Buscar

port sofia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCOLA SECUNDÁRIA ANÓNIO DAMÁSIO 
 
SEMPRE É UMA COMPANHIA- Manuel da Fonseca 
 
 
3º Sequência 
(No palco, há um banco que corre ao longo da parede e um velho caminho que vem de Ourique e 
continua para sul. Sobre eles, cruzam os fios da eletricidade que vão para Valmurado.) 
(Batola está sentado no banco, olhando para o horizonte. O sol desanda para trás da casa e começa 
acercar-se a tardinha.) 
BATOLA: (bocejando) Ah, que tarde enfadonha! Já posso vir sentar-me aqui fora, no banco, depois da 
minha sesta. 
(Observa o velho caminho e as casinhas desgarradas e nuas.) 
 
BATOLA: (triste) Aí umas quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado 
escuro,sumidas que estão no fundo dos córregos. E para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a 
solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que dorme 
profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos! 
(O entardecer demora anos e a noite vem de longe, cansada.) 
BATOLA: (cansado) Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tresmalhadas da aldeia. 
Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada nas trevas. E eu, o António Barrasquinho, o Batola, não tenho 
ninguém para conversar, não tenho nada que fazer. Estou preso e apagado no silêncio que me cerca. 
(Ergue-se pesadamente do banco. Olha uma última vez para o horizonte derramado e esfrega a cara.) 
BATOLA: (gritando) Que desgraça! Que tristeza! 
(Abre os braços e boceja profundamente, como se todo o seu corpo fosse se despregar aos bocados. Em 
seguida, um suspiro estrangulado sai-lhe das entranhas e engrossa até se alongar, como um uivo de 
animal solitário.) 
BATOLA: (emocionado) Oh, que solidão! Ninguém para conversar, ninguém para me ouvir. Só o 
silêncio... 
(Quando se acalma, Batola entra na venda, arrastando os pés, sem perceber que aquela noite é a véspera 
de um extraordinário acontecimento. Deita-se na cama, derrotado por mais um dia.) 
 
Realizado por : Ana Sofia Santos nº1, Gonçalo Pinto nº7, Guilherme Semedo 
nº8, João Rodrigues nº11.

Continue navegando