Buscar

Prévia do material em texto

Boa tarde a todos aqui presentes, me chamo Carla Nunes, tenho 15 anos, estou no primeiro ano do ensino médio no colégio Tiradentes de Santo Ângelo e hoje vou falar sobre xenofobia no contexto migratório.
 
 Diariamente o mundo tem presenciado guerras e conflitos, que forçam a fuga em massa de muitas pessoas de determinados países a outros, em busca de sobrevivência. Como exemplo temos Haitianos e Venezuelanos que buscam encontrar no Brasil uma nova perspectiva de vida. Muitas vezes essas pessoas são vítimas do ódio e preconceito, esse denominado xenofobia. 
 A xenofobia tem acompanhado a história humana desde o momento em que o homem passou a se organizar em diferentes grupos sociais. A criação de diferentes identidades levou o homem a olhar o seu semelhante como um ser inferior pelo simples fato de não partilhar de uma mesma cultura.
 A palavra xenofobia vem do grego ‘’ xenos’’ que significa estranho ou diferente, e ‘’ phobos’’ que significa medo. Isso refere-se ao intenso e irracional medo que alguém tem de pessoas de distintos grupos sociais, mas principalmente de pessoas vindas de outros países.
 Pode ser classificada em dois tipos principais: “o primeiro tipo é o medo de objetos de culturas diferentes, como roupas, música, culinária ou até mesmo o idioma, além disso ressalta a visão de que a cultura e costumes praticados por estrangeiros seriam uma ameaça para o legado ou tradição já existentes no país’, ‘segundo é a aversão por determinado grupo de pessoas, que não é considerada parte da sociedade, normalmente ocorrido em épocas de imigração em massa, podendo gerar exclusão em alguns espaços e em casos graves até mesmo o genocídio”. 
 E quais seriam as causas para que ocorra xenofobia? Bom, pense que quando uma pessoa nasce as únicas pessoas com as quais está habituada, ou seja, confortável são seus próprios pais. Gradativamente a criança vai se acostumando com outras pessoas, mas ainda assim durante muito tempo, o círculo social dela é resumido a sua família. Quando ela vai para escola pela primeira vez, uma grande mudança é introduzida em seu mundo, já que professores e colegas começam a participar de sua vida.
 Infere que ao longo da vida, o círculo social de uma pessoa é ampliado, mas por ela estar inserida em uma determinada sociedade ela compartilha aspectos culturais, históricos e sociais próprios do seu grupo de origem e quando esse indivíduo é forçado a abandonar seu contexto social por um novo recomeço em terras distantes, com culturas diferentes e um povo que não partilha dos mesmos costumes, muitas vezes o choque cultural é inevitável e provocam desde a indiferença até atos de violência.
 Entre causas, estão também, o pensamento de que os estrangeiros estariam envolvidos em crimes ou seriam perigosos. Mas o mais comum é que o medo tenha relação com a concorrência na conquista de emprego, levantando a ideia de que estrangeiros ‘’ tomariam’’ os cargos que seriam destinados a população, isto é, seriam uma ameaça para a oferta de emprego. 
 Pode haver ainda outra causa, o trauma, já que normalmente a causa dos medos são situações vivenciadas anteriormente. Uma vez que há sim a chance de haverem estrangeiros que entram em um determinado país com más intenções, embora esses casos não possam ser generalizados.
 Mas o que leva alguém a abandonar a sua vida, sua rotina, seu emprego e muitas vezes a própria família? Os motivos são inúmeros, guerras e conflitos étnicos, crises econômicas, catástrofes ambientais, perseguições políticas e religiosas entre outras. Todas razões acompanhadas do sentimento de busca por uma vida digna e de melhores condições, onde todos os direitos dos quais foi privado sejam readquiridos.
 Entre os relatos mais comuns de imigração temos os de haitianos, já citados anteriormente, que desde 2010, quando um forte terremoto atingiu o país da América Central que foi completamente devastado, vem migrando para o Brasil.
 Já os venezuelanos que cada vez em maior número, deixam seu país de origem pela crise econômica e social, fogem da violência, da falta de emprego, mas principalmente da fome ocasionada pelo desabastecimento do país que depende do petróleo (principal fonte da economia) para importar até os produtos básicos necessários para a população.
 Na Europa, muitos países tem recebido desde 2011, cada vez mais imigrantes que fogem de conflitos no Oriente Médio. O fator agravante da crise migratória na Europa é o modo que imigrantes tentam entrar nos países europeus, como barcos e botes clandestinos por exemplo, superlotados que muitas vezes naufragam.
 Outra grande polêmica envolvendo imigrações é o caso da fronteira entre Estados Unidos e México. Na fronteira entre esses dois países há um muro que os divide. Esse muro foi construído pelos Estados Unidos, e tem como o objetivo de estabelecer uma barreira de segurança entre os dois países. O argumento principal do governo dos Estados Unidos para a construção do muro é a busca por um maior controle da fronteira a fim de reduzir a onda migratória do território mexicano em direção ao norte. A pergunta é: isso é uma forma de xenofobia ou não?
 O muro entre a fronteira dos dois países se mostrou como uma barreira ideológica, assim como o muro de Berlim, que na capital alemã representava a divisão entre capitalismo e socialismo, no caso do México e Estados Unidos representa a divisão entre desenvolvimento e subdesenvolvimento. O muro entre os dois países é um local de tensão mundial, não só política, mas humanitária, levando em conta que várias pessoas já morreram ao tentar passar pelo muro. O muro em si, e seus objetivos não é algo xenófobo, porém as consequências que as pessoas tomam por ele passam a ser xenófobas, como a exclusão de imigrantes da sociedade, violência ou comentários discriminatórios.
 A escalada dessa hostilidade pode levar a uma onda de violência, como a que se viu na África do Sul em 2008, onde nigerianos que na época entravam no país em maior quantidade, sofreram inúmeros ataques. Essa reação xenofóbica não é novidade para o país, já que houve vários desses cenários na era do Apartheid, e era esperado que não mais ocorressem depois que o governo democrático foi estabelecido no país em 1994. O recente ódio contra os cidadãos estrangeiros no entanto, provou o contrário.
 Os próprios nigerianos estão familiarizados com esse tipo de ódio em relação aos estrangeiros, já que a nação presenciara uma onda similar de assassinatos nos anos 1980, quando muitas pessoas de origem ganesa foram queimadas até a morte.
 Há então efeitos negativos quando ocorre a xenofobia em uma comunidade, isto é, quando mais de uma pessoa, um grupo em questão partilha de mesmo pensamento preconceituoso. Muito comum que ela se torne fechada, onde não haverá introdução de novas ideologias, inovações e talentos. Também terá efeitos de longo prazo sobre os turistas, que serão desaconselhados e também preferirõ não visitar uma região tão hostil para si. Isso resultará na perda de uma parte da receita e várias indústrias associadas ao setor de turismo serão atingidas.
 E é comum que a manifestação da xenofobia não ocorra tão claramente, pode aparecer em comentários discriminatórios, exclusão de serviços públicos aos quais teriam direito, ataques e assédios por agentes estatais além de ameaças.
 No ano passado ocorreu mais uma edição da copa do mundo FIFA, campeonato que ocorre a cada quatro anos em diferentes países, o evento que enche o país anfitrião de pessoas de todo o mundo tem muitas histórias e relatos envolvendo a xenofobia. Muitas seleções tem jogadores imigrantes nacionalizados, alguns desses jogadores relatam que sofrem sim distinções: “se marco gol, sou francês. Se não marco, sou árabe”. Disse o jogador da seleção francesa Benzema.
 Existem sim políticas e leis para evitar situaçõesassim, mas nem sempre são o suficiente, já que muitas leis não são rígidas, além é claro, da extrema dificuldade de se relatar e denunciar atos xenofóbicos, logo que as leis sofrem variações de um país a outro levando a vítima muitas vezes a não saber como denunciar ou pedir ajuda porque não conhece o modo como funcionam as coisas, ou não tem noção dos seus direitos.
 O fato é que em mundo em processo de globalização, onde tudo circula muito rápido, o fluxo de pessoas vai existir e tornar-se cada vez maior. O tempo todo pessoas chegam e deixam países, legal e ilegalmente. A xenofobia é um efeito colateral do processo de globalização que infelizmente afeta muitas pessoas. 
 Até mesmo já existem varias formas de combate a xenofobia. As principais medidas feitas pelo Estado, tais como, melhorar a política adotada na investigação de crimes xenófobos, cooperação entre ONGs e governo no suporte á estrangeiros no país, banimento de organizações que promovem a xenofobia, curso de língua nativa para os estrangeiros, auxílio financeiro, entre outros. 
 Embora muitas medidas já tenham sido tomadas, o fim da xenofobia é algo praticamente impossível, pois a ideia de uma sociedade perfeita é algo utópico, o que pode ser feito, é conscientizar e influenciar pessoas a nossa volta para esses números reduzirem, é uma mudança junto as pessoas em que estamos em constante convivência, como nossa família, nossos amigos, colegas e professores, buscando assim um ambiente melhor onde o respeito seja mutuo. 
Encerro assim minha oratória com uma fala do poeta libanês Khalil Gibran “Considero-me estrangeiro em qualquer país, alheio a qualquer raça. Pois a terra é minha pátria e a humanidade toda é meu povo”. Obrigada a todos

Mais conteúdos dessa disciplina