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Resumos de Farmacologia 1

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SUMÁRIO 
 
PARTE 1 
Aula 1: Introdução à Farmacologia 
Aula 2: Farmacocinética I 
Aula 3: Farmacocinética II 
Aula 4: Farmacodinâmica 
Aula 5: Sistema Nervoso; Sistema Nervoso Autônomo Simpático 
Aula 6: Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático 
Aula 7: Gânglios Autonômicos; Junção Neuromuscular 
Aula 8: Antimicrobianos; Antibacterianos; Antifúngicos 
Aula 9: Antivirais; Antiparasitários 
 
PARTE 2 
Aula 1: Farmacologia das dislipidemias 
Aula 2: Anti-hipertensivos 
Aula 3: Farmacologia da insuficiência cardíaca 
Aula 4: Antianginosos; Antiarrítmicos 
Aula 5: Farmacologia gástrica 
Aula 6: Farmacologia da motilidade intestinal 
Aula 7: Diabetes 
Aula 8: Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES) 
Aula 9: Anti-inflamatórios esteroidais (AIES) 
Aula 10: Farmacologia do sistema respiratório 
Aula 11: Opioides 
Aula 12: Ansiolíticos e antidepressivos 
Aula 13: Antipsicóticos 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 1 
Farmacologia das dislipidemias 
Dislipidemias: alteração nos níveis de lipídeos. É mais comum 
que os lipídeos estejam acima dos valores considerados normais. 
A hipocolesterolemia é extremamente rara. 
 
 Altos níveis de colesterol estão relacionados a diversos 
problemas de saúde, principalmente, os cardiovasculares. A 
aterosclerose pode provocar infarto e isquemias. 
 O uso de estatinas diminui as complicações provocadas por 
acidentes cardiovasculares. O controle dos triglicerídeos e do 
colesterol total deve ser eficaz para que esses eventos não 
aconteçam. 
 
 Quanto mais alto o nível de colesterol, maior a taxa de 
mortalidade. Colesterol total acima de 200 mg/dL é considerado 
alto. 
 
Lipídeos 
Quem são os lipídeos? São compostos constituídos por uma série 
de outras substâncias. 
▪ Lipídeos de membrana celular: bicamada de fosfolipídeos; 2 
cadeias de ácidos graxos interligadas por um grupamento 
fosfato. 
▪ Triglicerídeos: são fontes importantes de energia, 
principalmente para os músculos; 3 cadeias de ácidos graxos 
interligadas por um grupamento glicerol; compostos por gordura 
saturada, não possuindo dupla ligação em sua estrutura. 
 Os ácidos graxos saturados, no fígado, são convertidos em 
cadeias circulares, formando o colesterol. Esses ácidos graxos 
são mais prejudiciais ao organismo humano. 
 O colesterol é obtido por meio da ingestão de alimento animal 
(origem exógena), sendo absorvido no intestino delgado. Alguns 
órgãos do nosso organismo produzem colesterol, como fígado, 
ovários, adrenal e testículos (origem endógena). O colesterol de 
origem endógena é utilizado para síntese de hormônios pelas 
glândulas que o produzem. 
▪ Lipídeos insaturados: a grande maioria é obtida por meio da 
ingestão de vegetais. 
 
Colesterol 
Biossíntese do colesterol: 
1. O colesterol é sintetizado a partir do metabolismo da glucose, 
de ácidos graxos ou de proteínas. Essa metabolização origina 
Acetil-CoA. 
2. O Acetil-CoA sofre ação da enzima HMG-CoA sintetase e HMG-
CoA é formado. 
3. A metabolização do HMG-CoA, substância precursora do 
colesterol, pela HMG-CoA redutase origina mevalonato. 
4. O mevalonato é convertido em esqualeno, um colesterol 
primitivo. 
5. O esqualeno origina, então, o colesterol. 
6. O colesterol juntamente com a lecitina forma o colesterol 
esterificado, forma do colesterol passível de ser conduzida pelas 
lipoproteínas. 
 
!! A inibição da HMG-CoA redutase inibe a produção de 
colesterol (mecanismo de ação das estatinas). 
!! A redução de colesterol no plasma sanguíneo faz com que o 
fígado tente aumentar a captação dessa substância. Para isso, o 
órgão aumenta a expressão de receptores de LDL. Assim, a 
síntese do colesterol e o nível de colesterol circulante diminuem. 
 
 O colesterol compõe hormônios esteroides, sais biliares e 
membranas plasmáticas. Para que ele seja distribuído pelo 
organismo ele não pode estar em sua forma livre. As 
lipoproteínas são moléculas carreadores de colesterol. 
 
Lipoproteínas 
Lipoproteínas: estruturas moleculares que transportam gordura. 
 As lipoproteínas são constituídas por triglicerídeos e 
colesterol esterificado, internamente (região hidrofóbica), e por 
fosfolipídeos, externamente (moléculas anfipáticas). O 
colesterol livre fica entremeado aos fosfolipídeos. O principal 
componente das lipoproteínas são as apoproteínas. 
CONSTITUIÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS: apoproteína + colesterol livre + 
fosfolipídeo + triglicerídeo e estér de colesterol 
 
...o colesterol NÃO fica livre no plasma, sendo sempre carreado 
por diferentes lipoproteínas. 
 
Quais os tipos de lipoproteínas? HDL, LDL, VLDL e quilomícron – 
de maior para menor densidade. 
 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 1 
 A densidade das lipoproteínas é inversamente proporcional 
ao seu volume. Quanto mais densa uma molécula, menor ela é e 
mais conteúdo ela possui em seu interior. 
▪ HDL: “colesterol bom”; leva colesterol dos tecidos para o 
fígado; reduz os níveis de colesterol do plasma sanguíneo. 
▪ LDL: “colesterol ruim”; carreia um volume muito grande de 
colesterol; leva colesterol para os tecidos. 
▪ VLDL: transporte de triglicerídeos, principalmente. 
▪ Quilomícron: transporte de triglicerídeos, principalmente. 
▪ IDL: possui densidade intermediária entre VLDL e LDL; 
rapidamente metabolizada pelo fígado; dura pouco tempo no 
plasma sanguíneo. 
 
 
Apoproteínas 
 As apoproteínas interagem com os receptores teciduais 
permitindo a troca de colesterol entre tecidos. Elas também 
agem como co-fatores de determinadas enzimas. 
 As apoproteínas do tipo B aparecem em todas as 
lipoproteínas de baixa densidade. A B100 está presente em LDL 
e VLDL e a 48 está presente no quilomícron. 
 As apoproteínas dos tipos A-I e A-II são as principais existentes 
na HDL. 
!! Existem fármacos que interferem na produção da proteína 
B100, que atuam diminuindo a produção de LDL e VLDL. 
 
 
Metabolismo dos lipídeos 
→ Via exógena: absorção de colesterol após ingestão de 
alimento que contém gordura. 
 O alimento ingerido chega no intestino delgado, onde sofre 
ação de enzimas pancreáticas, que degradam gordura em ácidos 
graxos. Os ácidos graxos são absorvidos pelos enterócitos e são 
incorporados aos quilomícrons. Os quilomícrons caem no ducto 
linfático. O ducto linfático, na altura da aorta, despeja o seu 
conteúdo no sangue. 
 O colesterol pode ser absorvido em sua forma livre através de 
transportadores. O NPC1-L1 é um transportador de colesterol 
exógeno que leva o colesterol presente no lúmen do intestino 
até a corrente sanguínea. 
 Os quilomícrons circulantes, ao se encontrarem com tecido 
adiposo e muscular interagem com tais células. As células 
liberam lipase lipoproteica capaz de quebrar os TG presentes 
dentro do quilomícrons em ácidos graxos, que são incorporados 
pelos tecidos. Os remanescentes de TG chegam no fígado, onde 
são captados e utilizados para produção de VLDL com o auxílio 
da proteína MTP. 
!! Existem fármacos (Ezetimiba) que inibem a ação da NPC1-L1, 
inibindo a absorção do colesterol exógeno. 
 
→ Via endógena: órgãos do corpo produzem colesterol. 
 O VLDL produzido pelo fígado cai na circulação e interage com 
tecido adiposo e muscular, principalmente, liberando ácidos 
graxos livres. Surgem, então, os remanescentes do VLDL. O IDL é 
o principal remanescente, ficando pouco tempo consistente no 
organismo e pode interagir com HDL, se transformando em LDL, 
ou pode ser captado pelo fígado, onde é metabolizado pela 
lipase hepática. 
 O LDL produzido interage com os tecidos com o auxílio da 
apoproteína B100. Após interagir com os tecidos, o HDL capta os 
remanescentes de colesterol e os leva novamente para o fígado. 
 O VLDL também consegue interagir com HDL, trocando TG por 
colesterol. 
!! Quanto maior a captação de LDL pelo fígado, menor é o nível 
de colesterol circulante. A expressão de receptores de LDL no 
fígado é dependente da concentração de colesterol que é 
produzido pelo organismo. 
 A proteína PCSK9inibe a reciclagem dos receptores de LDL 
pelo fígado, impedindo que eles se expressem novamente e 
aumentando o LDL circulante. Existem fármacos que inibem o 
funcionamento dessa proteína. 
!! A síntese hepática máxima de colesterol pelo fígado ocorre 
entre 00:00 e 02:00. 
 
Eliminação do colesterol: 
 A eliminação do colesterol acontece principalmente via fecal. 
Os sais biliares são compostos de colesterol e são degradados 
pelas bactérias intestinais, sendo, posteriormente, excretados. 
Apenas 5% do colesterol é excretado do organismo. 
 No ciclo entero-hepático, os sais biliares são secretados no 
intestino delgado, onde emulsificam gorduras. Posteriormente, 
eles são reabsorvidos pelo fígado, permitindo que o colesterol 
presente em sua composição seja reutilizado. Alguns fármacos 
atuam no ciclo entero-hepático. 
 
Dislipidemias 
 
 
 As dislipidemias são alterações 
metabólicas lipídicas decorrentes 
de distúrbios em qualquer fase do 
seu metabolismo. Essas 
alterações ocasionam alteração 
no nível sérico das lipoproteínas. 
 
 
Dislipidemia primária: ocasionada por alterações genéticas 
(mutações nos receptores de LDL, mutação em gene que codifica 
Apo-B); classificadas em 6 fenótipos de acordo com a 
classificação de Frederickson. 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 1 
 
 
Dislipidemia secundária: aparece como consequência de outras 
condições (DM, etilismo, insuficiência renal, obesidade e uso de 
determinados fármacos - isotretinoína, tamoxifeno, ciclosporina, 
inibidores de protease). 
!! O tipo mais grave de dislipidemia é a hipercolesteromia 
familiar. 
 
Terapêutica: 
 A terapêutica das dislipidemias é baseada na prática de 
exercícios físicos, no consumo de alimentos que contenham 
gorduras insaturadas, no consumo moderado de bebidas 
alcoólicas e no uso de fármacos. 
 O tratamento farmacológico é indicado de acordo com o risco 
do paciente a recebê-lo. Ele deve ser empregado quando o efeito 
da mudança de hábitos é insatisfatório. Cada fármaco está 
relacionado a um diferente tipo de dislipidemias. 
 
Medicamentos contra hipercolesterolemia 
1. ESTATINAS: atuam inibindo a síntese do colesterol. 
 Quando o paciente apresente hipercolesterolemia isolada e 
pode utilizá-las, as estatinas são os medicamentos de primeira 
escolha. Elas podem ser usadas combinadas em casos 
estritamente analisados (estatina + ezetimiba, estatina + 
colestiramina, estatina + fibratos ou ácido nicotínico). 
 
▪ Mecanismo de ação: inibe a HMG-CoA redutase; competição. 
O colesterol disponível para uso pelas células diminui e a 
quantidade de receptores de LDL aumenta. Tanto o LDL quanto 
o VLDL circulantes diminuem. 
 
 Estatinas de primeira geração: lovastatina, mevastatina, 
sinvastatina, pravastatina. 
 Estatinas de segunda geração: atorvatastina, cerivastatina, 
rosuvastatina, pitavastatina. 
 Ambas as gerações possuem uma molécula parecida com a da 
enzima HMG-CoA redutase em sua estrutura. Assim, esses 
fármacos competem com a enzima e impedem a formação do 
colesterol. 
 
“Regra dos 6%”: a dose inicial, quando dobrada, reduz mais 6% 
dos níveis de colesterol. 
→ Valores médios de inibição do colesterol: LDL tem redução de 
15 a 55% e TG, de 7 a 28%; HDL tem aumento de 2 a 10%. 
!! A maior parte das estatinas é metabolizada por meio da ação 
do CYP. 
 
▪ Problemas: intolerância ou falta de resposta. 
▪ Efeitos adversos: transtornos no TGI (estatinas lipofílicas; 
náuseas, vômitos, dor abdominal, flatulência, diarreia), efeitos 
no SNC (tontura, visão borrada, cefaleia), distúrbios transitórios 
dos exames da função hepática e hepatite (raro), miopatias (dor 
muscular, inflamação muscular). 
 - As estatinas são contraindicadas na gravidez (risco C). 
 - As miopatias aparecem com maior frequência quando as 
estatinas são administradas em associação com outros fármacos 
(interação medicamentosa), como fibratos, ciclosporina, 
varfarina, macrolídeos e azólicos. Por isso, as terapias 
combinadas devem ser feitas apenas para pacientes de alto 
risco. 
 
2. INIBIDORES DA ABSORÇÃO DE COLESTEROL: 
 A absorção de colesterol pode ser alterada por meio de dois 
diferentes tipos de medicamentos, os sequestradores de sais 
biliares (colestiramina, colestipol, colesevelam) e os inibidores 
da absorção do colesterol no intestino (ezetimiba). 
 
I. Sequestradores de sais biliares: resinas de carga positiva; se 
unem aos sais biliares, tornando-os estruturas grandes e que não 
são passíveis de serem reabsorvidas; devem ser administrados 
antes das refeições; podem ser usados por crianças e mulheres 
em período reprodutivo porque não são absorvidos. 
 Esses fármacos aumentam a excreção de sais biliares, fazendo 
com que o fígado produza maior quantidade de sais biliares. 
Assim, o fígado aumenta a quantidade de receptores de LDL para 
que consiga produzir a substância. 
 Os sais biliares possuem carga negativa e, por isso, os 
sequestradores de sais biliares conseguem se unir a eles. 
Efeitos adversos: constipação, náusea, flatulência, alteração da 
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e fármacos 
(digoxina, varfarina), aumento dos níveis de TG (não usar em 
pacientes com hipertrigliceridemia!). 
 
II. Inibidores seletivos da absorção do colesterol: associação com 
estatinas (uso coadjuvante); não afeta a absorção de vitaminas, 
TGs ou ácidos biliares; pode ser administrado em qualquer 
momento do dia. 
 Esses fármacos atuam bloqueando o transportador NPC1-L1 
nas microvilosidades dos enterócitos. 
!! Ao inibir a absorção intestinal, o fígado aumenta a biossíntese 
do colesterol e deve-se começar o uso das estatinas. Os 
inibidores são ruins como monoterapia porque AUMENTA a 
síntese de colesterol! 
 
3. INIBIDORES DA PCSK9: anticorpos monoclonais que atuam 
inibindo a reciclagem dos receptores de LDL (avolocumabe e 
alirocumabe). 
- Administração via subcutânea; 
- Inibem a PCSK9 o que aumenta a expressão de LDL-R na 
superfície dos hepatócitos. 
 
Medicamentos contra a trigliceridemia 
1. FIBRATOS: bezafibrato, ciprofibrato, genfibroliza, fenofibrato, 
clofibrato – derivados do ácido fíbrico; estimulam o receptor 
nuclear PPAR-alfa; atuam diminuindo VLDL e TG, principalmente; 
diminuem LDL moderadamente; aumentam HDL 
moderadamente. 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 1 
 O estímulo do PPAR-alfa induz a síntese de apoproteína A, 
fazendo com que maior quantidade de HDL seja produzida. 
Aumento da oxidação de ácidos graxos e da expressão de lipase 
lipoproteica também acontecem. 
!! São a primeira a opção de tratamento quando há 
hipertrigliceridemia isolada. 
 A genfibrozila aumenta a concentração plasmática da 
estastina... evitar a associação! 
 
2. ÁCIDO NICOTÍNICO: niacina (acipimox) – derivado da vitamina. 
 Esse fármaco atua diminuindo a lipase tecidual no adipócito, 
diminuindo a concentração de ácidos graxos no sg. Assim, o 
substrato para síntese de TG cai. Consequentemente, os TGs que 
formam o VLDL não estarão disponíveis e os níveis de VLDL e LDL 
diminuem. 
 A niacina também induz o aumento da produção de ApoA, 
aumentando a concentração de HDL. 
▪ Efeitos adversos: mal tolerado; rubor e prurido por 
vasodilatação cutânea; dor abdominal, dispepsia e diarreia; 
hepatotoxicidade (1,5 a 2g); exacerbação de gota, aumentando 
a quantidade de ácido úrico no sangue. 
!! Fazer aumento gradual da dose quando houver indicação de 
uso. 
 
Outras terapias: 
1. Inibidores da proteína de transporte microssômico (MTP): não 
existem no BR; Lomitapida. INDICADA PARA CASOS DE 
HIPERCOLESTEROMIA GRAVE! 
 Esses fármacos impedem MTP de montar e liberar ao plasma 
lipoproteínas que contêm Apo B (VLDL, LDL e IDL), diminuindo a 
concentração de lipídeos no sg. 
2. Fármacos que alteram a Apo B: Mipomerseno. 
 Esses fármacos atuam inibindo a síntese de ApoB-100 e de 
LDL. 
3. Ácidos graxos e ômega 3. 
 
Adendos 
 
 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 2 
Anti-hipertensivos 
 O aumento do volumesanguíneo leva ao aumento da pressão 
arterial, naturalmente. O aumento da pressão é percebido pelos 
centros de integração do corpo. - 
 A resposta é rápida quando o sistema nervoso autônomo e os 
baroceptores autuam. A compensação é feita pelo sistema 
cardiovascular que promove vasodilatação ou queda do DC, 
fazendo com que a pressão retorna à normalidade. 
 A resposta é lenta quando o SRAA entra em ação. A 
compensação é feita pelos rins que excreta maior quantidade de 
líquido e produz moléculas que levam ao controle da PA. 
 Quando algum desses mecanismos fisiológicos falha, o 
aumento da pressão arterial não é compensado e ela fica 
elevada por um longo período de tempo. O não controle da 
pressão alta provoca danos, levando ao desenvolvimento do 
quadro de hipertensão. 
 
 A hipertensão primária é multicausal (90-95%) e a secundária 
aparece como consequência de outro fator. 
Quem pode causar hipertensão secundária? Distúrbios 
endócrinos, distúrbios renais, gravidez e uso de determinados 
medicamentos (anticoncepcional, descongestionante nasal, 
antidepressivos, corticoides). 
 
Consequências da HAS: IAM (excesso de trabalho do músculo 
cardíaco), AVE, ICC (perda da atividade normal do coração), IR 
(falha do funcionamento dos rins), insuficiência vascular 
periférica e alterações na retina (retinopatia hipertensiva). 
 
 A hipertensão pode ser tratada com ou sem o uso de 
medicações (duas frentes de tratamento). O tratamento não-
farmacológico envolve mudanças do estilo de vida, como 
controle do peso corporal, prática de atividade física, menor 
ingestão de bebidas alcoólicas, sal e gorduras, adequada 
ingestão de potássio, cálcio e magnésio e deixar de fumar. Já o 
tratamento farmacológico atua na redução do débito cardíaco 
e/ou da resistência vascular periférica (anti-hipertensivos). 
 
“A hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada 
pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias, 
associados a alterações metabólicas e hormonais. Ela acontece 
quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou 
ultrapassam os 140/90 mmHg. Na hipertensão, o coração exerce 
um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue 
seja distribuído corretamente no corpo. No Brasil, as mulheres 
ainda continuam com maior prevalência de diagnóstico médico 
de hipertensão arterial quando comparado aos homens, tendo 
registrado 26,4% contra 21,7% para eles.” 
 
Classes de anti-hipertensivos 
1. Diuréticos; 
2. Antagonistas de canais de cálcio; 
3. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA); 
4. Antagonistas de receptores de angiotensina II (ARA II); 
5. Inibidores de renina; 
6. Fármacos simpatolíticos. 
 
Quais as características importantes de um fármaco anti-
hipertensivo eficaz? Ser eficaz por via oral (tratamento 
ambulatorial), ser seguro e bem tolerado, menor número de 
doses diárias possíveis (maior adesão ao tratamento), início com 
menores doses efetivas, associações medicamentosas para 
pacientes com hipertensão estágios 2 e 3 (difícil controle de 
hipertensão mais avançada com apenas 1 classe de 
medicamento), ser utilizado por um período mínimo de quatro 
semanas para aumento de dose, substituição da monoterapia ou 
mudança das associações em uso, ter demonstração em ensaios 
capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade 
cardiovasculares associadas à hipertensão arterial (melhora da 
qualidade de vida). 
 
Diuréticos 
 Os diuréticos são fármacos que atuam nos rins aumentando a 
eliminação de sódio e água com consequente aumento do 
volume e fluxo urinário. Esses fármacos têm mostrado redução 
das complicações cardiovasculares decorrentes da hipertensão 
arterial. 
AUMENTO DO FLUXO URINÁRIO + DIMINUIÇÃO DO FLUXO 
SANGUÍNEO 
!! Geralmente, são utilizados em associação com outras classes 
de medicamentos. 
 
1. Diuréticos que atuam diretamente nas células do néfron: 
diuréticos de alça (atuam na alça de Henle), tiazídicos (atuam no 
túbulo distal) e poupadores de potássio (atuam como 
antagonistas de aldosterona ou no ducto coletor). 
CUIDADO! Paciente tratado com diurético deve dosar seu 
potássio sérico constantemente para evitar distúrbios 
eletrolíticos. 
▪ Diuréticos de alça: furosemida, torasemida, bumetanida; 
aumentam muito a produção de urina; são os mais potentes dos 
diuréticos. 
 Mecanismo de ação: atuam sobre o ramo ascendente 
espesso, inibindo o transportador Na+/K+/2Cl-, impedindo a 
reabsorção de NaCl, de K e de cloreto. 
 Principais usos clínicos: tratamento da insuficiência cardíaca, 
hipertensão arterial, emergência hipertensiva, doenças 
complicadas por retenção de sódio e água. 
 Efeitos adversos: hipovolemia, hipotensão, perda de potássio, 
alcalose metabólica, hiperuricemia. 
!! Podem ser encontrados em exames antidoping de ginastas. 
▪ Diuréticos tiazídicos: hidroclorotiazida (HCT), clortalidona, 
indapamida; têm efeito vasodilatador indireto no paciente 
hipertenso, contribuindo para reduzir drasticamente a pressão 
sanguínea. 
 Mecanismo de ação: inibição do transportador de Na+/Cl- das 
células tubulares distais causando perda de NaCl na urina 
(natriurese) + aumentam a excreção de magnésio. 
 Principais usos clínicos: tratamento da hipertensão arterial e 
manejo da insuficiência cardíaca leve. 
 Efeitos adversos: hiponatremia, perda de potássio, 
diminuição da tolerância à glicose, aumento do colesterol 
plasmático. 
!! É um dos diuréticos mais empregados em associações 
medicamentosas anti-hipertensivas. 
▪ Diuréticos poupadores de potássio: espironolactona, amilorida, 
triantereno; têm eficácia diurética limitada, em monoterapia 
(local de ação muito distante do néfron, onde apenas 2% do 
sódio é reabsorvido). 
 Mecanismo de ação: a espironolactona compete com a 
aldosterona pelo receptor, inibindo a retenção de Na+ e 
secreção de K+ no túbulo distal. A amilorida e o triantereno 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 2 
atuam sobre os ductos coletores inibindo a reabsorção de Na+ e 
diminuindo a eliminação de K+. 
RETÉM POTÁSSIO... POR ISSO, POUPADOR DE POTÁSSIO! 
 Principais usos clínicos: usados em conjunto com outros 
diuréticos para prevenir perda de K+ provocada por outros 
diuréticos, insuficiência cardíaca, hiperaldosteronismo. 
 Efeitos adversos: hipercalemia, desconforto gastrointestinal, 
ginecomastia, distúrbios menstruais. 
 
2. Diuréticos que modificam o conteúdo do filtrado: osmóticos; 
utilização restrita. 
▪ Diuréticos osmóticos: manitol (inerte – não se liga em nenhum 
receptor do organismo); força a saída de água; via injetável; 
aumentam o volume da urina, com maior preservação das 
concentrações de íons sanguíneos que outros diuréticos. 
 Mecanismo de ação: aumenta a pressão osmótica nos túbulos 
renais, impedindo que a água seja reabsorvida passivamente 
pelos rins. 
 Principais usos clínicos: redução da pressão intracraniana, 
edema cerebral. 
 Efeitos adversos: desidratação, cefaleia, náuseas e vômitos. 
 
 
Terapia diurética: inibe a reabsorção de sódio e de cloreto, 
aumentando o fluxo urinário. 
 
 
Antagonistas de canais de cálcio 
 Os antagonistas de canais de cálcio são utilizados no 
tratamento de algumas doenças cardiovasculares, incluindo a 
HAS. Eles atuam como vasodilatadores, reduzem a frequência 
cardíaca e desaceleram a condução átrio-ventricular. 
 
1. Di-hidropiridinas: nifedipino, anlodipino, nimodipino (vasos no 
SNC), isradipino, felodipino; atuam preferencialmente sobre a 
musculatura lisa vascular, relaxando-a; vasodilatadores 
indiretos. 
 Mecanismo de ação: ligam-se a subunidade α1 dos canais de 
cálcio tipo L dos músculos lisos, impedindo sua abertura, 
bloqueando a entrada do cálcio nesses tecidos. 
 Esses fármacos promovem a vasodilatação arterial 
generalizada e redução da pós-carga, diminuindo a PA. 
 Usos clínicos: hipertensão arterial, prevenção de angina. 
 Algumas formulações possuem liberação lenta = diminuição 
do número de cp a serem tomadaspelo paciente/dia + redução 
de efeitos colaterais 
 Efeitos adversos: decorrem da vasodilatação generalizada; 
taquicardia reflexa, rubor, cefaleia, hipotensão ortostática, 
edema. 
!! Contraindicados na gravidez e amamentação por serem 
teratogênicos. 
 
2. Benzotiazepinas: diltiazem; atuam tanto nos canais de cálcio 
da musculatura lisa vascular e da musculatura cardíaca. 
 Mecanismo de ação: ligam-se a subunidade α1 dos canais de 
cálcio tipo L, impedindo sua abertura, bloqueando a entrada do 
cálcio. 
 Esses fármacos promovem vasodilatação arterial generalizada 
e redução da força de contração miocárdica, reduzindo a PA. 
NÃO PROMOVE TAQUICARDIA REFLEXA porque a condução 
elétrica do coração fica diminuída! 
 Usos clínicos: hipertensão arterial, prevenção de angina pós-
infarto. 
 Efeitos adversos: cansaço, cefaleia, tontura, desconforto 
gástrico, bloqueio atrioventricular (descontinuar uso quando 
acontecer). 
 
3. Fenilalquilaminas: verapamil; atuam preferencialmente sobre 
a musculatura cardíaca, ou seja, são cardiosseletivos. 
 Mecanismo de ação: ligam-se a subunidade α1 dos canais de 
cálcio tipo L, impedindo sua abertura, bloqueando a entrada do 
cálcio. SÃO ESPECÍFICOS PARA O CANAL DE CÁLCIO DA 
MUSCULATURA CARDÍACA! 
 Efeitos farmacológicos: efeito inotrópico e cronotrópico 
negativo (diminui força de contração e FC, respectivamente) e 
redução da resistência periférica, sem efeito rebote na FC, 
reduzindo a PA. 
Usos clínicos: hipertensão arterial, prevenção de angina, 
taquicardia supraventricular, IAM. 
Efeitos adversos: constipação, bloqueio cardíaco (descontinuar 
uso quando acontecer/reavaliar tratamento), piora da ICC, 
tonturas, náuseas, hipotensão arterial. 
 
 
Inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA) 
 Os IECA são fármacos que inibem a enzima conversora da 
angiotensina, que converte a angiotensina I em angiotensina II 
(inibição competitiva). Ao inibir essa conversão, os IECA 
promovem vasodilatação periférica, diminuindo a pressão 
arterial. 
 A ECA é uma cininase, sendo responsável pela degradação das 
cininas, como a bradicinina, que são vasodilatadoras. Assim, 
inibindo a ECA, o efeito da bradicinina aumenta, contribuindo 
para o efeito anti-hipertensivo. 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 2 
 
INIBIÇÃO DA VASOCONSTRIÇÃO + EFEITO VASODILATADOR 
PERIFÉRICO INTENSO (bradicinina preservada) 
 
→ Captopril, enalapril, fosinopril, ramipril, lisinopril. 
 Mecanismo de ação: inibem a ECA, impedindo a conversão de 
angiotensina I em II e inibem a degradação da bradicinina 
(depressão do SRNAA e estímulo do sistema calicreína-cinina). 
 Efeitos farmacológicos: redução da RVP, diminuindo a PA sem 
taquicardia reflexa, retardam a evolução da nefropatia diabética. 
...se não tem angiotensina II, não há vasoconstrição. 
 Usos clínicos: hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica - 
principalmente, pós IAM. 
 Efeitos adversos: tosse seca/pigarro (acúmulo de bradicinina 
na mucosa brônquica, irritando o tecido), hipercalemia, 
angioedema, alteração de paladar, erupções cutâneas, 
hipotensão (potencializada por diuréticos). 
!! Contraindicados na gravidez por serem teratogênicos. 
 
 
 
Antagonistas de receptores de angiotensina II 
(ARA II) 
 Os ARA II são fármacos que bloqueiam competitivamente o 
receptor AT1, impedindo as ações da angiotensina II. Esses 
fármacos promovem vasodilatação direta e bloqueio da 
produção de aldosterona pelas glândulas adrenais, não havendo 
a retenção de sódio e água, reduzindo a PA. 
...ECA funciona, há produção de angiotensina I e II, mas não há 
receptor para que a angiotensina II exerça seus efeitos 
fisiológicos. 
 Os ARA II não possuem efeito sobre o sistema calicreína-
cinina, sendo mais seletivos que os IECA e provendo inibição 
mais completa da ação da angiotensina II por meio do bloqueio 
do receptor. 
!! Atualmente, são os fármacos anti-hipertensivos mais 
utilizados. 
 
→ Losartana, valsartana, candesartana, olmesartana, 
irbesatana; fármacos de escolha para pacientes que não toleram 
os IECA. 
 Mecanismo de ação: bloqueiam competitivamente o receptor 
AT1 de angiotensina II, impedindo seus efeitos fisiológicos 
mediados por este receptor. 
 Efeitos farmacológicos: redução da PA sem alterar a 
frequência cardíaca. 
 Usos clínicos: hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, 
prevenção de AVE. 
 Pacientes com hipertrofia do ventrículo esquerdo, ao 
utilizarem ARA II, têm sua mortalidade reduzida. 
 Efeitos adversos: cefaleia, tonturas, astenia, dores 
musculares, hipercalemia, artralgias. 
!! Contraindicados na gravidez por serem teratogênicos. 
 
Inibidores de renina 
 Os inibidores de renina são fármacos que bloqueiam a renina, 
responsável pela conversão de angiotensinogênio em 
angiotensina I. Esses fármacos não possuem aplicação tão ampla 
quanto os ARA II. Muitas vezes, acabam não sendo prescritos por 
serem caros. 
 
→ Alisquireno, enalquireno. 
 Mecanismo de ação: bloqueio do sítio catalítico da renina. O 
alisquireno impede a clivagem do angiotensinogênio e a 
produção de angiotensina I. 
...bloqueio do início do sistema impede que todas as outras 
reações aconteçam. 
 Efeitos farmacológicos: redução da atividade plasmática do 
sistema renina-angiotensina. 
 Usos clínicos: hipertensão arterial. 
 Efeitos adversos: hipotensão, hipercalemia, dor abdominal, 
diarreia, angioedema, fadiga, tosse seca. 
!! Ainda não existem dados sobre a segurança de uso durante a 
gravidez. 
!! Não administrar concomitantemente com outros agentes que 
atuam sobre o sistema renina-angiotensina (captopril, 
losartana). 
 
Fármacos simpatolíticos 
 Os fármacos simpatolíticos inibem o funcionamento do SNAS, 
desde o sistema nervoso central até a célula efetora localizada 
na periferia. 
DEPRESSÃO DO FUNCIONAMENTO DO SNAS: redução de FC, 
força de contração e não acontecimento de vasoconstrição. 
→ Antagonistas alfa-1 (prazosina, doxazosina) e beta-1 
adrenérgicos (atenolol, pindolol, metropolol) + agonistas alfa-2 
adrenérgicos (clonidina). 
 
Associações eficazes 
 
 
 
 A condição inicial do paciente é que indica a forma de 
tratamento. Nem sempre, o primeiro tratamento proposto irá 
funcionar. 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 3 
Farmacologia da insuficiência cardíaca 
 A insuficiência cardíaca (IC) ocorre quando o DC é inadequado 
ao provimento de oxigênio necessário para o organismo. Trata-
se de uma doença progressiva caracterizada pela redução 
gradual do desempenho cardíaco acompanhado de episódios de 
descompensação aguda que afetam a excitação-contração 
cardíaca. O sistema cardiovascular tenta compensar essa 
condição a todo momento. 
 Na insuficiência cardíaca, acontece envolvimento de SNS, do 
SRAA e da apoptose das células cardíacas. Os fármacos acabam 
por agir em algum desses eventos. 
 Manifestações: doença crônica e congestiva de longo prazo 
decorrente de outras patologias (adaptação) ou pode se instalar 
repentinamente (aguda). 
!! O DC inadequado compromete o fornecimento de sg e 
oxigênio para todos os outros órgãos e tecidos. 
 
 
Tipos de IC: 
▪ Sistólica ou diastólica: na fração de contração ou de 
relaxamento; sistólica é mais comum. 
▪ Aguda ou crônica: depende do tempo que ela demorar para se 
desenvolver. 
▪ Congênita: deficiência estrutural na musculatura cardíaca. 
▪ Adquirida: resultante de outras patologias adjacentes. 
▪ Do lado esquerdo: mais provável. 
▪ Do lado direito: geralmente, decorre da IC do lado esquerdo 
que não foi tratada adequadamente; mais grave. 
 
Causas da IC: 
→ Doença valvar, DM, hipertensão, IAM, infecções, 
remodelamento cardíaco, inflamação, distúrbios congênitos, 
taquicardia, toxinas que alteram o sistema de condução elétrica 
do coração, estenose aórtica, hipertireoidismo, doença de 
Chagas, distúrbios genéticos. 
...as causas, quando não tratadas, acabam gerando um quadro 
de IC. 
 
Sintomas da IC: 
→ Dispneia (norepouso e no esforço físico), tosse, fraqueza 
generalizada, edema (sinal clássico, principalmente nos MMII), 
palpitação, tonturas, diminuição da emissão de urina. 
 
Mecanismos da IC: 
Como o organismo 
tenta corrigir a IC? 
1. Diminuição do DC 
→ inibição do 
estímulo carotídeo; 
2. Diminuição do DC 
→ diminuição do 
fluxo sanguíneo nos 
rins 
Como o organismo 
responde? 
1. Aumento da 
descarga simpática. 
Esse aumento 
também influencia o aumento da liberação de renina. 
 Resultados: aumento da força de contração de FC da pré-
carga e da pós-carga. 
2. Estímulo para aumento da liberação de renina e aumento da 
produção de angiotensina II, que reforça o mecanismo da 
descarga simpática e o aumento do tônus vascular; 
 Resultados: aumento de pré-carga e pós-carga e 
remodelamento cardíaco (hipertrofia do ventrículo seguida de 
hipertrofia do septo interventricular). O remodelamento diminui 
a capacidade interna do ventrículo. 
 A hipertrofia do miocárdio é uma compensação intrínseca. 
Inicialmente, o desempenho cardíaco se mantém porque o 
volume das células aumenta sua capacidade de contração. A 
longo prazo, as células se tornam cada vez mais hipertrofiadas, 
diminuindo a capacidade cardíaca. 
 Os miócitos hipertrofiados, quando se proliferam, passam por 
apoptose acelerada. 
 
Agravamento do estresse miocárdico: 
 Nesse processo, o DC aumenta por meio de compensação. 
Quando a compensação se torna um ciclo vicioso, a IC se instala. 
!! Tudo que o organismo tenta fazer acaba por sobrecarregar o 
músculo cardíaco. 
 
ENTÃO... A descarga simpática, além dos efeitos sobre o 
coração, também aumenta o tônus vascular; o SRAA contribui 
para aumento do tônus vascular; a vasoconstrição – aumento 
de pós carga, que reduz ainda mais a fração de ejeção e débito 
cardíaco. Esse ciclo vicioso leva, a longo prazo, à IC. 
 
Desempenho cardíaco na IC: 
→ Pré-carga aumentada (tônus venoso) – aumento da demanda 
de oxigênio; 
→ Pós-carga aumentada – atividade simpática (catecolaminas) e 
aumento de produção de angiotensina II; 
→ Contratilidade reduzida; 
→ FC aumentada – queda do volume sistólico e redução da 
perfusão tecidual global (todos os tecidos acabam sendo 
afetados pelo mal desempenho cardíaco). 
 
Tratamento da IC: 
 O tratamento da IC tem como principal objetivo prolongar a 
vida do paciente e melhorar a sua qualidade de vida ao máximo. 
 É importante descobrir e tratar doença subjacentes, que 
causam a IC. 
 Pacientes com comprometimento devem usar fármacos que 
diminua a FC na tentativa de tratar o coração insuficiente. 
 Reduzir a ingestão de sal, controle de peso e melhora da 
alimentação diminuem a sobrecarga de trabalho cardíaco. 
 Quando todos os recursos não surtem efeitos, o transplante 
cardíaco é indicado como último recurso. 
 
Tratamento farmacológico: 
→ IC aguda: vasodilatadores, agonistas beta-adrenérgicos. 
 A IC aguda pode ser revertida porque o paciente ainda não 
possui remodelamento cardíaco. 
→ IC congestiva (ICC): glicosídeos cardíacos (digitálicos) 
inibidores de fosfodiesterase, diuréticos, inibidores da enzima 
conversora de angiotensina (IECA), antagonistas de receptores 
de angiotensina II (ARA II), inibidores de renina, antagonistas 
beta-adrenérgicos. 
 Os diuréticos, inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA), antagonistas de receptores de angiotensina 
II (ARA II), inibidores de renina e antagonistas beta-adrenérgicos 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 3 
interrompem os mecanismos neuronais que agravam o quadro 
de ICC. 
 
Vasodilatadores 
 Os vasodilatadores são eficientes na IC aguda uma vez que 
reduzem a pré-carga (venodilatação), a pós-carga (dilatação 
arteriolar) ou amba. Eles também apresentarem uma discreta 
redução da remodelação cardíaca. 
CAMINHO DO SG FICA LIVRE! FORÇA E TRABALHO DO 
CORAÇÃO REDUZIDOS! DIMINUIÇÃO DO ESTRESSE DA 
MUSCULATURA CARDÍACA! 
 
1. Análogos do peptídeo natriurético: nesiritida (BNP) - EV, 
carperitida e ularitida (ANP); os ANP ainda estão em estudo 
clínico. 
 Mecanismo de ação: aumentam GMPc na musculatura 
vascular reduzindo o tônus venoso e arteriolar. Efeito dilatador 
indireto! 
 Além disso, possui efeito sofre os vasos dos rins provocando 
diurese (facilitam o processo natural de diurese). 
 Principais usos clínicos: tratamento da IC aguda 
descompensada com dispneia em repouso. 
 Efeitos adversos: hipotensão excessiva, diminuição da FC, 
falência renal, cefaleia, náuseas. 
 Uma hipotensão muito grave pode gerar PCR. 
!! O peptídeo natriurético é produzido quando há aumento 
distensão do átrio. 
 
2. Hidralazina: muito utilizada em emergências cardíacas; uso 
injetável (EV). 
 Mecanismo de ação: ação direta sobre a musculatura lisa das 
arteríolas interferindo na ação do trifosfato de inositol (IP3), 
impedindo a liberação de cálcio, causando aumento do DC 
devido a diminuição da resistência periférica. 
 O bloqueio do IP3 impede a liberação do cálcio e NÃO 
ACONTECE CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA LISA ARTERIOLAR! 
 Principais usos clínicos: IC aguda, hipertensão e eclampsia. 
!! A associação deste fármaco com os nitratos mostra-se 
bastante efetiva na IC. 
 Efeitos adversos: taquicardia, cefaleia, irritação ocular, 
artralgia, erupção cutânea, vasculite 
 
3. Nitratos. 
 
Agonistas beta-adrenérgicos 
→ Dobutamina EV (agonista beta-1 seletivo). 
 Na IC, a dobutamina aumenta o DC com diminuição na 
pressão de enchimento ventricular (aumenta a força e a FC). 
 Precauções: risco de arritmias em pacientes com doença 
arterial coronariana subjacente e taquifilaxia (rápida diminuição 
do efeito em doses consecutivas). 
!! Esse medicamento é muito utilizado em emergências, 
principalmente quando há choque cardiogênico. BAIXO ÍNDICE 
TERAPÊUTICO! 
 
Glicosídeos cardíacos ou digitálicos 
 Os glicosídeos cardíacos são provenientes da dedaleira 
(Digitalis spp.) e de plantas relacionadas. 
→ Digoxina, digitoxina. 
 Mecanismo de ação: inibem reversivelmente a bomba sódio-
potássio- ATPase nos miócitos cardíacos. 
 Uma vez no sg, o glicosídeo cardíaco chega até os miócitos, 
onde se liga no local de ligação do potássio, interrompendo o 
funcionamento da bomba. 
 O potássio extracelular continua do lado de fora da célula e o 
sódio intracelular continua dentro da célula. O aumento de sódio 
intracelular lentifica a saída do cálcio. 
 A concentração de grande quantidade de cálcio dentro da 
célula faz com que a quantidade de cálcio que é liberada pelo 
retículo sarcoplasmático aumente. Assim, acontece aumento da 
força de contração da musculatura cardíaca. 
 O aumento da força de ejeção promove melhora do quadro 
de IC como um todo. 
!! Não são fármacos de primeira escolha por apresentarem baixa 
segurança de uso. A toxicidade pelo seu uso pode acontecer de 
maneira muito rápida. 
 
Efeitos cardíacos: 
AUMENTO DA FORÇA + DIMINUIÇÃO DA FC 
 1. Mecânicos: aumento da concentração de sódio + redução 
da expulsão de cálcio = aumento da contração cardíaca (efeito 
inotrópico positivo). 
 2. Elétricos: ações diretas e autônomas que alteram a 
condução elétrica do coração; retardo na condução AV em 
virtude do aumento da atividade vagal (efeito cronotrópico 
negativo) + batimentos ectópicos (aumento de cálcio). 
 3. Efeitos sobre o potássio extracelular: aumento do efeito 
dos glicosídeos (toxicidade) caso ocorra diminuição do potássio 
plasmático. 
 Principais usos clínicos: tratamento da IC em pacientes com 
fibrilação atrial ou que ainda estão sintomáticos em uso de 
outras classes de fármacos. 
 O glicosídeo é um fármaco de baixo índice terapêutico (não 
são a primeira escolha) porque a diferença entre suas doses 
terapêutica e tóxica é muito pequena. Usar somente em 
“situações de tudo ou nada”. 
 Efeitos adversos: náuseas, diarreia, desorientação, letargia 
(efeitos extra cardíacos – estímulo vagal), distúrbios de ritmo 
cardíaco, bloqueio AV, despolarizaçõesventriculares 
prematuras. 
 
Interações medicamentosas importantes: 
▪ Digitálicos + betabloqueadores: bloqueio AV; 
▪ Digitálicos + antagonistas de canais de cálcio: diminuição da 
contratilidade cardíaca; 
▪ Digitálicos + diuréticos de alça: diminuição do potássio 
plasmático eleva a toxicidade dos digitálicos; 
▪ Digitálicos + quinidina: aumento dos níveis plasmáticos dos 
digitálicos. 
 
Intoxicação digitálica: 
 Paciente em uso de digitálico pode entrar em intoxicação. 
Quando acontecer intoxicação → suporte básico a vida + 
manejo da hipercalemia + monitoração cardíaca e de 
eletrólitos. 
Arritmias! Podem levar o paciente a óbito! 
 
 
Como reverter a intoxicação? Primeiro, tentar reverter a 
bradicardia por meio do uso de atropina. Se isso não funcionar, 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 3 
fazer uso de Ac anti-digitálicos (Digibind) - digoxina imune FAB. 
Os Ac interagem com a molécula da digoxina, deslocando-a de 
seu sítio e eliminando-a do organismo através da urina. 
 Casos que não conseguem ser revertidos evoluem para 
arritmias graves e óbito. 
 
Inibidores de fosfodiesterase (PDE) 
 Os inibidores da fosfodiesterase (PDE) são fármacos que 
bloqueiam um ou mais subtipos da enzima PDE. O bloqueio da 
PDE previne a degradação dos segundos mensageiros 
intracelulares (AMPc e GMPc), promovendo efeitos diferentes, 
dependendo do tecido em questão. A PDE é uma enzima que 
degrada GMPc e AMPc! 
Diversas isoformas em diversos locais do organismo... seletivas 
são específicas para a PDE e não-seletivas promovem diversos 
efeitos adversos. 
 Os PDE do tipo 3 seletivos (bipiridinas) são aqueles utilizados 
para tratamento de IC. 
 
→ Bipiridinas: inibidores da isoforma 3 da PDE; milrinona, 
inanrinona. 
 Mecanismo de ação: inibem seletivamente a isoforma 3 da 
PDE (PDE3). Esta inibição resulta em aumento do AMPc 
(aumento do influxo de cálcio) elevando a contratilidade 
(inotropismo), a FC (cronotropismo) e a V de condução, além de 
gerar vasodilatação. 
!! O ionotropismo é menor do que o promovido pelo uso dos 
glicosídeos cardíacos. 
 Principais usos clínicos: IC aguda ou exacerbações graves da 
ICC. 
 Efeitos adversos: arritmia ventricular, cefaleia, hipotensão, 
náuseas, trombocitopenia. 
 
Diuréticos 
→ Diuréticos de alça: furosemida; fármacos de escolha (mais 
potentes) 
→ Antagonistas de aldosterona: espironolactona (poupador de 
potássio). 
Redução da pressão venosa (melhora do retorno venoso) + 
diminuição da pré-carga ventricular + diminuição da retenção 
hídrica e edema + benefício adicional da espironolactona que 
contorna o efeito sobre o SRAA = melhora cardiovascular 
!! A perda de potássio agrava a toxicidade dos digitálicos. 
 
Fármacos que afetam o SRAA 
→ IECA: captopril, enalapril. 
→ ARA II: losartana, valsartana, candesartana; possuem eficácia 
na redução do remodelamento cardíaco. 
→ Inibidores de renina: alisquireno. 
Redução da resistência periférica + diminuição da pós-carga + 
redução da retenção hídrica + diminuição da atividade 
simpática (redução da angiotensina) + redução da remodelação 
cardíaca a longo prazo + redução da morbidade e mortalidade 
 
Agonistas beta-adrenérgicos 
Esses fármacos atuam no SN autonômico. 
→ Beta-1 seletivos: metoprolol, nebivolol, bisoprolol. 
→ Misto beta-1 e 2 e alfa-1: carvedilol. 
Atenuação dos efeitos relacionados ao excesso de 
catecolaminas (apoptose de miócitos) + regulação dos 
receptores beta adrenérgicos + redução da FC + redução da 
remodelação cardíaca 
!! A terapia com uso de antagonistas beta-adrenérgicos deve 
iniciada em baixas doses e monitorada por meses. Ela promove 
discreta elevação da fração de ejeção e torna a FC mais lenta. 
 
Adendos 
 
Os quadros vermelhos mostram o local de ação dos fármacos. 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 4 
Antianginosos 
Angina: ocorre quando a oferta de oxigênio ao miocárdio é 
insuficiente para suas necessidades. Ocorre acúmulo de 
metabólitos em virtude da isquemia miocárdica. A dor tem 
distribuição característica no peito, membro superior e pescoço, 
e é ocasionada por esforço físico, frio ou agitação. 
Oxigênio insuficiente → acúmulo de metabólitos + isquemia → 
dor característica 
 
Tipos de angina: 
 
▪ Estável: dor precordial proveniente ao esforço. É produzida por 
um aumento da demanda sobre o coração e geralmente causada 
por um estreitamento fixo dos vasos coronarianos por ateroma. 
 - Vasos coronarianos sendo insuficientes para distribuir sg; 
 - A dor cessa assim que o esforço físico termina. 
▪ Instável: se caracteriza por dor que ocorre cada vez menos, por 
esforço físico, culminando em dor em repouso. A patologia é 
semelhante à envolvida no infarto do miocárdio (trombo de 
plaquetas e fibrina associado a uma placa ateromatosa rota) mas 
sem oclusão completa do vaso. 
 
Determinantes da demanda cardíaca: 
 Determinantes da demanda de oxigênio: resultante de 
esforço físico ou de descarga simpática. A ansiedade patológica 
também pode provocar descarga simpática. 
 → Estresse da parede muscular, causando aumento da 
espessura (hipertrofia) e da pressão intraventricular; aumento 
FC; aumento da contratilidade. 
 Determinantes do fluxo sanguíneo coronário e aporte ao 
miocárdio: dificultam o fluxo sanguíneo nas coronárias; fluxo 
coronário – pressão de perfusão, pressão diastólica aórtica, lesão 
do endotélio coronariano – resistência vascular. 
 Determinantes do tônus vascular: aumento de GMPc e AMPc, 
diminuição do cálcio intracelular (diminuição dos espasmos das 
aa.), estabilização da membrana da célula muscular lisa. 
 
 
 O aumento da atividade simpática pode estar relacionado 
com uma arritmia pontual. Com isso, o trabalho cardíaco se eleva 
e a eficiência do miocárdio diminui. Assim, a isquemia do 
miocárdio pode acontecer. 
 A isquemia do miocárdio causa, a nível molecular, redução do 
aporte de oxigênio, que pode promover morte celular. Vias que 
levam a apoptose também podem ser ativadas pela isquemia e, 
consequentemente, promover morte celular. 
 Resultados da redução de aporte de oxigênio: redução da 
produção de ATP, do funcionamento das bombas de íons, 
aumento da concentração de cálcio, ativação de proteases e 
lesões de membrana. 
 Fatores que promovem a apoptose: ativação de receptores, 
ativação de proteases relacionada à ECI, inativação de PARP, 
fragmentação do DNA. 
 
Objetivos do tratamento da angina: 
 O tratamento da angina tem como finalidades: 
 1. Diminuir a demanda miocárdica de oxigênio: diminuir os 
determinantes de demanda; podem ser reduzidos 
farmacologicamente. 
 2. Aumentar o aporte de oxigênio para o tecido isquêmico: 
diminuir os espasmos da artéria coronária por meio de 
vasodilatação; podem ser reduzidos farmacologicamente. 
 
Tratamento farmacológico: 
→ Vasodilatadores: nitratos e antagonistas dos canais de cálcio. 
→ Fármacos que atuam sobre o músculo cardíaco: antagonistas 
beta-adrenérgicos e antagonistas dos canais de cálcio. 
 
Vasodilatadores 
 Os nitratos mais utilizados têm formulações de uso sublingual 
para que sua absorção seja extremamente rápida. 
 → Nitroglicerina (protótipo), nitrato de amila, mononitrato 
de isossorbida, dinitrato de isossorbida, propatilnitrato, 
nicorandil (ativa canais de potássio). 
 Mecanismo de ação: os nitratos orgânicos são metabolizados 
com a liberação de NO, que ativa a guanilil ciclase na 
musculatura, aumentando a formação de GMPc, promovendo 
vasodilatação. 
...o NO é um potente vasodilatador. O mecanismo de ação dos 
nitratos na verdade é o mecanismo de ação do NO. 
 Principais usos clínicos: prevenção e tratamento de angina 
estável, angina instável para evitar IAM, IC aguda e crônica. 
!! Para IC, é opção terapêutica e não opção inicial de escolha. 
 Efeitos adversos: desenvolvimento de tolerância, hipotensão 
postural, cefaleia pulsátil, taquicardia. 
!! Ao longo do tratamento, a dose do nitrato deve ser ajustada 
quandoacontece tolerância ao medicamento pelo paciente. 
 Efeitos clínicos dos nitratos: 
 ▪ Em pacientes com angina de esforço: melhora a perfusão do 
músculo cardíaco devido a diminuição do retorno venoso e 
redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio; 
 ▪ Em pacientes com angina variante: o relaxamento da 
musculatura lisa reduz os espasmos coronarianos; 
 ▪ Em pacientes com angina instável: dilatação das artérias 
coronárias e redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio. 
...pensou em angina, pensou em nitratos! 
 
 A ação antianginosa dos nitratos envolve a redução do 
trabalho cardíaco, pela redução da pré-carga (venodilatação) e 
da pós-carga (redução da onda reflexa arterial), levando à 
redução da necessidade de oxigênio pelo miocárdio a 
redistribuição do fluxo coronariano em direção a áreas 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 4 
isquêmicas através de 
colaterais e o alívio do 
espasmo coronariano. 
 
 
 
!! A diminuição da pré-
carga e da pós-carga 
diminui o esforço 
cardiovascular. 
 
 
 
Efeito do nitrato. Melhora da perfusão para a área isquêmica. 
 
Antagonistas de canais de cálcio como 
vasodilatadores 
 Os antianginosos antagonistas de canais de cálcio são 
administrados VO e fazem parte do tratamento preventivo de 
angina. 
 → Di-hidropiridinas (nifedipino, anlodipino, felodipino, 
isradipino). 
 Benefício destes fármacos na angina: redução da resistência 
vascular periférica beneficia pacientes com angina de esforço, 
redução da pós-carga, vasodilatação coronariana - usados em 
pacientes com espasmo coronariano (angina variante). 
 
Antagonistas beta-adrenérgicos 
 → Beta-1 bloqueadores seletivos (atenolol, metoprolol, 
bisoprolol). 
 Benefício destes fármacos angina estável e instável: 
diminuição da FC, contratilidade e PA; redução do consumo 
cardíaco de oxigênio; redução do risco de morte após IAM. 
 Esses fármacos são usados em conjunto com nitratos e devem 
ser evitados na angina variante devido à resposta terapêutica 
variável. 
 
Antagonistas de canais de cálcio atuando 
diretamente no músculo cardíaco 
 → Diltiazem e verapamil. 
 Benefício destes fármacos na angina: redução da 
contratilidade, redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio. 
Esses medicamentos não provocam taquicardia reflexa. 
!! Pacientes com fibrilação atrial subjacente apresentam efeitos 
benéficos do diltiazem (controle da arritmia). 
 
Observações: 
 ▪ Paciente com angina estável: tratamento da doença 
ateromatosa subjacente com estatinas e profilaxia contra 
trombose com um antiagregante plaquetário, geralmente a 
aspirina de baixa concentração. 
 As associações evitam a evolução da angina para quadros 
mais graves. 
 ▪ Paciente com angina instável: tratamento com 
antiagregantes plaquetários (aspirina e/ou clopidogrel) reduzem 
o risco de IAM nesta situação. Os fármacos antitrombóticos 
(enoxaparina) fazem um acréscimo a este benefício à custa de 
maior risco de hemorragia e os nitratos orgânicos aliviam a dor 
isquêmica. 
 O controle da angina é feito para evitar o acontecimento de 
IAM. Mais recursos farmacológicos são utilizados porque o 
paciente possui mais risco de evolução para quadros muito 
graves. 
!! Pacientes que sofrem IAM, se recuperam e retornam para casa 
devem usar antitrombóticos. 
 
Antiarrítmicos 
Arritmias cardíacas: alterações elétricas que provocam 
modificações no ritmo cardíaco e que prejudica o 
funcionamento do coração. A anormalidade pode estar na 
origem do impulso, em sua frequência ou então em sua 
condução. 
 Como resultado da arritmia o coração pode entrar em 
taquicardia, bradicardia ou em descompasso (pulsação 
irregular). 
!! O descompasso é a pior consequência da arritmia porque pode 
levar à morte súbita cardíaca (MSC). 
 
Mecanismos eletrofisiológicos cardíacos: 
 
 
 
 Esses mecanismos promovem a contração e o relaxamento da 
musculatura cardíaca. 
 Qualquer distúrbio no ajuste fino da condução elétrica do 
coração resulta em arritmia. Esses distúrbios podem ser 
identificados no ECG. 
▪ Fase 0: despolarização rápida; entrada de sódio. 
▪ Fase 1: repolarização parcial; corrente de sódio iniciada na fase 
0 é inativada. 
▪ Fase 2: platô; corrente de cálcio; contribuição de uma corrente 
de sódio persistente. 
▪ Fase 3: repolarização; inativação da corrente de cálcio; 
corrente de saída de potássio. 
▪ Fase 4: fase de repouso até recebimento de um novo estímulo 
no nó sinusal. 
Atividade de marca-passo (ritmo sinusal) + potencial de ação 
prolongado e período refratário longo + influxo de cálcio. 
 
 Clinicamente, as arritmias são classificadas de acordo com o 
local de origem da anormalidade em atriais, juncionais ou 
ventriculares e de acordo com sua ação (aumento da 
frequência/taquicardia ou diminuição/bradicardia). 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 4 
Tipos mais comuns de taquiarritmia: 
1. Fibrilação atrial: batimentos cardíacos completamente 
irregulares; 
2. Taquicardia supraventricular: batimentos cardíacos rápidos, 
mas regulares. 
 As taquiarritmias ventriculares são menos comuns, mas muito 
mais graves. Elas incluem a taquicardia ventricular e a fibrilação 
ventricular, nas quais a atividade elétrica nos ventrículos é 
completamente caótica e o débito cardíaco cessa. A fibrilação 
ventricular é muito grave e precisa de intervenção imediata. 
 As bradiarritmias incluem vários tipos de bloqueio cardíaco 
(nodos AV ou SA) e a parada completa da atividade elétrica 
(“parada assistólica”). 
 
Mecanismos das arritmias: 
 As arritmias originam-se em razão de retardo da pós-
despolarização, que desencadeia batimentos ectópicos; 
reentrada, decorrente de bloqueio parcial de condução; 
atividade ectópica de marca-passo; bloqueio cardíaco. 
 Essas origens podem sofrer intervenções farmacológicas. 
 
Objetivos do tratamento das arritmias: 
 Os fármacos antiarrítmicos diminuem a automaticidade das 
células marca-passo, reduzem a condução e excitabilidade e 
aumentam o período refratário em maior extensão no tecido 
despolarizado. 
 Finalidades: reduzir a atividade de marca-passo ectópica e 
modificar a condução ou refratariedade nos circuitos elétricos. 
 
Tratamento farmacológico: 
 Classificação de Vaughan Williams: classificação dos fármacos 
de acordo com os efeitos eletrofisiológicos que eles estão 
envolvidos. 
 → Classe I: fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis 
a voltagem (voltagem dependentes); são subdivididos em Ia, Ib 
e Ic de acordo com o tempo de bloqueio do canal de cálcio. 
 → Classe II: antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos. 
 → Classe III: fármacos que prolongam, substancialmente, o 
potencial de ação cardíaco. 
 → Classe IV: antagonistas dos canais de cálcio. 
 
CLASSE I: 
 A maioria dos fármacos dessa classe são injetáveis. 
 → Ia (quinidina e procainamida): dissociação intermediária; 
diminuição do número de despolarizações. 
 → Ib (lidocaína): dissociação rápida, bloqueiam os canais de 
cálcio preferencialmente quando as células estão 
despolarizadas. 
 → Ic (flecainida, encainida): dissociação lenta; condução 
elétrica acentuadamente inibida através do sistema Purkinje. 
 Mecanismo de ação: bloqueio dos canais de sódio, inibindo a 
propagação do potencial de ação nas células excitáveis (redução 
da corrente de sódio e do número de disparos do marca-passo). 
O efeito característico sobre o potencial de ação é reduzir a 
velocidade máxima de despolarização durante a fase 0. 
 Principais usos clínicos: situações de emergência. 
 → Ia: segunda ou terceira escolha em arritmias ventriculares, 
prevenção de fibrilação atrial. 
 → Ib: tratamento e prevenção de taquicardia ventricular 
imediatamente pós IAM. 
 → Ic: fibrilação atrial, supressão de contrações ventriculares 
prematuras. 
 Efeitos adversos: risco de desenvolver insuficiência cardíaca, 
parestesia, tremores, visão turva, distúrbios de fala, diarreia, 
náuseas,vômitos. 
 
CLASSE II: 
 → Antagonistas beta-adrenérgicos (propranolol, metoprolol, 
esmolol). 
 Benefício destes fármacos nas arritmias: supressão de 
despolarizações ectópicas ventriculares (principal), evita a morte 
súbita de pacientes que se recuperam de IAM, redução de 
infartos recorrentes (redução de atividade simpática no sistema 
cardiovascular), aumento do período refratário no nodo AV 
(impedindo taquicardia supraventricular), prevenção da 
fibrilação atrial. 
 
CLASSE III: 
 Fármacos de tratamento ambulatorial. 
 → Amiodarona, dronedarona, sotalol. 
 Mecanismo de ação: prolongam o potencial de ação cardíaco. 
 O mecanismo deste efeito envolve o bloqueio de canais de 
potássio envolvidos na repolarização cardíaca. Como resultado, 
tem-se aumento do período refratário, interrompendo 
taquicardias reentrantes e suprimindo atividade ectópica. 
 Principais usos clínicos: taquiarritmias supraventriculares, 
supressão de extrassístoles ventriculares e períodos breves de 
taquicardia ventricular. 
!! Necessidade de reavaliação constante para avaliar a dose 
medicamentosa e se o fármaco está causando bradicardia. 
...controle da dose! Fármacos com estreita janela terapêutica. 
 Efeitos adversos: bradicardia sintomática, bloqueio cardíaco, 
rash cutâneo, distúrbios da tireoide, hepatite, fotodermatose 
azulada, fibrose pulmonar. 
 
CLASSE IV: 
 → Antagonistas dos canais de cálcio - verapamil. 
 Benefício destes fármacos nas arritmias: supressão de 
batimentos ectópicos (redução da entrada de cálcio na 
musculatura cardíaca), prevenção da recorrência de taquicardia 
supraventricular (condução mais lenta retardando a propagação 
do potencial de ação), redução a frequência ventricular em 
pacientes com fibrilação atrial, redução da força de contração. 
 
 
 
Adendos 
 Mulheres em estado pré-trombótico e que desejam 
engravidar = se atentar ao seu problema e iniciar tratamento 
com antitrombótico. Durante a gestação o estado pré-
trombótico aumenta! 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 5 
Farmacologia gástrica 
“Além de sua função principal de digestão e absorção de 
alimentos, o trato gastrointestinal é um dos principais sistemas 
endócrinos do corpo e tem sua própria rede neuronal 
integradora, o sistema nervoso entérico, que contém quase o 
mesmo número de neurônios que a medula espinhal. É o local 
de muitas patologias comuns, variando desde uma simples 
dispepsia até complexas afecções autoimunes, como a doença 
de Crohn, e os medicamentos para tratar esses distúrbios 
gastrointestinais compreendem cerca de 8% de todas as 
prescrições”. 
!! O SN entérico é autônomo e influenciado pelos SNAS e SNAP, 
mas não dependente de ambos os sistemas. 
Muitos dos fármacos de tratamento do TGI, como IBPs e 
antagonistas de receptores de histamina, têm venda livre o que 
facilita a automedicação. PERIGO! PACIENTE PODE USAR AS 
MEDICAÇÕES DE FORMA DEMASIADA! 
 
Fisiologia da secreção gástrica 
 Todos os vasos e glândulas do TGI estão sob duplo controle 
hormonal e neuronal. 
→ Controle da secreção de enzimas regulado pelo sistema 
neuronal e pela liberação de hormônios endócrino e parácrinos. 
 
Inervação do TGI: 
 
▪ Plexos mioentéricos: localizado entre a musculatura 
longitudinal e a musculatura circular do TGI; responsável pelos 
movimentos peristálticos. 
▪ Plexos submucosos: localizado na submucosa; relacionado com 
as secreções glandulares e com a secreção de estímulos. 
 
Mecanismo de secreção gástrica: 
Fundo + corpo + cárdia + antro = partes do estômago 
 O esfíncter inferior esofágico (EIE) é fisiológico porque ele não 
possui musculatura circular. A contração induzida pelo m. 
diafragma e que faz o final do esôfago funcionar como um 
esfíncter. 
 O epitélio estomacal possui diversas ranhuras que são 
entremeadas por glândulas. Essas glândulas presentes na 
superfície do estômago são compostas por diferentes tipos de 
células. 
 
!! O fator intrínseco participa da absorção da vitamina B12 no 
duodeno. A anemia perniciosa aparece quando há falta de 
vitamina B12. 
 O muco é uma camada de glicoproteínas que contem 
eletrólitos (principalmente bicarbonato). Ele é secretado por 
suas células produtoras e forma uma barreira mucosa física de 
íons e bicarbonato. O bicarbonato provém da corrente 
sanguínea e é difundido até a região do muco através de 
capilares. 
 O lúmen estomacal possui pH extremamente baixo (2 – 2,5) e 
nocivo às células epiteliais. É o muco que protege essas células e 
que altera o pH próximo da superfície celular (7), tornando-o 
adequado para a vitalidade celular. 
 A pepsina também é capaz de danificar as células epiteliais do 
estômago. 
 
Glândulas: 
▪ Corpo e fundo do estômago: predominância de células 
parietais e principais 
▪ Antro do estômago: predominância de células produtoras de 
muco e células G produtoras de gastrina. 
 A célula G produz gastrina que é liberada na circulação porta-
hepática. 
 
 
Regulação da secreção de ácidos pelas células parietais: 
 A regulação da secreção de ácidos pelas células parietais 
acontece por meio de mediadores diretos ou indiretos. 
 
Estimuladores: 
▪ Histamina: ação parácrina (efeito em células próximas); 
proveniente das células enterocromafins; atua nas células 
parietais; SNAP. 
▪ Gastrina: estimula síntese de histamina; induz secreção ácida. 
▪ Acetilcolina: proveniente dos neurônios do SNAP; induz a 
liberação ácida; estimulação vagal do estômago - influenciada 
pela visão, olfato, paladar, mastigação, etc 
Inibidores: 
▪ Prostaglandinas: produzidas pela maioria das células do TGI; 
efeito citoprotetor; aumenta a secreção de bicarbonato, diminui 
a produção de ácido gástrico e aumenta a produção da mucina 
protetora; inibe a liberação de histamina pelas células 
enterocromafins. 
▪ Somatostatina: ação parácrina – se concentra na região em que 
é liberada; “inibição geral do TGI”; inibe a liberação de gastrina, 
de histamina e de ácido; produzida pelas células D estomacais. 
 
Secreção ácida e a bomba de prótons: 
 As células parietais secretam o ácido clorídrico, ou seja, os 
prótons. 
 A célula parietal possui em sua constituição, gás carbônico e 
água, produtos de seu metabolismo. Na presença da anidrase 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 5 
carbônica acontece a produção de ácido carbônico, substância 
instável que se dissocia em bicarbonato e íon hidrogênio. O 
bicarbonato cai na corrente sanguínea através do transporte 
ativo antiporte que compete a entrada do cloreto no interior da 
célula. 
 O cloreto, devido sua força eletronegativa, deixa a célula 
atraindo potássio. O potássio sai junto com o cloreto para o 
lúmen, então, por meio de transporte ativo simporte. 
 A célula precisa captar o 
potássio que perdeu ao 
mesmo tempo que precisa 
eliminar o íon hidrogênio 
produzido na dissociação da 
anidrase carbônica. A bomba 
de prótons permite a entrada 
do potássio para a saída do 
hidrogênio. AÇÃO DOS IBPs, 
inibindo a troca iônica de 
forma irreversível! 
 
 
Doenças que acometem o estômago: 
 Existe um equilíbrio entre fatores agressivos e protetores. As 
doenças surgem quando há desequilíbrio entre os mecanismos 
secretores e os protetores. 
 Principais doenças: úlcera, DRGE, SD de Zollinger-Ellison (TU 
produtor de gastrina de maneira desordenada). PRINCIPAIS 
INDICAÇÕES PARA USO DE FÁRMACOS QUE REDUZEM A 
SECREÇÃO GÁSTRICA! 
 
1. ÚLCERA PÉPTICA: 
Causas: infecção da mucosa do estômago por H. pylori, uso de 
AINES, estresse severo (induz liberação de cortisol endógeno e a 
produção ácida estomacal via central), consumo de bebida 
alcoólica em excesso (induz inflamação gástrica), tabagismo, SD 
de Zollinger-Ellison. 
▪ H. pylori: principal causador da úlcera péptica. 
 - Bacilo curvo ou espiralado, gram-negativo, flagelado, de 
grande mobilidade; 
 - Produz urease, enzima que converte ureia e água em amônia 
e gás carbônico, criando um microambiente básico; 
 - Produz mucinase, enzimadegradadora de muco; 
 - Produz citocina VacA relacionada com a indução da 
formação de vacúolos e com a apoptose das células; 
 - Produz citocina CagA relacionada com a disruptura celular e 
com a indução de resposta inflamatória intensa; 
 - Possui adesinas que se ligam a superfície epitelial da célula; 
 - A bactéria inibe a produção de somatostatina pelas células D 
estomacais. 
...intensa destruição tecidual no local em que a bactéria se 
instala. 
Diagnóstico: biópsia da mucosa gástrica (coloração de Gram), 
teste sorológico para anticorpos de H. pylori, teste respiratório 
da ureia marcada com 13C. 
 
2. DRGE: 
 O EIE não se contrai normalmente, na DRGE. Assim, o ácido 
estomacal atinge o esôfago e uma reação inflamatória intensa é 
desencadeada. 
 Fatores de risco: obesidade, hérnia de hiato, gravidez, uso de 
cigarro, consumo de álcool, uso de determinados fármacos 
(anticolinérgicos, betabloqueadores). 
 Sintomas: queimação dolorosa no peito – pirose, eructação, 
regurgitação do conteúdo estomacal, alterações da voz, 
dificuldade de engolir, tosse. 
 A pirose piora quando pessoa está deitada ou após se 
alimentar e melhora com o uso de antiácidos. Ela é mais 
frequente ou pior à noite. 
 
3. SD DE ZOLLINGER-ELLISON: 
 Tumores produtores de gastrina existentes no pâncreas, na 
parede duodenal ou no estômago. A presença desse tumor 
promove hipersecreção gástrica. 
 Apresentação comum: úlcera péptica refratária, dor 
abdominal, diarreia e doença gastroesofágica. 
 Objetivo do tratamento: controlar hipersecreção gástrica. 
 
Antiácidos 
 São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico 
estomacal, formando sal e água. 
 Os antiácidos são usados no tratamento da dispepsia e para 
alívio sintomático da úlcera péptica. 
!! São menos eficazes nas úlceras gástricas do que nas úlceras 
duodenais. 
Exemplos: bicarbonato de sódio, bicarbonato de cálcio, 
hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio. 
 
▪ Ação direta: diminuição da acidez do estômago pela produção 
de sal e água; aumento do pH + neutralização do ácido. 
▪ Ação indireta: inibição da atividade de enzimas pépticas. 
!! Os compostos que contêm cálcio deixaram de ser utilizados 
porque eles aumentam a produção de ácido após serem 
reconhecidos por sensores de cálcio existentes na célula G. 
 
 Os antiácidos absorvíveis, ao atingirem o estomago, reagem 
com o próton estomacal, formando gás carbônico e água. Eles 
provocam alcalose e eructação. 
 Os antiácidos não absorvíveis formam sais ao reagir com o HCl, 
que são insolúveis. Eles promovem efeito laxante ou estimulam 
o relaxamento da musculatura do TGI. 
 
→ Sais de magnésio e de alumínio: mais utilizados. 
 Sais de magnésio: efeito laxativo; efeito osmótico do aumento 
do peristaltimo; provoca diarreias e cólicas. 
 Sais de alumínio: constipação; é incorporado a células, 
alterando a ação do cálcio para a contração muscular; relaxa a 
musculatura lisa. 
 
→ Bicarbonato de sódio: ação mais rápida e efetiva para 
diminuir a acidez estomacal, elevando o pH para aprox. 
 É absorvido pelo intestino, podendo causar alcalose. 
 Não usar em tratamento a longo prazo nem em pacientes com 
dieta de restrição sódica. Nos tratamentos a longo prazo pode 
acontecer efeito rebote com aumento exagerado na produção 
de gastrina. 
 Usos clínicos: dispepsia, alívio sintomático na úlcera péptica 
ou refluxo esofágico. 
 
Inibidores do receptor H2 da histamina 
 Os inibidores do receptor H2 da histamina estão sendo 
substituídos pelos IBPs ou estão sendo utilizados em associação 
com esses medicamentos. 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 5 
 Esses fármacos são altamente seletivos para H2 e impedem a 
liberação de histamina, impedindo que ela atue como 
estimulante ácido (inibem 60-70% da secreção total de ácido). 
 Mecanismo de ação: inibem competitivamente a ação de 
histamina nos receptores H2. 
 
→ Cimetidina, Ranitidina, Nizatidina, Famotidina. 
 
 
Farmacocinética dos antagonistas dos receptores H2. A Cimetidina tem 
maior efeito sobre a atividade do sistema P450 e, consequentemente, 
maior chance de interação medicamentosa quando comparada a outros 
fármacos. A Famotidina é o fármaco mais vantajoso. 
 
 Uso clínico: úlcera péptica e esofagite de refluxo; 
sangramento relacionado ao estresse em terapia intensiva (IV). 
 Principal via de administração: VO (boa absorção) 
 Efeitos adversos: raros; diarreia, cefaleia, tontura, fadiga 
muscular, constipação, confusão, delírio, alucinações (mais 
comum em idosos e depois da administração IV). 
 
Consequências do uso crônico e desenvolvimento de tolerância: 
1. O uso crônico de cimetidina diminui a ligação de testosterona 
com seu receptor e inibe a enzima do citocromo P450 que 
hidrolisa estrógeno, provocando ginecomastia, oligoespermia e 
impotência. 
2. A administração contínua causa tolerância e diminui a 
efetividade terapêutica. 
3. A sensibilidade diminuída a esses fármacos causa efeito 
secundário de hipergastrinemia, que estimula a liberação de 
histamina das células enterocromafins. 
4. Pode ocorrer efeito rebote quando há fim abrupto do 
tratamento, aumentando a secreção ácida. 
 
Interações farmacológicas: 
- Cimetidina: inibição de enzimas do sistema P450; aumento da 
meia-vida de varfarina, fenitoína, antidepressivos tricíclicos, 
benzodiazepínicos, sulfonilureias etc. 
 
Inibidores da bomba de prótons (IBPs) 
 Classe farmacológica de referência para o tratamento as 
desordens gástricas, sendo os mais potentes inibidores da 
secreção gástrica (80 a 95% da produção basal e estimulada). 
 Uso clínico: úlcera péptica, esofagite de refluxo, componente 
no tratamento de H. Pylori, SD de Zollinger-Ellison. 
 Exemplos: Lansoprazol, Omeprazol, Rabeprazol, Pantoprazol. 
 
 Os IBPs são pró-fármacos que se ativam em ambiente ácido. 
Eles são administrados na forma de comprimidos revestidos ou 
cápsulas ácido resistentes para que não sejam degradados pela 
acidez do estômago. 
 O revestimento é degradado do intestino delgado e a 
absorção do pró-fármaco acontece. O pró-fármaco cai na 
corrente circulatória e atinge as células parietais, chegando no 
ambiente ácido produzido por essas células e são ativados. 
Assim, eles se ligam de maneira covalente (irreversível) a bomba 
de prótons (H+/K+ ATPase) – acúmulo nos canalículos secretores 
da bomba. 
 Os IBPs inibem tanto a secreção ácida basal quanto a 
estimulada. 
 
 Eficácia terapêutica: semelhante para todos os fármacos; 
rápida absorção, administração durante a alimentação diminui 
50% da biodisponibilidade, sofrem metabolismo de primeira 
passagem, excreção renal, administração VO, revestimento 
ácido-resistente, acúmulo nos canalículos secretores. 
 
 
 Efeitos adversos: náusea, vômito, dor abdominal, 
constipação, flatulência, diarreia, rashes cutâneos, tontura, 
sonolência, confusão mental, miopatias, hipergastrinemia de 
rebote, diminuição da absorção de B12, CA (?). 
 Interações farmacológicas: diminuição da acidez do estômago 
diminui a absorção de cetoconazol e digoxina; inibição de 
enzimas P450 aumenta a meia vida de benzodiazepínicos, 
varfarina e fenitoína. 
 
Gastroprotetores 
→ Quelato de bismuto 
 O bismuto forma uma camada protetora de gel que recobre 
úlceras e é pouco absorvido. Ele é usado em combinação para 
tratamento de H. pylori e promove efeito tóxico sobre o bacilo, 
impedindo sua aderência na mucosa. 
 Efeitos adversos: náusea, vômito e escurecimento das fezes. 
 
→ Sucralfato 
 O sucralfato é um sal de sacarose complexado com Al(OH)3, 
uma pasta viscosa que se liga às úlceras. O hidróxido de alumínio 
produz ambiente básico, atuando contra a acidez. 
!! O sucralfato forma polímeros, em ambiente ácido. 
 Efeito adverso: constipação. 
 
Análogos das prostaglandinas 
 Utilizados somente em casos específicos. 
→ Misoprostol: análogo metílico da prostaglandina (PGE); 
estimula a produçãode muco; diminui a secreção de HCl. 
 A PGE inibe a secreção gástrica e aumenta a secreção de 
muco. 
 Farmacocinética: administração VO (rápida absorção), 
metabolizado em ácido livre (metabólito ativo), ½ vida 30 min 
(administração 3 a 4x/dia), eliminação renal. 
 Contraindicações: hipersensibilidade, gravidez. 
 PG1E e PG1F promovem contrações coordenadas do corpo 
lúteo grávido, enquanto produzem relaxamento do colo uterino. 
Eles induzem aborto no início e metade da gravidez. 
 Reações adversas: diarreia, dor abdominal. 
 
Novos fármacos 
 ▪ Bloqueadores ácidos competitivos do potássio: começaram 
a ser produzidos no Japão, em 2015; inibidores competitivos de 
K+ (bomba de prótons). 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 5 
→ Vonoprazan (Brasil), linazapran, tegoprazan (Coreia do Sul). 
 
VONOPRAZAN: alta potência de inibição ácida; efeito inibitório 
de ácido maior que a do Esomeprazol ou Rabeprazol. 
 
 
RESUMINDO: 
 
Regulação da secreção de ácidos pelas células parietais: eixo células G-
enterocromafins-parietais. Todo o eixo pode ser inibido pela 
somatostatina. 
 
 
Adendos 
 
Estímulo alimentar do SNC. Mecanismo de produção de ácido 
estomacal. 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 6 
Farmacologia da motilidade intestinal 
 No intestino, há uma barreira física composta por células 
justapostas que apresentam camada de muco em sua superfície 
denominada barreira intestinal. Também existentes eletrólitos 
que permite trocas e trânsito de substância. 
 O quilo se desloca pelo intestino como consequência da 
peristalse. 
 
Reflexo do vômito 
Vômito: evacuação forçada do conteúdo gástrico pela boca que 
promove proteção fisiológica contra agressões ao organismo, 
como toxinas bacterianas e questões emocionais. 
O que induz o vômito? 
→ Resposta fisiológica: Reflexo protetor na presença de MOs 
→ Efeitos colaterais indesejáveis de muitos fármacos 
clinicamente úteis que induzem náuseas e vômitos 
→ Cinetose: enjoo decorrente de movimentos 
→ Início de gravidez: alterações hormonais 
→ Enxaqueca: indução de vias superiores cerebrais e atuação 
sistêmica da enxaqueca 
→ Doenças bacterianas e virais 
 
Regulação central (SNC): centro do vômito e zona do gatilho 
quimiorreceptora (ZGQ), localizada no bulbo; a ZGQ transmite 
sinais para o centro do vômito – COMUNICAÇÃO INTENSA! 
 O centro do vômito dispara estímulos neuronais para que 
aconteça o reflexo do vômito. Ele recebe estímulos vindos de 
outras áreas do corpo. 
 Fora da barreira hematocefálica recebe muitas informações 
do fluxo sanguíneo, impedindo que substâncias do sg entre em 
contato com a ZGQ. 
 A ZGQ é sensível a estímulos químicos, sendo principal ponto 
de ação de muitos fármacos eméticos e antieméticos. 
 A ZGQ regula a cinetose porque recebe informações do 
ouvido interno, também. 
 
Mecanismo reflexo do vômito: 
 Na ZGQ, há 
receptores de 
serotonina - sendo o 
5-HT3R o principal, 
receptores de 
dopamina, receptores 
de substância T, 
receptores de 
opioides e receptores 
de canabinoides. 
 Qualquer 
substância que atinja 
os receptores da ZGQ, 
ativando-os, promove 
estímulos que chegam 
ao centro do vômito. 
 No centro do vômito, os receptores muscarínicos, 
principalmente, reconhecem esses estímulos e induzem o 
reflexo do vômito. 
 Estímulos recebidos na região do labirinto, via 
vestibulococlear, chegam até o núcleo vestibular, que apresenta 
receptores H1 (histaminérgicos do tipo 1) e M1. A informação 
que chega no núcleo é transmitida para a ZQG que depois parte 
para o centro do vômito induzindo o reflexo do vômito. 
 Situações de nervoso, fortes emoções, dores e de cheiro 
repulsivo captadas por áreas superiores corticais também são 
capazes de induzir o centro do vômito. 
!! A serotonina estimula o peristaltismo quando em contato com 
os receptores 5-HT3R presentes no intestino. 
 
Ativações via TGI: 
 O principal neurotransmissor envolvido é a serotonina, 
produzida pelas células enterocromafins do TGI. A serotonina 
estimula vias aferentes vagais. 
 A via aferente faz sinapse no centro do vômito que faz 
resposta reflexa de indução do vômito. Todo o sistema nervoso 
autônomo fica ativado, nesse caso. 
 O centro do vômito envia sinais para contração dos músculos 
abdominais e diafragma, aumentando a pressão abdominal e 
forçando a saída do conteúdo gástrico. 
Mudanças autonômicas (aumenta da FC e do peristaltismo) + 
fechamento da epiglote (evita que o conteúdo gástrico seja 
aspirado) 
!! As vias aferentes do nervo vago são ricas em receptores de 
serotonina. 
→ Ao longo do TGI existentes receptores dopaminérgicos que 
quando estimulados alteram o peristaltismo de todo o trato, 
inibindo-o. Há presença, também, de receptores opiodes que 
alteram mecanismos secretórios, diminuem o peristaltismo e 
promovem fechamento de esfíncteres. 
 
 
Vias envolvidas no controle do vômito. 
 
Fármacos antieméticos 
Antagonistas de receptores H1 
→ Anti-histamínico de primeira geração: Dimenidrinato = 
difenidramina + 8cloroteofilina, Cinarizina, Ciclizina, 
Prometazina. 
 Uso clínico: amplo; tratamento de cinetose, êmese pós-
operatória. 
 Efeitos adversos: sonolência e sedação (atuação em nível 
central). 
 Mecanismo de ação: inibição dos receptores de histamina 
principalmente no núcleo vestibular. 
 Esses fármacos atravessam facilmente a BHE. Os anti-
histamínicos de segunda geração não atravessam a BHE com 
facilidade, não sendo eficazes no tratamento de vômitos. 
 
Antagonistas de receptores muscarínicos 
→ Escopolamina, agente parassimpatolínico antagonista de M3 
(ação anticolinérgica). 
 Mecanismo de ação: inibição dos receptores M3 do TGI. 
 Uso clínico: profilaxia e tratamento de cinetose, náusea, 
vômito PO e cólicas abdominais. 
 Esses fármacos não atravessam a BHE com facilidade. Efeito 
principalmente periférico! 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 6 
 Efeitos adversos: efeitos anticolinérgicos periféricos (boca 
seca, visão turva, aumento de pressão intraocular, taquicardia, 
tontura, retenção urinária), sonolência, fraca sedação e fadiga 
(efeitos no SNC - raros). 
 Contraindicações: glaucoma de ângulo fechado, obstruções 
intestinais ou urinárias e taquiarritmias. 
 
Antagonistas de receptores 5-HT3 
PRINCIPAL classe de fármacos antieméticos! 
→ Ondansetrona (Vonau), Granisetrona, Palosentrona. 
 Sítio primário de ação: ZGQ; antagonizam efeitos da 
serotonina. 
 Mecanismo de ação: inibição de receptores 5-HT3 em nível 
central e ao longo do TGI. Inibem a ativação eferente vagal 
causada pela serotonina. 
 Uso clínico: êmese induzida por quimioterapia ou por 
irradiação do trato abdominal superior, hiperêmese gestacional. 
 Esses fármacos são menos efetivos para náusea pós-
operatória e não são efetivos para cinetose. 
 Vantagens farmacocinéticas: longo efeito antiemético mesmo 
em baixa concentração no sg (longa interação com receptor), 
podem ser administrados apenas 1 vez ao dia, têm boa absorção 
no TGI e metabolização hepática. 
 Efeitos adversos: cefaleia (nível central) e constipação ou 
diarreia (nível TGI). 
 Cuidado com pacientes em uso de ISRS porque esses 
fármacos ao inibirem a atuação de serotonina podem aumentar 
a presença de serotonina em SNC aumentando a possibilidade 
de acontecimento de SD colinérgica. 
 Esses fármacos podem promover pequeno prolongamento 
do intervalo QT e devem ser cuidadosamente administrados 
para pacientes com histórico de arritmias. 
 
Antagonistas de receptores dopaminérgicos 
→ Antipsicóticos fenotiazínicos (clorpromazina, perfenazina, 
proclorperazina, trifluoperazina); antagonismo dos receptores 
D2, na ZGQ, principalmente. 
 Os antipsicóticos fenotiazínicos atuam também nos 
receptores de histamina e muscarínicos em menor ou maior 
grau. 
 Uso clínico: manifestações intensas de náuseas e vômitos 
associados a câncer, radioterapia, citotóxicos, opioides,anestésicos e outros fármacos. 
 Efeitos adversos: sedação, hipotensão, sintomas 
extrapiramidais (distonias e discinesia tardia). 
 
Metoclopramida (Plasil): 
 Ação central (ZGQ) diminuindo a êmese e periférica sobre o 
TGI, promovendo aumento da motilidade do esôfago, estômago 
e intestino por diminuição da dopamina e ativação colinérgica 
(TGI superior, principalmente). ATUAÇÃO COMPLEXA! 
→ Promotor de esvaziamento gástrico. 
 Uso clínico: vômito causado por uremia, irradiação, 
distúrbios gastrintestinais e por citotóxicos. 
 Efeitos adversos: distúrbios do movimento, inquietação 
motora, torcicolo espasmódico, movimentos oculares para cima 
(involuntários). 
 
Domperidona: 
 Usado em vômitos causados por fármacos citotóxicos e em 
distúrbios gastrintestinais. Possui menor propensão a efeitos 
colaterais porque não atravessa facilmente a BHE. 
 Uso restrito: aumenta risco de reações adversas cardíacas 
graves, principalmente em idosos (aumento do intervalo QT, 
induzindo arritmias). 
!! O uso de domperidona tem deixado de ser frequente por 
causa de seus efeitos adversos. 
 
Antagonistas da neurocina 1 (NK1) 
Aprepitanto: 
 Bloqueia receptores da substância P na ZGQ e no centro do 
vômito. 
!! A substância P causa êmese e é liberada pelos nervos aferentes 
vagais gastrintestinais. 
 Uso clínico: controle de fase tardia da êmese causada por 
fármacos citotóxicos. 
 Efeitos adversos: pouco significativo. 
 Mecanismo de ação: atuam na sinapse aferente do nervo 
vago, no centro emético e na ZQG. 
 
Outros fármacos: 
→ Nabilona, Dronabinal (canabioides); canabinol sintético 
(nabilona) ou natural (dronabinol). 
NÃO SÃO FÁRMACOS DE PRIMEIRA ESCOLHA! 
 Atuam diminuindo o vômito causado por agentes 
estimulantes da ZGQ e são antagonizados por naloxona. 
 Uso terapêutico: profilaxia de êmese em pacientes que 
recebem quimioterápicos e quando há falha de outros agentes, 
estimulador de apetite em pacientes com AIDS e anorexia. 
 Efeitos adversos: sonolência, tonturas, boca seca, alterações 
de humor, hipotensão postural, alucinações e reações psicóticas 
(menos frequentes), ativação simpática. 
 
 
Motilidade intestinal e eliminação das 
fezes 
Motilidade gastrointestinal: movimento do conteúdo alimentar 
ao longo do TGI produzido pela contração e relaxamento do 
músculo liso das camadas circular e longitudinal da parede do 
TGI e dos esfíncteres gastrointestinais. 
 
 
 
 
Entre as duas camadas musculares, 
tem-se a presença de um plexo 
mioentérico que gera as contrações 
desses músculos. 
 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 6 
Principais funções da motilidade intestinal: 
1. Propelir o alimento ao longo do TGI; 
2. Degradar mecanicamente o alimento; 
3. Misturar o alimento com as secreções gastrointestinais. 
 
 
Plexos regulatórios de neurônios do sistema nervoso entérico. Os plexos 
submucosos estão relacionados com mecanismos sensoriais e de 
secreção. Os plexos mioentéricos estão relacionados com o 
peristaltismo. 
 
Formas de contração do TGI: 
1. Peristálticas: propelem o alimento do alimento em direção 
cauda/anal; contração da musculatura anterior ao quimo e 
relaxamento da musculatura posterior a ele; atividade durante e 
após as refeições; contrações progressivas; realizados 
principalmente pela musculatura longitudinal. 
 
2. Segmentares: contrações que auxiliam na mistura do quimo 
com substâncias do lúmen intestinal; realizados principalmente 
pela musculatura circular; pequenos segmentos do intestino se 
relaxam e se contraem. 
 
3. Complexo de migração motora: programação intestinal de 
contrações que ocorre entre as refeições, removendo o alimento 
restante e eliminando bactérias provenientes da porção superior 
do TGI. 
 
 
Reflexo peristáltico intestinal: 
 Propagação ondulatória ativada por 
neurônios aferentes que induz o 
alimento em direção caudal. 
 Com a passagem do quimo, acontece 
distenção e estímulo da mucosa. Há 
efeito excitatório onde o anel contrátil 
do lado oral do segmento fica 
distendido. Ao mesmo tempo, ocorre o 
“relaxamento receptivo” por efeito 
inibitório adiante do quimo. Esses 
efeitos antagônicos facilitam a 
impulsão do alimento na direção anal. 
 
CONSTIPAÇÃO: 
 Dificuldade de evacuar relacionada principalmente com a 
diminuição do peristaltismo. 
 Constipação: frequência de eliminação das fezes < 
3x/semana associada à dificuldade de evacuar e à presença de 
fezes ressecadas e endurecidas ao evacuar. 
 Causas: idiopática (defeito inerente na motilidade do cólon 
ou disfunção neuromuscular na região reto-anal), dieta pobre 
em fibras (alimentação inadequada impede a formação de bolo 
fecal), falta de exercícios, hábito intestinal irregular, 
medicamentosa (opiáceos, antimuscarínicos), mecânica 
(obstrução, neoplasia). 
 
DIARREIA: 
 Diarreia: perda excessiva de água e eletrólitos; aumento da 
frequência de evacuações e diminuição da consistência das 
fezes. 
 A diarreia pode ser osmótica ou secretória quando aparece 
na presença de bactérias, vírus e protozoários. Esses MOs 
induzem o aumento da atividade de transportadores de íons por 
ativação irreversível da proteína G. A proteína G passa a 
expressar excessivamente a adenilato ciclase fazendo com que 
grande quantidade de íons passe para o lúmen intestinal (perda 
mineral e eltrolítica). 
 Na diarreia, a motilidade está aumentada quando há SD 
intestino irritável ou quando acontece efeito adverso de terapia 
medicamentosa ou de radioterapia. 
Doença diarreica aguda: causa de morte em lactentes 
desnutridos de países subdesenvolvidos. 
 
Laxantes ou purgativos 
 Aceleram a passagem das fezes através do intestino e são 
utilizados no tratamento de constipação intestinal quando 
outras medidas não surtem efeito. 
 Uso clínico: suplementação com laxativos formadores de 
volume, laxativos osmóticos ou laxativos estimulantes, antes de 
procedimentos cirúrgicos, radiológicos e endoscópicos para 
esvaziamento do intestino grosso. 
 
1. Laxantes formadores de volume: fibras com efeito laxativo; 
mais demorados para agir e para regular o fluxo do intestino 
grosso; formam massa hidratada volumosa na luz intestinal. 
 A massa de polímeros polissarídicos não ingeridos na parte 
alta do TGI, via receptores físicos, induz o peristaltismo. Além 
disso, promovem a formação de fezes menos ressecadas. 
 Podem formar: 
 - Fibras insolúveis: lignina (farelos), metilcelulose; 
 - Fibras hidrossolúveis ou fermentáveis: pectinas e 
hemicelulose (em frutas e vegetais), preparações com psilio 
(contém mucilóide hidrofílico). 
 Contraindicação: sintomas obstrutivos e megacólon 
(impactação fecal). 
 
2. Laxantes osmóticos: promovem saída intensa de água e com 
ela saída do bolo fecal; promovem a retenção de água; têm 
efeito rápido. 
 O fluxo de água promovido por solutos pouco absorvidos 
aumenta o peristaltismo. 
 - Laxantes salinos: sulfato, magnésio, fosfato; 
 - Açúcares indigeríveis: lactulose (dissacarídeo sintético 
formado por galactose e frutose) que libera ácidos graxos de 
cadeia curta por ação bacteriana induzindo a estimulação da 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 6 
motilidade intestinal e a atração de água; macrogol (polímero de 
etilenoglicol). 
!! O macrogol possui íons em sua composição e ajuda no 
impedimento da perda de eletrólitos. 
 Contraindicação: agentes contendo sais de magnésio em 
paciente com função renal comprometida. 
NUNCA UTILIZAR LAXANTES OSMÓTICOS POR MUITO TEMPO! 
 
3. Laxantes estimulantes: induzem resposta inflamatória nas 
células intestinais; efeitos diretos em enterócito ou nos 
neurônios intestinais que estimulam a musculatura lisa; 
estimulação dos nervos entéricos. 
 Aumentam a secreção de eletrólitos e água pela mucosa, 
aumentando o peristaltismo. 
 - Antraquinonas: derivado de plantas como a cascara sagrada, 
sene e babosa; ao serem hidrolisadas pelas bactérias, irritam o 
epitélio intestinal;- Óleo de rícino (triglicerídeo do ácido ricinoleico): derivado 
de semente de mamona que induz resposta inflamatória muito 
intensa. Seu uso constante pode desencadear o 
desenvolvimento de TU; 
 - Derivados do difenilmetano: bisacodil (Lacto Purga) e 
picossulfato de sódio. 
 Contraindicação: o óleo de rícino não usado tem efeitos 
tóxicos na mucosa intestinal; os derivados do difenilmetano 
podem lesar a mucosa e desencadear resposta inflamatória no 
intestino delgado e no intestino grosso; o Bisacodil promove 
atonia intestinal se for usado por mais de 10 dias seguidos. 
NUNCA UTILIZAR LAXANTES ESTIMULANTES POR MUITO 
TEMPO! 
 
4. Laxantes umectantes: agentes surfactantes. 
 Diminuem a tensão superficial das fezes, facilitando a mistura 
de substâncias aquosas e gordurosas. Como resultado, acontece 
amolecimento das fezes e evacuação facilitada. 
→ Docusato cálcico e docusato de sódio. 
 
5. Laxantes emolientes: induzem o amaciamento das fezes e 
interferem na reabsorção de água (óleo mineral). 
→ Glicerina: via retal (supositório ou enema), atrai água e 
promove distensão intestinal; agente higroscópico e lubrificante. 
!! A retenção de líquido promove peristalse e o distensão 
intestinal causada pelo supositório induz o reflexo da evacuação. 
 
Procinéticos 
 Ao inibir a dopamina do TGI, aumentam a liberação de ACh. 
Além disso, estimulam seletivamente a função motora do 
intestino (colinérgicos). 
 
→ Metoclopramida e domperidona (antieméticos antagonistas 
dos receptores dopaminérgicos D2). 
 Atuam aumentando a motilidade intestinal, o esvaziamento 
gástrico e o peristaltismo duodenal. 
!! São eficazes em distúrbios do esvaziamento gástrico e refluxo. 
 Efeito adverso grave: aumento do intervalo QT. 
 
→ Tegaserode, procaloprida (agonista parcial de receptores 5-
HT4 - serotonina); pouco utilizados. 
 Esses fármacos promovem a liberação de Ach aumentando a 
motilidade esofágica, estomacal, intestinal (delgado e cólon 
ascendente). 
 Efeito adverso grave: aumento do intervalo QT. 
→ Lubiprostona: aumenta a produção de AMc e a apresentação 
de transportadores de cálcio no lúmen intestinal. 
 Esse fármaco atua aumentando a secreção de cloreto e água 
no lúmen do cólon que resulta em liquefação das fezes. 
 Uso clínico: em pacientes com SD do intestino irritável 
(sintomas: dor, desconforto e constipação intestinal). 
 
→ Naloxegol, metilnaltrexona (antagonista opioide sem ação 
central); uso subcutâneo. 
 Uso clínico: constipação induzida por opioides. 
 
Antidiarreicos 
Abordagens ao tratamento de diarreia aguda grave: 
1. Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico: reidratação oral 
(“soro caseiro” - cloreto de sódio e glicose para hidratação oral); 
o soro caseiro ativa o mecanismo de simporte. 
ATRAÇÃO DE ÁGUA INDUZIDA PELO SORO CASEIRO! 
 No íleo e no néfron há cotransporte de glicose e sódio através 
da célula epitelial. A presença de glicose aumenta a absorção de 
sódio e a captação de água, promovendo reidratação parenteral. 
2. Uso de antimicrobiano em infecções. 
 As infecções poder ter origem viral ou bacteriana, sendo 
autolimitadas. Alguns casos exigem uso de antimicrobianos 
(Campylobacter sp, E. coli, Salmonella, Shigella, parasitoses 
giardíase, ancilostomose, teníase). 
3. Uso de espasmolíticos ou antidiarreicos: opioides e inibidores 
de encefalinases (induzem constipação intestinal), salicilato de 
bismuto e probiótico. 
!! Além do efeito no peristaltismo, as encefalinas inibem, via 
AMPc, a secreção de eletrólitos, promovendo constipação. 
 
→ Loperamida: opioide que atua nos receptores μ (mi) 
periféricos; é um dos principais antidiarreicos. 
 Esse fármaco não atravessa facilmente a BHE e é usado 
apenas por suas ações no intestino. 
 Ação: seletiva sobre o TGI; aumento do tônus do esfíncter 
anal, atividade antissecretora de toxinas de alguns 
microrganismos, diminuição da frequência das cólicas 
abdominais e diminuição da eliminação de fezes. 
 Uso clínico: fármaco de escolha para o tratamento da 
“diarreia do viajante”; uso isolado ou com antimicrobianos, 
acompanhado de hidratação oral ou intravenosa. 
Diarreia do viajante: diarreia aguda inespecífica; 20 a 50% de 
pessoas que cruzam fronteiras internacionais apresentam 
intercorrências gastrintestinais. 
 
→ Difenoxilato: opioide que atua nos receptores μ. 
 Esse fármaco pode atravessar a BHE induzindo efeitos no SNC. 
 O difenoxilato é comercializado em associação com sulfato de 
atropina (doses subterapêuticas). Essa associação desestimula o 
abuso pelo paciente porque as superdosagens levam a efeitos 
periféricos causados pela ação da atropina (boca seca e turvação 
visual). 
PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA! 
 
→ Rececadotrila: pró-fármaco do tiorfan e inibidor de 
encefalinase. 
 Ao ser metabolizada, origina o tiorfan. O tiorfan inibe a 
encefalinase, aumentando a concentração das encefalinas 
endógenas intestinais. As encefalinas endógenas têm efeito 
opioide e promovem constipação. 
 
 
5 
 
FARMACOLOGIA AULA 6 
Probióticos 
 Alterações no equilíbrio ou composição da microflora 
agravam as diarreias. Para que esse equilíbrio seja 
reestabelecido, os probióticos podem ser utilizados. 
→ Floratil, Prolive. 
Preparações probióticas: variadas preparações bacterianas > 
Lactobacillus GG; Saccharomyces boulardii. 
 Seu uso possui alguns benefícios nas diarreias agudas, 
infecciosas ou associadas a antimicrobianos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 7 
 
 Diabetes 
 
Diabetes: doença metabólica caracterizada pela presença de 
hiperglicemia crônica que resulta de uma deficiência ou ausência 
de secreção de insulina pelas células β do pâncreas (DM1), 
resistência periférica à ação da insulina (DM2) ou ambas. 
 
Sintomas: cansaço, polaciúria, perda de peso, polifagia, visão 
turva, formigamento, má cicatrização, polidipsia, problemas 
sexuais, infecções vaginais. 
 
 O aumento da glicemia sanguínea altera todo o metabolismo 
do corpo porque ela faz com que sejam produzidos compostos 
finais de glicação avançada – AGEs (proteínas e lipídeos glicados). 
Esses compostos desencadeiam respostas inflamatórias, 
predispondo a ocorrência de aterosclerose, prejuízo na 
cicatrização e neuropatias. 
 
Complicações crônicas da hiperglicemia = retinopatia, 
neuropatia, nefropatia, doença cardiovascular 
 
A alta concentração de glicose no sg provoca: 
1. Desidratação celular: a glicose contribui para a alteração da 
pressão osmótica do LEC; 
2. Perda de glicose na urina; 
3. Diurese osmótica aumentada pelos rins: depleção de líquidos 
e eletrólitos; 
4. Lesões em diversos tecidos: principalmente nos vasos 
sanguíneos. 
!! A excreção de glicose indica alteração de trabalho dos néfrons. 
Com o tempo, essa alteração compromete a função renal. 
 
Tipos de diabetes: 
 
 Portadores de DM1 não são capazes de produzir insulina. 
 Portadores de DM2 têm secreção de insulina diminuída e 
menor entrada de glicose em tecidos insulinodependentes. 
 A DM gestacional é ocasionada pelo aumento da produção de 
determinados hormônios durante a gravidez. 
 A DM monogênica é consequente de alterações genéticas 
envolve indivíduos jovens e é uma ocorrência precoce do DM. 
 
 
 
Glicose 
 A glicose é uma substância essencial para o organismo. Ela é 
fonte obrigatória de energia para SNC, uma vez que o tecido 
nervoso não é insulinodependente. 
 Durante a alimentação, uma concentração de glicose maior 
do que a necessária para o momento é obtida. A insulina 
funciona como anabólico para armazenar esse excesso de 
energia. ALTA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA! 
 A energia é armazenada na forma de glicogênio e de gordura. 
Quando o corpo entra em estado de jejum, essas reservas são 
mobilizadas com a participação do glucagon, hormônio 
catabólico. 
Principal hormônio regulador da captação de glicose = insulina 
 
Insulina e glucagon 
 A hiperglicemia induz as células beta das ilhotas pancreáticasa secretarem insulina na corrente sanguínea. A insulina faz com 
que tanto o tecido adiposo quanto o tecido muscular captem a 
glicose que está em excesso no sangue. A insulina também age 
no fígado promovendo a formação de glicogênio por esse órgão. 
É assim que a insulina atua diminuindo os níveis glicêmicos. 
 A hipoglicemia induz as células alfa do pâncreas a secretarem 
glucagon. O glucagon atua no fígado promovendo a quebra do 
glicogênio em glicose e a quebra de gordura, liberando ácidos 
graxos para a corrente sanguínea. É assim que o glucagon atua 
aumentando os níveis glicêmicos. 
 
 
A insulina é uma proteína constituída de duas cadeias de aminoácidos 
interligadas por pontes de sulfeto. Depois de produzida pelas células 
pancreáticas ela fica armazenada em vesículas. A produção de insulina 
pode ser basal ou rápida. 
 
 Nas células beta, existem transportadores de glicose GLUT2 
que são ativados por altos níveis de glicose sanguínea. A partir 
da hiperglicemia, a glicose entra no interior das células beta, 
onde é metabolizada e gera ATP. O ATP bloqueia os canais de 
potássio das células pancreáticas, promovendo acúmulo de 
eletrólitos de carga positiva no interior da célula, diminuindo o 
limiar de excitabilidade da célula, facilitando a ocorrência de 
despolarização. A despolarização promove a abertura de canais 
de cálcio e a consequente entrada de cálcio no meio intracelular. 
O cálcio induz a liberação da insulina armazenada nas vesículas 
pancreáticas. 
 
Principais efeitos da insulina: controle do metabolismo 
intermediário; efeitos sobre fígado, gordura e músculo; aumenta 
a captação de glicose pelas células, aumenta a captação de 
aminoácidos pelo músculo, estimula síntese proteica, induz a 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 7 
 
 expressão de transportadores GLUT4 em células adiposas e 
musculares insulinodependentes. 
 
 
 
INSULINA = HORMÔNIO ANABÓLICO 
 
Diabetes Mellitus tipo I 
Ausência da produção de insulina + aumento da liberação de 
glucagon 
 
 O glucagon atua em todos os tecidos, exercendo função 
catabólica. Como a glicose em excesso permanece no sangue, 
acontece hiperglicemia e o glucagon continua atuando na 
quebra de gorduras para aumentar a produção de energia. A 
metabolização dos ácidos graxos promove a formação de corpos 
cetônicos e de proteínas transportadoras de colesterol 
(lipoproteínas de baixa densidade). 
 
!! O acúmulo de corpos cetônicos pode provocar cetoacidose, 
alteração do pH sanguíneo. 
 
TERAPÊUTICA: insulinoterapia. 
 
Tratamento: 
 A curva de liberação fisiológica de liberação de insulina deve 
ser seguida no tratamento de DM tipo 1. No DM1, não acontece 
liberação basal de insulina. 
 
Diabetes Mellitus tipo 2 
 Nesse tipo de DM, o pâncreas é funcional e consegue liberar 
insulina, mas de maneira insuficiente. A resistência à insulina 
pelos tecidos insulinodependentes também pode gerar DM2. 
!! Na DM2 não acontece formação intensa de corpos cetônicos. 
 
 
Causas da resistência à insulina: alterações no receptor da 
insulina, alteração na estrutura molecular da insulina, liberação 
de hormônios contrarreguladores (cortisol, catecolaminas, 
glucagon e hormônios de crescimento), formação de Ac 
antiinsulina. 
 
TERAPÊUTICA: dieta + exercícios → hipoglicemiantes → 
hipoglicemiantes combinados > hipoglicemiantes e insulina → 
insulinoterapia 
 
!! No DM2, o paciente não consegue realizar a liberação basal de 
insulina. 
 
Tratamento: 
 
Hipoglicemiantes de uso oral. Os hipoglicemiantes orais agem em 
células betas pancreáticas íntegras. 
 
1. Hipoglicemiantes: aumentam a secreção de insulina; 
sulfonilureias e glinidas. 
2. Anti-hiperglicemiantes: não aumentam a secreção de insulina; 
metformina, acarbose e glitazona. 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 7 
 
 3. Fármacos que aumentam a secreção de insulina de maneira 
dependente da glicose, além de promoverem a supressão do 
glucagon; miméticos das incretinas e gliptinas 
4. Fármacos que promovem glicosúria sem relação com a 
secreção de insulina; gliflozinas. 
 
Insulinas 
- Insulina de origem porcina/bovina: produzidas pelo pâncreas 
dos animais; sua utilização em seres humana pode desencadear 
resposta imune 
- Insulina humana: tecnologia de DNA recombinante (alteração 
de DNA bacteriano); bactérias produzem insulina análogas a 
insulina humana. 
 A insulina por ser destruída pelo TGI e, por isso, deve ser 
utilizada via parenteral. Usualmente, ela pode ser administrada 
via subcutânea ou endovenosa. A administração endovenosa 
acontece nas emergências diabéticas. 
 A insulina é inativada enzimaticamente no fígado e rim e 10% 
dela sofre eliminação renal. 
Efeito adverso = hipoglicemia! A concentração da 
administração da insulina deve ser cautelosamente calculada 
para se evitar o acontecimento de hipoglicemia. 
- Insulina inalável (Afrezza®): insulina análoga à insulina humana 
(DNA recombinante); ação muito rápida - 10 min - e duração 
longa - 6 horas (VANTAGEM!); utilizar antes das refeições; 
MUITO CARA. 
 
- Bombas de insulina: dispositivos que se infiltram no 
subcutâneo; o próprio paciente calcula a quantidade de insulina 
a ser introduzida em determinado momento. 
 
Tipos de insulinas: 
 
 
 
Esquemas de tratamento para reposição de insulina. 
!! Marca-passos/sensores podem ser utilizados em conjunto 
com as bombas de insulina, retirando a responsabilidade de 
cálculo do paciente da insulina a ser administrada. 
 
Hipoglicemiantes 
1. Sulfonilureias: bloqueiam os canais de potássio, estimulando 
as células beta a produzirem mais insulina. 
- Boa absorção V.O.; 
- Possibilidade de interação farmacológica > forte ligação a 
proteínas plasmáticas; 
- Eliminação renal prolongada e produção de metabólitos ativos. 
 Efeitos adversos: hipoglicemia (relacionada com a potência e 
duração do fármaco), ganho de peso, possíveis efeitos 
cardiovasculares. 
 Interações medicamentosas: acontecem mais com o uso dos 
fármacos de primeira geração; podem aumentar a 
biotransformação da digoxina; os betabloqueadores podem 
inibir a liberação da insulina; risco de reações tipo dissulfiram; 
quando administradas com AINEs, cimetidina, clofibrato, IMAO, 
sulfonamidas aumentam hipoglicemia; quando administradas 
com cetoconazol, miconazol diminuem a biotransformação das 
sulfonilureias; quando administradas com fenobarbital 
aumentam a biotransformação das sulfonilureias. 
Efeito dissulfiram = inibição da metabolização adequada do 
álcool promovendo acúmulo de acetaldeído. 
!! Em idosos e em doentes renais, pode acontecer acúmulo e 
maior duração de ação desse fármaco. 
 
Maior potência farmacológica = menor dose necessária. 
 
 
Farmacocinética comparativa. Entre parênteses aparece a geração do 
fármaco. 
 
2. Glinidas ou derivados do ácido benzoico: repaglinida e 
nateglinida. 
 Mecanismo de ação: estimulam as células beta pancreáticas a 
secretar insulina por meio da inibição do transportador de 
potássio em locais diferentes aos das sulfonilureias. 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 7 
 
 - Meia-vida < 1 hora (tempo de duração do efeito farmacológico 
MUITO BAIXO); 
- Ação mais rápida do que as sulfonilureias; 
- Menor risco de hipoglicemia (consequência da sua baixa meia-
vida); 
- Utilizá-las antes de se alimentar. 
 
Anti-hiperglicemiantes 
1. Biguanidas: metformina. 
 As biguanidas atuam diminuindo a gliconeogênese hepática, 
aumentando a captação e utilização de glicose no músculo – 
tendo como consequência a queda da glicemia, aumentando a 
oxidação de ácidos graxos, diminuindo LDL e VLDL circulantes, 
diminuindo a absorção intestinal da glicose (carboidratos) e 
aumentando o metabolismo anaeróbico (ações bioquímicas). 
 Mecanismo de ação: precisa ser melhor elucidado; ativação 
da AMPK (adenosina monofosfato proteína cinase) no fígado e 
no duodeno, enzima ativada por AMP, subproduto do ATP, 
quando há baixa energética. 
- Aumenta a captação de glicose pelo músculo esquelético; 
- É eliminada inalteradana urina; 
- Não causa hipoglicemia. 
 Efeitos adversos: distúrbios no TGI (anorexia, náusea ou 
diarreia dependendo da dose), acidose láctica em pacientes com 
doença renal/hepática, pulmonar hipóxica, IC (raro). 
 Contraindicações: IR, doença hepática, elitismo, doença 
hipóxica pulmonar crônica (produzem acidose metabólica). 
 
2. Inibidores da alfa-glicosidase: acarbose, voglibose, miglitol. 
 Mecanismo de ação: impedem a absorção de glicose pelo TGI; 
se ligam competitivamente às enzimas da borda em escova 
presentes no intestino delgado, inibindo-as. Essas enzimas 
quebram oligossacarídeos e dissacarídeos em monossacarídeos, 
atrasando a absorção da glicose/carboidratos. 
- Principal inibição = α-glicosidases; 
- Opção terapêutica segura para idosos porque não possui 
interações medicamentosas). 
 Efeitos adversos: gastrointestinais (desconforto abdominal, 
flatulência e diarreia acontecem em 30% dos pacientes) e NÃO 
POSSUI efeitos sistêmicos indesejáveis. 
!! Os efeitos adversos gastrointestinais diminuem com o uso 
contínuo 
 
3. Glitazonas (Tiazolidinedionas): pioglitazona, rosiglitazona 
 Mecanismo de ação: induzem a ativação genética celular 
através da ligação ao PPAR-gama (receptor nuclear gama ativado 
por proliferadores de peroxissomos). 
 ▪ Ações do PPAR-gama: transcrição de genes em resposta à 
insulina e regulação do metabolismo lipídico nos adipócitos. 
 Esses fármacos, na presença de insulina endógena ou 
exógena, diminuem a gliconeogênese, a oferta de glicose e a 
produção hepática de triglicerídeos, aumentam a captação e a 
utilização de glicose pelo músculo esquelético e aumentam a 
captação de glicose e diminuem a oferta de ácidos graxos no 
tecido adiposo. 
- Usados em monoterapia ou associados à metformina ou às 
sulfonilureias 
 Efeitos adversos: retenção hídrica (edema, anemia leve), 
ganho de peso dose-dependente, segurança na gravidez e 
lactação não determinada, não produzem acidose láctica, 
mesmo em pacientes com IR. 
→ Pioglitazona: pode gerar interações farmacológicas por 
possuir diferentes metabolismos hepáticos. 
- Administração VO (alimento não interfere em sua absorção); 
- Pico plasmático em 3 horas; 
- Meia-vida de 3 a 7h, metabólitos ativos (t1/2 vida: 16-24h); 
- Metabolismo hepático por 2 CYPs, excreção fecal (2/3) e renal 
(1/3). 
- Interações medicamentosas via CYP diminuem os níveis de 
contraceptivos orais (etinil-estradiol e noretindrona). 
→ Rosiglitazona: 
- Pico plasmático em 1 hora; 
- Meia-vida de 3 a 4h; 
- Metabolismo hepático via 1 CYP. 
 
Fármacos que aumentam a secreção de 
insulina dependente da glicose 
1. Miméticos das incretinas: GIP, GLP-1. 
 Esses fármacos induzem a liberação de insulina pelo pâncreas 
e regulam a hipersecreção de glucagon via GLP-1 e via GIP. Tanto 
o GIP, quando o GLP-1 são degradados pela enzima DDP-4. 
...controle fisiológico da hiperglicemia pela liberação de ambos 
os peptídeos via TGI. 
!! Os fármacos dessa classe também podem ser utilizados para 
perda de peso. 
→ Exenatida e Liraglutida: agonistas das incretinas (GLP1 e GIP). 
- Uso injetável; 
- Mais resistentes à degradação das DPP-4; 
- Uso associado à metformina. 
 
2. Gliptinas: sitagliptina (Januvia®) e vildagliptina (Galvus®). 
 Fármacos inibidores da DPP-4, que aumentam a sobrevida e a 
atuação das incretinas. 
- Uso VO, em dose única; 
- Metabolização hepática; 
- Excreção renal. 
 
Fármacos promotores de glicosúria 
1. Glifozinas: dapagliflozina, empagliflosina 
 Inibem o co-transportador sódio-glicose-2 (SGLT2) presente 
nos túbulos proximal e distal dos néfrons. INIBIÇÃO DA 
REABSORÇÃO DE GLICOSE E AUMENTO DA EXCREÇÃO DE 
GLICOSE PELA URINA! 
 
Adendos 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 8 
 
Anti-inflamatórios não-esteroidais 
(AINES) 
 A primeira classe de anti-inflamatórios foi a dos anti-
inflamatórios esteroidais, composta por derivados de 
corticoides. 
 Na Medicina, os AINES possuem principal utilização no 
tratamento de processos inflamatórios. Eles tratam dores 
agudas de causa bem estabelecida que desaparece com o 
processo de cura. 
Ação anti-inflamatória + ação analgésica 
 
 O que é dor? A dor é uma percepção subjetiva consciente de 
impulsos periféricos nociceptivos modulados que geram uma 
experiência sensorial e emocional desagradável, associada com 
lesão real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos de 
lesão. 
!! Quanto maior a lesão e a destruição tecidual, maior será a dor 
sentida pelo indivíduo e maior será o processo inflamatório 
esperado. 
RESUMINDO: estímulo nocivo → destruição ou lesão tecidual 
→ liberação de mediadores da resposta inflamatória → 
sensibilização ou ativação de nociceptores periféricos → dor 
aguda 
 A dor continua após a injúria tecidual porque há sensibilização 
do nociceptor por mediadores da resposta inflamatória. Na 
sensibilização, os nociceptores ficam mais responsivos aos 
estímulos da dor. 
Estímulo direto da dor = injúria 
Continuação da dor = sensibilização do nociceptor 
 
Alguns conceitos: 
 Alodínia: sensibilização do nociceptor que responde a 
estímulos de dor em situações que não deveriam causar dor; dor 
provocada por estímulos que normalmente não gerariam dor. 
 Hiperalgesia: sensibilização do nociceptor que já espera por 
estímulo doloroso; fácil captação de estímulos regionai; 
sensibilidade exagerada à dor ou sensação elevada a estímulos 
dolorosos. OS AINES DIMINUEM A SENSIBILIZAÇÃO DO 
NOCICEPTOR! 
 
Mecanismos relacionados a liberação de mediadores da 
resposta inflamatória: da dor inflamatória, do edema, da febre. 
 Quando há injúria tecidual, acontecem lesões teciduais, 
fazendo com os mediadores inflamatórios sejam liberados 
promovendo vasodilatação local e aumento da permeabilidade 
capilar. Assim, surgem os sinais flogísticos na região acometida 
(dor, rubor, calor e tumor). 
 Se o processo inflamatório evoluir, acontece degeneração 
tecidual e fibrose. 
!! A vasodilatação local permite a passagem de células 
inflamatórias para o local injuriado – infiltração leucocitária. 
 
Mediadores da resposta inflamatórias: histamina, serotonina, 
eicosanoides – leucotrienos e prostaglandinas (principais) e fator 
de ativação plaquetária (PAF); todos induzem resposta tecidual. 
 
 A ocorrência da febre está relacionada com a presença de 
microrganismos que irão promover injúrias teciduais. 
Componentes das estruturas dos microrganismos induzem a 
liberação de citocinas pró-inflamatórias pelos macrófagos (IL-1β 
e TNF-α) promovem a produção de prostaglandina (PGE2), que 
estimula o centro promotor de calor no hipotálamo. Assim, a 
temperatura média corporal aumenta e aparece febre. 
 
Mecanismos compensatórios para diminuição da temperatura: 
- Aumento do nível pré-fixado de termorregulação: 
vasoconstrição, secreção de adrenalina, calafrios; 
- Perda de calor: vasodilatação e sudorese; 
- Presença da COX no SNC. 
 
Tipos de mediadores da dor inflamatória 
1. Mediadores que ativam ou excitam diretamente os 
nociceptores. 
Estímulos mecânicos e térmicos + histamina e bradicina = 
estímulo direto do nociceptor promovendo dor 
2. Mediadores que causam a sensibilização dos nociceptores. 
Sensibilização decorrente dos mediadores (produtos do 
metabolismo do ácido araquidônico – AA): prostaglandinas, 
leucotrienosn, IL-1, PAF, serotonina e dopamina = dor 
inflamatória aguda 
 
 Os mediadores possuem receptores nos nociceptores. 
Quando há ativação desses receptores, acontece aumento do 
influxo de cálcio e dós níveis de AMPc tornando o nociceptor 
mais sensível aos estímulos e a condução de impulsos nervosos, 
respondendo com maior facilidade aos estímulos periféricos. 
 
Ácido araquidônico: ácido graxo proveniente da dieta abundante 
em quase todos os tecidos; aparece incorporado aos 
fosfolipídios das membranas das células (componente das 
membranas celulares). 
 
 Metabolismo do AA: 
 
- Liberação da enzima fosfolipase A2 na região injuriada que 
induza saída do AA incorporado a membrana celular (ruptura da 
membrana) e o AA é disponibilizado para o citosol e para o meio 
extracelular; 
- AA é rapidamente metabolizado, principalmente, pelos 
sistemas enzimáticos das 5-lipoxigenase e cicloxigenase (COX); 
- Com a metabolização do AA, tem-se a formação dos 
mediadores de resposta inflamatória: leucotrienos, 
prostraglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. 
 
AINES 
 Todos os AINES, com exceção do Paracetamol, possuem 
atividade, mecanismo de ação e efeitos muito bem elucidados e 
semelhantes. 
 Principais efeitos: anti-inflamatórios (modificação da reação 
inflamatória), analgésicos e antipiréticos. 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 8 
 
Mecanismo de ação: inibição da cicloxigenase 
 Os AINES bloqueiam a metabolização do AA pelo sistema 
enzimático da cicloxigenase. Como consequência, os produtos 
do metabolismo do AA não são produzidos. 
...maior atuação da 5-lipoxigenase e maior produção de 
leucotrienos. 
Efeitos adversos: dor epigástrica, náusea, vômito, ulcerações 
estomacais, renais – pode causar IR, possíveis alterações na PA, 
eventos hemorrágicos e reações cutâneas. 
 
 As prostaglandinas estão relacionadas com a regulação de 
funções biológicas, como proteção da mucosa gástrica, 
regulação da função renal (vasodilatação, vasoconstrição e 
regulação da PA) e agregação plaquetária. 
 
PROTEÇÃO DA MUCOSA GÁSTRICA: 
 O estímulo fisiológico da alimentação induz a liberação da 
COX, que libera PGE2 (prostaglandina E2). A PGE2 induz o 
aumento da produção de muco protetor e a inibição da 
produção de HCl. 
...proteção da mucosa gástrica frente a acidez gerada pela 
presença do alimento. 
 Os AINES podem causar irritação da mucosa gástrica ao 
inibirem a COX, enzima relacionada com a liberação de 
prostaglandinas fisiológicas e relacionadas com o processo 
inflamatório. DIMINUIÇÃO DAS PROSTAGLANDINAS 
PROTETORAS DA MUCOSA GÁSTRICA! 
 
COX: 
 As cicloxigenases estão envolvidas com a liberação de 
prostaglandinas pró-inflamatórias e reguladores de funções 
fisiológicas renais, plaquetárias e gástricas, principalmente. 
 Os AINES, ao inibirem as COX, promovem seu efeito anti-
inflamatório (isoforma COX-2) ao mesmo tempo em que geram 
efeitos adversos (isoforma COX-1). 
 
 
Fármaco com menor efeito adverso e diminuição da resposta 
inflamatória >>> fármacos mais seletivos para a inibição da COX-
2! 
 
Fármacos seletivos para COX-2: Nimesulida e Meloxicam. 
Maior seletividade para COX-2: 7 mil vezes mais seletivos. 
Celecoxibe, Etoricoxibe e Lumiracoxibe. 
 
!! Grande parte dos coxibes foram retirados do mercado porque 
seu uso prolongado pode causar a formação de trombos, 
acidentes vasculares, comprometimento cardíaco e mortes. Eles 
são os únicos AINES que devem ser prescritos com receita 
controlada, em duas vias. 
 
 COX-2: faz parte de tecidos renais, vasculares e ósseos; 
contribui para controle da homeostasia da agregação 
plaquetária e da PA. 
 A COX-2 libera prostaciclinas nas células endoteliais que 
regulam a agregação plaquetária. 
...equilíbrio entre a produção de tromboxano A2 e de 
prostaciclinas liberadas pelas células endoteliais. 
 Os coxibes impedem a produção de prostaciclina e aumentam 
a taxa de tromboxano, gerando problemas vasculares sérios e 
AVCs. 
 No sistema renal, a COX-2 atua em conjunto com a COX-1 para 
regularem a modulação da PA e para protegerem o tônus 
vascular e o equilíbrio hídrico renal. 
 O aumento da PA pode causar dano aos rins. A angiotensina, 
quando o SRAA é ativado, induz a liberação de prostaglandinas 
renais que promovem vasodilatação da ateríola aferente do 
glomérulo renal, protegendo a vasculatura renal. 
 Problemas de IR também podem aparecer em pacientes com 
inibição da COX-2 porque não acontece homeostasia do 
funcionamento renal. Os coxibes promovem falha do mecanismo 
de proteção dos rins! Pacientes normais não sofrem grandes 
prejuízos a curto praz, mas pacientes idosos, com IC e com 
doenças renais prévias e diabéticos possuem maior dependência 
desse sistema para a homeostasia renal. 
 
 COX-1: também participa na resposta inflamatória. 
 
O medicamento ideal deve atuar em ambas as isoformas da 
COX e com maior seletividade para COX-2. 
 
 
Seletividade dos AINES: 
 
 
 
 Antes da prescrição de AINEs, seus riscos e benefícios devem 
sempre ser levados em consideração. 
 Cuidados e contraindicações dos AINEs: hipersensibilidade 
(sensibilidade cruzada), úlcera péptica ativa, IR, asma ou rinite 
aguda, HAS ou doença cardíaca, gestantes (no último trimestre 
de gravidez, principalmente, há possibilidade de inércia uterina 
e/ou fechamento prematuro do canal arterial do feto), usuários 
de agentes anti-hipertensivos. 
 
Classes específicas dos AINES 
1. Salicilatos: Ácido acetil salicílico (Aspirina/AAS) e diflunisal. 
 Mecanismo de ação: inibição irreversível da COX-1 e da COX-
2 (principalmente da COX-1!). 
 → Efeitos antiplaquetários (inibição da COX-1 plaquetária), 
que perduram por 8 a 10 dias (turnover das plaquetas). Esses 
efeitos são atingidos em baixas doses! 
 Usos clínicos: terapia de doença cardiovascular, utilização 
prévia de AAS para evitar o desenvolvimento de CA colorretal, 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 8 
 
bloqueio da síntese de prostaglandinas, estímulo de lisossomos 
a degradarem proteína beta-amiloide (acumulada na doença de 
Alzheimer). 
- Atividade analgésica e antitérmica: 500 a 650mg 6/6h; 
- Atividade anti-inflamatória: 4 a 5 g/dia (concentrações muito 
altas); 
- Inibição da agregação plaquetária: 40 a 100mg/dia (baixas 
doses). 
 Efeitos adversos: SD de Reye, salicilismo 
 
SD de Reye: 
 Em crianças portadores de infecção viral, há risco de 
desenvolvimento de SD de Reye perante ao uso de AAS. A SD de 
Reye promove danos irreversíveis ao cérebro e ao fígado. 
 A causa dessa SD não é totalmente conhecida, ainda hoje. 
CONDIÇÃO RARA! 
 Sinais e sintomas: vômitos persistentes e contínuos, languidez 
(perda de ânimo e de energia), sonolência, troca de 
personalidade, desorientação, delírio, convulsões e aumento da 
deposição de gordura em determinados tecidos (hepático e 
renal, principalmente). 
 
Salicilismo: 
O salicilismo é uma emergência médica em crianças e quando 
há ingestões elevadas de AAS. 
 Os salicilatos aumentam a velocidade da fosforilação 
oxidativa, induzindo o aumento da temperatura corporal e da FC. 
Ao mesmo tempo, acontece queda da concentração de gás 
carbônico no sangue, que induz alcalose respiratória. Como 
mecanismo compensatório, acontece acidose metabólica e 
bicarbonato é liberado na urina, então, de maneira intensa. 
Distúrbios de equilíbrio ácido-base e eletrolítico + desidratação, 
vômitos e aumento da taxa metabólica + hemorragia + 
convulsões, coma e depressão respiratória 
 Tratamento: manutenção das funções renal e cardiovascular. 
 
2. Derivados do ácido acético: Diclofenaco potássico 
(Cataflam®), Diclofenaco sódico (Voltaren®) – melhor ação por 
via injetável, Indometacina, Etodolaco (Flancox®), Cetorolaco de 
trometamina (Toragesic®). 
 
Doses recomendadas: 
- Diclofenaco potássico: 50 mg a cada 8 a 12 horas; 
- Diclofenaco sódico: 150mg/dia ou uso de comprimidos de 
liberação prolongada, em dose única de 100 m; 
- Etodolaco: 200 a 400mg a cada 6 a 8 horas; 
- Cetorolaco de trometamina: via sublingual 10 a 20mg em dose 
única ou de 8/8 horas. 
 A Indometacina é extremamente potente (20 vezes mais 
potente do que o AAS), sendo utilizada no fechamento do canal 
arterial em paciente que não tiveram fechamento fisiológico do 
canal arterial. Ela inibe a COX-1 e COX-2 de forma não seletiva e 
tem efeitos adversos bastante evidentes. 
 O Flancox possui alguma seletividade para COX-2 e promove 
menos efeitos gástricos. 
 O Toragesic promove controle de dor semelhante aos 
opioides. GRANDE EFICIÊNCIA NO CONTROLE DE DOR! Esse 
medicamente é utilizado em tratamentos curtos de dor 
moderadaa grave e em pós-operatórios nas situações de dor 
aguda a grave pela via parenteral. Ele possui ações analgésica e 
anti-inflamatória. 
 
3. Derivados do ácido propiônico: Naproxeno (Flanax®, Naprosyn 
®), Cetoprofeno (Profenid ®), Ibuprofeno (Alivium®, Motrin®, 
Advil ®), Flurbiprofeno. 
 Essa classe de medicamentos apresenta importantes 
propriedade analgésicas. Eles inibem a COX-1 e COX-2 de forma 
não seletiva e são utilizados no tratamento de doenças 
reumáticas e osteoarticulares, como artrite reumatóide, 
osteoartrite, tendinite, gota e bursite. 
 O Naxoprofeno possui efeitos inibitórios proeminentes na 
migração leucocitária. 
 O Flurbiprofeno inibe a síntese de TNF-alfa e óxido nítrico. 
 
Doses recomendadas: 
- Naproxeno: 250mg a cada 6 a 8 horas; 
- Cetoprofeno: 50mg a cada 6 a 8 horas 
- Ibuprofeno: doses baixas de 200 mg promovem efeito 
analgésico apenas. A dose promotora de enfeito anti-
inflamatório é de 400 a 600 mg a cada 8 a 12 horas. 
 
4. Fenamatos: Ácido mefenâmico (Ponstan®). 
 Acredita-se que essa classe de medicamentos possui melhor 
efeito analgésico – melhor controle da dor e de processos 
inflamatórios. Os fenamatos não são seletivos para nenhuma 
isoforma da COX. 
 Usos clínicos: tto de dores de curta duração e de lesões em 
tecidos moles. 
 
Doses recomendadas: 
- Ácido mefenâmico: 250 a 500 mg a cada 6 horas. 
 UTILIZAR POR NO MÁXIMO 7 DIAS! Esse fármaco promove 
alta incidência de diarreia e elevação das transaminases 
hepáticas., além de promover rashs cutâneos relacionados a 
anemias. 
 
5. Nimesulidas: Nimesulida (Nisulid®). 
 Tem seletividade para COX-2. 
 Efeitos: diminuição de radicais livres (prejudicial aos tecidos), 
inibição de proteinases e de histamina. 
 
Doses recomendadas: 
- Nimesulida: 100mg de 12/12 horas. 
 
6. Oxicans: Piroxicam (Feldene®), Meloxicam (Movatec®). 
 Esses fármacos possuem meia vida plasmática longa, o que 
permite que eles sejam administrados em dose única. 
 Mecanismos adicionais: inibição de colagenase e 
proteoglicanase nas cartilagens = tto de doenças 
osteoarticulares, com artrite reumatóide, osteoartrite, bursite, 
entorses e gota. 
 Essa classe de medicamentos possui menor incidência de 
efeitos adversos sobre o TGI. 
 
Doses recomendadas: 
- Piroxicam: 20mg a cada 24 horas. 
- Meloxicam: 15 mg a cada 24 horas; tem maior seletividade para 
COX-2. 
!! O Piroxicam também é capaz de inativar neutrófilos, células 
relacionadas com processos inflamatórios. 
 
7. Coxibes: Celecoxibe, Etoricoxibe, rofecoxibe (Vioxx) e 
valdecoxibe (Bextra) – os dois últimos foram retirados do 
mercado brasileiro. 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 8 
 
 Esses fármacos inibem a COX-2. Eles são recomendados 
quando o controle intenso do processo inflamatório deve ser 
feito. 
 Usos clínicos: apenas para pacientes sem riscos 
cardiovasculares; pacientes com probabilidade de efeitos 
gastrointestinais adversos graves, doenças osteoarticulares, dor 
aguda, dismenorreia primária, gota. 
 Efeitos adversos: risco aumentado de ataque cardíaco e AVE. 
 
Considerações sobre AINES segundo a ANVISA 
I. Efeito analgésico e anti-inflamatório: semelhante entre classes 
de AINEs (seletividade COX-1/COX-2); 
II. Coxibes: risco de sangramento TGI, sem risco de doença 
cardiovascular; 
III. COX-2 seletivos: não em menores 18 anos ou usuários de anti-
agregantes plaquetários (aspirina ou clapidogrel); 
IV. Prescrever menor dose efetiva pelo menor tempo necessário; 
V. Todos inibidores da COX: retenção de sódio e água: diminuem 
a filtração glomerular e aumentam a PA (+ idosos); 
VI. Potencializa efeito anticoagulante da varfarina = 
hemorragias; 
VII. Uso concomitante a fármacos anti-hipertensivos: pode 
ocasionar brusco aumento da PA; 
VIII. Evitar: pacientes com história de infarto do miocárdio, 
angina ou stents em coronárias = risco inerente de trombose. 
 
Adendos 
 
Quais pacientes devem fazer uso crônico de AINES? Pacientes 
que sofrem com processos inflamatórios crônicos. 
 
 
Todos os grupos possuem mesmo mecanismo de ação. O que difere 
esses grupos é maior especificidade para determinada isoforma da COX. 
 
 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 9 
 
 Anti-inflamatórios esteroidais (AIES) 
 Os AIES são análogos dos hormônios esteroidais, os 
corticosteroides. 
 
Hormônios do córtex da adrenal: 
1. Glicocorticoides (cortisol): afetam o metabolismo de 
carboidratos, proteínas e lipídeos e a resposta imune; 
2. Mineralocorticoides (aldosterona): regulam o balanço de íons 
e água – balanço hídrico e eletrolítico; 
3. Andrógenos (DHEA): precursores de hormônios sexuais - 
muito utilizados como suplemento alimentar e para diminuir os 
efeitos do envelhecimento. 
 
Porções do córtex da suprarrenal e medula adrenal e hormônios 
produzidos por cada uma delas. Os neurônios simpáticos controlam a 
liberação das catecolaminas. 
 
Controle da liberação do cortisol: 
 Regulação: eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) 
Hipotálamo libera CRH/CRF → CRH estimula a hipófise a liberar 
o ACTH → ACTH estimula o córtex da adrenal a produzir e 
liberar o cortisol 
 Quando há picos de concentração de ACTH no sg, acontecem 
picos de produção e liberação do cortisol na corrente sanguínea. 
!! O cortisol não fica armazenado no córtex da suprarrenal. 
 Feedback negativo: alcançado pelas concentrações 
sanguíneas do cortisol 
...o aumento do cortisol no sg inibe a secreção de corticotrofina 
E do CRH. 
!! O uso contínuo de AINES pode provocar trofismo e supressão 
da adrenal, inibindo o eixo endógeno de liberação do cortisol. 
O principal precursor biossintético de todos os hormônios 
produzidos pela adrenal é o cortisol. 
 
VIA DO CORTISOL: respeita o ciclo circadiano; corticoides são 
sintetizados sob influência do ACTH circulante e são liberados de 
forma pulsátil na corrente sanguínea. 
 
Secreção de ACTH e de cortisol. 
 
 A regulação da liberação do cortisol se dá pelo ciclo 
circadiano, do ciclo do sono vigila, por situações de estresse, 
choque, hipovolemia e estresse cirúrgico. Em situações como 
esses, o aumento da liberação do cortisol dificilmente pode ser 
inibido. 
 O cortisol disponibiliza 
glicose para todos os 
tecidos. Essa glicose é 
utilizada principalmente 
pelo SI e pelos adipócitos. 
Além disso, ele induz 
quebra do tecido adiposo, 
principalmente o 
subcutâneo, e de 
proteínas e aumento do 
glicogênio hepático 
circulante. 
...o cortisol tem efeito contrário ao da insulina. 
!! O uso contínuo de análogos do cortisol pode induzir disposição 
irregular da gordura, fraqueza muscular, reabsorção óssea e 
excreção de cálcio. A atividade inflamatória e do SI também fica 
diminuída perante o uso prolongado desses fármacos. 
 
Glicocorticoides (Corticosteroides) 
 São hormônios naturais ou sintéticos que possuem forte ação 
anti-inflamatória e imunossupressora, muito utilizados em 
doenças crônicas. 
 Ações: regulação da resposta inflamatória (regulação de 
células e mediadores inflamatórios, prevenção da hiperalgesia e 
controle do edema inflamatório), resposta ao estresse, 
imunossupressão e ações ósseas. 
 Mecanismo de ação: ligação a receptores intracelulares 
(GCR), que altera a transcrição gênica, induzindo ou inibindo a 
síntese de algumas proteínas. Para que isso aconteça, sofrem 
dimerização, migram para o núcleo e interagem com o DNA. 
 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 9 
 
 Ao se ligarem a GCR também podem apresentar efeitos 
indiretos, como alteração dos mediadores do metabolismo 
secundário da célula (aumento da ação dos segundos 
mensageiros) - o complexo corticoide-receptor interage com 
outros fatores de transcrição. 
 
AÇÕES ANTI-INFLAMATÓRIAS: 
 
 
 
 Os glicocorticoides inibem diretamente a fosfolipase A2, 
induzindo a produção de lipocortina (anexina 1 - ANXA1). A 
lipocortina é uma proteína capaz de inibir a fosfolipase A2. Ao 
inibirem essa cascata, promovem inibição de hiperalgesia, de 
vasodilataçãoe de resposta lenta de anafilaxia. 
!! Os AIES possuem maior potência de ação anti-inflamatória 
quando comparados aos AINES. Eles também diminuem as 
reações alérgicas e são utilizados para controle de dor e edema. 
 
 Ações dos glicocorticoides: supressão da inflamação e do 
sistema imune, inibição da fosfolipase A2 promovendo 
prevenção de hiperalgesia e edema (diminui AA nas células do 
foco inflamado e expressão de COX-2), inibição da liberação de 
prostaglandinas e leucotrienos, diminui ativação de neutrófilos e 
macrófagos por alterações do metabolismo dessas células, 
aumento da liberação de fatores anti-inflamatórios (IL-10; IL-1; 
anexina-1). 
 Quanto aos mediadores inflamatórios, os glicocorticoides 
induzem a diminuição de liberação de histamina, diminuindo 
todas as manifestações do sistema imune. Assim, promovem 
diminuição de: sistema imune inato e adaptativo, sistema 
complemento, citocinas (IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, TNF-α, fatores de 
adesão), NO e IgG. 
 
AÇÕES EM OUTROS SISTEMAS: 
1. Cicatrização: diminui a função dos fibroblastos, diminuindo a 
produção de colágeno e glicosaminoglicano, alterando a 
cicatrização tecidual. 
!! Os glicocorticoides podem ser utilizados para indivíduos que 
desenvolvem queloides. 
2. TGI: aumento de pepsina e HCl, no estômago. 
3. Metabolismo ósseo: inibição do funcionamento dos 
osteoblastos e aumento da atividade de osteoclastos, induzindo 
o aparecimento de osteoporose; diminuição da absorção de 
cálcio no TGI e aumento da excreção renal de cálcio. 
...a osteoporose aparece como consequência da reabsorção 
óssea excessiva e da grande perda de cálcio. 
!! 30 a 50% dos usuários crônicos de glicocorticoides 
desenvolvem osteoporose. 
 
AÇÕES NO METABOLISMO INTERMEDIÁRIO: 
 Os glicocorticoides promovem o metabolismo intermediário 
normal, aumentando a gliconeogênese, o catabolismo proteico 
e a lipólise. 
 Esses fármacos também aumentam da resistência ao 
estresse, fazendo com que a glicose plasmática e a PA (aumento 
discreto) se tornem maiores. 
 
!! O uso crônico de glicocorticoides pode gerar diabetes. 
 
 
 No tecido adiposo, os glicocorticoides ativam lipases fazendo 
com que a gordura periférica que foi quebrada induza o aumento 
da produção da glicose. A gordura que sofreu quebra é realocada 
em regiões centrais, sendo depositada principalmente no 
abdome e na face. O apetite também é estimulado perante ao 
uso dos glicocorticoides. 
!! As porções centrais do nosso organismo possuem grande 
quantidade de receptores para glicocorticoides, o que explica a 
deposição central de gordura. 
 
USOS TERAPÊUTICOS: 
 Os fármacos devem ser selecionados de acordo com a 
atividade que eles irão apresentar. 
...a escolha do fármaco depende da patologia do paciente e da 
atividade anti-inflamatória, mineralocorticoide e tempo de 
meia-vida do fármaco. 
 
 
Principal representante dos glicocorticoides: hidrocortisona (possui 
efeito considerado padrão). 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 9 
 
 Seleção dos corticoides de acordo com a meia-vida do fármaco: 
Meia-vida plasmática: tempo para que aconteça redução de 50% 
da concentração plasmática do fármaco; 
Meia-vida biológica: tempo de disponibilidade do fármaco no 
tecido (reflete sua duração de ação). 
 - Curta duração: 8 a 12 horas; 
 - Duração intermediária: 12 a 36 horas; 
 - Longa duração: 36 a 72 horas. 
 
 
Comparação de diversos aspectos dos glicocorticoides. Dexametasona 
e Betametasona são os fármacos mais potentes. 
 
Farmacocinética dos glicocorticoides: 
- Vias de administração: oral, injetável, inalatória, oftálmica e 
tópica. 
- Absorção rápida e fácil quando administrado por VO e mais 
lenta quando, por via tópica. As vias tópica e inalatória 
promovem mínimos efeitos sistêmicos. 
- 80 a 90% se ligam às proteínas plasmáticas (alta ligação às 
proteínas plasmáticas). 
- Metabolização hepática e excreção renal. 
!! A prednisona é um pró-fármaco, sendo convertida no fígado 
em prednisolona para exercer seu efeito farmacológico. 
 
Corticoterapia: 
Corticoterapia ideal = máxima atividade anti-inflamatória e 
imunossupressor + mínima atividade retentora de sódio e 
menor quantidade de efeitos adversos (mínimo efeito 
mineralocorticoide) 
 A indicação de um glicocorticoide depende da gravidade da 
doença, da duração do tto, da dose mínima efetiva e da forma 
de uso do medicamento que promove o mínimo efeito de 
alteração na regulação do cortisol (uso diário ou alternado). 
 Usos clínicos: terapia de reposição hormonal (Doença de 
Addison, hipopituitarismo), reações e processos alérgicos, 
doenças articulares, doenças oftalmológicas, doenças 
dermatológicas, doenças neuronais, doenças renais, doenças 
infecciosas para supressão da inflamação excessiva, doenças 
hematológicas, doenças gastrintestinais (doença celíaca, doença 
de Crohn) e transplante de órgãos para evitar rejeição 
(imunossupressão do paciente transplantado). 
 
EFEITOS ADVERSOS: 
 A terapia de reposição em doses baixas normalmente não 
causa problemas aos pacientes, mas doses elevadas ou 
administração prolongada promovem efeitos graves. 
 Esses efeitos podem ser: 
 - Decorrentes da supressão do HPA; 
 - Decorrentes do aumento das ações do glicocorticoide; 
 - Decorrentes da retirada abrupta do glicocorticoide. 
 Efeitos adversos: supressão da resposta a infecções ou lesões, 
SD e Cushing, osteoporose, hiperglicemia (pode evoluir para 
diabetes), desgaste e fraqueza muscular, inibição do 
crescimento em crianças (USAR POR NO MÁXIMO 6 MESES), 
euforia e psicose em administrações de curto prazo, depressão 
em tratamento crônico, glaucoma, catarata. 
 A retirada abrupta, após terapia prolongada pode causar 
insuficiência aguda da suprarrenal, levando a atrofia cortical. 
 O desmame deve acontecer dentro de 8 semanas a 18 meses, 
dependendo do tratamento prévio. 
 
→ SD de Cushing: corresponde ao excesso de glicocorticoides no 
organismo. 
 
Alterações que aparecem na SD de Cushing. 
 
Contraindicações para uso de corticosteroides: TB ativa ou 
tratada incompletamente, doenças fúngicas sistêmicas, herpes 
simples ocular, hipersensibilidade, doenças psicóticas. 
 
 
Analgésicos 
1. Dipirona: 
→ Novalgina®, Anador® Lisador ®. 
 Mecanismo de ação analgésica: deprime diretamente os 
nociceptores já sensibilizados. 
 Inibição da entrada de cálcio no nociceptor, impedindo que 
seu limiar de excitabilidade seja diminuído. DEPRESSÃO DIRETA 
DOS NOCICEPTORES! 
 ▪ Controle da dor pós-operatória de grau leve a moderado 
(bom para dor já instituída). 
 Contra-indicações: hipersensibilidade aos derivados da 
pirazolona, distúrbios hematopoiéticos (anemia ou leucopenia), 
porfiria hepática, PA sistólica < 100 mmHg, evitar uso nos 3 
primeiros meses e 6 últimas semanas de gravidez (utilizar apenas 
quando o Paracetamol não puder ser usado). 
 A dipirona não é vendida em determinados por alguns países 
porque ela pode causar agranulocitose, acentuada queda na taxa 
de granulócitos no sangue acarretada pela ação da dipirona na 
medula óssea. 
...comprometimento dos tecidos hematopoiéticos da medula 
óssea. 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 9 
 
 !! O risco de agranulocitose é extremamente baixo (1:1 milhão) 
e não justifica a não utilização do medicamento. Além disso, ela 
só acontece após 7 dias de uso contínuo. 
 
2. Paracetamol: 
 Possui efeitos analgésicos e antitérmicos + fraco efeito anti-
inflamatório. 
 Mecanismo de ação: fraco inibidor da COX. 
 O paracetamol possui hepatotoxicidade elevada, podendo 
promover danos ao fígado. Evitar o uso em indivíduos alterações 
hepáticas, fármacos hepatotóxicos e usuários de álcool. 
→ Dose máxima diária: 3,25 g/dia. 
 Contraindicações: usuários de varfarina e alérgicos a sulfitos 
(solução em gotas). 
!! Esse medicamento é indicado para gestantes e lactantes, 
respeitando-se as doses. Muitas gestantes desenvolvem 
hepatotoxicidade por uso excessivo.Doses usuais de analgésicos. 
 
Adendos 
Na terapêutica com corticosteroides: 
→ À exceção da terapia de reposição nos estados de deficiência, 
o uso dos glicocorticoides é, em grande parte, empírico. 
→ A dose única de glicocorticoide, mesmo em alta dose, é 
desprovida de efeitos prejudiciais quando for utilizada por em 
até 1 semana. ATÉ 1 SEMANA DE USO DO FÁRMACO NÃO 
PRECISA REALIZAR DESMAME DO PACIENTE. 
→ Fármacos de ação intermediaria devem ser administrados, 
preferencialmente, em dose única pela manhã para diminuir 
supressão do eixo HPA. A terapia em pulsos (intervalos entre 
dias) também pode ser utilizada para evitar a alteração no eixo 
regulatório. 
 
Segurança da Dipirona - “Painel Internacional de Avaliação da 
Segurança da Dipirona” em 2001, na cidade de Brasília 
1. Eficácia como analgésico e antitérmico é inquestionável; 
2. Riscos relacionados à utilização são baixos: similares ou 
menores que outros analgésicos e antitérmicos disponíveis; 
3. Retirada da dipirona do mercado aumentaria o uso de 
fármacos com maiores riscos para a mesma finalidade 
terapêutica. 
 
→ A adição de cafeína ao Paracetamol aumenta seu potencial 
analgésico. 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 10 
 
 Farmacologia do sistema respiratório 
 
Sistema respiratório: 
 O sistema respiratório é responsável pelas trocas gasosas. O 
controle da respiração se dá no bulbo, no centro respiratório. A 
respiração é involuntária, mas algumas vezes ela se torna 
voluntária e precisa de auxílio de outros músculos para 
acontecer. 
 As inervações autonômicas se dirigem a musculatura lisa 
pulmonar e bronquiolar, controlando-a. 
 As fibras sensoriais estão presentes em todo o sistema 
respiratório. Elas percebem substâncias que são irritantes ao 
tecido desse sistema. 
 
 
Doenças pulmonares 
 O pulmão é um órgão-alvo importante de muitas doenças. 
Doenças mais comuns: 
- Fibrose pulmonar induzida por fármacos (amiodarona, 
metotrexato); 
- Edema pulmonar induzido por IC; 
- Tromboembolismo; 
- Hipertensão pulmonar (dificuldade de realizar trocas gasosas); 
- Asma; 
- DPOC. 
 Todas essas doenças possuem sintomas em comum, como 
falta de ar, sibilos, dor no peito e tosse, com ou sem produção 
de escarro ou hemoptise. 
 
Asma 
 Atualmente, no Brasil, a porcentagem de indivíduos com 
asma é muito alta, sendo uma das maiores do mundo. GRANDE 
PREVALÊNCIA DE PESSOAS ASMÁTICAS! 
 23% dos brasileiros tiveram sintomas de asma, no último ano 
(2019). Um inquérito nacional encontrou que apenas 12,3% dos 
asmáticos têm asma bem controlada. 
 É necessário evitar a evolução desses doentes para condições 
complicadas de saúde para que o sistema de saúde não fique 
sobrecarregado. 
 Apesar do país ter alta prevalência de sua população com 
asma, o acesso ao tratamento farmacológico da doença é baixo. 
!! Muitos portadores de asma são subdiagnosticados. Muitos 
profissionais da atenção básica não são capazes de identificar os 
asmáticos e iniciar seus tratamentos. 
 
ASMA BRÔNQUICA: doença crônica e inflamatória na qual há 
obstrução recorrente e reversível das vias aéreas em resposta a 
estímulos irritantes que são fracos demais para afetar os não 
asmáticos. Nela, há aumento da produção de muco e 
broncoconstrição. 
→ O paciente pode ter seu quadro revertido sem ou com 
intervenção farmacológica. 
Crises intermitentes de sibilos e falta de ar + inflamação das 
VAs + hiper-reatividade brônquica (broncoconstrição) + 
obstrução de VAs 
!! A tosse não é característica clínica da asma brônquica. 
 
Asma grave aguda: mal asmático; tem difícil reversão e pode 
causar hipoxemia e hospitalização. 
 ▪ Causas: alérgenos, ar frio, ressecamento da mucosa, 
poluentes, agentes infecciosos. 
 ▪ Patogênese: 
 A patogênese envolve três principais tipos celulares: linfócitos 
TCD4, eosinófilos e IgE. 
 Os linfócitos TCD4 e os eosinófilos liberam grande quantidade 
de citocinas pró-inflamatórias. Já o IgE ativa os mastócitos, que 
liberam histamina, leucotrienos e prostaglandinas. 
 
 A partir de um alérgeno, as células dendríticas 
(apresentadoras de antígeno) apresentam o alérgeno aos 
tecidos linfoides, induzindo a produção de linfócitos TCD4 (Th2). 
Os linfócitos liberam interleucinas que atraem eosinófilos para a 
superfície da mucosa. Outras citocinas liberadas pelos leucócitos 
aumentam a expressão de receptores para IgE em mastócitos e 
eosinófilos. Os eosinófilos ativados liberam citocinas pro-
inflamatórias, que induzem a liberação de outras citocinas pró-
inflamatórias e leucotrienos. Algumas interleucinas, como IL-4 e 
IL-5, atuam sobre os plasmócitos, fazendo com que eles liberem 
IgE. A IgE vão até os mastócitos que então liberam histamina, 
leucotrienos e prostaglandinas. Quando essa resposta 
inflamatória é intensa, acontece broncoconstrição e aumento na 
produção e liberação de muco. 
 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 10 
 
 - Fase imediata: inicial; broncoespasmo da musculatura lisa 
brônquica; interação do alérgeno com os mastócitos, através da 
IgE; liberação de histamina, leucotrieno B4 e prostaglandina D2 
pelos mastócitos ativados, induzindo broncoespasmo; outros 
mediadores liberados: IL-4, IL-5, IL-13, TNF-α; atração de 
leucócitos. 
- Fase inflamatória ou tardia: processo inflamatório intenso nos 
tecidos pulmonares; influxo de Th2 e eosinófilos ativos; 
proteínas produzidas pelos eosinófilos promovem lesão tecidual 
(ECP e EMBP); liberação de citocinas que estimulam a liberação 
de leucotrienos, neuropeptídios, iNO e a ativação de adenosinas; 
inflamação persistente das VAs que leva a broncoespasmo, 
sibilos e tosse. 
→ Hiperplasia e hipertrofia da musculatura lisa + hiper-
reatividade brônquica 
 
 
Constrição da parede bronquiolar. Presença de infiltrado inflamatório, 
principalmente de eosinófilos. 
 
ASMA SENSÍVEL À ASPIRINA: asma sensível ao uso de AINES. 
 Como os AINES inibem a COX, há desequilíbrio na produção 
de leucotrienos, que estão relacionados com a fisiopatologia da 
asma (broncoconstrção, principalmente). 
 Ao tomarem essas medicações, esses pacientes 
predisponentes podem precipitar crises asmáticas. Eles 
produzem mais cisteinil-leucotrienos e têm maior 
hiperresponsividade das VAs. 
!! Asma associada com a presença de pólipos nasais. 
 
DPOC 
 As DPOCs também são muito prevalentes no país. Estima-se 
que daqui a 3 anos elas sejam a terceira causa de morte no Brasil. 
 A problemática da presença dessas doenças deve ser 
entendida para que o tratamento precoce seja instituído 
impedindo a progressão para suas formas graves. 
 
 Na DPOC, há estreitamento progressivo das vias respiratórias, 
destruição dos alvéolos, que acarreta em aprisionamento do ar 
(enfisema) e hiperinsuflação. Seu portador possui limitação do 
fluxo aéreo que não é totalmente reversível, uma vez que 
acontece fibrose de miofibroblastos, tornando o tecido muscular 
que envolve os brônquios menos elástico, com o tempo. 
Dificuldade de funcionamento adequado da musculatura lisa 
bronquiolar que sobre fibrose → PERDA DA CAPACIDADE 
RESPIRATÓRIA 
 Nessas doenças há predominância de células que promovem 
a degradação tecidual, como neutrófilos, macrófagos e linfócitos 
T citotóxicos (CD8). PROMOTORES DE LESÃO TECIDUAL 
INTENSA! 
 A inflamação da DPOC tem padrão diferente da inflamação 
que acontece na asma. 
→ A presença de tosses crônicas é fator diagnóstico. 
!! A poluição e o tabagismo são as principais causas de DPOC e 
asma. 
 
Tratamento farmacológico: 
 - Via inalatória: preferida para o tto das doenças do sistema 
respiratório; atuação direta no tecido pulmonar (rápido início de 
ação); doses mais eficazes e com menos efeitos adversos 
sistêmicos. BOA EFICÁCIA LOCAL COM MÍNIMOS EFEITOS 
ADVERSOS! 
 - Via oral: utilizada quando os pacientes são incapazes de usar 
inaladores; necessidade de dose maior e grande chance de 
efeitos adversos sistêmicos. 
 - Via injetável: utilizada em pacientes gravementedoentes; 
promove efeitos colaterais sistêmicos frequentes. 
 
Fármacos: 
1. Broncodilatadores: agonistas β2-adrenérgicos, metilxantinas, 
fármacos antimuscarínicos, antagonistas de receptores de 
leucotrienos. 
2. Anti-inflamatórios: glicocorticoides. 
3. Anticorpos monoclonais. 
 
Agonistas β2 adrenérgicos 
 Essa classe de fármacos relaxa o músculo liso das vias aéreas 
respiratórias e causa reversão imediata da sua obstrução. 
→ Ativação simpática promovendo broncodilatação e maior 
influxo de oxigênio. 
BRONCODILATAÇÃO + MOVIMENTAÇÃO CILIAR 
 
Mecanismo de ação: ativação dos receptores 
β2-adrenérgicos do músculo liso bronquiolar 
aumentam AMPc, induzindo o acontecimento 
de eventos fosforilativos que culminam no 
relaxamento da musculatura. 
Ações adicionais: inibição da liberação de 
mediadores de mastócitos e a liberação de 
TNF-α de monócitos; aumento da remoção do 
muco. 
 
 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 10 
 
 Vias de administração: inalação de aerossol, pó ou solução 
nebulizada, VO ou injetável. 
 Esses fármacos possuem metabolização hepática e excreção 
renal (conjugado com sulfato). 
Tempo de ação curto: 4 a 6 horas; utilizados no resgate para 
tratamento das crises; salbutamol, fenoterol, terbutalina. 
 → Uso clínico: prática de exercícios, após exposição ao ar frio 
e a alérgenos, se necessário. 
Tempo de ação longa: 12 horas; indicados para o tto de quase 
todos os pacientes asmáticos; salmeterol, formoterol. 
 → Uso clínico: tto de asma quando combinado com 
glicocorticoide inalatório e de DPOC. 
Efeitos adversos: tremores musculares, taquicardia (efeito 
reflexo da vasodilatação na musculatura), inquietação, 
hipopotassemia, hipoxemia. 
 
Metilxantinas 
→ Teobromina, teofilina, cafeína. 
 As metilxantinas são broncodilatadores de potência leve. Essa 
classe de fármacos excitam o SNC. 
Mecanismo de ação: atuam na mesma via metabólica que os 
beta-2-adrenéricos; inibição da enzima fosfodiesterase-4 (PDE-
4), impedindo a quebra do AMPc, fazendo com que ele se torne 
mais concentrado e promova o relaxamento da musculatura lisa 
brônquica. AMPc MAIS ATIVO = BRONCODILATAÇÃO! 
Ações adicionais: diminui a expressão de genes inflamatórios, 
induz a apoptose de neutrófilos, eosinófilos e linfócitos T (efeito 
anti-inflamatório discreto), potencializa os efeitos dos 
glicocorticoides, estimula o SNC (estimulação respiratória). 
Vias de administração: VO ou injetável. 
 Essa classe de fármacos possui rápida absorção pelo TGI, 
tempo de meia vida de 8 horas, metabolização hepática e 
excreção renal. 
Interações: eritromicina, claritromicina, ciprofloxacino (ATBs) e 
fluconazol (antifúngico); quando administrados em conjunto 
com as substâncias anteriores, inibem as enzimas P450 e 
aumentam toxicidade das metilxantinas. 
 
Efeito das metilxantinas nos tecidos respiratórios. 
 
Usos clínicos: asma aguda (em pacientes intolerantes aos β2-
agonistas) e DPOC (broncodilatador), em conjunto com 
glicocorticoides. 
Efeitos adversos: insônia, nervosismo, cefaleia, náuseas, 
vômitos, arritmias e convulsões, diurese = necessidade de 
monitorar a concentração plasmática. 
 
Antimuscarínicos 
→ Ipratrópio, tiotrópio, aclidínio. 
 A eficácia no tratamento a longo prazo com o uso desses 
medicamentos não está demonstrada. 
Mecanismo de ação: antagonismo com receptores M3 (não 
seletivos), promovendo a inibição do efeito constritor direto 
sobre o músculo liso brônquico (tônus vagal) e a produção de 
muco. INIBE A BRONCOCONSTRIÇÃO PROMOVIDA PELA 
ATIVAÇÃO PARASSIMPÁTICA! 
!! Esses fármacos não têm efeitos sobre a fase inflamatória e não 
são eficientes contra estímulos alérgicos (POUCO EFICIENTES 
PARA TTO DE ASMA). 
 
Broncoconstrição promovida pela atuação vagal. 
 
Menor atuação da ativação parassimpático e diminuição do efeito 
broncoconstritor. 
 
Usos clínicos: para tto de asma, são utilizados em combinação 
com outro broncodilatador (agonista β2 de longa duração); para 
tto de DPOC, trazem benefícios do efeito inibitório sobre o tônus 
vagal. 
→ Ipratrópio: curta duração e início de ação lento. 
→ Tiotrópio e aclidínio: longa duração (melhoram a função 
pulmonar e reduzem as exacerbações). 
→ Inaladores combinados: agonista β2 + antimuscarínico 
(salbutamol + ipratrópio); a associação é vantajosa quando 
comparado com o aumento da dose de agonista β2, em 
pacientes com efeitos colaterais. 
 
Vias de administração: aerossol por inalação (ação local), tendo 
efeito máximo atingido após 30 min e que perdura por 3 a 5 
horas. 
 Essa classe de fármacos possui metabolização hepática e 
excreção renal. 
Efeitos adversos: difíceis de acontecerem e relacionados ao 
bloqueio da ação parassimpática; glaucoma (em idosos, 
principalmente), boca seca, retenção urinária, sabor amargo e 
desagradável inerente a medicação promovem baixa adesão ao 
tto. 
 
Antagonistas de receptores de leucotrienos 
→ Lucastes: montelucaste, zafirlucaste, pranlucaste. 
Mecanismo de ação: bloqueiam os receptores de cisteinil-
leucotrienos (CysLT1), diminuindo a resposta imediata e tardia 
aos alérgenos inalatórios e o relaxamento da musculatura lisa. 
ESSES MEDICAMENTOS NÃO SÃO INDICADOS PARA CRISES 
AGUDAS DE ASMA! A atuação desses medicamentos está 
voltada para a diminuição da resposta inflamatória. 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 10 
 
 Melhoram a função pulmonar e + diminuição dos sintomas e 
necessidades de β2 
 
 
O mecanismo que impede a broncoconstrição é o mais importante. 
 
Usos clínicos: primeira linha em asma leve-moderada (melhoram 
função pulmonar), prevenção da asma induzida por exercícios 
físicos, uso em pacientes com asma e rinite alérgica, vantagens 
na terapia adjuvante aos glicocorticoides, redução de reações 
agudas à aspirina em pacientes sensíveis; não apresenta efeito 
no tto de DPOC. 
 
Glicocorticoides ou corticoides inalatórios (CI) 
Ações: diminuem a inflamação e a hiperresponsividade das VAs, 
os sintomas e exacerbações das doenças pulmonares e a 
mortalidade e hospitalizações relacionadas ao agravamento dos 
quadros das doenças pulmonares, aumentam a função 
pulmonar e a qualidade de vida dos doentes. ANTI-
INFLAMATÓRIOS! 
Mecanismo de ação: inibição direta sobre as células 
inflamatórias, atuando em sua transcrição proteica. 
 
 
Inibição da transcrição de genes pró-inflamatórios levando a efeito anti-
inflamatório induzido pelo uso de glicocorticoides. 
 - Diminuição da transcrição de IL-2: restringem a proliferação 
de linfócitos Th; 
 - Diminuição do influxo de eosinófilos induzido por alérgenos; 
 - Diminuição da transcrição e da produção de IL-3: diminuição 
de mastócitos na mucosa; 
 - Inibição da produção de leucotrienos; 
 - Reversão do efeito de ativação de fatores pró-inflamatórios. 
 
 
Efeitos dos costicosteroides sobre as células das vias respiratórias. 
 
Usos clínicos: pacientes que usam regularmente 
broncodilatadores, tto de asma grave (glicocorticoides 
inalatórios de alta potência) e de exacerbações agudas 
(glicocorticoide sistêmico). 
 Os glicocorticoides possuem efeitos sinérgicos e recíprocos 
aos agonistas β2, potencializando os efeitos dos agonistas β2 ao 
aumentar a transcrição de receptores β2 no pulmão. Os 
agonistas β2 auxiliam na melhor interação do complexo 
esteroide-receptor no DNA. 
 Esses fármacos possuem ação local na mucosa brônquica e 
com poucos efeitos sistêmicos. Quando administrados, uma 
fração é deglutida e metabolizada pelo fígado. 
Efeitos adversos: disfonia, candidíase orofaringea, tosse (locais), 
supressão das adrenais, hematomas, osteoporose, pneumonia, 
anormalidades metabólicas e distúrbios psiquiátricos, quando 
administrados em altas doses (sistêmicos). 
 
Anticorpos monoclonais 
→ Omalizumabe: Ac anti-IgE. 
Mecanismo de ação: anticorpo monoclonal bloqueia a IgE, 
diminuindo a ação dos eosinófilos e dos mastócitos, diminuindo 
a liberação de citocinas por essas células e da resposta alérgica a 
asma. 
 Bloqueiam a ação da IgE aos receptores nos mastócitos,diminuindo sua ativação por alérgenos. Também bloqueiam a 
ligação de IgE em linfócitos e macrófagos, diminuindo a 
inflamação crônica. 
Usos clínicos: tto de asma grave/muito grave não controlada 
(menor utilização de glicocorticoides e exacerbação da doença). 
Via de administração: injetável. 
MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO!! 
→ Mepolizumabe e Reslizumabe: Ac anti-IL. 
Mecanismo de ação: inibem a ação da IL-5, citocina-chave em 
crescimento e ativação de eosinófilos que medeiam o processo 
inflamatório alérgico, como o da asma. 
 
5 
 
FARMACOLOGIA AULA 10 
 
 Fármacos em desenvolvimento: 
1. Anti IL-4: dupilumaba; 
2. Anti IL-15: tralocinumabe. 
 
Objetivos do tratamento da asma e DPOC: 
→ Tto de asma: diminuição dos sintomas crônicos (tosse ou 
dispneia durante o dia, a noite ou após exercício físico), 
diminuição do uso de β2 de ação curta (< dois dias/semana), 
manter função pulmonar normal e atividades diárias, prevenção 
de exacerbações, efeitos adversos mínimos ou ausentes. 
 
Recomendações para o manejo da asma. 
 
→ Tto de DPOC: melhorar a condição de vida do paciente para 
que ele consiga realizar suas atividades diárias; evitar ou 
minimizar a evolução da doença e aliviar sintomas, melhorar 
tolerância ao exercício, prevenir e tratar exacerbações, evitar e 
tratar complicações. 
 
 
Adendos 
 
Farmacocinética dos glicocorticoides. Os fármacos se diferenciam 
quanto a sua potência, mas não se diferenciam quanto aos seus efeitos 
farmacológicos e adversos. 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 11 
 
 Opioides 
 Os opioides são analgésicos de ação central e têm pouca 
atuação periférica. Eles agem diretamente no SNC, mais 
especificamente em receptores opioides, imitando as respostas 
proporcionadas pelas endorfinas e encefalinas. 
Os opioides são utilizados principalmente para controle da dor! 
 
“São fármacos que deprimem o Sistema Nervoso Central (SNC) 
eliminando ou reduzindo a sensação de dor, sem causar a perda 
de consciência. Eles agem complexando-se com múltiplos 
receptores, em muitos locais do SNC, no sistema nervoso 
periférico e no sistema nervoso entérico”. 
 
→ Os opioides mimetizam peptídeos endógenos e ativam 
receptores mu, Kappa, delta e NOP. 
 
Diferentes tipos de receptores de opioides. 
 
O ópio: 
→ Papaver somniferum (papoula) 
ÓPIO = SUCO DA PAPOULA 
 Somente recentemente, os mecanismos de ação específicos 
do ópio foram descobertos. 
...isolamento das morfinas, identificação dos receptores 
opioides e de encefalinas são muito recentes. 
 O látex do ópio contém opiáceos, compostos naturais 
encontrados na papoula, principalmente morfina e codeína. Já 
os opioides são compostos sintéticos, semi-sintéticos, naturais 
ou endógenos que interagem com receptores opioides no SNC. 
 
Histórico: 
- 3 400 a.C.: papoula já era utilizada na Mesopotâmia e era 
chamada de “planta da alegria”; 
- 1300 a.C.: egípcios tinham plantações e comercializavam o 
ópio; 
- Médico grego Hipócrates usava opioides para tratar inúmeras 
doenças (dor e diarreias); 
- 1500: ópio se tornou popular em Portugal; 
- Final do século XVI: Paracelsius inventou o láudano, uma 
solução hidro alcoólica que contém morfina; 
- Século XVII: Inglaterra passou a importar ópio de suas colônias 
na Índia; 
- Século XVIII: holandeses e ingleses exportavam ópio para China; 
- 1803: sir Turner descobriu o princípio ativo do ópio, a morfina; 
“Morfeu” = deus grego do sono 
- 1827: manufatura comercial da morfina se inicia; 
- 1843: descobriu-se que a injeção da morfina era mais potente 
do que o xarope de morfina, utilizado na época (seringa 
hipodérmica); 
...maiores efeitos analgésicos e colaterais. 
- 1895: Heinrich Jesse da Bayer diluiu a morfina em acetis e 
produziu um fármaco que acreditava-se possuir menos efeitos 
colaterais, a heroína; 
- 1905: com o aumento do vício em heroína, um congresso baniu 
o ópio dos EUA; 
- Séc XX: comercialização criminosa de narcóticos nos EUA; 
- 1925: proposição da estrutura química da morfina; 
- 1952: síntese da morfina; 
- 1970: descoberta dos receptores no cérebro que interagiam 
com opioides e que morfina e opioides sintéticos não eram seus 
ligantes naturais; 
- 1975: isolamento de compostos endógenos com atividade 
opioide, as encefalinas um tipo de endorfina. 
!! Todos os booms de uso desses fármacos acabaram por 
prejudicar a população mundial, de alguma forma. Hoje, um 
enorme número de indivíduos é viciado e dependente de 
opioides. 
 
Tipos de dor: 
1. Dor nociceptiva: ativação dos receptores por lesão tecidual 
(inflamação, trauma, isquemias); detecção, transmissão e 
percepção do estímulo nocivo. 
2. Dor neuropática: pode ser periférica ou central; doença 
neurológica que afeta a via sensitiva que transmite a dor para o 
SNC e pode produzir dor crônica intensa. 
3. Dor mista: é a mais frequente na prática clínica; acometimento 
de raízes nervosas e nervos (dor neuropática) + acometimento 
de estruturas musculoesqueléticas (dor nociceptiva). 
 
Escada Analgésica da OMS: degraus do tratamento da dor nociceptiva e 
mista (OMS). 
 
Percepção da dor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nociceptores periféricos 
→ transmissão para o a 
medula → transmissão do 
estímulo para o SNC + 
percepção sentimental da 
dor. 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 11 
 
 
 
Fármacos e seus locais de atuação. 
 
Nociceptores: são polimodais (NPMs), não respondendo a 
qualquer tipo de estímulo. Respondem somente estímulos que 
podem gerar dano tecidual (térmicos, mecânicos e químicos). 
→ Principal tipo de neurônio sensitivo periférico, formado por 
fibras C não mielinizadas. 
 
Estímulo mecânico: lesão tecidual; estímulo térmico: abaixo de 16º C ou 
acima de 42°C; estímulo químico: presença de prótons, queda de pH, 
etc. 
 
Transmissão do estímulo para o SNC e para a medula: 
 O estímulo recebido caminha até a região da medula espinal, 
onde acontecem sinapses interneuronais, que levam o estímulo 
pela via ascendente, até o SNC (estimulação sensitiva). 
 A resposta ao estímulo acontece por via descendente, que 
traz resposta inibidora do estímulo e resposta motora. 
 
 
 
 Os opioides atuam em receptores de opiodes de endorfinas e 
encefalinas endógenas localizados na região dorsal da medula 
espinal (receptores mu, kappa e delta). Os opioides possuem 
pequena atuação em nível periférico, nos nociceptores. 
...modulação da resposta que chega na medula. 
 
Mecanismos e locais da analgesia induzida por opioides: 
Inibição da transmissão ascendente das informações 
nociceptivas provenientes do corno dorsal da medula espinhal > 
ativação da via descendente inibitória (mesencéfalo –>corno 
dorsal da medula espinhal) e inibição discreta dos nociceptores 
periféricos. 
...os opioides são liberados na região do corno dorsal e vão 
atuar nos receptores opioides existentes entre os neurônios 
dali. 
 
Mecanismo de ação básico dos opioides: 
- No neurônio pré-sináptico: os opioides são liberados e se ligam 
a receptores opioides, por meio da proteína G inibitória, 
promovendo inibição da adenilato ciclase e diminuição de AMPc. 
Como consequência, o influxo de cálcio fica inibido e o NT 
presente na vesícula sináptica não é liberado. 
- No neurônio pós-sináptico: a ativação dos receptores opioides 
aumenta a saída de potássio (efluxo do íon potássio), alterando 
o limiar de excitabilidade do neurônio (hiperpolarização, célula 
mais negativa). A abertura de canais de Ca voltagem 
dependentes também fica inibida. Assim, o NT que chega até o 
neurônio dificilmente irá conseguir desencadear um potencial de 
ação. 
Menor liberação de NT + hiperpolarização do neurônio = 
diminuição da condução do estímulo doloroso para o SNC 
 
 
 
Peptídeos opioides endógenos 
 
 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 11 
 
 
 
 
Receptores de opiodes: 
→ MOP (mu; µ), KOP (kappa; ҡ), DOP (delta; δ) e NOP; todos são 
compostos por proteínas G e sofrem ação dos peptídeos 
opioides endógenos. 
!! O principal receptor é o mu. 
 O NOP é um receptor FQ de nociceptinas orfanina.Sua 
ativação se relaciona com a reversão dos efeitos analgésicos 
supraespinais de receptor µ, analgesia (espinal) e com a 
promoção de imobilidade. 
O RECEPTOR SIGMA NÃO É UM RECEPTOR OPIOIDE, APESAR DE 
APARECER EM ALGUMAS LITERATURAS AINDA. 
 
Cada fármaco atua de diferente forma nos diferentes receptores. 
 
 
Afinidade dos opioides aos receptores. 
 
Classificação dos opioides: 
Classificação dos opioides de acordo com sua estrutura 
molecular: 
1. OPIOIDES NATURAIS: codeína, tebaína. 
2. OPIODES SINTÉTICOS: meperidina, fentanil, metadona, 
propoxifeno, pentazocina. 
3. OPIOIDES SEMI-SINTÉTICOS: hidromorfona, oximorfona, 
hidrocodona, oxicodona, heroína. 
 
Classificação dos opioides de acordo com sua atividade 
farmacológica: 
 
 
1. AGONISTAS: morfina, codeína, 
metadona, propoxifeno, tramadol; 
promovem resposta máxima ao se 
ligarem ao seu receptor - atividade 
farmacológica aparente. 
 
2. AGONISTAS PARCIAIS: 
buprenorfina, butorfanol; 
promovem resposta média 
ao se ligarem ao seu 
receptor. 
3. AGONISTA-ANTAGONISTA: nalorfina, pentazocina; 
apresentam efeito agonista em alguns receptores e efeito 
antagonista em outros. 
 
4. ANTAGONISTAS: naloxona 
e naltrexona; não promovem 
resposta farmacológica. 
 
 
Potência dos opioides. 
 
Analgésicos opioides 
 Os analgésicos opioides agem em nível central, deprimindo o 
componente afetivo-emocional, inibindo a sensação aversiva, 
desagradável da dor (sofrimento). 
 
Propriedades farmacológicas no SNC: 
1. Analgesia: inibição de componentes sensitivo e emocional 
relacionados a dor (medo, ansiedade e sofrimento) e aumento 
da capacidade de tolerância à dor. 
2. Euforia: sentimento de bem-estar (ativação de mu). 
 → A disforia aparece quando há ativação de kappa 
(sentimento contrário da euforia). 
3. Sedação, tolerância, dependência. 
 → A sedação requer ajuste de doses e acompanhamento. 
 → Tolerância, dependência química e dependência 
psicológica limitam o uso clínico dos opioides. 
4. Depressão respiratória: atuação no bulbo; diminuição da 
sensibilidade do centro respiratório à tensão de CO2, que pode 
ocorrer em doses terapêuticas (efeito dose-dependente). 
...grande problema do uso de opioides. 
5. Supressão da tosse: uso de codeína. 
6. Efeito emético: o uso de opioide induz náuseas e enjoos; 
ativação da zona de gatilho quimiorreceptora, no bulbo. 
7. Constrição pupilar: estímulo do núcleo oculomotor (ativação 
de kappa e mu). 
 
Propriedades farmacológicas no SCV: 
 Em geral, os opioides não alteram, significativamente, os 
parâmetros em pacientes na posição de supino, mas pode 
ocorrer hipotensão ortostática ao se levantar. 
Vasodilatação + redução da resistência vascular periférica + 
redução dos reflexos barorreceptores 
...os efeitos acontecem perante altas doses de opioides. 
- Pacientes hipovolêmicos = queda da PA; 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 11 
 
 - Podem aumentar a pressão intracraniana com consequente 
aumento da PCO2. O aumento da PCO2 provoca vasodilatação 
cerebral, que acaba por diminuir a resistência vascular e 
aumentar o fluxo sanguíneo cerebral. 
 
Propriedades farmacológicas no TGI: 
 A atuação dos opioides em neurônios do Sistema Nervoso 
Autônomo promove constipação (↓ motilidade + ↑ tônus dos 
esfíncteres) e constrição biliar (espasmos nas vias biliares). 
 Reações adversas: constipação, náuseas, vômitos. 
 
Propriedades farmacológicas no sistema urinário: 
- Efeito antidiurético: a redução do fluxo sanguíneo renal 
aumenta a reabsorção tubular de sódio. 
- Aumento da contração da musculatura lisa dos ureteres; pode 
provocar o agravamento de cólicas decorrentes de cálculos 
renais, após a administração de opioides. 
 Reações adversas: retenção urinária. 
 
Propriedades farmacológicas no útero: prolongamento do 
trabalho de parto. 
 
Propriedades farmacológicas na pele: vasodilatação e prurido. 
 
Outras propriedades farmacológicas: 
 Os opioides promovem a liberação de histamina dos 
mastócitos (exceto petidina e fentanil), provocando urticária, 
prurido, broncoconstrição e hipotensão (efeitos locais e efeitos 
sistêmicos). CUIDADO COM OS ASMÁTICOS! 
 
 
 
SD de abstinência = agitação + tremores + diarreia + piloereção 
 
Farmacocinética 
Vias de administração: variam conforme as características físico-
químicas do opioides); VO (lenta), inalatória, SB, IM, IV, 
intratecal, transdérmica. 
Absorção: liberação imediata ou liberação controlada (ajuste de 
doses). 
Distribuição: ampla; variável em SNC (dependente da 
lipofilicidade). 
Biotransformação: hepática com participação do Citocromo 
P450 e de esterases + conjugação. 
Excreção: renal. 
 
Reações adversas 
Tolerância: trata-se da diminuição dos efeitos farmacológicos; se 
desenvolve dentro de 12 a 24 horas. 
- Tolerância rápida: euforia; 
- Tolerância moderada: analgesia, depressão respiratória); 
- Quase nenhuma tolerância: miose e constipação. 
De efeito agudo = menor concentração de AMPc (diminui 
gradativamente) 
De efeito crônico = dessensibilização e interiorização de 
receptores 
...com o tempo, a dose deve ser aumentada para conseguir 
continuar promovendo o mesmo efeito. 
 
Dependência: ativação da via de recompensa pelos receptores 
mu nos sistemas mesolímbico e dopaminérgico; envolve fatores 
psicológicos e socioeconômicos. 
!! Vê-se dependência no estado de tolerância. 
 
O córtex pré-frontal (libera glutamina) e a área tegmental ventral (libera 
dopamina) estimulam o núcleo accubens. A ativação do núcleo 
accubens libera GABA, que inibe o núcleo pálido ventral. O núcleo pálido 
ventral, quando estimulado, ativa a via de recompensa. Os opiodes 
impedem a liberação de dopamina e de GABA (“inibem a inibição”), 
aumentando o efeito de recompensa. 
 
Síndrome de abstinência: 
- Estágio I: até 8 horas; ansiedade e indivíduo suplica pela droga. 
- Estágio II: até 8 a 24 horas; ansiedade, insônia, distúrbios GI, 
rinorreia, midríase, diaforese. 
- Estágio III: até 3 dias; taquicardia, náusea, êmese, hipertensão, 
diarreia, febre, calafrios, tremores, convulsões, espasmos 
musculares. 
...realizar desmame adequado para que o paciente não passe 
pela SD de abstinência. 
 
Usos clínicos/terapêuticos 
→ Principal uso = analgésico para dor intensa e constante 
 Ex: dor associada ao câncer e à doenças terminais graves. 
→ Adjuvante da anestesia (fentanil, sulfentanil e alfentanil). 
 - Medicação pré-anestésica: ações sedativa, ansiolítica e 
analgésica; 
 - Intraoperatório: em associações com anestésicos ou como 
indutor anestésico (fentanil); 
 - Analgesia regional: dor PO. 
→ Antitussígeno: uso de codeína; cuidado com o uso porque 
pode causar de dependência. 
→ Uso em afecções não dolorosas: IC aguda e IC crônica 
terminal. 
→ Tratamento da toxicidade aguda dos opioides: uso de 
naloxona, um antagonista dos receptores opioides. 
 
OS OPIOIDES SÃO FÁRMACOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL, 
EM 2 VIAS. 
 
 
 
 
5 
 
FARMACOLOGIA AULA 11 
 
 Adendos 
 
 
Classificação dos opioides. 
 
 
Opioides e sua seletividade por diferentes receptores opioides. 
 
 
Farmacocinética dos opioides mais utilizados. 
 
Analgésicos opioides agonistas: 
 
Analgésicos opioides antagonistas: 
 
 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 12 
 
 Ansiolíticos e antidepressivos 
 Muitas vezes eles apresentam atividades ansiolíticas, 
hipnóticas e antidepressivas concomitantes. 
 
Ansiolíticos 
BENZODIAZEPÍNICOS: são utilizadas como ansiolíticos e 
hipnóticos. 
BUSPIRONA: uso menos frequente para o controle da ansiedade. 
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES BETA-ADRENÉRGICOS: 
controlam os sintomas da ansiedade. 
ANTIDEPRESSIVOS: fluoxetina, paroxetina e sertralina; muitos 
são utilizados para o controle da ansiedade e para transtornos 
depressivos. 
MELATONINA: ramelteona; controla determinadas situações 
depressivas. 
ANTIEPILÉTICOS: gabapentina e valproato; podem ser eficazes 
no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. 
ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: olanzapina e risperidona; podemser 
utilizados para tratamento de ansiedade e TOC. 
 
Benzodiazepínicos 
 Os benzodiazepínicos são utilizados desde a década de 60. 
Estrutura = anel benzênico + anel aromático 
 
 Mecanismo de ação básico: se ligam a sítios alostéricos do 
receptor GABAA (sítio benzodiazepínico), permitindo que os 
ansiolíticos atuem como ansiolíticos. Ao se ligarem ao sítio, 
estimulam a abertura do canal que permite a entrada de cloreto 
no interior do neurônio, induzindo a hiperpolarização da célula. 
A célula hiperpolarizada fica, então, inibida. 
 Os benzodiazepínicos facilitam e potencializam efeitos 
inibitórios do GABA, neurotransmissor inibitório primário do 
SNC. Quando o GABA é ativado, diminui a excitabilidade dos 
neurônios efetores. 
Ligação do benzodiazepínico com o complexo GABA receptor 
→ abertura dos canais de cloreto → hiperpolarização da célula 
(dificilmente responde a estímulos) → inibição do impulso 
nervoso e depressão dos efeitos excitatórios 
 
→ Os benzodiazepínicos potencializam o efeito do GABA, 
aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto. 
 A depressão do SNC é dose-dependente. Quando maior a 
dose, maior a depressão! 
 Efeitos: ansiolítico, sedativo-hipnótico, relaxante muscular e 
diminuição da atividade convulsiva em maior ou menor grau. 
 Os efeitos dos benzodiazepínicos estão relacionados, 
também, com a afinidade desses fármacos pelos subtipos de 
receptores alfa. 
 
 
 Farmacocinética: essa classe de fármacos possui absorção 
rápida (VO), altas taxas de ligação às proteínas plasmáticas (70 a 
99%) e atinge concentrações sanguíneas máximas em 1 a 3 
horas. Sua distribuição se dá pelo modelo de 2 compartimentos, 
que se inicia em órgãos mais perfundidos e, posteriormente, 
atinge os menos perfundidos. Já a sua metabolização se dá pelo 
fígado. Os seus metabólitos são excretados nas fezes e na urina 
após conjugação com ácido glicurônico. 
 
!! Sua alta lipossolubilidade faz com que atravessem barreira 
placentária facilmente e sejam excretados pelo leite materno 
(fármacos tipo D) e, por isso, seu uso deve ser evitado durante a 
gravidez e o período de amamentação. 
 
 
O lorazepam não forma metabólitos e, por isso, é o mais indicado para 
uso em idosos e crianças. Nesses indivíduos, os benzodiazepínicos 
podem apresentar efeitos paradoxais (excitaróios). Para crianças, 
apenas diazeapam e prazepam são indicados. 
 
 
O clonazepam é o benzodiazepínico mais prescrito na clínica médica e 
o diazepam é um dos benzodiazepínicos mais utilizados no SUS. O 
midazolam pode ser utilizado como anestésico e promove amnésia 
anterógrada. Fármacos de ação longa provocam “ressaca” em seus 
usuários no dia seguinte ao uso. 
 
 Usos clínicos: tto de ansiedade aguda (diminui ansiedade e 
agressão), uso ocasional para insônia (promove sedação e 
indução do sono), tensão muscular gerada pela ansiedade 
(diminuem o tônus muscular, promovendo efeito miorrelaxante, 
tto de epilepsia (clonazepam e diazepam > efeito 
anticonvulsivante) e sedação pré-operatória (sedação com 
amnésia anterógrada). 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 12 
 
 
 
 
 Efeitos colaterais: sonolência, ataxia, confusão mental, visão 
dupla, depressão, cefaleia, aumento ou diminuição da libido, 
incoordenação motora, dependência física e psíquica, prejuízos 
à cognição, amnésia anterógrada (resultante da maior 
lipossolubilidade - dizepam, midazolam) 
 Quanto maior a duração, maiores são os efeitos colaterais. 
 Fármacos de longa duração: diazepam, clonazepam. 
 
Toxicidade aguda e interações medicamentosas: 
 Toxicidade aguda (grandes doses VO): sono prolongado, sem 
séria depressão respiratória e cardiovascular. 
 A associação com outros depressores promove depressão 
respiratória séria. Cuidados com as associações com outros 
depressores do SNC e com álcool. 
Efeitos indesejáveis: 
 1. Tolerância e dependência: possível alteração nos 
receptores GABA (infrarregulação). 
 A interrupção de tratamento pode gerar efeitos de ansiedade, 
tremor e tonturas. 
 Os benzodiazepínicos são os medicamentos mais difíceis de 
serem retirados. Eles devem ser retirados gradualmente e com 
redução de dose fármaco (desmame). 
 2. Síndrome de abstinência: pode persistir por algumas 
semanas. 
 ▪ Tremores, sudorese, agitação, irritabilidade, insônia, 
despersonalização. 
 3. Efeitos rebote: retorno aos sintomas originais em maior 
intensidade. 
Reversores: 
 - Flumazenil IV (LANEXAT® - amp 0,5mg/5mL): antagonista de 
receptor GABA; pode ser utilizado tanto por crianças quanto por 
adultos; início de ação = 1 a 2 min. 
 
Buspirona 
 A buspirona é um agonista parcial da serotonina que atua nos 
receptores 5-HT1A. Ela não causa sedação ou modifica o 
desempenho psicomotor. 
 Vantagem: efeitos colaterais menores que os causados pelos 
benzodiazepínico; tontura, náuseas, cefaleia. 
 Desvantagem: demora dias a semanas para produzir seu 
efeito ansiolítico por causa de seu mecanismo de ação complexo. 
 Uso clínico: tratamento de distúrbios de ansiedade 
generalizada (menor efeito para controle de ansiedade do que 
os benzodiazepínicos); menos eficaz para controle de pânico ou 
ansiedade grave. PODE SER USADO POR GESTANTES! 
 
Antagonistas beta-adrenérgicos 
(betabloqueadores) 
 Diminuem o componente fisiológico da ansiedade, ou seja 
taquicardia, tremores, sudorese, decorrentes de excessiva 
estimulação do SNA simpático. 
 Uso clínico: fobias situacionais. 
→ Propranolol e atenolol. 
 
Hipnóticos 
→ Anti-histamínicos: difenidramina (Dramin) e prometazina; 
possuem efeito antagonista em receptor H1 central. 
→ Benzodiazepínicos: de ação curta; são os mais usados para 
insônia; indutores do sono; possuem pouco efeito de “ressaca”. 
→ Zolpidem e zopiclone: possuem ação semelhante à dos 
benzodiazepínicos, mas não apresentam atividade ansiolítica 
significativa; possuem ½ vida de 2,4 horas; não têm metabólitos 
ativos. 
 
Antidepressivos 
 Os fármacos antidepressivos atuam, principalmente, no 
controle do transtorno depressivo maior (TDM). Eles também 
podem ser utilizados para tratar ansiedade, TOC e transtornos 
alimentares, como bulimia e anorexia. 
TDM = humor deprimido na maior parte do dia, durante pelo 
menos 2 semanas, ou por perda de interesse ou prazer na 
maioria das atividades ou por ambos + distúrbio do sono e do 
apetite, déficits na cognição e perda de energia + pensamentos 
de culpa, inutilidade e suicidas são comuns 
 
Depressão 
▪ Teoria das monoaminas/”teoria clássica”: falta ou alteração do 
equilíbrio entre os NTs serotonina (5HT), noradrenalina (NA) e 
dopamina (DA), que auxiliam no controle das emoções. Quando 
essas substâncias estão em desequilíbrio, o paciente entra em 
depressão e, quando elas estão em equilíbrio, há uma emoção 
adequada para cada ocasião. 
...queda nos NTs leva a suprarregulação compensatória dos 
receptores pós-sinápticos dos NTs. 
!! Todos os três NTs desempenham diferentes papéis no humor 
e na ansiedade. NA = atenção, motivação, prazer e recompensa; 
DA = estado de alerta, vigilância, resposta ao estresse, função 
neuroendócrina, controle da dor, atividade do sistema nervoso 
simpático; 5HT = obsessivo-compulsivo percepção e controle de 
dor, regulação visceral, modulação do humor, cognição, função 
endócrina. 
 Liberação dos NTs: a 5HT se forma no neurônio pré-sináptico 
a partir do triptofano, seu precursor. Quando potencial de ação 
chega no neurônio, acontece abertura dos canais de cálcio, as 
vesículas contendo 5HT vão até a membrana e liberam a 
substância na fenda sináptica. A 5HT liberada se liga ao seu 
receptor pós-sináptico, ao seu autorreceptor regulador ou é 
recaptada. Quando em excesso, ao se ligar a seu autorreceptor, 
sua regulação é feita e acontece diminuição da sua liberação. 
Esse mecanismo de liberação também acontece com DA e NA. 
▪ Outras hipóteses: 
- Hipótese neurotrófica 
da depressão: 
neurodegeneração 
(diminuição das sinapsesnervosas) e diminuição 
da neurogênese no 
hipocampo, levando a 
efeitos depressivos. 
Diminuição da atividade 
nervosa! 
Baixa neurogênese (A) e 
neurogênese adequada (B). 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 12 
 
 - Fatores neuroendócrinos: cortisol elevado e hipotireoidismo. 
- Outros mediadores relacionados com a depressão, como a 
glutamina em excesso e cetamina. 
 
Os antidepressivos 
 Mecanismo de ação geral: aumento da concentração 
extracelular das monoaminas no SNC, promovendo 
infrarregulação dos receptores monoaminérgicos. Assim, 
acontece estímulo ou inibição de moléculas de sinalização 
intracelular. 
 O aumento da disponibilidade de fatores neurotróficos 
promove reestruturação dos circuitos encefálicos. 
 
Inibidores da MAO (monoaminoxidase) 
→ Fenelzina, tranilcipromina, iproniazida (ação 
longa/irreversíveis), clorgilina (MAO-A), selegilina (MAO-B), 
moclobemida (MAO-A) (ação mais curta/reversíveis/seletivos). 
!! Selegilina é utilizada principalmente no tto de Parkinson. 
 
 
 
 A MAO promove a metabolização das monoaminas. Quando 
essa enzima é inibida, os NTs têm suas concentrações 
aumentadas na fenda sináptica. Esse aumento causa euforia e 
excitação. 
Subtipos de MAO/substrato: 
- MAO A/NA, 5-HT, DA; 
- MAO B/DA, feniletilamina. 
!! Os inibidores de MAO-A são mais eficazes. 
 
 
 Efeitos adversos: resultantes da ativação simpática e central; 
visão embaçada, xerostomia, retenção urinária e constipação, 
sedação, confusão e fadiga, alucinações, confusão, convulsões, 
ganho de peso, tontura, insônia e agitação, hepatotoxicidade, 
alteração da disponibilidade de outros fármacos metabolizados 
por MAO. 
 ▪ “Reação do queijo”: inibidores da MAO de longa duração 
induzem resposta hipertensiva intensa a alimentos contendo 
tiramina, precursor das monoaminas, como queijo, cerveja e 
vinho; pode ocorrer até 2 semanas após interrupção do tto. 
Imensa liberação de NE na fenda sináptica! 
Inibidores da recaptação de monoaminas 
I - Antidepressivos tricíclicos (ADTs): Imipramina (Tofranil), 
Desipramina (Norpramin ), Clomipramina (Anafranil), 
Amitriptilina (Elavil ), Nortriptilina (Pamelor). 
 
 
!! Menor tolerabilidade e maior risco em superdosagem, quando 
comparados a outros antidepressivos. 
 
 Mecanismo de ação: bloqueio da recaptação de 5HT e NE por 
competição com o transportador de aminas. 
 Usos clínicos: depressão não responsiva aos ISRS ou IRSNs. 
 - Outros usos/off label: ansiedade e pânico, bulimia, cataplexia 
e narcolepsia, enurese, enxaqueca, náuseas à quimioterapia e 
neuralgias (dores crônicas). 
 Os ADTs possuem rápida absorção oral, alto teor de ligação 
plasmática e boa distribuição decorrente de sua elevada 
lipofilicidade. Sua metabolização acontece vias citocromo P450 
e conjugação. Eles podem ser eliminados tanto na urina quanto 
nas fezes. 
 
 Efeitos adversos: ganho de peso, sonolência (H1), tontura, 
hipotensão, sonolência (alfa1), constipação, visão turva, boca 
eca, sonolência (M1), potencialização do efeito do álcool e de 
anestésicos (depressão respiratória), interações com outros 
antidepressivos, neurolépticos, psicoestimulantes e 
barbitúricos. 
 
 
II - Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS): 
Fluoxetina, Fluvoxamina, Paroxetina, Sertralina, Citalopram, 
Escitalopram, Vortioxetina. 
 Mecanismo de ação: inibição do transportadores de 
serotonina (SERT) aumentando a concentração do NT na fenda 
sináptica. 
 
 
Os efeitos tendem a diminuir no decorrer do tratamento em razão da 
infrarregulação desses receptores (diminuição da expressão dos 
receptores). 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 12 
 
 Atuam nos seguintes receptores para serotonina: 5-HT1A, 1B, 
1C, 1D, 1E, 1F, 5-HT2A, 2B, 2C, 5-HT3 a 7. Eventualmente, se 
ligam a receptores de outros NTs, como a dopamina. 
 Usos clínicos: se tornam relevantes após 2 a 4 semanas de 
uso; tto da depressão maior, TAG (Transtorno de ansiedade 
generalizada), TEPT (Transtorno do Estresse Pós-traumático), 
TOC, transtornos do pânico e transtornos alimentares. 
 
 
Efeitos promovidos pelo uso dos ISRSs. 
 
 De acordo com o postulado dos receptores pré-sinápticos, 
quando há pouco NT sendo liberado na fenda sináptica, esses 
NTs se ligam com seu receptor autorregulador, inibindo sua 
liberação. Ao utilizar esses fármacos, a concentração do NT é 
aumentada e mais NTs se acoplam nos receptores 
autorreguladores, intensificando a liberação endógena do NT 
nas primeiras semanas de uso do medicamento. Falta de ajuste! 
 Com o passar do tempo, a infrarregulação se adapta e não há 
mais inibição da liberação do NT. 
 Uma outra hipótese que explica o porquê de os fármacos 
demorarem a fazer efeito é a hipótese neurotrófica. Ela diz que 
o fármaco promove estimulação neurogênica, aumentando o 
número de sinapses e de novas conexões neuronais. 
 Vantagens: segurança em superdosagem, tolerabilidade 
relativa, baixo custo (todos os fármacos estão disponíveis em 
forma genérica), amplo espectro de uso. 
 Esses fármacos possuem boa absorção oral e são altamente 
lipofílicos. 
 - Fluoxetina e sertralina têm maior tempo de ação porque são 
metabolizados em compostos desmetilados eliminados 
lentamente. Meia-vida longa! 
 - Interações com outros fármacos, promovem a inibição de 
isoenzimas do sistema P450 (fluoxetina e paroxetina). 
 
Perfis farmacocinéticos dos ISRSs. 
 
III - Inibidores da recaptação serotonina-noradrenalina (IRSN): 
Venlafaxina (Effexor ), Desvenlafaxina (Pristiq ), Duloxetina 
(Cymbalta ). 
 Esses fármacos atuam somente nos receptores de serotonina 
e de noradrenalina, sendo não tricíclicos. Assim, não promovem 
efeitos amplos em outros sistemas. Suas reações adversas estão 
relacionadas com ações adrenérgicas. 
 Em baixas doses, inibem a recaptação de serotonina e em 
doses elevadas, de serotonina e de noradrenalina. 
!! Utilizados por pacientes não responsivos aos ISRSs. 
 
IV - Outros inibidores 
→ Inibidor seletivo de recaptação de noradrenalina (ISRN): 
Reboxetina (Norebox  e Edronax ) 
→ Inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina (IRND): 
Bupropiona (Wellbutrin , Zyban ). 
 Fármacos utilizados para tto de depressão associada à 
ansiedade e para tto de pacientes dependentes de nicotina. Eles 
estimulam o SNC sem promover os efeitos adversos da 
serotonina. 
 
Antagonistas noradrenérgicos e de serotonina 
 Fármacos que apresentam maior tolerabilidade e menor 
incidência de efeitos adversos. 
→ Mirtazapina: bloqueia receptores alfa adrenérgicos 
(principalmente ⍺2) e 5-HT2. 
 Aumentam a concentração de noradrenalina e inibem os 
efeitos adversos da serotonina. 
→ Trazodona: bloqueio de receptores 5-HT2 e inibição da 
recaptação de 5-HT. 
 Inibem a recaptação de serotonina e bloqueiam os receptores 
de serotonina que induzem os efeitos adversos desse NT. 
 
Agonistas de melatonina 
 A melatonina é um NT liberado pela gl. pineal e que 
estabelece os ritmos circadianos. Sua secreção é elevada à noite 
e diminuída durante o dia, sendo controlada por impulsos da 
retina. 
→ Agomelatina: agonista dos receptores de melatonina (MT1 e 
MT2) e antagonista 5-HT2; meia-vida curta. 
 Uso clínico: corrige distúrbios do ritmo circadiano, 
geralmente associados à depressão. 
 
Novos produtos 
→ Esketamina (spray nasal): derivado do anestésico Cetamina 
(antagonista dos receptores da glutamina). 
 Indicação: resistência aos fármacos disponíveis 
Efeito antidepressivo rápido + combate pensamentos suicidas 
!! Por ter efeito narcótico, pode gerar abuso. 
 
Adendos 
Agente hipnótico: fármaco que induz o sono. 
 
Os barbitúricos aumentam o tempo de abertura dos canais de 
cloreto. 
 
 
Receptores da NA. 
 
 
Receptores da 5HT. 
 
1 
 
FARMACOLOGIA AULA 13 
 
 Antipsicóticos 
Psicose: senso distorcido ou inexistente da realidade. 
→ Tipos de psicose: depressão maior, mania, transtornos 
psicóticos, demência (Alzheimer) e esquizofrenia.Os antipsicóticos são fármacos neurolépticos, 
antiesquizofrênicos ou tranquilizantes maiores utilizados no tto 
da esquizofrenia, principalmente, e outros transtornos 
psicóticos. 
Esquizofrenia = perda de contato com a realidade + 
deterioração do modo de vida diário + desintegração que se 
manifesta como transtorno de sentimentos, pensamentos e 
conduta 
 
Todos os fármacos que tratam esquizofrenia têm abordagem 
dopaminérgica. Antagonização da atividade da dopamina! 
▪ Abordagem neuroanatômica: aumento dos espações 
interventriculares no esquizofrênico; perda de massa neuronal 
em córtex pré-frontal e hipocampo, principalmente. 
▪ Abordagem dopaminérgica: aumento da atividade 
dopaminérgica (grande concentração de receptores 
dopaminérgicos). 
▪ Abordagem serotoninérgica: aumento da atividade 
serotoninérgica promove alucinações. 
▪ Abordagem glutamatérgica: diminuição da atividade 
glutamatérgica; abordagem menos válida e de menor 
importância. 
 
 
 
Vias dopaminérgicas: 
 Existem 4 vias dopaminérgicas principais: 
 1. Via mesolímbica: excitatória; receptores D2 fazem parte 
dessa via e são inibitórios; relacionada com sintomas positivos da 
esquizofrenia (alucinações, delírios, transtornos de pensamento, 
comportamento anormal); liga a área tegmental ventral ao 
Nucleus accumbens. HIPERFUÇÃO no paciente esquizofrênico! 
 Quando os receptores D2 são ativados, a dopamina diminui a 
ação do GABA, NT inibitório do SNC. A dopamina “inibe a 
inibição”, aumentando a atividade excitatória na via 
mesolímbica. Assim, o paciente passa a apresentar alucinações e 
delírios. 
 2. Via mesocortical: excitatória; estimula principalmente 
receptores D1; relacionada com sintomas negativos da 
esquizofrenia (afastamento social, depressão, diminuição da 
atividade cognitiva e alterações emocionais); liga a área 
tegmental ventral ao córtex pré-frontal. HIPOFUNÇÃO no 
paciente esquizofrênico! 
 Quando os receptores D1 são ativados, acontece diminuição 
da ativação do sistema mesocortical. Assim, o paciente passa a 
apresentar sintomas depressivos. 
 3. Via nigroestriatal: inibitória; relacionada com movimentos 
e estímulos sensoriais; liga a substância negra ao striatum. 
 4. Via tuberoinfundibular: inibitória; relacionada com a 
secreção de prolactina; liga o hipotálamo a hipófise. 
 
Sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. O tratamento de 
esquizofrenia atua na diminuição da ação da dopamina na via 
mesolímbica e aumenta a ação da dopamina na via mesocortical 
(diminuição dos efeitos positivos e aumento dos efeitos negativos). 
 
Antipsicóticos: 
→ 1ª geração: atuam como 
antagonistas de receptores da 
dopamina; têm como objetivo 
diminuir os efeitos positivos. 
 - Fenotiazínicos: alifáticos 
(clorpromazina, levomepromazina) 
e piperidínicos (tioridazina, 
pipotiazina); 
 - Tioxantenos (zuclopentixol); 
 - Butirofenonas (haloperidol). 
 
→ 2ª geração: atuam como 
antagonistas de receptores da 
serotonina e da dopamina; menores 
efeitos adversos do que os fármacos 
de 1ª geração. 
 - Benzamidas (sulpirida, 
amisulprida); 
 - Difenilbutilpiperidínicos (pimozida); 
 - Dibenzodiazepínicos (clozapina, quetiapina); 
 - Benzisoxazólicos (risperidona); 
 - Tienobenzodiazepínicos (olanzapina); 
 - Benzotiazolipiperazinicos (ziprasidona). 
 
 
 
Antipsicóticos de primeira geração ou típicos: 
→ Heloperidol, tioridazina, clorpromazina 
 
2 
 
FARMACOLOGIA AULA 13 
 
 
 
Esses fármacos são antagonistas dos receptores D2, M11, H1 e alfa1. 
 
 Mecanismo de ação (1ª geração): os antipsicóticos de 1ª 
geração antagonizam a dopamina, inibindo-a nas vias 
mesolímbica, mesocortical, nigroestriatal e tuberoinfundibular. 
BLOQUEIO DAS 4 VIAS! 
 
 Efeitos adversos motores: efeito extrapiramidal (bloqueio D2 
via nigroestriatal) promove acatisia (SD das pernas inquietas), 
distonia (espasmos nos músculos de língua, face e pescoço) e 
Parkinson farmacológico (rigidez muscular, bradicinesia e 
tremores); discinesia tardia quando os antipsicóticos são 
retirados (mastigação constante, protrusão da língua e caretas). 
Tto dos sintomas positivos (pensamento desordenado, 
alucinações, delírios) = bloqueio D2 na via mesolímbica 
 
Efeitos adversos dos antipsicóticos de 1ª geração. 
 
Antipsicóticos de segunda geração ou atípicos: 
→ Olanzapina, quetiapina, risperidona, clozapina. 
 Esses fármacos atuam como antagonistas de receptores 
dopaminérgicos (D1, D2, D4) e serotoninergicos (5HT2A, 5HT2C 
5HT3) M1, H1, α1. Baixa relação entre afinidade D2 e afinidade 
5TH2A! 
 
 
Os antipsicóticos de segunda 
geração diminuem o efeito 
das ativações 
serotoninérgicas (principal 
efeito) e dopaminérgicas 
(agonistas parciais de 
5HT2A). 
 
 Efeitos: muito eficazes para alívio dos sintomas negativos, 
menos eficazes para alívio dos sintomas positivos, baixa 
propensão a efeitos extrapiramidais, eficazes em pacientes 
resistentes aos antipsicóticos típicos. 
 → Apresentam baixa incidência de SEP (SD extrapiramidal), 
melhoram a função cognitiva por causa da atuação agonista 
parcial serotoninérgica, são eficazes nos sintomas negativos, não 
produzem discinesias tardias e são eficazes para pacientes que 
não respondem aos antipsicóticos típicos. 
 
Fármacos antipsicóticos. 
 
Antiepiléticos 
Convulsão x epilepsia 
Convulsão: evento agudo que ocorre devido a descargas 
anormais, excessivas e hipersincrônicas de um grupo neuronal. 
Epilepsia: convulsões recorrentes devido a uma causa crônica; 
despolarizações neuronais episódicas de alta frequência de 
impulsos por grupo de neurônios (= foco). 
 
 A maioria dos casos de epilepsia apresenta convulsões, mas a 
doença pode se apresentar de diversas formas. 
 O tipo de epilepsia varia de acordo com a parte do cérebro 
afetada, bem como seus sintomas. 
 - Córtex motor: convulsões; 
 - Hipotálamo: despolarização autônoma periférica; 
 - Formação reticular: perda da consciência. 
 Tem origem genética ou surge após injúria cerebral (AVE, 
infecção, tumor). 
 ▪ Atinge cerca de 0,5 a 1% da população 
 
Crise convulsiva = excitação excessiva de neurônios + 
despolarização das membranas + liberação de 
neurotransmissores (principalmente excitatórios) 
 As crises convulsivas podem ser focais, generalizadas ou de 
focos desconhecidos. 
 
 
Crise generalizada de ausência: 
 Os neurônios GABAérgicos fazem parte do circuito nervoso 
autossustentável entre o córtex cerebral e o tálamo. Quando há 
 
3 
 
FARMACOLOGIA AULA 13 
 
 uma série de descargas neuronais, acontece despolarização do 
sistema GABAérgico, inibindo o circuito. Assim, o paciente perde 
a consciência e entra em crise de ausência. 
 O aumento da liberação de GABA nos nn. reticulares do 
tálamo acontece a partir da estimulação feita pelos nn. relés 
talâmicos (canais de cálcio do tipo T dependentes). 
Excitação dos neurônios GABAérgicos pelos nn. relés talâmicos 
→ liberação do GABA → inibição do circuito → crise de 
ausência 
 
Os fármacos antiepiléticos 
 O objetivo da terapêutica antiepiléptica interromper a 
despolarização paroxística sem afetar a transmissão normal. 
 
Fármacos clássicos e não clássicos. 
 
POTENCIALIZAÇÃO DO GABA: 
- A GABA transamina é 
uma enzima que degrada 
o GABA. Vigabatrina e 
Valproato inibem essa 
enzima. 
- Tiagabina inibe o 
receptor neuronal de 
GABA, aumentando a 
concentração de GABA 
na fenda sináptica. 
- Benzodiazepínicos 
aumentam a frequência 
de abertura dos canais de cloreto. 
- Barbitúricos aumentam o tempo de abertura dos canais de 
cloreto. 
 
INIBIÇÃO DOS CANAIS DE Na: 
- Carbamazepina, fenitopina e topiramato aumentam a ação 
inibitória do canal de sódio (tempo de inibição maior). Canal de 
sódio menos responsivo aos estímulos excessivos! 
- Lacosamida, lamotrigina, valproato e zonisamida bloqueiam o 
canal de sódio. Aumento do período refratário! 
 
INIBIDORES DOS CANAIS DE Ca: 
- Etossuximida é utilizado para convulsõesdo tipo pequeno 
mal/ausência. 
 A inibição da abertura dos canais de cálcio promove inibição 
da condução do impulso elétrico. 
 
ANTAGONISMO DE NTs GLUTAMATÉRGICOS: 
 
- Inibem a abertura de canais de sódio e cálcio. 
 
Fármacos clássicos: barbitúricos, hidantoínas, oxazolidinodionas 
e succinimidas. 
Outros fármacos: derivados do GABA, dibenzazepinas, valproato 
(ácido valpróico) e derivados, triazínicos, gabapentina e 
topiramato, benzodiazepínicos. 
 
1. Barbitúricos 
→ Fenobarbital, metilfenobarbital, metarbital, primidona. 
 Mecanismo de ação: atuam potencializando a ação 
GABAérgica, aumentando o tempo de abertura dos receptores 
GABA e dos canais de cloreto, promovendo a hiperpolarização 
da célula. 
 Uso clínico: controle da maioria das formas de epilepsia – 
principalmente crises tônico-clônicas. 
 Esses fármacos possuem ½ vida de 50 a 140 horas, 25% deles 
são excretados inalterados na urina e 75% são metabolizados 
pela CYP (indutor de CYP = aumento da metabolização de outros 
fármacos). São contraindicados para portadores de porfirias 
hepáticas! 
 
4 
 
FARMACOLOGIA AULA 13 
 
 Efeitos adversos: sedação (alterações de cognição), anemia 
megaloblástica, reações leves de hipersensibilidade e 
osteomalácia. 
!! A superdosagem promove depressão do tronco cefálico 
(centro respiratório). 
 
2. Hidantoínas 
→ Fenitoína 
 Mecanismo de ação: inibição dos canais de sódio. 
 Usos clínicos: anticonvulsivante, antiarrítmico, antineurálgico, 
miorrelaxante esquelético e inibidor da colagenase. 
 Esses fármacos são eficazes em crises parciais e 
generalizadas. 
 A farmacocinética desses medicamentos é imprevisível e sua 
faixa terapêutica é estreita. 
 - Boa absorção VO, competição pela ligação às proteínas 
plasmáticas (deslocamento de salicilatos, valproato, 
fenilbutazona e aumento de seus efeitos farmacológicos) e 
indução enzimática (CYP). 
 Efeitos adversos: vertigem, ataxia, cefaleia, nistagmo, 
malformações fetais, hiperplasia gengival. 
 
3. Oxazolidinodiona e succinimidas 
→ Trimetadiona e etossuximida. 
 Mecanismo de ação: inibição dos canais de Ca T. 
 Fármacos efetivos nas crises de ausência, que têm efeito 
sobre as correntes talâmicas de Ca. 
 - Trimetadiona: uso indicado para não responsivos à 
succinimida ou ácido valpróico; muitos efeitos adversos 
promovidos por seu metabólito ativo, a dimetadiona. 
 - Etossuximida: fármaco de primeira escolha para tto das 
crises de ausência; efeitos adversos > náuseas e anorexia, 
letargia e tontura. 
 
4. Derivados do GABA 
→ Vigabratina: inibe GABA-T (GABA aminotransferase) que 
metaboliza GABA, aumentando a liberação de GABA. 
→ Tiagabina: inibe preferencialmente GAT-1 (transportador da 
recaptação de GABA) = inibição da recaptação de GABA da fenda 
sináptica. 
 
5. Dibenzazepinas 
→ Carbamazepina 
 Mecanismo de ação: inibição dos canais de Na. 
 Usos clínicos: anticonvulsivante, antipsicótico, antineurálgico, 
antimaníaco. 
!! Fármaco de primeira escolha para tto de crises parciais e 
generalizadas. 
 Efeitos adversos: sonolência, tontura, ataxia, alterações 
mentais e mentoras graves, retenção hídrica, efeitos TGI e 
cardiovasculares, neutropenia, hipersensibilidades, potente 
indução enzimático (acelera metabolismo de fenitoína, CO, 
varfarina, corticosteróides e ela mesma... CUIDADO COM AS 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS). 
→ Oxcarbazepina: prófarmaco com as mesmas características 
da carbamazepina, mas que é pouco indutor enzimático. 
 
6. Valproato 
 Mecanismos de ação: bloqueio de descargas repetitivas e 
sustentadas de alta frequência resultantes das correntes de Na 
+ inibição da ativação de canais Ca tipo T + facilita a síntese de 
GABA (estimula GABA desidrogenase) 
 Em altas concentrações esse fármaco inibe GABA-T cerebral, 
bloqueando a degradação de GABA. 
 Usos clínicos: certos tipos de epilepsia infantil, doença bipolar 
e depressiva, crises tônico-clônicas, mioclônicas e crises de 
ausência. 
 
7. Triazínincos 
→ Lamotrigina 
 Mecanismos de ação: bloqueio do disparo repetitivo dos 
canais de Na + bloqueio dos canais de Ca voltagem-dependentes 
= diminuição da transmissão glutamatérgica excitatória. 
 Uso clínico: crises parciais e generalizadas não controladas 
por outros fármacos. 
 
8. Gabapentina e topiramato 
 Fármacos utilizados em crises de dores neuropáticas, crises 
parciais e crises tônico-clônicas generalizadas. 
 
 
Adendos 
→ Aripiprazol: agonista parcial D2 + agonista parcial 5-HT1A = 
estabilizador do sistema dopaminérgico 
!! Não resolve completamente os sintomas da esquizofrenia para 
determinados pacientes. 
 
 
Fármacos antiepilépticos e suas ações. 
Aula 1 
1 
 
Farmacologia
Farmacologia: estudo de substâncias - os fármacos -que 
interagem com os sistemas vivos por meio de processos 
químicos, especialmente pela ativação ou inibição de 
processos corporais normais. 
 
Histórico 
• Primórdios da civilização: remédios a base de 
ervas (Papiro de Ébers) A Medicina fazia 
observação clínica e diagnóstico, mas apresentava 
falhas no tratamento. 
• Século XIX: Farmacologia considerada como 
ciência; 
• 1858: Virchow propõe a teoria celular; 
• 1868: início do uso de fórmulas estruturais para 
descrição de compostos químicos; 
• 1878: Pasteur propõe a relação entre bactéria e 
doença. 
 
Conceitos introdutórios 
Medicamento: é uma preparação química contendo um 
ou mais fármacos utilizados de acordo com suas 
indicações e propriedades, com finalidade terapêutica. 
→ Fármaco, excipientes, conservantes, solventes. 
*Um fármaco pode ser um medicamento, mas nem todo 
medicamento é um fármaco! 
 
Droga: composto químico capaz de provocar alterações 
somáticas ou funcionais, sendo elas benéficas ou não. 
Popularmente, é frequentemente associada a 
substâncias que causam dependência, narcóticas ou 
que alteram a consciência. 
 
Remédio: todo e qualquer tipo de cuidado utilizado 
para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconfortos e 
mal-estares. 
 
Fármaco: composto químico de estrutura química 
conhecida, que provoca um efeito biológico e que deve 
ser administrado e não liberado por mecanismos 
fisiológicos. NÃO é nutriente ou ingrediente essencial 
da dieta! 
→ Substâncias química sintéticas, substâncias extraídas 
de plantas e animais e produtos de engenharia genética 
(biofármacos). 
 
Propriedades importantes do fármaco: 
1. Avaliação risco x benefício: avaliação onde é feita a 
verificação da probabilidade de que um efeito ou dano 
possa ser tolerado por um organismo. Trata-se do 
benefício real trazido pelo uso da substância, sendo que 
ele deve ser maior do que o risco. 
2. Índice terapêutico (IT): relação entre dose letal média 
(DL50) e dose efetiva média (DE50). Quanto maior o IT, 
maior será a segurança do fármaco. 
IT = DL50/DE50 
➢ DL50: dose que causa a morte de 50% dos animais 
em ensaio, em dado período de tempo; 
➢ DE50: dose que provoca o efeito desejado em 50% 
dos animais em ensaio, em dado período de 
tempo. 
Relação fármaco-indivíduo: envolve farmacocinética 
(“como o organismo interage com os fármacos”) e 
farmacodinâmica (”como o fármaco interage com o 
organismo”). 
 
Forma farmacêutica x fórmula farmacêutica 
Fórmula farmacêutica: relação de substâncias que 
entram na constituição de um medicamento → 
fármaco, coadjuvante terapêutico, coadjuvante 
farmacotécnico, estabilizante, conservante, veículo ou 
excipiente. 
Forma farmacêutica: estado final da fórmula 
farmacêutica. É estabelecida levando-se em conta 
propriedades da substância, vias de administração e 
fatores relacionados ao indivíduo. 
→ Facilita a administração porque permite a obtenção 
de maior efeito terapêutico. 
➢ Sólidas: cápsulas (produto dentro de involucro de 
gelatina), comprimidos (obtido com a compressão 
dos princípios ativos), drágeas (comprimido 
revestido com açúcar) e supositórios. 
➢ Líquidas: soluções (mistura homogêneade 2 ou 
mais fases), xaropes (solução oral viscosa com alta 
concentração de açúcares), emulsões (constituído 
por 2 líquidos não miscíveis) e suspensões 
(dispersão com uma fase líquida e uma fase sólida 
insolúvel). 
➢ Semi-sólidas: pomadas (dispersão de um ou mais 
princípios em uma base lipofílica e difíceis de sair 
com água), cremes (emulsão, formada por uma 
Aula 1 
2 
 
 
fase lipofílica e uma fase aquosa), emplastro (base 
adesiva contendo um ou mais princípios ativos 
distribuídos em uma camada uniforme), gel 
(contém um agente gelificante para fornecer 
firmeza a uma solução). 
➢ Gasosas: aerossóis (sistema com partículas sólidas 
e líquidas dispersas em um gás o uso através de 
aparelhos como nebulizadores ou vaporizadores). 
 
Vias de administração 
A via de administração nada mais é do que o método de 
introdução do fármaco no organismo. Trata-se do 
primeiro contato do fármaco com o organismo. 
→ Vias de administração influenciam a extensão e a 
velocidade da absorção. 
 
 Alguns critérios devem ser considerados antes da 
administração de um fármaco. 
1. Quanto ao paciente: consentimento, patologias 
existentes, nível de consciência e impedimento físico; 
2. Quanto ao efeito desejado: sistêmico ou localizado, 
latência e duração; 
3. Quanto ao medicamento: propriedades físico-
químicas, solubilidade, estabilidade em meio ácido, 
pKa, propriedades organolépticas e farmacocinética. 
 
Vias enterais: 
→ VIA ORAL(V.O.) 
• Vantagens: fácil administração, casos de 
administração diária e/ou por longo período, 
permite autoadministração, econômica, segura 
(aumento gradual da concentração plasmática e 
menor incidência de efeitos tóxicos); 
• Desvantagens: variação da taxa de absorção, 
motilidade gastrointestinal, automedicação 
depende da cooperação ou da adesão do paciente, 
vômito, inconsciência, metabolismo de primeira 
passagem. 
→ VIA SUBLINGUAL: 
• Vantagens: rápida absorção, difusão pela trama 
capilar (circulação sistêmica), efeito terapêutico 
rápido, evita a metabolização de primeira 
passagem e a ação do suco gástrico pelo baixo pH; 
• Desvantagens: pequena área de superfície 
disponível, sabor ruim, ação irritante, criança, 
pacientes com xerostomia. 
→ Via RETAL: alternativa para quando as outras vias 
enterais estão indisponíveis (pacientes com náusea, 
inconsciência). A absorção acontece no plexo 
 
hemorroidário, tendo-se uma passagem direta para a 
circulação. 
• Vantagens: evita a destruição por enzimas 
digestivas e pela ação do pH estomacal, evita a 
metabolização de primeira passagem, boa para 
pacientes que não conseguem engolir; 
• Desvantagens: absorção irregular (motilidade 
aumentada), administração desagradável, 
irritação anal, diarreia. 
 
Via intramuscular: utilizada quando há impossibilidade 
de uso oral e na presença de fatores que diminuem a 
absorção no TGI. 
→ Barreira = endotélio capilar. 
*Quanto maior o fluxo sanguíneo, maior a velocidade de 
absorção. 
• Vantagens: rápida e completa absorção, permite 
formulação de liberação controlada e contínua; 
• Desvantagens: introdução acidental em veias, 
ação irritante, dor no local da aplicação, custo, 
mão de obra especializada. 
 
Via intravenosa: fármaco administrado diretamente na 
corrente sanguínea. 
• Vantagens: não sofre absorção, não sofre 
metabolismo de primeira passagem, permite 
administração de grandes volumes, permite 
administração de substâncias irritantes para o TGI, 
promove efeito imediato (bom para emergências 
medicas), seguro para fármacos com margem de 
segurança estreita; 
• Desvantagens: reações anafiláticas, possibilidade 
de embolia, introdução de bactérias para o meio 
interno, via menos segura (pacientes devem ser 
monitorados), maior custo, pode causar dor. 
 
Via subcutânea: fármaco administrado no tecido 
subcutâneo. 
• Vantagens: fármaco absorvido lentamente (efeito 
prolongado), fármacos depositados em cápsulas 
subcutâneas para ação contínua e duradoura 
(semanas ou meses), evita contato com TGI, não 
sofre efeito de primeira passagem; 
• Desvantagens: administração de pequenos 
volumes, dor, risco potencial de lesão tissular. 
 
Via tópica: 
→ MEMBRANAS MUCOSAS: orofaringe, nariz, olhos, 
vagina. Promove absorção rápida e tem efeito principal 
Aula 1 
3 
 
 
no local da aplicação. Pode ser utilizada, também, para 
uso sistêmico. 
.→ VIA CUTÂNEA: é de difícil penetração, já que o 
fármaco deve atravessar a pele íntegra. A absorção 
depende da área da superfície aplicada, da 
lipossolubilidade do fármaco (epiderme é uma barreira 
lipídica), do estado de hidratação da pele). 
*A derme é mais permeável. 
*Pele irritada, queimada ou exposta = maior absorção. 
Via transdérmica: uso terapêutico sistêmico de 
adesivos, que permite a liberação lenta do fármaco (Ex: 
estrógeno, testosterona, fentanil, nicotina). 
 
Via inalatória: permite a obtenção de efeitos rápidos 
locais ou sistêmicos. A grande área de absorção e o 
fluxo sanguíneo levam a ajustes rápidos de 
concentração plasmática. Promove o aumento da 
concentração local e a diminuição dos efeitos adversos 
sistêmicos (Ex: glicocorticoides e broncodilatadores). 
 
TODAS AS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO INFLUENCIAM A 
BIODISPONIBILIDADE DE UM FÁRMACO! 
 
Aula 2 
 
1 
 
Farmacologia 
O fármaco está sempre interagindo com o organismo 
(via de mão dupla). Primeiro, ele é administrado no 
organismo. Depois de ser absorvido, o fármaco vai para 
o fígado. Após chegar até a VCI, é, então, distribuído 
pelo corpo por meio da corrente sanguínea. 
 
Vias de administração 
Vias de administração: intramuscular, intravenosa, 
transdermal, por inalação e oral; em todas elas temos o 
movimento do fármaco até a corrente sanguínea. 
*A ÚNICA VIA EM QUE NÃO OCORRE ABSORÇÃO É A 
INTRAVENOSA! 
→ As principais vias intramusculares são os mm. glúteo 
médio, glúteo máximo, deltoide. Por possuírem baixo 
fluxo sanguíneo, os mm. fazem com que os fármacos se 
tornem reservatórios teciduais. 
 
Efeito de primeira passagem: está relacionado à via 
oral; o fármaco é metabolizado antes de ser absorvido. 
→ Ciclo enterohepático: “conversa” entre 
intestino e fígado. 
▪ A parte metabolizada é excretada pelo intestino e 
a parte que cai na circulação sistêmica vai para o 
plasma sanguíneo. 
 
Etapas de disponibilização do fármaco 
Etapas da interação fármaco-organismo: o fármaco 
deve passar pelas seguintes etapas para ser 
disponibilizado. 
1. Absorção: passagem do fármaco de seu local de 
administração até o plasma sanguíneo; influenciada 
pela via de administração e pela constituição do 
organismo do indivíduo. 
➢ Fármacos devem atravessar as membranas 
celulares. Isso faz com que a absorção dependa 
das características físico-químicas da membrana 
celular e dos fármacos. 
➢ Fatores que influenciam a absorção = tamanho e 
forma da molécula, grau de ionização, solubilidade 
lipídica, ligação com proteínas teciduais. 
➢ Para atravessar a membrana plasmática o fármaco 
deve ser lipossolúvel e apolar. Proteínas 
carreadoras levam os fármacos polares para o 
interior da célula. 
Como o fármaco atravessa as membranas? 
 
→ DIFUSÃO PASSIVA: predomina no transporte 
transmembrana; travessia pela membrana, que 
acontece sem gasto de energia e que obedece a 
um gradiente de concentração. A passagem 
através dos lipídios da membrana é realizada por 
não-eletrólitos (ausência de carga). 
▪ Fatores que influenciam a travessia da 
membrana pelos fármacos na difusão passiva: 
1 - Peso molecular; 
2 - Lipossolubilidade (coeficiente de partição 
lipídeo/água): quanto maior a lipossolubilidade, 
maior a difusibilidade pela membrana 
plasmática; 
Coeficiente de partição lipídeo/água: C = C lip/C água 
3 - Grau de ionização (pKa do fármaco): pH no 
qual o equilíbrio entre a porção ionizada e a 
porção não ionizada do fármaco é perfeita; 
somente moléculas não ionizadassão 
lipossolúveis e conseguem atravessar a 
membrana plasmática. AQUI TEMOS O pH 
INFLUENCIANDO NA TRAVESSIA DOS 
FÁRMACOS! 
*A distribuição transmembrana depende do 
pKa e do gradiente de pH transmembrana. 
*Fármacos que são básicos trabalham melhor 
em locais que são básicos. O mesmo é válido 
para os fármacos ácidos. 
*A maioria dos fármacos são ácidos ou básicos 
fracos. Isso faz com que eles se ionizem quando 
em contato com a água do corpo. 
→ DIFUSÃO FACILITADA: proteínas carreadoras 
ajudam no transporte; obedece a um gradiente de 
concentração e não requer gasto de energia para que 
aconteça. 
Substâncias insolúveis em lipídeos + proteínas seletivas para o 
substrato 
→ TRANSPORTE ATIVO PRIMÁRIO: acontece contra o 
gradiente de concentração e requer energia/ATP para 
que aconteça. Esses transportadores têm papel 
importante na absorção, distribuição e excreção de 
fármacos. Aqui, os fármacos podem atuar em alguns 
transportadores. 
→ TRANSPORTE ATIVO SECUNDÁRIO OU 
COTRANSPORTE: fármaco usa a energia do transporte 
de uma outra molécula para percorrer o seu caminho. 
Aula 2 
 
2 
 
Esse tipo de transporte acontece contra um gradiente 
de concentração. 
▪ Simporte: transporta o substrato na mesma 
direção. 
▪ Antiporte: desloca o substrato em direção 
oposta. 
→ DIFUSÃO POR POROS/TRANSPORTE PARACELULAR: 
necessidade de molécula de pequeno tamanho, 
portanto ocorre seletividade pelo tamanho da 
molécula (proteínas de baixo peso molecular). 
Travessia por meio de espaços existentes entre células 
endoteliais, as junções comunicantes (“filtração entre 
as células”). 
Importante meio de penetração para fármacos insolúveis em 
lipídios + presença de canais aquosos da membrana 
(aquaporinas) 
→ TRANSPORTE TRANSCELULAR: acontece de célula 
para célula, entre as células. 
→ PINOCITOSE, FAGOCITOSE: absorção de compostos 
de alto peso molecular. 
*Principal local de absorção de fármacos no TGI = 
intestino (grande superfície de absorção + presença de 
microvilosidades). 
2. Distribuição: é muito influenciada pela travessia do 
fármaco entre as membranas. A distribuição acontece 
para que o fármaco atinja outras regiões do organismo 
até que chegue em seu local de ação. 
*Fígado, rim e coração são os locais mais perfundidos 
do corpo. 
➢ Compartimentos do corpo que o fármaco tem que 
perfundir: plasma sanguíneo (5% do 
compartimento líquido do corpo ou 3L), líquido 
intersticial (15% ou 11L), líquido intracelular (35% 
ou 28L), água transcelular (locais onde existe um 
grupo de células envolvendo uma cavidade com 
líquido – ex: líquido sinovial, líquido 
cerebroespinal, líquido peritoneal; 2,5%), gordura. 
➢ O equilíbrio de distribuição entre os 
compartimentos depende da permeabilidade 
através das barreiras teciduais, da ligação dentro 
dos compartimentos, do grau de ionização e da 
partição do lipídeo. 
▪ Substâncias insolúveis em lipídeos ficam no 
plasma e no líquido intersticial, ou seja, não 
penetra na BHE. 
▪ Substâncias lipossolúveis alcançam todos os 
compartimentos e podem se acumular no tecido 
adiposo. 
Volume de distribuição (Vd) = C administrada/C no plasma 
➢ Fatores que influenciam a distribuição de um 
fármaco: via de administração, propriedades 
físico-químicas do fármaco, gradientes 
eletroquímicos e pH, DC/fluxo sanguíneo/volume 
tecidual determinando a taxa de liberação e 
quantidade potencial de fármaco distribuída para 
os tecidos, características anatômicas das 
membranas, ligação às proteínas plasmáticas, 
reservatórios teciduais. 
➢ Fatores que interferem na distribuição de um 
fármaco: 
▪ Barreira hematoencefálica (BHE): características 
singulares das células endoteliais dos capilares 
encefálicos e das células da glia compõem a BHE. 
A travessia da BHE ocorre por difusão passiva. 
Somente drogas com alta lipossolubilidade 
atravessam a BHE. 
→ O endotélio do SNC é ocluso, extremamente 
unido e de baixa porosidade e isso faz com que os 
fármacos não consigam atravessá-lo. Só penetram 
no SNC fármacos apolares, lipossolúveis e de 
reduzido tamanho molecular. 
*A BHE não existe em alguns pontos do SNC = 
ZONA DE GATILHO (É PERMEÁVEL!). 
▪ Barreira placentária: promove equilíbrio entre 
substâncias que saem do sangue da mãe e chegam 
até no sangue do feto. Fármacos penetram a 
barreira placentária, em sua maioria, por difusão 
passiva. 
→ Absorção limitada de alguns fármacos 
hidrossolúveis. 
→ Fármacos altamente lipofílicos e pequenos têm 
rápida distribuição entre a mãe e o feto. 
*Melhor dizer que acontece/existe uma 
TRANSFERÊNCIA PLACENTÁRIA. 
3. Biotransformação/metabolização: fígado. 
4. Excreção/eliminação: pulmão, leite materno, bile, 
fezes e rim (principal). 
*As etapas 2, 3 e 4 acontecem praticamente de maneira 
simultânea. 
 
Biodisponibilidade 
Biodisponibilidade: porção do fármaco que consegue 
alcançar a circulação sanguínea. Depende da 
distribuição do fármaco, da via de administração, da 
forma farmacêutica e do metabolismo de primeira 
passagem. 
Biodisponibilidade = (ASC oral/ASC injetada) x 100 
*Na via intravenosa há 100% de biodisponibilidade. 
*Na via oral acontece o metabolismo de 1ª passagem. 
Concentração do fármaco x tempo: via intravenosa > via 
intramuscular > via subcutânea > via oral 
Aula 2 
 
3 
 
 
 
 Todo fármaco possui uma concentração mínima que 
deve atingir para exercer seu efeito terapêutico, 
farmacológico. Abaixo dessa concentração acontece a 
subterapia, ou seja, o fármaco não possui efeito algum 
no organismo em que foi ministrado. 
 Todo fármaco possui uma concentração máxima que 
após ser atingida faz com que ele exerça efeito tóxico 
no organismo. 
 
Janela terapêutica = faixa de concentração existente entre a 
concentração máxima e a concentração mínima do fármaco. 
 
Interação farmacológica 
Nos mecanismos de interação farmacológica, dois 
fármacos que se ligam à mesma proteína plasmática 
competem entre si. Um desses fármacos fica na sua 
forma livre - tem seu efeito farmacológico aumentado, 
está ativo - e o outro fica ligado na proteína - tem seu 
efeito diminuído. 
Droga + proteína ↔ Complexo droga-protéina 
NA INTERAÇÃO FARMACOLÓGICA UMA DAS DROGAS 
TEM MAIOR EFEITO, É MAIS POTENTE! 
 
*A albumina, uma das mais importantes proteínas 
plasmáticas, apresenta locais na onde os fármacos 
podem se ligar. O fármaco ligado na proteína não está 
livre para exercer seu efeito, ou seja, ele está 
armazenado como reserva. 
Reservatórios dos fármacos 
Reservatórios teciduais: alguns fármacos se acumulam 
em tecidos específicos. 
1. Ligação reversível: no tecido onde acontece esse tipo 
de ligação, temos um reservatório do fármaco que 
prolonga a duração de sua ação nesse mesmo local ou 
em locais distantes. 
2. Tecido adiposo: reservatório de fármacos 
lipossolúveis. 
➢ Redistribuição de fármacos lipossolúveis: fármaco 
primeiro chega nos órgãos mais perfundidos e 
depois chega até os menos perfundidos. 
→ Fase inicial: primeiros minutos; fármaco 
chegando nos órgãos mais perfundidos. 
→ Fase secundária: minutos a horas; fármacos 
chegando nos órgãos menos perfundidos por 
meio da redistribuição. 
*O fármaco armazenado na gordura é 
redistribuído, em momentos aleatórios, quando 
essa gordura é metabolizada. 
3. Ossos: promovem a liberação lenta do fármaco. 
Aula 3 
 
1 
 
Farmacologia 
Metabolismo ou biotransformação 
 O metabolismo é composto por mecanismos 
enzimáticos complexos cujo objetivo são inativar 
compostos endógenos ativos (hormônios, enzimas, 
neurotransmissores etc) e eliminar substâncias 
estranhas ao organismo (xenobióticos). Tem como 
objetivo tornar o fármaco mais hidrossolúvel para que 
ele seja eliminado pela urina. 
*Principal local de excreção no organismo = urina 
*Principal local de metabolização no organismo = fígado 
 
Biotransformação 
 Na biotransformação, acontece o términodos 
efeitos dos fármacos, tornando-os aptos a serem 
excretados, principalmente, via urinária. Geralmente, 
não é um evento único ou fechado. 
Estruturas responsáveis: fígado, plasma, rins, pulmões, 
paredes intestinais e secreções digestivas. 
→ O fármaco biotransformado é chamado de 
metabólito. Ele tem sua estrutura química modificada. 
O metabólito pode ser ativo ou inativo. O inativo tem 
sua atividade biológica atenuada e é o produto final da 
biotransformação, uma vez que é ele quem será 
excretado. O ativo é farmacologicamente ativado, 
sendo, portanto, redistribuído pelo organismo. 
 
Exemplo fármaco → metabólito: 
Ácido acetilsalicílico → Ácido salicílico 
 
 
 Existe a possibilidade de se introduzir no organismo 
fármacos inativos (pró-fármacos), que após serem 
metabolizados passam a exercer sua ação principal. 
 
Exemplo pró-fármaco → fármaco: 
Prednisona → Prednisolona 
 
Reações químicas da Biotransformação 
Reações de fase 1: oxidação, redução e hidrólise. 
 
→ Na oxidação, a molécula perde elétrons e agrega 
oxigênio. 
→ Na redução, a molécula ganha elétrons. 
→ Na hidrólise, há entrada de água com posterior 
quebra da molécula. 
*A hidrólise não envolve enzimas microssomais e ocorre 
no plasma, principalmente. 
Reação de fase 2: conjugação. 
→ Na conjugação, uma molécula do fármaco se liga a 
uma molécula apolar. 
*As reações de fase 1 e 2 são mecanismos distintos, 
portanto não é preciso que uma aconteça para a outra 
ocorrer. 
 
Enzimas: as enzimas atuam nas reações da 
biotransformação e podem ser encontradas nas 
membranas celulares e no citosol, sendo denominadas 
microssomais ou não microssomais. As microssomais 
são encontradas no retículo endoplasmático liso e as 
não microssomais, no citosol e na mitocôndrial. 
 
As fases da Biotransformação 
 
Reações de fase 1: tornam a molécula + polar. Os 
grupos reativos adicionados podem tornar a molécula 
apta a ser excretada, apesar de ser polar, ou reagem 
com outras moléculas do organismo fazendo com que 
o metabólito se torne tóxico. 
→ Participação de enzimas relacionadas a quebra. 
→ Grupos reativos produzidos: OH, COOH, NH2. 
→ Serão gerados compostos ativos e inativos. 
Ex: oxidação/redução (via sistema 450, geralmente). 
Ácido acetilsalicílico → Ácido salicílico 
Reações de fase 2: ocorrem principalmente no fígado. A 
maioria das reações apresenta conjugação com ácido 
glicurônico. Pode ocorrer metilação e conjungação com 
sulfatos, também. Por meio dessas reações, há 
formação de produtos mais hidrofílicos, que serão 
excretados na urina ou na bile. 
Aula 3 
 
2 
 
→ Participação de enzimas relacionadas a síntese. 
Ácido acetilsalicílico → Ácido salicílico → Salicilato glicuronídeo 
 
Metabolismo do álcool 
Álcool –-ADH→ acetaldeído ---aldeído desidrogenase → CO2 + H2O 
Efeito dissulfiram: bloqueio da aldeído desidrogenase, 
faz com que o alcetaldeído se acumule no organismo. 
Essa substância é tóxica e provoca vasodilatação, 
diminuição da PA, taquicardia e cefaleia. 
 
Metabolização do paracetamol 
Participação de diferentes vias metabólicas. 
VIA PRINCIPAL: conjugação do paracetamol com a 
glutationa, gerando o composto paracetamol-
glutationa, que é excretado. 
VIAS SECUNDÁRIAS: reações de fase 1 e de fase 2. 
➢ Reação de fase 1 = oxidação do paracetamol via 
P450, gerando metabólito ativo denominado 
NAPQI (tóxico). 
➢ Reação de fase 2 = necessária para converter o 
composto tóxico em NAPQI-glutationa, via 
conjugação (detoxificação). 
Glicuronização → sulfatação → conjugação com glutationa 
→ Paracetamol + álcool ou dose tóxica de paracetamol 
lea ao aumento da concentração de NAPQI. O que 
fazer? Administrar acetilcisteína para aumentar a 
produção de glutationa. 
 
Modificação da atividade de enzimas metabolizadoras 
 A inibição ou a indução de determinada enzima pode 
ser provocada pelo próprio fármaco, por outro fármaco 
ou por componentes da dieta. 
 
Indutores: induzem a atividade de enzimas, 
principalmente por aumento da expressão gênica; 
aumentam a velocidade de excreção e diminuem a 
disponibilidade do fármaco. Aqui, o aumento do 
metabolismo diminui a ação do fármaco. 
✓ Na presença de um indutor temos: aumento da 
atividade da enzima CYP, aumento da velocidade 
do metabolismo do substrato, aumento da 
velocidade de excreção e diminuição da 
concentração de substrato no sangue. 
 
Inibidores: inibem a atividade de enzimas, por meio de 
ligação competitiva (compostos não substratos) ou não 
competitiva (formação de complexo estável); menor 
excreção do fármaco e aumento da biodisponibilidade. 
Aqui, a diminuição do metabolismo aumenta a ação do 
fármaco. 
✓ Na presença de um inibidor temos: diminuição da 
atividade da enzima, diminuição da velocidade do 
metabolismo do substrato, diminuição da 
velocidade de excreção e aumento da 
concentração do substrato no sangue. 
 
 
 
Meia vida plasmática (T ½) ou tempo de meia-vida 
Tempo necessário para que a quantidade plasmática 
original do fármaco seja reduzida à metade. 
*Quanto maior o T ½, maior será a biodisponibilidade do 
fármaco para excreção ou metabolização. 
 
Excreção 
1. Pulmonar: excreção de gases e substâncias voláteis; 
halitose induzida. 
2. Via leite materno: possui risco para o lactente; 
lipossolubilidade, superdosagem relativa. 
3. Vias biliar e fecal: excreção de substâncias aniônicas 
e catiônicas com alto peso molecular. 
→ A reabsorção no intestino aumenta a duração/tempo 
de atução do fármaco no organismo. 
→ Ciclo entero-hepático: fígado metaboliza a 
substância e depois a secreta. A substância é, então, 
biotransformada no intestino. 
4. Renal: principal via de excreção dos fármacos. A 
velocidade de eliminação varia de um fármaco para 
outro. 
*Idosos e pacientes com deficiências renais têm 
deficiência de eliminação do fármaco. 
➢ Filtração glomerular: processo passivo que tem a 
participação de fármacos com massa molar menor 
que 20.000 de pequeno tamanho. Na FG, 
acontece 20% da filtração do fármaco livre. A 
lipossolubilidade e o pH do fármaco NÃO 
interferem na FG. 
➢ Secreção tubular ativa: processo ativo que 
acontece no túbulo proximal que tem a 
participação de moléculas maiores e onde 
acontece depuração de parte do fármaco ligado. 
*Existem transportadores inespecíficos para 
ácidos e bases orgânicas. 
→ Principal mecanismo para eliminação de 
fármacos. 
Aula 3 
 
3 
 
➢ Reabsorção: difusão passiva que acontece pelo 
epitélio. 
→ Reabsorção do fármaco lipofílico e eliminação 
do fármaco hidrofílico, que não consegue se 
difundir pelas membranas lipídicas. 
➢ Secreção tubular e reabsorção tubular: processo 
onde há alta reabsorção de fármacos lipofílicos. 
→ A alteração do pH da urina modifica a 
reabsorção fazendo com que o fármaco não 
consiga se difundir pelas membranas lipídicas. 
▪ Fármacos ácidos são excretados em urina básica 
e fármacos básicos são excretados em urina ácida. 
 
Depuração ou clearance renal: volume de plasma que 
sofreu remoção completa do fármaco em determinado 
tempo, varia de acordo com o paciente ou 
características físico-químicas do fármaco. 
CL = U x V/P 
(U: [ ] urinária da droga, V: V de urina produzido/min, P: [ ] 
plasmática da droga). 
 
Ordens cinéticas: o parâmetro farmacocinético é 
importante para o cálculo da frequência de 
administração do fármaco. 
→ Ordem zero: T ½ não é constante; quantidade 
constante do fármaco que é eliminado por um tempo 
que é constante. A taxa de eliminação não é 
proporcional a concentração plasmática do fármaco! 
→ Primeira ordem: T ½ constante e imutável, que se 
repete; frações iguais do fármaco sendo removidas por 
um tempo que é constante. Taxa de eliminação é 
proporcional a concentração plasmática do fármaco! 
 
Análise farmacocinética 
Parâmetros farmacocinéticos: 
1. Biodisponibilidade; 
2. Concentração máxima; 
3.Tempo máximo; 
4. Volume de distribuição; 
5. Tempo de meia-vida; 
6. Depuração ou clearence; 
7. Área sobre a curva (ASC). 
 
Sistema do citocromo P450 (CYP) 
 O sistema P450 é um conjunto de enzimas 
microssomais, que oxida substâncias por meio da 
introdução de moléculas de oxigênio e que atua na 
metabolização da maioria dos fármacos. A substância 
final produzida é mais reativa e polar. 
 Nesse sistema, o fármaco sofre um ciclo de 
transferência de elétrons que gera um produto final 
contendo uma molécula de oxigênio. 
→ Substância reativa polar pode ser excretada, 
podendo exercer seu efeito tóxico ou ser redistribuída. 
→ Heme-proteínas > reagem com oxigênio 
→ Os seus subtipos, ou seja, as enzimas presentes no 
sistema, variam de pessoa para pessoa (polimorfismo 
genético). 
Interação medicamentosa: existem fármacos que 
induzem ou que diminuem a atuação de outro fármaco. 
Indução > maior metabolização do fármaco > 
diminuição do efeito farmacológico do substrato da 
enzima. O contrário é verdadeiro. 
*Nomeação das enzimas pertencentes a família CYP = 
CYPnúmeroletra. 
*O sistema P450 está relacionado a efeitos tóxicos de 
determinados fármacos. 
 
Dosagens 
 
Aula 4 
1 
 
Farmacologia 
Depois do acontecimento de todas as etapas da 
farmacocinética, uma concentração de fármaco chega 
nas imediações de seu receptor, ou seja, em seu local 
de ação. 
→ Interação entre fármacos e alvos de 
ação/receptores= interação química. 
 
Farmacodinâmica: a divisão da Farmacologia que 
estuda as interações fundamentais ou moleculares 
entre fármacos e constituintes do corpo, as quais por 
uma série de eventos, resultam numa resposta 
farmacológica. Vem do grego “pharmakon” (remédio) e 
“dýnamis” (forças). 
 No final do século XIX, surgiu a ideia de interação 
organismo-fármaco. Pela primeira vez, o termo 
“componentes macromoleculares funcionais” foi usado 
se referindo ao que hoje chamamos de RECEPTOR! 
 
Alvos de ação: receptores, enzimas, proteínas 
transportadoras, ácidos nucleicos. 
*Existem fármacos que não atuam em alvos 
moleculares, tendo sua ação em ambientes químicos, 
modificando-os. 
 
Receptores 
Receptor: estrutura de natureza proteica que 
reconhece componentes endógenos ou exógenos; 
desencadeia respostas no organismo; local onde o 
fármaco interage para gerar um efeito. 
 
→ Tipos de interações químicas: covalente, iônica 
(eletrostática), ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo, 
interações hidrofóbicas (Van der Waals). 
➢ A ligação covalente é a única interação que não 
pode ser desfeita, sendo a mais forte de todas. Por 
isso, ela pode ser prejudicial ao organismo. Já as 
interações hidrofóbicas são as mais fracas. 
*Um composto pode ser capaz de realizar diversos tipos 
de interações ao mesmo tempo. 
 
→ Duração de ação: período de interação fármaco-
receptor. Algumas vezes, a ação pode permanecer após 
o fármaco ter se dissociado (transdução de sinal). 
Outras vezes, o complexo fármaco-receptor deve ser 
destruído para que o efeito cesse no organismo. 
 
 
→ Propriedades: 
1. Afinidade: determina se o fármaco tem 
capacidade de interagir ou não com o receptor. 
▪ Tem afinidade química, tem interação; não tem 
afinidade química, não tem interação! 
2. Especificidade: capacidade do fármaco de se 
ligar ao menor número de sítios. 
▪ Quanto mais específico é o fármaco, maior é o 
número de ligações em seu sítio específico! 
▪ Quanto mais específico, melhor é o efeito e 
maior é diminuição de efeitos adversos! 
3. Saturabilidade: quantidade máxima de fármaco 
que ocupa seu receptor fazendo com que um 
efeito máximo seja atingido. 
4. Especificidade da resposta celular: diferentes 
respostas de acordo com o tecido em que ocorre 
a interação receptor-fármaco. 
5. Seletividade: fármacos com capacidade de 
produzir o mínimo de efeitos adversos. 
*Afinidade, seletividade e especificidade se 
complementam. Quanto maior a afinidade e a 
especificidade de um fármaco, mais seletivo ele é. 
 
→ Fatores que interferem na interação fármaco-
receptor: hidrofobicidade, pKa do fármaco, 
estereoquímica do fármaco (presença de 
enantiômeros). 
 
✓ Os fármacos, geralmente, são descritos pelo seu 
efeito predominante. Isso não quer dizer que ele 
não possua outros sítios de atuação. Quando a 
dose desse fármaco é aumentada, ele pode atuar 
em outros sistemas do corpo, provocando efeitos 
adversos. Trabalhar dentro de uma dose 
adequada diminui o acontecimento de efeitos 
adversos. 
 
Famílias de receptores 
 O tipo de resposta se relaciona com o tipo de ligação 
que acontece entre o fármaco e o receptor. 
*Qualquer substância que seja reconhecida por um 
receptor no organismo gera resposta celular! 
 
1. Canais iônicos controlados por ligantes ou receptores 
ionotrópicos: estrutura química simples; canal iônico 
proteico com abertura ativa ou fechada. Quando está 
ativa permite o influxo ou o efluxo de íons. 
Aula 4 
2 
 
→ Transdução (segundos mensageiros): influxo ou 
efluxo de íons. 
→ Resposta: extremamente rápida, ocorre em 
segundos. 
→ Exemplos: receptor GABAa, receptor nicotínico, 
receptor NMDA. 
 
2. Receptor acoplado a proteína G ou receptor 
metabotrópico: estrutura grande; complemento com a 
proteína G acontece no interior da célula. Quando o 
receptor está ativado, ela interage com a proteína G 
levando a dissociação das suas subunidades. 
→ Transdução: adenilato ciclase, fosfolipase C, canais 
iônicos controlados por fosforilação 
→ Resposta: rápida; excitatória ou inibitória. Depende 
do tipo de tecido, do fármaco e de resposta celular. 
• Gαs: estimula a adenilato ciclase aumentando a 
formação de AMP cíclico (AMPc) – segundo 
mensageiro da célula, com ativação da proteína 
quinase A (PKA) = amplificação do sinal. EFEITO 
EXCITATÓRIO! Ex: receptores β-adrenérgicos; 
• Gαi: inibe a adenilato ciclase diminuindo a 
quantidade formação de AMPc, tendo reduzida a 
ativação da PKA = diminuição do feito que 
começou por outros mecanismos. EFEITO 
INIBITÓRIO! Ex: receptores α2-adrenérgicos, 
receptor opioide; 
• Gαq: ativa a fosfolipase C, aumentando a 
produção de outros segundos mensageiros como 
inositol trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). O 
DAG ativa proteína quinase C (PKC). EFEITO 
EXCITATÓRIO! Ex: receptores serotoninérgicos (5-
HT2). 
 
3. Receptores ligados à quinase ou receptor de tirosina 
quinase: possui duas porções, uma externa e uma 
interna. 
→ Transdução: dimerização do receptor seguida de 
auto fosforilação dos resíduos de tirosina, permitindo 
interações entre proteínas intracelulares (cascata de 
reações). 
→ Resposta: lenta, ocorre dentro de horas. 
→ Exemplos: receptor de insulina, receptor de citocina, 
receptor de EGF. 
 
4. Receptor nuclear: aparece em menor quantidade; 
poucos são os fármacos que conseguem chegar no 
interior da célula; localizados no citosol ou no núcleo 
→ Transdução: repressão ou ativação da transcrição 
gênica. 
→ Resposta: muito lenta, ocorre dentro de horas ou 
dias; transcrição gênica demora para acontecer. 
→ Exemplos: receptor de esteroides, receptor 
retinóide. 
 
Transdução de sinais 
1. Receptor metabotrópico: IMPORTANTE! 
- Fármaco interage com o receptor acoplado a proteína 
G; 
- Ativação da subunidade Gαs e da adenilato ciclase; 
- Conversão de ATP em AMPc; 
- Ativação da pKa pelo aumento da [AMPc]; 
- Fosforilação de uma série de alvos dentro da célula; 
- RESPOSTA CELULAR! 
→ Exemplos: broncodilatadores (ação excitatória), 
receptor de opioides (ação inibitória) 
 
2. Receptor tirosina quinase: 
- Ligação fármaco-receptor; 
- Dimerização; 
- Autofosforilação dos resíduos de tirosina; 
- Cascata de fosforilações de proteínas intracelulares; 
- Transcrição gênica; 
- RESPOSTA CELULAR! 
 
3. Receptor nuclear: 
- Fármaco atravessa a membrana plasmática e encontra 
o receptor dentro da célula;- Complexo migra para o núcleo; 
- Ativação ou inativação da transcrição gênica; 
- RESPOSTA CELULAR! 
 
Ação dos fármacos 
Atividade intrínseca: capacidade de formar um 
complexo fármaco-receptor que promove resposta 
celular. 
→ Pode ser definida numericamente, variando de 0 a 1. 
• Fármacos 0 não induzem efeito; interagem 
quimicamente com o receptor, mas não provocam 
efeito = antagonistas. 
• Fármacos 1 induzem efeito máximo = agonistas 
plenos ou totais. 
*Todos os transmissores endógenos possuem atividade 
intrínseca 1, seja ela excitatória ou inibitória. 
 
Modelo de 2 estados: receptores coexistem em 2 
diferentes estados de conformação no organismo; 
classifica os fármacos em agonistas ou antagonistas. 
• Inativo ou em repouso; 
• Ativo. 
Aula 4 
3 
 
 
Fármacos agonistas: se ligam ao receptor, ativando-o. 
→ Agonistas totais ou plenos possuem atividade 
intrínseca 1 (respostas celulares máximas) e alta 
eficácia; agonistas parciais possuem atividade 
intrínseca entre 0 e 1 (respostas celulares submáximas) 
e eficácia intermediária. 
➢ Eficácia: capacidade de induzir resultado, de se 
chegar à resposta máxima; resposta terapêutica 
potencial máxima que o fármaco pode induzir. 
➢ Potência: intensidade do resultado, [fármaco] 
necessária para se chegar à resposta máxima; 
quantidade de fármaco necessária para produzir 
um efeito. 
Fármacos antagonistas: ocupam o receptor, mas não 
produzem resposta farmacológica. São bloqueadores e 
ocupam o receptor, não deixando o fármaco agonista 
agir ali (NÃO OCORRE EFEITO!). 
→ Antagonistas competitivos atuam no mesmo 
receptor que o agonista, sendo reversíveis ou 
irreversíveis. Antagonistas não competitivos se ligam 
em outra região do receptor, mudando sua 
conformação química e impedindo o acontecimento de 
resposta farmacológica, já que o receptor não 
reconhece o agonista. 
➢ Antagonista competitivo reversível: aumento da 
[agonista] desloca o antagonista. 
➢ Antagonista competitivo irreversível: aumento da 
[agonista] não desloca o antagonista. 
 
Curva dose-resposta 
Dose: quantidade de fármaco necessária para a 
produção de resposta farmacológica. 
 
Curva dose-resposta: representação gráfica da 
expressão matemática da relação entre a dose de um 
princípio farmacologicamente ativo e o seu efeito. 
Permite prever intensidade de resposta do fármaco; 
definição do índice terapêutico. 
→ Informações farmacodinâmicas fornecidas pela 
curva: dose efetiva (DE50), potência relativa e efeito 
máximo. 
 
Índice terapêutico 
 Se relaciona com a segurança do fármaco e compara 
as doses efetivas com as doses tóxicas. 
IT = DT50/DE50 
• IT > 10: seguro; 
• IT 5-10: segurança intermediária; necessidade de 
monitoramento; 
• IT < 5: não seguro. 
 
Dessensibilização e tolerância 
→ Produzem redução do efeito farmacológico, 
diminuem a responsividade do fármaco. Provocam 
alterações químicas nos receptores, translocação do 
receptor, depleção de mediadores, degradação 
metabólica ou adaptação fisiológica. 
 
Dessensibilização ou taquifilaxia: diminuição gradativa 
do efeito do fármaco; se desenvolve rapidamente 
(horas). Acontece quando o fármaco é administrado de 
maneira contínua e repetida. 
Tolerância: leva dias ou semanas para se desenvolver. 
 
1. Alteração em receptores: ionotrópicos = alteração 
conformacional; acoplados a proteína G = fosforilação. 
2. Translocação de receptores: exposição prolongada 
aos agonistas internaliza os receptores. 
3. Depleção de mediadores: estoque de mediadores é 
esgotado temporariamente. 
4. Metabolismo do fármaco: aumento da 
metabolização diminui a quantidade de fármaco que vai 
para o sítio ativo; induzido por administração de doses 
repetidas. 
5. Adaptação fisiológica: acontecimento de 
compensação homeostática. 
 
 
 
Aula 5 
1 
 
Farmacologia 
Fisiologia do SN 
 
 
 
 O Sistema Nervoso (SN) está dividido em Central 
(SNC) e Periférico (SNP). 
 O SNP é subdividido em aferente, porção que leva 
resposta ao SNC, e eferente, porção que traz resposta 
do SNC. 
 O SNP, em sua porção eferente, possui um 
componente visceral, o Sistema Nervoso Autônomo 
(SNA). 
 O SNA ainda pode ser separado em involuntário 
(SNAI) e somático (SNAs). O involuntário é regulado 
inconscientemente e atua no controle das glândulas e 
nos músculos estriado cardíaco e liso. Já o somático, 
tem controle voluntário e controla a musculatura 
estriada-esquelética, regulando ações corporais a partir 
da ativação da musculatura estriada esquelética. 
 Por fim, o SNA se reparte em simpático (SNAS), 
parassimpático (SNAP) e entérico (SNAE). Esse último 
promove ações intestinais independentes do SNC e do 
SNAS e SNAP, ou seja, tem ação autorregulada, fazendo 
com que o intestino funcione sozinho (peristaltismos e 
liberação de substâncias). 
 
Sistema Nervoso Autônomo (SNA) 
 O SNA também é chamado de vegetativo ou 
involuntário. Ele controla a estabilidade do meio 
interno do organismo porque inerva a maioria dos 
tecidos, promovendo homeostasia (equilíbrio 
dinâmico). 
→ SNAS: também denominado toracolombar (origem 
das fibras nervosas); adrenérgico e catabólico; prepara 
o corpo para agir; acontece de maneira basal e não só 
em situações de estresse luta ou fuga; aumento da FC, 
aumento do FR (influxo de oxigênio), vasodilatação, 
direcionamento sanguíneo para mm. estriados 
esqueléticos (sg chega na musculatura permitindo que 
o corpo possa agir rapidamente, energia pra contração 
muscular), vasoconstrição de vasos de vísceras, pele e 
mucosa (direcionamento do sg para os mm.). 
→ SNAP: também denominado craniossacral; muito 
mais ativado em situações de estresse; conserva 
energia e mantém o corpo em repouso; restauração de 
recursos corporais; anabólico; colinérgico. 
 
 No SNA, observa-se a presença de 2 neurônios: o 
neurônio pré-ganglionar e o neurônio pós-ganglionar. 
Ambos fazem sinapse nos gânglios. Assim, verifica-se a 
existência de fibras pré-ganglionares e pós-
ganglionares. 
 Duas fendas sinápticas participam do envio da 
mensagem no SNA. Uma delas está entre o neurônio 
pré-ganglionar e o pós-ganglionar e a outra está entre o 
neurônio pós-ganglionar e o tecido-alvo. Conforme essa 
distribuição, surge a terminologia de neurônio pré-
sináptico e neurônio pós-sináptico. 
 
→ A sinapse interliga os neurônios pré e pós-
ganglionares no gânglio. 
1 sinapse no gânglio + 1 sinapse no órgão 
 
 
, 
▪ SNAs: fibra muscular única sai do SNC e vai para os 
mm.. 
 Caminho da mensagem: neurônio motor sai do SNC 
e vai inverar mm. estriados esqueléticos → liberação de 
ACh atuando em receptor ionotrópico nicotínico. 
▪ SNAS: fibras pré-ganglionares são curtas e pós-
ganglionares são longas. 
 Caminho da mensagem 1: sinapse do neurônio pré-
ganglionar, com liberação de Acetilconina (Ach) + 
receptor nicotínico (ionotrópico) → sinapse do 
neurônio pós-ganglionar, que libera Norepinefrina ou 
Aula 5 
2 
 
Noradrenalina + receptor alfa e beta adrenérgicos 
(metabotrópicos). 
 Caminho da mensagem 2: Epinefrina atua como 
hormônio; liberação de Epinefrina + receptor nicotínico 
→ estímulo da gl. adrenal a secretar 80% de adrenalina 
e 20% de noradrenalina, depositando esses compostos 
diretamente na corrente sanguínea. 
*A ativação simpática deve ser interligada: ativação dos 
receptores simpáticos + liberação de epinefrina e 
norepinefrina (como hormônios) 
*Gl. adrenal = funcionando como gânglio modificado. 
▪ SNAP: fibras pré-ganglionares são longas e pós-
ganglionares são curtas; sinapse acontece muito 
próxima do tecido alvo. 
 Caminho da mensagem: sinapse do neurônio pré-
ganglionar com liberação de ACh + receptor nicotínico 
→ sinapse do neurônio pós-ganglionar com liberação 
de ACh + receptores alfa e beta muscarínicos 
(metabotrópicos). 
EXCEÇÃO 
 As gll. sudoríparas só possuem inervação simpática. 
Elas funcionam sob influência de Ach e nãode 
norepinefrina. A Ach atua em seu receptor muscarínico, 
nesse caso. 
!! PRINCIPAL NERVO: Vago (NCX). 
 
 
O SNAS 
Principal NT: norepinefrina ou catecolamina (grupo 
catecol + grupo amina) liberada nas terminações 
nervosas simpáticas. 
!! Todos os fármacos que têm estrutura semelhante à 
catecolamina são chamados de catecolaminas. 
Catecolaminas: adrenalina, noradrenalina e dopamina. 
 
Noradrenalina: 
 A noradrenalina é proveniente do aminoácido 
tirosina. A partir de ações enzimáticas (tirosina-
hidroxilase) a estrutura molecular da tirosina é alterada, 
podendo, então, ser captadas pelos neurônios 
adrenérgicos. 
Tirosina → DOPA → dopamina (DA; catecolamina 
precursora da norepinefrina) → norepinefrina 
 Quanto mais norepinefrina é produzida mais sua 
produção é inibida (feedback negativo). 
 Apenas na adrenal, a enzima fenieltanolamina-n-
metiltransferase adiciona grupamento metil na 
norepinefrina, formando a epinefrina/adrenalina. 
!! Catecolaminas endógenas dopamina (DA), 
norepinefrina (NE) e epinefrina (EPI) compartilham a 
mesma via. 
Síntese, recaptação e metabolização da norepinefrina: 
 Uma vez sintetizada, a norepinefrina tem que ser 
secretada e recaptada. 
 O transportador VMAT (transportador vesicular de 
monoaminas) introduz dopamina na vesícula, onde ela 
é metabolizada em norepinefrina. Assim, a 
norepinefrina fica armazena na vesícula do neurônio. 
 A norepinefrina pode ser disponibilizada na fenda 
sináptica para os receptores alfa e beta adrenérgicos. 
Depois de liberada, ela altera sua conformação na 
proteína-G, se desliga do receptor e retorna para a 
fenda sináptica. 
 A norepinefrina é removida da fenda por meio de 
mecanismos que fazem sua recaptação, tendo seu 
efeito farmacológico cessado. Depois de ser recaptada, 
ela é reinserida nas vesículas pelo transportador VMAT. 
A recaptação acontece por transporte ativo secundário 
(cotransporte) pelos NET. 
 Parte da norepinefrina será metabolizada pela 
enzima MAO, que a quebra em metabólitos passíveis de 
serem excretados pela urina. 
 A norepinefrina pode sofrer, também, captação 
extraneuronal. Esse tipo de captação é feito por 
transportadores do tipo EMT (transportador 
extraneuronal de NE). Ele capta o restante de NE que 
ficou na fenda (20-25%). No interior do tecido a NE, é 
metabolizada pela enzima COMT. A enzima COMT 
quebran a NE em metabólitos passíveis de serem 
excretados pela urina. 
 A enzima PNMT presente no citoplasma da adrenal, 
transforma noradrenalina em adrenalina e a adrenalina 
é reintroduzida na vesícula via VMAT. 
 
→ VMAT é responsável por introduzir compostos 
interior das vesículas. 
→ Transportadores NET (transportador de NE) 
promovem a recaptação de NE, levando-a novamente 
ao neurônio pré-sináptico. RECICLAGEM DE NE! Cerca 
de 75-80% da NE consegue ser recaptada. 
→ É o receptor alfa 2 pré-sináptico, que inibe a 
liberação da norepinefrina quando ela está em grande 
concentração na fenda. REGULAÇÃO DA LIBERAÇÃO DE 
NOREPINEFRINA! 
→ MAO está presente na mitocôndria dos neurônios 
pré-sinápticos. Subtipos: MAO-A (mais presente no 
SNC) e MAO-B. Alguns fármacos são melhor 
metabolizados por MAO-A e outros, por MAO-B. 
 
!! A cocaína impede o funcionamento do NET, 
aumentando os efeitos da NE na fenda, tornando os 
efeitos de ativação do SNAS mais intensos. 
 
Efeitos farmacológicos do SNAS: midríase, relaxamento 
do m. ciliar, aumento da FC, aumento da contratilidade 
Aula 5 
3 
 
cardíaca, dilatação de vasos dos mm. esqueléticos, 
constrição de vasos da pele, mucosa e vísceras, 
broncodilatação, indução de glicogenólise pelo fígado. 
 
Como uma atuação simpática pode ser antagônica? 
Depende dos tipos de receptores! 
- Alfa-1 está principalmente associado com 
vasoconstrição de pele e mucosa, dilatação pupilar 
(midríase) e constrição de esfíncteres do TGI e da 
bexiga. 
- Alfa-2, presente no neurônio pré-sináptico, está 
principalmente associado a autorregulação da liberação 
da norepinefrina. Em alguns locais também promove 
vasoconstrição. 
- Beta-1 está principalmente associado ao coração. Há 
predominância desses receptores no mm. cardíaco. 
Atua no aumento da contratilidade (ionotropismo) e da 
FC (cronotropismo). 
- Beta-2 está principalmente no m. liso bronquiolar, 
promovendo sua dilatação e seu relaxamento. É 
receptor de fármacos que promovem broncodilatação 
em pacientes que apresenta obstrução bronquiolar. 
Promove dilatação dos vasos sanguíneos dos mm. 
esquelética e inibe a digestão. 
- Beta-3 está principalmente no tecido adiposo, onde 
promove a degradação de lipídeos em ácido graxo e 
glicerol. Promove relaxamento da bexiga. 
 
Predominância dos receptores nos diferentes órgãos: 
 
 
Receptores adrenérgicos: 
 
*Epinefrina tem potência maior, conseguindo atuar em 
receptores beta-2. 
 
 Enquanto fármacos, a EPI e a NE costumam ser 
degradadas rapidamente, quando utilizadas V.O., tendo 
efeito muito rápido e pequeno tempo de meia-vida. 
PREFERÊNCIA PARA INJETÁVEIS! 
 
Farmacologia do SNAS 
 Os fármacos que atuam no SNAS podem ser: 
 1. Simpatomiméticos (adrenérgicos): 
mimetizam/imitam a ação simpática. 
→ Atuam nas terminações nervosas pós-ganglionares e 
nos receptores das estruturas por elas inervadas. 
 2. Simpatolíticos (anti-adrenérgicos): inibem e 
impedem a ação simpática; impedem ou antagonizam a 
ação dos transmissores adrenérgicos sobre os 
receptores, inibindo efeitos decorrentes da estimulação 
simpática. 
 
Fármacos simpatomiméticos: 
1. Agonista de ação 
direta: se ligam 
diretamente ao 
receptor alfa e beta 
adrenérgico (efeito 
decorrente da ligação 
ao receptor); ex → 
norepinefrina epinefrina, isoproterenol. 
 
Afinidade pelos receptores: 
- Alfa-1 e alfa-2: EPI ≥ NE (afinidades semelhantes, mas 
EPI é mais potente = maior afinidade). 
- Beta-1: EPI = NE. 
- Beta-2: EPI >>> NE (atuação da NE é praticamente 
desconsiderada). 
- Beta-3: EPI > NE. 
 
Agonistas dos receptores: 
A) Alfa e beta: EPI e NE (catecolaminas) 
→ Quanto maior a cadeia ligada ao grupamento amina 
maior será a afinidade por receptores do tipo beta. 
→ O metil ligado ao grupamento amina, na EPI, 
aumenta a afinidade aos receptores beta. 
→ As hidroxilas deixam a molécula mais hidrossolúvel, 
impedindo que elas atravessem a BHE facilmente. 
Substâncias simpaticomiméticas que têm menos 
hidroxilas são passíveis de atravessar a BHE, pois ficam 
menos hidrossolúveis e mais lipossolúveis. 
 
Como acontecem os efeitos vasculares da adrenalina e 
da noradrenalina? 
 
- Alfa-1 ativado: induz ativação da fosfolipase C e a 
formação de inositol tri-fosfato, segundo mensageiro 
Aula 5 
4 
 
(IP3). Ocorre ativação da miosina quinase e fosforilação 
da miosina, que se liga a actina promovendo contração 
da musculatura lisa (vaso contraído). 
- Alfa-2: inibe produção de AMPc e miosina é 
fosforilada, promovendo a contração. 
- Beta-2: a ativação da adenilato ciclase induz produção 
de AMPc, promovendo a formação de miosina fostafase 
e relaxamento da musculatura lisa. 
Como acontecem os efeitos cardíacos da adrenalina e 
da noradrenalina? 
 No coração, o receptor beta-1 promove aumento do 
influxo de cálcio. Esse aumento, promove maior a 
contração cardíaca, aumenta FC, DC e PA. 
 
Como acontecem os efeitos da adrenalina e da 
noradrenalina nos mm. lisos não vasculares? 
 
 
Como acontecem os efeitos da adrenalina e da 
noradrenalina nos pulmões? 
 
→ Ação descongestionante nasal e broncodilatadora. 
→ Adrenalina tem ativação anti-histamínica e grande 
ativação simpática e, por isso, deve ser usada em 
choque anafilático. 
 
Como acontecem os efeitos da adrenalina e da 
noradrenalina nas pupilas? 
 A musculatura 
circular da pupila 
possui M3 e a radial, 
alfa-1. Os compostos 
atuam sobre a musculatura radial da íris, causando 
dilatação da pupila (midríase). 
 
Como acontecem os efeitos da adrenalina e da 
noradrenalina no metabolismo? 
 O aumento do metabolismo,promove aumento da 
glicogenólise (beta-2), inibição da secreção de insulina 
e aumento da liberação de glucagon. Assim, acontece 
aumento da glicemia. 
 Na lipólise, beta-3 age na disponibilização de ácidos 
graxos. 
*Pacientes diabéticos dever ter cautela ao fazerem uso 
desses fármacos e devem evitar situações de estresse. 
 
B) Beta não seletivo 
→ Isoproterenol: por causa de seus efeitos adversos é 
pouco utilizado, atualmente. É uma catecolamina de 
efeito beta-2 broncodilatador. 
 Efeitos adversos: aumento da glicose e ativação da 
beta-1 – arritmia, taquicardia, palpitações. 
 O aumento da FC e da contratilidade leva ao 
aumento da pressão sistólica (beta-1) e diminuição da 
pressão diastólica (diminui resistência vascular 
periférica – beta-2). 
!! Todo fármaco que tem ação beta-1, se administrados 
em doses altas, tem risco de promover arritmias. 
 
→ Dobutamina: agonista principalmente em beta-1, 
com poucos efeitos sobre beta-2. 
 Aumenta a força de contração cardíaca e a FC. 
Costuma ser usada para tratamento a curto prazo de 
ICC e de choque. 
 
C) Beta-2: fármacos utilizados para asma e doenças que 
obstruem as VA superiores; promovem melhora de 
doenças respiratório que causam obstruções em VA; 
podem ser utilizados em situações de trabalho de parto. 
 Efeitos adversos: no TGI e na mm. do coração. 
 - Metaprotenerol; Bisolvon complex. 
 - Salbutamol: Aerolin, Aetrotrat, Broncodil; principal 
componente de bombas para asmáticos; pode ser 
utilizado V.O., para promover relaxamento uterino, 
atrasando o trabalho de parto (Ritodrina). 
 - Terbutalina: Bricanyl. 
 Tempo de ação: de 4-6 horas. 
 
D) Alfa-1 
→ Fenilefrina: ação semelhante à da NE, mas é menos 
potente (maior dose necessária) e possui maior tempo 
de ação. 
 Principais usos: antigripais (coristina D, Naldecon), 
descongestionantes nasais (Descongex), colírios 
(promove midríase) e anestésicos locais 
(vasoconstrição, S.S. WHITE 100). 
!! Quando de uso crônico, pode promover vícios nos 
usuários além de induzir efeitos adversos - alterações 
de ritmo cardíaco, de FC e PA. 
 
→ Oximetazolina: desobstrutor nasal (Afrin). 
 
E) Alfa-2: É SIMPATOLÍTICO! 
 
2. Agonista de ação indireta: aumenta a concentração 
de NE na fenda sináptica; ex → tiramina e anfetamina. 
→ Estimulam biossíntese e/ou mediação da liberação 
do mediador (tiramina e anfetamina); inibem 
recaptação do mediador (cocaína e andidepressivos 
tricíclicos); inibem ativação do mediador (inibidores da 
MAO – antidepressivos, como tranilcipromina, 
clorgilina e selegina). 
!! Todos atravessam a BHE, promovendo estimulação 
do SNC. Aumento do estado de vigília! 
*Promovem aumento da PA e dilatação bronquiolar. 
Aula 5 
5 
 
*Usuários de IMAO não podem usar fármacos que 
induzem a produção de NE, como a Tiramina. 
 
→ Tiramina: não possui uso terapêutico; presente em 
queijos e vinhos; pacientes usuários de IMAO não 
podem fazer uso de alimentos e bebidas que possuem 
tiramina (aumento exagerado da descarga simpática > 
problemas cardíacos e AVC). 
 
→ Anfetamina: aumenta os mediadores da 
norepinefrina; aumenta os efeitos da ativação 
simpática; atua no SNC como estimulante central; 
participação em condições emocionais 
(antidepressivo); estímulo de eventos 
tromboembólicos. 
 Ao ser captada pelo neurônio pré-sináptico, entra via 
VMAT na vesícula, expulsando a NE ali presente. A NE 
sai para a fenda sináptica via NET, aumentando a 
liberação de NE na fenda. Uma pequena porcentagem 
da NE é metabolizada pela MAO, no plasma. 
 Derivados: Dexanfetamina, Metilanfetamina, 
Metilfenidato (Ritalina e Concerta), Fenfluramina e 
Metilenodioximetanfetamina – MDMA (Ecstasy), 
Lisdexanfetamina (Venvanse). EVITAR USO 
ACOMPANHADO DE ÁLCOOL, ENERGÉTICO E 
INIBIDORES DA MAO! 
 Derivados utilizados para emagrecimento: causam 
ativação simpática; Anfopramona e Femproporex; 
efeito de metabolização aumentada (efeito 
termogênico) + inibição do centro da fome no 
hipotálamo. 
 
→ Cocaína: inibe recaptação dos mediadores. 
 
*Efeitos adversos: aumento da PA, FC, batimentos etc, 
psicológicos (utilização crônica). 
*Usuários podem desenvolver tolerância e provocar 
vícios. 
*Uso crônico produz grandes efeitos adversos, 
principalmente cognitivas. 
 
3. Agonista de ação mista: ação direta (em receptores) 
e indireta (aumento da liberação de NE na fenda); ex → 
efedrina. 
 
→ Efedrina: não é metabolizada pela MAO e pela 
COMT, tendo efeito bastante prolongado. PODE SER 
UTILIZADA EM DOPPING! 
 A efedrina causa aumento imediato da PA, dilatação 
dos bronquíolos e aumento do tônus muscular e é capaz 
de estimular o SNC. 
!! Efedrina ativa simpático tanto por indução do 
aumento da liberação de NE quanto da estimulação dos 
receptores alfa e beta. 
*A efedrina é incorporada em diversos agentes 
termogênicos. 
 
Fármacos simpatolíticos: 
 Os fármacos simpatolíticos bloqueiam a atividade 
basal, promovendo ações de diminuição de PA e FC, por 
exemplo. 
 Todos têm efeito principal de diminuir PA, ou seja, 
são anti-hipertensivos. 
 OS BETABLOQUEADORES SÃO OS FARMACOS MAIS 
IMPORTANTES DESSE GRUPO! 
 
1. Antagonistas de ação diretas: bloqueiam alfa e 
beta/alfa ou beta. 
A) Alfa 1 e 2 (não seletivos) 
→ Fentolamina, fenoxibenzamina, tansulosina, 
ergotamina. 
 Fármacos de pouco emprego clínico por causa de 
seus efeitos adversos (taquicardia é o principal). 
Diminuição da resistência vascular periférica = 
diminuição da PA (receptores alfa-1 em vasos da 
musculatura lisa) 
 
Bloqueio da atividade vasoconstritora de EPI e NE → 
vasos relaxados + não acontece vasoconstrição 
periférica. 
PROBLEMA! Também bloqueia alfa-2, aumentando a 
liberação de NE na fenda sináptica. Os receptores beta 
disponíveis para NE promovem seus efeitos e 
taquicardia reflexa (b-1 no coração aumenta FC e força 
de contração). 
 
B) Seletivos alfa-1 
→ Prazosina (maior uso), Daxozosina, Terzosina. 
 Não aumenta a liberação de NE porque não bloqueia 
alfa-2. Menor taquicardia, menores efeitos adversos! 
 Promovem hipotensão, relaxamento de mm. das 
arteríolas e veias → controle de PA moderada a grave. 
 Efeitos adversos: decorrente do bloqueio de alfa-1 
(receptor não é ativado); obstrução nasal, retenção de 
líquidos (queda da PA sinaliza o rim, que tenta 
compensar a queda ativando SRAA → retenção de sódio 
e de líquidos para tentar compensar a queda da PA), 
fadiga (relaxamento da vasculatura periférica diminui 
fluxo sanguíneo) e disfunção sexual (obstrução do alfa-
1, receptor envolvido na ejaculação). 
 
C) Seletivos alfa-2 (efeito simpatomimético) 
→ Ioimbina: afrodisíaco sem comprovação. 
 
D) Beta-1 e beta-2 (não seletivos) 
 Podem ser utilizados como cardioprotetores -
antiarrítimicos, angina pectoris, hipertensão e IAM - e 
como profilaxia da enxaqueca. 
▪ Cardioprotetores: diminuição da quantidade de 
necessidade de oxigênio pelas células musculares 
cardíacos (proteção contra IAM e arritmia). 
Aula 5 
6 
 
▪ Profilaxia da enxaqueca: relacionada com a diminuição 
da PA e atividade simpática que diminui a pressão 
vascular sentida por pessoas com enxaqueca. Ação 
central diminui liberação de NE no locus ceruleus. 
 
→ Propranolol (Inderal®, Tanadren®), alprenolol, 
nadolol, pindolol, labetolol. 
 Como são muito lipossolúveis, conseguem atravessar 
a BHE, promovendo diminuição da atividade simpática 
no SNC (Propranolol). 
!! Propranolol diminui a PA sem diminuir a resistência 
vascular periférica (é mantida, evita queda brusca de 
pressão e hipotensão postural). 
 Efeitos colaterais: decorrentes do bloqueio de beta-
2 (presente nos brônquios, principalmente). 
 
Bloqueio da broncodilatação → broncoespasmo, ausência de 
vasodilatação nos vasos dos mm. estriados esqueléticos → fadiga e 
diminuição da capacidade de se exercitar, diminuição de fluxo 
sanguíneo nas extremidades, hipoglicemia 
 
!! Pacientes diabéticos não podem usar esse tipo de 
medicamento, uma vezque eles promovem aumento 
do efeito dos hipoglicemiantes já em uso pelo indivíduo. 
Receptores beta-2 no pâncreas e no fígado induzem o 
bloqueio de disponibilidade de glicose no sangue. 
 
E) Seletivos beta-1 
 São seletivos, mas não são EXCLUSIVOS de beta-1. 
Promovem menores efeitos adversos. 
▪ Diminuem DC: beta-1 está no rim e quando 
bloqueados não há liberação de renina nem ativação do 
SRAA. 
!! Evitar uso em pacientes asmáticos porque podem 
provocar broncoconstrição. 
 
→ Atenolol, metoprolol, esmolol, metoprolol. 
▪ Gerações anteriores (segunda e terceira): Carvedilol e 
Nebivolol, também promovem diminuição de 
resistência vascular periférica na hipertensão 
moderada a grave; causam queda mais brusca da PA, 
pois além do efeito beta-1 também diminuem a 
resistência vascular periférica, diminuindo a 
vasoconstrição; principais fármacos indicados para 
pacientes diabéticos (ou Metropolol). 
 - Carvedilol bloqueia alfa-1; 
 - Nebivolol libera NO promovendo vasodilatação 
(essa liberação é induzida pela ativação parassimpática 
- atua de maneira indireta, então). 
 
2. Antagonista de ação indireta: atuam sobre os 
neurotransmissores ou sobre a neurotransmissão; 
pouca utilização clínica. 
 
Grupo I: acabam com os estoques de NE. 
→ Reserpina: ação anti-hipertensiva importante, mas 
com grandes efeitos adversos; esgota reservatório de 
NE, dopamina e serotonina; pode causar depressão 
mental e grande diminuição da atividade simpática. 
 A Reserpina impede captação de NE, por meio do 
bloqueio do transportador VMAT e NE é metabolizada 
pela MAO, então. 
 
Grupo II: impedem a liberação de NE. 
→ Guanetidina: compete com NE pelo VMAT e entra na 
vesícula no lugar da NE. Assim, NE fica disponível para 
ser metabolizada pela enzima MAO. 
 
Grupo III: interferem indiretamente na síntese de NE 
→ Alfa-metildopa: Aldomet (comercial); diminui a 
atividade simpática central e periférica; ação muito 
menos potente do que a NE normal. 
 A alfa-metildopa age como falso precursor da NE, 
entrando no mecanismo de síntese de NE e dando 
origem a alfa-NE (“falso NT/NT atenuado”). 
!! A alfa-metildopa é utilizada para diminuir PA em 
gestantes. Ela é falso substrato para produção de NE, 
atrapalhando sua síntese e atuando como simpatolítica. 
 
Grupo IV: agonistas alfa-2 de efeito simpatolítico. 
→ Clonidina (Atensina® Catapresan ®), Guanabenzo 
(Lisapres®), Guanfacina. 
 Diminui fluxo simpático em nível central, 
principalmente. Também diminui fluxo simpático no 
tronco cerebral, induzindo a diminuição da atividade 
simpática na periferia. 
 Costumam ser usados para tratamento contra 
hipertensão e para diagnóstico de feocromocitoma. 
Uso para diagnóstico de feocromocitoma: 
 Tumor da gl. suprarrenal produz EPI e NE. Se 
administrado um agonista alfa-2 e o paciente continuar 
com altos índices circulantes de ambos os compostos, 
isso significa que outras células, que não as neuronais, 
estão produzindo EPI e NE de forma descontinuada. 
 
 
 
Aula 6 
1 
 
Farmacologia 
Farmacologia do SNAP 
Principais atividades da ativação parassimpática: 
aumento do peristaltismo do TGI, reflexos miccionais, 
reflexos de defecação, aumento da secreção salivar, 
aumento da secreção lacrimal, aumento da secreção 
estomacal, miose, aumento do tônus de músculos 
detrusores, broncoconstrição, redução da FC e da PA. 
→ “Rest and digest”: diminuição da PA e 
bronquioconstrição; reestabelecer trânsito intestinal 
em pós-cirúrgicos, miose, aumento da secreção salivar 
e lacrimal, estimulação miccional. 
 
Principal nervo: NC X grande atuação em coração e 
órgãos do abdome. 
Sinapses: pré-ganglionares contêm ACh como NT + 
receptor nicotínico e pós-ganglionares, contêm ACh 
como NT + receptor muscarínico. 
→ Sinapse colinérgica nas gll. sudoríparas quando 
medicamentos são administrados, apesar de 
fisiologicamente o suor ser desencadeado por função 
simpática. 
 
Efeitos parassimpáticos nos sistemas: 
1. Cardiovascular: efeitos inotrópico e cronotrópico 
negativo (ativação de M2) + vasodilatação – ex: viagra 
(M3; ativação de mecanismos que liberam NO, 
induzindo vasodilatação de maneira indireta). 
2. Pulmonar: bronquioconstrição e aumento de 
secreções; desvantagem para fármacos que 
mimetizam. 
3. TGI: aumento dos eventos digestórios; contração da 
musculatura lisa do TGI (M3) e estimulação da secreção 
ácida (M1). 
4. Geniturinário: aumento da contração promovendo 
aumento miccional; contração de bexiga, próstata, 
epidídimo e miométrio. 
 
 
5. SNC: regulação de atividade cognitivas, motoras, 
sensoriais, de equilíbrio e comportamentais; fármacos 
para tratamento de Alzheimer, Parkinson e depressão 
(M1 agonistas em estudo). 
 
Principal NT do parassimpático: Ach. 
 O NT Ach apresenta nitrogênio com carga positiva 
em sua estrutura. Essa carga é importante para que o 
Ach se ligue com seus receptores e com sua enzima 
metabolizadora acetilcolenestare. 
 
Síntese, liberação e metabolização de Ach 
 A síntese de Ach envolve união da acolina com Acetil-
CoA a partir da enzima colina-acetil-transferase. A Ach 
é transferida para interior da por um transportador. A 
vesícula sináptica é liberada quando recebe potencial 
de ação. Assi, a Ach chega até a fenda sináptica. 
 A Ach liberada na fenda se une com seu receptor 
nicotínico ou muscarínico. Após exercer efeito, se 
desprende do receptor e é rapidamente metabolizada 
por acetilcolinesterase (AChE). Essa enzima hidrolisa 
Ach em colina + acetato. A colina é recaptada para nova 
síntese de Ach e o acetato é excretado. 
 A enzima butirilcolinesterase ou 
pseudocolinesterase também pode metabolizar Ac. 
Essa enzima está presente em plasmas e tecidos e 
promove a metabolização de Ach, de seus congêneres 
e de substâncias similares em outros lugares, além da 
fenda sináptica, tornando essas substâncias inativas 
mesmo fora da fenda sináptica. 
Ingestão V.O. = fraca absorção + rápida metabolização 
 
→ A Ach está presente na membrana do neurônio pós-
ganglionar, geralmente, mas também pode estar 
presente na membrana do neurônio pré-ganglionar. 
→ Quanto mais colina recaptada, maior a produção de 
Ach. Se o fármaco bloquear a recaptação, acontece 
diminuição da liberação desse NT. 
→ AChE está presente na fenda sináptica colinérgica; 
promove hidrólise da Ach. 
 
 
 
Aula 6 
2 
 
Receptores de Ach: 
 
 
 
1. Muscarínicos (M): metabotrópicos acoplados à 
proteína G; nos tecidos; subdividem-se em 5 tipos (M1-
M5); encontrados em todas as células efetoras que 
recebem estímulos pelos neurônios pós-ganglionares 
do SNAP. 
 
 
 
- M1: voltados para aumento de secreções estomacais. 
- M1, M3 e M5: são estimulatórios; ativam a via do 
inositoltrifosfato (IP3), aumentando a concentração do 
cálcio intracelular; promovem contração de m. liso e 
secreção glandular. 
- M2 e M4: são inibitórios, inibem a adenilato ciclato e 
o AMPc; têm ação principal sobre o coração, 
diminuindo a FC. 
 
 
 
2. Nicotínicos (N): ionotrópicos; nervos, SNC e mm. 
esqueléticos; encontrados nas sinapses entre os 
neurônios pré- ganglionares e pós-ganglionares. 
 Cada receptor possui de 4 a 5 subunidades. A Ach se 
liga na subunidade alfa a que é, então, rotacionada, 
promovendo a abertura do poro. 
- Musculares (Nm): presentes na junção muscular, 
ganglionares, na sinapse entre um neurônio motor e a 
musculatura estriada esquelética. 
- Ganglionares (Nn): presentes nos gânglios do SNA e na 
adrenal. 
- Do SNC (Nn): presentes no cérebro. 
 
Farmacologia colinérgica: 
 Os fármacos podem ser parassimpatomiméticos 
(ativam SNAP) ou parassimpatolíticos (antagonizam a 
atividade do SNAP). 
 
Fármacos parassimpatomiméticos: 
 Esses fármacos têm efeitos relacionados com a 
diminuição da FC e a vasodilatação, diminuindo a PA. 
Eles também aumentam a secreção pelas glândulas e o 
peristaltismo do TGI. Outros efeitos:bronquioconstrição e contração do músculo ciliar. 
 Efeitos adversos dos parassimpatomiméticos: estão 
relacionados à ativação parassimpática; diarreia, 
aumento da sudorese, náusea, miose, urgência 
miccional. 
 Contra-indicações de uso de 
parassimpatomiméticos: asmáticos, pessoas com 
distúrbios de secreção ácida intensa (distúrbios 
pépticos ácidos), pessoas com hipotensão, insuficiência 
coronariana. 
 
1. Agonista de ação direta: efeito decorrente da ligação 
ao receptor M ou N; ex: alcaloides, ésteres da colina. 
 
Os ésteres são derivados de Ach e os alcaloides tem ação direta em 
receptores muscarínicos, principalmente. 
 
→ Acetilcolina e congêneres sintéticos: fármacos de 
ação rápida e rapidamente metabolizados pela enzimas 
acetilcolinesterase e pseudocolinesterase; baixo efeito 
clínico, sendo pouco utilizados na terapêutica. 
 Os sintéticos têm maior resistência à ação da AChE, 
são análogos a Ach endógena. Efeitos cardiovasculares 
e diminuição da PA são os mais desejados. 
!! No controle da PA, podem induzir efeito contrário por 
causa de sua estimulação nicotínica. PA = FC + 
vasodilatação. 
 Em altas doses, a Ach ou seus congêneres sintético 
ativam receptores N ganglionares. Esses receptores 
Aula 6 
3 
 
estão presentes no SNAS e no SNAP. Assim, altas doses 
são capazes de ativar o SNAS. 
 
SNAS estimulando a liberação de NE pelos neurônios 
pós-ganglionares → aumento da PA e da constrição 
vascular 
*Atropina é um dos principais antagonistas de 
receptores M. 
▪ Metacolina (Frixopel®), Betanecol (Liberan®), 
Carbacol (Ophtcol®): fármacos sintéticos; alteração de 
estrutura química de ACh promove maior resistência à 
metabolização. 
 O uso desses medicamentos está relacionado às suas 
atuações sobre o sistema cardiovascular. A Metacolina 
diminui a PA, o Betanecol é usado em tratamentos de 
retenção urinária e o Carbacol é utilizado para 
tratamentos de glaucoma e em cirurgias oftálmicas. 
 
→ Alcaloides vegetais: muscarina, pilocarpina, 
arecolina, cavimelina. 
▪ Muscarina: não possui aplicação terapêutica; vem do 
cogumelo onde foram identificados os receptores 
muscarínicos. 
 Tem ação predominante muscarínica: salivação e 
sudorese intensas, miose, bradicardia, dor abdominal, 
vômito, cólica, diarreia, dificuldades respiratórias. 
 A Muscarina estimula o parassimpático com ação 
100x maior do que a da Ach (ativação parassimpática 
intensa). Envenenamento grave promove colapso 
cardiovascular! Como tratar a intoxicação? Utilizar 
antagonista muscarínico. Geralmente, atropina é 
utilizada. 
 
▪ Pilocarpina: alcaloide de uso terapêutico (Pilocarpus 
jaborandi); diminui pressão intraocular e promove 
miose; tem ação muscarínica e nicotínica; é agonista 
parcial muscarínico; tem predileção para induzir 
secreções e salivação. 
 Efeitos adversos: sudorese, calafrio, náuseas e 
tontura. 
 Tratamento de xerostomia ou SD de Sjogren 
(pessoas que tem salivação diminuída): pós irradiados 
de quimioterapia ou portadores da SD podem fazer uso 
de Pilocarpina para terem suas glândulas secretórias 
estimuladas, porém esses fármacos promovem diversos 
efeitos adversos. 
 Tratamento de glaucoma: os mm. ciliar e construtor 
tem inervação parassimpática (M3); a Pilocarpina 
promove a contração da musculatura ciliar, contraindo 
a lente e a musculatura constritora da pupila. 
 O olho produz humor aquoso em sua porção interior, 
líquido que deve ser drenado anteriormente no canal 
de Schlemm. 
 Às vezes, é necessária a introdução de fármacos para 
induzir essa drenagem. Como eles agem? Promovem a 
contração da musculatura ciliar e constritora da pupila. 
Com isso, diminui-se o tamanho da musculatura e 
aumenta o espaço para a passagem do humor aquoso 
até o canal. Fluxo adequado do humor aquoso para sua 
drenagem, reduzindo a pressão intraocular! 
 
▪ Cevimelina: alcaloide sintético; menor quantidade de 
efeitos adversos para tratamento de SD de Sjogren; 
atividade sialogoga (salivar); alta afinidade por M3 (gll. 
salivares e lacrimais). 
 
2. Agonista de ação indireta (anticolinesterásicos): 
aumentam a concentração de Ach na fenda sináptica; 
aumento e prolongamento do efeito parassimpático. 
 Esses fármacos inibem o metabolismo de Ach pela 
AChE, de forma reversível ou irreversível. 
 
Os reversíveis são utilizados principalmente no tratamento de 
Miastenia Gravis e os irreversíveis não possuem aplicação 
terapêutica (podem causar intoxidação). 
 
Reversíveis: 
→ Neostigmina (Prostigmina®), piridostigmina 
(Mestinon®), fisostigmina, edrofônio (Anticude®). 
 
 O tempo de ação difere entre os fármacos porque 
existem diferenças entra a natureza da interação 
química com o sítio ativo da enzima. 
 - Edrofônio tem ação curta. 
Aula 6 
4 
 
 - Fisostigmina, Neostigmina e Pirodostigmina têm 
ação intermediária (4-6 horas, + vantajoso). 
▪ Miastenia Gravis: doença autoimune onde há 
anticorpos que bloqueiam a atividade do receptor 
nicotínico na placa motora. Portadores têm 
incapacidade de manter contrações sustentadas. A 
ptose palpebral é sinal característico da doença. Há 
perda de receptores nicotínicos da junção 
neuromuscular. 
 Fármacos anticolinesterásicos inibem AchE, 
causando inibição do metabolismo de Ach. Isso faz com 
que mais Ach se acumule na fenda. Assim, o Ach ganha 
a competição para se ligar ao receptor nicotínico ao 
invés do anticorpo (“competição travada contra o 
anticorpo do próprio paciente”). 
 Sintomas: fraqueza muscular e aumento da 
fatigabilidade. 
 
Irreversiveis (organofosforados): se ligam 
covalentemente com a AchE, de forma irreversivel. 
 Efeito intenso de ativação parassimpática: sudorese, 
miose, lacrimejamento, visão turva, câimbras 
abdominais, vômitos, diarreia, fraqueza ou paralisia dos 
músculos respiratórios (dose dependente); risco de 
intoxicação. 
 Eram utilizados como agentes tóxicos em guerras 
mundiais ((gás Sarin, Tabul). Nesses casos, promoviam 
nas pessoas uma reação parassimpática intensa que as 
levava a morte. 
 Também são utilizados como inseticidas nas lavouras 
(Malation / Paration). Os trabalhadores rurais devem ser 
bem protegidos para que não entrem em contato com 
esses fármacos. Acúmulo por exposições repetidas! 
Único fármaco de implicação terapêutica: Ecotiofato 
para tratamento de glaucoma. 
O que fazer em casos de intoxicação por 
organofosforaos? Usar Pralidoxima como antídoto. 
 O paciente intoxicado por organofosforado pode 
morrer. A Pralidoxima impede a ligação do 
organofosforado com a enzima ChE de maneira 
covalente, “reativando-a”. 
 O organofosforado demora 1 hora para se ligar com 
a enzima. Depois de 1 hora, a pessoa intoxicada não 
possui AchE algum em seu organismo. 
 Deve-se intervir nesse intervalo de tempo com o uso 
de pralidoxima para “recuperação da atividade da 
enzima”. Depois de 1 hora, não adianta mais utilizar 
Pralidoxima porque ela não terá substrato para agir. 
Então, os efeitos da ativação parassimpático devem ser 
controlados com agentes antagonistas. 
 Na ausência de Pralidoxima, pode-se utilizar um 
antagonista colinérgico para diminuir a ativação 
parassimpática (Atropina). 
 
Fármacos parassimpatolíticos: 
 Esses fármacos bloqueiam os receptores M 
reversivelmente. São antagonistas muscarínicos 
competitivos e bloqueiam impulsos parassimpáticos 
para o órgão efetor, promovendo atenuação intensa do 
SNAP. 
NÃO PROMOVEM ESTIMULAÇÃO DO SIMPÁTICO! 
Evidenciam o efeito basal do simpático no órgão! 
1. Alacaloides da Beladona: Atropina (Atropa 
belladonna) e Escopolamina (Buscopan®). 
→ Atropina: principal representante dos 
parassimpatolíticos; contorna efeitos de intoxicação 
por anticolinesterásicos; muito utilizada em anestesia 
geral. 
 Como anestésico, inibe a liberação de secreções, 
principalmente no tratorespiratório. Assim, diminui a 
possibilidade de acontecedr laringoespasmo e 
broncoespasmo. 
→ Escopolamina: diminui o peristaltismo. 
2. Derivados semi-sintéticos: Homatropinas (derivadas 
do amônio quartenário dos alcaloides naturais - 
metilnitratode atropina, brometo de metescopolamina, 
metilbrometode homatropina). 
3. Derivados sintéticos: Metantelina, Propantelina, 
Ipratrópio (derivados do amônio quaternário); 
Benzotropina, Triexilfenidil, Ciclopentolato, 
Tropicamida. 
 
Efeitos dos fármacos antagonistas nos diversos tecidos 
e sistemas: 
1. Olhos: 
- Midríase → ciclopegia, dificuldade para visualizar 
objetos próximos (paralisia da acomodação). Uso em 
exames de retina e pupila. 
- Paralisia do m. ciliar. 
- Uso não indicado para pacientes com glaucoma. 
2. Vias respiratórias: principal atividade clínica. 
- Diminuição de secreção de trato respiratório, 
relaxamento dos mm. lisos bronquiolares (controle 
simpático), reversão da broncoconstrição causada por 
colinérgicos, inibição da secreção de todas as glândulas 
no nariz, boca, faringe e vias respiratórias. 
- Previne laringoespasmo durante a anestesia geral. → 
Ipratrópio e Tiotrópio: usados para tratamento de 
DPOC, bronquite crônica e asma aguda, quando 
paciente não é responsivo a agonista beta-2. 
Aula 6 
5 
 
→ Atropina e similares: suprime secreções no trato 
respiratório e evita laringoespasmo em anestesia geral. 
3. TGI: Escopolamina tem uso clínico principal. 
- Diminuição do tônus e do peristaltismo, diminuição de 
secreção gástrica total, pepsina e acidez, diminuição da 
secreção salivar (fala e deglutição ficam prejudicadas). 
→ Pirenzepina e telenzepina: diminuem secreção de 
ácido e pepsina no estômago; são M1 seletivos 
(diminuição de efeitos adversos). 
- Diminui tônus, motilidade e contrações peristálticas. 
- NÃO afeta coração, bexiga, gll. salivares e olhos. 
!! Hoje não são mais utilizados e estão caindo em 
desuso. 
→ Escopolamina: antiespasmódico; diminui o 
peristaltismo. 
4. Cardiovasculares: efeitos dependentes da dose, da 
posição do indivíduo e da prática de exercício físico 
(efeito evidente somente durante exercícios físicos ou 
quando em posição ereta). 
 A alteração do batimento cardíaco é dificilmente 
percebida. 
→ Atropina: em altas doses causa taquicardia 
moderada e em baixas doses promove bradicardia leve 
(efeito estimulatório de Ach). 
!! A atropina é usada pós IAM para tratamento de 
bradicardia sinusal. 
5. SNC: efeitos decorrentes da diminuição da atividade 
da Ach em receptores M envolvidos com equilíbrio 
controle motor. 
- Pequenas doses estimulam a respiração através dos 
núcleos vagais bulbares. 
- Efeitos variados: excitação, sedação, euforia, amnésia. 
- Diminuem a cinetose (enjoo decorrente de 
movimentação estranha do corpo) e o tremor de 
Parkinson. 
→ Escopolamina: pode provocar sedação; atravessa 
BHE e atinge o SNC; prevenção de cinetose. 
→ Benzotropina: neutraliza distúrbios de movimentos, 
como o tremor em Parkinson. 
→ Atropina: tende a causar excitação do SNC; promove 
leve inquietação em baixas doses e agitação + 
desorientação em altas doses. 
6. Temperatura corporal: fibras colinérgicas 
muscarínicas inervam as gll. sudoríparas. 
- Inibem sudorese. 
- Aumentam a temperatura corporal. 
7. Vias urinárias: antagonistas muscarínicos podem 
promover melhora da retenção urinária em pacientes 
com incontinência urinária (relaxamento de pelve, 
ureter e bexiga). 
→ Tolterodina, oxibutinina, solifenacina. 
 
Intoxicação por Atropina: 
 Efeitos adversos: sede extrema, dilatação das 
pupilas, cicloplegia, deficiência visual, fotofobia, 
ausência de sudorese com consequente aumento da 
temperatura corporal, retenção urinária e sintomas de 
toxicidade no SNC. 
 Tratamento: alticolinesterásicos (Fiostigmina). 
 
Aula 7 
1 
 
Farmacologia 
 Vias simpática e parassimpática têm sinapses 
ganglionares colinérgicas. Estímulo ou bloqueio 
ganglionar produz resposta periférica das duas vias. O 
tônus de prevalência do órgão determina o tipo de 
resposta que irá acontecer. 
 
 Fármacos que atuam nos gânglios têm efeitos 
adversos perigosos e, por isso, seus usos na terapêutica 
são injustificáveis. Muitas vezes, são utilizados apenas 
como ferramenta experimental. 
 
 
 
Receptor nicotínico: 
Definição: canal iônico que se abre ao se ligar à nicotina 
(subunidade alfa se rotaciona); permite o influxo de íon 
sódio e a passagem do impulso nervoso; transmissão 
excitatória rápida. 
Abertura do receptor → influxo de íons → polarização 
da membrana 
 
 Os receptores 
nicotínicos apresentam 
diferenças estruturais 
entre os seus subtipos. A 
ação diferente de 
fármacos sobre as 
sinapses reflete as diferenças existentes entre os 
receptores nicotínicos. 
 
Classes: 
1. Musculares: localizados nas JNM. 
2. Ganglionares: localizados nos gânglios; transmitem 
informação para SNAS e SNAP. 
3. Do SNC: localizados no cérebro; por ventura, 
permitem passagem de fármacos pela BHE, provocando 
 
efeitos centrais; são heterogêneos com respeito à sua 
composição molecular e à localização. 
 
Fármacos estimulantes ganglionares 
 Esses fármacos também são chamados de agonistas 
nicotínicos. 
 Eles possuem uso terapêutico bastante limitado 
porque geram resposta simpática E parassimpática, 
originando muitos efeitos adversos. É por isso que 
muitos deles são utilizados apenas como ferramenta 
experimental. 
 Promovem resposta periférica bastante complexa. 
Essa resposta é dependente do tônus de cada tecido. 
Em órgãos que predominam o tônus simpático, 
ocorrerá efeito simpático. Em órgãos que predominam 
o tônus parassimpático, ocorrerá efeito parassimpático. 
 
→ Nicotina: FÁRMACO MAIS IMPORTANTE; presente 
no tabaco. 
 A nicotina apresenta importância dos pontos de vista 
terapêutico e tóxico. Ela atravessa a BHE, atuando em 
nível central, nas funções cognitivas de memória, 
atenção, linguagem e percepção. 
 Ela possui potencial de dependência, ou seja, por agir 
no SNC consegue ativar o sistema de recompensa 
(vício!). 
 Todos os grupos de neurônios colinérgicos recebem 
influência da nicotina. 
 A nicotina tem efeitos tóxicos e já foi utilizada como 
defensivo agrícola para controle de pragas. 
▪ Ação farmacológica: 
 A nicotina apresenta efeito diversificado no 
organismo, dependendo da dose e do local de atuação. 
Quando ela atua nos gânglios autonômicos, é 
observada uma estimulação neuronal seguida de 
bloqueio sináptico (dessensibilização). A nicotina é um 
dos únicos fármacos capazes de induzir 
dessensibilização, efeito misto e complexo. 
 Dessensibilização: a estimulação e despolarização 
dos receptores são tão intensas que, na sequência, se 
vê diminuição na transmissão neuronal por excesso de 
estímulo. O que isso significa? Acontece efeito 
estimulante seguido de relaxamento. 
 Em baixas doses, a nicotina provoca efeitos cardíacos 
e pulmonares, principalmente. 
 Principais efeitos (ponto de vista autonômico): 
 - Período inicial de estímulo: taquicardia, aumento 
da FR, aumento de sudorese, aumento da PA, aumento 
da FC, aumento da motilidade. 
Aula 7 
2 
 
 - Período tardio de bloqueio: bradicardia, diminuição 
da PA, diminuição da FR, diminuição da sudorese, 
diminuição da motilidade, fraqueza leve temporária. 
 Principais efeitos (ponto de vista central): 
 Os neurônios colinérgicos interligados estão 
interligados com outros grupos neuronais de outros 
NTs. Assim, o funcionamento de um interfere no 
funcionamento de outro. O estímulo dos grupos 
neuronais faz com que aconteça a liberação de vários 
NTs. 
 Interação entre neurônios colinérgicos e 
dopaminérgicos: principal interação; liberação de 
dopamina; neurônios dopaminérgicos fazem projeções 
para o núcleo accumbens (via da recompensa). 
!! A dessensibilização também acontece a nível central, 
na fase tardia (downregulation). DEPENDÊNCIA! 
▪ Uso clínico: 
 A administração terapêutica de nicotina é eficaz no 
combate à dependência do tabaco. 
 Adesivos transdérmicos e gomas de mascar que 
contêm nicotina fornecem essa substância sem que o 
indivíduo busque o cigarro e fume. Assim, deixam de 
ingerir compostos carcinogênicos existentes no cigarro. 
 
→ Lobelina (natural) e Vareniclina (Champix): fármacos 
utilizados no tratamento do tabagismo; a Lobelina é 
estraída da nobélia e Vareniclina é um composto 
sintético. 
 Fármacos estimulantes ganglionares de potência 
bem menor do que a da nicotina (são agonistas 
parciais). Possuem mesmo mecanismo de ação da 
nicotina, mas são menos potentes. 
 Atuam nos gânglios autonômicos e no SNC (apenas 
Vareniclina). 
 Reduzem a necessidade de buscar o cigarro e 
diminuem os sintomas de abstinência. 
 
→ Bupropiona: também tem sido utilizada para 
dependência do tabaco e para emagrecer. 
 
→ Epibatidina: presente na pele de alguns anfíbios; 
possui importância toxicológica, apenas; não possui uso 
clínico. 
 É estimulante ganglionar de efeito estimulante 
altamente potente nos gânglios autonômicos E no SNC. 
Efeito deletério grave! 
 Alguns derivados de Epibatidina possuem ação 
analgésica. 
 
Fármacos bloqueadores ganglionares 
 Os bloqueadores possuem pouco uso clínico por 
causa de seus efeitos colaterais, sendo mais utilizados 
em estudos clínicos. 
 
Sempre pensar no tônus predominante em cada tecido/órgão! 
 
 O bloqueio ganglionar acontece por meio de três 
diferentes mecanismos: 
 1. Interferência na liberação de Ach (também afetam 
a junção neuromuscular). 
 2. Despolarização prolongada: estímulo seguido de 
bloqueio (nicotina); ação contínua de efeito no receptor 
pela Ach quando a AchE está inibida. 
 3. Interferência na ação pós-sináptica da Ach: 
bloqueio dos receptores nicotínicos ou dos canais 
iônicos associados! 
 
→ Hexametônio: mecanismo 3. 
Causa bloqueio direto do receptor nicotínico, inibindo a 
transmissão ganglionar para nn. simpáticos e 
parassimpáticos. 
Primeiro agente hipertensivo introduzido na prática 
clínica. Hoje, não é mais utilizado com esse intuito e foi 
substituído por outros fármacos que produzem 
menores efeitos adversos. 
 
→ Trimetafano (cansilato de trimetafano): mecanismo 
3. 
 Único em uso clínico! 
 Compete pelo receptor nicotínico (bloqueador 
competitivo) e inibe a transmissão ganglionar. 
 Usado para produzir hipotensão controlada durante 
a anestesia geral. Uso específico e restrito! 
 
( ) 
 
 
Parte somática: inervação da musculatura estriada 
esquelética (voluntária). 
Sinapse colinérgica! NT da placa motora é a ACh. 
Aula 7 
3 
 
 
Neurônios motores (motoneurônios alfa) inervam a musculatura 
esquelética. 
 
Junção neuromuscular: união entre neurônio (axônio 
motor) e musculatura (placa motora); 
neurotransmissão extremamente rápida. 
 Existem receptores nicotínicos nos mm., onde a Ach 
se liga, despolarizando a membrana da célula muscular 
e permitindo a condução nervosa. O resultado é a 
contração muscular. Quando a Ach é metabolizada, o 
estímulo cessa. 
JNM ativada: chegada do impulso nervoso, entrada de 
cálcio e liberação da Ach para a célula muscular. 
Impulso nervoso → entrada de cálcio na célula → 
movimentação das vesículas → liberação da Ach na 
fenda sináptica → receptores nicotínicos → 
despolarização da fibra muscular → contração 
muscular 
 
Fármacos que afetam a junção neuromuscular 
1. Fármacos que atuam na região pós-sináptica: 
 São todos derivados de amônio quaternário, sendo 
pouco absorvidos e rapidamente eliminados. 
- Bloqueadores neuromusculares (via receptores) não 
despolarizantes: bloqueio do receptor de Ach. 
 Quando utilizados em cirurgias mais longas, devem 
ser administrados novamente. Efeito curto! 
!! O bloqueio neuromuscular é adjuvante na anestesia. 
Anestésicos injetáveis gerais provocam estado de 
inconsciência e analgesia, mas não têm efeitos sobre o 
espasmo muscular porque não atuam sobre JNM. Por 
isso, é necessário utilizar um bloqueador 
neuromuscular como coadjuvante anestésico em 
cirurgias. Atualmente, os bloqueadores 
neuromusculares são muito utilizados na intubação de 
pacientes. 
Impulso doloroso impedido + paciente imóvel sem 
espasmo (não há risco pro paciente nem pro médico) 
 
→ Curare (tubocurarina): mistura de alcaloides naturais 
extremamente tóxica; indígenas faziam macerado de 
plantas como essa substância para caçarem. 
 Pode paralisar os músculos - diafragma e 
musculatura cardíaca, principalmente. 
 Moléculas semelhantes, mas de menor toxicidade 
foram criadas para a prática clínica. Quem são essas 
moléculas? Pancurônio, Vecurônio, Atracúrio e 
Galamina. 
Duração mais curta: Atracúrio. 
Duração mais prolongada: alcaloides naturais 
extremamente tóxicos; Tubocurarina e 
Dimetiltubocurarina. 
▪ Mecanismo de ação: inibição competitiva pelo 
receptor de Ach localizado na placa motora. Não há 
passagem do impulso nervoso para a musculatura e não 
acontece contração muscular. 
▪ Efeitos: 
- Paralisia motora (principal) para evitar espasmos. 
- Efeitos autonômicos: quando há eventual bloqueio do 
gânglio autonômico; dificuldade de deglutir, paralisação 
dos mm. da respiração com rápida recuperação, visão 
dupla. 
▪ Efeitos adversos: 
→ Atracúrio: em alguns pacientes, pode se observar 
reação anafilática e queda da PA. 
 Acontece bloqueio ganglionar e estímulo para 
liberação de histamina pelos mastócitos. 
 Não se sabe como o atracúrio induz os mastócitos a 
liberarem histamina. 
→ Pancurônio e Galamina: taquicardia (bloqueio de 
receptores M no coração). 
 
Como reverter o efeito ao final de uma cirurgia? 
Importante para evitar complicações pós-cirúrgicas! 
 A reversão é feita principalmente com 
anticolinesterásico Neostigmina. Ele inibe a AChE. 
 - Neostigmina associada à atropina: evitar efeitos 
parassimpáticos indesejáveis. 
 Sugamadex também pode ser utilizado. Trata-se de 
uma ciclodextrina sintética que inativa o bloqueador 
neuromuscular. O bloqueador inativado é eliminado 
através da urina (complexo bloqueador + receptor). 
 
- Bloqueadores neuromusculares despolarizantes: 
efeito de estímulo seguido de bloqueia, paralisando a 
musculatura. 
 
→ Decametônio: primeiro protótipo estudado. 
 O Decametônio foi descoberto, na década de 50, por 
Paton e Zaimis, pesquisadores da área de farmacologia. 
Aula 7 
4 
 
Eles descobriram um mecanismo de ação de bloqueio 
neuromuscular por despolarização. 
 Inicialmente, há efeito agonista estimulatório com 
descargas rápidas de potencial de ação nos mm.. Essa 
descarga declina, após alguns segundos, à medida que 
a excitabilidade elétrica da região da placa terminal da 
fibra é perdida e acontece bloqueio da placa motora. 
Descargas de potencial de ação bastante rápidas → 
espasmos musculares → declínio rápido da descarga 
→ excitabilidade elétrica diminui gradualmente → 
bloqueia da placa motora por despolarização 
 
→ Suxametônio (succinilcolina): bloqueador 
neuromuscular despolarizante de ação rápida; 
degradado pela AChE. 
 É utilizado em procedimentos cirúrgicos rápidos e na 
intubação orotraqueal para ventilação mecânica. 
 Tem efeitos adversos mais graves do que os 
bloqueadores não despolarizantes. Esses efeitos 
decorrem da despolarização persistente (aumento do 
potássio plasmático). Quais são esses efeitos? Episódios 
de arritmia e efeitos relacionados a estímulos 
parassimpáticos, provocando bradicardia, aumento da 
pressão intraocular, paralisia prolongada e hipertermia 
maligna. 
 Em alguns indivíduos, a hipertermia maligna altera as 
estruturas dos canais de cálcio do retículo 
sarcoplasmático. Acontece liberação sustentada de 
cálcio, levando a espasmo muscular intenso e aumento 
demasiado da temperatura corporal. Administrar 
Dantroleno para reverter o quadro. 
 A paralisia prolongada acontece se houver 
anticolinesterásicosno organismo do paciente. 
 
Quando usar esse fármaco? 
- Coadjuvantes de anestésicos em procedimentos 
cirúrgicos: diminui a dose de anestésico a ser utilizada e 
o grau de anestesia. 
- Procedimentos ortopédicos: alinhamento de fraturas 
e correção de luxações. 
- Facilitar a intubação endotraqueal. 
- Exames: laringoscopia, broncoscopia e esofagoscopia. 
 Anticolinesterásicos não são efetivos para reverter 
os efeitos dos bloqueadores neuromusculares 
despolarizantes, sendo que podem piorar o quadro. 
Esse tipo de bloqueador tem ação agonista. 
 Como a AChE está bloqueada, suxametônio deixa de 
ser metabolizado, permanecendo mais tempo na JNM. 
 A reversão deve ser espontânea ou com dantroleno, 
quando hipertermia. 
 
2. Fármacos que atuam na região pré-sináptica: inibem 
síntese ou liberação de Ach. 
- Inibidores de síntese: não são utilizados na prática 
clínica, uso apenas experimental. 
→ Hemicolínio: inibe a síntese de Ach; bloqueio lento 
da transmissão colinérgica (não acontece transmissão 
nervosa); vesículas com Ach nas terminações nervosas 
deixam de existir. 
 
→ Vesamicol: inibe a síntese de Ach; bloqueio lento da 
transmissão colinérgica. 
 
→ Toxina botulínica: inibe a liberação de Ach; aplicação 
clínica ou desenvolvimento de quadro de botulismo; 
proteína produzida por bactérias Clastridium 
botulinium. 
 A toxina botulínica possui 2 subunidades, uma 
reconhece a célula para que consiga entrar no neurônio 
e outra é responsável pelo efeito tóxico. 
▪ Aplicação clínica: tratamento de espasmos 
musculares, tratamento estético e tratamento de 
incontinência urinária (administração intravesical). 
▪ Mecanismo de ação: 
- Alvo: complexos proteicos do neurônio motor (SNARE 
e SNAP25) envolvidos na fusão das vesículas de Ach com 
a membrana plasmática; não atua no influxo de cálcio. 
 A destruição das proteínas impede a fusão das 
vesículas com a membrana plasmática, impedindo a 
liberação de Ach na fenda sináptica. 
Botulismo/envenenamento botulínico: acomete 
indivíduos que ingerem alimentos contaminados com a 
bactéria; internação de 2 semanas em unidade 
intensiva para manejo do quadro. 
 A toxina botulínica produzida pela bactéria se 
espalha por todos o organismo. 
 Manifestações clínicas: ptose, paralisia 
parassimpática e motora progressiva, boca seca, visão 
turva, dificuldade para deglutir, progressiva paralisia 
respiratória. 
 A antitoxina só é efetiva quando administrada 
precocemente, antes do aparecimento dos sintomas. 
Uso estético: efeito de 6 meses, em média; tratamento 
de rugas dinâmicas. 
 
→ Bungarotoxinas: toxinas presentes no veneno na 
Krait malasiana; esses animais cobrem todas as 
possibilidades no sentido de causar paralisia de suas 
vítimas. 
 Efeito tóxico bastante deletério! Pessoas devem ser 
rapidamente socorridas! 
- Beta-bungarotoxina: efeito semelhante ao da toxina 
botulínica, inibindo a liberação de Ach. 
- Alfa-bungarotoxina: bloqueia receptores pós-
sinápticos de Ach. 
 
 
 
Aula 8 
1 
 
Farmacologia 
 Os fármacos antimicrobianos são moléculas 
sintéticas ou naturais capazes de destruir ou inibir 
agentes infecciosos. Antimicrobiano é uma descrição 
ampla e abrangente. 
 Os antimicrobianos possuem farmacocinética que 
interfere na quantidade do fármaco que chega no seu 
local de ação, onde há proliferação do microrganismo, 
em concentração adequada suficiente para eliminar 
esse microrganismo. 
 
 A dose deve estar correta para que não aconteça 
reinfecção e/ou seleção natural de microrganismos 
resistentes. 
 Dividem-se em: antibacterianos, antifúngicos, 
antivirais e antiparasitários. 
 
Histórico: 
▪ Joseph Lister: antes de Lister, nem os médicos nem os 
instrumentais cirúrgicos eram higienizados; 
higienização com fenol em instrumentação cirúrgica 
promoveu redução das infecções. 
▪ Paul Erlich: primeiro antimicrobiano utilizado 
salvarsan para tratamento da sífilis; substância tóxica, 
muitas vezes. 
▪ Alexander Fleming: descoberta da penicilina. 
▪ Gerhard Domagk: Prontosil® (sulfonamida); 
▪ Florey & Chain: uso clínico e produção industrial da 
penicilina; 
▪ Selman Waksman: descoberta de antibióticos de 
origem natural estreptomicina e neomicina; 
▪ Burkholder: cloranfenicol (antibiótico de amplo 
espectro e de origem sintética); 
▪ Lesher: ácido nalidíxico (precursos das quinolonas de 
origem sintética). 
 
 
 Antes da década de 40, surgiram as drogas sulfa e os 
beta lactamos. Muitas moléculas antimicrobianas 
foram descobertas em um curto espaço de tempo até 
os anos 60. Nesse intervalo, houve investimento na 
produção de diversos outros fármacos porque 
acreditava-se que todos os antimicrobianos já tinham 
sido descobertos. 
 Até 2000, nenhum novo antimicrobiano foi 
descoberto. A partir do início dos anos 2000, novas 
moléculas foram descobertas. Inúmeros microrganismo 
já são resistentes tanto às drogas mais antigas quanto 
às mais recentes. 
*Novos antimicrobianos devem ser estudados por 10 
anos antes de chegarem ao mercado. 
 
 As bactérias podem ser Gram positivas ou Gram 
negativas. Os antimicrobianos se direcionam para os 
diferentes Gram das bactérias. 
 Os antibacterianos são moléculas produzidas por 
várias espécies de microrganismos ou de origem 
sintética que interferem no crescimento de outros 
microrganismos. 
 Eles podem ser bactericidas, quando possuem 
capacidade de matar bactérias, ou bacteriostáticos, 
quando possuem capacidade de impedir a 
multiplicação de bactérias. Neste último caso, a 
eliminação do microrganismo depende do sistema 
imune do paciente. 
 Os antibacterianos diferem quanto seu espectro de 
ação em antibacterianos de pequeno ou amplo. 
 
Alvos de ação dos antibacterianos: 
 
1. Inibição da síntese de proteínas (principal); 
2. Inibição da produção de parede celular; 
3. Inibição da duplicação do DNA – não há duplicação 
cromossômica ou transcrição; 
4. Inibição da atuação de enzimas que produzem 
substâncias essenciais ao metabolismo da bactéria. 
 
Aula 8 
2 
 
Classificação dos antibacterianos segundo seu 
mecanismo de ação: 
1. Interferência na síntese/ação do folato (ác. fólico 
ionizado) 
 
Sulfonamidas: 
 Fármacos sintéticos: sulfanilamida, sulfametoxazol, 
sulfassalazina, sulfadiazina de prata. 
 ▪ Mecanismo de ação: 
 As sulfonamidas são moléculas análogas do ácido 
para-aminobenzoico (PABA), essencial para a síntese do 
folato, substância necessária para a síntese de DNA e 
RNA nas bactérias. 
 Desta forma, as sulfonamidas atuam como inibidores 
competitivos da enzima dihidropteroato sintetase, 
presente na bactéria, impedindo a síntese do folato por 
esse organismo. Sem folato, as bases nitrogenadas não 
formam ácidos nucleicos. 
 ▪ Efeito: o efeito final da sulfonamida é 
bacteriostático. 
 ▪ Infecções purulentas inativam a sulfonamida. 
 As sulfonamidas são utilizadas para infecção de urina 
e do trato respiratório superior. Sua ação é inibida pela 
presença de pus e produtos de destruição tecidual ricos 
em ácidos nucleicos (que são usados pelas bactérias 
para síntese de DNA e RNA). 
 
Trimetoprima: 
 Trata-se de um fármaco sintético de efeito 
bacteriostático. 
 ▪ Mecanismo de ação: produção de bases 
nitrogenadas na bactéria é bloqueada. 
 As sulfonamidas assemelham-se à pteridina do 
folato. Desta forma, a trimetoprima atua como 
antagonista do folato confundindo a enzima 
dihidrofolato redutase, impedindo também a síntese do 
folato (enzima presente na bactéria e no nosso 
organismo). 
 Esse fármaco costuma ser utilizado em conjunto com 
as sulfonamidas, tendo sua ação potencializada 
(Bactrim). Apesar de a associação ser efetiva, ela pode 
trazer efeito adverso. Qual efeito adverso? 
Desenvolvimento de anemia megaloblástica 
(deficiência de folato), eventualmente. 
 
 ▪ Principais usos clínicos: infecções por Pneumocystis 
carinii e Nocardia; infecções urinárias e respiratórias; 
profilaxiaem queimaduras (uso tópico). 
 
2. Antibióticos betalactâmicos: podem ser naturais ou 
semissintéticos; antibióticos mais conhecidos. 
 
Penicilinas: 
 Fármacos naturais: penicilina G (benzilpenicilina 
benzatina/benzetacil) e penicilina V 
(fenoximetilpenicilina). 
 Fármacos semissintéticos: estrutura química natural 
modificada; penicilinas resistentes à betalactamase 
(meticilina, oxacilina) e penicilinas de amplo espectro 
(ampicilina, amoxicilina, piperacilina) – muito usadas. 
*A amoxicilina tem utilização muito importante na 
prática clínica. 
 ▪ Mecanismo de ação: 
 Os betalactâmicos interferem na síntese do 
peptidoglicano da parede celular bacteriana através da 
inibição das enzimas transpeptidades, que cruzam as 
cadeias peptídicas ligadas à estrutura do 
peptidoglicano. Assim, a montagem das ligações 
cruzadas da parece celular pelas enzimas é inibida. Sem 
a parede celular, não há integridade da célula 
bacteriana, que sofre lise. 
 Esses antibióticos têm efeito bactericida, destruindo 
a célula bacteriana rapidamente. Eles possuem baixa 
toxicidade direta, já que os humanos não possuem 
células com parede celular (exceto alérgicos - choque 
anafilático). 
ESSE FÁRMARCO TEM TOXICIDADE DIRECIONADA 
PARA A BACTÉRIA! 
 As penicilinas sofrem inativação por enzimas 
betalactamases (penicilinases), que degradam seu anel 
beta-lactamo. 
 
Inibidores de betalactamase: foram desenvolvidos pela 
indústria na tentativa de impedir a inativação dos 
antibióticos betalactâmicos (contornar a resistência). 
 Fármacos naturais: ácido clavulânico/clavulanato. 
 Fármacos semissintéticos: sulbactam, tazobactam. 
 ▪ Mecanismo de ação: 
 Inibição da enzima bacteriana betalactamase, 
responsável pela inativação de antibióticos 
betalactâmicos. Acaba funcionando como um agente 
protetor do antibiótico, protegendo-o da inativação por 
bactérias resistentes. 
 Atuam como inibidores “suicidas” = inibição 
irreversível que leva a destruição da enzima bacteriana 
(ácido clavulânico + betalacmamase). 
 Costumam ser utilizados em associação com 
penicilinas de amplo espectro (amoxicilina + ácido 
clavulânico, ampicilina + sulbactam, piperacilina + 
tazobactam). 
 
Aula 8 
3 
 
Cefalosporinas e cefamicinas: 
 As gerações dos fármacos se diferem quanto a seu 
espectro de ação. 
 - 1ª geração (mais ativas contra bactérias Gram +): 
de uso oral; cefalexina, cefalotina, cefazolina, 
cefadroxila. 
 - 2ª geração (mais ativas contra bactérias Gram -): de 
uso oral; cefuroxima, cefoxitina, cefprozila, cefaclor. 
PRIMEIRA E SEGUNDA GERAÇÕES podem ser utilizadas 
como profilático de cirurgia. 
 - 3ª geração (Gram + e Gram -, infecções 
hospitalares): de uso hospitalar; cefotaxima, 
ceftriaxona, ceftazidima. 
 - 4ª geração (Gram + e Gram -, resistência à 
betalactamase): de uso hospitalar; cefepima, 
cefpiroma. 
 - 5ª geração (atividade contra MRSA - Staphylococcus 
aureus resistente à meticilina): de uso hospitalar; 
ceftarolina fosamila. 
 ▪ Mecanismo de ação: idêntico ao das penicilinas; 
inibição da síntese de parede celular. 
 Esses antibióticos têm efeito bactericida, baixa 
toxicidade direta (exceto alérgicos – 
hipersensibilidade), intolerância ao álcool e promovem 
nefrotoxicidade. 
 Sofrem inativação por enzimas betalactamases 
(penicilinases). 
 
Carbapenemos e monobactamos: uso mais restrito ao 
ambiente hospitalar. 
 Os carbapenemos e os monobactamos foram 
desenvolvidos como alternativa contra Gram negativas 
produtoras de betalactamases e resistentes à 
penicilina. Alterações em sua estrutura química, 
promovem maior espectro de ação contra Gram 
negativas. 
 Carbapenemos: imipenem, meropenem, 
ertapenem. 
 Monobactamos: aztreonam. 
 ▪ Mecanismo de ação: idêntico ao das penicilinas, 
mas com maior espectro de ação. 
 !! Exceção: aztreonam é ativo apenas contra bacilos 
aeróbios Gram negativos. 
 ▪ Efeito bactericida. 
*Não apresentam reação cruzada com penicilina 
(aztreonam). 
*O uso da cilastatina aumenta a meia-vida plasmática 
do imipenem. 
 
 ▪ Principais usos clínicos: infecções de trato 
respiratório e urinário, infecções biliares, bacteremia, 
meningite (cefalosporinas), endocardite, sífilis 
(benzilpenicilina), otite, gonorreia, infecções por 
Pseudomonas. 
 
 
3. Glicopeptídeos 
Vancomicina, teicoplanina 
 ▪ Mecanismo de ação: os antibióticos glicopeptídeos 
atuam inibindo a síntese de parede celular, assim como 
os betalactâmicos. Ativo somente contra bactérias 
Gram positivas. Resistência natural dos Enterococcus 
(VRE). 
 ▪ Efeito: bactericida. 
 Apresentam nefrotoxicidade e eritema local 
(aplicação rápida). 
 O uso oral é feito apenas para tratamento da colite 
pseudomembranosa. 
 ▪ Principais usos clínicos: MRSA (Staphylococcus 
aureus resistente à meticilina), pacientes alérgicos à 
betalactâmicos, colite pseudomembranosa por 
Clostridium difficile, bacteremia, endocardite, 
osteomielite. 
 
 
4. Inibição da síntese de proteínas, atuando 
diretamente no ribossomo 
 Antibióticos com efeito bacteriostático. 
 
Tetraciclinas 
 Fármacos: tetraciclina (natural), oxitetraciclina, 
doxiciclina, minociclina, tigeciclina. 
 ▪ Mecanismo de ação: as tetraciclinas atuam inibindo 
a síntese proteica através do bloqueio da subunidade 
30S do ribossomo bacteriano, que se liga ao t-RNA 
durante a tradução. Não há produção de proteínas! 
Aula 8 
4 
 
 ▪ Espectro de ação: bastante amplo; bactérias Gram 
+ e -, Mycoplasma, Rickettsia, Clamydia. 
 A tetraciclina pode se depositar nos ossos causando 
manchas e deformidades, inclusive nos dentes. Pode 
causar fotossensibilidade e aplasia medular, também. 
 A tetraciclina é inibida na presença de cátions, ou 
seja, sua absorção oral é prejudicada na presença de 
cátions (não ingerir junto com leite). 
 ▪ Principais usos clínicos: fármacos de primeira 
escolha para riquétsias, micoplasma, clamídia, 
leptospirose e de segunda escolha para infecções do 
trato respiratório. 
 
Anfenicóis 
 Fármaco: cloranfenicol - único da classe dos 
anfenicóis com uso clínico. 
 ▪ Mecanismo de ação: o cloranfenicol atua inibindo a 
síntese proteica através do bloqueio da subunidade 50S 
do ribossomo bacteriano, inibindo formação da ligação 
peptídica. 
 ▪ Espectro de ação: bactérias Gram + e -, Rickettsia. 
 Os anfenicóis têm toxicidade hematológica 
(depressão medular com pancitopenia) e pode 
provocar SD síndrome cinzenta em recém-nascidos 
(oxida a hemoglobina, formando a beta-hemoglobina). 
 ▪ Principais usos clínicos: febre tifóide, infecções por 
Haemophilus, meningite (quando a penicilina não pode 
ser usada). 
 
Aminoglicosídeos 
 Fármacos: estreptomicina (natural), gentamicina 
(natural), amicacina, neomicina (natural). 
 ▪ Mecanismo de ação: são fármacos que atuam 
inibindo a síntese proteica através da ligação à 
subunidade 30S do ribossomo bacteriano, levando a 
leitura errônea do m-RNA (proteínas defeituosas). Sua 
entrada na bactéria é mediada por transportadores 
ativos dependentes de oxigênio. 
 ▪ Efeito: bacteriostático (doses usuais) ou bactericida 
(altas doses). 
 ▪ Espectro de ação: bactérias Gram + e - (maior 
eficácia). 
 Os aminoglicosídeos podem causar ototoxicidade - 
lesão da cóclea e do aparelho vestibular, fazendo com 
que o paciente desenvolva perda de audição - e 
nefrotoxicidade, em pacientes renais crônicos. 
 ▪ Principais usos clínicos: microrganismos entéricos 
Gram negativos, bacteremia, Listeria, Pseudomonas. 
 
Macrolídeos 
 Fármacos: eritromicina (natural), claritromicina, 
azitromicina. 
 ▪ Mecanismo de ação: os macrolídeos atuam 
inibindo a síntese proteica através da ligação à 
subunidade 50S do ribossomo impedindo sua 
translocação. 
 ▪ Efeito: bacteriostático (doses usuais) ou bactericida 
(altas doses). 
 Fazem competição com cloranfenicol e clindamicina 
e, por isso, nãodevem ser usados em conjunto. 
 → Inibição do sistema P-450: pacientes em uso do 
macrolídeo pode apresentar interação medicamentosa. 
 Os macrolídeos concentram-se nos fagócitos 
(potencializam destruição de bactérias). 
 ▪ Principais usos clínicos: espiroquetas Gram-
positivas, Legionella, Mycoplasma, doença de Lyme, 
toxoplasmose. 
 
Outros antibacterianos que interferem na síntese de 
proteínas: 
- Estreptograminas (quinupristina, dalfopristina): 
inibição da subunidade 50S. São usados em conjunto 
para tratamento de infecções por VRSA e VRE ou outras 
infecções graves sem resposta aos outros agentes 
antibacterianos disponíveis. 
- Lincosamidas (clindamicina, lincomicina): mesmo 
mecanismo de ação do cloranfenicol e macrolídeos. São 
utilizadas em infecções por cocos resistentes à 
penicilina e infecções por Bacteroides (anaeróbias); 
aumentam incidência de colite pseudomembranosa por 
C. difficile. 
- Oxazolidinonas (linezolida): não permite a formação 
complexo ribossomal 70S, crucial para o inicio da 
síntese proteica. É usada em MRSA, VRE, pneumonias, 
bacteremia, e outras infecções graves por Gram 
positivos que não respondem adequadamente aos 
outros antibacterianos. 
 
4. Interferência na enzima topoisomerase II ou DNA-
girase, impedindo o desenovelamento do DNA. 
Quinolonas e Fluorquinolonas 
 Fármacos sem flúor: protótipos; ácido nalidíxico, 
ácido pipemídico. 
 Fármacos com flúor: ciprofloxacina, norfloxacina, 
levofloxacina, ofloxacina, moxifloxacina. 
 ▪ Mecanismo de ação: atuam inibindo a 
topoisomerase II (DNA girase bacteriana), enzima 
Aula 8 
5 
 
responsável pelo desenovelamento do DNA e pela 
produção da superespiral negativa do DNA. Desta 
maneira a transcrição e replicação ficam impedidas e o 
DNA é destruído (efeito bactericida). 
 ▪ Espectro de ação: coliformes entéricos, cepas 
resistentes à betalactâmicos e aminoglicosídeos. 
 ▪ Principais usos clínicos: infecções trato urinário, 
infecções trato respiratório (Pseudomonas e 
Haemophilus), prostatite, osteomielite. 
 
 
 
5. Agentes antimicobacterianos 
 Utilizados para tratamento da tuberculose, doença 
crônica e de tratamento longo, geralmente de 6 meses, 
e de difícil adesão pelo paciente. 
 
Tuberculose (TB): 
 Definição: infecção pelo microrganismo 
Mycobacterium tuberculosis, bactéria que sobrevive 
dentro dos macrófagos, mesmo após serem 
fagocitadas. 
 
Tratamento da tuberculose: 
 
 
Isoniazida 
 Fármaco de primeira linha no tratamento de TB (fase 
inicial e de continuação). Este fármaco penetra muito 
bem nas lesões tuberculosas caseosas. 
 ▪ Mecanismo de ação: sua atividade limita-se as 
micobactérias. 
 A isoniazida inibe a síntese de ácidos micólicos, 
componentes importantes da parede celular de 
micobactérias. 
 ▪ Efeito: bacteriostático (bactérias em repouso) ou 
bactericida (bactérias em divisão). 
 O uso de piridoxina (vitamina B6) reduz a incidência 
de neuropatia periférica. 
 
Rifampicina: 
 Fármaco de primeira linha no tratamento de TB (fase 
inicial e de continuação), sendo um dos mais ativos 
agentes antituberculose. Também é ativo contra outras 
bactérias Gram positivas e negativas intracelulares, 
podendo ser utilizada em outras infecções. Este 
fármaco confere coloração laranja à saliva, escarro e 
urina. 
 ▪ Mecanismo de ação: liga-se a enzima RNA-
polimerase de células procarióticas formando um 
complexo que impede a síntese de RNA. 
 ▪ Efeito: bactericida. 
 Causa indução das enzimas P-450 (interação 
farmacológica), reduzindo eficácia de outros fármacos, 
como os anticoncepcionais. 
 
Etambutol 
 Fármaco de primeira linha no tratamento de TB, 
sendo específicos para a tuberculose. 
 ▪ Mecanismo de ação: inibe a enzima arabinosil 
transferase, afetando a síntese da parede celular 
micobacteriana. 
 ▪ Efeito: bacteriostático. 
 Pode reduzir acuidade visual do paciente, 
aconselhando-se acompanhamento oftalmológico. 
 
Pirazinamida 
 Fármaco de primeira linha no tratamento de TB, 
sendo específicos para a tuberculose. 
 ▪ Mecanismo de ação: inibe a síntese de ácidos 
graxos através da inibição da enzima ácido graxo sintase 
I. 
 ▪ Efeito: bactericida. 
 Pode provocar exacerbação do quadro clínico da 
gota. 
 
 
Fungos 
Características dos fungos: células eucarióticas, não 
realizam fotossíntese, causam infecções oportunistas 
(imunossuprimidos); estão relacionados com 
deteriorização de matéria orgânica (são deteriorantes), 
alguns são patogênicos. 
Aula 8 
6 
 
Tipos de fungos: 
leveduras, fungos 
filamentosos e fungos 
dimórficos – intercalam 
forma de vida em 
levedura e em 
filamento. 
Importância dos fungos: 
indústria alimentícia, 
decomposição de 
matéria orgânica, 
produção de toxinas 
(aflatoxina), indústria farmacêutica (produção de 
antibacterianos), organismos patogênicos (causam 
micoses). 
 
Antifúngicos 
 Existe menor variedade de antifúngicos no mercado 
porque as doenças fúngicas são mais comuns em países 
em desenvolvimento. Além disso, esses fármacos têm 
incidência de resistência menor. 
 Os antifúngicos ou antimicóticos são fármacos 
utilizados para tratar e prevenir micoses superficiais e 
sistêmicas. Eles podem ser de origem natural ou 
sintética. 
Características de um fármaco ideal: toxicidade seletiva, 
poucos ou nenhum efeitos colaterais, amplo espectro 
de ação, não permitir seleção de amostras resistentes, 
não ser alérgeno, boa estabilidade, boa farmacocinética 
(absorção, distribuição, metabolismo e excreção) e 
baixo custo. 
Nem sempre todos esses requisitos são atingidos! 
 
 
 Os antifúngicos mais recentes surgiram no início dos 
anos 2000. 
 Depois desse período, nenhum antifúngico 
importante foi produzido. 
 
Alvos de ação dos antifúngicos: 
1. Sistema de microtúbulos dos fungos: 
comprometimento da formação fuso-mitótica; 
2. Diminuição da integridade da parede celular; 
3. Interferência na membrana plasmática: interfere na 
via metabólica do esgosterol, reduzindo a integridade 
da membrana. 
 
 
Classificação dos antifúngicos: 
1. Antibióticos antifúngicos naturais; 
2. Agentes antifúngicos sintéticos; 
3. Outros agentes antifúngicos: agentes sintéticos que 
não entram na classificação anterior por se diferirem 
quanto a estrutura química e mecanismo de ação. 
 
Anfotericina (anfotericina B) 
 Fármaco antifúngico poliênico de origem natural 
(Streptomyces). Utilizado em ambiente hospitalar! 
 ▪ Mecanismo de ação: tem afinidade pelo ergosterol 
(ação seletiva); se insere dentro da membrana 
plasmática, fomando poros e alterando sua 
permeabilidade. 
 A anfotericina interfere na permeabilidade e nas 
funções de transporte ao formar grandes poros na 
membrana fúngica causando graves alterações no 
equilíbrio iônico, principalmente a perda de potássio. O 
conteúdo intracelular acaba extravasando. 
 Fármaco padrão-ouro no tratamento de infecções 
fúngicas disseminadas (sistêmicas). 
 ▪ Efeito sinérgico: uso em conjunto com a flucitosina. 
 ▪ Principais usos clínicos: micoses disseminadas, 
meningite criptocócica, infecções por Aspergillus e 
Candida. 
 ▪ Precauções: uma dose total superior a 4 gramas 
pode produzir disfunção renal permanente; os efeitos 
depressores da medula óssea, causados pela 
anfotericina-B sistêmica, podem aumentar a incidência 
de infecções microbianas. 
→ Formulação lipossomal (sistema de liberação 
controlada): AmBisome; redução dos efeitos adversos. 
 
Nistatina 
 Fármaco antifúngico poliênico de origem natural 
(Streptomyces). 
 ▪ Mecanismo de ação: mesmo da anfotericina. 
 Trata-se de um fármaco tóxico (toxicidade maior do 
que a do anfotericina) usado para tratar infecções 
mucocutâneas, dermatofitoses (uso tópico), infecções 
na boca e do trato gástrico por Candida (uso de 
suspensão). 
Aula 8 
7 
 
 Não ocorre absorção através da pele íntegra e 
mucosas íntegras. 
 
 
Griseofulvina 
 Fármacoantifúngico de origem natural bastante 
usado no passado e que vem caindo em desuso. 
 ▪ Mecanismo de ação: único; interfere na mitose do 
fungo pela ligação com microtúbulos da célula fúngica. 
 ▪ Principais usos clínicos: dermatofitoses (pele e 
couro cabeludo) e onicomicoses/micoses de unha (seu 
uso foi amplamente superado por outros fármacos). 
 Este fármaco é indutor das enzimas P450, 
promovendo interações medicamentosas, e não deve 
ser usado por gestantes (Classe C). 
 
Equinocandinas 
 Antifúngico mais recente, de uso injetável e 
hospitalar, preferencialmente. 
 Fármacos semissintéticos: caspofungina, 
micafungina, anidulafungina. 
 ▪ Mecanismo de ação: inibem a síntese do 1,3-β-
glicano, um polímero de glicose necessário à 
manutenção da estrutura da parede celular fúngica. Na 
ausência desse polímero, as células fúngicas perdem a 
integridade, ocorrendo a lise celular. 
 ▪ Principais usos clínicos: candidíase esofágica, 
candidemia, candidíase invasiva, aspergilose invasiva 
refratária a outros antifúngicos. 
 
Azóis 
 Antifúngicos comuns de serem utilizados em 
infecção sistêmica (uso hospitalar). 
 Fármacos imidazóis: cetoconazol, miconazol. 
 Fármacos triazóis: fluconazol, itraconazol, 
posaconazol. 
 ▪ Mecanismo de ação: inibem a enzima fúngica 
lanosina 14-α-desmetilase, que é responsável pela 
conversão do lanosterol em ergosterol, o principal 
esterol da membrana celular fúngica. Assim, altera a 
fluidez da membrana. 
 O cetoconazol, quando utilizado via oral, é 
hepatotóxico. 
 Há necessidade de exames de função hepática antes 
do início do uso para verificar o funcionamento desse 
órgão. Ele é mais utilizado de forma tópica, atualmente. 
 O uso de anfotericina concomitante com azóis deve 
ser evitado. A depleção do ergosterol da membrana 
reduz os locais de ligação da anfotericina (um anula 
efeito do outro). 
 ▪ Principais usos clínicos: dermatofitoses, infecções 
por Candida, infecções sistêmicas (aspergilose, 
histoplasmose, blastomicose, entre outras). 
 
Flucitosina 
 Antifúngico sintético. 
 ▪ Mecanismo de ação: a flucitosina é convertida no 
antimetabólito 5-fluorouracila nas células fúngicas. A 5-
fluorouracila inibe a timidilato sintetase e, portanto, a 
síntese de DNA. 
 A flucitosina é combinada com anfotericina para 
tratar casos de infecções sistêmicas graves, como a 
candidíase e a meningite criptocócica. 
 É considerado um antimetabólico porque impede a 
síntese de moléculas importantes, como bases 
nitrogenadas. 
 !! Pode causar mielossupressão. 
 
Alilaminas 
 Fármacos: terbinafina, naftifina, amorolfina. 
 ▪ Mecanismo de ação: atuam inibindo, de modo 
seletivo, a enzima esqualeno epoxidase, que está 
envolvida na síntese do ergosterol a partir do esqualeno 
na parede celular fúngica. O acúmulo de esqualeno se 
torna tóxico para o fungo. 
 ▪ Mecanismo de ação: dermatofitoses e 
onicomicoses. 
 
Adendos 
Efeito “antabus”: 
 O uso de bebida alcoólica concomitantemente a 
alguns antimicrobianos, como metronidazol, 
cloranfenicol e sulfas, é contraindicado, pois pode 
resultar em reação similar à do dissulfiram (efeito 
“antabus), em presença de álcool. Não é proibitivo o 
uso social de álcool com antimicrobianos, já que não 
está relacionado à perda de eficácia desses fármacos 
em geral. Entretanto, o uso abusivo de álcool é 
totalmente desaconselhado durante o tratamento com 
antimicrobianos, pois se a ingestão corresponder a 
grande volume de líquido (de cerveja, por exemplo), a 
sobrecarga hídrica aumentará a filtração glomerular e a 
diurese, que também pode ser estimulada pelo efeito 
diurético do álcool, acelerando a excreção renal de 
fármacos ativos. 
 O uso concomitante desses antibióticos com álcool 
pode resultar em diversos efeitos adversos como falta 
de ar, cefaleia, dor no peito, enrubescimento da pele, 
aumento de arritmia cardíaca, tontura, náusea e 
vômito. 
Aula 8 
8 
 
 Álcool também pode interferir com outros 
antibióticos como: 
- Cotrimoxazol: pode causar efeitos similares aos 
causados com metronidazol e tinidazol, mas com maior 
raridade; 
- Linezolida: pode interagir com bebidas alcoólicas 
fermentadas como vinho, cerveja, xerez; 
- Doxiciclina: pode ter sua eficácia diminuída em 
pessoas com histórico de consumo crônico de álcool e 
não deveria ser usada por pessoas com problemas 
hepáticos; 
- Eritromicina: pode ter seu efeito diminuído e atrasado 
pelo álcool em raras ocasiões. 
 O álcool, além de depressor do sistema nervoso 
central, tem ação diurética e hipoglicemiante. Pela sua 
ação marcante sobre o fígado, pode interferir no 
metabolismo de vários fármacos, podendo causar 
aumento dos efeitos adversos. O álcool também 
aumenta a circulação na mucosa dos intestinos 
podendo aumentar a absorção de medicamentos e, 
consequentemente, de seus efeitos. A maioria dos 
estudos sobre interações com álcool considera 
pacientes que fazem uso crônico e abusivo de bebidas 
alcoólicas. Há menos informação sobre aqueles que 
bebem moderadamente. 
 
 
Aula 9 
1 
 
Farmacologia 
 
 Os vírus possuem material genético (RNA ou DNA) 
envolto por capsídeo e envelope lipoproteico. Alguns 
possuem enzimas que iniciam sua replicação no 
hospedeiro. 
 Eles são classificados de acordo com seu material 
genético: 
1. Vírus de DNA: transcrição de mRNA viral pela RNA 
polimerase do hospedeiro; 
2. Vírus de RNA: atua como mRNA e é traduzido pela 
célula hospedeira; 
3. Retrovírus: a transcriptase reversa sintetiza DNA a 
partir de RNA viral e o DNA viral é incorporado na célula 
hospedeira. 
 Os vírus são partículas que conseguem escapar da 
nossa resposta imune e causar infecção, inicialmente. 
Somente depois que o indivíduo é sensibilizado é que a 
resposta imune pode acontecer. 
 
Estratégias virais: 
→ Subversão da resposta imune: inibição da síntese de 
citocinas. 
→ Inibição da apoptose: célula hospedeira sofre 
modificações pela infecção viral e tem sua apoptose 
inibida; vírus continua se proliferando dentro da célula. 
→ Interferência nos marcadores de superfície: 
mudança do perfil de proteínas presente na superfície, 
quando a célula está infectada. 
→ “Invisibilidade” às células NK e linfócitos citotóxicos: 
alguns vírus não modificam o perfil de proteína da 
superfície da célula hospedeira e se tornam invisíveis ao 
SI. 
 Na maioria dos casos, as defesas do hospedeiro 
prevalecem e muitas infecções virais se resolvem 
espontaneamente, exceto no caso de um hospedeiro 
imunocomprometido. 
 
Evolução da infecção por HIV 
 Para cada paciente, a latência clínica e a janela 
imunológica se comportam de maneira diferente. 
 
 Muitas vezes, os sintomas iniciais são confundidos 
com outras patologias, por serem muito inespecíficos. 
 Nas primeiras semanas, acontece grande redução 
da carga viral e entra-se em latência clínica. A latência 
pode perdurar de meses a anos. 
 Quando os sintomas constitucionais e as doenças 
oportunistas surgem é que o indivíduo busca ajuda e 
descobre seu diagnóstico. O início do tratamento nesse 
período, geralmente, não é efetivo porque seu sistema 
imune já está muito comprometido. 
 A terapia antirretroviral deve ser instituída o quanto 
antes para que a pessoa não seja acometida pelas 
doenças oportunistas, que aparecem em estágios 
avançados da infecção por HIV. 
 O tratamento, depois de iniciado, não pode ser 
abandonado. A carga viral aumenta e a contagem de 
células T CD4+ cai, promovendo a deterioração do 
sistema imune. 
 Indivíduos com infecção por HIV, em tratamento, 
sempre devem realizar contagem de células T CD4+ e 
análise da carga viral. 
 Uma baixa carga viral diminui a taxa de 
transmissibilidade e a deterioração do sistema imune. 
CARGA VIRAL BAIXA NÃO SIGNIFICA QUE A PESSOA 
ESTÁ CURADA! SIGNIFICA SOMENTE QUE O 
TRATAMENTO ESTÁ SENDO EFETIVO. 
 
 
 
HIV e AIDS: perda progressiva das células T CD4+Aula 9 
2 
 
Ciclo de replicação do vírus: 
1. Reconhecimento e ligação do vírus com o 
receptor CD4 do linfócito. O receptor CCR5 
auxilia no reconhecimento e na internalização 
do vírus. 
2. Vírus se funde a membrana e expõe seu 
material genético no interior da célula. 
3. Ação da enzima transcriptase reversa para 
síntese de DNA a partir de RNA viral. 
4. DNA integrado ao DNA da célula hospedeiro. 
5. Depois que o DNA é integrado, ele é replicado 
e transcrito e novos RNA virais são gerados. Os 
materiais genéticos são lidos pelos ribossomos 
e novas proteínas (polipeptídeos) são 
formadas. 
6. Proteases agem para fragmentar os 
polipeptídeos. Os fragmentos são utilizados na 
montagem de novos vírus. 
7. Novos vírus são liberados da célula por meio do 
rompimento da membrana celular e vão 
infectar novas células. 
POR ISSO, diminuição da contagem celular e aumento 
da carga viral... lise de grande número de células e 
grande quantidade de vírus circulantes. 
 
Os antivirais 
Classificação segundo mecanismo de ação: 
!! O nome da classe tem relação direta com o 
mecanismo de ação. 
1. Inibidores da transcriptase reversa (análogos de 
nucleosídeos): primeiros fármacos a surgirem na 
terapia antirretroviral. 
- Análogos de nucleosídeos: 
→ Fármacos: zidovudina (AZT), abacavir, lamivudina 
(3TC), didanosina (ddI), zalcitabina (ddC). 
 O AZT já foi utilizado em monoterapia, mas ela não 
se mostrou eficiente. A monoterapia predispõe a 
resistência viral. 
 Mecanismo de ação: inibição competitiva; 
interrompe e inibe a síntese do DNA viral. 
 Esses fármacos são análogos de nucleosídeos 
(estrutura química semelhante aos nucleosídeos 
naturais), logo são fosforilados na célula e competem 
com nucleosídeos naturais pela enzima transcriptase 
reversa. A incorporação do nucleosídeo “anômalo” 
resulta na interrupção da síntese do DNA viral. 
 Resistência ao AZT: PRIMEIRO ANTIRRETROVIRAL; no 
estágio final da doença é comum relatos de resistência 
devido à rápida mutação viral e diminuição da ativação 
do fármaco no hospedeiro; alteração da transcriptase 
reversa impede a ação do fármaco. 
 Principais usos clínicos: tratamento de AIDS (em 
combinação com outros antirretrovirais) e Hepatite B 
(lamivudina, telbivudina). 
!! Apesar do vírus da hepatite B não ser um retrovírus, 
ele apresenta a enzima transcriptase reversa, que 
sintetiza DNA a partir de segmentos específicos de RNA 
viral. 
- Inibidores da transcriptase reversa (não nucleosídeos): 
os fármacos não nucleosídeos possuem estrutura 
química que não é semelhante aos nucleosídeos 
naturais. 
→ Fármacos: efavirenz, nevirapina. 
 Mecanismo de ação: inibição não competitiva; se 
ligam em outras regiões da enzima que não a catalítico, 
inativando-a. 
 Os inibidores não nucleosídeos da transcriptase 
reversa são compostos quimicamente diversos, que se 
ligam à enzima nas proximidades do local catalítico, 
inativando-a. 
 A nevirapina consegue evitar a transmissão vertical 
do HIV. Gestantes fazem o uso desse fármaco. 
 Efeitos indesejáveis: REAÇÕES ALÉRGICAS + 
TERATOGÊNESE. 
 A nevirapina está relacionada ao aparecimento de 
exantema, que pode evoluir para síndrome de Stevens-
Johnson. O efavirenz está relacionado ao surgimento de 
sintomas psicóticos, além de ser teratogênico. 
 Principais usos: tratamento de AIDS (em conjunto 
com outros antirretrovirais). 
 
2. Inibidores de protease: 
→ Fármacos: ritonavir, saquinavir, lopinavir, 
atazanavir. 
 Mecanismo de ação: inibição da protease, enzima 
viral que quebra os polipeptídeos virais responsáveis 
pela montagem de novos vírus. 
 Para o vírus se tornar infeccioso é necessário que ele 
produza novas proteínas virais. Os inibidores de 
protease bloqueiam esta enzima interferindo em sua 
ação e inibindo a produção de novos vírus HIV. 
 Juntamente com os inibidores de transcriptase 
reversa, transformaram o tratamento da AIDS. 
Protocolo inicial de tratamento da AIDS: 2 inibidores 
de transcriptase reversa + 1 inibidor de protease. 
!! O ritonavir pode ser usado juntamente com o 
lopinavir, para potencializar os efeitos. 
 Principais usos: tratamento de AIDS (em conjunto 
com outros antirretrovirais). 
 
3. Inibidores de fusão: medicamentos mais recentes, 
aplicados em outras situações além do tratamento do 
HIV. 
→ Enfuvirtida: 
 Mecanismo de ação: age ligando-se a proteína viral 
gp41, responsável pelo reconhecimento entre o vírus e 
o L TCD4+; impede a fusão do vírus com a membrana 
do linfócito; via injetável. 
Aula 9 
3 
 
 Inibe a fusão do vírus HIV com o linfócito T CD4+. 
Trata-se de um inibidor do rearranjo estrutural da gp41 
do vírus, que se liga especificamente a nível extracelular 
a esta proteína viral, bloqueando a fusão entre o 
invólucro viral e a membrana celular. 
 A enfuvirtida é utilizada quando a resistência pode se 
tornar um problema ou quando o paciente é intolerante 
a outros antirretrovirais. 
 Principais usos: tratamento da AIDS (em conjunto 
com outros antirretrovirais). 
 
4. Inibidores de integrase: 
→ Fármacos: raltegravir, dolutegravir. 
 Mecanismo de ação: inibição da integrasse, enzima 
responsável pela união do DNA viral com o DNA da 
célula hospedeira. 
 Estes fármacos atuam inibindo a enzima integrase do 
HIV, a enzima que integra o DNA viral ao genoma do 
hospedeiro durante a formação do provírus. 
 Fazem parte da profilaxia pós-exposição. Pós-
exposição: situações que envolvem violência sexual e 
profissionais da saúde vítimas de acidentes com 
materiais contaminados. NÃO SE SABE SE HOUVE 
CONTAMINAÇÃO, MAS HOUVE EXPOSIÇÃO... 
 Combinação pode ser feita com dolutegravir, 
lamivudina e abacavir. 
 Principais usos: tratamento da AIDS (em conjunto 
com outros antirretrovirais). 
 
5. Antagonista de receptor de quimiocina CCR5: 
→ Maraviroque (ou maraviroc): 
 Mecanismo de ação: inibição da fusão do vírus HIV 
com a célula por meio do bloqueio de CCR5. 
 Sua atuação se baseia no bloqueio dos receptores 
CCR5 impedindo a entrada do HIV e a infecção destas 
células. 
 Atualmente, sua utilização, em combinação com 
outros fármacos antirretrovirais, está restrita às 
infecções HIV com tropismo para o CCR5, nos pacientes 
previamente tratados com outros antirretrovirais. 
 Principais usos: tratamento da AIDS (em conjunto 
com outros antirretrovirais). 
 
6. Inibidores da DNA-polimerase: 
→ Fármacos análogos de nucleotídeos: possuem 
estrutura semelhante a nucleosídeos; aciclovir, 
fanciclovir, valaciclovir, ganciclovir. 
→ Fármacos não análogos de nucleotídeos: foscarnet. 
 Mecanismo de ação: inibição da DNA-polimerase. 
 São fármacos que inibem a DNA-polimerase viral, 
interrompendo a formação da cadeia nucleotídica do 
vírus. 
 Principais usos clínicos: tratamento de herpes oral e 
genital, varicela-zoster, Epstein-barr e citomegalovírus. 
7. Inibidores da liberação e desmontagem viral: 
→ Fármacos: oseltamivir (Tamiflu®), zanamivir. 
 Mecanismo de ação: específico para vírus do tipo 
Influenza; ação na enzima neuraminidase. 
 A principal característica é a inibição seletiva de 
neuraminidases, glicoproteínas de liberação viral, ou 
seja, ele impede a saída dos vírus de uma célula para 
outra. Vírus fica preso dentro da célula e é degradado. 
 2009-2010: foi veiculado nas mídias sociais que o 
consumo de chá de anis estrelado promovia o mesmo 
efeito do oseltamivir. FAKE NEWS! 
 Principais usos: tratamento de infecções virais 
causados pelos vírus Influenza A e B. 
 Maior eficácia se tomado dois dias após os primeiros 
sintomas, impedindo a disseminação do vírus da gripe 
no corpo do paciente. 
 
Tratamento de HIV/AIDS: 
 
 O consenso atual no uso do tratamento na AIDS 
emergiu com base nos seguintes princípios: 
- Monitorar a carga viral plasmática e a contagem de 
células T CD 4+. 
 Se o paciente faz o tratamento de maneira correta, 
aumento de L TCD4+ e diminuiçãoda carga viral é 
cenário favorável. Paciente leva uma vida próxima da 
normalidade. 
- Iniciar o tratamento antes que a imunodeficiência se 
torne evidente. 
 Quando a imunodeficiência está evidente, significa 
que a carga viral está alta e que o número de L TCD4+ 
está baixo. Nessa situação, a deterioração do sistema 
imune não consegue ser impedida mesmo com o uso de 
antirretrovirais. 
- Reduzir a concentração viral plasmática tanto quanto 
possível e pelo maior tempo possível. 
- Usar a combinação de pelo menos três fármacos 
(protocolo inicial). 
- Mudar para um novo esquema se a carga viral 
plasmática aumentar. DEPENDE DA RESPOSTA DO 
PACIENTE AO TRATAMENTO! 
 Ao se adotar um protocolo de tratamento, a 
replicação do HIV é inibida, a carga viral é reduzida a 
níveis não detectáveis e a sobrevida do paciente é 
significativamente prolongada. 
Aula 9 
4 
 
 Infelizmente, os efeitos adversos podem reduzir a 
aderência ao tratamento. 
 O vírus NÃO é erradicado e permanece latente no 
genoma do hospedeiro, prontos para serem reativados 
se o tratamento for interrompido. 
!! O tratamento deve ser mantido pelo resto da vida. Se 
ele for interrompido há aumento da carga viral e 
diminuição de L TCD4+. 
“O HIV DEIXA O SISTEMA IMUNE CEGO”. 
 
A profilaxia de pré-exposição: 
 Profilaxia pré-exposição? Foi instituída 
recentemente. Faz-se associação entre tenofovir e 
emtricitabina (Truvada®). 
 Em novembro de 2010 foi anunciado que a 
combinação de medicamentos pode reduzir em 44% o 
risco de contaminação. No caso, o medicamento é 
ingerido antes da contaminação, como forma de 
prevenção em pacientes de grupo de alto risco. 
ENTROU EM CONTATO OU NÃO COM O VÍRUS? 
 O medicamento também é indicado para diminuir o 
risco de infecção pelo HIV em adultos que tenham risco 
de contrair o vírus (casais onde um é soropositivo e 
outro é soronegativo, profissionais do sexo). Nesses 
casos, o uso de preservativos não deve ser excluído, 
mas sim complementado. 
 A profilaxia só deve ser iniciada em pacientes 
comprovadamente HIV negativos. 
!! Fazer a profilaxia não garante que a pessoa não será 
contaminada. NUNCA há proteção de 100%. 
→ Fármacos utilizados na profilaxia: tenofovir e 
emtricitabina, inibidores da transcriptase reversa 
análogo de nucleosídeo; muitas vezes, estão associados 
a inibidores de protease (ritonavir). 
 
Vacinas: 
 As vacinas devem ser reformuladas todo o ano por 
causa das mutações que os vírus sofrem. 
 
→ Fármacos antimaláricos: utilizados no tratamento da 
malária. 
 
 O que direciona o tratamento são as condições do 
paciente, o risco geral de infecção e a presença de 
resistência. 
 O tratamento é iniciado de acordo com o estágio de 
vida do parasito. 
 Os antimaláricos são classificados de acordo com a 
ação nos diferentes estágios de vida no ciclo do 
parasito: 
1. Tratamento de crises agudas: fase eritrocítica. 
→ Agentes esquizonticidas sanguíneos: agem na forma 
eritrocítica do plasmódio. 
 No tratamento das espécies P. falciparum e P. 
malariae (apresentam apenas estágio exoeritrocítico 
inicial), os fármacos que agem no ciclo eritrocítico 
promovem a cura. EXTERMÍNIO DO Plasmodium spp.! 
 Nas espécies P. vivax e P. ovale, o fármaco suprime 
o ataque, mas formas exoeritrocíticas latentes 
(hipnozoítos) podem reemergir (recidivas). 
!! Esses fármacos podem ser usados em combinação 
com antibióticos doxiciclina e clindamicina. 
→ Artemisina: extraído da artemísia, uma planta 
chinesa; esquizonticida sanguíneo de rápida atuação; 
atualmente, vem sendo investigado o seu uso para 
outras enfermidades, como CA. 
 Mecanismo de ação: complexo; interferência em 
diversos processos metabólicos do parasita; inibição do 
influxo de cálcio no citoplasma e produção de espécies 
reativas de oxigênio. 
 Há inibição da ATPase dependente de Ca2+ do 
parasito e formação de espécies reativas de oxigênio. 
 Na presença de átomos de Fe do parasito, 
acontecem reações de oxidorredução, que abrem o 
endoperóxido do fármaco. O endoperóxido forma 
radicais livres, então. Os Plasmodium spp. são muito 
sensíveis aos radicais livres, uma vez que promovem a 
destruição da membrana do parasito. 
→ Quinina e mefloquina (Quinolina metanol), 
Lumefantrina (Arilamino álcool) e Cloroquina (4-
aminoquinolina). 
 Mecanismo de ação: inibição da enzima que 
polimeriza o heme livre (tóxico ao plasmódio) em 
hemozoína. 
 Mecanismo complementar da Cloroquina: evita que 
o parasito utilize aminoácidos derivados da proteólise 
da hemoglobina (mudança do pH dos lisossomos – mais 
básico). Parasito deixa de quebrar a hemoglobina e 
utilizar os aminoácidos presentes na célula. 
!! Cloroquina e derivados também são utilizados em 
doenças autoimunes (imunossupressores). Seus efeitos 
adversos devem ser avaliados cuidadosamente antes 
do tratamento ser iniciado. 
→ Pirimetamina e proguanil: 
 Mecanismo de ação: interferem na ação do folato no 
metabolismo do parasito. 
Aula 9 
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→ Atovaquona: 
 Mecanismo de ação: interfere na função 
mitocondrial do parasito (cadeia transportadora de 
elétrons); não há produção de ATP. 
 
2. “Cura radical”: Plasmodium vivax e Plasmodium ovale 
– ataque das formas hepáticas; 
→ Agentes esquizonticidas teciduais: erradicam os 
parasitos P. vivax e P. ovale, no fígado; DESTRUIÇÃO 
DIRETA DO PARASITO NO FÍGADO IMPEDE QUE ELE 
CAIA NA CORRENTE SANGUÍNEA, INFECTANDO-A. 
→ Primaquina (8-aminoquinolina): impede a 
transmissão dos gametócitos dos parasitos para o 
vetor. 
 Mecanismo de ação: aumento da quantidade de 
peróxido de hidrogênio (H2O2) no ambiente levando à 
destruição do parasito (parasito destruído por estresse 
oxidativo). Podem também destruir os gametócitos, 
reduzindo a disseminação da infecção. 
 
3. Profilaxia/quimioprofilxia: evitar infecção das células 
sanguíneas. 
→ Fármacos: artemisina, cloroquina, lumefantrina, 
proguanil, pirimetamina; são usados, geralmente, em 
combinações. 
 Conhecidos como fármacos profiláticos casuais. 
Bloqueiam a ligação entre o estágio eritrocítico e o 
estágio exoeritrocítico, prevenindo o desenvolvimento 
de novas crises de malária. 
 Destroem os parasitos quando eles emergem do 
fígado, depois do estágio pré-eritrocítico (destruição do 
parasito antes de eles infectarem as hemácias). 
 
4. Evitar a transmissão: destruição dos gametócitos do 
parasito. 
→ Fármacos: primaquina, proguanil e pirimetamina. 
 Destroem os gametócitos, evitando a transmissão 
pelo mosquito. Assim, há diminuição do reservatório 
humano para a doença. 
 
Possibilidade de farmacoterapia antimalárica: 
- A Cloroquina é usada independente da espécie do 
plasmócito, sendo eficiente no ciclo eritrocítico. 
- A Primaquina promove a destruição dos ipnosoítos das 
espécies P. vivax e P. ovale latentes no fígado, no ciclo 
exoeritrocítico. 
- Combinações para cepas de P. falciparum resistentes 
à Cloroquina: 
Quinina + proguanil + atovoquona 
Quinina + Artemisina + lumefantrina 
Quinina + doxicilina 
- Quimioprofilaxia combinada: 
À curto prazo = Atovoquona + proguanil ou doxiciclina 
À longo prazo = Cloroquina + proguanil 
Fármacos tripanossomicidas: 
 Tripanossomíase: a terapêutica ainda é ineficaz e a 
taxa de sucesso do tratamento não é elevada. 
!! O Trypanosoma cruzi é sensível a espécies reativas de 
oxigênio. 
→ Nifurtimox: 
 O principal mecanismo de ação de nifurtimox é a 
produção do radical livre hidroxila (OH•) pela ação de 
nitroredutases. Esses radicais livres intoxicam e 
destroem o parasito. 
 PROBLEMA! Tecidos do hospedeiro também pode 
ser lesados. 
→ Benznidazol: 
 O mecanismo de ação não está bem elucidado... 
pode ser pelo estresse reativo (ação de nitroredutases), 
que promove intoxicação do parasito. 
 
Fármacos leishmanicidas: 
 Leishmaniose: doença provocada por parasitos do 
gênero Leishmania. 
 Tratamento desafiador devida existência de 
diferentes formas de leishmaniose:tegumentar e 
visceral. 
→ Principais fármacos: Estibogliconato de sódio 
(compostos antimoniais pentavalentes, Pentamidina, 
Miltefosina, Anfotericina B (antifúngico), 
→ Estibogliconato de sódio: via parenteral (injetável). 
 Mecanismo de ação: interrupção do ciclo 
metabólico de produção de ATP. 
Interferem na bioenergética das formas amastigotas da 
Leishmania. Inibição da glicólise e da oxidação dos 
ácidos graxos, reduzindo a produção de ATP. 
→ Miltefosina: fármaco antitumoral; via oral. 
 Mecanismo de ação provável: indução da 
fragmentação do DNA. 
 Induz a apoptose do parasito e altera as vias de 
sinalização celular. 
→ Pentamidina: via parenteral. 
 Mecanismo de ação (não está bem elucidado): ação 
direta no genoma; inibição da replicação de DNA e RNA. 
 O fármaco é rapidamente captado pelo parasito, por 
um transportador ATP dependente e pode interferir na 
incorporação de nucleotídeos e de ácidos nucléicos do 
RNA e DNA. Assim, inibem a biossíntese de DNA, RNA, 
fosfolipídeos e proteínas. 
 
Fármacos giardicidas: 
 Giardíase: provocada pelo parasito Giardia lamblia 
(Giardia intestinalis). 
→ Fármacos: metronidazol, tinidazol, secnidazol 
(derivados imidazólicos). 
 Mecanismo de ação: fármacos são degradados por 
enzimas celulares (nitroredutases). 
Aula 9 
6 
 
 Assim que os fármacos são degradados acontece a 
geração de compostos citotóxicos que danificam o DNA 
do parasito, forçando a apoptose das células 
parasitárias. 
MESMO TRATAMENTO PARA AMEBÍASE! 
 
Fármacos para tratamento de Toxoplasmose: 
 Toxoplasmose: doença causado pelo Toxoplasma 
gondii. 
 Geralmente, são utilizadas terapias combinadas no 
tratamento de toxoplasmose. 
 
 
 
Fármacos anti-helmínticos: 
 Os tratamentos anti-helmínticos atuam 
principalmente causando a paralisia do parasito, 
danificando o parasito para que sofra ação do sistema 
imune ou alterando o metabolismo do parasito. 
 Para serem efetivos, os fármacos devem ser capazes 
de penetrar a cutícula exterior do parasito ou ter acesso 
ao seu trato alimentar. Se eles não foram 
internalizados, não são efetivos. 
→ Benzimidazóis: Mebendazol, Tiabendazol e 
Albendazol. 
 Usos clínicos: ascaridíase, teníase, cisticercose, 
ancilostomose, tricuríase e enterobiose. 
 Mecanismo de ação: inibidores seletivos para o 
verme. 
 Inibem a polimerização da estrutura tubular (se 
ligam à β-tubulina) e a formação dos microtúbulos. 
 Promovem bloqueio da captação de glicose e 
autólise do verme. 
→ Praziquantel: anti-helmíntico de amplo espectro. 
Usos: 
- Esquistossomose: ativo contra formas adultas, formas 
imaturas e cercárias. 
- Cisticercose e teníase. 
 Mecanismo de ação: interferência na homeostase do 
cálcio do parasito e lesão na parede do parasito. 
 
 
 Quando há lesão na parede do parasito, acontece 
exposição de suas estruturas antigênicas, fazendo com 
que elas passem a ser reconhecidas pelo SI do 
hospedeiro, ocasionando resposta imune contra o 
parasita. 
→ Pamoato de Pirantel: 
 Uso clínico: ascaridíase, enterobiose e 
ancilostomose. 
 Mecanismo de ação: provoca liberação constante de 
acetilcolina no parasito. 
 A liberação maciça de Ach promove ativação 
persistente de receptores nicotínicos, levando à 
paralisia muscular do parasito. 
→ Piperazina: PODE SER TÓXICA AO SER HUMANO, 
causando efeitos adversos neurológicos quando 
consumidos em altas doses. 
 Uso principal: Enterobius vermicularis e Ascaris 
lumbricoides. 
 Mecanismo de ação: inibe a transmissão 
neuromuscular no parasito, promovendo paralisia. 
 Parasitos paralisados são expelidos vivos pelos 
movimentos peristálticos normais. 
→ Niclosamida 
 Uso: tratamento das infestações por Taenia solium e 
Taenia saginata (junto com o Praziquantel). 
 Mecanismo de ação: danifica o escólex do parasito. 
 Como o escólex está danificado, o parasito 
desprende-se da parede intestinal e é expelido. 
→ Levamisol (Ascaridil): NÃO É MAIS UTILIZADO NA 
TERAPÊUTICA HUMANA. Uso veterinário. 
 Uso: Ascaris lumbricoides. 
 Mecanismo de ação: ação nicotina-símile. 
 Estímulo com subsequente bloqueio das junções 
neuromusculares promove a paralisia do parasito, que 
é expelido, então.

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