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História da África Pré Colonização Aula 6: “Os herdeiros de Ododua”: Sociedades da África Ocidental Apresentação Nesta aula, você identi�cará o mito fundador das sociedades iorubas, além de analisar a importância religiosa desempenhada por Ifé e examinar as relações econômicas desenvolvidas pela cidade do Benin. Objetivo Identi�car a matriz mitológica que une a história das duas cidades (Ifé e Benim); Analisar as dinâmicas socioeconômicas de cada uma das cidades-estado; Reconhecer como a religião foi determinante na conformação política dessas cidades. Ifé, o Umbigo do Mundo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Construída por volta do século VI d.C. numa região de �oresta tropical próxima aos rios Níger e Bernué, durante mil anos Ifé foi “o umbigo do mundo”, segundo os iorubas. Embora até hoje seja um importante centro religioso na África, no século XVI Ifé entrou em franco declínio econômico. A religiosidade era um aspecto determinante na vida de Ifé e em boa parte estava representada pela �gura do oni, ou rei de Ifé. Tido como um rei divino, o oni de Ifé, junto com a responsabilidade de legitimar todos os líderes das cidades- estados descendentes de Odudua, também deveria administrar assuntos “terrenos”, como a cobrança de impostos, o controle da agricultura e o intenso comércio que era realizado na cidade. Localização geográfica de Ifé Mapa da África Ocidental com destaque paras as cidades de Ifé e Benin Por ocupar uma posição estratégica na Costa Ocidental africana, a cidade de Ifé não só tinha uma agricultura e atividade pesqueira fértil, como também se tornou um importante polo comercial. Atenção Lá eram comercializados milhete, inhame, dendê, feijão e quiabo cultivados nas regiões de �oresta, os grãos e cereais produzidos nas savanas, além dos instrumentos feitos de ferro e contas de pedra e de vidro (utilizadas como ornamentos e enfeites). Além dos habitantes da cidade, esse forte comércio atraia povos vizinhos como os nupês e os vangaras. Junto com a religião e o comércio, a produção artística também era uma característica marcante da cidade de Ifé. As esculturas de cabeças, tanto em terracota como em bronze encontradas em escavações colocaram as esculturas de Ifé na mesma tradição artística encontrada no Egito Antigo, na Grécia e Roma Clássicas e na Itália renascentista, na qual os artistas procuravam alcançar a beleza perfeita por meio do retrato �el do ser humano. Cabeça de bronze encontrada em Ifé Se observadas com atenção, percebe-se que as cabeças encontradas em Ifé possuem um acabamento perfeito e são de uma beleza quase inigualável. Tanto as esculturas de bronze como as de terracota retratam o rosto humano em harmonia e equilíbrio, o que sugere que o artista era inspirado em modelos humanos na busca da beleza ideal. A Cidade de Benin e seus Obás Localizada ao sudeste de Ifé, a cidade Benin (na atual Nigéria e que por isso não deve ser confundida com o país Benin) também acreditava ser descendente de Odudua e, embora fosse composta pelo povo edo, pagava tributos religiosos à Ifé. Benin era uma cidade-estado murada que se formou a partir da cornubação de diversos vilarejos próximos. Embora essas aldeias formassem uma unidade política maior, cada uma delas manteve sua estrutura social e seus chefes, o que, com o passar do tempo, causou inúmeros con�itos entre as diferentes lideranças. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Segundo a tradição oral, a unidade política do Benin só foi alcançada quando Eueca passou a governar a cidade como obá, o chefe soberano e divino. Eueca era �lho de Erinuide, uma mulher edo, com Oraniã, �lho de Odudua, e por isso herdeiro do trono de Ifé. Dessa feita, ele cumpria todos os requisitos para ser o soberano do Benin. Mesmo sendo um rei soberano e divino, os antigos chefes das aldeias que compunham a cidade de Benin, os uzamas, continuaram exercendo grande poder sobre sua comunidade. Eles viviam em vilarejos fora das muralhas da cidade e garantiam a administração desses locais, com exceção da aplicação da pena de morte, que era um atributo exclusivo do obá. Head of Oba, 16th C, Edo peoples, Nigeria, Court of Benin, brass (Met #1979.206) O Obá de Benin no séc. XVII Dentro das muralhas, o obá contava com o auxílio de nobres que cuidavam da vida particular do obá e controlavam as �nanças, sobretudo os impostos cobrados pela circulação de mercadorias na cidade. A baixa fertilidade do solo fez com que Benin tivesse uma produção agrícola pobre. O inhame era a base da alimentação da população edo, só que, ao contrário dos demais produtos, era cultivado por homens. A produção do amendoim, do melão, do dendê e dos feijões �cava a cargo das mulheres. Cauris – conchas utilizadas como moeda na cidade de Benin Em contrapartida, a localização geográ�ca de Benin permitiu que a cidade rapidamente se transformasse em um importante entreposto comercial. Produtos oriundos da costa atlântica, como o peixe seco, eram vendidos nos mercados de Benin, que também negociavam o inhame, os feijões e a criação de gado da região das savanas e o sal que vinha do Saara. Outro atrativo de Benin era a produção do índigo utilizado no tingimento de tecidos. Para facilitar esse comércio, foi introduzido um sistema monetário composto de barras e manilhas de cobre, pedaços de ferro em forma de arco e cauris (Um tipo de concha encontrada no litoral africano que foi usada como moeda por diferentes sociedades). O artesanato também era uma atividade importante em Benin. As corporações de ofício �cavam em bairros especí�cos e eram responsáveis pela produção de instrumentos e utensílios de barro, cobre e ferro e os ornamentos do palácio do obá. Junto com esses ferreiros e ceramistas, o Benin também conheceu uma importante classe de artistas que, segundo a tradição oral, havia herdado o padrão artístico de Ifé graças à migração de um artesão dessa cidade. O bronze, o ferro e a terracota eram as principais matérias-primas para os artistas de Benin. Cabeça de terracota Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mapa hidrográfico de Benin Foi justamente com o intuito de ampliar suas redes de comércio que Benin iniciou sua expansão militar. Sob o comando do obá, a cidade formou um poderoso exército que passou a dominar grandes mercados e controlar rotas �uviais de comércio. Cada colônia fundada era administrada por um “�lho de Benin”. A ampliação territorial de Benin foi de fundamental importância para a maior centralização do poder nas mãos do obá. A ascensão de Ogun, que adotou o nome de Euare, representou o ponto de virada na administração da cidade. Durante seu reinado, foi formado um conselho de estado do qual faziam parte tanto a nobreza do palácio de Benin quanto os chefes de pequenas cidades que haviam sido nomeados pelo próprio Euare e recebiam escari�cações que os distinguiam dos demais habitantes e dos escravos. Com um forte exército e uma nobreza coesa, conta-se que as tropas de Euare conseguiram capturar cerca de duzentas cidades e aldeias que passaram a copiar as instituições políticas de Benin. Todavia, mesmo com todo esse poderio militar, Benin não foi capaz de subjugar os povos edos que viviam nas montanhas. Euare também foi responsável pela reconstrução da cidade de Benin. Além de forti�car as muralhas, ele mandou construir grandes avenidas que separavam o palácio da cidade, onde dispôs as corporações de ofício em bairros especí�cos, cujas casas eram feitas de barro socado e cobertas de palha. Segundo o relato de um viajante holandês, o palácio de obá era composto por diversos edifícios nos quais viviam o soberano, suas esposas e os nobres com suas famílias, seus agregados e deuses escravos. Como ocorreu com muitas sociedades da África Ocidental, a história da cidade de Benin sofreu muitas mudanças a partir da chegada dos europeus e do estabelecimento de relações comerciais.Atividade 1. Podemos dizer que Ifé, no séc. VI d.C., foi considerada... a) o cérebro do mundo b) o coração do mundo c) o umbigo do mundo d) o berço do mundo 2. O artesanato de Obá tinha como matéria-prima: a) barro, cobre e ferro. b) barro, bronze e ouro. c) cobre, prata e ferro. d) ouro, ferro e prata. Referências M'BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Lisboa: Vulgata, 2003. SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A África e a escravidão de 1500 a 1700, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002. SILVA,A.C. A enxada e a lança. A África antes dos portugueses. Nova Fronteira/EDUSP. São Paulo, 1992. Próxima aula Conformação matrilinear do reino do Congo; A importância que os ferreiros tinham no reino do Congo; A rede socioeconômica estabelecida pelos chefes do reino do Congo. Explore mais
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