 
Reafirmando a sua adesão às liberdades e aos direitos humanos e dos povos 
contidos nas declarações, convenções e outros instrumentos adotados no quadro 
da Organização da Unidade Africana, do Movimento dos Países Não-Alinhados e 
da Organização das Nações Unidas; 
Firmemente convencidos do seu dever de assegurar a promoção e a proteção dos 
direitos e liberdades do homem e dos povos, tendo na devida conta a primordial 
importância tradicionalmente reconhecida na África a esses direitos e liberdades, 
Convencionaram o que se segue: 
[...] 
Artigo 19º 
Todos os povos são iguais, gozam da mesma dignidade e têm os mesmos 
direitos. Nada pode justificar a dominação de um povo por outro. 
Artigo 20º 
1.Todo povo tem direito à existência. Todo povo tem um direito imprescritível e 
inalienável à autodeterminação. Ele determina livremente o seu estatuto político e 
assegura o seu desenvolvimento econômico e social segundo a via que livremente 
escolheu. 
 
 
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12 
2.Os povos colonizados ou oprimidos têm o direito de se libertar do seu estado 
de dominação recorrendo a todos os meios reconhecidos pela comunidade 
internacional. 
3.Todos os povos têm direito à assistência dos Estados Partes na presente 
Carta, na sua luta de libertação contra a dominação estrangeira, quer seja esta de 
ordem política, econômica ou cultural. 
Artigo 21º 
1.Os povos têm a livre disposição das suas riquezas e dos seus recursos 
naturais. Este direito exerce-se no interesse exclusivo das populações. Em nenhum 
caso o povo pode ser privado deste direito. 
2. Em caso de espoliação, o povo espoliado tem direito à legítima recuperação 
dos seus bens, assim como a uma indenização adequada. 
3. A livre disposição das riquezas e dos recursos naturais exerce-se sem prejuízo 
da obrigação de promover uma cooperação econômica internacional baseada no 
respeito mútuo, na troca equitativa e nos princípios do direito internacional. 
4.Os Estados Partes na presenteCarta comprometem-se, tanto individual como 
coletivamente, a exercer o direito de livre disposição das suas riquezas e dos seus 
recursos naturais com vistas a reforçar a unidade e a solidariedade africanas. 
5.Os Estados Partes na presente Carta comprometem-se a eliminar todas as 
formas de exploração econômica e estrangeira, nomeadamente a que é praticada 
por monopólios internacionais, a fim de permitir que a população de cada país se 
beneficie plenamente das vantagens provenientes dos seus recursos nacionais. 
Artigo 22º 
1.Todos os povos têm direito ao seu desenvolvimento econômico, social e 
cultural, no estrito respeito da sua liberdade e da sua identidade, e ao gozo igual 
do patrimônio comum da humanidade. 
2.Os Estados têm o dever, separadamente ou em cooperação, de assegurar o 
exercício do direito ao desenvolvimento. 
Artigo 23º 
1.Os povos têm direito à paz e à segurança, tanto no plano nacional como no 
plano internacional. O princípio da solidariedade e das relações amistosas 
implicitamente afirmado na Carta da Organização das Nações Unidas e reafirmado 
na Carta da Organização da Unidade Africana deve dirigir as relações entre os 
Estados. 
2.Com o fim de reforçar a paz, a solidariedade e as relações amistosas, os 
Estados Partes na presente Carta comprometem-se a proibir: 
a) que uma pessoa gozando do direito de asilo nos termos do artigo 12º da 
presente Carta empreenda uma atividade subversiva contra o seu país de origem 
ou contra qualquer outro Estado Parte na presente Carta; 
b) que os seus territórios sejam utilizados como base de partida de atividades 
subversivas ou terroristas dirigidas contra o povo de qualquer outro Estado Parte 
na presente Carta. 
Artigo 24º 
 
 
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13 
Todos os povos têm direito a um meio ambiente geral satisfatório, propício ao 
seu desenvolvimento. 
Artigo 25º 
Os Estados Partes na presente Carta têm o dever de promover e assegurar, pelo 
ensino, a educação e a difusão, o respeito dos direitos e das liberdades contidos 
na presente Carta, e de tomar medidas para que essas liberdades e esses direitos 
sejam compreendidos, assim como 
as obrigações e deveres correspondentes. 
Artigo 26º 
Os Estados Partes na presente Carta têm o dever de garantir a independência 
dos tribunais e de permitir o estabelecimento e o aperfeiçoamento de instituições 
nacionais apropriadas encarregadas da promoção e da proteção dos direitos e 
liberdades garantidos pela presente Carta. 
Capítulo II 
DOS DEVERES 
 
Artigo 27º 
1.Cada indivíduo tem deveres para com a família e a sociedade, para com o 
Estado e outras coletividades legalmente reconhecidas, e para com a comunidade 
internacional. 
2.Os direitos e as liberdades de cada pessoa exercem-se no respeito dos direitos 
de outrem, da segurança coletiva, da moral e do interesse comum. 
Artigo 28º 
Cada indivíduo tem o dever de respeitar e de considerar os seus semelhantes 
sem nenhuma discriminação e de manter com eles relações que permitam 
promover, salvaguardar e reforçar o respeito e a tolerância recíprocos. 
Artigo 29º 
O indivíduo tem ainda o dever: 
1.De preservar o desenvolvimento harmonioso da família e de atuar em favor da 
sua coesão e respeito; de respeitar a todo momento os seus pais, de os alimentar 
e de os assistir em caso de necessidade. 
2.De servir a sua comunidade nacional pondo as suas capacidades físicas e 
intelectuais a seu serviço. 
3.De não comprometer a segurança do Estado de que é nacional ou residente. 
4.De preservar e reforçar a solidariedade social e nacional, particularmente 
quando esta é ameaçada. 
5.De preservar e reforçar a independência nacional e a integridade territorial da 
pátria e, de uma maneira geral, de contribuir para a defesa do seu país, nas 
condições fixadas pela lei. 
6.De trabalhar, na medida das suas capacidades e possibilidades, e de 
desobrigar-se das contribuições fixadas pela lei para a salvaguarda dos interesses 
fundamentais da sociedade. 
7.De zelar, nas suas relações com a sociedade, pela preservação e reforço dos 
valores culturais africanos positivos, em um espírito de tolerância, de diálogo e de 
 
 
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14 
concertação e, de uma maneira geral, de contribuir para a promoção da saúde 
moral da sociedade. 
8.De contribuir com as suas melhores capacidades, a todo momento e em todos 
os níveis, para a promoção e realização da Unidade Africana. 
[...] 
 
4. Sistema Americano de proteção dos direitos humanos 
4.1 Convenção Americana de Direitos Humanos 
 Antes de estudarmos a Convenção Americano dos Direitos Humanos, o famoso 
Pacto de San Jose da Costa Rica, vamos ver as informações básicas sobre o 
sistema americano, ou interamericano, para entender a origem desse documento. 
 Dentre os sistemas regionais, o americano é o que mais nos interessa, já que, é 
o sistema regional do qual participamos. 
 O primeiro documento que podemos mencionar, no Sistema Regional 
Americano, é a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Foi 
adotada e aprovada na IX Conferência Internacional Americana, reunida em 
Bogotá, em abril e maio de 1948. Revela uma ampla gama de direitos civis, 
políticos, econômicos, sociais e culturais. Surgiu com a fundação da 
Organização dos Estados Americanos (OEA), criada pela Carta da OEA, em 
1948. 
 Posteriormente, surge o documento mais importante do Sistema Americano, a 
Convenção Interamericana de Direitos Humanos ou Pacto de San Jose da 
Costa Rica, adotada em 22 de novembro de 1969. Somente entrou em vigor em 
18 de julho de 1978, devido à necessidade de um número mínimo de signatários 
(11 ratificações). Apenas Estados-membros da OEA têm o direito de aderir à 
Convenção Americana, que conta, atualmente, com 24 Estados-partes (do total 
de 35 Estados-membros da OEA. Trinidad e Tobago denunciou a Conveção, em 
1998). 
 Foi ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992 e entrou em vigor 
através do Decreto n. 678/92. O Brasil foi um dos países que mais tardiamente 
ratificou a Convenção. 
 O Brasil fez reserva da cláusula facultativa do artigo 45, n.1, referente à 
competência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para examinar 
queixas apresentadas por Estados sobre o não cumprimento das obrigações 
impostas pela Convenção (comunicações interestatais), bem como da cláusula 
facultativa do artigo 62, n. 1, sobre a jurisdição obrigatória da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. 
 
 
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15 
 A competência obrigatória da Corte apenas foi reconhecida em 1998 
(Decreto Legislativo n. 89) e a promulgação do reconhecimento se deu em 2002 
(Decreto n. 4463). 
 Ao ratificar a Convenção, os Estados assumem o compromisso de respeitar e 
efetivar os direitos e liberdades estabelecidos no tratado, sem qualquer tipo de 
discriminação, e adotar medidas legislativas e outras que sejam necessárias 
para garantir a concretização de tais previsões (arts. 1.º e 2.º). 
 A Convenção reproduz a maior parte dos direitos constantes do Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, da ONU, de 1966. No que tange aos 
órgãos de monitoramento, a Convenção se aproxima mais do modelo da 
Convenção Europeia de Direitos Humanos, de 1950. 
 Pensando em obter maior adesão pelos países, em especialdos Estados 
Unidos, a Convenção não desenvolveu os direitos sociais, econômicos e 
culturais. Esses direitos são mencionados no art. 26 da Convenção Americana, 
entretanto, o tratado não cuida de sua proteção específica, fazendo alusão 
apenas ao direito ao desenvolvimento progressivo. Posteriormente, tais direitos 
foram desenvolvidos no Protocolo de San Salvador, adotado em 17 de novembro 
de 1988, com vigência a partir de 16 de novembro de 1999. Este protocolo conta 
com 16 Estados participantes, um número menor que o número de participantes 
da Convenção Americana. 
 O Pacto de San Jose tem ainda um protocolo adicional relativo à abolição da 
pena de morte, aprovado na Conferência Interamericana de Assunção, em 08 
de junho de 1990. O Brasil ratificou ambos os protocolos. 
 Os principais direitos protegidos pela Convenção Americana são: 
✓ Reconhecimento da personalidade jurídica, vida, integridade pessoal; 
✓ proibição da escravidão, liberdade pessoal, garantias judiciais, 
legalidade e irretroatividade das leis; 
✓ indenização por erro judiciário, proteção da honra e da dignidade; 
✓ liberdade de consciência e religião, de pensamento e expressão e de 
retificação ou resposta; 
✓ direito de reunião e de associação; 
✓ direitos de proteção da família, do nome e da criança; 
✓ direito de nacionalidade; 
✓ propriedade privada, de circulação e residência; 
✓ direitos políticos, igualdade perante a lei, de proteção judicial. 
 Alguns direitos da Convenção merecem uma atenção especial, inclusive pela 
frequência com que aparecem nas questões. 
 Lembrando que no caso de vigência simultânea de vários sistemas 
normativos (nacional e internacional) ou de vários tratados internacionais, em 
 
 
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matéria de direitos humanos, deve ser aplicada a norma que melhor proteja a 
pessoa (princípio da norma mais favorável ou direitos mais vantajosos para a 
pessoa). 
 Vejamos os dispositivos da Convenção: 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
 
Pacto de San José da Costa Rica 
Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre 
Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22 de novembro de 1969. 
 
PREÂMBULO 
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, 
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das 
instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, 
fundado no respeito dos direitos essenciais do homem; 
Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser 
ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os 
atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, 
de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito 
interno dos Estados americanos; 
Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização 
dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram 
reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto em 
âmbito mundial como regional; 
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, só 
pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se 
forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos 
econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e 
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos 
Aires, 1967) aprovou a incorporação à própria Carta da Organização de normas 
mais amplas sobre direitos econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma 
convenção interamericana sobre direitos humanos determinasse a estrutura, 
competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria; 
Convieram no seguinte: 
PARTE I 
DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS 
Capítulo I 
ENUMERAÇÃO DE DEVERES 
Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos 
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos 
e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda 
pessoa que esteja sujeita a sua jurisdição, sem discriminação alguma por motivo 
 
 
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de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, 
origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra 
condição social. 
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano. 
 
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno 
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1º ainda não estiver 
garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados Partes 
comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com 
as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que 
forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. 
 O tratado proclama o dever dos estados de assegurar os direitos nele 
elencados a todos os indivíduos que estejam sob a sua jurisdição, adotando 
medidas necessárias para tanto, que podem ser legislativas, administrativas ou 
judiciais. O texto tem uma particularidade: define que pessoa é todo ser humano. 
 O Estado se obriga a adequar seu direito interno para garantir o cumprimento 
do tratado. Essa obrigação inclui também o dever de proteger os indivíduos 
contra a violação de direitos perpetrada por entes privados. As obrigações são 
tanto de natureza negativa quanto de natureza positiva. Ao impor a obrigação 
imediata de assegurar e respeitar os direitos nele previstos, o pacto mostra sua 
autoaplicabilidade. 
 
Capítulo II 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica 
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica. 
 
Artigo 4º - Direito à vida 
1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser 
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode 
ser privado da vida arbitrariamente. 
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser 
imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal 
competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes 
de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos 
aos quais não se aplique atualmente. 
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos 
nem por delitos comuns conexos com delitos políticos. 
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da 
perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem 
aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 
 
 
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6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou 
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se 
pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão 
ante a autoridade competente. 
 
 A Convenção menciona a proteção à personalidade jurídica, direito que não 
encontra previsão expressa no nossotexto constitucional. Temos aqui o famoso 
“direito a ter direitos”, como dito por Hanah Arendt, o direito de ser reconhecido 
como pessoa. 
 A denegação desse direito pode ser observada, de forma radical, com a 
escravidão. O escravo é, juridicamente, considerado como coisa, objeto. Em 
sociedades nas quais existiu a escravidão, como na brasileira, nota-se que a 
consciência de igual dignidade de todas as pessoas vai ser formando muito 
lentamente. 
 O direito à vida é protegido, segundo o tratado, em geral, desde a concepção. 
A expressão “em geral” parece possibilitar exceções à regra. Assim, os países 
poderiam, excepcionalmente, reconhecer como constitucionais algumas 
situações, como o aborto, em situações específicas, e as pesquisas com 
células tronco-embrionárias. Essa é a interpretação dada ao artigo pela Corte 
Interamericana. 
 Dessa forma, as decisões do STF (anencefalia, pesquisas com célula-tronco, 
aborto), não violariam o Pacto de San Jose, como sugerem alguns, em função da 
interpretação dada pelo Corte Interamericana, que garante aos países uma certa 
margem de liberdade para decidir sobre o tema. 
 Quanto à pena de morte, existe um objetivo de abolição progressiva da 
mesma. A ideia é que os países que já a tiverem abolido, ao ratificarem a 
Convenção Americana, não poderão restabelecê-la. Aos que já previam a pena 
de morte em alguma situação, permite-se que mantenham a previsão, sem, 
contudo, ampliá-la. 
 A Convenção traz alguns limites à aplicação da pena de morte: 
✓ não pode ser aplicada a delitos de natureza política (nem comuns 
conexos aos políticos); 
✓ não pode ser aplicada a menores de 18 anos, maiores de 70 anos e 
mulheres grávidas; (Atenção! O PIDCP não menciona os maiores de 70 
anos) 
✓ o condenado deve ter resguardado o direito de pedir anistia, indulto 
e comutação da pena. (muito questionado em provas!) 
 Com o advento do Protocolo à Convenção, em 1990, os Estados americanos 
que o ratificarem ficam proibidos, em quaisquer hipóteses, de aplicar a pena 
 
 
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de morte, considerando-se revogadas as disposições do direito interno que a 
cominassem. Cabe ressaltar que o Brasil ratificou esse protocolo fazendo a única 
ressalva admitida pelo texto e, conseguindo manter, portanto, a pena de 
morte em caso de guerra declarada (art. 5.ª, inciso XLVII da CF/88). 
 
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal 
1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e 
moral. 
2. Ninguém deve ser submetido a torturas nem a penas ou tratamentos cruéis, 
desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada 
com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. 
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. 
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em 
circunstâncias excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua 
condição de pessoas não condenadas. 
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos 
adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para 
seu tratamento. 
6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e 
a readaptação social dos condenados. 
 Além da proteção à integridade pessoal e proibição da tortura, temos o 
princípio da pessoalidade ou intranscendência da pena e a preocupação com 
o tratamento dispensado às pessoas privadas de liberdade, que devem ser 
tratadas com respeito e dignidade. 
 Cabe destacar aqui, recente e importante decisão do STJ, que acatou resolução 
da Corte Interamericana para determinar contagem de prazo em dobro no 
cumprimento de pena em condições degradantes. Essa decisão, certamente, será 
cobrada em provas. Vejamos um breve resumo. 
 No dia 18 de junho de 2021, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) negou recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e confirmou 
decisão monocrática do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, que concedeu, 
em maio de 2021, habeas corpus para que seja contado em dobro todo o período 
em que um homem esteve preso no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, no 
Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 
 Esta é a primeira vez que uma Turma criminal do STJ aplica o Princípio da 
Fraternidade, para decidir pelo cômputo da pena de maneira mais benéfica ao 
condenado que é mantido preso em local degradante. A decisão caracteriza um 
importante precedente possível de ser aplicado para a resolução de situações 
semelhantes. 
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/07052021-Ministro-manda-contar-em-dobro-todo-o-periodo-de-pena-cumprido-em-situacao-degradante-.aspx
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/07052021-Ministro-manda-contar-em-dobro-todo-o-periodo-de-pena-cumprido-em-situacao-degradante-.aspx
 
 
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 A unidade prisional objeto do recurso sofreu diversas inspeções realizadas 
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a partir de denúncia 
feita pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro sobre a situação degradante e 
desumana em que os presos se encontravam. 
 Essas inspeções culminaram na edição da Resolução CIDH de 22 de 
novembro de 2018, que proibiu o ingresso de novos presos na unidade e 
determinou o cômputo em dobro de cada dia de privação de liberdade 
cumprido no local, salvo para os casos de crimes contra a vida ou a integridade 
física, e de crimes sexuais. 
 O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) aplicou a contagem em dobro 
apenas para o período de cumprimento de pena posterior à data em que o 
Brasil foi notificado formalmente da resolução da CIDH, porque a resolução não 
faz referência expressa ao termo inicial da determinação. 
 Após a decisão liminar do ministro Reynaldo, o MPRJ recorreu para que esse 
entendimento fosse restabelecido, sob o argumento de que a decisão da CIDH teria 
a natureza de medida cautelar provisória, motivo que impediria a produção de 
efeitos retroativos. Ele sustentou essa tese no fato de a resolução mencionada 
estabelecer prazos para o seu cumprimento. 
 Reynaldo Soares da Fonseca ponderou que, ao aplicarem a resolução apenas 
a partir da notificação oficial feita ao Brasil, as instâncias anteriores deixaram de 
cumpri-la, pois as más condições do presídio, que motivaram a determinação da 
CIDH, já existiam antes de sua publicação. 
 Sabemos que, com base no princípio interpretativo “pro homine”, as 
sentenças da CIDH devem ser interpretadas da maneira mais favorável possível 
para quem teve seus direitos violados. 
 Além disso, o relator ressaltou que as autoridades locais devem observar os 
efeitos das disposições da sentença internacional e adequar sua estrutura interna 
"para garantir o cumprimento total de suas obrigações frente à comunidade 
internacional", no intuito de diminuir violações e abreviar as demandas 
internacionais. 
 Durante o julgamento na Quinta Turma, os demais ministros do colegiado 
destacaram o caráter histórico da decisão. O ministro Ribeiro Dantas ressaltou "a 
importância e a profundidade do voto", e afirmou ter certeza de que se tornará um 
acórdão de referência no tratamento desses temas. 
 O ministro Joel Ilan Paciornik afirmou que, "numa hipótese onde se detecta 
flagrante violação a direitos humanos pelas condições degradantes e desumanas 
existentes em determinados estabelecimentos prisionais, a invocação do Princípio 
da Fraternidade é extremamente procedente".Por fim, o ministro João Otávio de Noronha observou que o voto "consagra um 
princípio já agasalhado na Constituição Federal [o Princípio da Fraternidade], em 
que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros 
https://www.corteidh.or.cr/
https://www.corteidh.or.cr/docs/medidas/placido_se_03_por.pdf
https://www.corteidh.or.cr/docs/medidas/placido_se_03_por.pdf
 
 
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21 
decorrentes do regime e princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte", afirmou. 
 Com a decisão unânime da Quinta Turma, o STJ fixou a contagem em dobro 
para todo o período. Segundo a defesa, o condenado poderá alcançar o tempo 
necessário para a progressão de regime e o livramento condicional. Essa análise 
caberá à justiça do Rio de Janeiro. 
 
 O artigo prevê ainda a separação entre os presos condenados e não 
condenados, salvo em situações excepcionais e a necessidade de um tribunal 
especializado para processar menores, se o país permitir que sejam processados. 
 Fiquem atentos à finalidade essencial de tais penas, que são reforma e a 
readaptação social dos condenados. (Sempre cobrado nas questões). 
 
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão 
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o 
tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas. 
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos 
países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade 
acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no 
sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal 
competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade 
física e intelectual do recluso. 
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste 
artigo: a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em 
cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária 
competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e 
controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem 
ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de 
caráter privado; b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por 
motivos de consciência, o serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele; 
c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência 
ou o bem-estar da comunidade; e d) o trabalho ou serviço que faça parte das 
obrigações cívicas normais. 
 
 Entende-se que esse artigo, que veda a escravidão, a servidão, o tráfico de 
escravos e mulheres, vedaria também, em uma interpretação atualizada, o tráfico 
de pessoas, de forma geral. 
 
 
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 Apesar de proibir os trabalhos forçados, a Convenção Americana explicita o que 
não se considera trabalho forçado. Essas ressalvas devem ser memorizadas 
porque são muito frequentes em questões. 
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. 
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas 
condições previamente fixadas pelas constituições políticas dos Estados Partes ou 
pelas leis de acordo com elas promulgadas. 
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários. 
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua detenção 
e notificada, sem demora, da acusação ou acusações formuladas contra ela. 
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença 
de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais 
e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em 
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser 
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. 
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal 
competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua 
prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais. 
Nos Estados Partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de 
ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente 
a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode 
ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa 
ou por outra pessoa. 
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados 
de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento 
de obrigação alimentar. 
 Esse artigo é de extrema importância no nosso estudo. Resguarda a liberdade e 
segurança pessoais, com várias garantias a serem observadas pelos Estados-
partes. 
 Destaco, no item 5, a previsão que originou a realização das audiências de 
apresentação, chamadas, no Brasil, de audiências de custódia. Tais audiências 
passaram a acontecer em 2015, por determinação do STF, no bojo da ADPF 347, 
que reconheceu o Estado de Coisas Inconstitucional, quanto ao sistema 
penitenciário brasileiro (Informativo 798, 09/09/2015). 
 O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando verifica-se a existência de 
um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, 
causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades 
públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas transformações 
 
 
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estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de 
autoridades podem modificar a situação inconstitucional. 
 As penas privativas de liberdade aplicadas em nossos presídios acabem sendo 
penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade por essa 
situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e 
Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A 
ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes 
representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos 
presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. 
 Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar 
ações visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados. Diante 
disso, o STF concedeu parcialmente medida cautelar, na ADPF 347, determinando 
que: 
• juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a 
audiência de custódia; 
• a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo 
Penitenciário Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo 
a realização de novos contingenciamentos. Na ADPF havia outros pedidos, mas 
estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida cautelar. 
 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou tais audiências através da 
Resolução n. 213/2015. Com a Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime), a audiência 
de custódia passou a ser expressamente prevista nos artigos 287 e 310 do Código 
de Processo Penal. 
 Desde fevereiro de 2015, foram realizadas 758 mil audiênciasde custódia em 
todo o país, com o envolvimento de pelo menos 3 mil magistrados, contribuindo 
para a redução de 10% na taxa de presos provisórios no país. 
 Com o advento da pandemia de Covid-19, o Judiciário brasileiro está se 
adaptando para garantir a apresentação do preso a um juiz observando de forma 
conjunta regras de segurança sanitária e garantia de direitos da pessoa presa, o 
que incluiu a aprovação de normativa para a realização do instituto por 
videoconferência. A Resolução do CNJ n. 357/2020 admite a realização por 
videoconferência das audiências de custódia, quando não for possível a 
realização, em 24 horas, de forma presencial. 
 
 
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 Com a derrubada dos vetos à Lei 13.964/2019, Pacote Anticrime, voltou a valor 
o parágrafo 1.º do artigo 3.º-B, do Código de Processo Penal, que veda a 
realização de audiência de custódia por videoconferência. 
 Entretanto, em 28 de junho, o STF deferiu liminar para suspender a eficácia 
da vedação e autorizar as audiências de custódia de forma virtual, enquanto 
durar a pandemia de Covid-19. Existe posicionamento em sentido contrário, 
afirmando que a realização da audiência nesse formato iria desnaturar a principal 
finalidade do ato, que é o contato diretamente com a autoridade judiciária. 
 Ademais, o Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal irá julgar uma ação 
direta de inconstitucionalidade (ADI 6841) para avaliar a constitucionalidade do 
parágrafo 1º do artigo 3-B do CPP, que veda a promoção de audiência de custódia 
por videoconferência. Devemos acompanhar o julgamento. 
 Conforme o item 7, ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não 
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de 
inadimplemento de obrigação alimentar. Notem que o Pacto de San Jose faz uma 
ressalva que não aparece no artigo 11 do PIDCP. 
 Tal previsão suscitou, no ordenamento jurídico brasileiro, um grande 
questionamento acerca da legalidade da prisão do depositário infiel, prevista no 
art. 5.º, LXVII da CF/88. 
 O depositário é aquela pessoa que recebe um bem para guardar, por contrato 
ou determinação judicial, e quando é chamado para devolver o bem, não o faz, sem 
qualquer justificativa razoável. Assim, essa pessoa se torna um depositário infiel. 
Essa prisão vinha acontecendo no Brasil, entretanto a sua legalidade foi 
questionada no STF (RE 466343/SP), já que, o Brasil ratificou a Convenção 
Americana, que não prevê esse tipo de prisão (só prevê a prisão do devedor de 
pensão alimentícia) e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que veda 
qualquer tipo de prisão por descumprimento de obrigação contratual. 
 Como este tratado versa sobre direitos humanos, o STF entendeu que, não pode 
ter status de emenda, por ser anterior ao par. 3.º do art. 5.º, mas, deve ter caráter 
supralegal. Ou seja, estaria acima das outras leis infraconstitucionais. Dessa 
forma, o Pacto de San Jose da Costa Rica, apesar de não ter força para revogar 
o texto constitucional, invalida as leis infraconstitucionais que regulam a 
prisão do depositário infiel, impedindo que sejam aplicadas (eficácia 
paralisante). 
 Em 2009, o STF publicou a Súmula Vinculante n. 25 que diz: "É ilícita a prisão 
civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito". Dessa 
forma, apesar de prevista no texto constitucional, a prisão do depositário infiel não 
 
 
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ocorre na prática. (Atenção! É ilícita, e não inconstitucional, já que, tal hipótese 
continua prevista no texto da CF/88). 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um 
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, 
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal 
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de 
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência 
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda 
pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se 
não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal; 
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; 
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de 
sua defesa; 
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um 
defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu 
defensor; 
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo 
Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não 
se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido 
pela lei; 
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o 
comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam 
lançar luz sobre os fatos; 
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se 
culpada; e 
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza. 
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser 
submetido a novo processo pelos mesmos fatos. 
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar 
os interesses da justiça. 
 O item 1 assegura os princípios de acesso à justiça e juiz natural. 
 O segundo item traz o princípio de presunção de inocência. Percebam que o 
texto fala em comprovação legal da culpa e não em trânsito em julgado da 
decisão, como está previsto na CF/88. As alíneas asseguram o direito ao 
contraditório e à ampla defesa. 
 Notem que, na alínea e, o Pacto assegura o direito a um defensor, 
independente da situação econômica da pessoa. 
 
 
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 Na alínea g, destaca-se o direito à não-autoincriminação, vez que, tal direito 
não está expresso na CF/88. Encontra-se implícito no nosso direito fundamental de 
permanecer calado. 
 O direito ao duplo grau de jurisdição está assegurado na alínea h. Vale 
ressaltar que o STF não o reconhece como um direito fundamental, e sim como 
uma garantia que será assegurada sempre que possível (não existirá nos casos de 
competência originária do STF, por exemplo). 
 O respeito à coisa julgada é previsto no item 4, consistindo em uma novidade, 
em matéria penal, nos textos internacionais. É a regra do ne bis in idem. Também 
essa garantia não se encontra expressamente prevista no nosso texto 
constitucional. 
 Por fim, o item 5 assegura a publicidade do processo, com algumas ressalvas, 
como ocorre no nosso texto constitucional. 
 ATENÇÃO! A motivação das decisões judiciais não consta nesse artigo 
como garantia judicial! Isso já foi cobrado em prova. 
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade 
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que 
forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. 
Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicávelno momento da 
perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição 
de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. 
 O artigo consagra os princípios da anterioridade penal e da irretroatividade 
da lei penal mais gravosa, com a obrigatoriedade de aplicação da lei mais 
benéfica. 
Artigo 10º - Direito a indenização 
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido 
condenada em sentença passada em julgado, por erro judiciário. 
 Essa garantia também está prevista na CRFB/88. 
Artigo 11º - Proteção da honra e da dignidade 
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua 
dignidade. 
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida 
privada, na de sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de 
ofensas ilegais à sua honra ou reputação. 
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas. 
 
 
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 Temos aqui a proteção à privacidade, explicitando sua ligação com a própria 
ideia de dignidade humana. A proteção abrange a família, o domicílio, a 
correspondência, a honra e reputação. Como ocorre no nosso ordenamento, a 
proteção não é absoluta, mas as ingerências não podem ser arbitrárias ou 
abusivas. 
Artigo 12º - Liberdade de consciência e de religião 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito 
implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de 
religião ou de crença, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou 
suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. 
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade 
de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita 
unicamente às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger 
a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das 
demais pessoas. 
4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou 
pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas 
próprias convicções. 
 Para o exercício da liberdade de crença, fazem-se necessárias a garantia da 
isonomia e a laicidade de Estado. Um Estado democrático deve resguardar sua 
neutralidade religiosa. Estados totalitários, que adotam religião oficial, acabam 
por interferir de forma indevida na vida privada. 
Artigo 13º - Liberdade de pensamento e de expressão 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito 
compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda 
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma 
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha. 
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a 
censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser 
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar: 
a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou 
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da 
moral públicas. 
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais 
como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de 
frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de 
informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e 
a circulação de ideias e opiniões. 
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo 
exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da 
adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 
 
 
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5. A lei deve proibir toda a propaganda a favor da guerra, bem como toda 
apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à 
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. (Não tem 
correspondência na CRFB/88) 
 A liberdade de expressão é assegurada nesse artigo com algumas restrições 
indiretas, previstas nos parágrafos 3.º e 4.º do artigo 13. 
 Na visão de Fábio Konder Comparato, são restrições à liberdade de atividade 
empresarial em matéria de imprensa, rádio e TV, e não à liberdade pessoal. 
 A Relatoria para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos já concluiu que as leis nacionais que estabelecem crimes de 
desacato são contrárias ao artigo 13 do Pacto de San Jose. Desta forma, 
ninguém poderia ser condenado criminalmente e ter a sua liberdade pessoal 
restringida por uma norma de direito interno que colidisse com a Convenção 
Americana. Conforme a Comissão: “Os funcionários públicos estão sujeitos a 
um maior controle por parte da sociedade. As leis que punem a manifestação 
ofensiva dirigida a funcionários públicos, geralmente conhecidas como “leis 
de desacato”, atentam contra a liberdade de expressão e o direito à 
informação.” 
 No entanto, apesar de uma decisão isolada da Quinta Turma, em 2016, o 
STJ, em 2017 (3ª Seção. HC 379.269/MS, Rel. para acórdão Min. Antônio 
Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017) , e o STF, em 2018 (Informativo 894), 
entenderam que o desacato continua sendo crime e que sua tipificação (art. 
333 do Código Penal) não viola a liberdade de expressão. (Percebam que a 
orientação dos nossos tribunais superiores contraria a orientação da 
Comissão Interamericana. Não é possível dizer que contrarie entendimento 
da Corte Interamericana. Ainda não temos nada expresso nesse sentido). 
Artigo 14º - Direito de retificação ou resposta 
1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu 
prejuízo por meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao 
público em geral tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação 
ou resposta, nas condições que estabeleça a lei. 
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras 
responsabilidades legais em que se houver incorrido. 
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa 
jornalística, cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa 
responsável que não seja protegida por imunidades nem goze de foro especial. 
 Temos aqui a afirmação do direito de retificação ou resposta, perante 
informações inexatas ou ofensivas, emitidas pelos órgãos de comunicação de 
 
 
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massa. A legitimação para exercer o direito, na visão de Comparato, deveria ser 
atribuída também aos órgãos públicos e às organizações não-governamentais. 
Artigo 15º - Direito de reunião 
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito 
só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, em 
uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou 
da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e 
liberdades das demais pessoas. 
 
Artigo 16º - Liberdade de associação 
1. Todas as pessoas têm o direito

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