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Após mais de 250 reuniões, negociação com mineradoras envolvidas em tragédia de Mariana é encerrada por falta de acordo

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@PROFESSOR WILLIAM DE ASSIS 
 
ITINERÁRIO FORMATIVO ID 
COMPONENTE CURRICULAR: MINERAÇÃO E RESÍDUOS ELETRÔNICOS 
Após mais de 250 reuniões, negociação com 
mineradoras envolvidas em tragédia de 
Mariana é encerrada por falta de acordo 
Segundo o MPF, a proposta de desembolso financeiro é incompatível com a 
necessidade de reparação integral, célere e definitiva do Rio Doce e das populações 
atingidas 
 
Por Pâmela Dias — Rio de Janeiro 
09/09/2022 10h41. Atualizado 09/09/2022 
 
Cidade de Mariana (MG) após o rompimento de uma barragem de rejeitos. Cidade de Mariana (MG) após o 
rompimento de uma barragem de rejeitos – Foto: Márcia Foletto/Agência O GLOBO. 
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (8), o Ministério Público Federal 
informou que encerrou as negociações com as empresas Samarco, Vale e BHP 
Billiton, envolvidas na tragédia do rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 
2015 no município de Mariana, em Minas Gerais. O episódio, considerado o maior 
desastre socioambiental do Brasil, deixou 19 pessoas mortas e 250 feridas. 
Na nota, os órgãos, que faziam as negociações por meio do Conselho Nacional 
de Justiça (CNJ), disseram lamentar a postura das empresas que, até o momento, 
não chegaram a um acordo quanto às indenizações destinadas às vítimas. Segundo 
o MPF, a proposta de desembolso financeiro é incompatível com a necessidade de 
reparação integral, célere e definitiva do Rio Doce e das populações atingidas. 
Durante 14 meses, nove tentativas de negociações e mais de 250 reuniões 
foram realizadas para tentar uma repactuação entre as partes. O documento foi 
assinado pelos governos de Minas Gerais, Espírito Santo, os Ministérios Públicos 
estaduais e Federal, além das Defensorias Públicas estaduais e da União. 
“Ao final desse processo, a postura das empresas evidenciou, até o presente 
momento, descompromisso com práticas de responsabilidade social e ambiental”, 
concluiu o comunicado. 
Nesta semana, o governo de Minas Gerais foi quem recusou a proposta de 
pagamento das mineradoras responsáveis pelo rompimento da barragem de 
Fundão, após a Samarco e suas controladoras solicitarem o prazo 20 anos para quitar 
o pagamento de R$ 112 bilhões oferecido pela mineradora aos estados de Minas 
Gerais e Espírito Santo. Minas Gerais ficaria com 62% do valor, e o Espírito Santo, 
com os outros 38%. 
Segundo a empresa, 19% seriam pagos nos primeiros quatro anos, e 30%, nos 
últimos cinco anos do prazo. O governo mineiro não concordou com o novo acordo 
e decidiu encerrar a negociação. 
Ao GLOBO, o MPF informou que existe uma ação civil pública junto à Justiça 
Federal em Belo Horizonte que segue em vigor. A ação foi ajuizada pelo MPF em 2 
de maio de 2016 e pede a condenação da Samarco, Vale e BHP Billiton na obrigação 
de reparar integralmente os danos socioambientais e socioeconômicos causados 
pelo desastre do rompimento da barragem de Fundão. 
O valor das reparações foi estimado, nesta ação, em R$ 155 bilhões de reais. 
Enquanto as negociações no CNJ estavam em andamento, o Juízo da 12ª Vara Federal 
suspendeu o trâmite da ação, que deve ser retomado agora. 
O CNJ estava intermediando a repactuação do TTAC, que não tem relação com 
essa ação especificamente, mas que, dependendo do resultado, poderia impactá-la. 
Enquanto as negociações no CNJ estavam em andamento, o Juízo da 12ª Vara Federal 
suspendeu o trâmite da ação, que deve ser retomado agora. 
Procuradas, a Vale e a BHP Brasil disseram que não vão se pronunciar. Já a 
Samarco disse que, com o apoio de suas acionistas, permanece aberta ao diálogo e 
reforça o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo 
rompimento da barragem de Fundão, viabilizando medidas de reparação em favor 
da sociedade. Segundo a mineradora, até julho deste ano, já foram indenizadas mais 
de 400 mil pessoas, tendo sido destinados mais de R$ 23,67 bilhões para as ações 
executadas pela Fundação Renova.

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