Prévia do material em texto
Corrente Interferencial PROF. MSC. LEONARDO A. MASSABKI CAFFARO MESTRE E DOUTORANDO EM CIÊNCIAS (FMUSP) ESPECIALISTA EM FISIOTERAPIA MUSCULOESQUELÉTICA (ISCMSP) SÃO PAULO, 2023 Introdução Definição Aplicação de 2 correntes alternadas (CA) de média frequência (1 kHz-10 kHz) Foras de fase Diferentes frequências Objetivo de atingir tecidos profundos A impedância (resistência) da pele é inversamente proporcional à frequência da corrente elétrica Modulação em baixa frequência (< 1 kHz) Rampazo e Liebano (2021) Criada por Dr. Hans Nemec no começo de 1950 em Viena Utilizada sobretudo na Europa (Austria, Alemanha, Bulgaria e França) O uso de correntes de média frequência é para aumentar a penetração nos tecidos História Rampazo e Liebano (2021) Características físicas Alternada (CA) Bifásica Sem intervalo entre os pulsos Média frequência (1-10 kHz) 2 kHz ou 4 kHz Largura de pulso (fixa) 500 μs (2 kHz) 250 μs (4 kHz) Formato de onda Geralmente senoidal ou quadrada Resultado do fenômeno de interferência Comportamento de onda 2 CAs (média f) Robertson et al., 2009; Liebano (2021) CIV Prentice (2014) Anatomia da onda simples Nó (nodo) Behrens e Beinert (2018) Fenômeno da interferência Construtiva Destrutiva Behrens e Beinert (2018) Parâmetros FREQUÊNCIA PORTADORA, AMF, DELTA F, SLOPE/SWEEP/SWING Frequência portadora Média aritmética das frequências (Ʃ das F)/2 2 ou 4 kHz (F média) Mais confortável CIV pré-modulada Bipolar (IBP) Interferência no aparelho CIV verdadeira Tetraplolar (ITP) Interferência no paciente (canais em X) Frequência de batimento ou AMF Frequência de amplitude modulada Amplitude modulated frequency F1-F2 0-250 Hz Variação de frequência (modulação da frequência/ΔF) Variação da F da AMF Calcular ΔF em % O equipamento da em Hz O quanto a AMF vai variar (0-200%) Exercício Qual a frequência final resultante da interferência de duas correntes de 4000 Hz e 4100 Hz? Qual a AMF? Ao utilizar uma corrente interferencial com AMF de 100 Hz, você decide usar uma variação de frequência de 60%. Qual o valor em Hertz desta variação? Frequência portadora 4000+4100 = 8200 8100/2 = 4050 Hz AMF 4100-4000 = 100 Hz Variação de F 100 Hz – 100% X Hz – 60% 100X = 6000 X = 6000/100 X = 60 Hz Slope/Sweep/Swing Como a AMF vai variar Utilizada para evitar o fenômeno de acomodação Tempo em segundos 6/6 (triangular) 1/5/1 (trapezoidal) 1/1 (quadrado) Rampazo e Liebano (2021) Slope/Sweep/Swing Rampazo e Liebano (2021) AMF escolhida ΔF No exemplo, ΔF é de 50 Hz Slope = Forma = Como Vetor rotacional (Scan vector) Prentice (2014) Parâmetro Explicação Valor Observações Frequência portadora Resultado da Interferência 2 kHz ou 4 kHz Usualmente fazem esta divisão: 2 eletrodos (IBP com 2 kHz) ou 4 eletrodos (ITP com 4 kHz) AMF Frequência resultante da subtração das correntes interferentes 0-250 Hz Valores mais altos para casos agudos. Valor mais usado é de 100 Hz ΔF Variação da AMF, o quanto esta vai variar 0-200% Tradicionalmente utilizado como 60% da AMF Slope/Sweep/Swing Como a AMF vai variar 1/1; 1/5/1; 6/6 Ajuda a evitar a acomodação da corrente. Maior parte dos estudos não mostram diferenças entre os slopes Resumo - Parâmetros Efeitos FISIOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS Inibição segmentar (pré-sináptica) AMF em especial de 100 Hz Inibição extrasegmentar (SNC) Liberação de opióides endógenos Bloqueio fisiológico (Inibição de Wedensky) Fibras C and Aδ não devem conseguir conduzir impulsos nociceptivos após ES de 15 Hz e 40 Hz, respectivamente Efeito placebo Equipamento “moderno”, bonito, impressiona Teorias (ainda a serem estudadas) Rampazo e Liebano (2021) Efeitos fisiológicos e terapêuticos – Resumo essencial Fisiológicos Estimulação de fibras nervosas Sensorial (parestesia) Motora (contração muscular) Dolorosa (dor) Terapêuticos Analgesia Parametrização e aplicação Parametrização Interferência IBP – Áreas pequenas (2 eletrodos) ITP – Áreas grandes (4 eletrodos) Frequência 4000 Hz – Mais confortável (analgesia) 2000 Hz – Recruta mais musculatura AMF Dor aguda: 50-250 Hz 100 Hz é o mais utilizado Dor crônica: 20-40 Hz ΔF Dor aguda: 50-60% AMF Dor crônica: 20-40% AMF Liebano (2021); Setti et al., 2020 Parametrização Slope/sweep 6/6 (fase aguda) 1/5/1* (fase subaguda) < acomodação/habituação 1/1 (fase crônica) Intensidade Sensorial 0-99 mA (geralmente) Tempo tto = 10-30 min Usualmente utilizado 30 min para analgesia Scan vector (Vetor rotacional) 10%, 50%, 100%, OFF Liebano (2021) Procedimentos para aplicação CIV Procedimentos gerais Explicar ao paciente O que é e pra que serve Indicações e contra-indicações Resposta esperada (intensidade) Sensorial Posicionamento Expor, limpar e secar área de tto (álcool 70%) Parametrização Colocação dos eletrodos Liebano (2021) Tipos de Eletrodos e técnicas Auto-adesivo Silicone carbonado (karaya) Técnica 1 par/pcte + Gel hidrossolúvel Bipolar – Áreas pequenas Tetrapolar – Áreas grandes, eletrodos em X (canais cruzados) Liebano (2021) Técnicas de colocação do eletrodos Ponto doloroso Mioenergética Troncular Sobre o local da dor Sobre o ventre muscular Um eletrodo na raiz nervosa e outro onde a dor está irradiando A técnica de trajeto nervoso é semelhante, porém apenas no nervo periférico Setti et al., 2020 Importante Conferir voltagem (110-220 V)! Sempre conferir o contato aparelho-cabo e cabo-eletrodo Deixar intensidade zerada (in tto) Nunca colocar as mãos em baixo do eletrodo quando ligado Processos inflamatórios agudos e dores agudas, é melhor usar frequências altas e intensidades baixas (sensorial) CIV – Cruzar eletrodos em técnica tetraplanar (4 eletrodos) Eletrodos muito distantes entre si podem não “ligar” (do mesmo canal) Indicações e precauções Indicações Precauções Dores aguda e crônica Espasmos musculares Inflamações Pode ser aplicada sobre áreas com osteossínteses Áreas com déficit circulatório (doença? Exacerbar a dor?) Tórax e abdome inferior (Imotora) Doenças de pele Epífise de crescimento Rennie (2011) Contraindicações Áreas hipoestésicas (feedback) Indivíduos com déficit de comunição (feedback) Implantes eletrônicos (marca-passo, Holter) Lombar e abdome de gestantes (Imotora) Trombose ou tromboflebite ativas (local e remota) Desordens hemorrágicas não tratadas Áreas infectadas Áreas recém irradiadas (possível malignidade) Tórax de cardiopatas Seio carotídeo Transcranial e sobre/próximo de gônadas (sem treinamento) Sobre olhos e descontinuidade da derme Epiléticos Rennie (2011) TENS vs. CIV Parâmetros TENS CIV Frequência portadora (F) 1-200 Hz (baixa) 2000/4000 Hz (média), em teoria é + confortável Burst On (2-3 Hz)/Off - Largura de pulso (T) 20-500 µs Fixa em 250 ou 500 µs Intensidade (I em mA) Sensorial-Dolorosa Sensorial AMF - 1-200 Hz Variação de frequência VF = on/off ΔF = 1-200% Slope/sweep - 6/6; 1/5/1; 1/1 Scan vector - Off/ 10-100% Parâmetros que evitam a acomodação/habituação da corrente! Caso 1 Questão Paciente JPBM, ♂ 12 anos 1° dia pós contusão em diáfise de tíbia Queixa: dor em região de diáfise de tíbia ao toque Como utilizar CIV nesse caso? Resposta IBP: bipolar F portadora: 4 kHz AMF: > 50 Hz ΔF: 50-60% Slope/sweep: 6/6 (ou o que preferir) I = Sensorial Tempo = 20-30 min Scan: off Caso 2 Questão Paciente CMBM, ♀ 55 anos Histórico de CA retirado em planta do pé Queixa: lombalgia inespecífica crônica (> 6 meses) e difusa Dor e inflamação crônicas tratáveis Como utilizarCIV nesse caso? Resposta ITP: tetrapolar F portadora: 4 kHz AMF: 20-40 Hz ΔF: 20-40% Slope/sweep: 1/1 (ou o que preferir) I = Sensorial Tempo = 20-30 min Scan: off? Evidências CIV Pesquisando ("burst-modulated alternating currents" OR "interferential current" OR "kilohertz-frequency alternating current" OR "medium-frequency alternating currents") OA de joelho Chen et al., 2022 CIV < dor < rigidez > função Chen et al., (2022) OA de joelho Forest plot CIV diminuiu a dor dos participantes (EVA) Chen et al., (2022) OA de joelho Forest plot CIV diminuiu a dor dos participantes (WOMAC) Chen et al., (2022) OA de joelho Forest plot CIV aumentou a função dos participantes Teste de caminhada Chen et al., (2022) OA de joelho Forest plot CIV diminuiu a rigidez articular dos participantes à curto prazo Parâmetros utilizado nos estudos desta revisão sistemática com metanálise: Frequência portadora: 4 kHz Posicionamento dos eletrodos: tetrapolar AMF: 30-130 Hz (+ usado 80-100 Hz) Intensidade: sensorial Tempo de aplicação: 15-40 min (20 min + comum) Período de tratamento: 3-8 sem (principalmente 4 sem) Protocolo de tratamento: 2-5 dias/sem (principalmente 3 dias) Chen et al., (2022) Zeng et al., 2015 OA de joelho Design/objetivo: Meta-análise, uso de ES em OA de joelho Método: TENS (alta e baixa F), CIV, NMES Resultados: A CIV foi a única ES que foi estatisticamente significante na diminuição da dor em relação aos grupos controles Conclusão: A CIV é o tratamento mais eficiente para a analgesia destes pacientes Dor aguda e crônica TENS vs. CIV Resultados semelhantes para dor De Almeida et al., (2018) Dor aguda e crônica TENS vs. CIV Resultados podem tender para a CIV Mas não há diferenças estatisticamente significantes De Almeida et al., 2018 Condições musculoesqueléticas Tratamento apenas de CIV? Diferentes comparações com diferentes tipos de grupo Avaliação referente à dor Fuentes et al., 2010 Condições musculoesqueléticas CIV isolada vs. placebo 1 e 4 semanas Sem diferenças estatísticas Fuentes et al., 2010 Condições musculoesqueléticas CIV isolada vs. Tratamento “convencional” 3 e 8 semanas Sem diferenças estatísticas, porém tende ao tratamento convencional Fuentes et al., 2010 Condições musculoesqueléticas CIV + Tratamento “convencional” vs. Grupo controle 3 e 8 semanas CIV + Tratamento “convencional” é superior CIV como um tratamento complementar! Fuentes et al., 2010 Condições musculoesqueléticas CIV + Tratamento “convencional” vs. Placebo 3 e 8 semanas CIV + Tratamento “convencional” é superior CIV como um tratamento complementar! Fuentes et al., 2010 Condições musculoesqueléticas CIV + Tratamento “convencional” vs. Tratamento “convencional” Tende para CIV + Tratamento “convencional” Sem diferenças estatísticas Fuentes et al., 2010 Referências bibliográficas Almeida CC, Silva VZMD, Júnior GC, Liebano RE, Durigan JLQ. Transcutaneous electrical nerve stimulation and interferential current demonstrate similar effects in relieving acute and chronic pain: a systematic review with meta- analysis. Braz J Phys Ther. 2018 Sep-Oct;22(5):347-354. doi: 10.1016/j.bjpt.2017.12.005. Epub 2018 Feb 2. PMID: 29426587; PMCID: PMC6157468. Ammer K. Electrotherapy. Wien Med Wochenschr 1994;144(3):60-5. Behrens B, Beinert H. Agentes físicos em reabilitação teoria e prática baseada em evidências. 3ª Ed. Barueri: Manole, 2018. Chen, HL., Yang, FA., Lee, TH. et al. Effectiveness of interferential current therapy in patients with knee osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Sci Rep 12, 9694 (2022). https://doi.org/10.1038/s41598-022-13478-6. Fuentes JP, Armijo Olivo S, Magee DJ, Gross DP. Effectiveness of interferential current therapy in the management of musculoskeletal pain: a systematic review and meta-analysis. Phys Ther. 2010;90:1219–1238. Liebano, Richard Eloin. Eletroterapia Aplicada à Reabilitação. Thieme Revinter. Edição do Kindle, 2021. Prentice, William E.. Modalidades Terapêuticas para Fisioterapeutas. Edição do Kindle, 2014. Johnson MI. Transcutaneous electrical nerve stimulation. 2009:259-86. Rampazo, É. P., & Liebano, R. E. (2022, January 1). Analgesic Effects of Interferential Current Therapy: A Narrative Review. Medicina (Lithuania). MDPI. https://doi.org/10.3390/medicina58010141 Rennie S. Electrophysical agents contraindications and Precautions: An Evidence-Based Approach to Clinical Decision Making in Physical Therapy. Physiother Can 2011;62(5):1-80. Robertson V, Ward A, Low J, Reed A. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 4ª Ed. São Paulo: Elsevier, 2009. https://doi.org/10.1038/s41598-022-13478-6 leonardo.caffaro@docente.unip.br unip.br @leocaffaro Aulas Obrigado! mailto:Leonardo.caffaro@docente.unip.br Questões? Slide 1: Corrente Interferencial Slide 2: Introdução Slide 3: Definição Slide 4: História Slide 5: Características físicas Slide 6: CIV Slide 7: Anatomia da onda simples Slide 8: Fenômeno da interferência Slide 9: Parâmetros Slide 10: Frequência portadora Slide 11: CIV pré-modulada Slide 12: CIV verdadeira Slide 13: Frequência de batimento ou AMF Slide 14: Variação de frequência (modulação da frequência/ΔF) Slide 15: Exercício Slide 16: Slope/Sweep/Swing Slide 17: Slope/Sweep/Swing Slide 18: Vetor rotacional (Scan vector) Slide 19: Resumo - Parâmetros Slide 20: Efeitos Slide 21: Teorias (ainda a serem estudadas) Slide 22: Efeitos fisiológicos e terapêuticos – Resumo essencial Slide 23: Parametrização e aplicação Slide 24: Parametrização Slide 25: Parametrização Slide 26: Procedimentos para aplicação Slide 27: Procedimentos gerais Slide 28: Tipos de Eletrodos e técnicas Slide 29: Técnicas de colocação do eletrodos Slide 30: Importante Slide 31: Indicações e precauções Slide 32: Contraindicações Slide 33: TENS vs. CIV Slide 34: Caso 1 Slide 35: Caso 2 Slide 36: Evidências Slide 37: Pesquisando Slide 38: OA de joelho Slide 39: OA de joelho Slide 40: OA de joelho Slide 41: OA de joelho Slide 42: OA de joelho Slide 43: OA de joelho Slide 44: Dor aguda e crônica Slide 45: Dor aguda e crônica Slide 46: Condições musculoesqueléticas Slide 47: Condições musculoesqueléticas Slide 48: Condições musculoesqueléticas Slide 49: Condições musculoesqueléticas Slide 50: Condições musculoesqueléticas Slide 51: Condições musculoesqueléticas Slide 52: Referências bibliográficas Slide 53: Obrigado! Slide 54: Questões?